sábado, 23 de agosto de 2014

O ‘ATESTADO XICO SÁ’ DO BOROGODÓ FEMININO

CL Gente Boa - O Globo 23/08/2014

genteboa@oglobo.com.br
COM MARIA FORTUNA, FERNANDA PONTES. THAMINE LETA E GUILHERME SCARPA

Estar no “Livro das mulheres extraordinárias” virou o sonho dourado do mulherio nacional



‘Agora sim!”, gritou Xico Sá
ao ver Fernanda Lima
entrando na Livraria Argumento,
no Leblon, anteontem,
no lançamento de “O livro
das mulheres extraordinárias”.
Fernanda é uma das 127 homenageadas
na publicação, que
traz textos personalizados para
cada uma de suas musas.

Para ela, Xico escreveu: “Isso
sim é uma mulher Fifa(...)
Com alguns tipos de beleza a
gente não se acostuma nunca,
sempre avista com as lentes da
surpresa e o balãozinho de
‘uau!’” Sentiu a pegada?

Fernanda não tinha lido o livro
ainda. Nem a parte que lhe cabia.
Nada. “Mas em um homem
inteligente a gente confia,
né?”, dizia ela, meio tímida
quando os jornalistas pediram
para que falasse sobre algumas
passagens do texto, como “Tu
cheiravas a amor e papaia”.

A apresentadora chegou vestindo
uma calça mostarda de
camurça, tênis com spikes (tecla
SAP: aquelas tachas pontudas,
prateadas) e uma mochila
roxa. “Peraê, deixa eu mudar a
mochila de ombro”, pediu,
ajeitando-se para as fotos.

Em “O livro das mulheres extraordinárias”,
Sônia Braga é
eleita como eterna musa. “Ela
é um tesão!”, diz o autor, que fala
o mesmo de Grazi Massafera
e Camila Pitanga.



Gisele Bündchen também está
no livro, mas, para Xico, ela precisa
passar por um leve processo
de engorda para merecer o adjetivo
que cai tão bem em Grazi,
Sônia e Camila. “Gisele podia
engordar uns cinco quilos. Seria
legal e não é pedir muito, né?”

A maioria das crônicas de Xico
foi escrita apenas na observação.
“Uma coisa voyeur mesmo.
Uma vez, segui a Vera Fischer no
Leblon sem ela saber”. Foi assim
também o perfil de MC Pocahontas.
Ele voltava de um casamento
na Baixada, viu uma placa
e foi “ver qualé”. “Entre Pocahontas
e Anitta, eu não tenho
dúvidas. Fico com ela”, diz.
Estar no livro de Xico virou, para
o mulherio nacional, uma espécie
de ISO 9000 do charme e
do sex appeal. É um atestado de
qualidade — e já tem gente fazendo
beicinho porque ficou de
fora. Ciúmes.

“Tive problema com isso. Algumas
amigas não gostaram de ver
que não estavam ali”. Ele já tem
resposta pronta para as que se
sentem injustiçadas: “Vou dizer:
você estará na próxima edição!”

Maria Beltrão está nas páginas e
ficou toda boba. “Ai, como eu
queria me atirar no colo da Maria””,
escreveu ele, no início do
texto sobre a jornalista. Ela retribui:
“Estou me achando!”


Ecologizar os bancos

Instituição financeira anunciada pelos países que formam o Brics tem a oportunidade de apresentar ao mundo nova forma de direcionamento de recursos, levando-se em conta a pegada ecológica per capita


Maurício Andrés Ribeiro
Estado de Minas - 23/08/2014


Índia, que sofre com a inundação em alguns vilarejos, merece crédito e ajuda internacional em razão de sua pegada ecológica leve   (Biju Boro/AFP)
Índia, que sofre com a inundação em alguns vilarejos, merece crédito e ajuda internacional em razão de sua pegada ecológica leve 


Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul constituem o Brics, o grupo dos cinco maiores países emergentes. Juntos, esses cinco países têm 40% da população mundial e cobrem 23% das terras do planeta.

Em julho, eles se reuniram em Fortaleza e decidiram criar o banco de desenvolvimento do Brics, um projeto unificador entre esses cinco países.

Bancos de desenvolvimento direcionam recursos para investimentos e canalizam fluxos de capital para os projetos aprovados. Assim, o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre outros, concederam crédito para projetos necessários. Entretanto, foram alvo de críticas por parte de organizações da sociedade por ter financiado projetos social e ambientalmente questionáveis.

Os Princípios do Equador, propostos em 2003 pela Corporação Financeira Internacional (IFC), vinculada ao Banco Mundial, estabeleceram diretrizes sociais e ambientais para as instituições bancárias. Naquele mesmo ano, a Declaração de Collevecchio, apoiada por organizações da sociedade civil, ressaltou a importância de as instituições financeiras assumirem compromissos com a prevenção de impactos das atividades que financiam, com a transparência das informações, com a prestação de contas à sociedade. Ressaltou-se a necessidade de se repensar a missão dos bancos e a urgência de que eles renunciem a oportunidades de negócios que sejam social ou ambientalmente destrutivas.

Bancos de desenvolvimento precisam ter missão, mandato e orientação política claramente definidos pelas sociedades que os instituíram. Quando priorizam certos projetos, deixam de focalizar outros, havendo custos de oportunidade nessas decisões.

Seria desejável que o banco do Brics inovasse em suas concepções, práticas, métodos, bem como no uso de indicadores. Um dos indicadores relevantes para serem aplicados em suas operações é a pegada ecológica, que estima a quantidade de área biologicamente produtiva para agricultura, pastagens, floresta e pesca que está disponível para atender às necessidades da humanidade. Ela é expressa em hectares global per capita (hag/pc). A pegada mundial é de 2,7hag/pc, o espaço médio necessário para sustentar cada um dos 7 bilhões de indivíduos no planeta.

Um brasileiro médio tem a pegada ecológica de 2,9hag/pc, um pouco acima da média global; um chinês, 2,2; um russo, 4,4; o sul-africano, 2,6hag/pc.O indiano médio tem uma pegada ecológica de 0,9hag/pc. Entre os cinco Brics, o russo tem uma pesada pegada ecológica, enquanto o indiano tem uma leve pegada per capita média. O indiano médio tem uma pegada ecológica nove vezes mais leve que o cidadão dos EUA, três vezes mais leve do que a pegada de um brasileiro e do que a pegada global.

Leveza
A Índia tem uma leve pegada per capita porque tem uma grande população com levíssima pegada. Em parte, a leveza da pegada ecológica da Índia relaciona-se à capacidade da sociedade indiana para satisfazer as necessidades materiais com o mínimo de pressão sobre o meio ambiente. Hábitos frugais de vida, associados a uma organização territorial descentralizada nas milhares de aldeias, e combinados com o ecodesign de famílias e comunidades estendidas são parte da vida de milhões de pessoas na Índia.

Tais características reduzem significativamente o consumo de recursos naturais e ajudam a explicar a sua pegada leve de 0,9hag/pc. Ela resulta apenas em parte de privação material das coisas básicas necessárias para uma vida digna, tais como alimentos, água, energia, saneamento, habitação, educação e saúde. Dessa forma, o indiano médio tem um crédito ecológico, pois ameaça muito pouco a sustentabilidade global.

Tal crédito poderia ser usado para se investir em infraestrutura, resolver problemas de saneamento e em projetos de adaptaçao às mudanças climáticas e fazer outras melhorias para beneficiar a parte da população que sofre privações, sem agravar a ameaça à sustentabilidade global. Quem aumenta o peso da pegada ecológica indiana são os 200 milhões de pessoas de classe média, com aspirações e hábitos de vida consumistas. Caso venha a ser usado sem critério de justiça social, esse crédito ecológico poderia ampliar desigualdades ao aumentar o consumo dos indianos mais abastados.

Indivíduos que têm uma pegada ecológica leve pouco contribuem para a destruição ambiental. Aqueles que têm uma pegada mais pesada ameaçam a sustentabilidade.

A espécie humana já domesticou animais e usou sua força. Já domesticou vegetais e se alimentou com eles. Já canalizou a força das águas para produzir energia, para matar sua sede e irrigar as plantações. Colocou a seu serviço as energias de todo tipo, fósseis e renováveis.

No contexto da crise ecológica e climática planetária, é um desafio ecologizar o capital, pois, caso seja deixado livre e sem regulação, sua força, como a das águas, pode ser destrutiva. É preciso colocar a força do capital a serviço do bem-estar humano e da saúde ambiental. A aplicação do conceito de pegada ecológica per capita transformaria o modo como se aborda o tema das desigualdades e pode apontar na direção de um nivelamento mundial de padrões de consumo.

Mais que fundar um banco, os chefes de Estado do Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul devem humanizar a lógica do sistema financeiro   (Roberto Stuckert Filho/Divulgação)
Mais que fundar um banco, os chefes de Estado do Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul devem humanizar a lógica do sistema financeiro


Igualdade

Se almejarmos um mundo menos injusto e mais sustentável, a pegada ecológica per capita deveria ser leve e igual para todos os habitantes da Terra. Caberia aos bancos aplicar os fluxos de capital em projetos que equalizem as pegadas ecológicas per capita. Assim, por exemplo, o banco do Brics poderia inovar na utilização de indicadores de sustentabilidade para orientar suas operações e direcionar suas ações no sentido de reduzir injustiças equalizando as pegadas ecológicas per capita dos habitantes dos países que o criaram.

O banco do Brics poderia apoiar os russos em atividades que visassem tornar sua pegada ecológica mais leve; auxiliar os indianos a ter melhor qualidade de vida e ao mesmo tempo reduzir desigualdades e manter leve a sua pegada ecológica; canalizar recursos para projetos que tornem mais leve a pegada ecológica per capita de brasileiros, chineses e sul-africanos, ao mesmo tempo em que aumentem seu bem-estar.

O banco do Brics poderia atuar como um laboratório para experimentar esse modo de lidar com o capital, realizando suas operações de crédito de forma sintonizada com uma visão ecologizada. Ele opera com US$ 50 bilhões, recursos modestos se comparados com os trilhões de dólares do capital circulante no mundo.

Entretanto, essa poderia ser uma oportunidade para testar um novo modo de relacionamento com o capital. Sendo exitoso, poderia servir como exemplo e referência para regular os fluxos de capitais, colocando-os a serviço do bem-estar e da saúde humana e ambiental.

. Maurício Andrés Ribeiro é autor dos livros Ecologizar, Tesouros da Índia e Meio ambiente & evolução humana. 

A um mergulho da extinção‏

A um mergulho da extinção Equipe de biólogos acompanha o nascimento de 13 filhotes de pato-mergulhão na Serra da Canastra, em Minas Gerais e encaminha para cativeiro um que se separou da família 
 
Augusto Pio
Estado de Minas: 23/08/2014


A família desliza sobre as águas: eles precisam que ela sejam limpas, com corredeiras (Adriano Gambarini/Divulgação  )
A família desliza sobre as águas: eles precisam que ela sejam limpas, com corredeiras
Desenvolvido pelo Instituto Terra Brasilis, o Programa Pato-Mergulhão conseguiu monitorar, na Serra da Canastra, três ninhos, assim como acompanhar o nascimento de 13 filhotes de uma das 10 aves aquáticas mais ameaçadas do mundo. A espécie, que é extremamente rara, tem seu período de reprodução entre maio e julho. Durante o monitoramento de um dos ninhos em atividade, a equipe do Instituto Terra Brasilis encontrou um filhote de pato-mergulhão que se separou da família logo depois de seu nascimento. Diante disso, os biólogos tiveram que lidar com uma situação inédita, em aproximadamente 13 anos de estudos e pesquisas da espécie.

Os especialistas avaliaram as condições de sobrevivência do filhote na natureza e decidiram encaminhá-lo para o cativeiro, onde teria maior chance de sobreviver. Levada para o Zooparque Itatiba, em Itatiba (SP), conforme estabelecido pelo grupo de criação em cativeiro do Plano de Ação para a Conservação da espécie, a ave está se desenvolvendo bem, ganhando peso e sendo acompanhada de perto por profissionais. Essa é a segunda vez que um indivíduo da espécie será criado fora do seu ambiente natural. Em 2011, um casal de patos-mergulhões nasceu em cativeiro na cidade mineira de Poços de Caldas. Com o apoio do Terra Brasilis e autorização do ICMBio, os ovos foram coletados na Serra da Canastra e levados para uma incubadora artificial. O nascimento de filhotes em cativeiro nunca havia sido registrado em todo o mundo.

Lívia Lins, bióloga coordenadora do Programa Pato-mergulhão, conta que o Instituto Terra Brasilis, criado em 1998 e presidido por Sônia Rigueira, tem uma base de campo na cidade de São Roque de Minas, na Serra da Canastra, que abriga a equipe de pesquisadores. Como parte dos estudos biológicos sobre o pato-mergulhão, durante todo o ano, os pesquisadores fazem o monitoramento da espécie nos rios da região, visando conhecer seus hábitos e localizar novos territórios em diferentes rios. No período da reprodução da ave, a equipe se dedica à busca e ao monitoramento de ninhos. “Como o pato-mergulhão usa cavidades nas margens dos rios para fazer seu ninho, muitas vezes em locais de difícil acesso, para a sua localização é feito um intenso levantamento ao longo dos rios, que são percorridos em parte a pé, em parte com o uso de caiaque.”


NINHOS A bióloga ressalta que o monitoramento biológico do pato-mergulhão é realizado no período reprodutivo, para localizar os ninhos em atividade e para acompanhar o nascimento de filhotes, além do comportamento da família, com o objetivo de levantar todas as informações possíveis sobre a biologia da espécie. “Todo o estudo biológico da espécie é realizado para subsidiar ações de conservação e manejo, como a reintrodução de indivíduos em locais de onde eles tenham desaparecido, instalação de ninhos artificiais, localização de novas populações, entre outras ações que contribuam para reverter o grave quadro de ameaça dessa espécie.”

Lívia lembra que, atualmente, a espécie só é encontrada no Brasil, nas regiões da Serra da Canastra, onde se localiza a sua maior população, Chapada dos Veadeiros (GO) e no Jalapão (TO). “Historicamente, há registros também no Paraguai e na Argentina, porém, não se tem notícia recente de sua ocorrência nesses países. É uma espécie considerada criticamente ameaçada de extinção, uma das 10 aves aquáticas mais ameaçadas do mundo, e sua população global é estimada em apenas 250 indivíduos. O pato-mergulhão depende de águas limpas e transparentes, com corredeiras e vegetação nas margens, e com abundância de peixes, seu principal alimento. Ele captura os peixes ao mergulhar (daí o seu nome), utilizando a visão para tal. Por isso, é grandemente afetado pela degradação das águas.”

Além de sua extrema raridade, o pato-mergulhão vive sempre a dois, e cada casal ocupa um trecho de até 15 quilômetros de rio, o que faz com que sejam difíceis de ser encontrados. “Até 2001, quando se iniciou o trabalho do Terra Brasilis, quase nada se conhecia sobre a biologia da espécie, especialmente sobre o período reprodutivo. Só havia registro de um ninho, da década de 1950, na Argentina. Somente meio século depois, em 2002, a equipe do Terra Brasilis localizou o segundo ninho da espécie, na Região da Serra da Canastra”, conta Lívia.

Um lar para o filhote

O monitoramento biológico realizado pelo Instituto Terra Brasilis em 13 anos de estudo permitiu a localização de 15 ninhos do pato-mergulhão, que foram monitorados pela equipe, possibilitando conhecer melhor o comportamento reprodutivo da espécie: desde a postura, de até oito ovos por ninhada, a incubação, que é feita só pela fêmea, até a saída dos filhotes do ninho. “Os filhotes acompanham os pais até alcançarem o tamanho de adultos, o que ocorre por volta dos 8 meses, quando se dispersam. Em geral, há grande perda de filhotes quando ainda pequenos”, lamenta a bióloga.

Não foi a primeira vez que a equipe teve a oportunidade de encontrar um filhote separado da família. “Mas esta foi a primeira vez que foi possível avaliar a condição do filhote e considerar que sua chance de sobrevivência na natureza era mínima, e que, portanto, a única saída seria encaminhá-lo ao programa de cativeiro. O filhote está se desenvolvendo bem, crescendo e se alimentando adequadamente. Esse filhote faz parte do programa de cativeiro do pato-mergulhão, coordenado pelo ICMBio do Ministério do Meio Ambiente e foi criado com o objetivo de, futuramente, reintroduzir a espécie em locais onde ela tenha desaparecido, contribuindo, assim, para diminuir seu grau de ameaça. O Zooparque de Itatiba e o Criadouro Poços de Caldas são as instituições que fazem parte do programa.”

AÇÕES Lívia conta que, em 2011, um casal de patos-mergulhões nasceu em cativeiro na cidade mineira de Poços de Caldas. “Essa foi a primeira vez que isso ocorreu. Esse casal é proveniente de três ovos coletados pela equipe do Terra Brasilis na Serra da Canastra, com autorização do ICMBio, especialmente para iniciar o programa de cativeiro do animal. Atualmente, além desse casal em Poços de Caldas, há o filhote encaminhado ao Zooparque de Itatiba.

A bióloga esclarece que o pato-mergulhão é uma espécie naturalmente rara, por depender de um hábitat muito específico e com baixa densidade. “Mas, com certeza, a ação do homem, por meio da degradação das águas e do ambiente do qual o pato-mergulhão depende, foi o que levou a esse alto grau de ameaça.” Ela ressalta que o Programa Pato-mergulhão inclui uma série de ações que estão sendo implementadas. “Além do estudo biológico da espécie, atividades de educação ambiental com a comunidade escolar e produtores rurais e ações para recuperação de áreas degradadas são parte importante do programa. Novas ações vão surgindo, à medida que novos conhecimentos são gerados.”

Além de Lívia Lins, também estão envolvidos no projeto Flávia Ribeiro, Edmar Reis e Wellington Viana, biólogos de campo, e Jéssica Reis, bióloga e educadora ambiental. 

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 23/08/2014


 (Warner/Divulgação)

Noite de estreias


A HBO tem tudo para conquistar a preferência dos cinéfilos hoje, com a estreia de O homem de aço, às 22h. O filme mostra como o bebê Kal-El foi salvo pelos pais ao ser enviado do planeta Krypton à Terra, se transformando no jovem Clark Kent e, por fim, assumindo a identidade de Superman (Henry Cavill, foto). Seu primeiro grande desafio é deter o terrível vilão general Zod. No mesmo horário, o Telecine Premium reúne duas tiras da pesada na comédia As bem-armadas: Sandra Bullock e Melissa McCarthy.

Ação, drama e humor na  programação de filmes

As mulheres dominam também o Megapix, que mostra a força delas em As Panteras (16h25), Mulan (18h20), Salt (20h10), A toda prova (22h) e Água negra (23h50). No Universal Channel, quem brilha é Anna Faris, em Uma noite mais que louca (20h) e A casa das coelhinhas (21h30). Já o A&E emenda duas fitas de Nicolas Cage: Perigo em Bangkok (20h) e Motoqueiro fantasma (22h30). Cage está também no Telecine Action, às 22h, em A outra face. Na mesma faixa das 22h, o assinante tem mais oito alternativas: Curitiba zero grau, no Canal Brasil; A hospedeira, no Telecine Pipoca; O ditador, no Telecine Fun; Curvas da vida, na HBO 2; Banquete do amor, no Max HD; Não é mais um besteirol americano, no Comedy Central; Mamma mia!, no Film&Arts; e Perfeita felicidade, no Futura. Outras atrações da programação: Paranoid Park, às 20h30, no Arte 1; Salve geral, às 21h, no AXN; e Shame, às 21h05, no Max.

Muitas opções também entre os documentários

O Arte 1 reservou para hoje, a partir das 22h30, três curtas-metragens sobre grandes nomes das artes no Brasil: os documentários Thomaz Farkas, em que Walter Lima Jr. traça o perfil do documentarista húngaro naturalizado brasileiro; Paulo Mendes da Rocha, nosso querido arquiteto, de Bruno Graziano e Camila Belchior; e Luiz Carlos Felizardo – Um retrato em meio tom, dirigido por Liliana Sulzbach e Cesar Graeff Santos, sobre o mestre da fotografia. No canal History, às 20h, vai ao ar o especial inédito Luta contra os hackers, que mostra a vulnerabilidade do mundo virtual e o difícil combate aos criminosos cibernéticos. E no Animal Planet, às 21h, estreia a quinta temporada de Meu gato endiabrado.

Pacotão musical vai de  Mozart a Jimi Hendrix

Na área musical, a Cultura sempre tem alguma atração bacana, com destaque hoje para a banda Filarmônica de Pasárgada no programa Cultura livre, às 17h30; e um recital do pianista austríaco Rudolf Buchbinder tocando peças de Mozart no Festival de Viena, em mais uma edição da série Clássicos, às 22h. No Multishow, às 19h, vai ao ar o especial Samba Brasília, com Revelação, Sorriso Maroto, Só Pra Contrariar, Thiaguinho e Turma do Pagode. No canal Bis, às 21h30, o assinante confere o documentário Feedback, sobre a participação de Jimi Hendrix no festival de Woodstock, em 1969. E no Film&Arts, às 20h, vai ao ar um especial com os melhores momentos do Tony Awards 2014, com destaque para os musicais Hedwig and the angry inch e A gentleman’s guide to love & murder.

CARAS & BOCAS » Cinema em casa

Simone Castro

Tony Ramos interpreta o personagem-título do filme Getúlio, cartaz da Tela quente na segunda-feira (Walter Carvalho/Divulgação)
Tony Ramos interpreta o personagem-título do filme Getúlio, cartaz da Tela quente na segunda-feira

Um dia depois da data em que se celebram os 60 anos da morte do presidente Getúlio Vargas, o filme que percorre os últimos 19 dias de vida do político estreia na TV. Getúlio, protagonizado por Tony Ramos, será cartaz da Tela quente (Globo). O longa-metragem, inédito na televisão, tem direção de João Jardim, roteiro de George Moura (o mesmo de O rebu), fotografia de Walter Carvalho e no elenco, entre outros, Drica Moraes, que interpreta Alzira, filha e braço-direito do presidente. A trama narra o período em que os opositores de Getúlio o acusam de ter ordenado um atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, vivido por Alexandre Borges. A conspiração político-militar, que culminou no suicídio de Getúlio, durou justamente os dias entre o tiro que quase atingiu o jornalista na Rua Tonelero, em 5 de agosto de 1954, e o que matou o presidente no dia 24 do mesmo mês. Para Tony Ramos, o papel foi um desafio. “Foram 45 dias de ensaios, mas o filme começou para mim um ano antes. João Jardim é um grande documentarista e me colocou nas mãos filmes, documentos da República, e a partir daí fui mergulhando e estudando. Você tem que ter muita disciplina para entrar na história de um homem como Getúlio”, resume o ator, que comemora 50 anos de carreira este ano. O filme foi lançado nos cinemas em 1º de maio deste ano.

TORCEDOR SEMPRE TEM A  PALAVRA NO BOLA NA ÁREA


O Bola na área deste sábado, às 12h15, na TV Alterosa, atualiza o telespectador sobre os principais lances do Brasileirão e traz um debate sobre a competição – e outros assuntos voltados ao esporte – numa mesa-redonda coordenada por Péricles de Souza, com a participação de jornalistas da Rádio Itatiaia e do Estado de Minas. O torcedor também tem a palavra. Confira!

TAPAS & BEIJOS EMPLACA  SÓ MAIS UMA TEMPORADA

A série Tapas & beijos está fora dos planos da Globo. Foi definido, anteontem, em reunião de diretoria, que o humorístico, estrelado por Fernanda Torres e Andréa Beltrão, que interpretam, respectivamente, Fátima e Sueli, só terá mais uma temporada, que irá ao ar no primeiro semestre do ano que vem. Vale dizer que a atração registra bons índices de audiência. Mas já existe consenso de que a trama perdeu fôlego.

REDE GLOBO JÁ DEFINIU  AS ESTREIAS DE SETEMBRO

A grande família chega ao fim, depois de 14 temporadas, em setembro. Em seu lugar, terá início, a partir do dia 18, a nova temporada do The voice Brasil. Antes, no dia 16, terça-feira, entra em cena o novo seriado de Miguel Falabella, O sexo e as nega. Na sexta-feira, depois do Globo repórter, a estreia é do seriado Dupla identidade, de Glória Perez, que conta a saga de um serial killer interpretado por Bruno Gagliasso.

JOSÉ PEDRO PODE NÃO SER  FILHO DO COMENDADOR

Os próximos capítulos de Império (Globo) prometem. O comendador José Alfredo (Alexandre Nero) vai descobrir que o filho José Pedro (Caio Blat), com quem vive às turras, deu um desfalque na empresa. Ele contornará a crise que a situação vai gerar na família, especialmente com Maria Marta (Lília Cabral), de quem o rapaz é o queridinho e seu eleito para assumir os negócios. Mas especula-se nos bastidores da trama de Aguinaldo Silva que José Pedro, o primogênito do casal, não é filho do comendador. O que, caso a verdade venha à tona, abalará os planos da ambiciosa Maria Marta.

PEGADA DE SÉRIE

A história já é boa e transformada em série poderá ficar melhor ainda. Trata-se do filme O advogado do diabo, de 1997, cotado para migrar da telona para a TV. O canal norte-americano NBC encomendou um episódio-piloto, segundo o site Deadline. Na trama, um defensor público, personagem vivido por Keanu Reeves, se junta a um escritório de advocacia comandado pelo próprio diabo, papel de Al Pacino. Na TV, a série será produzida por John Wells (Southland e ER – Plantão médico) e Arnold Kopelson, produtor do longa, que teve direção de Taylor Hackford. O elenco da nova produção ainda não foi definido e não há previsão de estreia.

VIVA
A atriz Laura Cardoso é sempre um presente em qualquer novela. Não é diferente agora, como a Lúcia em Boogie Oogie (Globo). Simplesmente, maravilhosa!

VAIA
E ainda que seja apenas uma participação especial da grande atriz, que substituiu Joanna Fomm, é inadmissível não ter seu nome nos créditos da novela. 

CINEMA » Quem garante a qualidade?

Transição do sistema analógico para o digital trouxe mudanças nas formas de exibição. Falta de fiscalização pode prejudicar público e comprometer resultado de som e imagem


Gracie Santos
Estado de Minas: 23/08/2014



Walter Carvalho, cineasta e fotógrafo (Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Walter Carvalho, cineasta e fotógrafo
O cineasta Jim Jarmusch é conhecido por ser exigente demais. Não permite, por exemplo, que seus filmes sejam dublados, para não “alterar o produto”. Certamente, não gostaria de ver seu novo longa, Amantes eternos, exibido com o som abaixo do volume ideal para apreciação da (incrível) trilha sonora e a imagem mais escura que a do “original”. Em cartaz apenas no Belas 1 desde o dia 14, o filme teve sessão para a imprensa no dia 12, na sala 2 do Pátio Savassi (a mais bem equipada do shopping, com tela e lâmpada novas e projetor com definição 4k), em exibição que permitiu perceber claramente a qualidade da obra. A música intensa invadiu a sala e a fotografia bem cuidada criou clima perfeito para o casal de vampiros refletir sobre a vida e a contemporaneidade. Já na sessão aberta ao público, na noite do sábado (16), no Belas 1, foi diferente: a música se perdeu em volume baixo e a tela parecia mais escura. Detalhes obviamente só percebidos por quem teve a sorte de assistir ao “outro” filme no Pátio.

O ocorrido levanta questões importantes em momento de transição do analógico para o digital, em que as salas estão passando por transformações e se adaptando às mudanças. E deixa suspeitas de que as normas do Digital Cinema Initiative (CDI) – veja abaixo –, comitê criado por sete grandes estúdios de Hollywood para garantir exibição de qualidade, são insuficientes. No caso de Amantes eternos, em particular, o escritório da distribuidora Paris Filmes em São Paulo informa que “as cópias em DCP (Digital Cinema Package) foram distribuídas em 2k (resolução que é exigência mínima para a CDI) para todas as salas, e a cópia exibida na sessão de imprensa do Pátio é a mesma que está no Belas. Portanto, as possíveis diferenças são uma questão a ser vista com o exibidor, já que pode haver diferenças nas telas ou lâmpada – novas e velhas. E, como não há lei, apenas regras, não existe fiscalização”.

“A impressão que tenho é de que metade dos meus cabelos brancos nasceram das projeções dos filmes que fotografei, produzi ou dirigi”, declara o cineasta Walter Carvalho. Conhecedor da maioria dos cinemas das capitais do Brasil, ele afirma que a questão “é caso de polícia, graças ao descaso, à falta de normas nas construções das cabines e à falha na manutenção”. Walter Carvalho acredita que o momento de transição do analógico para o digital esteja contribuindo também para o sucateamento de equipamentos, coisas que, com a falta de fiscalização, “ficam ao deus-dará. Cada um faz à sua maneira”. Problemas que se agravam, na opinião do cineasta, em um país em que um produtor ou diretor põe um pouco de sua vida para fazer um longa e tem que brigar no mercado em disputa desleal com blockbusters. “São pessoas visionárias, que acreditam na arte, querem levar o melhor para o público e, muitas vezes, morrem na praia”, lamenta.

Círculo vicioso Recentemente, com a exibição de seu documentário Raul, o início, o fim e o meio, Walter Carvalho teve problemas em um shopping em Salvador. “Ninguém ouvia nada”, conta, explicando que se não está nada regulamentado, consequentemente, não há fiscalização. “O que cria círculo vicioso. Às vezes, não há imagem e tem som, noutras é o contrário”, denuncia. Se não há como opinar sobre o caso de Amantes eternos, Walter Carvalho destaca apenas que há exceções no mercado, e uma delas, por exemplo, é Adhemar Oliveira (“pessoa cuidadosa, que tenta manter suas salas da melhor forma possível”), da empresa exibidora Espaço de Cinema, exatamente o responsável pelas salas do Belas Artes em Belo Horizonte.

Adhemar Oliveira, exibidor da Espaço de Cinema, responsável pelo Belas Artes, e Helvécio Ratton, cineasta e diretor artístico do cinema (Beto Novaes/EM/D.A Press)
Adhemar Oliveira, exibidor da Espaço de Cinema, responsável pelo Belas Artes, e Helvécio Ratton, cineasta e diretor artístico do cinema


Padrão modificado

O cineasta Helvécio Ratton, diretor artístico do Belas Artes, explica que a cópia em DCP vem da distribuidora e o cinema não “é responsável pela qualidade desse produto, que pode ter cópias diferentes”. Ele também acredita que o momento de transição do analógico para o digital esteja trazendo problemas, “já que o padrão de exibição foi totalmente modificado”. O cineasta, que ainda não viu Amantes eternos, conta que assistiu recentemente à exibição de Praia do Futuro, de Karim Ainöuz, no Belas, sem qualquer problema, com som e imagens perfeitos, destacando o fato de o filme ser falado em português.

Sem falhas Gerente geral da cadeia de exibição Cineart (MG) e diretor do Sindicato das Empresas Exibidoras de Belo Horizonte, Betim e Contagem, Lúcio Otoni afirma que a reclamação de Walter Carvalho sobre a falta de fiscalização quando se trata de exibição “é apenas meia verdade”. Lembra que os filmes distribuídos pelas grandes majors têm garantia do padrão mínimo da DCI. “Já para o caso de filmes independentes, pode haver, às vezes, exibição em projetores sem a mínima qualidade.” No caso da Cienart, por exemplo, Lúcio explica que ‘‘eles trabalham com projetores de última geração e pelo menos 98% dos filmes mostrados são de grandes estúdios”. Como diretor do sindicato, Lúcio Otoni afirma que a maior parte dos cinemas convergem para o mesmo modelo de exibição e que a tendência será, com as novidades tecnológicas, reduzir ou eliminar as falhas técnicas.


Três perguntas para...
Adhemar Oliveira
da Espaço de Cinema

Apesar das reformas, muitas pessoas ainda reclamam e é comum ouvir: “O som estava ruim ou a imagem não estava boa no Belas”...
Estamos trabalhando desde maio com três projetores novos da NEC, com resolução 2K, equipamentos que atendem às exigências do mercado, com som Dolby digital...

E o que pode ter ocorrido no caso de Amantes eternos, exibido com som baixo e imagem que parecia mais escura?

Vou enviar um técnico (de São Paulo) para que ele possa exibir o filme em outra sala e checar o que houve. Nossos projetores ainda estão em garantia... Há várias hipóteses. Cada cinema recebe uma copia (DCP). Houve um caso em Porto Alegre, por exemplo, em que recebemos a cópia com a parte seis em branco, deu um trabalho danado. O digital pode ter problemas de copiagem. A probalidade é menor, mas pode existir. Já tive casos em que fui obrigado a rejeitar o DCP. Se o filme está no padrão DCI (e é este o caso de Amantes eternos), ele tem uma espécie de chave de segurança, se o projetor não for 2K, por exemplo, não passa, trava.

Com tudo automatizado, quem garante a qualidade da exibição?
Ainda não estamos familiarizados com todas as mudanças, não confio apenas na tecnologia, peço ao gerente para conferir. A questão do som pode variar. Normalmente trabalhamos no 6 ou 7, se colocamos muito alto vem gente e reclama. Cabe, então, ao operador abaixar ou aumentar o volume. No caso do projetor novo, ele sinaliza, por exemplo, quando a lâmpada tem que ser trocada (lâmpadas velhas podem escurecer a imagem). O Belas está totalmente digitalizado desde maio. Diferentemente de quando trabalhávamos com o 35mm, não dá para abrir a máquina, mandar tornear peças. Estamos num período de adaptação, eu diria que, agora, é o 3D que está mais tarimbado.

Saiba mais

O QUE É DCI?

DCI é a sigla para Digital Cinema Initiative, comitê criado pelos sete grandes estúdios de Hollywood (Warner, Fox, Universal, Paramount, Disney, DreamWorks e Sony) para estudar padrões digitais que seriam adotados para a projeção de seus filmes. O DCI foi formado sem prazos estabelecidos, para escapar da pressão de fornecedores. Com a divulgação das normas, em julho de 2006, verificou-se que a digitalização das salas nesses padrões não seria tão simples, pois os equipamentos envolvidos não são de linha industrial. Os principais requisitos são a compressão de imagem em jpeg 2000 e a resolução de 2K ou 4K. Um dos objetivos da DCI foi a criação de um estudo único dos estúdios, para diminuir ao máximo concorrências internas que terminassem por polarizar a indústria, como ocorreu, por exemplo, na guerra entre o Blu-ray e o HD-DVD, na substituição do DVD. (Fonte: Filme B)

ARNALDO VIANA » A educação do Senado‏

ARNALDO VIANA » A educação do Senado
Estado de Minas: 23/08/2014


Os adultos de oje, que naceram no Vale do Jeqitihonha, Norte de Minas ou do Sul da Baia a Salvador, aprenderam asim, de menino, a pronúnsia das letras do alfabeto: a, bê, cê, dê, é, fê, guê, agá, i, ji, k, lê, mê, nê, o, pê, quê, rê, si, t, u v, xis, z. A origem da pronúnsia, dizem, é o dialeto baiano, o primeiro dialeto brazileiro. Lembra-se do caminhão da Fábrica Nacional de Motores? O Brazil inteirinho o chamava de Fenemê por causa das três letras, FNM, estampadas no capô. Pois muito bem, esse alfabeto era ensinado até em escolas. Depois, ouve a uniformizasão do ensino no país e a pronúnsia que pasou a valer é a qe conhecemos hoje. Bonito o lingajar baiano e seus aspectos. Riqueza cultural qe deve ser prezervada. Saiba vosa eselênsia qe nenhum adulto de oje, menino de ontem nas áreas de jurisdisão do dialeto, que teve dificuldade para aprender a pronúnsia ofisial do alfabeto, tentou enfiar o fê, o nê e o mê goela abaixo da maioria do povo brazileiro qe nada tinha a ver com a forma como os baianos de Salvador e adjasênsias se comunicavam nas ruas e nos campos.

Os profesores de línga portugesa Ernani Pimentel e Pasquale Cipro Neto fazem parte de um grupo técnico formado, via convite, pela Comisão de Educasão do Senado para trabalhar novo projeto qe altera a línga portugesa. Aliás, com se diz lá nos cafundós da periferia, a linga portugesa virou caza de mãe joana. Todo mundo quer meter a mão, o bedelho, o nariz, o focinho, a pata e sabe-se lá o quê mais. A proposta, bizarra no entendimento de especialistas mais atentos, e que deixaria este testo mais ou menos da forma como está sendo escrito, só pode ter nacido de alguém qe não consegiu ou não consege aprender a escrever o idioma com o qual convivemos hoje e qe foi desagradavelmente mexido recentemente. “Esas mudansas acarretariam economia com a educasão no país. Em vez das atuais 400 horas/aula de ortografia ministradas desde o início do fundamental até o fim do ensino médio, sejam utilizadas apenas (ou em torno de) 150", diz Ernani Pimentel.

Economizar no ensino do portugês. Que coisa! Considerando as dificuldades qe a línga impõe ao aprendiz, as horas/aulas hoje ministradas ainda não são suficientes. Essa linga, qe encanta pelas curvas e armadilhas, pela infinita possibilidade poética e musical, toma toda uma vida sem que seja totalmente dominada. Ninguém, lucidamente habilitado, pode bater no peito e dizer, mesmo depois de toda uma existência debruçado sobre livros, cartilhas e compêndios, “eu desvendo o portugês”. Tem mestre lingista por aí cuspindo marimbondo (como diria o saudoso Fernando Sasso) diante de tal aberração.

Goste ou não do que acabou de ler, a proposta conduzida pelo professor Ernani Pimentel acaba com o uso da letra h antes das palavras, do ç, do ss, sc e xc (que seriam substituídos pelo s simples), do hífen, do dígrafo ch (que seria substituído pelo x). Palavras também passariam a ser escritas como o fonema aponta, como o x e o s com som de z. Elimina a letra u após o g e o q e antes de e e do i. Essa é a grande obra do Senado na educasão num país sem ensino de qualidade, com crianças na áreas rurais caminhando horas a pé para chegar à escola, salas de aula em ruínas e uma merenda que nem sempre chega ao prato do aluno. Esse é o projeto de educação em um cenário carente de ensino profissionalizante, o que tiraria milhões de jovens periféricos do vazio e da mira do crime e do tráfico.

A observação do filólogo e professor Marcos Bagno, da Universidade de Brasília (UnB), sobre a mudança proposta: “São ridículas, patéticas e merecem todo o desprezo da comunidade de linguistas do Brasil”. Ele não vê no projeto facilidade para o aprendizado do português: "Aprender a escrever em chinês é muito mais complicado do que aprender a escrever em português e 94% dos chineses são alfabetizados. A questão é alfabetizar e letrar a população. A ortografia pode ser qualquer uma".

Se a proposta sair da Comissão de Educação, vai a plenário. Se aprovada pelos senadores, segue à Câmara. Bastará o sim dos deputados para ser enviada à sanção presidencial. O professor Pimentel aceita sugestões pelo site Simplificando a Ortografia. O Negão aí de baixo já mandou a dele: ?#$%&+=(*6”!!#*?#.

Reflexão do Negão: E o chuchu, que nunca foi uma unanimidade nacional, nem quanto ao sabor nem quanto à grafia, poderá, finalmente, se o projeto vingar, virar simplesmente xuxu, como a maioria gosta de escrever.

Eduardo Almeida Reis - Muzambinho‏

Muzambinho
Ilustre país este em que uma prefeitura proíbe os munícipes de ter galinhas em seus terreiros

Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 23/08/2014






Município sul-mineiro, altitude 1.100 metros, Muzambinho se orgulha do seu Código Municipal de Vigilância e Saúde, que emprega operosos fiscais sanitários e vem de proibir que os muzambinhenses tenham galinhas, patos, marrecos e demais penosas nos terreiros urbanos, argumentando que as aves contribuem para a proliferação das moscas. Ilustre país este em que uma prefeitura proíbe os munícipes de ter galinhas em seus terreiros. Um dos muzambinhenses entrevistados pela TV, risonho e barbado, coveiro profissional, não parecia irritado com a ordem para acabar com os seus patos criados em domicílio.

Quando vi a notícia numa antemanhã gélida, confundi Muzambinho com Curralinho e me lembrei do PhD em gnose biocinética que obtive na Universidade Federal de Curralinho, doutorado muito mais sério e pertinente do que os 27 honoris causa do analfaboquirroto. Como sabe o leitor, gnose biocinética é o conhecimento, a ciência, a sabedoria do movimento da vida, e o fato de a Universidade Federal de Curralinho não existir é irrelevante: o doutorado é obtido na escola da vida. Antenor Edmundo Horta, o Antenorzinho, que começou a trabalhar aos 7 anos numa farmácia diamantinense, quando calçou pela primeira vez um par de sapatos de terceira mão (ou pé?), passou dos 90, visitou o mundo inteiro, falava diversos idiomas, andava de Mercedes no tempo em que isso era importante, aprendeu a montar a cavalo aos 72 anos quando comprou fazenda em Esmeraldas (MG) e só frequentou a escola da vida. Honrou-me durante anos mandando seu motorista à cidade, todos os dias, para comprar o jornal em que escrevi. Claro que o chofer fazia outras compras nos supermercados, mas tinha ordem para viajar até outras cidades, quando não encontrava o jornal na banca da cidade próxima da fazenda.

Que diabo de estudo deve ter sido feito em Muzambinho para que o seu Código Municipal de Vigilância e Saúde descobrisse que as penosas contribuem para a proliferação das moscas urbanas? É possível que a titica das galinhas alimente as moscas, mas galinhas, patos, marrecos e aparentados devem comer bichinhos chatos, eventualmente perigosos, percevejos, barbeiros, escorpiões & Cia. Junte-se o fato de que as penosas produzem proteína animal da melhor qualidade e a iniciativa muzambinhense vai de encontro à tendência mundial de produzir alimentos em todos os espaços disponíveis.

George Gordon Byron (1788-1824) nasceu em Londres e bateu o pacau na Grécia. O sexto barão Byron, mais conhecido como lorde Byron, não poderia ter nascido em Muzambinho. Por quê? Ora, porque poetou: “O galo é o clarim das madrugadas” e o galo muzambinhense foi proibido de clarinar.

Tempos modernos

O locutor da GloboNews impostou a voz e avisou: “Ainda hoje, Fernando Gabeira visita o sul da Bahia para conhecer o legado deixado pelos alemães”. De admirar seria viajar para conhecer o legado levado pelos alemães. Fernando Gabeira é o mais rápido e um dos melhores textos de sua geração. Todos os que trabalharam com ele dizem do seu talento e da velocidade com que escreve. Contudo, vem acontecendo com os seus programas de TV um fenômeno que não sei explicar. As pautas são interessantes, mas os programas resultam confusos, têm uma porção de tomadas sem pé nem cabeça, talvez por culpa da edição ou da direção. O resultado embaralhado não faz jus ao talento do jornalista.

Mudando de assunto sem sair da TV, o negócio está ficando difícil. Ouvi perfeitamente na TV aberta a nova mocinha do tempo pronunciar reconcavo, sem o chapeuzinho no primeiro o. Falava do clima previsto para o dia seguinte na região geográfica localizada em torno da Baía de Todos os Santos e deve ter recorrido ao verbo concavar (datação 1817), tornar-se côncavo, do latim concàvo,as,ávi, átum,áre, de concàvus, de cavus. No caso, reconcavar.

O mundo é uma bola

23 de agosto de 1793: na Revolução Francesa, uma levée en masse foi decretada pela Convenção Nacional. Não faço a mais mínima ideia do que seja uma levée en masse, o que não é de espantar diante desta minha notória ignorância, mas boa coisa não deve ter sido. A Revolução Francesa guilhotinou uma porção de gente para tudo continuar na mesma ou piorar, como se vê no “governo” François Hollande, transcorridos 221 anos da tal levée. Que se pode esperar de um sujeito que abandona a mãe dos seus quatro filhos para mais tarde nomeá-la ministra? De um sujeito que pula na garupa de bela moto para namorar escondido num apê próximo do palácio em que reside? Homens sérios morrem agarrados à mãe dos filhinhos, mesmo que mantenham, como todos mantêm, namoradinhas espalhadas por aí.

Em 1893 é instalado o primeiro de uma séria de cabos submarinos ligando a Horta, nos Açores, a Carcavelos em Lisboa, notícia que não teria importância se o autor destas bem traçadas não tivesse excelente amigo nascido na Horta, hoje advogando no Sul de Minas.

Em 1969 começa o Jornal Nacional, primeiro programa de TV transmitido em cadeia nacional. Em 1754 nascia Luís XVI, rei da França, morto em 1973 pelos revolucionários da já citada levée. Hoje é o Dia do Artista, do Internauta e do Aviador Naval.

Ruminanças

“Quem me dera ter sido meu neto!” (Napoleão Bonaparte, 1769-1821).