quarta-feira, 7 de maio de 2014

Frei Betto -O bispo dos excluídos‏

O bispo dos excluídos
Dom Tomás Balduino, morto dia 2, ficará como exemplo de vida e de fidelidade à proposta do Evangelho de Jesus


Frei Betto
Escritor, autor de Fome de Deus (Paralela), entre outros livros
Estado de Minas: 07/05/2014


Em fevereiro de 1973, na Penitenciária de Presidente Venceslau (SP), misturados a presos comuns, cinco presos políticos – frei Fernando de Brito, Maurice Politi, Ivo Lesbaupin, Wanderley Caixe e eu – fomos castigados com 15 dias de isolamento em celas individuais, por demonstrar solidariedade ao sexto preso político, Manoel Porfírio, que sofrera punição injusta.

No domingo, 11 de fevereiro, ao encerrar o período do nosso isolamento, recebemos inesperadamente a visita dos bispos Tomás Balduino, José Maria Pires, Waldyr Calheiros e José Gonçalves. Tinham aproveitado o recesso da assembleia dos bispos do Brasil, em Itaici (SP), para voar até Presidente Venceslau no teco-teco pilotado por Dom Tomás Balduino.

Relatamos as torturas a que eram submetidos os presos comuns e as sanções injustas impostas a nós, presos políticos. Na tarde do mesmo dia, na reunião de Itaici, os bispos repetiram nossas denúncias em coletiva de imprensa. O diretor da penitenciária ficou irritado e intrigado. Isolados como estávamos, com que recursos havíamos convocado a comitiva episcopal? Teríamos um radiotransmissor dentro da cela? Talvez nunca tenha se convencido de se tratar de mera coincidência.

Nosso confrade na Ordem Dominicana, dom Tomás Balduino, falecido no último dia 2 de maio, em Goiânia, em decorrência de embolia pulmonar, visitava periodicamente os frades encarcerados e não temia denunciar a ditadura e defender os direitos humanos.

 Nascido em Posse (GO), no último dia de 1922, seu nome de batismo era Paulo Balduíno de Sousa Décio. Ao ingressar na vida religiosa, adotou, como era costume na época, o prenome de Santo Tomás de Aquino. Foi o último filho homem de uma família de onze filhos, três homens e oito mulheres. Seu pai, promotor público, encerrou a carreira como juiz.

 Formado em filosofia, dom Tomás fez o mestrado de teologia em Saint Maximin, na França. Em 1957, nomeado superior da missão dominicana na prelazia de Conceição do Araguaia (PA), viveu de perto a realidade indígena e sertaneja. Na época, a pastoral da prelazia acompanhava sete grupos indígenas. Para aprimorar seu trabalho junto aos índios, fez mestrado em antropologia e linguística na Universidade de Brasília (UnB), concluído em 1965. Aprendeu a língua dos índios xicrin, do grupo bacajá-kayapó.

Para melhor atender a região da prelazia, que abrangia todo o Vale do Araguaia paraense e parte do Baixo Araguaia mato-grossense, frei Tomás aprendeu a pilotar avião. Amigos da Itália o presentearam com um teco-teco, com o qual prestou inestimável serviço, sobretudo na articulação de povos indígenas. Também ajudou a salvar pessoas perseguidas pela ditadura militar.

 Em 1965, foi nomeado pelo papa prelado de Conceição do Araguaia. Lá enfrentou os primeiros conflitos com as grandes empresas agropecuárias que se estabeleciam na região com incentivos fiscais da extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Elas invadiam áreas indígenas, expulsavam famílias sertanejas (posseiros) e traziam trabalhadores braçais de outros estados, sobretudo do Nordeste brasileiro, submetidos, muitas vezes, a regime análogo ao trabalho escravo.

Nomeado bispo diocesano da cidade de Goiás, em 1967, foi ordenado bispo e ali permaneceu 31 anos, até 1999. Ao completar 75 anos, apresentou sua renúncia e mudou-se, como simples frade, para o convento dominicano de Goiânia. Seu ministério episcopal coincidiu, por longo tempo, com a ditadura militar (1964-1985).

Movimentos sociais, como o do Custo de Vida, e a Campanha Nacional pela Reforma Agrária, contaram com todo o apoio de dom Tomás, que participou ativamente da criação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em 1972, e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975. Presidiu o CIMI, de 1980 a 1984, e a CPT, de 1999 a 2005. A Assembleia Geral da CPT, em 2005, o nomeou conselheiro permanente.

Agora, seu corpo está enterrado na catedral de Goiás. E seu exemplo de vida perdura na memória de todos que conheceram um homem fiel à proposta do Evangelho de Jesus.

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 07/05/2014

 (Fox/Divulgação)


Missão quase impossível

O canal Fox Life estreia hoje, às 23h15, a série Mad fashion, com o estilista californiano Chris March (foto), famoso por realizar as mais insólitas exigências de sua fiel clientela, formada por celebridades como a designer de sapatos Ruthie Davis, as atrizes Jennifer Coolidge e Dina Manzo e a modelo Chrissy Teigen. Entre os pedidos mais inusitados estão vestidos, sapatos e modelos exclusivos para um desfile… de cães!

Marge é lembrada
pelo Dia das Mães


No canal Fox, hoje tem Noite amarela, com cinco episódios da série de animação Os Simpsons desenvolvendo um tema especial para o Dia das Mães. A partir das 22h30, serão exibidos os desenhos “As escapadas de Marge”, “Vovó Simpson”, “Marge: o terror das ruas”, “Sweets and sour Marge” e “Como encontrei sua mãe”.

Catadora de papel
monta biblioteca


O Futura continua exibindo programas inspirados na Copa do Mundo, reservando para hoje, às 20h, o documentário Fome de bola, reunindo quatro cidadãos loucos por futebol, do time de botões ao totó e videogame. No mesmo canal, às 14h35, o Sala de notícias exibe Biblioteca da Rua Glauber, de Cardes Amâncio, mostrando um belo exemplo de incentivo à leitura em Belo Horizonte. O espaço foi criado por Vanilda, catadora de papel que coordena a Biblioteca Comunitária Graça Rios, na favela Paquetá.

Carlos Saura narra
a história do fado


No pacote musical, o destaque é o documentário Fados, de Carlos Saura, às 23h, no Arte 1. Na MTV, às 20h, o programa Coletivation recebe o produtor musical Wagner Fulco – além do ativista Profeta Verde, que fala sobre a Marcha da Maconha. E às 21h, no Film&Arts, vai ao ar um especial com a Syntonia Ensemble e a violinista Sarah Nemtanu tocando peças de Debussy, Ravel e Fauré.

Curtas-metragens
crescem na telinha


No canal Curta!, às 20h, a faixa A vida é curta emenda os filmes Minha tia, meu primo, de Douglas Soares; Depois das nove, de Allan Ribeiro; Eu queria ser um monstro, de Marcelo Marão; e Ribeirinhos do asfalto, de Jorane Castro. Às 22h40, a emissora exibe Aluga-se, de Marcela Cody.

Confira a estreia do
longa Doce amianto


Na programação de cinema, o destaque de hoje é o inédito Doce amianto, do coletivo cearense Alumbramento, de Guto Parente e Uirá dos Reis, às 22h, no Canal Brasil. No mesmo horário, o assinante tem mais oito opções: O concurso, no Telecine Pipoca; Entre irmãos, no Telecine Touch; Caça aos gângsteres, na HBO; Amostras grátis, na HBO HD; Férias frustradas de verão, no Studio Universal; K-Pax – O caminho da luz, na MGM; A fita branca, no Arte 1; e O príncipe das marés, no TCM. Outras atrações do pacote de filmes: Distrito 9, às 22h30, no Universal Channel; e Água negra, às 23h50, no Megapix.


CARAS & BOCAS » Confira e conecte-se!
Simone Castro

Brian (Lázaro Ramos) e Jonas (Murilo Benício): guru e Steve Jobs brasileiro em Geração Brasil (Globo) (João Cotta/TV Globo)
Brian (Lázaro Ramos) e Jonas (Murilo Benício): guru e Steve Jobs brasileiro em Geração Brasil (Globo)

Geração Brasil (Globo), que estreou anteontem no horário das sete, é uma novela para quem está disposto a acompanhá-la. Dois motivos: as cenas são vapt-vupt e o tema vai no ritmo de seu conteúdo, ou seja, a tecnologia que a cada dia se aperfeiçoa. Isso não quer dizer que se o telespectador perder um capítulo vai ficar a ver navios, mas que é preciso parar para assisti-la, sob o risco de não conferir o que há de melhor nos detalhes. Enfim, se conectar. Para começo de conversa, temos um Steve Jobs à brasileira, na figura do protagonista Jonas Marra, interpretado por Murilo Benício. Ele é um brasileiro que criou fama e fortuna ao inventar um computador e por aí foi. As primeiras imagens, num ritmo alucinante, trouxeram um helograma fantástico ao fazer Jonas surgir para anunciar os participantes do concurso que vai eleger o novo Jonas Marra. A entrada perfeita para o que a trama de Filipe Miguel e Izabel de Oliveira se propõe.

Com ele, a família americana, formada pela mulher, a estrela de cinema Pamela Parker, vivida pela excelente Cláudia Abreu, e a filha Megan Lily, a patricinha inconsequente de Isabelle Drummond, mais uma vez perfeita no papel. Do clã ainda fazem parte Jack Parker, personagem de Luís Carlos Miele, pai de Pamela, a amiga do peito Dorothy (Luís Miranda) e o filho, o guru Brian Roberto, já candidato a melhor da trama, nas mãos de Lázaro Ramos. O núcleo inteiro, que vive na Califórnia (EUA), é um deleite, embora o sotaque mesclando português e inglês às vezes doa em nossos ouvidos.
Vale destacar que Pamela Parker, apesar do estilo e comportamento espalhafatosos, em nada lembra a cantora Chayene de Cheias de charme (Globo), dos mesmos autores. Pamela, que ficou famosa com uma personagem exótica, a princesa Shelda, uma espécie de She-Ra, já está um tanto passada para o papel, mas sobrevive da fama que ele lhe deu. No entanto, é a esposa amorosa e dedicada da grande sumidade que é Jonas Marra, cujo poder os acionistas da empresa milionária de informática querem reduzir. E aí, novo gancho da novela dá conta de que existe um segredo que o move e que o trará de volta ao Brasil, país para o qual jurou nunca mais voltar.

Aqui em terras brasileiras, todos querem ser Jonas Marra. Quer dizer, os jovens ligados em tecnologia. Gente como Davi Reis (Humberto Carrão) e Manuela Yanes (Chandelly Braz), que estão na disputa para entrar na empresa do ídolo, mas ainda não se conhecem, embora, já se saiba, vão se apaixonar. Um detalhe – já começaram a aparecer – levantou uma dúvida: o pai de Manuela, Frederico Yanes, que foi preso no primeiro capítulo, terá alguma ligação com o segredo de Jonas Marra?. É ver para saber. Outra personagem que deve render bons momentos é Verônica, de Taís Araújo. Ela é uma jornalista decidida a retomar a profissão depois de algum tempo se dedicando a bicos para criar o filho. Como não entende bulhufas de computador, é Vicente (Max Lima), o filho e fã de Jonas Marra, quem a socorre.

Herval, vivido por Ricardo Tozzi, já deu mostras de que será uma pedra no caminho de Jonas Marra. Talvez ele vá mostrar que a tão afamada tecnologia que se propaga mundo afora não está tão acessível a todos como dizem. Por aqui, Jonas também se confrontará com seu passado, já que é brigado com a mãe, Gláucia Marra (Renata Sorrah), que só apareceu de relance no primeiro capítulo. A matriarca dos Marra pretende cobrar seu quinhão na fortuna do filho.

No mais, Geração Brasil vem com um elenco veterano de peso, nomes jovens que podem render um bom trabalho e um tema que não sai da ordem do dia. Muitas abordagens, com humor na veia e drama na medida, não escapam de estereótipos, é verdade, como a patricinha Megan, que a própria atriz já admitiu, é inspirada na “bad girl” Lindsay Lohan, atriz norte-americana que é mais conhecida pela sua vida dedicada às drogas e clínicas de reabilitação do que aos papéis que já se tornaram escassos em sua carreira.

O primeiro capítulo, como era esperado, veio bem tratado, com detalhes riquíssimos de efeitos especiais. Pena que se perderá um pouco no desenrolar da novela, como já vimos em outros casos.
O ritmo de série americana parece mesmo o preferido de nove entre 10 diretores de telenovelas. A exceção hoje, talvez, é Em família e seu ritmo lento, conduzida por Jayme Monjardim. Quem comanda o núcleo de Geração Brasil é Denise Saraceni. Outro ponto a destacar são as locações, que foram da Califórnia ao Rio de Janeiro, se detendo em Recife. É sempre bom ir além do manjado eixo Rio – São Paulo.

A abertura de Geração Brasil é um chamarisco e tanto. Embalada pela música País do futebol, que uniu MC Guimê e Emicida, traduz o que o telespectador pode esperar. Uma coisa já está clara: ao contrário da ousadia de Além do horizonte de fugir do padrão do horário e apostar em ação, suspense e mistério, o que não foi bem aceito pelo público, a nova trama finca pé no tradicional. Mas no pique da tecnologia de nossos dias.

VIVA
Cena entre Bruna Marquezine (Luiza) e Júlia Lemmertz (Helena) na trama de Em família. As atrizes estavam afiadas.

VAIA
Fantástico (Globo), apesar da repaginada visual, dá mostras inequívocas de que está mais perdido do que nunca. 

Ética em debate

Estado de Minas: 07/05/2014 



Mário Sérgio Cortella e Clóvis de Barros Filhoparticipam do projeto Sempre um papo (Gabriel Arcanjo/divulgação)
Mário Sérgio Cortella e Clóvis de Barros Filho participam do projeto Sempre um papo

O filósofo, escritor e professor titular da PUC/SP Mário Sergio Cortella e o consultor em ética da Unesco, Clóvis de Barros Filho, vêm hoje a BH discutir um tema oportuno: ética e vergonha na cara. Esse é o título do livro escrito por eles, lançado pela Editora Papirus/ 7 Mares.

A noite de autógrafos começa às 19h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro), com entrada franca. A promoção é do projeto Sempre um papo. Informações: (31) 3261-1501.

Eduardo Almeida Reis - Espelho meu‏

Com todo o respeito pelos nilóticos, que não dispensavam seus espelhos de cobre, acho que os espelhos fazem mal às pessoas de 'certa'idade. 
 
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 07/05/2014


Espelho meu

Cinco séculos antes de Cristo havia espelhos de cobre no Egito, junto ao Rio Nilo. Mais tarde foram construídos espelhos de prata polida, que é boa refletora, mas escurece e deve ser limpa e polida frequentemente. Os espelhos, tais como os conhecemos, devem ser posteriores ao trabalho publicado em 1835 por Justus von Liebig: “/.../ quando se mistura aldeído com uma solução de nitrato de prata e se aquece, a prata é depositada sobre as paredes de vidro, resultando em um espelho brilhante”. Diz ainda a Wikipédia que os espelhos devem conter pelo menos 10% de óxidos, podendo ser de chumbo (PbO), de bário (BaO), de potássio (K2O) ou de zinco (ZnO).

Há pouco, antes de entrar no chuveiro, andei pensando no tanto que o espelho me aborrece nos últimos anos. Com todo o respeito pelos nilóticos, que não dispensavam seus espelhos de cobre, acho que os espelhos fazem mal às pessoas de “certa” idade.

Em rigor, são desnecessários. Tudo que se faz diante de um espelho pode ser feito sem ele, poupando-nos o desgosto de nele ver refletida a marca dos anos. Não tenho uma ruguinha e a juba é abundante, o que deveria ser motivo de alegria espelhada, mas a gente só vê as coisas ruins, que ficaram péssimas.
Se digo que é possível dispensar o espelho mesmo para fazer a barba, é porque o serviço pode ser feito por uma cabeleireira, preferencialmente cheirosa e bonita, que tenha o bom gosto de dar um beijinho na bochecha escanhoada com a mentira: “Você está lindo!”. Dá para imaginar o tamanho da gorjeta.

Exercícios

Milhares de cientistas de alto gabarito têm dito que os exercícios físicos ajudam a evitar uma série de doenças graves e são fundamentais para uma vida saudável. Por via de consequência, como gostava de dizer meu saudoso amigo Aureliano Chaves, não existe nada pior do que o sedentarismo, qualidade de quem é sedentário, aquele que não se movimenta muito, que anda ou se exercita pouco.

Em vez de meter, prefiro inserir minha colher no assunto para dizer que o exercício físico pressupõe muita saúde para ser praticado. Gosto e saúde, mas o pendor pode ser compensado pela necessidade. Há muita gente que não gosta do que faz, mas trabalha porque precisa.

Li no Jornal da ImprenÇa, do inigualável Moacir Japiassu, paraibano, 71 anos de idade e 51 de profissão, jornalista, escritor e vascaíno, uma observação sobre a morte recente do ator José Wilker aos 66 anos de idade. Ressalve-se a qualidade da morte de Wilker, enfarte fulminante, dormindo em casa de sua namorada. Não conheceu a decadência física e profissional, que arruína a vida de tanta gente.

No tópico “Saúde mata!”,  Japi falou do susto do produtor Luiz Carlos Barreto, o Barretão, com a notícia da morte de Wilker, que “começou a fazer exercícios, perdeu peso, só bebia socialmente e muito pouco”.
Não por acaso, Guimarães Rosa, que morreu antes de completar 60 anos, escreveu que “viver é muito perigoso”. A parca é assunto chatíssimo mesmo para os que têm o plano funerário anunciado nas rádios de Juiz de Fora. Conveniado com um plano de saúde e um odontológico, o plano funerário trombeteia seus mais de 15 mil serviços prestados.

Palavras

De vez em quando ouço repórteres televisivos falando de festas rave. Não tinha, como presumo que o leitor também não tenha, a menor noção do significado de rave. Houaiss nos ensina que rave é substantivo masculino, de datação muito recente (1990) e significa festa dançante em que se toca música eletrônica, geralmente realizada por mais de uma noite e em grandes espaços afastados dos centros urbanos.

Funk é mais antigo: data de 1960 e é um tipo de música americana de origem negra com ritmos sincopados em compasso binário. Como sou chato fui procurar a etimologia de rave no dicionário do doutor Bill Gates, que informa ter entrado no inglês no século XIV de raver, do Old French. E Old French, senhoras e senhores do Egrégio Conselho Leitoral, “was the Romance dialect continuum spoken in territories that span roughly the northern half of modern France and parts of modern Belgium and Switzerland from the 9th century to the 14th century. It was then (14th century) collectively known as the langues d’oil”.

O mundo é uma bola

7 de maio de 1824: estreia a Nona Sinfonia de Beethoven, sim, a Nona, o que faz deste dia um dos mais importantes da história da humanidade. Em 1910 o cometa de Halley passou pelos céus da Terra e todo mundo viu. Quando passou há poucos anos perdi uma noite acordado da roça, céu sem nuvens, e não vi absolutamente nada.
Em 1915, no Mar da Irlanda, um submarino alemão afunda o transatlântico norte-americano Lusitania, matando 1,2 mil pessoas. Estados Unidos e Alemanha rompem as relações diplomáticas. Em 1927, fundação da Viação Aérea Riograndense, a Varig. Hoje é o Dia do Oftalmologista e o Dia do Silêncio, isto é, o dia dos sonhos de quem mora nos bairros barulhentos de Belo Horizonte.

Ruminanças

“O silêncio dos povos é a lição dos reis” (Mirabeau, 1749-1791). 

Paraplégicos tem a capacidade de se mexer com estímulos nos músculos

Movimento recuperado graças à eletricidade Trabalho realizado no Brasil devolve a paraplégicos e tetraplégicos a capacidade de mexer braços e pernas com estímulos nos músculos 

 
Flávia Franco
Estado de Minas: 07/05/2014




Brasília – Seja por meio de aparelhos que servem aos mais variados fins, seja pelo desenvolvimento de medicamentos, os avanços técnicos são parceiros fundamentais da medicina. Uma boa mostra de como a tecnologia pode melhorar a qualidade de vida de pacientes é uma técnica de estimulação elétrica adotada na Universidade de São Paulo (USP) que tem ajudado pessoas paraplégicas e tetraplégicas a resgatarem os movimentos de braços e pernas, proporcionando enorme ganho na qualidade de vida.

O trabalho é realizado pelo professor Alberto Cliquet Junior no Laboratório de Biocibernética e Engenharia de Reabilitação da USP, em parceria com o Laboratório de Biomecânica e Reabilitação do Aparelho Locomotor do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Entre os voluntários que realizam o processo, 90% ficam em pé e andam artificialmente com os aparelhos e protocolos de estimulação neural”, afirma Cliquet. Segundo o professor, outros 3% conseguem aprender a marchar sem necessitar da estimulação elétrica.

“Com o desenvolvimento da tecnologia científica direcionada para a assistência à saúde, foi possível proporcionar uma melhor e maior expectativa de vida à população”, afirma o especialista. Isso ocorre porque a técnica reduz muitos dos efeitos típicos da lesão na medula, como a perda de massa muscular, a osteoporose e problemas respiratórios e circulatórios. As pessoas atendidas também ganham autonomia, podendo, por exemplo, voltar a se alimentar sozinhas, ao recuperar as habilidades de segurar objetos e mover os braços.


Ligação refeita Como o próprio nome já adianta, a estimulação elétrica neuromuscular (NMES, na sigla em inglês) produz estímulos elétricos para auxiliar a execução de movimentos. Por meio de eletrodos estrategicamente posicionados na pele, os cientistas fazem com que uma corrente refaça a ligação perdida entre o músculo e o sistema nervoso. “Depois do trauma, ocorre uma interferência na comunicação do cérebro, que fornece a informação sensorial de dor, temperatura e percepção ao corpo”, explica Cliquet.

Os eletrodos são anexados a um equipamento que transmite a corrente elétrica por um fio. Como as aplicações são superficiais, não há necessidade de procedimentos cirúrgicos. Segundo esclarece Eduardo Scheeren, professor do Departamento de Engenharia de Reabilitação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), o sistema funciona de forma similar ao de um aparelho eletrodoméstico ligado em uma tomada. “Um liquidificador tem acionada suas funções quando está ligado na tomada porque chega a ele um fluxo de elétrons, que é a corrente elétrica. Quando o fio que liga o aparelho à tomada se rompe, ele deixa de funcionar, mas não porque está estragado ou porque não há fluxo de elétrons. O que a pesquisa em questão sugere seria algo como ligar uma bateria externa para fazer o liquidificador funcionar novamente”, diz o especialista, que não participa do trabalho desenvolvido na USP e na Unicamp.

Um dos pontos mais importantes de trabalhos envolvendo a NMES está relacionado ao controle da corrente. Scheeren afirma que, se não houvesse controle, as consequências seriam similares a enfiar o dedo na tomada. “O estimulador elétrico foi desenvolvido para humanos, então ele respeita o nível de sensibilidade das pessoas”, afirma.

O coordenador do curso de Engenharia Biomédica do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), Fabiano Valias de Carvalho, compartilha da opinião de Scheeren e explica que os músculos se contraem para produzir movimentos quando recebem um estímulo elétrico. “Quando ocorre a lesão medular, os músculos continuam intactos, mas não recebem mais o estímulo elétrico que vem do cérebro através da medula espinhal.”

Atendimento Os resultados mostrados por Cliquet apontam que, após um período que varia de paciente para paciente, a técnica utilizada pode gerar sensações táteis e movimentos voluntários. Ainda segundo o professor, a estimulação ativa uma função chamada gerador de padrão central, uma cadeia de neurônios que cria padrões de movimento sem que haja necessidade da interação de um controlador principal, como o cérebro. Atualmente, o pesquisador consegue atender até 100 pacientes no Ambulatório de Reabilitação Raquimedular do Hospital das Clínicas da Unicamp.

Apesar dos bons resultados, Carvalho ressalta que a abordagem sugerida só funciona quando o sistema muscular do paciente está preservado. “No caso de pessoas que tiveram a lesão medular há muito tempo, os músculos podem estar atrofiados e não responder aos estímulos elétricos”, explica. Além disso, o professor comenta a possibilidade de pessoas com lesões medulares usarem próteses que realizem o trabalho da estimulação elétrica constantemente, auxiliando na retomada de atividades de rotina, por exemplo.

“Existe um esforço muito grande para se encontrar uma forma para que a estimulação elétrica artificial possa substituir os comandos enviados pelo cérebro”, afirma. “No entanto, os trabalhos se resumem a pesquisas, e não existe nenhum equipamento com custo acessível. Além disso, alguns pacientes têm resultados satisfatórios com o uso da estimulação elétrica, mas muitos não têm”, conclui.

Implantes

Diferentes grupos de pesquisa investigam o uso da estimulação elétrica para recuperar os movimentos de lesionados medulares. Nos Estados Unidos, a Reeve Foundation (criada pelo ator Cristopher Reeve) realizou um trabalho com dispositivos instalados diretamente na medula e devolveu movimentos voluntários às pernas de cinco pacientes. Eles não puderam voltar a andar livremente como antes, mas os movimentos executados trouxeram melhoras no dia a dia, inclusive com ganhos à vida sexual deles.  

Em nome do excesso - Mário Quirino

Em nome do excesso
O exagero é prejudicial afetiva, financeira e fisicamente


Mário Quirino
Diretor do Instituto Você e especialista em Programação Neurolinguística (PNL)
Estado de Minas: 07/05/2014

É comum, em algum momento de nossa vida, excedermos um comportamento, seja de trabalho, compras, internet, comida, doces, academia, religião ou bebida. O exagero esporádico de determinada ação, como comer demais ou ficar um dia inteiro no computador, não é, necessariamente, um problema. Entretanto, é preciso observar quando há recorrência, pois as consequências do exagero acarretam prejuízos e desequilíbrios capazes de proporcionar danos significativos para a própria pessoa e para seu círculo de convivência. Nem sempre é fácil perceber o comportamento excessivo. Na maioria das vezes, o ato começa de forma simples e eventual, como ir ao shopping nos fins de semana e comprar uma peça de roupa ou um calçado. Aos poucos, torna-se repetitivo e natural, sendo comum a pessoa não perceber tal comportamento de imediato. Nesse caso, as compras tornam-se constantes, exageradas e necessárias, contudo, desnecessárias e insignificantes para a vida da pessoa. Geralmente, quem está ao redor nota com mais naturalidade o excesso e, de alguma maneira, alerta sobre os fatos e as possíveis consequências.

Quando a pessoa percebe o comportamento excessivo, é preciso fazer algo para mudar o novo padrão. O primeiro passo é estar disposto, já que nem sempre é fácil e rápido. Um caminho é entender o que está por trás do comportamento, ou seja, qual a origem, se há ganho secundário ou temporário e benefícios. Por exemplo, quando uma criança chora, a mãe logo aparece. Em determinados momentos, percebendo que esse ato é uma forma de a mãe estar sempre presente, ela chora para conseguir atenção, e não apenas quando sente fome ou sono. Assim como as crianças, os adultos buscam algo no excesso. Pessoas que trabalham até mais tarde constantemente, comem uma caixa de bombons sempre que estão nervosas ou viram noites em festas precisam analisar a origem de tais atitudes, conscientes ou não, se há algum ganho temporário e o quão nocivo é esse comportamento. Mas, o que causa essa dependência do excesso e o que fazer para vencê-la? Não há uma receita. Deve-se observar, por exemplo, se a ação é exagerada, se não se consegue controlar e se prejudica de alguma forma. Se a resposta for positiva, é melhor rever as atitudes e procurar meios para remodelar esse padrão de comportamento. Buscar a essência do problema e o porquê é importante para fazer as mudanças necessárias.

Mesmo que o excesso seja por pouco tempo pode acarretar sérios problemas e prejuízos, nem sempre fáceis de contornar, como desequilíbrio financeiro, divórcio, infarto ou debilidade na saúde física, intelectual ou emocional. O autoconhecimento é a melhor ferramenta para entender e conhecer a própria personalidade, sendo possível, inclusive, modificar registros adquiridos na infância ou na adolescência. O processo não é simples, mas vale a pena descobrir as origens e os meios de abandonar os exageros. O excesso, qualquer que seja, é prejudicial, seja no âmbito afetivo, financeiro ou físico, pois as consequências são maléficas, principalmente, para a própria pessoa.