sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Quadrinhos

FOLHA DE SÃO PAULO

CHICLETE COM BANANA      ANGELI

ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE

LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO

CACO GALHARDO
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
PRETO NO BRANCO      ALLAN SIEBER


ALLAN SIEBER
BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER

ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER
ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS

JIM DAVIS

Ele é bamba (Martinho da Vila) - Eduardo Tristão Girão

Martinho da Vila ganha homenagem à sua vida e obra com o projeto Sambabook, que reúne álbum duplo, DVD, biografia e fichário com partituras de suas composições mais conhecidas 

Eduardo Tristão Girão
Estado de Minas: 21/12/2012 
Depois de contemplar o compositor carioca João Nogueira (1941-2000) no ano passado, o projeto Sambabook volta-se para outro grande nome do samba, Martinho da Vila. O artista está finalizando a gravação de repertório de 26 músicas próprias que farão parte de caixa especial no molde da anterior, com dois CDs, um DVD, um blu-ray, um livro e fichário com partituras de suas canções. O lançamento está previsto para abril e a homenagem inclui também shows no Rio e em São Paulo, site (que entra no ar esta semana) e aplicativos para smartphone e tablet. 

“Isso é bom para o samba. O samba e todo tipo de música feita por pessoas de origem mais humilde ainda hoje são discriminados. O samba sempre entrou lá no final das coisas, de maneira menor, juntando tudo para ficar num fascículo só”, comemora Martinho da Vila. O artista completou 45 anos de carreira e já está em contagem regressiva para festejar seus 75 anos em 12 de fevereiro, terça-feira de carnaval. Lançou disco este ano, 4.5 atual, no qual regravou as músicas de seu álbum de estreia, A voz do samba (1969).

Martinho participou da gravação do Sambabook João Nogueira como convidado especial e se mostrou empolgado com o projeto desde o início. O convite para que fosse o segundo homenageado, então, foi natural. “Fiz questão de não me meter muito, pois a homenagem é para mim e o projeto não é meu”, brinca o artista. Em relação ao repertório e aos convidados, garante ele, mal palpitou. Não é para menos: as canções cobrem praticamente toda a sua discografia e a lista de convidados é recheada de estrelas.

As gravações começaram mês passado e tiveram a participação de Paulinho da Viola, Casuarina, João Donato, João Bosco, Diogo Nogueira, Zeca Baleiro, Ney Matogrosso, Pitty, Leci Brandão e Fernanda Abreu (com bateria da Vila Isabel), além dos filhos Mart’nália, Tunico da Vila e Maíra Freitas – cada um dos 23 convidados canta uma faixa. Esta semana, Martinho se juntou à Orquestra Petrobras Sinfônica para registrar duas músicas com regência de Leonardo Bruno. 

“Optaram por colocar músicas mais conhecidas. Eu teria trocado por outras menos conhecidas, mas ficou bom. O público vai gostar”, ressalta o artista. Foram pinçadas, por exemplo, Quem é do mar não enjoa, Pra tudo se acabar na quarta-feira, Menina moça, Pequeno burguês, Disritmia, Pra que dinheiro, Casa de bamba e Canta, canta minha gente. O projeto está a cargo da empresa Musickeria, a mesma que idealizou e produziu o Sambabook João Nogueira.

O livro sobre Martinho será organizado da mesma maneira que o de João Nogueira, formato chamado de discobiografia: a vida do artista é contada em capítulos, cada um representado por um disco dele. Assim, fatos artísticos e biográficos de entrelaçam, sem deixar de fazer referência a detalhes sobre os trabalhos lançados por ele, parcerias, inspirações. Está sendo escrito pelo jornalista Hugo Sukman, que fez três entrevistas com o homenageado – parceria com a Editora Casa da Palavra.

O Canal Brasil, também parceiro, ficou responsável pela captação de imagem, tendo Bruno Murtinho como diretor de vídeo. Já o fichário de partituras contém 60 músicas de Martinho transcritas das versões originais por equipe de arranjadores. A opção pelo formato de fichário se justifica na necessidade de dar conforto a quem vai realmente utilizá-lo, já que o livro não é o formato mais adequado para ser colocado numa estante de partitura.

Impacto 


Todas as canções foram arranjadas tendo como referência as gravações originais do artista. “A Pitty não fez versão rock de Roda ciranda, por exemplo. É importante respeitar a obra do artista e preservá-la para as próximas gerações”, comenta Flávio Pinheiro, diretor-executivo da Musickeria. A expectativa em torno da edição dedicada a Martinho é grande, visto que o impacto causado pela de João Nogueira foi grande: 100 mil cópias vendidas (somando os formatos), 40 mil fãs em redes sociais e sete shows lotados. Calcula-se que o projeto tenha alcançado cerca de cinco milhões de pessoas.

“Martinho foi um dos grandes entusiastas do projeto e ficou muito feliz ao gravar com Diogo Nogueira no projeto anterior. Como queremos homenagear os grandes nomes do samba, já tínhamos o nome dele em mente. Além disso, está comemorando 45 anos de carreira e, em breve, 75 de idade. O resultado está ficando fantástico. Nos debruçamos sobre a obra dele, chamamos as pessoas que tocam com ele e fizemos tudo em conjunto”, afirma Flávio.

Segundo ele, o trabalho de seleção de repertório foi mais difícil desta vez, pois a discografia de Martinho é mais extensa que a de João Nogueira. O critério adotado por ele foi deixar representados os diferentes momentos da sua carreira, indo de Menina moça (1969) a Meu off Rio (2010). Um dos trunfos do projeto, continua, é a mistura de artistas jovens e outros de gêneros distintos para interpretar a obra do homenageado. “Esse cruzamento agrada aos fãs mais antigos e quem ainda vai conhecê-lo”, acredita Flávio.

O diretor-executivo da Musickeria revela que está cotado para a próxima edição do Sambabook o cantor e compositor Paulinho da Viola. Na sequência, continua, deverão ser contemplados Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Nelson Cavaquinho, Monarco, Noel Rosa e Dona Ivone Lara. Além disso, não é descartada a hipótese de reunir compositores em torno de um tema, como Cacique de Ramos ou Mangueira, por exemplo.

Elenco e repertório


Paulinho da Viola – Quem é do mar não enjoa
Casuarina – Pra tudo se acabar na quarta-feira
João Donato – Meu lararaiá
Joao Bosco – Menina moça
Diogo Nogueira – Queria tanto lhe ver
Zeca Baleiro – Pequeno burguês
Dorina – Filosofia de vida
Luiz Melodia – Disritmia
Jair Rodrigues – Amor não é brinquedo
Ana Costa – Odilê, odilá
Pedro Luis – Pra que dinheiro
Toni Garrido – Deixa a fumaça entrar
Ney Matogrosso – Ex-amor
Pitty – Roda ciranda
Leci Brandão – Casa de bamba
Paula Lima – Grande amor
Mart’nália – Segure tudo
Moyseis Marques – Renascer das cinzas
Elza Soares – Madalena do Jucu
Fernanda Abreu e bateria da Vila Isabel – Sonho de um sonho
Tunico da Vila – Meu off Rio 
Maíra Freitas – Fim de reinado
Marcelinho Moreira – Na minha veia
Martinho da Vila – Canta, canta minha gente (com todos os artistas)

Nova terapia para a distrofia muscular - Marcela Ulhoa‏

União de dois medicamentos pode potencializar o tratamento indicado para pacientes com Duchenne, tipo mais incapacitante da doença, diz estudo 

Marcela Ulhoa
Estado de Minas: 21/12/2012 

Diego Simões Barreto, hoje com 32 anos, tinha apenas 4 quando começou a ter dificuldades para andar. As quedas eram constantes e atividades como correr e subir escadas foram ficando cada vez mais penosas. Aos 10 anos, o menino perdeu a capacidade de andar, passou a usar cadeira de rodas e a depender do auxílio de repiradores. O motivo: ele tem distrofia muscular de Duchenne (DMD), uma doença genética, degenerativa e incapacitante ligada ao cromossomo X.
A DMD caracteriza-se pela ausência da distrofina, proteína que mantém a integridade do músculo, e é uma das formas mais comuns e severa da distrofia. Ela só ocorre em meninos e tem incidência de um a cada 3.500 nascimentos. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, entretanto, descobriram um medicamento que pode melhorar consideravelmente a qualidade de vida de pessoas com distrofia de Duchenne, cuja expectativa de vida atual gira em torno dos 30 anos. O estudo foi publicado recentemente na revista Science Translational Medicine. 
O medicamento apresentado pelos cientistas chama-se dantrolene e já é uma droga de uso clínico e aprovada pela US. Food and Drug Administration, o equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil. A grande novidade, no entanto, é o seu uso em combinação com uma outra terapia em teste para pessoas com Duchenne: a terapia com oligonucleotídeos complementares. A esperança é de que, em combinação, esses dois métodos superem as mutações genéticas que causam a DMD. A ação unificada resolveriam a ausência da proteína que compromete a função muscular. A intenção é que os afetados pela doença levem uma vida relativamente normal.
Os autores do estudo, a cientista Carrie Miceli e seu marido, Stanley Nelson, foram impulsionados não só pela curiosidade científica. O filho mais novo do casal, Dylan, de 11 anos, foi diagnosticado com DMD em 2004. O pequeno já não pode mais correr ou subir escadas. Apesar dos desafios, Carrie  afirma que Dylan continua a ser um garoto feliz, engraçado, cheio de vida e paixão. “Entramos nessa área por causa do diagnóstico de nosso filho, mas esperamos que nossa pesquisa possa ajudar muitas pessoas”, disse ela. “Existem medicamentos que podem ajudar a controlar os sintomas da doença, mas nada que mude seu curso drasticamente. Estamos tentando corrigir o defeito que causa DMD com uma medicina genética altamente personalizada”, complementa.

DNA comprometido A DMD é causada por mutações no gene Duchenne, localizado no cromossomo X e necessário para o funcionamento correto de células musculares. Tais mutações acabam por impedir a produção da proteína distrofina, o que leva à deterioração de músculos. O quadro vai se agravando até o comprometimento atingir toda a musculatura esquelética e surgirem problemas cardíacos e respiratórios em virtude das alterações ocorridas no diafragma.
De acordo com o professor Rinaldo Wellerson Pereira, diretor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Genômicas e Biotecnologia da Universidade Católica de Brasília, tais problemas ocorrem porque a parte do DNA prejudicada, chamada éxon, é justamente a responsável pela codificação de proteínas. “A proteína é um conjunto de aminoácidos codificados no DNA por três nucleotídeos (ou três letras) chamados de códons. O conjunto de códons é chamado de éxon. O gene DMD, localizado no cromossomo X, tem 79 éxons. Na distrofia de Duchenne, ocorrem deleções que alteram a forma como o RNA lê o códon para transcrever a proteína”, explica Pereira.
Dessa forma, no gene mutante, as janelas de leitura são rompidas e, portanto, não há a produção da distrofina (veja infográfico). Para tentar reverter essa distorção, ou pelo menos minimizá-la, há um tempo está em curso o teste de oligonucleotídeos complementares. Injetado nos músculos dos pacientes, esse medicamento possibilita que o RNA mensageiro remova o éxon defeituoso de sua leitura e salte para o próximo, que não apresenta a mutação. Ou seja, se o erro está no éxon 51, em vez de haver um desemparelhamento a partir desse éxon até o final, o éxon 79, os oligonucleotídeos complementares fazem com que o RNA mensageiro ignore esse éxon e vá direto para o 52. “Tirar um éxon é menos grave do que ter a proteína toda truncada. Pulando um éxon, você só vai ter uma proteína com um número de aminoácidos menor do que ela teria normalmente”, esclarece Rinaldo Pereira.
O ponto central da pesquisa americana, no entanto, foi a descoberta de que o dantrolene, já utilizado para melhorar o quadro de distrofia de Duchenne por sua regulação de cálcio nos músculos, pode tornar esse processo de “salto” do éxon defeituoso ainda mais eficiente. Os resultados foram obtidos a partir de testes em ratos, mostrando uma melhora significativa das funções musculares de cobaias com DMD. Os bichos passaram a produzir mais distrofina.
Segundo Stella Caiado, neurologista do Hospital Santa Helena, o estudo traz uma mensagem importante de esperança para aqueles que sofrem da DMD, ainda sem cura. “Você tem que dar esperança para essas pessoas e tentar proporcionar uma vida melhor até que a cura seja desenvolvida. Antigamente, não havia cura nem para a pneumonia”, reforça. 
Enquanto o tratamento não chega, Diego Simões Barreto leva a vida da melhor forma possível. É ativo, trabalha em três lugares e está à frente da presidência da Organização de Apoio aos Portadores de Distrofias. A ONG foi criada por ele e três amigos e tem por objetivo melhorar a qualidade de vida e ampliar a longevidade das pessoas com doenças neuromusculares. “Realizamos atendimentos domiciliares gratuitos de fisioterapia, suporte psicológico, fornecemos equipamentos respiratórios, cadeiras de rodas e realizamos também simpósios para treinamento e orientação de pacientes, cuidadores e profissionais de saúde”, explica.


Serviço

A sede da Organização de Apoio aos Portadores de Distrofias é em São Paulo, mas a ONG atua em todo o Brasil. Para obter mais informações, acesse o site http://www.oapd.org.br.

CIÊNCIA » Sala de aula do futuro - Bruna Sensêve‏

Universidade inglesa desenvolve carteiras coletivas com telas sensíveis ao toque para tornar o ensino mais atraente. Equipamentos podem melhorar a habilidade matemática dos alunos 

Bruna Sensêve
Estado de Minas: 21/12/2012 

“Algum de vocês está fazendo 30 mais 31?”, pergunta a pequena Chelsea aos colegas de seu grupo. Prontamente, Adam responde: “Eu estou fazendo todas as de diminuir”. Jack, na outra ponta da mesa, protesta: “Eu também estou fazendo as de diminuir!”. “Então, eu vou fazer as de somar”, conclui a garotinha inglesa. A conversa ocorre em um dos quatro grupos de crianças entre 8 e 10 anos que tentam criar o maior número de expressões matemáticas cujo resultado seja aquele determinado pela professora. Um jogo em que aprendem sem nem perceber que estão estudando. A interação dos estudantes é um exemplo perfeito do que os pedagogos chamam de aprendizado colaborativo. Nesse caso, porém, a discussão matemática teve um catalisador essencial: a tecnologia.
Um grupo de pesquisadores da Escola de Educação da Universidade de Durham, no Reino Unido, desenvolveu e testou, durante três anos, um conjunto de carteiras escolares com telas sensíveis ao toque pensadas especialmente para facilitar o ensino. O invento se mostrou muito eficaz após os experimentos, dos quais participaram aproximadamente 100 crianças. As mesas digitais, grandes o bastante para ser usadas por cerca de quatro alunos, são conectadas em rede a um tablet controlado pelo professor e ao quadro no centro da sala de aula, na qual o conteúdo das carteiras pode ser ampliado e discutido em conjunto. Os testes foram feitos com atividades voltadas para o aprendizado de expressões matemáticas, e os resultados comparados aos de grupos que realizavam atividade parecida, mas com as ferramentas tradicionais de ensino: giz, lápis e papel.
Ao usar o novo sistema, 45% dos alunos ampliaram seu repertório de expressões numéricas. Na outra turma, esse índice foi de 16%. Ambos os grupos conseguiram aumentar suas habilidades na fluência do aprendizado. No entanto, aqueles em contato com “a sala de aula do futuro” também tiveram benefícios em flexibilidade. Fluência é a capacidade de aplicar procedimentos ou fórmulas a situações cotidianas. É o caso de uma criança que, ao aprender a operação de subtração, usa o conhecimento para calcular o troco em uma compra. 
Já a flexibilidade ocorre ao aplicar uma gama de soluções para novos problemas, em vez de apenas uma compreensão de como e quando aplicar os procedimentos aprendidos em sala. “Não queremos que as crianças apenas saibam fazer, mas que sejam reflexivas, capazes de abstração, de pensar o próprio pensamento. Isso é flexibilidade. Ser capaz de transpor a solução para o problema a outros e novos contextos”, esclarece o engenheiro e psicólogo Francisco Antônio Fialho, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que não participou do estudo.
Os resultados do experimento inglês, publicados na revista Learning and instruction, mostram que, ao usar as mesas coletivas, as crianças foram capazes de trabalhar em equipe na busca por novas maneiras de resolver e responder problemas usando soluções criativas. O estudo coloca em prática o que Fialho chama de arquétipo do mago. Nele, a tecnologia seria a varinha mágica usada pelo aluno capaz de fazer e criar coisas inimagináveis, inclusive, trazer de volta o encanto da educação. 
“A tecnologia para a criança é um brinquedo. Ela não gosta de matemática, mas gosta de brincar. Ali, ela está participando de um joguinho com os colegas.” O psicólogo acredita que não basta ensinar a fazer. Hoje, a educação precisa incentivar a inovação de forma colaborativa. “Basta compararmos a produção da ponta de uma lança a um mouse. Sabemos que a ponta da lança foi um artesão quem fez. Já para fabricar o mouse existe um monte de pessoas envolvidas. Tudo que temos hoje surge da troca de ideias.”

Desafio A principal autora da pesquisa, Emma Mercier, acredita que a tecnologia pode ser usada para apoiar o raciocínio complexo, o pensamento e as interações entre as disciplinas, ao mesmo tempo em que é capaz de aumentar o prazer da atividade no curto prazo. A longo prazo, no entanto, ela considera essencial criar atividades que sejam desafiadoras e envolventes. “Essa geração de crianças está entrando em um mundo em que o uso da tecnologia será normal, precisamos prepará-las para isso. No entanto, é importante que elas se envolvam em atividades de aprendizagem que deem o suporte a uma profunda compreensão das disciplinas, em vez de apenas utilizar um dispositivo tecnológico em particular”, enfatiza Mercier. Para ela, a tecnologia permite aos professores usar um tipo de pedagogia social que pode apoiar a aprendizagem.
“Essa relação é o sonho de todo mundo: fazer com que a tecnologia esteja em prol da atividade”, acredita Sérgio Abranches, professor do Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Não pode ser só uma forma de dinamização e motivação que também são elementos importantes. Mas, além do estudo instrumentalizado, queremos que chegue de fato a contribuir com a aprendizagem.”

Tablets no Brasil

A implementação de dispositivos tecnológicos nas salas de aula brasileiras ainda dá os primeiros passos. Uma das mais recentes medidas adotadas pelo governo federal foi a compra de cerca de 5 mil tablets, que deverão chegar às escolas públicas do país no ano que vem. Professores serão treinados para usar os dispositivos em sala de aula e, segundo a pasta, terão à sua disposição cerca de 15 mil aulas, além de obras literárias e livros didáticos em versão digital. 
Segundo Sérgio Abranches, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o tablet é um modo diferente de aplicar a tecnologia, que pode colher resultados interessantes. Mesmo se tratando de um dispositivo individual, Abranches explica que, geralmente, ele é usado coletivamente pelos alunos. Tudo depende da proposta pedagógica feita pelo professor.
“Temos observado que o professor ainda não assimilou a tecnologia digital. Os nativos digitais — como chamamos aqueles que já nasceram em um mundo com a internet — não imaginam o mundo sem ela. Já o professor não tem essa cultura. Às vezes, a vivencia no âmbito pessoal, mas não na prática pedagógica.” Por isso, muitas vezes, os dispositivos acabam usados de forma tímida, como uma ferramenta e não como parte de uma cultura tecnológica. “O primeiro desafio é esse. Entender pela lógica de quem nasceu com todo esse aparato”, acredita Abranches. (BS)

TV PAGA

Estado de Minas: 21/12/2012

É o paraíso!

A visão do fim do mundo, como anunciado nas profecias maias, nem seria tão ruim se o assinante der de cara com os anjos que vão desfilar esta noite na passarela da TNT. É que a emissora apresenta esta noite o Victoria’s Secret fashion show, às 22h. Além de beldades como Miranda Kerr, Doutzen Kroes, Candice Swanepoel, Erin Heatherton, Lily Aldridge, Lindsay Ellingson e a brasileira Alessandra Ambrósio (foto), que vai usar um sutiã cravejado de brilhantes avaliado em R$ 5 milhões, o desfile terá como atrações especiais shows dos cantores Justin Bieber, Bruno Mars e Rihanna. 

O tempo já se esgotou
para Fernanda Young 


Se tudo vai realmente acabar ninguém sabe. Mas com certeza o programa Confissões do apocalipse vai encerrar temporada hoje, às 20h30, no canal GNT. E a convidada de Fernanda Young é outra mulher bonita: a atriz Deborah Secco. As duas vão conversar sobre carência, loucuras de amor e preferências. As duas também escolhem com quem gostariam de estar depois do fim do mundo.

A fantástica fábrica de 
chocolate existe mesmo


Mas se o mundo acabar em chocolate, aí está legal também. Pelo menos para Adam Gertler, em Kid in a candy store, às 22h45, na Fox Life. No episódio “O maravilhoso mundo do chocolate”, ele embarca em “uma incrível jornada pelo enigmático mundo do chocolate”. Em Menlo Park, na Califórnia, por exemplo, ele visita a Sterling Confections, que combina gengibre, abacaxi e outros exóticos ingredientes açucarados com ganache para criar enormes trufas triangulares, cobertas de desenhos psicodélicos. 

Contagem regressiva 
para o caos no planeta


Supostamente levando a sério o assunto, o NatGeo exibe esta noite, às 21h45, o documentário Preparados para o fim, seguido de A verdade sobre o fim do mundo. No History, a partir das 21h, vão ao ar os três últimos episódios de A chegada do apocalipse, analisando mitos de tribos indígenas, zumbis, invasores alienígenas e revoltas de robôs e profecias ameaçadoras.

Novas caras do surfe
dominam o circuito


O aniversário do canal Off continua inspirando seus programadores. Para hoje são mais dois programas especiais, começando às 21h com Brazilian storm, que mostra como Gabriel Medina, Alejo Muniz, Filipe Toledo e outros jovens promissores alcançaram o Circuito Mundial de Surfe Profissional. Já às 22h é a vez do documentário Committed Vol 2, em que cinco dos melhores escaladores da Grã-Bretanha encaram algumas das mais radicais montanhas do mundo. 

No limite da mentira
tem elenco de primeira


Entre muitas reprises, dois filmes inéditos se destacam na programação desta sexta-feira. Às 22h, estreia no Telecine Premium o suspense No limite da mentira, com Helen Mirren, Tom Wilkinson e Sam Worthington. No Eurochannel, à meia-noite, a atração é Elefante, drama dirigido pelo russo Vladimir Karabanov. No Telecine Action tem sessão dupla com Extermínio (22h) e Extermínio 2 (23h59). Na faixa das 22h, o assinante tem mais três opções: Deu a louca em Hollywood, no FX; Ressaca de amor, no Megapix; e Takva – O temor de um homem de Deus, na Cultura. E ainda: Wimbledon – O jogo do amor, às 20h, no A&E; Avatar, às 22h15, na Fox; O melhor amigo da noiva, às 22h30, no Universal; Capote, às 23h, no AXN; e Gangues de Nova York, também às 23h, no ID.

Bélgica vira laboratório para acordo de jornais com Google

FOLHA DE SÃO PAULO


Site vai remunerar empresas jornalísticas que têm seu conteúdo citado
Expectativa é que, se der certo, experiência aponte o caminho para o fim das disputas entre mídia e gigante da web
BERNARDO MELLO FRANCODE LONDRESA indústria de jornais da Europa vai começar 2013 com os olhos na Bélgica.
O pequeno país de 10 milhões de habitantes e três idiomas oficiais servirá de laboratório, nos próximos meses, para uma parceria inédita da imprensa com o Google.
Se a experiência der certo, pode apontar o caminho para o fim de disputas comerciais que opõem dezenas de jornais do continente à gigante americana da internet.
Em acordo inédito fechado no dia 12, após seis anos de discussão judicial, o Google aceitou remunerar empresas jornalísticas que têm conteúdo citado na versão belga do Google News.
O portal indica as principais notícias do dia em vários idiomas e nunca havia pago pelo uso das informações.
A parceria já é vista pela imprensa europeia como um marco no reconhecimento dos direitos de propriedade intelectual na internet.
"Sempre acreditamos que os jornais têm direito a receber pelo uso das notícias que produzem. Essa é a visão dominante na Bélgica e em toda a Europa", diz Margaret Boribon, secretária-geral da JFB, a associação de diários belgas em língua francesa.
Os números do acordo entre a entidade e o Google são confidenciais, mas o jornal francês "Le Monde" estima que o portal pagará aos jornais € 5 milhões por ano.
Além disso, os americanos vão fornecer ferramentas para aumentar cliques e ajuda na montagem de sistemas de "paywall", que controlam o acesso aos sites de notícias.
"Alguns itens da parceria ainda não estão definidos. Vamos usar os próximos meses como teste para avaliar o que funciona e o que não funciona", diz Boribon.
A direção do Google não respondeu aos pedidos de entrevista. Em nota divulgada no dia do acordo, a empresa disse ter deixado de lado as divergências com os jornais para somar forças num novo modelo de parceria.
Países como Alemanha e França discutem neste momento a edição de leis para cobrar pelo uso do conteúdo jornalístico fora dos sites das empresas de mídia, o que afetaria o Google News.
Os jornais belgas ainda podem dar outro passo à frente em 2013 com o projeto de criar uma "media ID" para cada leitor, no formato de uma conta do iTunes, da Apple.
A ideia é que cada internauta possa, com uma só senha, comprar e acessar conteúdos de diferentes empresas em plataformas como computador, tablet e celular.

    Dilma sanciona nova lei seca e valor de multa dobra


    Mudança já vale hoje; valor da infração passa de R$ 957,70 para R$ 1.915,40
    Vídeos, testes clínicos e testemunhos servirão de comprovação de embriaguez após resolução do Contran
    DE BRASÍLIAA presidente Dilma Rousseff sancionou ontem mudanças na lei seca endurecendo a fiscalização da embriaguez ao volante. As alterações serão publicadas hoje no "Diário Oficial da União", e passam a valer imediatamente.
    A proposta, aprovada na terça pelo Senado, torna válidos novos meios para identificar um condutor alcoolizado, além do bafômetro.
    Há ainda uma alteração no Código de Trânsito Brasileiro que dobra a multa aplicada a quem for pego dirigindo embriagado: dos atuais R$ 957,70 para R$ 1.915,40, valor que pode dobrar em caso de reincidência em 12 meses.
    O Planalto tinha até o dia 10 de janeiro para sancionar o projeto, mas a presidente acelerou o trâmite da lei para que as novas medidas passem a valer para as festas de fim de ano -quando há aumento do consumo de álcool e de acidentes.
    NOVAS PROVAS
    Entre os meios que passam a ser aceitos para comprovação da embriaguez estão o depoimento do policial, vídeos, testes clínicos e testemunhos. Essa parte da lei depende ainda de uma regulamentação do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) e a previsão é que isso seja publicado nos próximos dias.
    O agente de trânsito poderá ainda se valer de qualquer outro tipo de prova que puder ser admitida em tribunal.
    Antes da mudança, era considerado crime dirigir sob a influência de drogas e álcool -a proporção é de 6 dg/L (decigramas por litro) de sangue-, mesmo sem oferecer risco a terceiros, e o índice só poderia ser medido por bafômetro ou exame de sangue.
    Como ninguém é obrigado legalmente a produzir prova contra si mesmo, é comum o motorista se recusar a passar por esses exames, ficando livre de acusações criminais.
    Além disso, a interpretação da lei vigente feita em março pelo Superior Tribunal de Justiça dizia que só bafômetro e exame de sangue valiam como prova. Na prática, isso enfraqueceu a lei seca.
    Com a nova regra, o limite de 6 dg/L se torna apenas um dos meios de comprovar a embriaguez do motorista. O crime passaria a ser dirigir "com a capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência".
    Ao condutor será possível realizar a contraprova, ou seja, se submeter ao bafômetro ou a exames de sangue para demonstrar que não consumiu acima do limite permitido pela legislação.
    Ficam mantidas a suspensão do direito de dirigir por um ano para quem beber qualquer quantidade e o recolhimento da habilitação e do veículo. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/85059-dilma-sanciona-nova-lei-seca-e-valor-de-multa-dobra.shtml IN FOLHA DE SÃO PAULO

      USP, Unicamp e Unesp terão cotas por desempenho

      FOLHA DE SÃO PAULO

      Universidades paulistas planejam aumentar para 50% a participação de estudantes vindos da rede pública
      Programa lançado ontem prevê que meta seja atingida em 2016; alunos poderão optar por curso intermediário
      FÁBIO TAKAHASHIDE SÃO PAULOEDUARDO VASCONCELOSCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA
      O governo de São Paulo apresentou ontem seu projeto para aumentar para 50% a presença de estudantes de escolas públicas nos cursos das universidades paulistas (USP, Unicamp e Unesp).
      A proposta não prevê reserva direta de vagas. O aluno só será beneficiado se demonstrar alto desempenho acadêmico, ainda que haja risco de que o posto não seja ocupado por um egresso da rede pública de ensino.
      O modelo é diferente do adotado nas universidades federais, onde 50% das vagas da graduação serão garantidas a alunos da rede pública -mesmo que as notas deles na seleção sejam mais baixas.
      Na proposta desenhada pelos reitores paulistas, os 50% aparecem como uma meta, a ser atingida até 2016 e que pode deixar de ser cumprida caso as políticas de auxílio não tenham o efeito esperado.
      A expectativa é que 35% dos beneficiados sejam pretos, pardos e indígenas.
      AÇÕES
      Para atingir a meta de 50%, o projeto prevê duas ações.
      A primeira é a criação de curso preparatório semipresencial, de dois anos, oferecido a alunos selecionados pelo Enem ou pelo Saresp.
      Ao final do curso, chamado de "college", o aluno com o equivalente a nota 7 receberá um diploma superior. Quem quiser seguir os estudos poderá entrar nos cursos de graduação, sem vestibular.
      Além disso, será dada uma bolsa mensal de R$ 311 aos alunos de baixa renda participantes desse curso.
      O "college" terá 2.000 vagas (sendo mil para pretos, pardos e indígenas). Caso todos os alunos se formem e queiram entrar nas universidades, eles representarão cerca de 40% da meta para 2016.
      Os outros 60% deverão ser preenchidos com política de atração de bons alunos da rede pública, cujas ações não estão definidas. Algumas estratégias existentes, como bônus nos vestibulares a esses estudantes, serão mantidas.
      A proposta foi elaborada pelos reitores a pedido do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que está pressionado pela política federal de inclusão no ensino superior.
      A ideia é reduzir a distorção do sistema educacional: enquanto mais de 80% dos alunos do ensino médio estudam na rede pública, eles são minoria nessas universidades.
      A proposta terá de ser aprovada pelos Conselhos Universitários. A previsão é implantar as regras em 2014.

      Modelo de ingresso mudará perfil dos calouros
      DE SÃO PAULOSe aprovado, o Programa de Inclusão com Mérito causará grande impacto no perfil dos novos ingressantes, principalmente nos cursos mais concorridos das universidades, como medicina.
      A proposta prevê que todas as metas sejam alcançadas em cada curso. Ou seja, em 2016, 50% das vagas devem ser ocupadas por alunos vindos de escolas públicas. E já em 2014 a proporção deve chegar a 35%.
      Na USP, por exemplo, o novo modelo causará mudança no perfil de calouros de cursos como engenharia (hoje com 12% de egressos de escolas públicas), medicina (15%) e direito (16%).
      "A universidade ganhará. Ela deve ser universal não só no conhecimento, mas também na abrangência social", disse o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
      "A preocupação é de inclusão com qualidade, com baixa evasão, com bom aproveitamento do curso."
      QUALIDADE
      Diretor da Escola Politécnica da USP, José Roberto Cardoso diz que a qualidade dos cursos não deve cair com as mudanças causadas pelo programa. "O estudante entra no ritmo. Já hoje há vários grupos de estudo, os alunos se ajudam", afirmou o diretor.
      Sobre a dificuldade em se atingir as metas do modelo, Carlos Vogt, assessor especial do governador Alckmin, disse que as universidades podem ir acelerando as ações, caso os resultados anuais intermediários não sejam os ideais. Podem, por exemplo, aumentar os bônus.
      Um dos riscos é que sejam altas a evasão e a reprovação do curso superior semipresencial, o que diminuiria o número de alunos de escolas públicas nas graduações.
      "Neste momento não estamos pensando o que faremos se não conseguirmos. Estamos pensando que conseguiremos", disse Vogt, reitor da Univesp (universidade virtual, responsável pelo curso) e articulador da proposta entre governo e universidades.
      Um outro ponto positivo do projeto, de acordo com Vogt, é que uma política de Estado pode atrair aos vestibulares os alunos de escolas públicas que hoje acabam nem prestando o exame.
      DIFERENÇAS
      O governador apresentou uma avaliação diferente de outros envolvidos em relação à implementação do projeto.
      Ele afirmou que é "automático" o preenchimento de 35% das vagas por alunos do ensino médio público no primeiro ano (uma espécie de reserva de vaga), mesmo que eles não tenham as melhores notas nos vestibulares (em 2014 ainda não haverá estudantes formados no curso preparatório semipresencial).
      Vogt e o reitor da Unicamp, Fernando Costa, disseram que o número é uma meta a ser atingida-mesmo termo usado no material explicativo distribuído no evento.

        USP pode elevar bônus para alunos de escolas públicas
        DE SÃO PAULOA pró-reitora de graduação da USP, Telma Zorn, afirmou que estuda duas novas ações para aumentar o número de alunos de escolas públicas na universidade: elevar o bônus no vestibular e retomar um cursinho pré-universitário, mantido pela instituição.
        Atualmente, um estudante da rede estatal pode ganhar um acréscimo de até 15% na nota na prova da Fuvest. "Já vi que há espaço para aumentar esse percentual." Ela não disse para quanto poderia ir o benefício no exame.
        Zorn disse que será necessária uma ação mais incisiva principalmente para que os cursos mais concorridos atinjam as metas esperadas.
        Em outra frente, a pró-reitora afirmou que trabalha para recriar uma espécie de cursinho pré-universitário para estudantes promissores da rede pública (modelo adicional ao apresentado ontem pelos reitores, que prevê curso superior semipresencial). Segundo ela, podem ser beneficiados bons alunos treineiros de escolas públicas.
        A ideia é que o projeto entre em funcionamento no ano que vem. Mas ainda há dúvidas sobre o financiamento.
        Proposta semelhante foi adotada em 2004, quando a universidade ofereceu cursinho a 5.000 estudantes da zona leste da capital.
        O projeto durou apenas um ano, após apenas 1% dos beneficiados terem sido aprovados na Fuvest. O resultado foi um dos motivos para o governo ter cortado o orçamento do programa.

          CONTRA
          Professor da USP critica curso semipresencial
          COLABORAÇÃO PARA A FOLHAEx-membro do Conselho Nacional de Educação, o professor titular de metodologia de ensino da USP, Nélio Bizzo, critica o curso de dois anos ser feito de maneira semipresencial e afirma que a definição de escola pública para cotas tem de ser revista.
          -
          Folha - Qual o problema com cotas para escola pública?
          Nélio Bizzo - Sou a favor das cotas, mas, quando falamos em escola pública, pensamos que todas são de periferia. Existem escolas públicas de elite que têm vestibulinhos concorridos, que não deixam de fazer uma triagem socioeconômica dos alunos.
          Como isso poderia ser ajustado?
          Deve-se focar as escolas públicas que sejam frequentadas por quem se procura favorecer. É importante discutir o perfil do aluno que quer favorecer, e não o tipo de escola que frequenta.
          Por que o sr. não aprova o curso inicial de dois anos para alunos cotistas?
          Partimos de um ponto que acho válido -os alunos chegarão com um preparo inferior. Mas o fato de o curso ser semipresencial é ruim. O aluno, que deveria ter uma atenção redobrada, não vai ter. Esse curso deveria focar mais a preparação do estudante. Dessa forma, isso não acontece.

            A FAVOR
            Para coordenador de ONG, cota é o método mais justo
            COLABORAÇÃO PARA A FOLHAPara Frei David Santos, coordenador da ONG Educafro, a proposta de cotas elaborada pelas universidades estaduais paulistas é o projeto que melhor atende as pessoas de baixa renda que desejam entrar na universidade.
            -
            Folha - Destinar 50% das vagas nas universidades para as cotas é o ideal?
            Frei David Santos - Nossa grande meta é ter 88% das vagas em universidades públicas preenchidas por alunos de escola pública, já que esse é o percentual de estudantes da rede pública de ensino. A proposta é melhor do que a lei federal por levar três anos para atingir o percentual de 50%.
            O sr. acredita que essa proposta será aprovada pelos conselhos universitários das instituições?
            O governador e os reitores já foram convencidos da importância das cotas. Agora o grande gargalo são os conselhos. Vamos procurar convencê-los, mas sabemos que a maioria dos conselheiros se sentem semideuses.
            Apoia o curso de dois anos com base no "college"?
            É uma novidade. Mas basta pensar: a maioria dos alunos de medicina, que são da classe alta, fizeram cursinhos caros por anos, por exemplo. O college, pelo fato de dar um diploma superior, é mais vantajoso.

              Thelma Reston,uma atriz admirada por Nelson Rodrigues

              FOLHA DE SÃO PAULO
              THELMA RESTON (1939-2012)
              Uma atriz admirada por Nelson Rodrigues
              JULIANA DAL PIVACOLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIOPoucos meses antes de morrer, em dezembro de 1980, o dramaturgo Nelson Rodrigues escreveu uma carta de recomendação em que descreveu Thelma Reston como uma grande atriz.
              No texto, divulgado pelo site da Funarte, Nelson criticou o que chamou de "dificuldade de admirar do brasileiro".
              "Faço também questão de confessar que sou seu admirador há muito tempo. Bem sei que o brasileiro admira pouco. Não tenho este defeito horrendo. Admiro Thelma Reston e cada vez mais. Direi, por fim, que é uma grande atriz", escreveu o autor.
              Thelma Reston interpretou diversos personagens de Nelson Rodrigues. Já no primeiro ano de sua carreira, em 1960, integrou o elenco da peça "A Falecida", no papel de Zulmira. Em 1962, atuou em "Bonitinha, mas Ordinária". Participou da montagem de "Vestido de Noiva", em 1965, no Teatro Municipal.
              Thelma também fez longa carreira na televisão e no cinema. Foram mais de 40 filmes e 30 peças de teatro, além de inúmeras novelas.
              A atriz começou a carreira na TV na Rede Globo, em 1975, na primeira versão de "Gabriela". Seu último trabalho na televisão foi em 2011, na novela "Aquele Beijo", também da Globo, em que vivia a personagem Violante.
              Natural da cidade de Piracanjuba, em Goiás, Thelma Salim Reston morreu na madrugada de ontem, aos 73, no Rio. Ela lutava contra um câncer e estava internada no Hospital São Lucas, na zona sul da capital fluminense.
              O corpo da atriz será cremado hoje no cemitério do Caju, zona norte da cidade. Deixa dois filhos e um neto.

                Barbara Gancia

                FOLHA DE SÃO PAULO

                Maldito Congresso Nacional
                Eu me disporia a deportar todo o Congresso para o Mali, ninguém ia sentir a menor falta, quer apostar?
                JÁ QUE esta é a última coluna do ano, que tal falar sobre o as­sunto que deveria ser o mais comentado nas festinhas da firma?
                A manobra dos congressistas para fraudar as regras dos royalties do pré-sal não fez a ficha cair? A esta altura eu me disporia a deportar todo o Congresso para a costa do Mali, ninguém ia sentir a menor falta, quer apostar? Bem, talvez do Romário quando a TV mostrasse replays de gols da Copa de 1994.
                A esta altura, até aquele ajudante de Papai Noel que nunca saiu de sua toca coberta de neve lá na Lapônia já conseguiu perceber que se não fos­se este Congresso de quinta não te­ria havido mensalão, certo?
                Pessoal fala que a construção da usina de Belo Monte é um escânda­lo ou que FHC deixou o país à beira do colapso energético, mas alguém por acaso já analisou a regulamen­tação para consórcios de energia?
                Sujeito precisa ter licença disto e daquilo, tem de ser dono de uma terra das dimensões da Suíça, pre­cisa do consentimento da turma do ambientalismo... Ou seja, o em­preendedor entra com o panetone e o governo com a mandioca. Em valores corrigidos pela taxa Selic. Por isso nada anda ou anda apenas para conseguir arrancar uma grana do BNDES lá pra frente.
                Nestes dias, um empresário tipi­camente Fla-Flu, ou seja, que con­sidera todo petista corrupto, acha que houve aparelhamento de Esta­do etc, veio me dizer que acha um escândalo as "cláusulas sigilosas" nos contratos das obras da Copa.
                Cito o exemplo por ser uma argu­mentação típica de "torcedor" que não prima pela objetividade. Veja: obras podem levar até cinco anos para começar depois de licitadas porque quem perde vai lá e impug­na o processo. O que se tentou evi­tar neste caso foi o atraso, isso não quer dizer que não tenha havido li­sura. Mas o pessoal já sai misturan­do tudo e bradando "Rosemary!", "Mutreta!", tudo na mesma frase.
                Ninguém está dizendo que quem não abusou não deva se explicar diante do juiz -não é mesmo, Rosemary? Mas é equivocado procurar um bicho-papão a cada esquina. A revista "The Economist" pediu a cabeça de Mantega e a galera vibrou. Isso tem algum significado especial? Ué? Os ventos da crise de 2008 finalmente bateram e os preços das commodities caíram. Al­guém achou que iam ficar eterna­mente em alta? Muito pior do que o Mantega ou a atual gestão linha "gerentona" é a qualidade do nosso Congresso -e contra isso ninguém faz Fla-Flu.
                Já se vão décadas das eleições diretas e até hoje nenhum presidente conseguiu passar nem sequer pacotes básicos 1.0 de reformas fiscal, previdenciária e do Judiciário.
                Não fossem as tais medidas provisórias e a moeda de troca dos cargos, diga-me, meu dileto leitor: como o/a presidente governaria?
                Já me vejo processada por desacato por algum excelentíssimo que se dirá ofendido, me chamará de antidemocrata e invocará o respaldo dos votos recebidos. Um beco sem saída criticar parlamentares.
                Só não estamos totalmente perdidos porque, apesar das forças ocul­tas que operam dentro e fora do Congresso, temos um país tão pujante que vai deixando a capitania para trás para assumir seu posto como potência -e isto a despeito de nossas toscas regrinhas eleitorais, de um Legislativo inominável e de um Judiciário composto por umas loucas de Chaillot que pudemos ver neste ano do que são capazes para ser empossadas.
                Tivemos quatro presidentes que magistralmente seguiram em frente promovendo a continuidade do trabalho do antecessor. Não faz sentido ficarem nossos empresá­rios e a elite de picuinha num Fla-Flu sem fim. Por que não miram no entorno em vez de centrar sempre no mesmo alvo?

                Entrevista Damaskino Mansour

                FOLHA DE SÃO PAULO

                A 'Primavera Árabe' deveria ser chamada de 'destruição árabe'
                Arcebispo da Igreja Ortodoxa Síria no Brasil diz que é um erro o apoio estrangeiro aos grupos de oposição armados no país árabe
                MIKEL AYESTARANCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM DAMASCOA comunidade cristã da Síria, cerca de 10% da população do país, se mostra preocupada com a guerra civil no país árabe.
                Um de seus principais líderes, o arcebispo do Brasil, Damaskino Mansour, esteve em Damasco na semana passada após a morte do patriarca da comunidade, Inácio 4º.
                Nascido em Damasco há 63 anos e morador de São Paulo desde 1992, Mansour chegou a ser um dos mais cotados como sucessor.
                Na Síria, a comunidade cristã sempre teve uma boa convivência com o regime de Bashar Assad, mas há o temor, atualmente, de que sua substituição por um governo permeado por radicais islâmicos resulte em mais perseguição religiosa.
                Enquanto conversava com a Folha no escritório da catedral de Santa Maria, os bombardeios eram constantemente audíveis nos bairros adjacentes à Cidade Velha da capital síria.
                "Cada explosão me dói na alma", confessa o líder religioso, que sonha com o fim da violência e que evita se pronunciar sobre temas políticos devido ao momento delicado que as autoridades da Síria vivem.
                -
                Folha - Como está Damasco?
                Damaskino Mansour - Desde que cheguei, não tive problema algum, mas é perceptível que a situação está muito instável.
                Nossa esperança é que o mal tenha limites e que a bondade acabe por vencer esta batalha. Não perdemos a esperança.
                Desde o início da revolta contra Bashar Assad, a Igreja vem se mantendo neutra. Como o senhor vê a situação depois de 21 meses de instabilidade na Síria?
                Sabemos que a causa principal do problema do país é a ingerência estrangeira, e creio que esse seja um grande erro da parte dos países que apoiam a oposição armada.
                Os combatentes que vêm de outros países matam em nome de Deus, mas seu Deus é um Deus da morte, e não da vida.
                Qual será o maior desafio para o próximo Patriarca?
                Enfrentar a nova situação do Oriente Médio; as coisas mudaram demais em um período muito curto.
                Em que posição ficam os cristãos depois da chamada Primavera Árabe em países como a Tunísia, Líbia, Egito e Síria?
                Isso a que a imprensa internacional denomina "Primavera Árabe", em minha opinião, deveria começar a ser chamado, claramente, de "destruição árabe".
                A primavera é uma estação do ano que traz vida, mas o que vemos ao nosso redor é morte e destruição.
                Quanto aos cristãos, embora sejamos minoria nessas sociedades, historicamente desempenhamos papel essencial em países como a Síria e sofremos como os demais cidadãos.
                Não se pode fazer distinções em um momento de dor para todos.
                O exemplo do vizinho Iraque, onde ocorreu um êxodo maciço de cristãos, ainda é bastante recente. Será que a comunidade não se sente especialmente perseguida? Não se vê como alvo de grupos extremistas?
                Tudo o que está acontecendo me traz à lembrança a experiência iraquiana, mas, como já disse, o sofrimento é de todo o povo, e não exclusivo dos cristãos. Não podemos nos diferenciar em sociedades das quais somos apenas mais uma parte, como qualquer das demais religiões.
                Convivemos há milhares de anos, e todos sofremos essa pressão que vem de fora, de terroristas sem coração que chegam à Síria apenas para matar.
                Aqueles que matam não distinguem os cristãos dos demais, matam os habitantes da Síria, matam sírios.
                O senhor chegou a Damasco há poucos dias. Já se acostumou ao barulho das explosões?
                Ninguém se acostuma a isso, e elas me causam muita dor. Antes havia paz e segurança aqui, e agora estamos em uma situação difícil.
                Tenho de confessar que isso me causa medo, mas esperamos que não seja tarde demais para uma solução.
                Como sua comunidade no Brasil acompanha os acontecimentos aqui?
                Os ortodoxos formam uma comunidade importante no Brasil.
                Temos 150 anos de tradição, e nossa história no Brasil começou devido à forte emigração de todo o Oriente Médio para lá no século 19.
                Hoje, a maioria dos emigrantes tem parentes em Damasco e, especialmente, em Aleppo e em Homs.
                Para eles, é um sofrimento diário, porque as notícias não param de surgir e eles veem como as coisas estão. É uma grande pena para todos.


                FRASES
                "Os combatentes que vêm de outros países à Síria matam em nome de Deus, mas seu Deus é um Deus da morte"
                "Aqueles que matam não distinguem entre os cristãos e os demais; matam os habitantes da Síria"

                RELATÓRIO DA ONU
                Guerra Civil tomou feições sectárias
                O documento, divulgado ontem, aponta que o conflito tem aprofundado as tensões entre a minoria alauita, atualmente no poder, e a maioria de muçulmanos sunitas, o que diminui as chances de reconciliação após um eventual acordo de paz -mesmo no caso da saída do atual ditador, Bashar Assad. A presença de combatentes estrangeiros também traz risco de que a guerra se espalhe por países vizinhos, segundo o relatório


                SAIBA MAIS
                Igreja com sede em Damasco tem 1 milhão de fiéis
                COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM DAMASCOO Patriarcado de Antioquia é uma das 14 igrejas que constituem a comunidade cristã ortodoxa.
                Sua sede original se localizava em Antioquia (na atual Turquia), mas se mudou no século 15 para Damasco. Como os outros patriarcados ortodoxos, conta com autonomia para nomear seus próprios bispos e eleger seu líder.
                A diocese conta com mais de 1 milhão de seguidores, espalhados por Oriente Médio, EUA, Argentina, México, Chile e Brasil.
                Após a morte de Inácio 4º Hazim, no início do mês, o novo patriarca eleito nesta semana é Youhanna Yazigi.
                Os cristãos na Síria, divididos entre ortodoxos, siríacos, maronitas etc, representam 10% da população e, desde o começo da crise, as lideranças têm tentado permanecer neutras.
                Nas últimas semanas, o conflito no país tem atingido diretamente estas comunidades, com carros-bomba e o assassinato de sacerdotes.

                  Painel - Vera Magalhães

                  FOLHA DE SÃO PAULO

                  Estratégia traçada
                  Caso Joaquim Barbosa determine hoje a prisão dos condenados no mensalão, a defesa de José Dirceu apresentará, além do habeas corpus para tentar sustar a decisão, pedido para que ele fique preso em uma sala do Estado Maior no Batalhão da Cavalaria da PM em São Paulo. Trata-se de prerrogativa que tem Dirceu por ser advogado, antes de sentença transitada em julgado. Caso não haja sala disponível, o Estatuto do Advogado diz que o juiz deve decretar prisão domiciliar.
                  -
                  Lar, doce lar 1 O direito a sala do Estado Maior tem sido usado com frequência para assegurar prisão domiciliar para advogados condenados. A resposta da Justiça costuma ser que não há salas desse tipo disponíveis.
                  Lar, doce lar 2 Marco Maia já havia tranquilizado petistas durante a confraternização de fim de ano no Palácio do Alvorada, anteontem, a respeito do "abrigo" da Câmara para deputados condenados no mensalão.
                  Blindado A despeito do temor de petistas pela integridade física de Dirceu caso vá para o sistema penitenciário de São Paulo, integrantes do governo paulista asseguram que o presídio de Tremembé, um de seus possíveis destinos, oferece plena segurança.
                  Decisão solitária Joaquim Barbosa só discutiu com dois assessores mais próximos a decisão que vai anunciar hoje. Ontem, o presidente deixou o STF mais cedo, para estudar o pedido do Ministério Público em casa.
                  Improviso Dilma Rousseff decidiu, na última hora, anunciar que o governo não irá cobrar tarifa dos menores aeroportos regionais no plano de concessões. A ideia, que não estava prevista nas discussões do pacote, foi bem recebida pelos empresários, que aplaudiram a presidente.
                  Mais-valia 1 Sindicatos ensaiam onda de protestos contra a desoneração da folha salarial do comércio, anunciada pelo governo. Querem que seja exigida contrapartida de manutenção de emprego entre os lojistas.
                  Mais-valia 2 Os comerciários calculam em 106 mil as demissões na categoria este ano em São Paulo. "Os trabalhadores estão indignados", diz Ricardo Pattah, da UGT.
                  Canetada A Advocacia Geral da União indeferiu requerimento do ex-diretor da ANA Paulo Vieira, denunciado na Operação Porto Seguro, pedindo documentos para embasar sua defesa.
                  Cilada 1 No ofício, Paulo Vieira se dirige ao advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, e diz ter sido apresentado a ele "em duas ocasiões" pelo ex-adjunto José Weber Holanda, também denunciado por integrar a quadrilha acusada de traficar pareceres no governo.
                  Cilada 2 Vieira pedia ainda documentos que comprovassem que Weber tinha poder hierárquico para decidir na AGU. Na resposta, a chefia de gabinete de Adams alega que o requerimento traz dados que "não condizem com a realidade" e sustenta que não há registro de encontros de Adams com Vieira.
                  Vou... Gilberto Kassab deixará a Prefeitura de São Paulo no dia 28, três dias antes do final de seu mandato. À ocasião, o prefeito receberá em seu gabinete assessores e secretários para um coquetel.
                  ... de táxi Em seguida, deixará o edifício Matarazzo, sede do governo, num dos carros da frota elétrica de táxis, juntamente com a vice-prefeita Alda Marco Antonio.
                  Ano Velho A ideia de Kassab é liberar salas e instalações do prédio para a equipe de Fernando Haddad. O último ato público do prefeito no cargo será a abertura do Réveillon da Paulista, dia 31.
                  com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
                  TIROTEIO
                  Não adianta Lula sair às ruas em 2013. Hoje ele não precisa prestar contas ao povo, mas à Justiça, ao Ministério Público e à PF.
                  DO PRESIDENTE DO PSDB, SÉRGIO GUERRA (PE), sobre o ex-presidente planejar caravanas pelo país para se defender das acusações de malfeitos em sua gestão.
                  CONTRAPONTO
                  Os mortais que se entendam
                  Em meio à tensa reunião de líderes durante a qual se tentava acordo de procedimentos na apreciação dos mais de 3.000 vetos que trancam a pauta do Congresso, anteontem, a vice-presidente da Câmara, que comandava os trabalhos, Rose de Freitas (PMDB-ES), desabafou:
                  -Quem convocou a sessão foi José Sarney, e ontem apelei a ele para que a presidisse. Mas o senador tinha compromisso na Academia Brasileira de Letras, no Rio.
                  O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) emendou:
                  -E enquanto ele toma chá entre os imortais, nós é que estamos nos matando aqui!