segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O econômico e o social - Renato Janine Ribeiro

Valor Econômico - 24/02/2014


Parte do empresariado parece acreditar que só haja ideologia à esquerda



Acompanhando o descontentamento de grandes empresários com o governo Dilma, veio-me a hipótese de que nossa política segue hoje duas lógicas totalmente diferentes, quase opostas, a da economia e a das políticas sociais. As últimas vão bem. Os dois governos petistas fizeram um bom trabalho no setor social. Mas reside na economia o descontentamento empresarial, com uma vasta lista de queixas, bem conhecidas dos leitores do Valor. Como quem apoia o governo destaca as conquistas sociais, e seus críticos realçam as falhas na economia, fica um diálogo de surdos, melhor dizendo, um não diálogo. Para ter o quadro completo, é preciso ver os dois lados.

Leio jornais, blogs, rede social. Quem defende Dilma fala dos avanços sociais obtidos desde o governo Lula. Afinal, o Bolsa Família é referência mundial. O ProUni nunca despertou queixas na oposição, até porque sua concepção é liberal: as vagas são em instituições de ensino privadas. O Mais Médicos é a bola da vez, mas os ataques a ele são basicamente ideológicos. No fundo, fora a questão política dos que se opõem a médicos cubanos devido ao regime castrista, não há muito a criticar num programa que dá atendimento a milhões de brasileiros que antes não o tinham, nem teriam, dada a recusa dos nossos médicos a irem para suas regiões, mesmo bem pagos. Para quem quiser se aprofundar, recomendo o artigo de Malu Delgado na revista "Piauí" de fevereiro.

Já quem ataca Dilma menciona o frágil desempenho da economia e o atribui a um preconceito contra a economia de mercado, a um amadorismo e, ainda, a um preenchimento de cargos por indicações políticas.


Difunde-se a crença 
de que só há ideologia 
à esquerda

São dois discursos não só diferentes, mas opostos. É claro que eles precisam conversar entre si! Sem um bom desempenho na economia, não haverá distribuição de renda que aguente. Programas sociais não existirão sem aumentos de produtividade, ambiente favorável aos negócios e uma formação de mão de obra que a torne competitiva. Pior ainda: sem esse crescimento econômico em bases sólidas, a única forma de fazer política social será pelo "populismo", que poderíamos resumir como a arte de matar a galinha dos ovos de ouro. Em vez de distribuir os ovos, você come a galinha. Em vez de distribuir os ganhos, você gasta o principal. É claro que uma estratégia - na verdade, uma tática - dessas não é sustentável. Não tem futuro.

Esse me parece ser um receio presente nos que desconfiam de Dilma, o que não quer dizer que sejam antipetistas. Podem não ter amor pelo PT mas, visivelmente, os empresários parecem preferir Lula a qualquer nome de qualquer partido. É uma escolha pragmática, sendo essa palavra - "pragmatismo" - um grande elogio na voz dos empresários. ("Ideologia", ao contrário, causa-lhes desconfiança, mas é curioso que a maior parte deles pareça acreditar que só haja ideologia à esquerda - não atentando para a presença cada vez maior da ideologia de direita em nossa sociedade, indo do preconceito antigay até a maior parte das críticas ao programa dos médicos).

O outro lado da questão é que, se não mantiver e mesmo expandir a inclusão social, o País entrará em crise política séria. Quando se abrem as comportas da mobilidade social, não há como fechá-las. O governo do PT foi inteligente em alçar a inclusão social, que obviamente tinha começado antes, com outros presidentes, a uma política de Estado, que se tornou irreversível.

Outro partido poderia ter feito o mesmo, mas não tão bem, por não ter o apoio popular que o PT construiu. Seria mais uma dádiva do que uma conquista. Mas, em que pesem alguns titubeios, de ensaio em erro o governo construiu programas que funcionam.

Tradicionalmente, onde o Estado brasileiro funcionava pior era nas áreas sociais, terreno fértil para o paternalismo, o clientelismo, a corrupção. Hoje, com um sistema informatizado de acesso aos benefícios, as coisas andam melhor do que no tempo das cestas básicas atribuídas por indicação de prefeito ou deputado. Daí, melhores efeitos. Mas a relevância desses dois aspectos - o caráter irreversível das demandas de inclusão social e os ganhos de eficiência nos programas desta área - não me parece ser devidamente percebida pelos que criticam o desempenho do governo na economia. Só que fazem parte essencial da realidade.

Isso significa que qualquer política para a economia - que deverá incluir uma aposta firme na competitividade e em ganhos de produtividade - precisará respeitar as conquistas sociais e mesmo ampliá-las. O que torna difícil, por exemplo, a flexibilização das leis trabalhistas. Mas a educação, como tenho insistido, pode ser o ponto de encontro dos dois discursos.

O diálogo de surdos prevalece quando um lado ignora o outro. Felizmente, o Brasil não segue a trilha da Venezuela, a começar pela disposição de nossos líderes políticos a negociar, em vez de confrontar. Um país não funciona direito se está rachado e a oposição não considera legítimo o governo. Mas a inclusão social pode parar, sim. Pode parar se a produção não aumentar, se o Brasil não seguir - em parte - a agenda empresarial. E pode parar se, para adotar a agenda empresarial "in totum", direitos sociais forem revogados ou recuar o processo de ascensão social dos mais pobres.

Em suma, politicamente não há como reverter ou sequer deter a inclusão. Mas para isso a economia precisará ir melhor. Não é impossível, mas é complexo. Dilma, favorita nas eleições, dará conta disso este ano ou num eventual segundo mandato? Se não der, encerrará o período do PT na Presidência, assim como em 2002 parou o projeto de hegemonia tucana. Se conseguir, beneficiará a todos.

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 24/02/2014



 (BCDF Pictures/Divulgação )

Saudade de Jane?


Há quanto tempo você não ouvia falar de Jane Fonda? Filmes, só reprises. Pois hoje estreia, no Telecine Premium, às 22h, a comédia Paz, amor e muito mais, dirigida por Bruce Beresford em 2011. Jane faz o papel de Grace (foto), uma simpática senhora que ainda vive na comunidade hippie de Woodstock, como se o mundo tivesse parado no festival de 1969. Isso para desespero da filha careta, interpretada por Catherine Keener. Para uma segunda-feira, está bom demais.

Programação valoriza
o cinema brasileiro

Outro destaque do pacote de filmes hoje é Orfeu, de Cacá Diegues, com Toni Garrido e Patrícia França, às 19h, na programação especial de carnaval do Canal Brasil. Às 21h, no Cine Brasil, a atração é O grão, de Petrus Cariry. Outra produção brasileira, o drama Nunca fomos tão felizes, dirigido por Murilo Salles em 1983, com Cláudio Marzo e Roberto Bataglin à frente do elenco, vai ao ar às 22h, no Cinemax.

Muitas alternativas
no pacote de cinema


No Telecine Cult, o especial O Oscar ao longo das décadas abre hoje com John Wayne em Bravura indômita (19h35) e Dustin Hoffman e Jon Voight em Perdidos na noite (22h). Na concorrida faixa das 22h, o assinante tem mais cinco opções: Eu odeio o Dia dos Namorados, no Glitz; Sentido na pele, na HBO 2; Prometheus, no Telecine Pipoca; Quem quer ser um milionário?, na MGM; e Mera coincidência, no TCM. Outras atrações da programação: Motoqueiro Fantasma, às 20h05, no Universal; Um tira muito suspeito, às 21h, no Comedy Central; O amor não tira férias, às 22h30, no Megapix; e Capitão América: o primeiro vingador, às 22h30, na Fox.

Sexo é bom, mas pode
acabar numa roubada

Em geral, espera-se que o sexo seja um momento prazeroso e que, de preferência, alcance uma apoteose de sentidos e sensações. Mas há ocasiões em que nem tudo acontece como o esperado, nas quais o famigerado ato de liberação dos instintos termina na sala de emergência do hospital mais próximo. São estes casos, os de experiências sexuais convertidas em relatos médicos, que compõem a série Ai, ai, ai do sexo, que estreia hoje às 21h30, no Discovery Home & Health, começando com o caso de uma mulher que deu entrada no hospital bem no meio de um orgasmo ininterrupto que já durava três horas (!).

A série Mixels estreia
no Cartoon Network


Novidade também para a garotada, com a estreia de Mixels, às 20h, no Cartoon Network, narrado as aventuras de um gripo de criaturas cômicas e travessas que podem se misturar e, assim, produzir resultados surpreendentes. No Discovery Kids, de hoje a domingo, das 15h às 16h, serão exibidos episódios temáticos de algumas de suas séries mais populares, como Peixonauta, Meu amigãozão, Backyardigans, Doki e Bananas de Pijamas.

Vanzolini e Paralamas
na telinha do Curta!


No canal Curta!, o destaque de hoje é a música, começando com o documentário Um homem de moral, de Ricardo Dias, sobre a obra musical do compositor Paulo Vanzolini. Às 23h é a vez de Paralamas em close up, de Andrucha Waddington, Breno Silveira e Claudio Torres, com a banda de Herbert Vianna, João Barone e Bi Ribeiro, entrevistas e canjas de artistas como Jorge Ben Jor, Evandro Mesquita, Roberto Frejat, Kid Abelha, Roger e Arnaldo Antunes.


CARAS & BOCAS » O que é que a baiana tem?
Simone Castro

Patrícia Abravanel vira cover de Carmem Miranda em show no Máquina da fama (Arthur Igrecias/SBT)
Patrícia Abravanel vira cover de Carmem Miranda em show no Máquina da fama

Comandado por Patrícia Abravanel, o programa Máquina da fama vem com uma novidade esta noite, às 23h, no SBT/Alterosa. A partir de agora, a última edição de cada mês vai homenagear um artista ou tema específico. Em fevereiro, o especial é de carnaval e a apresentadora vai receber covers dos maiores ícones da folia, como Virgínia Lane, Chacrinha, Ivete Sangalo e Chiclete com Banana. E tem mais: Patrícia vai entrar na máquina e, transformada, promete um show como Carmem Miranda. Para tanto, fez aula de canto com o preparador vocal e cênico Marcello Boffat. Entre os participantes da Máquina da fama, quem arrasar na performance pode levar prêmios em dinheiro: R$ 2 mil para o terceiro colocado; R$ 3 mil para o segundo e R$ 5 mil para o melhor da noite. Quem quiser participar basta mandar um vídeo de inscrição. Confira em www.sbt.com.br/maquinadafama.


MANFRED VAI ARMAR MAIS
UMA PARA SEPARAR CASAL


Nos próximos capítulos de Joia rara (Globo), Amélia (Bianca Bin) e Franz (Bruno Gagliasso) serão alvos de mais uma armação de Manfred (Carmo Dalla Vecchia). Ele fará com que se espalhe o boato de que teve um relacionamento com a jovem, antes de Franz, e que é o verdadeiro pai de Pérola (Mel Maia). A fofoca cairá como uma bomba no cortiço e Franz sairá de casa. Manfred, como se sabe, nutre uma paixão obsessiva por Amélia. O pior é que ela, antes de conhecer Franz, chegou mesmo a sair com o vilão, mas nunca namoraram. Franz ficará magoado com a mulher por nunca ter lhe contado a verdade. Mas Pérola, claro, é filha dele. O casal passará um tempo separado.

BANDAS DISPUTAM NOVO
REALITY SHOW DA GLOBO


Estão abertas as inscrições para SuperStar, reality musical que será apresentado por André Marques, na Globo. No novo formato vão participar apenas bandas. Os competidores precisam ter ao menos três integrantes, com idade mínima de 16 anos. A banda vencedora levará para casa R$ 500 mil. A atração, que ocupará o horário em que era exibido o TV Xuxa, aos sábados, tem previsão de estrear em março.

SBT/ALTEROSA JÁ ESCOLHEU
HERDEIRA DE A MADRASTA


Abraça-me muito forte será a novela que vai substituir A madrasta, a partir de 17 de março, às 16h30, no SBT/Alterosa. Na trama, já exibida em 2001, Cristina (Victoria Ruffo) engravida do capataz da fazenda do pai. Depois, já casada com um fazendeiro falido, sofre um grave acidente e fica cega. Ainda no elenco, entre outros, Fernando Colunga e Aracely Arámbula.

PRODUÇÃO DA BAND FOI
PARAR LÁ EM CINGAPURA


Hoje, na Bandeirantes, a série O mundo segundo os brasileiros fará uma parada em Cingapura, cidade com uma população de quase 5 milhões de habitantes, descendentes de chineses, malaios e indianos. Destaque para o zoológico local, onde os animais circulam soltos em espaços cercados por muita vegetação; a Boat Quay, área de restaurantes na beira do Rio Cingapura; um tradicional templo budista e o East Coast Park, com lago e praia para prática de esportes, além das ilhas de Sentosa, um complexo cheio de atrações para todas as idades, e Pulau Ubin, última área tipicamente rural de Cingapura.


O PAI DO ROBOCOP

O cineasta José Padilha é o entrevistado do Roda viva desta segunda-feira, ao vivo, às 22h, na Rede Minas. Diretor de Tropa de elite 1 e 2, ele fala, entre outros assuntos, sobre sua trajetória, as diferenças de filmar no Brasil e nos Estados Unidos e sobre o filme RoboCop, que já está em cartaz no Brasil. Padilha chamou atenção de público e crítica em 2002 com o longa-metragem documental Ônibus 174, o primeiro de sua carreira. Em 2008, ele recebeu o Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim com Tropa de elite e lançou, dois anos depois, Tropa de elite 2. A repercussão de suas realizações levou Hollywood a convidá-lo para dirigir o remake de RoboCop.

VIVA
Betty Gofman já chegou mostrando a que veio sua personagem, Miss Lauren, na novela Em família (Globo). Ela é uma vilã que tratará muito mal os hóspedes de uma casa de idosos.

VAIA
Já ficou sem graça a brincadeira de bandido e mocinho ou polícia e ladrão entre a turma do William (Thiago Rodrigues) e a do Kléber (Marcello Novaes), em Além do horizonte (Globo).

Como vencer em Hollywood [Joel Kinnaman] -

Como vencer em Hollywood 
 
O ator sueco Joel Kinnaman conta como vem conquistando seu espaço no cinema americano. Ele lidera o elenco da nova versão do blockbuster RoboCop, dirigida pelo brasileiro José Padilha 

 
Estado de Minas: 24/02/2014


 Kinnaman avisa que RoboCop deve emplacarr uma ou duas sequências (Suzanne Plunkett/Reuters)
Kinnaman avisa que RoboCop deve emplacarr uma ou duas sequências


A cada ano, a Suécia produz, em média, 30 longas-metragens. Em um período de um ano e quatro meses, o ator Joel Kinnaman participou de oito filmes, todos como protagonista. Entre as produções estava Easy money (2010, de Daniel Espinosa), que virou cult no país e teve repercussão nos Estados Unidos. Aproximando-se dos 30 anos, o ator viu que era chegada a hora de tentar carreira internacional. Filho de uma sueca e um norte-americano, sabia que o inglês sem sotaque aprendido em casa faria a diferença entre seus pares. “Não precisaria ser mais um guarda alemão como muitos atores europeus”, afirma.

A hora chegou. Com RoboCop, desde sexta-feira em cartaz no Brasil, Kinnaman faz sua grande entrada no mercado cinematográfico. Aos 34 anos, o ator vem subindo os primeiros degraus em Hollywood. Ainda que o policial-robô Alex Murphy seja seu primeiro protagonista na terra do Tio Sam, ele já participou, sempre em papéis pequenos, de produções de repercussão, como Millennium – Os homens que não amavam as mulheres (2011) e Protegendo o inimigo (2012). Os dois filmes têm laços estreitos com a Suécia: o primeiro é adaptação do best-seller de Stieg Larsson, que também teve uma minissérie em seu país natal; e o segundo é a primeira incursão nos Estados Unidos do também sueco Daniel Espinosa.


Na cultuada série de televisão The killing, Kinnaman interpreta Stephen Holder, parceiro da detetive Sarah Linden (Mireille Enos)  (AMC/Divulgação )
Na cultuada série de televisão The killing, Kinnaman interpreta Stephen Holder, parceiro da detetive Sarah Linden (Mireille Enos)

TV, teatro e cinema 

 Kinnaman chegou a ser cotado também para Thor (2011), graças a seu “ar escandinavo”, mas foi com o detetive Stephen Holder, da cultuada série policial The killing (2011), que ele conseguiu chamar atenção. A produção ganha neste ano, pelo Netflix, sua quarta e derradeira temporada. Cancelada duas vezes, conseguiu dar a volta por cima graças ao site de streaming, que prometeu, ainda sem data de estreia, seis últimos episódios. Kinnaman não diz muito sobre a produção: “Estou feliz que a série tenha conquistado fãs realmente apaixonados, e que eles terão uma conclusão da história”.
De acordo com o ator, a série realmente impulsionou sua carreira. “O pessoal da indústria em Hollywood assistiu a Easy money, no qual eu fazia um jovem da classe trabalhadora que tenta subir na carreira a qualquer custo. Era como O talentoso Ripley (personagem de Patricia Highsmith que ganhou vida no cinema). E ele é completamente diferente de Stephen Holder. Então acho que os executivos, ao virem esses dois personagens, perceberam como consigo fazer papéis bem diferentes.”
E como! A base de Kinnaman (nascido Charles Joel Nordström) é o teatro – ele cursou a academia sueca durante cinco anos. Em 2007, uma ambiciosa adaptação teatral de Crime e castigo, de Dostoiévski, em que interpretou o estudante que comete um assassinato. Raskolnikov lhe garantiu prestígio em seu país. “Era uma montagem enorme, com 26 atores em cena, sete músicos, a maior produção que a Suécia poderia produzir. Eu ficava três horas e 45 minutos em cena e, depois do espetáculo, diretores e produtores entenderam que eu tinha capacidade de segurar uma história.”

Sobre a refilmagem dirigida por José Padilha, Kinnaman afirma que seu desafio não foi atuar sob a armadura de 20 quilos do RoboCop. “A sequência mais difícil foi a que o dr. Norton (Gary Oldman) mostra a Alex o que ficou do corpo dele (basicamente o torso, cabeça e o braço direito). Aquela foi uma cena difícil, pois eu tinha que demonstrar toda a carga emocional daquela horrível experiência sem me mexer”, afirma. A cena, uma das mais fortes do blockbuster, levou 12 horas de filmagem.

ELE É O CARA! » Novos desafios



Kinnaman tem outros lançamentos previstos para este ano. Um deles é o novo filme de Espinosa, Child 44, em que volta a contracenar com Gary Oldman. A narrativa é ambientada na era stalinista na então União Soviética. Outro filme é Knight of cups, nova produção do cultuado cineasta Terrence Malick, em que teve como colegas de elenco Christian Bale e Natalie Portman.

“A experiência foi muito estranha”, conta o ator. “Tinha um monólogo de 17 páginas que preparei por meses. Seria tudo filmado em um só dia. Geralmente, em um dia fazemos três páginas de um roteiro. No dia da filmagem, Terry chamou a mim e ao Christian Bale e disse: ‘Joel vai dizer alguma coisa e você tem que falar: Oh, é isso mesmo?’ Quando vi, estava numa mansão com 200 extras e 200 cachorros andando ao redor falando um texto muito difícil. E a única coisa que o personagem do Christian Bale tinha que fazer era demonstrar algum interesse pelo que o meu falava. Foi uma experiência muito estranha. E realmente acho que Malick coleta material e cria suas histórias somente na sala de edição.”

Por ora Kinnaman está livre da armadura negra. Se as bilheterias disserem sim, ele volta a encarnar Murphy. Sobre uma sequência de RoboCop, se limita a dizer: “Não tenho escolha. Nos EUA, quando você assina um contrato para uma série, ele vale para seis temporadas. Para um filme grande como este, você assina para três produções. É uma garantia para eles (o estúdio), pois, se o primeiro filme fizer muito sucesso e decidirem produzir um segundo, o ator que não tivesse um contrato teria um poder de negociação muito maior”, conclui.

Eduardo Almeida Reis - Joana‏

Joana 
 
Raras vezes li um livro tão emocionante, que deve ter vendido pouco no país de Edir Macedo e Paulo Coelho 

 
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 24/02/2014




Maurício Goulart (1908-1983) nasceu em Petrópolis, foi jornalista, escritor, político e nos deixou, entre outras, a seguinte frase: “Milton Campos é a postura num país de imposturas”. Teve larga atuação na Revolução de 1930 até que em 1935 se ligou à Aliança Nacional Libertadora (ALN) e foi preso três vezes durante o Estado Novo. Mais tarde, construiu usina de açúcar em Fronteira, lugar lindíssimo da divisa de Minas com São Paulo, foi deputado federal e era amigo do meu pai. No Rio de Janeiro, o deputado federal hospedava-se no Hotel Glória e sempre dava um jeito de jantar uma vez por semana em casa de meu pai, onde o conheci e assisti a uma cena impressionante sobre o envolvimento emocional do autor com um personagem de seu livro. Certa noite, quando cheguei para filar o jantar paterno, já o encontrei tomando seu uísque vespertino. Associei-me a ele no uísque enquanto esperávamos a chegada do dono da casa. De repente, o deputado e usineiro desanda a chorar, mas chorar com força, em pranto convulsivo. Assustado, perguntei: “O senhor está passando mal?”. E ele, soluçando: “Acabei de matar Joana”. No Hotel Glória, antes de tomar um táxi para jantar em casa do seu amigo, o autor concluíra seu livro Joana, mais tarde Prêmio Jabuti, oficialmente “literatura infantil”, mas um clássico que li emocionado e ouso comparar ao Pequeno Príncipe. Raras vezes li um livro tão emocionante, que deve ter vendido pouco no país de Edir Macedo e Paulo Coelho. Anos atrás, encontrei seis exemplares num sebo virtual, comprei-os e ainda devo ter dois nas estantes. Aproveitei para reler a obra-prima de Goulart e me lembrei do seu pranto na tarde/noite em que matou Joana.

Matinais
Você pode comprar uma testeira Nike por R$ 29, ou, se preferir, por 1 x R$ 29. Se a testeira fica na testa do redator do anúncio, o que há por trás dela, na cabeça de quem escreveu o reclame, não é boa coisa. Vi o anúncio no provedor de internet, que me provê das maiores excentricidades. Curioso, vou ao Houaiss para descobrir os diversos significados de testeira: a parte dianteira; frente, testada – a parte da cabeçada que cinge a testa da cavalgadura; topeteira – tira de pano que se coloca na testa dos recém-nascidos – tira de pano branco que se prega na touca das religiosas e lhes assenta sobre a cabeça – cada uma das partes mais estreitas de uma mesa, caixão, moldura etc.; cabeceira – tábua corrida de arremate que é pregada no topo dos caibros que constituem a aba do telhado – peça de madeira que faz parte do fole – mesmo que testico – êmbolo que, no ato da fundição, comprime e lança no molde da linotipo o chumbo em fusão. Testico não é o que estamos pensando. É cada uma das duas peças da serra a que se prendem o cairo e a folha; testeira, texto. Aí, você pensa que cairo é erro de digitação para caibro, vai pesquisar e descobre que é o cordel que prende os testicos da serra. Mas em Angra você pode “navegar a cairo largo”, isto é, com as escotas folgadas. Alfim e ao cabo, cairo é muito usado para cordas, amarras, cabos, por causa de sua resistência e elasticidade. Parece que é feito com os filamentos extraídos do invólucro da noz do coco. Parece, também, que o philosopho faturou 277 palavrinhas para começar o dia.

Desenturmado
O verbo enturmar é brasileirismo. Significa fazer participar ou participar de uma turma, um grupo de amigos; juntar, agregar (alguém ou a si mesmo) a (um grupo). Também brasileirismos são os adjetivos enturmado e desenturmado. No turfe, desenturmado é o cavalo inferior aos outros num determinado páreo. O cavalheiro que se muda de cidade também sofre do problema. Chega desenturmado e demora a se enturmar. Quando volta à última cidade também fica desenturmado: a maioria de sua turma se foi desta para a pior, sobretudo quando o mudadiço tem mais que 60 aninhos. E dizer que o adjetivo mudadiço entrou em nosso idioma no século 14, antes dos ônibus, dos trens, dos aviões, dos automóveis.

O mundo é uma bola
24 de fevereiro: morre dom José, rei de Portugal, subindo ao trono sua filha Maria, que não era boa da cabeça, mãe de dom João VI, pai do nosso Pedro I e avô do nosso Pedro II. Quando as coisas melhoraram com um imperador culto, honesto e democrata, os republicanos concluíram que não servia para o Brasil, ensejando o aparecimento de Collor, Lula e da senhora que aí está prometendo a Copa das Copas. Em 1989, o aiatolá Khomeini oferece US$ 3 milhões de recompensa pela morte de Salman Rushdie, autor de Os versos satânicos. Rushdie nasceu em Mumbai, na Índia, estudou na Inglaterra, formou-se “com louvor” no King’s College, Universidade de Cambridge, e vai muito bem, obrigado. Hoje é o Dia da Conquista do Voto Feminino.

Ruminanças
“Precisa-se de uma boa datilógrafa. Se for boa mesmo, não precisa ser datilógrafa” (Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé, 1895-1971).