terça-feira, 29 de outubro de 2013

MARIA ESTHER MACIEL » Paixão poética‏

Estado de Minas: 29/10/2013 





No domingo à tarde, sentada diante da varanda do escritório, olho de viés para os prédios do outro lado da rua, enquanto leio – até me arderem os olhos – as novas traduções de O arco e a lira e Os filhos do barro, de Octavio Paz. Em edições primorosas, os livros foram lançados recentemente pela Editora Cosacnaify e já antecipam as comemorações do centenário do escritor, a se realizar no ano que vem.

Para quem não se lembra, Paz foi ganhador do Prêmio Nobel em 1990. Ele escreveu, principalmente, livros de poemas e ensaios, tendo se dedicado, ainda, à carreira diplomática. Foi um intelectual ativo, atento às questões sociais e políticas do seu tempo. Criou revistas importantes, traduziu muitas obras, ministrou cursos e conferências, ganhou prêmios, enfrentou polêmicas. Suas viagens pelo mundo o levaram a escrever sobre diferentes culturas. Passou longas temporadas na França, na Espanha, nos Estados Unidos, na Índia e no Japão. Escreveu sobre praticamente tudo, até mesmo sobre culinária, erotismo e religiões. Sua obra completa compreende 14 volumes, todos muito alentados e variados. Para não mencionar os livros de entrevistas que também deixou. No Brasil, algumas de suas obras (principalmente de ensaios) foram publicadas nas últimas décadas do século 20. Depois, sumiram das livrarias. Mas agora, com as novas traduções, seus livros finalmente voltam ao nosso país.

Tenho com Paz (ou melhor, com sua obra) um caso de amor antigo. Quem me apresentou seus escritos foi o poeta Altino Caixeta de Castro, o Leão de Formosa, grande mestre e amigo dos tempos de juventude. Foi no início da década de 80 que saiu no Brasil a primeira tradução de O arco e a lira, obra fundamental sobre poesia, que me raptou definitivamente para o mundo das Letras. Por isso, a inevitável emoção no último domingo, quando revisitei essa obra numa edição tão bem cuidada.

Digo que um dos momentos mais memoráveis de minha vida foi ter visto Octavio Paz ao vivo, no México, em 1993. Na ocasião, pude assistir à sua conferência sobre o poeta japonês Bashô, cuja obra ele havia traduzido para o espanhol. Mas o que mais me chamou a atenção nesse dia foi a firme e suave sonoridade de sua voz. Discorrendo com desenvoltura sobre as particularidades da poesia japonesa do século 17, Paz deixava transparecer nos silêncios e modulações de sua fala uma cumplicidade amorosa com as palavras, como se as afagasse pela voz. Com isso, conseguiu criar no ambiente uma atmosfera poética, quase religiosa, que todos contagiou. Nesse momento, tive a certeza de estar diante de um poeta verdadeiro, um poeta em permanente estado de lucidez e vertigem, capaz de sustentar um pacto de vida e morte com a poesia. Foi uma experiência apaixonante. E olhem que nem falei dos belos olhos azuis do escritor.

 Mas voltando aos seus livros recém-lançados no Brasil, pego Os filhos do barro, na tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht, e o abro ao acaso. A página que aparece é a 184, e nas últimas linhas leio o seguinte: “As palavras não estão em parte alguma, não são algo dado, que está nos esperando. É preciso criá-las, é preciso inventá-las, como nos criamos e criamos o mundo todos os dias.”

Creio não ser preciso dizer mais nada depois disso. 

Tv Paga

Estado de Minas: 29/10/2013 



 (Discovery/Divulgação)

A nada mole vida de Bear Grylls


Com a experiência de quem já realizou centenas de missões com as Forças Especiais Britânicas, Bear Grylls (foto) encara mais uma série de desafios no Discovery. Depois do sucesso de À prova de tudo, agora ele estará à frente de Sobrevivendo com Bear Grylls, que vai ao ar na faixa das 22h30. A produção narra histórias reais de sobrevivência vividas por pessoas comuns. Um detalhe curioso sobre o aventureiro e que pouca gente sabe é que ele, além de militar reformado, montanhista e paraquedista, é também escritor, biólogo e botânico. Ah, Bear ainda cultiva o saudável hábito de improvisar uns lanchinhos bem loucos.

Wilker entrevista hoje
a colega Andréa Beltrão


Andréa Beltrão é a entrevistada de hoje de José Wilker no programa Palco e plateia, às 21h30, no Canal Brasil. A atriz fala sobre a trajetória no cinema, TV e teatro, que lhe rendeu inúmeros prêmios, além da administração do Teatro Poeira ao lado de Marieta Severo. Na Cultura, às 23h30, Antônio Abujamra entrevista o músico Vidal França no programa Provocações.

Documentário traça o
perfil de Jorge Mautner


Por falar em Canal Brasil, vai ao ar também hoje, às 22h, o documentário Jorge Mautner – O filho do holocausto, dirigido por Pedro Bial e Heitor D’Alincourt. Filho de refugiados europeus, Mautner realizou uma obra que transcendeu a música e foi reverenciada por importantes nomes da cultura nacional. Dois de s eus parceiros dão depoimentos neste filme: Gilberto Gil e Caetano Veloso. No canal Arte 1, às 21h30, a atração é um documentário sobre o diretor de cinema Alfred Hitchcock, o grande mestre do suspense.

Muitas alternativas na
programação de filmes


Se o assunto é cinema, uma boa pedida é a sessão Adrenalina em dose dupla do Telecine Action, hoje um pouco mais cedo, com os filmes Homem de Ferro, às 13h45; e Gigantes de aço, às 16h. À noite, alguns canais continuam com a programação da Semana do Halloween, como o TCM, com Grito de horror; o Universal Channel, com Horror em Amityville; e o Disney HD, com Regresso a Halloweentown, todos às 22h. No mesmo horário, o assinante tem mais oito opções: A hora da estrela, no Arte 1; Colega de quarto, na HBO; Shame, na HBO 2; O retorno do talentoso Ripley, no Max Prime; O som do trovão, na MGM; Shrek Terceiro, no Telecine Fun; Para sempre, no Telecine Premium; e Kamchatka, no Telecine Cult. Outros destaques da programação: Zona verde, às 20h , no Universal; e Thor, às 22h30, no FX.

Os fantasmas circulam
pela grade do canal Bio


O canal Bio reserva as noites de terça-feira para casos muitos escabrosos. Para começar tem Minha história de fantasma, às 22h, narrando a aparição de almas penadas em um manicômio e em um navio, além de dois estudantes que buscam diversão com fenômenos eletrônicos de voz, mas que acabam se revelando demoníacos. Às 23h, é a vez de Casas possuídas, relatando atividades paranormais que ameaçam uma jovem enfermeira que cuida de um paciente catatônico. E por aí vai.

CARAS & BOCAS

CARAS & BOCAS » Lembranças da escola 


Simone Castro

Estado de Minas: 29/10/2013


Dani Calabresa conta que era tímida nos tempos em que frequentava a sala de aula (Carol Passarella/Divulgação-25/4/12)
Dani Calabresa conta que era tímida nos tempos em que frequentava a sala de aula



No episódio de hoje de Tempos de escola, às 22h30, no Futura (TV paga), a comediante Dani Calabresa visita a escola Stocco, em Santo André, na Grande São Paulo, onde estudou da 1ª à 8ª séries, de 1986 a 1993. Depoimentos de amigas e professores levam Dani a relembrar viagens realizadas com a turma, as trilhas com o professor de educação física, os ataques de risos em sala e, principalmente, os momentos de timidez. “Era muito tímida, ainda sou um pouco. Não dava ‘oi’ para as pessoas. Sair de casa já era um desafio. Não pedia nem para ir ao banheiro, pois não queria levantar a mão. Queria ficar como uma moita”, revela. As melhores aulas para Dani eram as de teatro e educação artística. “Eu adorava, já sabia que queria desenhar, criar.” E o mais especial dessa época foi a aproximação com sua família: o pai que estudava com ela até de madrugada, a mãe que a levava para a escola todos os dias e a irmã que não perdia suas apresentações teatrais. “Meus pais sempre me apoiaram em tudo. Minha mãe até acendia vela em dia de prova. Resolvi fazer teatro por causa da minha irmã mais velha”, lembra Dani.

MARIA PAULA NA GRADE
DE VERÃO DO CANAL GNT


A apresentadora Maria Paula embarca segunda-feira para a Califórnia, onde vai gravar o programa Saúde por aí, nova atração do GNT (TV paga) que integrará a programação de verão da emissora. Por lá visitará centros de pesquisa e tratamento nos Estados Unidos para experimentar terapias alternativas na busca de tentar entender alguns “males contemporâneos” que afligem não só os brasileiros, mas pessoas no mundo inteiro. Mas, do que estamos doentes, afinal? O individualismo e consumismo excessivo, a ansiedade e seus desdobramentos, o aumento da obesidade e de doenças como depressão, o excesso de medicamentos. Esses são alguns dos temas da atração, que terá seis episódios.

FILHA DE MINISTRO BATE
PAPO NA MADRUGADA


Marina Mantega, atualmente apresentadora da Bandeirantes, conversa com Amaury Jr. no programa que vai ao ar hoje, à 0h30, na RedeTV!. A moça, que é filha do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e estampou recentemente capa da revista Status, revela: “Tenho medo do meu pai, ele gosta de ver mulheres na capa das revistas, mas não gosta de ver a filha nas capas. Acho que só terei coragem de falar com ele daqui a um mês”.

FÉLIX CONTRATA AMANTE
E LEVA PARA O SAN MAGNO


“Ele sabe fazer coisas que você não sabe. Recolha-se à sua insignificância.” É assim que Félix (Mateus Solano) apresentará seu novo assistente, nada menos do que o amante Anjinho (Lucas Malvacini), à sua secretária Simone (Vera Zimmermann), em Amor à vida (Globo). O rapaz é contratado do hospital e ganhará mais do que a secretária. César (Antônio Fagundes) não aprovará nada a novidade do filho e repreenderá Félix, que, obviamente, não lhe dará ouvidos. César explodirá: “Que vergonha! Antes você estava no armário. Agora, transformou o armário num carro alegórico!”.
 (Rede Bandeirantes/Divulgação)


ÁGUAS DO TIETÊ

A liga, hoje, às 22h30, na Bandeirantes, vai revelar os mistérios da Marginal Tietê. Uma das principais artérias viárias da cidade de São Paulo, por onde transitam milhares de pessoas todos os dias, a via serve também como local de moradia e trabalho para muita gente. Como um travesti que vive embaixo de uma das saídas da Marginal e uma viúva que sustenta a família graças aos pneus furados que encontra na rua. Além disso, Mariana Weickert acompanha a rotina de um catador de lixo que vai parar nas poluídas águas do Tietê (foto).

VIVA
Maratona Teleton terminou em grande estilo, com parceria divertida entre Sílvio Santos e Ivete Sangalo.

VAIA
Danielle Winits ganharia com menos caretas da personagem Amarilys em Amor à vida.(Globo). Chata demais!

OFÍCIO DA PALAVRA » Noite de poesia‏

Estado de Minas: 29/10/2013



Angélica Freitas conversa com o público (Arquivo pessoal)
Angélica Freitas conversa com o público

Há alguns anos, a poeta Angélica Freitas trocou o jornalismo pela literatura. Ainda menina, tomou gosto por batucar seus versos na máquina de escrever do pai, em Pelotas (RS). Mais tarde, das teclas de seu computador surgiram os poemas que alimentaram o blog Tome uma xícara de chá. O universo on-line, a cultura pop e questões caras às mulheres estão presentes na escrita desta gaúcha de 40 anos, que vem hoje a BH conversar com o público. Ela é a convidada do projeto Ofício da palavra, às 19h30, no Museu de Artes e Ofícios (Praça da Estação, s/nº, Centro).

Em 2012, seu Um útero é do tamanho de um punho (Cosac Naify) foi eleito livro do ano pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) e está entre os quatro finalistas do Prêmio Portugal Telecom 2013 na categoria Poesia. Angélica lançou também Rilke shake (Cosac Naify) e Guadalupe (Quadrinhos na Cia.), romance gráfico criado em parceria com o quadrinista Odyr – os dois são vizinhos em Pelotas. Aliás, outro conterrâneo dessa dupla, o escritor e compositor Vitor Ramil, já anunciou para 2014 um disco cujas canções trarão letras de Angélica.

Atualmente, a escritora gaúcha é coeditora da revista de poesia Modo de usar & co. em parceria com Fabiano Calixto, Marília Garcia e Ricardo Domeneck

Cientistas identificam o conjunto de corpos celestes mais antigo da história

A galáxia de antigamente

Cientistas identificam o conjunto de corpos celestes mais antigo da história. Estudo pode ajudar a explicar como se deu a formação das estrelas 

Roberto Machado

Estado de Minas: 29/10/2013


Brasília – Desde a grande explosão que deu origem ao universo, o cosmos continua crescendo. São 13,8 bilhões de anos de contínua expansão que formam uma existência três vezes mais longa que a do pequeno planeta Terra. Como a humanidade viu apenas uma fração da lenta e espetacular dinâmica que deu origem a mundos, galáxias e asteroides, cientistas precisam olhar para o infinito em busca de respostas sobre a mais antiga das histórias. E foi num espaço longínquo, a mais de 30 bilhões de anos-luz, que pesquisadores encontraram a galáxia mais velha e distante de que se tem notícia.

Batizada de z8_GND_5296, a  formação espacial foi descoberta em um grupo de 43 galáxias suspeitas de pertencerem a um tempo de transição entre a “idade das trevas cósmicas” e a formação do universo como conhecemos hoje. Divulgado na última edição da  revista Nature, o sistema exibe um intenso brilho vermelho, típico das formações originadas em um tempo de maior atividade espacial. Cientistas, agora, esperam que o borrão rubro de 13,1 bilhões de anos possa revelar mais sobre a época em que se formaram as primeiras estrelas.

A imagem da galáxia foi capturada pelo telescópio Hubble em meio a centenas de estrelas do universo. O espectrógrafo do telescópio Keck no Havaí (o maior do planeta) mediu a luz emitida pelo sistema e estimou a idade dele com mais precisão.

O  desvio para o vermelho emitido pela z8_GND_5296 é a “certidão de nascimento”, que prova para os pesquisadores que a galáxia surgiu apenas 700 milhões de anos depois do Big Bang.

Já houve suspeitas de existirem outros sistemas ainda mais antigos, mas esta é a primeira vez que os instrumentos confirmam uma idade tão avançada de uma galáxia inteira. “O antigo recorde de desvio para o vermelho era de cerca de 40 milhões de anos depois, em tempo cósmico. No entanto, há candidatos com desvios ainda mais distantes, mas nenhuma deles foi confirmado espectroscopicamente, e há uma grande incerteza sobre eles”, diz Steven Finkelstein, pesquisador da Universidade do Texas e principal autor do trabalho. A cor ultravioleta indica que o sistema distante é rico em metal e que tem um desenvolvimento 100 vezes mais rápido que o da Via Láctea.

Fim das trevas
Tudo o que foi visto pelos pesquisadores, no entanto, não passa de uma imagem do passado. Até percorrer a distância entre essa galáxia e a nossa, a luz viajou por 13,1 bilhões de anos. Isso significa que os telescópios capturaram, na verdade, um retrato do início do universo, quando esse sistema ainda era recém-formado. Os autores especulam que, desde então, a galáxia primordial já tenha dado origem a mais de um bilhão de estrelas, e que muitas delas já tenham se apagado.


A estrutura teria origem na chamada época de reinonização, quando o tempo das trevas do universo deu lugar às estrelas e às galáxias. “O universo era quase todo preenchido pelo hidrogênio neutro que havia se formado. Hoje, esse gás ainda preenche o espaço entre as galáxias, mas é ionizado. Então, algumas radiações energéticas devem ter separado os prótons e os elétrons que compunham esse hidrogênio de antigamente”, ensina Dominik Riechers, astrônomo e pesquisador da Cornell University, nos Estados Unidos.

A galáxia recém-identificada se desenvolve num ritmo acima do comum para qualquer tipo de sistema solar, além de apresentar uma massa bastante superior ao que se esperava para um sistema formado nessa época. “Os modelos de compreensão de galáxias dizem que as primeiras estruturas formadas são menores. Outro ponto é que também não esperávamos encontrar objetos com elementos pesados, muito abundante em metais”, constata Eduardo Telles, pesquisador do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro.

Mas essa massa exagerada, ressalta Telles, também pode ter sido o motivo que tornou possível a observação de um sistema tão antigo. “A grande pergunta é se galáxias observadas a essa distância deram origem às galáxias que observamos no universo local, seguramente mais massivas”, afirma o astrônomo brasileiro, que não participou da pesquisa.

 Os mistérios que ainda permanecem sobre esse sistema devem ser desvendados nos próximos anos por novos equipamentos, de medidas mais precisas. Com a ajuda de telescópios de rádio, os pesquisadores esperam medir quanto gás e poeira há na galáxia, e entender a origem do desenvolvimento surpreendentemente intenso dessa estrutura. É possível até mesmo que se encontrem objetos novos e ainda mais antigos em diferentes regiões do céu, embora essa seja uma tarefa complicada. “Definitivamente ainda existem galáxias por aí. É só questão de conseguirmos detectá-las no nosso espectroscópio”, acredita Finkelstein.

"A grande pergunta é se galáxias observadas a essa distância deram origem às galáxias que observamos no universo local, seguramente mais massivas"

Eduardo Telles,
pesquisador do Observatório Nacional

Pessoas com psoríase podem ter outro mal associado, como depressão

As marcas que a psoríase deixa 

Estudo mostra que 70% das pessoas com a doença têm outro mal associado, como depressão e diabetes. Dia mundial, lembrado hoje, dá mais visibilidade ao problema 

Sara Lira*

Estado de Minas: 29/10/2013



São Paulo – Ela se manifesta na pele por meio de manchas geralmente avermelhadas que descamam. Podem surgir em qualquer parte do corpo, porém são mais comuns no couro cabeludo, unhas, mãos, pés, cotovelos e joelhos. Estamos falando da psoríase, doença autoimune inflamatória crônica, imunológica, sistêmica e não contagiosa, que atinge aproximadamente 3% da população mundial. A maior incidência é em adultos, mas ela  pode surgir também em crianças ou adolescentes.

Embora sua principal manifestação seja na pele, ela pode gerar outros problemas de saúde. “A doença tem outras repercussões no organismo que não se restringem apenas à pele”, destaca a presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Denise Steiner. Dados preliminares de um estudo inédito realizado no Brasil, divulgado durante o 5º Simpósio Nacional de Psoríase, revelou que cerca de 70% de pacientes da doença têm outro mal associado. A “Avaliação da gravidade da psoríase em placas em brasileiros em acompanhamento ambulatorial em centros de referência” (Appisot), realizada pelo laboratório Janssen, analisou 877 pacientes em tratamento em 26 centros no país. Eles foram avaliados por dermatologistas especialistas em psoríase, em relação à gravidade da doença, tratamentos usados e em uso, impacto na qualidade de vida e presença de comorbidades (doenças associadas ou decorrentes). 


Hoje, Dia Mundial da Psoríase, instituições de saúde e comunidade médica fazem coro à proposta de conscientizar a população sobre a doença e motivar pacientes a prosseguirem com o tratamento. Segundo a Appisot, dos 70% pacientes entrevistados que apresentaram alguma doença associada à psoríase, 75% estavam com obesidade ou sobrepeso, 32% com hipertensão, 26% com depressão, 25% tinham o colesterol alto, 17% artrite, 17% diabetes, 33% ansiedade e 17% alcoolismo.


“Essas comorbidades podem ter dois fatores. Um é que muitos pacientes com psoríase se isolam e têm vergonha de sair de casa devido às lesões na pele. E essas doenças podem surgir pela mudança de comportamento, como sedentarismo, o que faz com que ele coma mais e se exercite menos, causando obesidade, por exemplo. Ou também a própria psoríase pode desencadear essas doenças para quem já tem predisposição a tê-las”, explica o dermatologista Artur Duarte, um dos especialistas responsáveis pelo estudo. O coordenador da área de psoríase da SBD, Marcelo Arnone, acrescenta que pacientes com a doença podem, ainda, apresentar a artrite psoriática. “O problema se caracteriza por inchaço e dor nas articulações. Se não for tratada de forma efetiva, essa artrite pode causar sequelas como deformidade nas articulações”, diz.


Os entrevistados da Appisot têm em média 48 anos e cerca da metade deles apresenta a forma moderada a grave da doença, caracterizada por lesões descamativas em mais de 10% da superfície do corpo e/ou pelo impacto na qualidade de vida maior que 10 pontos – índice obtido por meio de formulários respondidos. A outra metade apresenta a forma leve.


O tratamento é feito de maneiras diferentes dependendo da intensidade da doença. Para pacientes leves, os médicos recomendam medicamentos tópicos como cremes, loções ou géis, a serem aplicados nas lesões. Já para os que apresentam a forma moderada a grave da psoríase o tratamento pode ser feito com medicamentos orais ou injetáveis, sejam eles tradicionais ou biológicos. A doença não tem cura, mas com o tratamento adequado ela pode ter os sintomas amenizados.

Diagnóstico A psoríase é diagnosticada por meio de exames clínicos e avaliação de um dermatologista ou reumatologista – nesse caso quando a doença atinge as articulações. Os sintomas iniciais são pele irritada com manchas vermelhas e/ou placas que descamam, alterações nas unhas, como espessamento da lâmina ungueal, deformação na superfície ou descolamento delas, e caspa severa no couro cabeludo. As lesões não causam dor, mas podem provocar coceira. “Importante destacar que a psoríase não é adquirida por contato, pois não é uma doença infectocontagiosa”, diz o médico Artur Duarte.
As causas ainda não são totalmente esclarecidas pela ciência, mas o problema costuma ter fatores genéticos. O estresse também pode contribuir para seu desencadeamento. “Se a pessoa tem predisposição genética a ter psoríase e passa por um grande estresse isso pode ser um gatilho para o surgimento da doença”, explica Duarte. Alguns medicamentos também podem provocá-la, como efeito colateral.

Desmotivação Segundo Marcelo Arnone, pacientes com a doença sofrem preconceito devido às lesões que se manifestam principalmente nas áreas mais visíveis do corpo. Por isso, eles tendem a evitar exposição e a ficar mais em casa, o que contribui para o surgimento de depressão. “Ele sente vergonha e rejeição por causa das lesões. Como sua autoestima está afetada, evita situações de exposição”, pontua. Em alguns casos o médico pode indicar um tratamento psicológico devido aos problemas depressivos.


Outro fator preocupante para a comunidade médica é que muitos pacientes quando descobrem que a doença não tem cura perdem a motivação de prosseguir com o tratamento. E para incentivar esses pacientes a não desistirem de se tratar, está sendo realizada uma campanha nacional que começou no domingo e vai até 3 de novembro. “Um tema que vem ganhando muito destaque é o tratamento mais humanizado do doente de psoríase. Normalmente ele se sente desmotivado a buscar tratamento quando descobre que não tem cura. O enfoque da campanha é motivar o paciente a procurar se tratar ”, diz Arnone. Uma série de ações educativas será desenvolvida em várias regiões do país com esse objetivo e com o de esclarecer à população leiga de que a psoríase não é contagiosa.



* A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Dermatologia