domingo, 19 de outubro de 2014

RESISTÊNCIA » Mudar é preciso

Marcelo Tas confirma que o CQC vai se renovar em 2015. Ele acredita que só assim, com seguidas reformulações, o programa conseguiu completar sete anos na Band


Estado de Minas: 19/10/2014



Você conta nos dedos, talvez de uma mão, os programas que estão há tanto tempo no ar (Bandeirantes/Divulgação)
Você conta nos dedos, talvez de uma mão, os programas que estão há tanto tempo no ar

Marcelo Tas, líder do CQC, da Bandeirantes, confirma que haverá mudanças no programa no próximo ano, com a renovação de integrantes. O apresentador não descarta a volta de Rafael Cortez à atração nem a saída de Dani Calabresa, como vem sendo cogitado por alguns veículos de comunicação. Ele também conta que vai gravar, no mês de novembro, a segunda temporada de Papo animado, do Cartoon Network, e afirma que tem muita vontade de voltar a se dedicar mais ao público infantil.

“Você sabe que são as crianças o tipo de espectador que eu mais amo? Acabei de fazer o professor Tibúrcio na festa de 45 anos da TV Cultura. Para mim, é um personagem que estará sempre vivo. Eu acho que o público infantil é o que tem mais desafios porque é mais difícil de conquistar”, confidencia o apresentador, que afirma que, enquanto estiver no CQC, será muito difícil ele conciliar projetos de longo prazo voltados para as crianças.

Tas, no entanto, não pretende deixar a bancada do humorístico no ano que vem. “Fico honrado de estar participando de um programa que, sem ser metido, virou referência para o humor e o telejornalismo. Essa é uma vitória que nós conquistamos com muito trabalho”, declara.

Sobre os boatos da volta de Rafael Cortez e a possível saída de Dani Calabresa da atração, o apresentador diz “achar normal esse falatório” porque todo ano o CQC promove renovações. “Fazemos isso porque é necessário. Lembro que estamos no sétimo ano do programa e eu nunca pensei que fosse durar tanto. Quer dizer, são poucas as atrações na televisão que duram muito. Se você olhar a grade das emissoras abertas, você conta nos dedos, talvez de uma mão, os programas que estão há tanto tempo no ar. Então, claro que tem que ter renovação”, despista ele.

Segundo o apresentador, não há nada de concreto na reformulação que será feita para 2015, pois toda a equipe do programa esteve envolvida nos últimos meses com a cobertura das campanhas eleitorais. “O corpo a corpo com políticos é um dos focos da atração. Essa cobertura foi intensa e estamos felizes com a resposta que conseguimos.”

Filho transexual

Tas falou pela primeira vez em uma entrevista à revista Crescer, da qual é colaborador, da relação com seu filho Luc, que é transexual. Hoje, aos 25 anos, Luc é casado e mora nos Estados Unidos, mas o jovem nasceu Luiza. Ele assumiu sua bissexualidade aos 15 anos e, depois, aos 22, sua transexualidade.

“Quando temos filhos, é importante a gente ter uma conexão de coração com eles. Senti que agora é o momento disso ser amadurecido o suficiente para contar para a sociedade. A revista foi um veículo muito paciente. Eles me procuraram no início do ano porque já sabiam da nossa história, e esperaram a hora em que a gente estivesse pronto para falar”, explica Tas.

O apresentador ainda está surpreso com a repercussão. Ele conta que recebeu telefonemas de pessoas do Brasil inteiro, e também de outros países, parabenizando-o. “Estão querendo traduzir para três idiomas a entrevista porque acham que é um depoimento que pode servir para pais e filhos em várias partes do mundo.”

O jornalista continua: “É uma questão que tem muito a ver com violência. É uma extrema responsabilidade falar desse assunto porque tem gente que sofre violências horrorosas todos os dias por conta de algo que não deveria sofrer”. E completa: “Temos de ter a consciência que a vida é maior do que isso. Não podemos ser vítimas de violência simplesmente por uma questão tão pessoal. Nós não podemos deixar que a sexualidade vire motivo de violência”.

MARTHA MEDEIROS A fantasia de jogar tudo para o alto

Zero Hora 19/10/2014

Me chame de louca e me ganhe para sempre.” Tá, não é bem assim, mas parecido. Quanto mais cresce e se estabiliza a campanha pelo politicamente correto, mais as pessoas gostam de serem chamadas de loucas. Mulheres, quase todas. Principalmente as que não são.
Mulheres em geral são responsáveis, centradas, focadas, sabem bem o que querem e o que não querem: uma maneira de dominar a loucura intrínseca que as tenta. Ainda por cima, mulheres são mães, o que elimina de vez a chance de saírem da casinha (a não ser que a criatura seja louca MESMO). Todas carregam dentro o gene da insensatez, mas a maioria se controla, precisa amamentar de duas em duas horas, não esquecer de buscar as crianças no colégio, providenciar arroz e feijão à mesa todo dia, como despirocar?
Então elas abafam o desatino (aquele mesmo desatino que quem não se responsabiliza por ninguém extravasa) e ficam ali curtindo a fantasia da demência em silêncio, imaginando: “E se?”.
E se eu fizesse minha mala, dissesse bye-bye para a família e fosse passar um ano meditando na Índia?
E se eu fizesse minha mala, dissesse bye-bye para a família e fosse morar sozinha num quarto-e-sala no centro da cidade?
E se eu fizesse minha mala e aceitasse aquele emprego em São Paulo? E se eu fizesse minha mala e fosse cursar teatro em Nova York? E se eu fizesse minha mala e comprasse um sítio para ter a horta, o pomar e o jardim com que sempre sonhei? E se eu fizesse minha mala e me alistasse num projeto voluntário para finalmente dar um sentido a minha existência?
Tem sempre uma mala a ser feita no mundo das mulheres pseudoloucas.
Ou mais grave: um homem.
E se eu casar com ele mesmo ciente de que ele tem três ex-mulheres e oito filhos? E se eu fugir com esse desmiolado que só sabe tocar violão e mais nada? E se eu me arrepender de largar esse esquizoide que me fez mais feliz do que todos os homens sensatos que conheci?
Loucura e amor são parentes consanguíneos.
Quem olha de soslaio para uma mulher, jura que ela é confiável. Quase sempre é mesmo. Mas chame-a de louca, mesmo ela não sendo de fato, e terás uma mulher secretamente realizada em seus braços. Loucas, era tudo o que desejávamos ser, não fôssemos obrigadas a levar a vida tão a sério. Afinal, alguém tem que monitorar essa baderna aí fora.

Almorreimas - Eduardo Almeida Reis

Na Fórmula 1, pilotos geniais às vezes deixam para frear tarde demais, não conseguem fazer a curva e se dão por felizes quando não trombam numa barreira de pneus


Eduardo Almeida Reis
Estado de MInas: 19/10/2014


Médico, escritor, comunicador e empresário vitorioso, o paulistano Drauzio Varella, na flor dos seus 73 aninhos, é uma unanimidade nacional. Sócio de João Carlos Di Genio, alcunhado O Professor, na UNIP, que começou como cursinho do Grupo Objetivo, Varella se destacou depois de garantir uma côdea de pão e uma pouca de manteiga para lhe barrar por cima, como dizia um personagem do Eça. Certos voos exigem que o aviador, primeiro, amarre seu burro à sombra, e Varella cuidou disso, no que obrou muitíssimo bem.
Mesmo os gênios nas mais diversas profissões, contudo, estão sujeitos a passar do giro. Na Fórmula 1, pilotos geniais às vezes deixam para frear tarde demais, não conseguem fazer a curva e se dão por muito felizes quando não trombam numa barreira de pneus. Dia 20 de setembro, em artigo para a Folha, animado pela proximidade da primavera, que é a aurora, o tempo primordial, nosso belo Varella passou do giro num texto sobre almorreimas, Prosaicas, porém relevantes, começando assim: “O hábito de ler jornal no vaso sanitário, forçando a evacuação, é péssimo; banheiro não é biblioteca. Milhões de pessoas sofrem de hemorroidas”.
E o negócio vai por aí numa lição técnico-científica de assustar gregos, troianos e pessoas que passam a vista nos jornais assentadas nos tronos, quando seria muito mais simples dizer que o melhor remédio para evitar almorreimas chama-se bidê ou bidé, do francês bidet.
Ali por volta de 1950, quando Varella tinha 9 aninhos, eminente brasileiro foi aos Estados Unidos operar-se com renomado especialista, onde ouviu do cirurgião americano: “Se o nosso país tivesse bidês eu mudava de profissão”. Varella informa: “O uso do papel higiênico traumatiza a mucosa retal, inflama os tecidos hemorroidários e agrava o quadro. A higiene deve ser feita com água, sabão e delicadeza”. Pois fique o doutor Varella sabendo que o bidê dispensa o sabão e a delicadeza. Que coisa!, doutor, esse negócio de envolver delicadeza, “atributo do que é delicado”, naquela região da anatomia humana. Soa mal.

Nomes
De que os tempos estão mudados, aliás muito mudados, não creio que o caro e preclaro leitor tenha a menor dúvida. Contudo, só um philosopho dedicado ao mais alto philosophar pode constatar que os nomes clássicos – Maria, Joana, Estela, Ana, Márcia, Helena e tantos outros, que serviram para batizar as meninas brasileiras ao longo dos séculos, estão sendo substituídos por nomes modernos para ficar nos conformes da nova era onomástica, o que significa dizer “coleção, lista de nomes próprios”.
Observando os créditos televisivos, anoto: Ajussimeire, Ludikelly, Itauana, Meirilu, Deani, Najara, Jociane e outras maravilhas. Enquanto isso, segundo a BBC News, “Mohammed is now the most common male name in the Norwegian capital, a census shows”. Se entendi, em Oslo, capital da Noruega, um censo mostrou que Mohammed é hoje o nome de homem mais comum no país de altíssimo IDH.
E o mais estranho é que os Maomés se matam entre eles com o mesmo entusiasmo usado para matar os não-maometanos: Al Qaeda, sunitas, xiitas, estado islâmico & cia. se detestam. Portanto, se os noruegueses aderiram ao Mohammed pensando poupar seus filhos, podem tirar seus cavalinhos da chuva, que por lá se transforma em gelo e neve.
O mundo é uma bola
19 de outubro de 1848, fundação do município de Pouso Alegre, no Sul de Minas, onde advoga o Dr. Artur Bettencourt, amigo do philosopho. Em 1797 nasceu José Joaquim de Souza Reis, o Remexido, guerrilheiro português. Homem de posses, capitão de ordenanças, recebedor do concelho, o guerrilheiro algarvio lutou por dom Miguel na guerra civil entre liberais e miguelistas. Finda a guerra, em lugar do perdão que lhe fora prometido, açoitaram-lhe a mulher com a palmatória, queimaram-lhe a casa, mataram-lhe um filho de 14 anos. Hoje é o Dia do Profissional de Informática.

Ruminanças
“Bem-aventurados os pobres de léxico, porque deles é o reino da glória!” (Eça de Queiroz, 1845-1900).