Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 03/10/2014
Tomei um burro de
um susto quando recebi o livro encomendado e pago havia cinco semanas,
catatau de 486 páginas em letrinhas miúdas, felizmente pretas sobre
papel claro, editora Benvirá, um selo da Saraiva. Sim, porque hoje todo o
cuidado é pouco. Há uma editora idiota, que contratou diagramador
imbecil para seus livros impressos em papéis cinzentos, pretos ou
claros, recorrendo aos tipos “originais”, achando que aquela bosta fica
bonita e legível.
Encomendei o calhamaço sem saber que era tão volumoso. Se soubesse, não teria encomendado, porque seu tamanho assusta. Mas fui criticado por afamanado jornalista, quando soube que o seu amigo não havia lido Nossos Anos Verde-Oliva, de Roberto Ampuero. Alfim e ao cabo matei o volume em três dias. E tomo a liberdade de recomendar o texto brilhante ao caro e preclaro leitor.
Chileno, Ampuero estudou em seu país numa escola alemã e ficou fluente no idioma de Goethe, Mario Götze e Manuel Neuer. Com a derrubada de Allende pelo general Pinochet, o rapazola, naquela idade em que todos são comunistas, fugiu do Chile e foi estudar na República Democrática Alemã, que, sendo “democrática”, era a Alemanha comunista. Lá conheceu a jovem cubana Margarita Flores, namoraram, plantou-lhe um filho na barriga.
Margarita era filha do general castrista Fernando Flores Ibarra, conhecido em Cuba como “Charco de Sangre”, revolucionário que matou com um pequeno grupo de comandados muito mais gente, em pouco tempo, do que todo o regime militar brasileiro em 20 anos de chumbo (sic).
Ampuero e Margarita foram morar em Havana. No livro, o sogro do jovem chileno se chama Ulises Cienfuegos. A partir daí, o leitor toma conhecimento da maravilha que é a Cuba castrista, a abundância de gêneros alimentícios, eletrodomésticos e automóveis modernos, residências maravilhosas para o povo, liberdade total, democracia absoluta: só lendo as 486 páginas.
Encucou-me o fato de todos os cubanos empoleirados fumarem charutos Lanceros, dos quais sou virgem. Na internet, o leitor pode encontrar em Cuban Cigars caixas de 25 Cohibas Lanceros por 535 dólares. Duas caixas são 1.070 dólares, R$ 2.570 que não matam ninguém. Aceito ofertas e agradeço de antemão, informando que hoje Roberto Ampuero é professor universitário em Iowa, USA, casado com Ana Lucrecia Rivero, dois filhos, e tem diversos livros publicados. Seu ex-sogro Fernando Flores Ibarra, o “Charco de Sangre”, morreu aos 82 anos, coitado, depois de ajudar a construir o paraíso antilhano, que ainda hoje orgulha um sem conto de brasileiros dentro e fora do poder.
Discórdia
Imagine a charge: dois atiradores e dois carrinhos de bebês. Os atiradores apontam seus fuzis um para o outro, com o seguinte detalhe: um deles se esconde atrás do carrinho com o bebê, enquanto o outro fica à frente do carrinho, como que protegendo o bebê. Moral da história: aquele que se esconde atrás do carrinho é um terrorista do Hamas, enquanto o atirador que protege o bebê é do exército de Israel.
Recebi e-mail com a charge mandado por velho amigo cristão-novo, família que se converteu ao cristianismo no século 19. Um dos seus avós ajudou a construir Belo Horizonte ao subempreitar centenas de pequenas obras de acabamento. Até hoje são comuns, no Brasil inteiro, os subempreiteiros que se encarregam de parte das obras contratadas pelas grandes construtoras.
Ao contrário do governo brasileiro, meu amigo cristão-novo é simpático ao governo de Israel e ao sionismo. Caí na besteira de repassar a charge, que achei ótima, à lista genteamiga, cerca de 70 endereços eletrônicos de vítimas dos meus escritos, das charges e dos textos que julgo interessantes.
Pra quê? Cerca de uma hora depois, no mesmo e-mail da charge, recebo resposta de famoso jornalista me pedindo para retirar o seu nome da lista. Pedido curto e seco. Retirei-o ajudado por um doutor em ciência da computação, que me atendeu via TeamViewer9, negócio complicado que permite ao doutor consertar computadores a distância sem crase, ou à distância (craseada) de 10 mil quilômetros.
Presumo que a solicitação do famoso jornalista se deva ao fato de estar casado com bela moça árabe nascida em BH, não sei se palestina. Fiquei triste porque foi o primeiro leitor do Estado de Minas que escreveu ao jornal elogiando o meu texto. Comecei a coluna Tiro Livre no dia 8 de agosto de 2007 e já no dia seguinte nosso diretor de Redação recebia e-mail do seu amigo elogiando o novo cronista-Fifa. Paciência.
O mundo é uma bola
3 de outubro de 1392: Maomé torna-se o 12º rei nasrida de Granada. Reinará até morrer em 1408. A dinastia Nasrida foi a última dinastia muçulmana na Península Ibérica. Começou em 1232 com Maomé I ibn Nasr. O Brasil tem hoje o piloto Felipe Nasr na GP2. Venceu uma das provas disputadas em agosto no circuito belga de Spa-Francorchamps. Às 11h do dia 3 de outubro de 1931 entrou em vigor pela primeira vez, neste país grande e bobo, uma imbecilidade chamada horário de verão. Em 1953, criação da Petrobras, empresa que seria destruída pelo lulismo.
Ruminanças
“Ter piedade da pantera é ser injusto para com os cordeiros” (Saadi, 1210-1291).
Encomendei o calhamaço sem saber que era tão volumoso. Se soubesse, não teria encomendado, porque seu tamanho assusta. Mas fui criticado por afamanado jornalista, quando soube que o seu amigo não havia lido Nossos Anos Verde-Oliva, de Roberto Ampuero. Alfim e ao cabo matei o volume em três dias. E tomo a liberdade de recomendar o texto brilhante ao caro e preclaro leitor.
Chileno, Ampuero estudou em seu país numa escola alemã e ficou fluente no idioma de Goethe, Mario Götze e Manuel Neuer. Com a derrubada de Allende pelo general Pinochet, o rapazola, naquela idade em que todos são comunistas, fugiu do Chile e foi estudar na República Democrática Alemã, que, sendo “democrática”, era a Alemanha comunista. Lá conheceu a jovem cubana Margarita Flores, namoraram, plantou-lhe um filho na barriga.
Margarita era filha do general castrista Fernando Flores Ibarra, conhecido em Cuba como “Charco de Sangre”, revolucionário que matou com um pequeno grupo de comandados muito mais gente, em pouco tempo, do que todo o regime militar brasileiro em 20 anos de chumbo (sic).
Ampuero e Margarita foram morar em Havana. No livro, o sogro do jovem chileno se chama Ulises Cienfuegos. A partir daí, o leitor toma conhecimento da maravilha que é a Cuba castrista, a abundância de gêneros alimentícios, eletrodomésticos e automóveis modernos, residências maravilhosas para o povo, liberdade total, democracia absoluta: só lendo as 486 páginas.
Encucou-me o fato de todos os cubanos empoleirados fumarem charutos Lanceros, dos quais sou virgem. Na internet, o leitor pode encontrar em Cuban Cigars caixas de 25 Cohibas Lanceros por 535 dólares. Duas caixas são 1.070 dólares, R$ 2.570 que não matam ninguém. Aceito ofertas e agradeço de antemão, informando que hoje Roberto Ampuero é professor universitário em Iowa, USA, casado com Ana Lucrecia Rivero, dois filhos, e tem diversos livros publicados. Seu ex-sogro Fernando Flores Ibarra, o “Charco de Sangre”, morreu aos 82 anos, coitado, depois de ajudar a construir o paraíso antilhano, que ainda hoje orgulha um sem conto de brasileiros dentro e fora do poder.
Discórdia
Imagine a charge: dois atiradores e dois carrinhos de bebês. Os atiradores apontam seus fuzis um para o outro, com o seguinte detalhe: um deles se esconde atrás do carrinho com o bebê, enquanto o outro fica à frente do carrinho, como que protegendo o bebê. Moral da história: aquele que se esconde atrás do carrinho é um terrorista do Hamas, enquanto o atirador que protege o bebê é do exército de Israel.
Recebi e-mail com a charge mandado por velho amigo cristão-novo, família que se converteu ao cristianismo no século 19. Um dos seus avós ajudou a construir Belo Horizonte ao subempreitar centenas de pequenas obras de acabamento. Até hoje são comuns, no Brasil inteiro, os subempreiteiros que se encarregam de parte das obras contratadas pelas grandes construtoras.
Ao contrário do governo brasileiro, meu amigo cristão-novo é simpático ao governo de Israel e ao sionismo. Caí na besteira de repassar a charge, que achei ótima, à lista genteamiga, cerca de 70 endereços eletrônicos de vítimas dos meus escritos, das charges e dos textos que julgo interessantes.
Pra quê? Cerca de uma hora depois, no mesmo e-mail da charge, recebo resposta de famoso jornalista me pedindo para retirar o seu nome da lista. Pedido curto e seco. Retirei-o ajudado por um doutor em ciência da computação, que me atendeu via TeamViewer9, negócio complicado que permite ao doutor consertar computadores a distância sem crase, ou à distância (craseada) de 10 mil quilômetros.
Presumo que a solicitação do famoso jornalista se deva ao fato de estar casado com bela moça árabe nascida em BH, não sei se palestina. Fiquei triste porque foi o primeiro leitor do Estado de Minas que escreveu ao jornal elogiando o meu texto. Comecei a coluna Tiro Livre no dia 8 de agosto de 2007 e já no dia seguinte nosso diretor de Redação recebia e-mail do seu amigo elogiando o novo cronista-Fifa. Paciência.
O mundo é uma bola
3 de outubro de 1392: Maomé torna-se o 12º rei nasrida de Granada. Reinará até morrer em 1408. A dinastia Nasrida foi a última dinastia muçulmana na Península Ibérica. Começou em 1232 com Maomé I ibn Nasr. O Brasil tem hoje o piloto Felipe Nasr na GP2. Venceu uma das provas disputadas em agosto no circuito belga de Spa-Francorchamps. Às 11h do dia 3 de outubro de 1931 entrou em vigor pela primeira vez, neste país grande e bobo, uma imbecilidade chamada horário de verão. Em 1953, criação da Petrobras, empresa que seria destruída pelo lulismo.
Ruminanças
“Ter piedade da pantera é ser injusto para com os cordeiros” (Saadi, 1210-1291).