quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Quadrinhos


Folha de são paulo 

CHICLETE COM BANANA      ANGELI

ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE

LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO

CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES

FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI

ADÃO ITURRUSGARAI
BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER

ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER

ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVID

JIM DAVID

HORA DO CAFÉ      LÉZIO JÚNIOR

LÉZIO JÚNIOR

Filme traz história da talidomida no Brasil - Cláudia Collucci


Folha de São Paulo
Diretora de documentário foi atingida por síndrome que afeta membros, assim como 800 brasileiros ainda vivos
País é o único onde há três gerações de vítimas do medicamento, que era receitado contra enjoos e causava danos a fetos
Adriano Vizoni/Folhapress
Claudia Marques Maximino, que dirigiu documentário sobre efeitos da talidomida
Claudia Marques Maximino, que dirigiu documentário sobre efeitos da talidomida
CLÁUDIA COLLUCCIDE SÃO PAULOVítimas brasileiras de um dos maiores erros da história da medicina, a síndrome da talidomida fetal, lançam amanhã o primeiro documentário contando toda a trajetória da luta em busca do seus direitos no país.
A talidomida chegou ao mercado há 55 anos e, além de ser usada como sedativo, também era receitada contra o enjoo das grávidas. No anos 1960, foi responsável pelo nascimento de ao menos 12 mil crianças com deficiência, principalmente pelo encurtamento de braços e pernas.
Em 1961, vários países retiraram a droga de circulação, o que só ocorreu após quatro anos no Brasil. No entanto, o país voltou a utilizá-la no tratamento da hanseníase.
Desde 1997, a substância passou a ser restringida no caso das mulheres em idade fértil e só pode ser usada em determinados casos de hanseníase e outros males, como a doença de Crohn.
O país teve a segunda e, agora, a terceira geração de vítimas da talidomida -fato inédito no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Ao todo, são 800 pessoas ainda vivas, a última diagnosticada há dois anos.
"É uma vergonha. O mundo tem de saber disso", diz o agente de viagens Luiz Otávio Falcão, 51, que nasceu com deficiência nos braços.
Além de depoimentos das vítimas, o documentário "Tá Faltando Alguma Coisa" (1h15 de duração) traz relatos de técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e do INSS, de advogados e promotores, por exemplo.
"O documentário mostra essa visão crítica do sistema, a luta diária em busca dos nossos direitos", afirma Claudia Marques Maximino, presidente da ABPST (Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida) e diretora do filme.
Cláudia nasceu em 1962 sem as duas pernas e um braço-o outro braço é defeituoso. Formada em administração de empresas e pós-graduada em recursos humanos, dirige a associação, criada com a ajuda do então governador Mario Covas (1930-2001), desde 1991.
"Naquela época, não tínhamos direito a quase nada. Conseguimos mudar a lei [em 1993], estabelecendo uma pensão de um a oito salários [dependendo do grau da deficiência] e incluindo o direito a próteses. Ainda hoje, às vezes, só se ganha no grito."
PRESSÃO
Em 1993, na Câmara dos Deputados, Cláudia chegou a ameaçar tirar as pernas mecânicas e pular de mesa em mesa para caso os parlamentares não aprovassem o projeto- que acabou sendo aprovado por unanimidade.
A carioca Wanda Soares Santos, 48, outra vítima que aparece no documentário, lembra-se bem das dificuldades que enfrentou até conseguir o direito à pensão.
Nascida com defeitos nos dois braços, conseguiu terminar o ensino fundamental com a ajuda das professoras. "Não tinha coordenação porque nunca fiz fisioterapia. Minha família era muito pobre."
Em 2010, as vítimas da talidomida ganharam direito a indenização por danos morais. O valor varia de R$ 50 mil a R$ 400 mil. Das 650 pessoas com direito ao benefício, 150 ainda não o receberam.
A ideia de Cláudia é distribuir o documentário em escolas médicas e de direito. "Precisávamos desse registro histórico para que uma tragédia não aconteça mais." Mais informações no site www.talidomida.org.br.

    Países desatam principal nó de debates em conferência do clima


    Dúvida se refere a "sobras" de emissões de países como a Rússia
    Folha de São PauloGIULIANA MIRANDAENVIADA ESPECIAL A DOHAO principal nó das negociações da COP-18, conferência do clima da ONU que acontece até sexta em Doha, no Qatar, começou a ser desatado.
    Os países finalmente chegaram a um rascunho robusto da extensão do Protocolo de Kyoto, especialmente em seu ponto mais polêmico: o chamado "hot air".
    Esse ar quente da discórdia é uma espécie de bônus. Rússia, Polônia e Ucrânia, que emitiram menos gases-estufa do que poderiam na primeira etapa do pacto do clima, fizeram pressão para carregar essa diferença para a segunda fase do acordo.
    A posição do ex-bloco soviético causou mal-estar porque a diminuição nas emissões aconteceu por causa da desaceleração econômica na região, e não de medidas para esse fim. Apesar da relutância, os países devem conseguir levar algum crédito para a próxima etapa do pacto, embora ele seja muito menor do que essas nações queriam.
    Os delegados dos quase 200 países reunidos formalizaram três opções.
    A defendida pelo Brasil, e que tem ganhado popularidade entre as demais delegações, estabelece que o "bônus" não pode ultrapassar 2,5% da meta prevista para o período inicial. Negociadores ouvidos pela Folha dizem que a decisão final deve seguir essa linha.
    Outra opção, defendida pela Suiça, deixa margem para se estabelecer uma quantidade máxima, em toneladas de carbono, que poderia valer para a próxima etapa.
    Os países também sinalizam que o "bônus" das emissões reduzidas durante a vigência da extensão do acordo vão se encerrar junto com ele, não sendo transferidos para o novo pacto global de proteção do clima, que deve entrar em vigor em 2020.
    Apesar dos avanços, o texto ainda está repleto de colchetes, símbolos que, na diplomacia, significam pontos polêmicos em que ainda não há acordo entre os países.
    A dois dias do fim da conferência, os países ainda não sabem até quando vigorará esse "puxadinho" de Kyoto.
    O negociador brasileiro André Corrêa do Lago disse que muitas divergências foram resolvidas com soluções técnicas boladas pelo Brasil.

      Apocalipse maia é reinício, diz astróloga


       Em passagem pelo Brasil, a cultuada Susan Miller descarta o fim do mundo no dia 21 e faz previsões para 2013
      Viagens devem ser evitadas entre 18 e 31 deste mês, diz criadora do site astrológico mais acessado do mundo

      Letícia Moreira/Folhapress
      A astróloga norte-americana Susan Miller visita o Brasil
      A astróloga norte-americana Susan Miller visita o Brasil
      IARA BIDERMAN DE SÃO PAULO A astróloga mais pop da atualidade, Susan Miller, avisa: o mundo não vai acabar neste ano, ao contrário da suposta previsão do calendário maia, que marca a data fatídica para o próximo dia 21.
      Mas, segundo ela, os astros pedem cuidado extra (principalmente em viagens) para o período de 18 a 31 deste mês.
      Em passagem meteórica pelo Brasil -Miller é a estrela da campanha de fim de ano de uma marca de lingerie-, ela participou ontem de um bate-papo com a astróloga Bárbara Abramo, colaboradora da Folha, sobre as perspectivas para 2013.
      A nova-iorquina de 65 anos, nascida sob o signo de Peixes, passou boa parte da infância em hospitais, por ter um problema congênito na perna. Foi nos longos períodos na cama que começou a estudar astrologia com a mãe.
      Seu site "Astrologyzone" tem 18 milhões de "page views" por mês. As razões de seu sucesso: ela pegou a onda da internet desde o início (o site foi criado em 1995) e oferece gratuitamente previsões detalhadas, em textos longos, mas leves e com alta margem de acertos.
      Mas ela errou ao prever um ataque terrorista para 17 de setembro deste ano. "Astrologia não é destino, nem é infalível", responde, acrescentando que a questão é saber interpretar os sinais enviados pelo universo. Leia a seguir algumas das previsões.
      -
      FIM DO MUNDO
      O calendário maia aponta várias coisas importantes acontecendo ao mesmo tempo no dia 21/12, mas não que o mundo vai acabar.
      O que acontecerá é que nesse dia o Sol estará exatamente na frente de Sagitário e na frente deles há um grande buraco negro, que devora e faz desaparecer toda a matéria. Mas os maias também apontam, ao lado desse buraco negro, um canal reconstrutor, onde coisas nascem.
      A cada 25 anos ocorre essa configuração no céu: interpreto como o fim de um ciclo e o início de outro, marcado por uma nova consciência.
      RECURSOS NATURAIS
      Em 2013, teremos tempestades solares muito fortes. Isso afeta as telecomunicações e o fornecimento de eletricidade, entre outras coisas. Netuno estará em Peixes, o que tem os seus aspectos positivos, mas também é um alerta para pensarmos na forma como estamos consumindo água. Podemos ter problemas de fornecimento de água ou desastres naturais, como maremotos ou tempestades.
      BRASIL
      O país está com sorte. Do ponto de vista astrológico, uma nação com o signo de Virgem e com Aquário em ascensão fica fora da linha de fogo das configurações planetárias perigosas que criaram as crises na Europa e nos EUA e que devem continuar criando problemas em 2013.
      IDOSOS
      Há chances de implantação de boas políticas públicas para a população mais velha. Isso pode ser explicado por uma amizade especial entre Saturno e Plutão em 2013. O primeiro, entre outras coisas, está ligado à velhice, e Plutão é associado ao poder.
      AMOR
      Netuno em Peixes inicia um novo ciclo na área de relacionamentos. No amor, tem um papel oposto ao de Vênus, que está ligado à paixão, mas complementar. 2013 será um ano de relacionamentos amorosos mais profundos. Compaixão, solidariedade, generosidade e desapego são outras características de Netuno em Peixes que marcarão o ano.


      LETICIA WIERZCHOWSKI - Uma aventura hospitalar

      Zero Hora: 06/12/2012

      Minha querida amiga Carin, grávida de sete meses do Santiago, foi parar no hospital há cerca de duas semanas. Como seu marido estava gripadíssimo e, portanto, não poderia acompanhá-la, lá fui eu num sábado de manhã cedinho. Tinha acordado naquele dia com uma forte dor nas costas, à altura da omoplata direita, mas amigo querido merece tudo, então saí com alguns livros, filmes e um DVD portátil para socorrer a querida Carin. Somos amigas há muitos anos – ela leu meus primeiros arremedos literários, torceu pelos meus sonhos, secou minhas lágrimas.

      Mas também rimos juntas e muito – Carin é uma pessoa alegríssima e alto-astral, uma joia mesmo. Lá me fui, então. No hospital, soube que ela tinha melhorado: o líquido amniótico, que estava baixo, voltara ao padrão ideal. No hospital também, a minha contratura muscular piorou. Carin me fez umas massagens (eu tinha ido até lá para cuidar dela, mas a coisa se inverteu).

      Resolvemos ir até a cafeteria para comer alguma coisa, e então a minha dor ficou tão aguda que ameacei um desmaio. Lá se foi a Carin, com a sua imensa barriga, chamar um enfermeiro para mim. Quase sem sentidos, fui parar na emergência, deixando a minha grávida querida estupefata na cafeteria – quem precisa mesmo de um ajudante como eu?

      Tive uma contratura tão violenta que pressionou o nervo braquial, e dor nervosa... Bah, quem já teve sabe do que estou falando. Fiquei na emergência recebendo remédios por via intravenosa por tempo suficiente para a minha amiga Carin ganhar alta e ser levada para casa pela mãe, não sem uma pontada de angústia pela amiga maluca sumida nas entranhas do Moinhos de Vento.

      Isso foi o começo de uma dolorida aventura que ainda não terminou, meus senhores. Há duas semanas, estou aqui me recuperando desse imbróglio. Não posso ler, não posso escrever (estou aqui fazendo este texto através do velho método de “catar milho”, numa posição tão estapafúrdia que só cheguei nela por causa dos meus três anos de yoga – que não posso fazer por um bom tempo também).

      Não posso nadar, não posso dirigir, não posso pegar meu filho pequeno no colo. Mas falta pouco, diz o médico. Falta pouco, diz a minha acupunturista. Enquanto isso, minha querida Carin está por aí, flamante e enorme com sua barriga cheia de futuro. Espero estar boa quando o Santiago nascer! Dessa vez, prometo me comportar direitinho no hospital.

      Tereza Cruvinel - Energia politizada‏


      O prazo para o Congresso aprovar a regra de partilha dos recursos do FPE é curtíssimo, mas os governadores estão brigando é pelo ovo que a galinha ainda não botou: os royalties do petróleo


      Estado de Minas:06/12/2012

      Com a recusa das geradoras de energia de estados governados pelo PSDB em aderir às regras do governo para viabilizar a redução das tarifas, o assunto adquiriu alta voltagem política, contrapondo diretamente o presidenciável tucano Aécio Neves à presidente Dilma Rousseff. Pela manhã, em evento na Confederação Nacional da Indústria (CNI), Dilma fez duras críticas à “falta de sensibilidade” dos que não teriam percebido a importância da redução tarifária para o crescimento e para a população. Na semana passada, em evento do PSDB com prefeitos eleitos, Fernando Henrique Cardoso e outros dirigentes, pré-lançando a candidatura de Aécio a presidente, fizeram-lhe também uma exortação para que assumisse a liderança do partido nas grandes questões. Foi o que ele fez ontem, tomando a si a tarefa de responder às críticas da presidente e eventual adversária em 2014.

      As adesões deveriam ter ocorrido até anteontem, mas Cesp e Cemig, que administram grandes geradoras de energia, não aceitaram a nova pactuação. Elas têm contratos de concessão por mais dois anos, durante os quais poderão cobrar as tarifas atuais. Mas, abdicando da renovação agora, terão que disputar a concessão em licitação mais adiante. A recusa irritou o governo e motivou a canelada verbal de Dilma, diante de uma plateia de empresários: “Reduzir o preço da energia é uma decisão da qual o governo federal não recuará, apesar de lamentar profundamente a imensa falta de sensibilidade daqueles que não percebem a importância disso”.

      À tarde, Aécio deu o troco: “O PSDB repudia a politização de um assunto importante para as famílias e para o crescimento do país. Faço uso da expressão utilizada pela presidente da República para lamentar a falta de sensibilidade dos governos do PT, que, ao longo de 12 anos, nada fizeram para reduzir as tarifas, mantendo sobre elas a incidência de 10 tributos. Diferentemente, os governos estaduais do PSDB isentaram de ICMS várias faixas de consumidores. A presidente da República, nas vésperas da eleição, anunciou uma redução de cerca de 20% nas tarifas, sem informar quais seriam os parceiros e sem consultá-los. Agora, ela está na obrigação moral de cumprir essa promessa para não cometer um estelionato eleitoral”.

      Dilma, em seu discurso, sinalizou que o governo federal arcará com os custos decorrentes da não adesão das geradoras de Minas, de São Paulo e do Paraná para bancar a queda nas tarifas. “Uma parte dos recursos do Orçamento da União será reservada para baixar as tarifas, apesar da insensibilidade de alguns.” Não explicou como isso será feito, mas é certo que agora ficou ainda mais complexa a tarefa do relator da medida provisória que trata do assunto, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), de garantir a aprovação.

      O ovo dos governadores
      Os governadores estão em campanha pela derrubada do veto da presidente Dilma Rousseff a artigos da lei de royalties, evitando que as novas regras de partilha afetem as receitas hoje auferidas pelos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santos. Não fizeram, porém, um só movimento para garantir a partilha das receitas do FPE que, ao contrário dos royalties – que virão no futuro, quando novos campos de petróleo começarem a ser explorados –, já existem. Por determinação do Supremo, uma lei regulamentando a partilha tem que ser aprovada até o fim do ano. O senador Walter Pinheiro (PT-BA) apresentou seu relatório, que propõe uma repartição bastante razoável. A bola está com a Comissão de Constituição e Justiça, que precisaria votá-lo em regime de urgência, para que fosse logo ao plenário e de lá para a Câmara. O prazo é curtíssimo, mas os governadores estão brigando é pelo ovo que a galinha ainda não botou.

      Rodízios
      O PMDB já acertou o rodízio entre seus cardeais no Senado. Com Renan Calheiros na presidência, o líder será Eunício Oliveira (CE), que dará o lugar de presidente da poderosa Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para Vital do Rêgo (PB). Com o PMDB comandando as duas Casas do Congresso, o PT quer a liderança do governo no Senado (hoje com Eduardo Braga, do PMDB do Amazonas) para um dos seus. Para Wellington Dias (PI) ou Jorge Viana (AC). Lindbergh Farias (RJ) iria para a Comissão de Assuntos Econômicos, José Pimentel para a vice-presidência da Mesa e Walter Pinheiro, atual líder da bancada, para a liderança do governo no Congresso. 

      Dissidentes
      Os senadores que buscam um candidato alternativo para a Presidência da Casa, para concorrer com o líder do PMDB, Renan Calheiros, voltaram a se reunir. Dessa vez na casa do senador Cristovam Buarque, do PDT do Distrito Federal. O primeiro candidato aventado, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC), refugou a tarefa. E ontem, honrado com o convite, preparava-se para viajar com a presidente Dilma Rousseff para a Rússia, no domingo. A procura do candidato avulso continua

      Conquista da Rússia
      Dilma quer uma viagem de resultados a Moscou. A Rússia é uma parceira do Brasil no Brics e um grande mercado para o país, embora existam problemas, como o da carne. Mais de 200 empresários compõem a delegação. Fretaram um avião para levá-los.

      Marina Colasanti - Aquilo que não se conta‏

      A finalidade do manifesto é justamente eliminar o silêncio 

      Marina Colasanti
      Estado de Minas: 06/12/2012 
      Na França, 313 mulheres acabam de assinar um manifesto declarando ter sido estupradas. Lá, um estupro acontece a cada oito minutos. Mas só uma vitima, em cada oito, dá queixa, temendo o escândalo, a humilhação e a desconfiança. A finalidade do manifesto é justamente eliminar o silêncio que envolve esse tipo de crime.

      Se você foi assaltada, se arrombaram seu carro, se arrancaram sua bolsa, você pode até não ir à polícia, mas vai desabafar contando para a família com detalhes, ligando para as amizades mais íntimas, e vai repetir sua história em mesa de bar ou em churrasco de fim de semana, porque ser vítima de violência urbana é uma forma de modernidade, de pertencimento à cidade e, certamente, haverá no seu grupo social muitos outros que já passaram por coisa semelhante. Mas eu própria, em tantos anos de vida, frequentando tantos ambientes diferentes, de trabalho e sociais, só uma vez ouvi uma mulher contar o drama do seu estupro e o fazia em voz baixa, secreta e doloridamente, buscando o acolhimento da minha mãe sem saber que atrás da porta uma menininha ouvia sem entender.

      Vou em busca de estatísticas brasileiras recentes e comprovo, a situação aqui é bem pior: a cada 12 segundos um homem submete uma mulher à violência sexual. É coisa demais para mim, não quero acreditar, vou em busca de outros dados. Encontro outra estatística, segundo a qual, no ano passado, mais de quatro mulheres foram estupradas por dia no Rio e mais de seis em São Paulo. A pesquisa dá os números exatos, vírgula e tal, mas porque esses números me doem tanto, os arredondo dessa forma incompleta. A partir das duas cidades tento fazer grosseiramente as contas, desisto, nosso país é tão grande, tão cheio de cidades e de povoados e de ajuntamentos. Basta uma casa para que o mal ocorra. E todo mundo sabe, esses números apavorantes são apenas uma parte do que realmente ocorre, porque outra parte, a maior, fica encoberta. 

      Mundo afora há variantes. No Japão, por exemplo, só 6% das mulheres sofrem violência sexual; em contrapartida, são 59% na Etiópia. Mas o quadro geral é que mulheres de 15 a 44 anos correm mais risco de sofrer estupro do que de ter um câncer, de serem vítimas de um acidente de carro, da guerra ou da malária. É o que dizem estudos da Organização das Nações Unidas (ONU). E só não acrescentaram a peste porque a peste foi debelada. Ou porque o estupro é a peste que nos sobrou. 

      Dos vários depoimentos que se seguiram ao manifesto, um é mais emblemático: “Na minha família, há quatro gerações somos estupradas. Minha bisavó foi estuprada por seu marido, minha avó foi estuprada por seu pai, minha mãe foi estuprada por seu primo e eu fui estuprada por meus primos (...) Não houve prisão nem sanção para os estupradores. Nada. (...) Minha bisavó nasceu em 1895, minha avó em 1917, minha mãe em 1957 e eu em 1983. Desde 1895, portanto, a justiça e a ação pública foram ausentes para nós”.

      Jeannie, que assina o depoimento, poderia recuar muito mais sem encontrar a presença da defesa social que até hoje não a ampara. Nem todas as mulheres da sua estirpe terão sido violadas. Mas das que foram consideradas butim de guerra, das que tiveram que se submeter ao jus primae noctis, ou das que foram pegas no campo por um patrão, ninguém escutou a voz.

      PATRIMÔNIO » Renascimento de imagens - Gustavo Werneck‏






      PATRIMôNIO » Renascimento de imagens 

      Programa desenvolvido pelo Iepha-MG vai permitir ao público admirar peças sacras dos séculos 18 e 19 em processo de restauração na sede do instituto, na Praça da Liberdade
       

      Gustavo Werneck
      Estado de Minas: 06/12/2012 

      Amanda Cordeiro trabalha na restauração da imagem de Santana Mestra, de Congonhas do Norte


      Senhor dos Passos, de Belo Vale, Região Central do estado

      Oportunidade de ouro para conhecer a riqueza, diversidade e beleza do patrimônio cultural de Minas Gerais. A partir do dia 14, sempre às sextas-feiras, 19 imagens dos séculos 18 e 19 poderão ser admiradas na sede do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O mais importante é que as peças sacras de cidades como Serro, Conceição do Mato Dentro, Belmiro Braga, Congonhas do Norte, Minas Novas, Belo Vale, Chapada do Norte e Piranga estarão em processo de restauração, dentro do programa Ateliê Vitrine, realizado pela terceira vez, uma delas ao ar livre, nos jardins da praça. “Os visitantes vão conhecer todo o processo de recuperação dos objetos, acompanhar o trabalhos dos especialistas e, claro, apreciar o acervo”, diz a gerente de Elementos Artísticos do Iepha, Ana Martins Panisset. 

      Na tarde de ontem, as equipes do Iepha e de duas empresas contratadas para a realização do serviço –Memória Arquitetura, sob responsabilidade técnica da especialista Carla Castro Silva e Acantos, a cargo de Elisabeth Kiefer – preparavam as salas do ateliê e mostravam o processo de restauro, iniciado em 27 de novembro. “O Programa Restauração de Acervos Ateliê Vitrine tem caráter educativo e estará aberto a professores, estudantes, párocos e zeladores de igrejas e capelas, diretores de museus e demais interessados na preservação do patrimônio cultural”, informa Ana. 

      Os recursos para a empreitada são do Programa Minas Patrimônio Vivo, do governo estadual, e Fundo de Direitos Difusos. A expectativa é de que as atividades abertas ao público se prolonguem até outubro de 2013, afirma a gerente, ressaltando que parceria firmada com a Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai permitir pesquisa mais aprofundada das imagens, com análises científicas (conhecimento das madeiras, intervenções com total segurança, coleta de material e radiografia) no Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor) da instituição federal, no câmpus da Pampulha.

      Nossa Senhora dos Prazeres, do distrito de Milho Verde, Serro
       
       É impressionante ver as condições das imagens e seus atributos (coroas de prata, resplendores, complementos de madeira, como a cadeira da Santa Mestra e joias). Entre os maiores impactos sofridos ao longo dos tempos, estão o ataque de cupins, perda de policromia e de madeira, repinturas, com camadas de tinta encobrindo as cores e dourado originais, acréscimos inadequados, como fraldas de pano cor-de-rosa no Menino Jesus, craquelês, sujidades e outros. No conjunto, divido em duas salas, chama atenção, de imediato, a imagem de Santana Mestra, da Matriz de São José das Três Ilhas, de Belmiro Braga, na Zona da Mata, que chegou à instituição em condições deploráveis e agora mostra sinais claros de que poderá retornar ao altares da comunidade. 

      TECNOLOGIA Uma das novidades do Ateliê Vitrine é que as pessoas que não puderam vir à capital poderão acompanhar o processo de recuperação das peças no blog Restauração de Acervos, acessado no site do Iepha. A cada 15 dias, adiantam os restauradores, serão postadas fotos e comentários sobre o serviço. Ana ressalta que todas as imagens são de igrejas integrantes do programa Minas para Sempre, donas, portanto, de toda segurança, com alarmes e sistema de conservação eficazes. “Dessa forma, elas estarão protegidas.” 

      Em 2009, o Iepha iniciou o projeto de Ateliê Vitrine com a restauração de 122 tábuas de cedro que compõem o forro da Igreja Bom Jesus do Matozinhos, de Couto de Magalhães de Minas. No ano seguinte, o Programa Restauração de Acervos recuperou 10 imagens de Itapecerica, Chapada do Norte, Campanha, Santos Dumont, Berilo, Minas Novas, Couto de Magalhães de Minas, Córrego do Bom Jesus e Campo Belo. Também em 2010, com a restauração das fontes das Três Graças (ou dos Desejos) e a da escultura da Moça Mirando Espelho D’água, na Praça da Liberdade, o programa inaugurou novo formato, com uso de espaços públicos. As pessoas que faziam caminhadas ou passavam de carro pela praça puderam acompanhar, dia a dia, as mudanças nas fontes.


      Santana Mestra, de Belmiro Braga, Zona da Mata mineira
       
      Serviço


      Programa de Restauração de Acervos Ateliê Vitrine, do Iepha-MG
      Abertura: 14 de dezembro. Disponível para visitas toda 
      sexta-feira, das 9h às 17h
      Grupos devem fazer agendamento: (031)3235-2865 ou e-mail 
      restauracaoacervo@iepha.mg.gov.br . O trabalho poderá ser 
      acompanhado no blog Restauração de Acervos, acessado no site do Iepha
      Iepha: Praça da Liberdade, s/nº, Região Centro-Sul de BH


      Memória

      Cuidados cirúrgicos


      Em maio de 2011, o EM mostrou a situação precária da imagem da Santana Mestra, de Belmiro Braga, agora em processo de restauro no Iepha. A peça faz parte do Ateliê Vitrine e está coberta de papel japonês, como se fossem ataduras. Foi idealizado um verdadeiro processo cirúrgico para salvar a joia do século 19. Na época da chegada do objeto sacro a BH, os especialistas informaram que ele apresentava tudo que não se deve fazer com um patrimônio dessa natureza: abandono associado à ação do calor, umidade, luz solar, ataque de cupins e outros fatores de risco. Essa combinação foi devastadora para a estrutura da escultura, que apresentava o interior praticamente oco, perdas na madeira e policromia e face desfigurada. Mesmo com tantos problemas, houve salvação, e os visitantes vão conhecer esse processo.

      IMAGENS EM RESTAURO 



      Nossa Senhora dos Prazeres  -
       Milho Verde, Serro, Vale do Jequitinhonha

      Nossa Senhora do Rosário - Santo Antônio do Norte, em Conceição do Mato Dentro, Região Central

      Nossa Senhora do Carmo - Santo Antônio do Norte, Conceição do Mato Dentro, Região Central

      São João Batista - São Gonçalo do Rio das Pedras, Serro, Vale do Jequitinhonha

      São Gonçalo  - São Gonçalo do Rio das Pedras, Serro, Vale do Jequitinhonha

      Santana Mestra  - São José das Três Ilhas, Belmiro Braga, Zona da Mata

      São José  - São José das Três Ilhas, Belmiro Braga, Zona da Mata

      Nossa Senhora  - São José das Três Ilhas, Belmiro Braga, Zona da Mata

      Santa Rita - São José das Três Ilhas, Belmiro Braga, Zona da Mata

      Nossa Senhora da Conceição  - São José das Três Ilhas, Belmiro Braga, Zona da Mata

      Santo Antônio  - São José das Três Ilhas, Belmiro Braga, Zona da Mata

      Santana Mestra  - Minas Novas, Vale do Jequitinhonha

      São Francisco  - Minas Novas, Vale do Jequitinhonha

      Santana Mestra  - Congonhas do Norte, Região Central

      São Sebastião  - Capela da Fazenda Boa Esperança, Belo Vale, Região Central

      Senhor dos Passos  - Capela da Fazenda Boa Esperança, Belo Vale, Região Central

      São Francisco  -
       Couto Magalhães de Minas, Vale do Jequitinhonha

      São Joaquim  - 
      Chapada do Norte, Vale do Jequitinhonha 

      São Sebastião  -
       Santo Antônio do Pirapetinga, Piranga, Zona da Mata