sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Eduardo Almeida Reis - Senhora condessa‏

Senhora condessa

Foi assim que tomei conhecimento da excelentíssima senhora condessa da Ega, a quem se atribui a universalização do estrogonofe

Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 08/08/2014



Os paraibanos Moacir Japiassu e José Nêumanne Pinto são dois jornalistas dos mais importantes de toda a história da imprensa brasileira, crème de la crème de nossa mídia nos séculos 20 e 21. Quando se juntam para repassar uma notícia, abalam os pilares basilares dos seus amigos, entre os quais me incluo.

Foi assim que tomei conhecimento da excelentíssima senhora condessa da Ega, a quem se atribui a universalização do estrogonofe, prato feito originalmente com pedaços refogados de carne bovina (atualmente também com carne de aves ou de crustáceos), num molho de creme de leite e cogumelos.

Ega é uma freguesia portuguesa do concelho de Condeixa-a-Nova, distrito de Coimbra, com 32,55 km2 e 2.835 habitantes em 2011. Juliana Luísa Maria de Oyenhausen de Almeida nasceu em Viena, dia 20 de agosto de 1782, falecendo em São Petersburgo dia 2 de novembro de 1864. Condessa de Oyenhausen, condessa da Ega e condessa de Stroganoff, diz a Wikipédia, era uma “maluca” bonita como a mãe e danada para a brincadeira, pois primeiro casou com Aires José Maria de Saldanha Albuquerque Coutinho Matos e Noronha, segundo conde da Ega, a quem pôs os chifres com o general Junot. “A formosura da condessa da Ega cativou o general, que em 1808 invadiu o nosso país (Portugal), e os seus amores tornaram-se tão públicos que ficou sendo conhecida como amante do primeiro ajudante de Napoleão”.

Depois de ter vivido à grande na corte de Napoleão e ter ficado viúva, casou-se com Gregório Alexandre Ironwisch, conde de Stroganoff, e se mudou para São Petersburgo, na Rússia. O mundo lhe deve a Sopa Juliana (à francesa) e o estrogonofe, receita que teria encontrado entre os papéis de um ex-cozinheiro do conde de Stroganoff.

Estabelecido o fato de Juliana Luísa Maria de Oyenhausen de Almeida ser conhecida em Portugal como “a infame condessa da Ega”, o escritor José Norton publicou novo livro, Juliana, condessa Stroganoff, biografia em que desmonta “a cabala histórica que os românticos, primeiro, e todos os outros depois montaram contra Juliana. Para lá da pretensa amante de Junot, frívola e rebelde aristocrata mimada e caída em desgraça, o autor mostra a mulher, apenas e só, fruto das circunstâncias do seu tempo, das ações do seu marido e, principalmente, da educação numa das mais progressivas famílias aristocratas portuguesas.

Compete ao caro e preclaro leitor do Estado de Minas aprofundar a pesquisa histórica sobre a condessa da Ega. Enquanto a mim, informo que já comi dezenas de estrogonofes e que no Google acabo de encontrar 819 receitas de Sopa Juliana, o que me faz supor que fosse muito mais gostoso degustar a própria Juliana Luísa Maria de Oyenhausen de Almeida, em carne e osso, depois de um bom banho, lavagem do corpo com finalidade higiênica que não entusiasmava as condessas daquele tempo.


Tautocronismo
Substantivo que acabo de aprender, tautocronismo significa simultaneidade, qualidade de simultâneo, que se faz ou se realiza ao mesmo tempo (ou quase) que outra coisa; concomitante, tautócrono. Convenhamos em que tautócrono é dose, mas explica a simultaneidade do noticiário sobre o sistema prisional da Holanda com o auê midiático brasileiro sobre a autorização do STF para que os mensaleiros “trabalhem” fora da prisão.

Nosso belo Dirceu, que não tem um real como têm a coragem de dizer seus amigos, vai ganhar R$ 2.200 por mês como bibliotecário; Valdemar da Costa Neto, outro coitado que não tem onde cair morto, vai gerenciar um restaurante brasiliense. Ele mesmo, Valdemar, ARENA (1979-1980), PDS (1980-1984), PL (1990-2007), PR (2007-2012). A Wikipédia não explica onde andou o ilustre brasileiro entre 1984-1990, nem isso interessa ao leitor preocupado com o endereço do restaurante gerenciado pelo neto de Valdemar da Costa, que é para não passar pela porta do estabelecimento.

Onde o tautocronismo? Ora, na notícia de que o governo holandês decidiu adotar a política da Dinamarca e da Alemanha impondo aos seus presidiários o pagamento de 16 euros por dia, cerca de 50 reais, quando engaiolados. Assim, obrigam o criminoso a assumir pelo menos parte do custo dos seus atos e recuperam por ano 65 milhões de euros das despesas policiais e judiciais.

A Holanda, com 17 milhões de habitantes, tem 29 presídios, 8 deles fechados por falta de presos. Entende o governo dos Países Baixos (Nederland, literalmente “país baixo”) que o detento é parte integrante da sociedade. Cometendo um crime, tem a obrigação de contribuir para minimizar os gastos do país com o delito. Num país grande e bobo, são raros os detentos que trabalham e suas famílias recebem ajuda de custos superior ao salário mínimo.


O mundo é uma bola
No século e milênio passados, dia 8 de agosto de muito antigamente, na Casa de Saúde São José, em Botafogo, Rio, o fórceps do Dr. Aguinaga extraiu belo menino louro, que até hoje anda por aí torrando a paciência dos leitores.

Em 1709, o padre Bartolomeu de Gusmão, nascido no Brasil, inventa o balão de ar quente. Em 1864, fundação da Cruz Vermelha. Em 1991 desaba a torre de rádio de Varsóvia, que tinha 674 metros de altura.

TeVê

TV Paga

Estado de Minas: 08/08/2014



Cinema de arte

 (Goskino/Divulgação)

O Telecine Premium pode até estrear a comédia Heróis de ressaca, com o ótimo trio Nick Frost, Martin Freeman e Simon Pegg, hoje, às 22h, mas o destaque do pacotão de cinema está em outro canal. É o clássico O encouraçado Potemkin (foto), do cineasta russo Serguei Eisenstein, considerado um marco na montagem cinematográfica. Baseado em fatos reais, o longa retrata a revolta de marinheiros do navio de guerra Potemkin em 1905, no Porto de Odessa. Cansados dos maus-ratos, os marinheiros se amotinaram e a revolta se espalhou pela cidade, como um prenúncio da Revolução Russa de 1917. Confira no Arte 1, às 20h30.

Muitas alternativas na  programação de filmes

E a sexta-feira vem recheada de bons filmes, ainda que em reprise. É o caso, por exemplo, de A hora mais escura, de Kathryn Bigelow, com Jessica Chastain, às 22h, no Telecine Action. E de Fay Grim, também às 22h, na Cultura. No mesmo horário, o Canal Brasil exibe Falsa loira, de Carlos Reichenbach, com Rosanne Mulholland e Cauã Reymond. Mais cedo, às 21h, o Cinemax apresenta o clássico O iluminado, de Stanley Kubrick, com o impressionante Jack Nicholson. Na faixa das 22h, o assinante tem mais cinco boas opções: Doce de coco, no Cine Brasil; O grande Gatsby, na HBO 2; Soldados do gelo, no Max Prime; Wolverine – Imortal, no Telecine Pipoca; e O colecionador de ossos, no TCM. Outros destaques da programação: A última profecia, às 21h50, no MGM; Passe livre, às 22h30, na TNT; e O resgate, também às 22h30, no Megapix.

Documentário narra a  saga de líder comunista

Dirigido por Toni Venturi, o documentário O Velho – A história de Luiz Carlos Prestes fala sobre um dos personagens mais perseguidos da história latino-americana do século 20: Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança. O polêmico líder do Partido Comunista Brasileiro (PCB) encarnou uma causa e, por mais de 35 anos, carregou ideais que hoje estão soterrados. O documentário atravessa 70 anos da conturbada história contemporânea brasileira. No ar às 21h30, no canal Curta!.

AXN estreia esta noite a  série de suspense Helix

Estreia hoje, às 22h, no canal AXN, a série Helix, suspense que acompanha uma equipe de cientistas a um centro de pesquisa de alta tecnologia no Ártico. Eles pretendem investigar um possível surto de uma doença, mas terminam presos a uma situação de vida ou morte que pode ser a chave para salvar a humanidade ou a aniquilação total. No mesmo horário, a HBO estreia a segunda temporada de Masters of sex.


Caras & Bocas
Simone Castro - simone.castro@uai.com.br



Sônia Braga vai integrar elenco da sexta temporada de série da televisão americana   (Anderson Borde/Divulgação-27/8/07)
Sônia Braga vai integrar elenco da sexta temporada de série da televisão americana

Sogra complicada

Com carreira internacional, a atriz brasileira Sônia Braga vai participar de episódios da série americana Royal Pains, que estreia em breve sua sexta temporada. De acordo com o site The Wrap, ela viverá Lorena Correia, a ex-sogra de Divya (Reshma Shetty), com quem mantém um relacionamento complicado. A situação fica insustentável quando a médica faz uma visita a Lorena, na Argentina. As cenas com Sônia serão filmadas no México e os primeiros episódios com a participação da atriz irão ao ar neste mês, nos Estados Unidos. No Brasil, Royal Pains, que acompanha o trabalho de um jovem médico, Hank Lawson (Mark Feuerstein), que se torna o médico de ricos nos Hamptons, para onde se refugia depois de ter sido acusado injustamente da morte de um paciente, é exibida no canal Sony (TV paga). Sônia Braga já participou de outras séries norte-americanas, como Brothers & sisters, em 2010. Na TV brasileira, a última participação foi em Tapas & beijos (Globo), em 2011, no papel de Helô Siqueira.

DELÍCIAS DE UM PASSEIO  PELO JARDIM BOTÂNICO

Confira no Jornal da Alterosa – 1ª edição desta sexta-feira: passeio por um espaço cheio de trilhas que reúne animais e árvores dos diversos ecossistemas deste nosso país exuberante. Tudo isso em plena área urbana de Belo Horizonte. O Jardim Botânico no Museu de História Natural é uma atração turística e cultural que muita gente ainda não conhece. Um programão para todas as idades. A primeira edição do noticiário vai ao ar logo depois do Alterosa esporte.

ANDRÉ VASCO RENOVA POR MAIS UM ANO COM A BAND

André Vasco, que comanda na Band o Sabe ou não sabe, renovou contrato com a emissora por mais um ano, antecipando a data já que está no canal paulista desde novembro do ano passado. Além da atração, ele também divide a apresentação do Top 20 com Lígia Mendes nas noites de domingo.

CASAL DE ATORES ESTÁ À ESPERA DO SEGUNDO FILHO

A atriz Taís Araújo, de 35 anos, está grávida do segundo filho com o ator Lázaro Ramos. Segundo a Caras online, a gestação está no terceiro mês. “É verdade, sim, a Taís está grávida. Recebi a notícia há algumas semanas. Estou muito feliz, a Taís está muito bem! Criança é sempre uma bênção”, disse Mercedes Araújo, mãe da atriz. O casal, que já tem João Vicente, de 3 anos, já sabe o sexo do bebê, que será uma menina. Taís e Lázaro estão no ar na novela Geração Brasil (Globo).  A gravidez da atriz não vai afetar as gravações, que terminam no início de novembro.

RODRIGO SANTORO ENTRA EM ELENCO DE SÉRIE SCI-FI

O ator brasileiro Rodrigo Santoro está confirmado no elenco de Westworld, adaptação para a TV do filme homônimo de ficção científica de 1973. A informação é do site Omelete, que aponta, ainda, a participação de Anthony Hopkins e Evan Rachel Wood na produção de J. J. Abrams e Jonathan Nolan. A trama do original acompanha dois homens, vividos por Richard Benjamin e James Brolin, em um parque de diversões para adultos. Lá, eles são atormentados por um robô pistoleiro (Yul Brynner). No remake, deve ser preservada a mesma linha, com Hopkins como o Dr. Robert Ford, um brilhante e complicado diretor criativo, presidente de Westworld. Já Eva será Dolores Abernathy, jovem que está prestes a ser fazendeira em West, mas descobre que tudo é uma grande mentira. Rodrigo Santoro vai interpretar Harlan Bell, o eterno “homem mais procurado” de Westworld.

BEIJO NO ARMÁRIO

Ao que parece, foi batido o martelo: não vai rolar, pelo menos por enquanto, beijo entre os personagens de José Mayer (Cláudio) e Klebber Toledo (Leonardo) em Império (Globo). As cenas até estavam previstas em recentes capítulos, segundo consta, mas não chegaram a ser gravadas. A avaliação na emissora é de que ainda não há necessidade do carinho amoroso entre os parceiros, pois em nada acrescentaria aos rumos da trama dos personagens. O autor Aguinaldo Silva havia dito que o beijo rolaria rápido, diferentemente da enrolação que se tornou a trama de Em família, de Manoel Carlos, entre as personagens de Giovanna Antonelli (Clara) e Tainá Müller (Marina). Pelo visto, nem sairá do armário.

PLATEIA 

VIVA
- Com ares de mulher amargurada, Cristina, vivida por Fabíula Nascimento, pode até se tornar vilã em Boogie oogie (Globo). A atriz está muito bem.

VAIA - Letícia Birkheuer, a Érica de Império. Como atriz, a bela é excelente modelo. E no papel de uma jornalista, deixa muito a desejar. Limitada.  

Carlos Herculano Lopes - Fora de combate‏

Fora de combate
Livrar-se daquela gripe o mais rápido possível era a única coisa que ele queria 
 
Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 08/08/2014




De uma hora para outra, aquele homem, que quase nunca adoecia, se viu deitado no sofá, completamente prostrado, sem vontade de fazer nada. O corpo todo doía, a tosse vinha em intervalos e o nariz não parava de escorrer. Daquela vez, a gripe, como uma amante inesperada, dessas que chegam sem aviso, o havia tomado em seus braços. Se bem se lembrava, a única vez que tinha ficado assim, fora de combate, foi nos distantes dias da infância, quando seus pais, com medo de que ele morresse, o trouxeram às pressas para Belo Horizonte, onde acabou ficando internado num hospital cujo nome se esqueceu.

Livrar-se daquela gripe o mais rápido possível era a única coisa que ele queria. Nem é preciso dizer que a vontade de comer, como num passe de mágica, desapareceu. Assim como o desejo de ler um bom livro, que poderia ser aliado para aqueles dias de repouso absoluto, como o médico tinha recomendado. Ouvir música, que talvez ajudasse a passar o tempo, também ficou fora de questão. A única maneira de se distrair um pouco, passou pela sua cabeça, seria apelar para a televisão, que estava à sua frente.

“Seu peito está carregado, a resistência anda baixa e com esse tempo frio não dá para brincar. Além do mais, meu amigo, não somos crianças.” O doutor, que era seu velho conhecido, ainda dos tempos do colégio, tinha lhe dito com um sorriso cúmplice enquanto prescrevia os remédios que deveria usar.

E mais: “Você já pensou em tomar a vacina? Acho que poderia ser uma boa. Tomei minha dose e não estou arrependido”. Depois, o médico o levou até à porta do consultório e, antes de se despedirem, o alertou sobre o cuidado com a alimentação e para tomar água, muita água. Também lembrou-o do encontro dos ex-colegas, marcado para outubro, numa pizzaria do Gutierrez.

Com todas essas recomendações e sabendo que teria de enfrentar alguns dias de repouso antes de poder voltar à luta, o homem se viu ali, deitado no sofá, sem ter nada para fazer a não ser esperar. A mulher, que havia feito suas as palavras do médico, tinha ido para o trabalho, do qual só voltaria à noite. “Se cuide, meu amor. Quer que eu traga alguma coisa?”, ainda disse, depois de lhe dar um beijo, pegar a bolsa e sair. Então, naquela casa, fora o barulho da geladeira, tudo ficou em silêncio.

E foi assim que o homem, completamente só, começou a enfrentar aquele primeiro dia de recolhimento, como já não se lembrava de ter acontecido outra vez. Nas horas marcadas, tomava os remédios. Para passar o tempo, sem nenhuma vontade, às vezes ligava a televisão ou insistia em ler alguma coisa. Só à primeira página de um romance, com trama que se passa no Deserto de Atacama, voltou várias vezes. Quando se viu mais disposto, chegou a responder mensagens de e-mails, ou no Facebook. Atendeu a um ou outro telefonema, quase sempre de gente querendo vender alguma coisa ou pedindo dinheiro.

Mas, principalmente – e essa foi a maior lição que ficou daqueles dias em que esteve fora de combate –, o homem teve tempo de sobra para refletir sobre a fragilidade da vida, a necessidade de cuidar da saúde e de estar mais perto das pessoas que se ama, pois sem elas nada faz sentido. Como o resto não passa de orgulho tolo e vaidade, decidiu também, pois já caminha para o entardecer, que vai tomar a vacina.

Muito além de um discurso ecológico - Christiano Rocco

Presidente do Instituto Ativa Brasil
Estado de Minas: 08/08/2014 



A embalagem de um produto diz muito sobre a empresa que o fabrica, e o seu objetivo vai muito além de ostentar a marca da companhia. Mais do que trazer as especificações do conteúdo, a embalagem mostra também informações importantes sobre a própria empresa. Diante da crescente demanda por produtos sustentáveis, desencadeada pela real – e urgente – necessidade de reduzir a poluição causada pelo modelo de produção contemporâneo, a embalagem torna-se uma ferramenta valiosa para diferenciar as empresas que realmente têm comprometimento ambiental daquelas que apenas adotam um discurso ecologicamente correto, mas não pensam na sustentabilidade na hora da produção.

Dados do Ministério do Meio Ambiente mostram que, no Brasil, aproximadamente um quinto do lixo é composto por embalagens, volume que corresponde a cerca de 25 mil toneladas diárias de resíduos. Quando se trata apenas do lixo doméstico, essa proporção aumenta para um terço. As embalagens que não recebem uma destinação correta na hora do descarte acabam causando o esgotamento dos aterros, dificultando a degradação de outros resíduos.

Por isso, pensar em soluções para a gestão de resíduos sólidos sem levar em conta a produção industrial de embalagens é impraticável. É necessário que as empresas assumam de fato a responsabilidade e, com isso, trabalhem no sentido de minimizar os impactos da produção em larga escala. Desde que a sustentabilidade entrou na agenda da indústria brasileira, é cada vez mais difícil para uma companhia ignorar as mudanças pelas quais clama o mercado.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Tetra Pak, cerca de 90% dos entrevistados acreditam que as empresas devem “tomar medidas ambientalmente responsáveis” utilizando matérias-primas “ecológicas” em toda a cadeia produtiva. Por isso a embalagem, que representa o cartão de visita da empresa para o consumidor, precisa retratar seu comprometimento ambiental e realizar ações sustentáveis na região que está inserida.

Uma embalagem é sustentável quando há eficiência em todos os processos a ela relacionados, desde o material que é usado na sua fabricação até seu formato, que deve permitir o aproveitamento integral do conteúdo. Muitas vezes, a empresa pode aproveitar resíduos de sua própria produção para fabricar outras embalagens. Também é fundamental que as companhias disponibilizem seus produtos em refis, para que o consumidor precise comprar a embalagem específica uma única vez e, a partir daí, possa reaproveitá-la.

É claro que utilizar embalagens ecológicas não é o suficiente para dar a uma empresa o título de ambientalmente responsável. Independentemente da área em que ela atua e do impacto que causa no ambiente com a sua produção, a companhia que deseja crescer de forma sustentável precisa analisar todas as etapas do ciclo de vida do seu produto, e ter o comprometimento de mudar o que for preciso no seu processo produtivo para, a longo prazo, poder de fato ser considerada uma empresa ambientalmente responsável. Mas, para o consumidor, que teria enorme dificuldade em informar-se com profundidade sobre o processo de produção de tudo o que consome, prestar atenção à embalagem já pode ajudar a separar o joio do trigo, e garantir uma compra melhor para ele e para o meio ambiente. 

O gigante de Uberaba

Batizado como Uberabatitan ribeiroi, o maior dinossauro brasileiro da espécie será apresentado hoje em Peirópolis, no Triângulo Mineiro


Zulmira Furbino
Estado de Minas: 08/08/2014



O Uberabatitan ribeiroi em tamanho natural. Dos 20 grupos de dinossauros já descritos no país, sete foram descobertos em Uberaba, entre os quais, três espécies únicas ( L. Adolfo/Esp. EM/D.A Press)
O Uberabatitan ribeiroi em tamanho natural. Dos 20 grupos de dinossauros já descritos no país, sete foram descobertos em Uberaba, entre os quais, três espécies únicas

Um dinossauro de 18 metros de comprimento e seu filhote, de quatro metros, representantes do maior animal terrestre que habitou o Brasil, acabam de ganhar corpo e forma, em Uberaba, no Triângulo Mineiro. O gigante do período Cretáceo, batizado como Uberabatitan ribeiroi, está sendo apresentado hoje ao país, numa reconstrução em vida como os cientistas imaginam que ele era em carne e osso. As primeiras réplicas “vivas” desse Titanossauro estão inseridas numa paisagem que simula o ambiente em Uberaba há 70 milhões de anos.

A iniciativa é do Complexo Cultural e Científico de Peirópolis (CCCP), da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), que mostra também pela primeira vez uma vértebra do pescoço do animal, encontrada em meados de junho. O fóssil mede 63 centímetros de comprimento e dá respaldo científico à tese que diz que a espécie poderia medir até 22 metros da cauda à cabeça, e quase sete metros de altura, garantindo a ela o posto de maior dinossauro brasileiro.

De acordo com Luiz Carlos Borges Ribeiro, geólogo da UFTM e um dos responsáveis pela descoberta, o exemplar está preservado, apesar de uma das extremidades apresentar-se fragmentada. Até onde se sabia, o maior dos três indivíduos poderia alcançar cerca de 18 a 20 metros de comprimento, por cinco a seis metros de altura. “Considerando o tamanho dessa nova vértebra, pode-se inferir que o animal teria alcançado até cerca de 22 metros de comprimento, por quase sete metros de altura, o que confirma que se trata do maior dinossauro do país. O novo fóssil está em fase de preparação. Concluída a etapa, deverá ser catalogado e depositado na coleção científica do CCCP/UFTM com os outros fósseis da espécie.

A reconstrução (de como seriam em vida) dos dois dinossauros começou em janeiro e levou 170 dias até ser concluída, neste mês. Junto das duas réplicas vivas apresentadas hoje, um Abelissauro (carnívoro) tenta atacar o filhote de Uberabatitan, que se protege debaixo da cauda da mãe. Os animais mostrados hoje representam seres que viveram em condições ambientais extremas, marcadas pela pronunciada aridez climática e pelo estresse. Nesse contexto, conviveram com inúmeros outros animais encontrados na região de Uberaba, como outros titanossauros de menor porte, crocodilos, anfíbios, lagartos, peixes, tartarugas, invertebrados e até mesmo dinossauros carnívoros de pequeno e grande portes, como o Abelissauro.


PROJETO MAIOR As réplicas da mãe Uberabatitan e seu filhote custaram cerca de R$ 120 mil e foram feitas pelo paleoartista Norton Fenerich e sua equipe. Até agora, só existem réplicas desses animais em esqueleto, uma delas no museu da PUC Minas, em Belo Horizonte. A apresentação feita hoje é parte de um projeto maior, capitaneado pela UFTM e coordenado por Vicente de Paula Antunes Teixeira, responsável pelo CCCP. Uma das propostas é dotar o Geossítio Peirópolis de atrativos que potencializem o turismo paleontológico no bairro e também em Uberaba. Com outros seis geossítios, o de Peirópolis integra o Patrimônio Geológico já inventariado e descrito dentro do contexto do Geoparque Uberaba – Terra dos Dinossauros do Brasil.

O geoturismo é responsável pela geração de 100 empregos diretos em Peirópolis, onde vivem 350 moradores. O lugar, segundo Ribeiro, “é um exemplo nacional da aplicação da ciência dos fósseis como ferramenta de desenvolvimento socioeconômico, mecanismo de desenvolvimento regional sustentável”. A ideia é atrelar essa característica a outras vocações do município, como a histórica presença do zebu e a religiosidade, que tem como ícone a imagem de Chico Xavier. Dos 20 grupos de dinossauros já descritos no país, sete foram descobertos em Uberaba, entre os quais, três espécies únicas, o que projeta o município como a terra dos dinossauros no Brasil.

A ideia é transformar Uberaba em um geoparque. Até o momento, só existem três parques desse tipo nas Américas com a chancela da Unesco, um no Ceará (Geopark Araripe), um no Canadá (Stonehammer Geopark) e outro no Uruguai (Grutas del Palacio), aprovado no ano passado. “As ações postas em prática em Peirópolis desde 1991 estão em total consonância com o que propõe o Serviço Geológico do Brasil e a Unesco para a consolidação de Uberaba como geoparque. Os dinossauros são os mais importantes elementos da geodiversidade local, protagonistas na atração e popularização da ciência dos fósseis. A apresentação de duas novas réplicas vivas não é um fato isolado. Depois disso, virão outras réplicas, que estão sendo programadas. Já temos os recursos alocados”, diz Ribeiro, cujo sobrenome batizou o Uberabatitan ribeiroi.

Origem da  nova espécie

A escavação que possibilitou a descoberta da vértebra cervical do Uberabatitan foi financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ela foi realizada no nível geológico, escavado entre 2004 e 2006, onde foram descobertos cerca de 210 elementos ósseos, que deram origem à descrição dessa nova espécie de dinossauros pertencentes ao grupo dos Titanossauros, no qual se inserem os maiores dinossauros do planeta. Os diversos fósseis foram encontrados desarticulados, porque estão associados a um ambiente de rios e depósitos sedimentares, formados por enxurradas e avalanches, reinantes na região no fim do período Cretáceo.