quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Charge


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Quadrinhos


PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE

LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO

CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO

ADÃO
MUNDO MONSTRO      ADÃO

ADÃO
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER

ANDRÉ DAHMER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER

ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS

JIM DAVIS

Com 31 milhões de tuítes durante eleição, Twitter muda panorama político nos EUA


Com 31 milhões de tuítes durante eleição, Twitter muda panorama político nos EUA

DA REUTERS, EM WASHINGTON

O presidente dos EUA, Barack Obama, declarou vitória --em menos de 140 caracteres. Por volta das 23h, horário de Washington (2h desta quarta em Brasília), ele recorreu ao Twitter para se declarar vitorioso sobre o candidato republicano Mitt Romney.
"Isso aconteceu por causa de vocês. Obrigado", foi o tuíte de Obama. Que o presidente recorresse ao Twitter para proclamar sua mensagem antes de subir ao palanque em Chicago sublinha o importante papel desempenhado por mídias sociais na eleição de 2012.
Minutos mais tarde, com o consenso de que havia vencido, Obama postou de novo: "Estamos nisso juntos. Foi assim que conduzimos a campanha, e é assim que somos. Obrigado". Ao longo de uma campanha presidencial longa e amarga, o Twitter em muitas ocasiões serviu como primeiro rascunho para a história.
Reprodução/Twitter/BarackObama
Foto de Barack Obama abraçado à mulher Michelle que ele divulgou pouco depois de saber da reeleição
Foto de Barack Obama abraçado à mulher Michelle que ele divulgou pouco depois de saber da reeleição
Os principais assessores dos candidatos usaram a Internet como arma para trocar ataques, os candidatos a usaram para difundir suas mensagens e os repórteres políticos a usaram para informar e entreter. Na noite da eleição, os tuítes não paravam.
Houve mais de 31 milhões de tuítes relacionados à eleição na noite de 6 de novembro, "o evento que gerou mais tuítes na história política dos Estados Unidos", segundo Rachel Horwitz, porta-voz do Twitter. Entre as 18h e a 0h, horário da costa leste dos EUA, houve mais de 23 milhões de mensagens relacionadas ao pleito.
Horwitz informou que o recorde anterior era de 10 milhões, durante o primeiro debate presidencial, em 3 de outubro. "O Twitter aproximou as pessoas de quase todos os aspectos da eleição deste ano", disse Horwitz. "Das notícias urgentes à experiência compartilhada de assistir aos debates, passando por interação direta com os candidatos, o Twitter se tornou uma espécie de comício político nacional".
Nos momentos que se seguiram à vitória de Obama, o Twitter operou em ritmo frenético, com pico de 327 mil tuítes por minuto. Outro tuíte de Obama, no qual ele dizia "quatro anos a mais" e postava uma foto que o mostrava abraçando a mulher, se tornou a mensagem mais redistribuída na história do site.

PRIMEIRA ELEIÇÃO VIA TWITTER

Quer as pessoas gostem, quer não, o Twitter e seu papel na política parecem ter chegado para ficar. Para Rob Johnson, que coordenou a fracassada campanha presidencial do republicano Rick Perry, governador do Texas, o Twitter "mudou a dinâmica neste ciclo e continuará a desempenhar um papel cada vez maior nos próximos anos".
"Não clicamos mais para atualizar notícias em um site jornalístico, e nem esperamos o jornal chegar de manhã", disse Johnson. "Vamos ao Twitter e descobrimos os fatos antes que as demais pessoas leiam sobre eles".
A campanha deste ano foi a primeira em que o Twitter desempenhou papel tão importante. Destacados assessores como Eric Fehrnstrom, pelo lado de Romney, e David Axelrod, da campanha de Obama, se envolveram em batalhas via Twitter ao longo do ano.
Dada a presença de muitos repórteres políticos e assessores de campanha no Twitter e Facebook, os sites de mídia social muitas vezes eram o lugar em que uma notícia surgia. Algumas matérias importantes foram mantidas vivas ou ganharam manchetes depois de se tornarem assunto quente no Twitter.
"É uma excelente câmara de eco", afirmou Dante Scala, professor de ciência política na Universidade de New Hampshire, em e-mail. Em futuras eleições, candidatos e assessores terão de considerar a mídia social como um novo campo de batalha, disse o estrategista democrata Jammal Simmons.
"Esta foi a primeira eleição via Twitter e a mídia social agora se tornou parte integrante de nossa mecânica eleitoral", disse Simmons. "No futuro, os candidatos precisarão de estratégia forte de mídia social caso desejem vencer".

Diário da Dilma - Malandro é o curupira, que só faz gol de calcanhar


REVISTA PIAUÍ -  Edição 74
Renato Terra 

1º DE OUTUBRO_Só confusão essa gente me apronta! Queria muito ter ido ao velório da Hebe. Até minha mãe queria ir comigo. Não pude e até já esqueci o que me inventaram no dia. Provavelmente um desses encontros que o Patriota me agenda com vice-ministro da bauxita do Mali.
2 DE OUTUBRO_Lembrei: o Mali foi na antevéspera, ontem foi comício para empurrar candidato do PT. Depois vem o Lula fazendo aquela discurseira de que o PT é povo. Um velório daqueles não se perde!
Tô cheia de usar vermelho por causa desses comícios! Encomendei uns blazers bacanas de verão, laranja, azul Klein, rosa-choque, mas o Lula insiste em me botar de vermelho. Pareço um tomate.
3 DE OUTUBRO_Pelas saias rodadas de Evita! Que vexame esse apagão, menina! Os nossos jogadores ali, parados no escuro, com medo de assalto. Nessas horas é que dou graças a Deus de o Moreno estar nas Minas e Energia. Cada vez que o vejo, penso: ali caminha a síntese perfeita da distinção com a competência. O que impressiona é que a Cris não está nem aí. Essa mulherzinha ainda vai dar trabalho, pode escrever.
Ratinho Jr. francamente. E eu simpatizava com Curitiba.
4 DE OUTUBRO_Que fiasco o Obama no debate! Logo ele, tão engraçadinho, tão espirituoso... Foi como se, antes de entrar no palco, ele e Serra tivessem trocado de carisma. Andaram me dizendo que ele e a Michelle estão meio assim-assim. Isso me deixou triste, eles são um casal tão bem.
A Ideli não confessa, mas é louca pelo Romney. Cada vez que a tevê dá umclose naquele queixo talhado a buril, ela dá uma tremelicada. É sutil, mas eu percebo.
5 DE OUTUBRO_Sabe onde me enfiaram agora? Na exposição de um tal de Cara-vaggio! Legal até, mas o povão está interessado nisso? Tive de fazer biquinho e cara de raciocínio, o que é péssimo para as comissuras. Vou mandar a conta do refil do botox para a União e não quero nem saber.
Por falar em biquinho, deixei bem claro que meto o meu onde quero. Recado com duplo destinatário: o entojo do Serra e o espaçoso do Lula.
6 DE OUTUBRO_Cheguei em Porto Alegre, mas ainda não decidi em quem vou votar. Tem candidato do PT aqui? Vim mesmo pra ver Gabrielzinho, senão justificava lá de Brasília.
Olha que fofura: perguntei pro Gabrielzinho em quem devia votar. “Gan-gán stái-le!” Pitchuco! Aflição de lindeza! Se ainda fosse cédula, votava no coreano gorducho.
7 DE OUTUBRO_Pena o Hugo Chávez não ter uma Dilminha para poder revezar um pouco. O povo acaba cansando, sabe?
Haddad entrou. Raios. Lá vou eu de novo tirar do armário aquele camisolão vermelho.
8 DE OUTUBRO_Não foi dessa vez que ganhei o Nobel. Mas faturei o Prêmio Claudia 2012! Mandela tem? Não. Kofi Annan tem? Não. Obama tem? Não.Sorry, periferia, talk to the hand...
9 DE OUTUBRO_Recebi o presidente da Irlanda. Sempre fico confusa e nunca sei a diferença entre Grã-Bretanha, Reino Unido e País de Gales. Conversamos sobre o Bono, que o Patriota me soprou que é de lá. É raro, mas às vezes o Itamaraty ajuda.
10 DE OUTUBRO_Ainda não sei o que vou dar para o Gabrielzinho de Dia das Crianças. Um laquezinho da Turma da Mônica? Um cargo comissionado? Uma festinha temática do coreano gorducho? Presidenta tem que tomar decisões importantes o tempo todo. Exemplo: depois do ministério da Marta, vai me sobrar o Chalita. Se tivesse um ministério do Santo Terço, estava feito.
11 DE OUTUBRO_Hum, hum, hum... o Palocci está se fazendo de bobo e vem nas reuniões com o Lula. Já estou sentindo o tamanho da encrenca!
12 DE OUTUBRO_Mandei a Abin descobrir quem matou o Max. Não aguento esse suspense! Eles disseram que iam dar um jeito. “Dar um jeito...” Vê se pode! Mandei avisar: quem quebra galho é macaco gordo! Chega de improvisos!
13 DE OUTUBRO_“Lua minguante em Libra: mantenha distância emocional para lidar com os assuntos que surgirem no período. Ponha-se no lugar do outro. Não é hora de exageros ou atitudes radicais. Nem tanto ao mar, nem tanto a terra. Boa lua para casar.” Mamãe assinou a revista Claudia. Tenho me sentido melhor.
14 DE OUTUBRO_Comentei com o pes-soal na tranca sobre esse neto do Arraes. O franguinho de olho verde está colocando as manguinhas de fora! E o Lula me fez o favor de armar aquela patuscada no Recife. O homem está perdendo a mão. É por essas e outras que ele não é sequer cogitado pelo júri do Prêmio Claudia.
15 DE OUTUBRO_De onde foi que esse janotinha do Eduardo Paes tirou a ideia de sugerir o Cabral no lugar do Temer em 2014? Que coisa mais fora de hora! Só pela ideia, já tive de criar doze cargos para o PMDB! E vem mais por aí. O Temer quer uma vaga no STF. Ele acha que o Supremo está muito em foco, precisa do PMDB lá...
16 DE OUTUBRO_Hoje tem show de Caetano e Gil aqui em Brasília. Adoro os dois. Tomara que cantem as canções mais fáceis. Certa vez, numa ação, quase fiquei para trás de tão encafifada que estava com essa história de amanhecer tomate e anoitecer mamão. Quando dei por mim, a Kombi já estava arrancando e eu ali, solfejando feito uma tonta, a minutos de a tigrada chegar.
17 DE OUTUBRO_Tadinho do Zé Dirceu. Será que tem consulado do Equador em São Paulo?
O que eram aqueles vestidos rosa chiquerérrimos das primeiras-damas americanas no debate? Elas combinaram? Estoupor fora de alguma nova tendência?
18 DE OUTUBRO_Minha Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus! Lobão foi internado! Será que foi overdose de charme? Ou foi alergia àquela tintura “Asa da Graúna” intensidade 21? Onde está o Kalil que não atende?
Deu no Twitter: parece que ele sentiu febre e mal-estar. Garanto que saiu na friagem de Manaus sem levar agasalho. Esse homem nunca pensa em si; é só trabalho, trabalho, trabalho.
19 DE OUTUBRO_O pessoal da Abin deixou um relatório aqui. Parece que interrogaram o João Emanuel Carneiro. Disseram que, se ele não entregasse, forçariam a Globo a transferi-lo para Malhação. Fizeram bem. Estou com o nome. Só para garantir, mandei a Helena confirmar com o Octávio Florisbal. Como era caso consumado, ele não só confirmou como fará a gentileza de me mandar o capítulo para a Bahia. Vou assistir antes do comício; dependendo do clima, incendeio a militância revelando o nome ali mesmo.
21 DE OUTUBRO_Daqui a pouco esse Joaquim Barbosa me alcança em popularidade. O homem vai ganhar uma estátua em Higienópolis. Ele soube aproveitar o momento: malandro é o curupira, que só faz gol de calcanhar.
22 DE OUTUBRO_Preciso arrumar tempo pra fazer uma hidratação no cabelo. Aquela nuvem tóxica de laquê ainda acaba me deixando careca. O pior é que o cabelo não desarma nem lavando. O bom é que posso tomar chuva sem perder a pose, funciona como uma marquise.
23 DE OUTUBRO_Avenida Brasil exaltava a nova classe C. Agora, o tema da nova novela é a pacificação das favelas. Nunca antes na história deste país um governo fez tanto pela teledramaturgia.
24 DE OUTUBRO_Gente, chá de hortelã ajuda a melhorar a azia. Lembrete: avisar ao cerimonial para levar na próxima viagem a país esquisito.
26 DE OUTUBRO_Vou oferecer um ministério para o PSDB se eles prometerem escolher o Serra para a próxima eleição presidencial. J

TOQUE DE GÊNIO » Uma aula de cavaquinho - Eduardo Tristão Girão‏

TOQUE DE GÊNIO » Uma aula de cavaquinho 

Em seu novo disco, o carioca Henrique Cazes valoriza a legítima música instrumental brasileira, interpretando variados estilos, do choro à valsa, e ainda polca, samba e maxixe
 

Eduardo Tristão Girão
Estado de Minas: 07/11/2012 


O cavaquinista carioca Henrique Cazes retorna ao posto de solista com o disco Uma história do cavaquinho brasileiro (Sax Samba), visitando repertório para o instrumento que abrange diferentes épocas, além de incluir duas peças de sua autoria, Real grandeza e Dois estudos nº 6 e nº 7. Nos últimos anos, o instrumentista, que é também importante pesquisador de música, se dedicou a projetos como a famosa série Beatles’n’choro (quatro discos) e a coleção institucional Sons da música brasileira (12 discos).

“A ideia desse disco surgiu da constatação que era uma história que poucos conheciam aqui e no exterior. Por exemplo, pensam que o cavaquinho solado nasceu com Waldir Azevedo e muitos acham que acabou com ele também. Isso ficou claro para mim quando participei do documentário português Apanhei-te cavaquinho, que está no YouTube, entre 2010 e o ano passado. Contar o antes e o depois, dando uma valorizada no inestimável trabalho do Waldir, foi a ideia desde o início”, conta Henrique.

Registros São composições de Waldir as mais frequentes entre as 14 faixas do disco: Delicado, Brincando com o cavaquinho, Eterna melodia (com Hamilton Costa) e aquela que talvez seja sua composição mais conhecida, a imortal Brasileirinho, que ganhou algumas notas diferentes por conta do intérprete.

Além de cavaquinho, no disco Henrique tocou violão e violão tenor, acompanhado por Marcello Gonçalves (violão de sete cordas), Omar Cavalheiro (baixo) e o irmão Beto Cazes (percussão). Esse quarteto está junto há 22 anos e só com Marcello o cavaquinista mantém duo há 15, tendo lançado dois bons discos, Pixinguinha de bolso (2000) e Vamos acabar com o baile (2007). Entre os convidados estão o acordeonista Marcelo Caldi, o flautista Leonardo Miranda, o pianista Cliff Korman e os violonistas Rogério Caetano e Luís Felipe de Lima.

Entre as pérolas do disco está a polca Cruzes, minha prima!, escrita por Joaquim Callado (1848–1880) e exemplo da função essencialmente rítmica que o cavaquinho teve em certa época. “Procurei combinar relevância histórica dos autores e variedade de estilos, como choro, polca choro, samba, maxixe e valsa, de forma que o repertório mostrasse os recursos do instrumento, que tantos dizem serem poucos e os vejo como muitos, a maior parte ainda pouco explorados”, explica o músico.
Também foram contemplados os compositores Mário Álvares (Roceira), Garoto (Meu cavaquinho), Canhoto (Gingando, com Dino Sete Cordas), Ernesto Nazareth (Apanhei-te cavaquinho), Radamés Gnattali (Variações sem tema), Paulinho da Viola (Beliscando) e Nelson Alves (Não pode ser!). Provavelmente o menos conhecido entre todos os citados, Nelson tocou com Chiquinha Gonzaga e Pixinguinha e deixou um único disco gravado como solista de cavaquinho, de 1930.

três perguntas para...

Henrique Cazes
cavaquinista, pesquisador e compositor

Depois de trabalhar com séries e coleções, você volta a gravar como solista. O que isso representa para sua carreira?
Um dia, em 1985, estava na casa do Radamés Gnattali em Penedo, na Região Serrana do Rio, e ouvimos na Rádio MEC um pianista muito bom, que não sabíamos quem era. De repente, Radamés virou para mim e disse: “Garanto que esse solista tem mais de 50 anos”. Aí, me explicou que só depois dessa idade, com a experiência, vem a maturidade que estávamos admirando. Quando eu fiz 50, em 2009, eu lembrei dessa história e resolvi fazer um disco para ver se a teoria se comprovava. Ao final, gosto muito do resultado e hoje me vejo com uma maturidade de solista que não tinha antes. O maestro estava certo, mais uma vez.

Qual é a sua opinião sobre o cavaquinho de cinco cordas? Você vê nele uma forma de renovar o instrumento ou uma mera opção estética?
O cavaquinho de cinco cordas perdeu espaço na década de 1930 com a consagração do samba batucado como música nacional e o regional, formado por dois ou três violões, cavaquinho, pandeiro e instrumento solista, como a fórmula ideal para acompanhá-lo. Como acho que essa parte de acompanhamento continua sendo muito importante e o de cinco cordas é pior para acompanhar, a tendência é ele continuar sendo usado apenas pelos que querem solar. É diferente do bandolim de 10 cordas, usado praticamente só para solo e, então, virou febre internacional a partir do Hamilton de Holanda.

Que contribuição você acredita ter dado ao cavaquinho com sua atuação como músico e pesquisador?
Acho que o método Escola moderna do cavaquinho, lançado em 1988 e em sua 14ª edição, foi uma contribuição relevante. Acho que posso dizer também que abri um caminho próprio, com som e interpretação que fugiram ao modelo de Waldir Azevedo, hegemônico por tanto tempo. Minha relação com as centenas de alunos que tive nos diferentes lugares onde dei aula no país ajudaram no aspecto da diversidade, pois acredito que cada um deve descobrir um jeito próprio de tocar e sempre incentivei, principalmente os mais jovens, a encontrar seus caminhos.

Mais recursos

Henrique usa cavaquinhos feitos pelo luthier carioca Tércio Ribeiro. O nível de qualidade e acabamento (bem como o preço), conta, é o mesmo de um violão de concerto de alto nível. “Ele me oferece mais recursos de expressão que a média dos instrumentos que estão por aí, mas a questão-chave é a adaptação entre músico e instrumento. O cavaquinho da gravação foi feito para mim, só é tocado por mim, não tem captador instalado e nem viaja, para não sofrer as mudanças de clima. Só sai de casa para ir ao estúdio gravar. Aí é um prazer total.”

Nesse sentido, Henrique avalia que não só os cavaquinhos mas também os cavaquinistas vêm melhorando ultimamente. “Vejo surgirem talentos originais pelo Brasil afora, cada um buscando um caminho, uma linguagem. O que precisa melhorar é a literatura, tanto a parte didática quanto o repertório para cavaquinho solo. Tenho me dedicado especialmente a esses itens ultimamente e devo lançar bastante coisa em breve”, revela.

Projetos Assim que voltar de Buenos Aires, onde foi tocar no último fim de semana, Henrique Cazes fará dois shows de lançamento do novo disco, no Rio de Janeiro e em São Paulo. No fim do mês, embarcará para Portugal para mostrar o trabalho em Lisboa. Belo Horizonte também está nos planos dele: “O público da cidade é muito ligado no cavaquinho e estão surgindo vários instrumentistas de primeiro time”, reconhece.

No ano que vem, entre janeiro e março, o cavaquinista arrumará novamente as malas: vai ensinar samba e choro na Universidade de Toronto, no Canadá. Mesmo longe de casa, garante, arranjará tempo para se dedicar a outro projeto: “Vou aproveitar essa temporada de inverno para estudar o Concertino para cavaquinho e orquestra de cordas, de Ernani Aguiar, que terá sua primeira audição”. E promete mais: outro disco de Jota Canalha, seu personagem de humor, e livro sobre roda de choro.

FESTIVAL » De Lúcio Cardoso a show dos Titãs‏


A cidade é uma só? (DF), de Adirley Queiróz; Esse amor que nos consome (RJ), de Allan Ribeiro; O que se move (SP), de Caetano Gotardo; O som ao redor (PE), de Kleber Mendonça Filho; Strovengah (RJ), de André Sampaio são os longas-metragens da mostra competitiva do 19º Vitória Cine Vídeo, que segue até sábado.

Na abertura, foi exibido O que se move, do diretor capixaba Caetano Gotardo. O filme, segundo ele, foi feito em homenagem à sua família, que estava presente na exibição. “Estou profundamente feliz. O festival de Vitória, desde o início, foi a base da minha formação, quando comecei a me apaixonar por cinema. Passar esse filme na abertura do festival é muito emocionante”, disse Caetano para plateia de cerca de 1 mil pessoas.

Em seis dias de festival, serão exibidos 94 filmes (87 curtas e sete longas). As exibições e debates do festival são realizados no Cine Metrópolis (na Universidade Federal do Espírito Santo) e na Estação Porto, Centro de Vitória, onde também haverá, amanhã, homenagem a Laura Cardoso. Aos 85 anos, a atriz já confirmou presença e receberá pessoalmente o Troféu Marlin Azul e um livro com sua biografia, de autoria da jornalista Sandra Medeiros.

Dois longas que estão fora de competição encerram a programação: A mulher de longe, de Luiz Carlos Lacerda, que recupera cenas do longa-metragem inacabado, dirigido pelo escritor mineiro Lúcio Cardoso; e Era uma vez eu, de Marcelo Gomes, e ainda lançamento do curta vencedor do Concurso de Roteiro Capixaba de 2011: Pique esconde, de Dominique Lima (ES).
A premiação será às 21h, e às 22h haverá encerramento com o show Ilha acústico, dos Titãs, que completam 30 anos em 2012.

Estado de Minas
07/11/2012

Tem marimba no rock (Uakti) - Sérgio Rodrigo Reis

Uakti lança disco com temas dos Beatles, com arranjos escritos especialmente para os instrumentos do grupo. Parceria com o compositor Philip Glass vai ser retomada 

Sérgio Rodrigo Reis
Estado de Minas: 07/11/2012 
A música que o grupo Uakti faz exige, além de atenção redobrada, certa atitude solene no palco. Diante de instrumentos incomuns, feito de materiais inusitados como tubos de PVC, pedaços de vidro, cabaças, apitos, madeira ou latinhas de refrigerante recicladas, os artistas são obrigados a decorar cada movimentação e nota musical até conseguir o efeito desejado, não raras vezes, bem diferente do convencional. O novo projeto, um CD com releituras de clássicos dos Beatles, que será lançado em show nos dias 16, 17 e 18, no Grande Teatro do Palácio das Artes, exige algo mais dos integrantes do grupo.

O Uakti em 35 anos de carreira e ficou conhecido pelo trabalho autoral ligado ao repertório erudito e popular mais sofisticado. Raras vezes se aproximou do universo pop, como quando tocou com o Skank ou durante apresentação no Rock in Rio. Com o disco Uakti Beatles, o grupo flerta de vez com o movimento musical que, na essência, dialoga com multidões e com universo mais colorido e agitado do showbizz. Eles estão se preparando para a mudança. “Geralmente, pela exigência dos arranjos, tocamos mais compenetrados. Vamos continuar olhando para baixo, para as marimbas, mas não há como não ser mais alto astral. O repertório chega com uma carga pop que nos leva para cima”, diz Paulo Santos.

A ideia das recriações dos arranjos das obras-primas dos ingleses John, Paul, George e Ringo foi de Marco Antônio Guimarães. Além de responsável pela criação dos instrumentos, o músico e compositor, que há anos prefere se manter nos bastidores, tem cuidado de sinalizar os caminhos do Uakti. Com a homenagem aos Beatles não foi diferente. “O líder dos beatlesmaníacos é o Marco. Mas todos nós somos fãs. Temos afeto grande pelas melodias simples da banda inglesa, de resultado musical raro”, conta Artur Andrés. Foi necessário um ano inteiro para idealização dos arranjos e outro para gravação e ensaios para o show. “Incluiremos uns seis temas que não estão no disco”, completa Artur, mantendo em segredo os nomes das canções.

O disco Uakti Beatles chega com 16 faixas. Estão lá, por exemplo, Lucy in the sky with diamonds, Across the universe, With a little help from my friends, Something e Here comes the sun. As gravações, além de Paulo Santos, Artur Andrés e Décio Ramos, tiveram participação de Marco Antônio. No show, pelo menos até segunda ordem, ele não deve aparecer no palco. Para manter a fidelidade sonora nas apresentações ao vivo, o Uakti lançou mão de uma solução caseira. Pela primeira vez os filhos e esposas de alguns dos integrantes entrarão em cena. Josefina Cerqueira, mulher de Paulo Santos, e Regina Amaral, casada com Artur Andrés, vão participar. O guitarrista Ian Cerqueira, filho de Josefina, e o flautista Alexandre Andrés, filho de Arthur, também são presenças confirmadas.

Quem está acostumado com a sonoridade do Uakti vai se surpreender. O disco mantém a essência tanto do grupo quanto dos arranjos dos Beatles. “Todas as notas das melodias são originais. O que dá o diferencial é o timbre”, explica Décio. Mas engana-se quem imagina a sensação de déjà vu. A intenção é criar surpresa. Ao transpor para os instrumentos de sons singulares o repertório dos ingleses, o Uakti não cai no lugar-comum, nem mesmo da sonoridade que os notabilizou. Pela primeira vez os músicos mineiros flertam com instrumentos convencionais, usando o piano para conduzir a melodia de Come together, e a guitarra num solo de Get back. “Com o CD estamos realizando uma mudança de oitavas das mais amplas”, avisa Paulo Santos. Se a intenção é internacionalizar ainda mais o trabalho, como parece, o Uakti tem tudo para ganhar novos palcos.

outros tempos

Naquele instante

Marco Antônio Guimarães, músico

Estava entrando na adolescência quando os Beatles aconteceram no mundo. Ainda tenho lembrança de Love me do tocando no rádio pela primeira vez. Eles eram poucos anos mais velhos que eu e a minha geração descobriu um grupo de jovens que fazia a música que queríamos ouvir, mas ainda não sabíamos.
Tenho uma teoria sobre o instante exato em que os Beatles conquistaram o mundo. Foi naquele ousado salto de oitava quando eles cantavam” I wanna hold your hannnd”... aquilo era chocante para os mais velhos e deliciosamente rebelde para nossos ouvidos adolescentes.
Desde então, acompanhei cada lançamento novo até Let it be, o último. Delicioso fazer parte daquela geração que chegava na loja e perguntava :"Tem o disco novo dos Beatles ?”.

Vem aí

Os projetos na Oficina Instrumental Uakti não param. Ainda no processo de feitura do disco com releituras dos Beatles, o grupo se encontrou com Philip Glass, compositor americano considerado um dos mais influentes da atualidade, e parceiro dos mineiros no disco Águas da Amazônia. “Ele falou da alegria e repercussão daquele disco e sugeriu que pensássemos no número dois. Segundo ele, já tem vários temas prontos”, adianta Artur Andrés. 
Outra novidade será a sede do futuro Centro de Referência do Uakti. O terreno de 5 mil metros quadrados já foi doado na área do Hospital da Baleia. “Os instrumentos originais que tocamos há 35 anos serão comprados. Já estamos construindo réplicas para continuar os shows”, diz Artur. Nos três andares da nova sede funcionarão sala de aula, estúdio de gravação, apartamento para residência artística e teatro para realização de shows. “A perspectiva é para 2015. Se tudo sair como planejado, vai beneficiar muita gente”, garante Andrés.


Negociação difícil
Não é tarefa das mais fáceis gravar um disco do repertório dos Beatles. Para tirar do papel o projeto Uakti Beatles, o grupo mineiro teve que submeter os arranjos à aprovação da gravadora Sony. Outra recomendação: é proibido associar marcas de empresas ao nome do grupo inglês. A consequência foi que o grupo não pôde usar as leis de incentivo. “É um disco totalmente fora da lei”, brinca Paulo Santos. Os próprios músicos tiveram que bancar a tiragem inicial de 3 mil discos prensados. 

CIÊNCIA » O Brasil no mapa do conhecimento - Max Milliano Melo‏

Estudo feito com 47 mil cientistas de todo o mundo aponta que 16% dos entrevistados veem o país como potência científica daqui a oito anos 

Max Milliano Melo
Estado de Minas: 07/11/2012 

Brasília 
– Quando se pensa em ciência de ponta, logo se imaginam os avançados laboratórios da Nasa, nos Estados Unidos, as tradicionais universidades francesas e alemãs ou mesmo os modernos centros de pesquisa japoneses. Durante décadas, o mapa da ciência ficou restrito a essas regiões, com a participação de outro pequeno punhado de nações, como Austrália e Canadá. Contudo, a história está mudando, segundo aponta uma série de artigos publicados pela revista científica Nature. O novo mapa da ciência tem mais territórios, com as nações em desenvolvimento, como China, Índia e Brasil, assumindo um papel cada vez mais importante. 

Incluída no material divulgado pela publicação britânica, uma pesquisa do National Bureau of Economic Research ouviu cerca de 47 mil especialistas para identificar os países cuja produção é admirada pela própria comunidade científica. Quando perguntados sobre as atuais potências, os entrevistados citam as nações mais tradicionais: os Estados Unidos são apontados por 87% dos participantes, com Reino Unido (50%) e Alemanha (47%) vindo em seguida. 


Quando a pergunta é alterada para quais serão as potências em 2020, contudo, a situação muda de figura. Embora ainda bastante lembrados, os países tradicionais perdem espaço. Os Estados Unidos, por exemplo, são a aposta de apenas 36% dos cientistas. O índice de lembrança do Reino Unido e da Alemanha cai para 19% e 23%, respectivamente. Por outro lado, a China dispara. Se hoje é considerada uma potência por 12% dos entrevistados, 59% deles acreditam que ela o será daqui a oito anos. A Índia pula de 4% para 29%. O futuro do Brasil também parece promissor para os pesquisadores internacionais. Apenas 4% acham que o país já pode ser considerado uma potência, mas 16% apostam que ele estará entre as principais nações do setor em 2020. O crescimento de 300% o coloca à frente de França, Canadá e Austrália (veja gráfico ao lado). 


É verdade que a comunidade científica parece apostar mais no crescimento de Índia e China que no brasileiro, mas o país tem um diferencial que pode contar a seu favor: mais especialistas gostariam de trabalhar aqui do que nos outros membros dos Brics. Apenas 8% dos pesquisadores aceitariam transferir suas pesquisas para a China, e um percentual parecido, 9%, toparia montar seu laboratório na Índia. Enquanto isso, as terras brasileiras são atraentes para 12% dos cientistas de todo o mundo, percentual acima da média dos outros países da América Latina, que é de 8%.

Globalizado Esse dado se mostra importante quando se observa que a tendência da pesquisa mundial é a internacionalização. Na Europa, a cooperação, com participação de países menores, é a principal marca da produção do conhecimento. Em todo o mundo, é raro encontrar um estudo cujos autores são de apenas um país. A principal marca da pesquisa contemporânea é o seu caráter transnacional. 


“O rápido crescimento da capacidade de investigação em todo o mundo fornece uma base sólida para encontrar soluções para os desafios globais. Convencidos de que a investigação de ponta e a inovação tecnológica vão estimular o crescimento econômico forte, cada vez mais países estão comprometendo somas substanciais para a ciência, a engenharia de pesquisa e a educação”, analisa, em um dos textos divulgados pela Nature, Subra Suresh, diretor da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos. Em todo o mundo, o volume de recursos investidos em ciência dobrou nos últimos 15 anos, atingindo a marca de US$ 1,4 trilhão. 


Se o Brasil parece um bom destino para cientistas de outros países, alguns fatores precisam ser repensados para que o desejo se transforme em realidade. 


Atualmente, apenas 7% dos pesquisadores em exercício no Brasil são estrangeiros, a maioria vinda de países vizinhos, em especial Argentina, Colômbia e Peru. “Há uma primeira barreira, que é a língua, mas ela é a mais simples de ser ultrapassada”, afirma Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). “Outros problemas atrapalham a vinda de mais pesquisadores. O principal deles é a burocracia do nosso país”, completa.

Segundo Cruz, as dificuldades da vida prática nacional minam a vontade de estrangeiros de permanecerem no Brasil. “Aqui, você só compra um celular se tiver CPF. A documentação para alugar um imóvel é enorme. Tudo é complicado e demorado”, reclama o diretor da Fapesp, para quem, no cotidiano das pesquisas, os centros brasileiros, em muitas disciplinas, competem em pé de igualdade com os do exterior. 


“Nos laboratórios, em muitas áreas, como aeronáutica, biocombustíveis, meio ambiente, saúde e materiais, para citar algumas, nossos centros de pesquisas são muito atraentes.” O terceiro ponto que pesa na hora de os cientistas não virem para o Brasil é a fama do país como um lugar violento. “Sempre que um estrangeiro chega, ele pergunta sobre essa questão.”

Idas e vindas Na hora de enviar seus pesquisadores para o exterior, o país vive uma realidade dupla. Proporcionalmente, poucos brasileiros integram os times de laboratórios de outros países. Apenas 7% dos cientistas nacionais atuam fora do país – a título de comparação, 57% dos pesquisadores suíços, 47% dos canadenses e 45% dos australianos atuam fora de seus países de origem. Por outro lado, o Brasil está dentro da média mundial quando se trata da experiência internacional de seus cientistas. Cerca de 51% dos especialistas brasileiros já pesquisaram no exterior. A média é superior à de nações como Itália, Japão e Estados Unidos.


A explicação para o contraste nos dois números é a altíssima taxa de retorno dos pesquisadores, em torno de 84%, a terceira mais alta do mundo. É o que deve ocorrer com Sharmaine Caixeta, mestranda da Universidade do Porto, em Portugal. “A Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto encontra-se entre uma das melhores do mundo na área. Além disso, a proximidade territorial entre os países europeus e africanos permite um trânsito maior de pessoas”, diz Sharmaine, explicando a opção por ter ido estudar fora.


Ela tem a percepção de que, por razões também econômicas, outros países, sobretudo europeus, veem os brasileiros com bons olhos. “A mobilidade acadêmica hoje é muito importante entre essas universidades. Não é segredo que os países europeus enfrentam uma crise, e o brasileiro é hoje alguém que consome e tem meios para isso”, opina. Todos os anos, milhares de cientistas brasileiros vão para o exterior com bolsas pagas por diversas esferas do governo brasileiro e com a obrigatoriedade de voltar para o país, o que também ajuda a justificar a alta taxa de retorno nacional.