quinta-feira, 28 de agosto de 2014

TeVê

TV Paga

Estado de Minas: 28/08/2014



Caça ao tesouro

O colecionador Barry Weiss (foto) emplacou mais um programa no canal A&E. Hoje, às 21h30, estreia a série Os tesouros de Barry, que acompanha o caçador de relíquias em uma jornada pelos Estados Unidos atrás dos mais raros e fascinantes itens colecionáveis. No primeiro episódio, “Quero esse mico”, Barry vai a Austin, no Texas, e tem um encontro inusitado com um macaco. E às 22h30, a série Quem dá mais?: Texas retorna em sua quinta temporada, partindo para cidades perdidas nos confins do estado norte-americano, começando por Texarkana.

Aliens, super-heróis e desastres da natureza

No canal Bio, às 21h, a série Hangar 1 explora bases subterrâneas secretas espalhadas pelos Estados Unidos que seriam abrigos de extraterrestres, escondidos sob montanhas, desertos e talvez até mesmo sob um aeroporto. No mesmo horário, no Film&Arts, vai ao ar a última parte do documentário Super-heróis: a batalha sem fim, sobre os super-heróis dos quadrinhos. E às 22h30, o NatGeo emenda os documentários Os maiores desastres naturais e Caçadores de furacão.

Palavra encantada está na tela do canal Curta!

Charleville, Charlestown – O retorno de Rimbaud é o documentário que o canal Curta! programou para as 21h30. Dirigida por Micheline Paintault, a produção reúne documentos como fotos, cartas e desenhos, para refazer a trajetória do poeta que parou de escrever aos 20 anos. Na sequência, às 22h30, a emissora exibe Palavra encantada, de Helena Solberg, que faz uma viagem pela história do cancioneiro brasileiro, com a participação de Adriana Calcanhotto, Arnaldo Antunes, Chico Buarque, Jorge Mautner, José Celso Martinez Correa, José Miguel Wisnik e muitos outros artistas.

Fox fecha o nono ano de Bones e reprisa o quinto

A nona temporada da série investigativa Bones chega ao fim hoje, às 22h30, no canal Fox. No episódio: “Recluse in the recliner”, a equipe do Jeffersonian investiga a morte de Wesley Foster, escritor em um blog de conspiração que tinha uma reunião com Booth para discutir um caso anterior logo antes de sua morte. A trama acaba colocando Booth em uma situação difícil e seu futuro no FBI pode ser questionado. Já na próxima segunda-feira começa a ser reprisada a sexta temporada da série, na faixa das 22h.

Cultura resgata o dramac clássico Ana dos mil dias

No pacotão de cinema, uma boa pedida é o Clube do filme da Cultura, às 22h, com a exibição do drama Ana dos mil dias (1969), com Richard Burton, Geneviève Bujold e Irene Papas. Na mesma faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: Um lobisomem na Amazônia, no Canal Brasil; Cheri, no Glitz; Elizabeth (1998), no Studio Universal; Dezesseis luas, na HBO 2; O corvo, no Max; Na companhia do medo, no MGM; Os estagiários, no Telecine Premium; e Veludo azul, no Telecine Cult. Outras atrações da programação: Capitão América – O primeiro vingador, às 20h45, no FX; Para Roma, com amor, às 21h, no Max HD; e Sim senhor, às 22h30, na TNT.

Caras e Bocas


A ninfeta que se cuide!

O ninho de amor do Comendador José Alfredo (Alexandre Nero) e de Maria Ísis (Marina Ruy Barbosa) será atacado em breve nos próximos capítulos de Império (Globo). Maria Marta (Lília Cabral), esposa do milionário, invadirá feito um vendaval o apartamento da ninfeta. A essa altura, a garota já estará envolvida com o filho caçula do amante, João Lucas (Daniel Rocha). Antes da confusão, Maria Ísis e o rapaz trocarão carinhos e beijo na boca. Já em casa, ele conta tudo o que rolou para Du (Josie Pessoa), que se rói de ciúmes. Maria Marta ouve tudo e pede o endereço de Maria Ísis. Ele, claro, nega. A mãe, então, procura por Du e promete ajudá-la com o filho, caso ela indique onde vive a rival. Com o que quer nas mãos, Maria Marta vai em seguida à casa de Ísis. “É quase uma menina”, dispara para lá de surpresa quando a porta se abre. Assim que pressente de quem se trata, a filha de Magnólia (Zezé Polessa) tenta fugir e corre para o elevador. Mas a mulher a impede e ainda avisa: “Pode espernear, pedir mamadeira, não adianta.” Apavorada, a jovem pergunta se ela vai bater nela. Já no quarto do casal, Maria Marta pergunta: “É aí onde ele te chama de... sweet child?”. A moça relaxa e responde: “E de meu amor, de minha vida, que eu sou a criatura mais doce que ele encontrou no mundo...”. Ríspida e raivosa, a mulher de José Alfredo corta e manda: “Eu já entendi! Eu vim aqui com a intenção de te quebrar toda. Eu podia fazer picadinho de você, te deixar com a cara toda arrebentada... Mas, depois de te conhecer, como posso fazer isso se você não passa de uma menina!?”. Nesse momento, o Comendador chega e fica paralisado com a presença da mulher. Constrangido, ele pede desculpas a Maria Marta, que apenas avisa que vai destruí-lo.

CONFIRA O QUE ROLOU NOS JOGOS DA COPA DO BRASIL

O Alterosa esporte desta quinta-feira traz todos os lances dos jogos de Atlético e Cruzeiro na estreia da Copa do Brasil. Com a análise da bancada democrática e apresentação de Leopoldo Siqueira.

ARACY BALABANIAN JÁ ESTÁ SE RECUPERANDO EM CASA

Aracy Balabanian, de 74 anos, já está em casa, depois de uma semana internada em um hospital do Rio de Janeiro. Ela se tratou de uma pneumonia. A atriz, por enquanto, não vai retornar ao trabalho. Atualmente, ela interpreta Iracema, em Geração Brasil (Globo). Na trama, a personagem viajou a trabalho. Ainda na TV Globo, os apresentadores Jô Soares e Zeca Camargo também tiveram pneumonia.

COMO SERÁ? VAI DISCUTIR MODELOS DE ESCOLA IDEAL

O telespectador vai conhecer no Como será? (Globo) deste sábado, às 6h, uma instituição de ensino que vem se destacando por suas práticas pedagógicas inovadoras. Localizada em Cotia (SP), a Escola Projeto Âncora não tem salas de aula, anos letivos, disciplinas ou exames: com a orientação dos educadores, os alunos aprendem por meio de projetos, escolhendo temas de pesquisa e criando roteiros de estudo dos quais devem fazer parte o conteúdo tradicional. Em seguida, no quadro “O tema é”, a convidada é a especialista em educação Maria de Salete Silva, que, para ampliar a discussão apresentada na reportagem, vai responder a perguntas dos internautas sobre o que seria uma escola ideal.

LONGE DO ALTAR

Noivos até que estão, mas Penny (Kaley Cuoco) e Leonard (Johnny Galecki) não vão oficializar a união na oitava temporada. Quem supõe é o produtor da série The Big Bang Theory – cartaz do canal Warner (TV paga) –, Steven Molaro, em entrevista ao site TV Line. “Eu não posso dizer com certeza, mas eu duvido disso. Eles estão em um ótimo lugar, são o tipo de casal que pode ficar noivo por um tempo e não se importar com isso”, adiantou. Tudo porque Penny estará bastante dedicada ao novo trabalho e planejar casamento pede tempo, o que ela não tem. A jovem agora será representante da indústria farmacêutica. A oitava temporada estreia em 22 de setembro nos Estados Unidos. Por aqui, a série também é exibida pelo SBT/Alterosa. 

Entre béchamel e curry - Mariana Peixoto

Entre béchamel e curry


Mariana Peixoto
Estado de Minas: 28/08/2014



Sempre impecável, Helen Mirren rouba a cena como madame Mallory


 (Francois Duhamel/Disney/Divulgação)
Sempre impecável, Helen Mirren rouba a cena como madame Mallory


Assim como outros filmes que têm a gastronomia como mote, A 100 passos de um sonho usa da culinária para falar das relações humanas. No caso, questões bastantes universais, como a relação entre homem e mulher, as tradições familiares, as perdas e a intolerância. Com o sueco Lasse Hallström (Gilbert Grape, aprendiz de sonhador, Regras da vida e Sempre ao seu lado, entre outros) capitaneando o barco (que tem Steven Spielberg e Oprah Winfrey na produção), a narrativa tem um quê de melodrama, mas sempre com um tom elegante, por vezes fantástico. Como a gastronomia é parte essencial da história, a principal referência para quem acompanha a filmografia do diretor é Chocolate (2000).

Naquela história, uma mulher e sua filha chegam a um vilarejo francês e, olhadas com desconfiança pela população local, acabam conquistando sua confiança ao produzir os melhores chocolates que poderiam existir. Agora, Hallström leva também para um vilarejo francês uma família indiana, os Kadam. Donos de um restaurante em Mumbai, levam uma vida confortável até serem obrigados a abandonar seu país. Depois de curto período em Londres, acabam aportando, literalmente por acidente, no Sul da França. A cidadezinha de Saint-Antonin-Noble-Val faz os olhos do patriarca, chamado simplesmente Papa, crescerem. Rapidamente, ele compra um restaurante abandonado e se muda para lá com a família.

O problema está justamente a 100 passos dali, como deixa claro o título em português. É só atravessar a rua para chegar ao Le Saule Pleureur, restaurante francês clássico com uma estrela Michelin, comandado a braço de ferro por madame Mallory. Não é difícil supor o que vai se dar a partir dali. Há o embate entre as duas tradições, entre a alta e a “baixa” gastronomias, entre béchamel e curry. Só que os Kadam têm um trunfo incontestável: o jovem culinarista Hassan, que consegue fazer mágica com qualquer ingrediente e com seu talento nato, sendo capaz de dar um toque original ao tradicionalíssimo beef bourguignon.

A partir desse mote, A 100 passos de um sonho só faz encantar. A começar por seu elenco, com a sempre impecável Helen Mirren como principal chamariz. Mas é o veterano Om Puri, como o patriarca Kadam, com seu carisma e leveza, que garante as melhores tiradas da narrativa. E o jovem Manish Dayal, com sutileza e delicadeza, faz de Hasam um protagonista discreto, porém muito marcante.

O desencadear da história é previsível, como ocorre em alguns filmes de Hallström. Mas isso pouco importa, pois é a partir de ideias simples que ele consegue encantar. De quebra, ainda garante algumas das melhores cenas dentro de uma cozinha, mostrando que pode haver magia numa simples omelete. É para sair do cinema direto para um restaurante, pois até o mais tímido dos estômagos vai soar diante de tantas delícias.

CINEMA » Mulher poderosa

CINEMA » Mulher poderosa Cercado de grande produção e elenco estelar, Luc Besson cria trama insólita sobre Lucy, garota que tem a capacidade mental ampliada e passa a usar 100% do cérebro


Walter Sebastião
Estado de Minas: 28/08/2014



Agora, além de linda, ela é 100% inteligente. Queridinha de nove entre 10 cineastas, Scarlet Johansson é Lucy, papel-título do filme de Besson

 (Universal Pictures/Divulgação)
Agora, além de linda, ela é 100% inteligente. Queridinha de nove entre 10 cineastas, Scarlet Johansson é Lucy, papel-título do filme de Besson


O francês Luc Besson vai ocupando discretamente posto difícil: o de mais interessante autor do cinema espetáculo (que adora ostentar orçamentos mirabolantes e atores celebridades). Quem não conhece o diretor tem ótima oportunidade: Lucy. Filme sobre uma garota que é levada pelo namorado a se envolver com o tráfico e acaba sendo obrigada a transportar, no estômago, nova e poderosa droga. Um acidente faz com que o invólucro se rompa e Lucy absorva o produto, o que desencadeia um processo de ampliação da capacidade mental da moça. Se uma pessoa normal usa 10% do cérebro, Lucy vai chegar aos 100%.

História insólita que, da primeira à última cena, prende a atenção pela habilidade com que é contada. Primeiro, registrando o aumento dos poderes mentais trazidos pela droga. Depois, porque tal percurso é recheado de imagens sobre inteligência e comportamento dos animais. E, por último, pelo fato de vir embalado em trama policial com temas pra lá de contemporâneos. Sem pedantismo e de maneira surpreendente, o filme entrelaça de forma provocativa extensa rede de temas: corpo, cérebro, natureza, história, lei, química, capital, poder, violência, tecnologia, crime etc. E enreda o espectador em também extensa rede de sentimentos.

Só o fato de evocar tantas questões (e relações), dissimuladas em tantos filmes, já estaria bom. Mas o saboroso em Lucy é observar o conjunto de qualidades, praticamente inconfundíveis, de Luc Besson. Como criar narrativas atravessadas pela ironia (presente em tempo integral), até o limite do humor negro, mas de modo discreto, que, a todo momento, interpela o mundo atual. Surpreende ainda a capacidade do cineasta de desenhar bons personagens (e conseguir boas interpretações dos atores) – a Lucy de Scarlet Johansson é apenas um exemplo. Acrescente-se apuro, gosto, elegância, inclusive no plano visual, de um diretor capaz de compor, coerentemente, um espetáculo audiovisual moderno, comunicativo, sem arcaísmos.

Aspectos que apontam para outra característica, mais discreta e essencial, de Luc Besson: o bom narrador que ele é. Há momentos em que as especulações soam como bobagem, mas o decisivo é a capacidade dele de criar atmosfera e personagens tão envolventes, que, a partir de certo ponto, não se sabe mais se as informações que Lucy apresenta são verdade ou não. Pouco importa, a dúvida ou crença no dito e mostrado só potencializa o filme. A perda de limites, sabe-se, também é muito do mundo contemporâneo.

O diretor

Luc Besson foi criado na Grécia, onde os pais eram instrutores de mergulho no Club Méditerranée. Aos 18 anos, vivia em Paris, sua cidade natal, trabalhando na área de cinema. Besson fez curso de cinema nos Estados Unidos e, depois, se instalou na França. Entre os filmes realizados por ele estão Subway (1985), Imensidão azul (1988), O quinto elemento (1997), Artur e os Minimeus (2006), Banlieue 13 – Ultimatum (2009), As múmias do faraó (2010) e Além da liberdade (2011).

Em 2012, Luc Besson inaugurou a Cité du Cinéma, complexo cinematográfico de 62 mil metros quadrados, construído em subúrbio popular do Norte de Paris de elevado nível de desemprego, que foi chamado de a Hollywood francesa. Sobre Lucy, ele disse em entrevista recente que o ponto de partida foi imaginar o que seria o uso de 100% das capacidades cognitivas. E que a velhice lhe trouxe a necessidade de misturar conteúdo filosófico com diversão. Até porque continua a ir ao cinema e acha filmes de ação um tédio.

Amor que supera o preconceito

Amor que supera o preconceito Casal vítima de racismo pela internet espera a identificação de culpados e garante: agressões virtuais não abalam a relação


Tiago de Holanda
Estado de minas : 28/08/2014




Insultos chocaram os namorados, mas eles se uniram ainda mais para enfrentá-los (Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Insultos chocaram os namorados, mas eles se uniram ainda mais para enfrentá-los

“A atitude dela serve de exemplo para quem sofrer no futuro esse tipo de preconceito”, diz o jovem L., de 18 anos. Ele tem agora mais um motivo para se orgulhar da namorada M., de 20. Ela, negra, não se deixou abater e, na terça-feira, denunciou à polícia as ofensas racistas que sofreu via Facebook, após publicar uma foto em que aparece junto do rapaz, branco. Os dois moram em Muriaé, na Zona da Mata mineira, e falaram ontem ao Estado de Minas sobre o incidente, com a condição de não terem reveladas suas identidades. Apaixonado, o casal ressaltou que as agressões virtuais não enfraqueceram o relacionamento.

Foi o rapaz quem primeiro viu as ofensas no Facebook, na tarde do dia 17 . “Não esperava por isso. Na hora liguei para ela”, comenta. Depois de a foto ser publicada, surgiram dezenas de comentários racistas. Um deles questiona onde L. havia comprado a “escrava”. Outro pergunta se ele era “dono” da jovem. M. ficou chocada, mas se manteve firme, com apoio do namorado. “Fiquei triste, chorei. Mas ele foi me dando força, dizendo que eu não deveria ligar para isso”, lembra.

A foto foi reproduzida em outro perfil do Facebook, “Pretinho do poder”, no qual várias pessoas criticaram a discriminação. A jovem se sentiu encorajada a procurar a polícia quando um advogado publicou na rede social comentário enfatizando que aquelas manifestações racistas eram criminosas. “Conversei com o profissional pela internet e ele me orientou a ir à polícia”, relata ela, que na terça-feira procurou a Delegacia Regional de Muriaé para prestar queixa.

O inquérito foi instaurado ontem e está aos cuidados do delegado Eduardo Freitas da Silva, da 31ª Delegacia. Segundo ele, os agressores poderão responder por injúria racial, crime tipificado no artigo 140 do Código Penal, com pena de um a três anos de prisão e multa.

Agressões avançam pela rede Denúncias por crimes de injúria, incluindo as ofensas de cunho racial, como a que vitimou casal de Muriaé, vêm aumentando. Polícia adverte que 99% dos culpados são identificados


Junia Oliveira


M., de 20 anos, e L., de 18, vão depor na tentativa de ajudar na identificação dos agressores virtuais (Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
M., de 20 anos, e L., de 18, vão depor na tentativa de ajudar na identificação dos agressores virtuais

Os crimes de injúria – entre os quais se enquadram casos de agressão como o que vitimou o casal de Muriaé atacado pelo Facebook – avançam na internet. Os casos registrados na Delegacia de Crimes Cibernéticos de Belo Horizonte por ofensa à honra e à dignidade de alguém, incluindo ofensas raciais, saltaram nos primeiros sete meses do ano de 51 para 54, na comparação com o mesmo período de 2013. A quantidade já é maior que todas as ocorrências de 2012, quando houve 53 queixas.

Um das mais recentes investigações que desafiam a Polícia Civil é o caso da jovem negra da Zona da Mata mineira. O episódio, qualificado como injúria racial, ocorreu depois de a garota postar na semana passada uma foto na qual aparece com o namorado, branco, de 18 anos. O titular da 2ª Delegacia de Crimes Cibernéticos de BH, César Duarte Matoso, disse ontem que a equipe da capital vai dar suporte aos colegas de Muriaé, na tentativa de encontrar os autores das mensagens racistas.

A polícia vai pedir na Justiça ordem para obter o IP dos computadores de onde partiram as ofensas e, assim, identificar a origem das mensagens. De acordo com o Marco Civil da Internet, legislação que entrou em vigor no fim de junho, provedores de acesso à rede são obrigados a guardar os registros de acesso e do fim da conexão dos usuários pelo prazo de seis meses. De acordo com o delegado, 99% dos autores de crimes cometidos no ambiente virtual são identificados. “A pessoa comum não tem muita habilidade técnica ou conhecimento de informática para se esquivar de uma investigação, pois ela não pratica crimes com frequência”, diz.

César Matoso esclarece, no entanto, que para investigar crimes de injúria as vítimas têm que prestar queixa. Segundo ele, atos de discriminação são comuns na rede e, na maioria das vezes, o autor das ofensas é conhecido da vítima. Nesse caso, o procedimento é diferente: “Cabe à pessoa que foi ofendida procurar um advogado e entrar com uma ação criminal na Justiça”.

O delegado chama atenção ainda para a dimensão que uma ofensa na internet pode ganhar. Somente no Brasil, houve mais de 100 milhões de acessos no último trimestre. Apenas os domésticos responderam por 75% desse total. “Quanto mais pessoas na rede, mais crimes haverá”, diz César Matoso. Somente ano passado foram concluídos 300 inquéritos por crimes cibernéticos – a maioria deles, estelionato.

O delegado não tem dados sobre quantos se referiam especificamente a racismo ou injúria racial, mas informou que recebe inúmeros casos na Região Metropolitana de BH, além das investigações feitas pelas delegacias estado afora. “É um problema mais de relacionamento na rede e nem tanto policial. Como as pesosas se relacionam muito nesse espaço, qualquer ofensa abala muito o círculo de amigos. E elas não estão preparadas para uma exposição pública como ocorre na internet.”

Matoso destaca que estar na rede mundial e fazer parte das redes sociais exige consciência dos bônus e dos ônus. “Quanto maior a exposição, maior o problema depois, principalmente se envolver conteúdo íntimo. A linguagem na internet é fria e sem contexto e pode causar um problema enorme na vida pessoal da vítima.”



A moça diz que foi a primeira vez que foi vítima de racismo. “São pessoas que nem nos conhecem”, aponta. O rapaz ressalta que ninguém jamais criticou o relacionamento, de um ano e oito meses. Os dois moram em bairros vizinhos. De vez em quando, pelas ruas, os olhares se cruzavam. Ele descobriu o nome dela e a adicionou entre os amigos no Facebook. Na mesma noite, conversara horas pela internet. Encontraram-se no dia seguinte.

Ele, que mora com os pais, concluiu o ensino médio e, enquanto faz um curso técnico de logística, trabalha em uma empresa que produz anúncios de outdoor. Ela também completou o nível médio e, após um curso técnico de corte e costura, está à procura de emprego. A jovem, caçula de três irmãs, mora com uma delas e com a mãe em uma casa simples, em uma vizinhança de ruas calçadas com paralelepípedos.

“A gente já planeja se casar, mas, por enquanto, isso está só na ideia”, diz ela, com um sorriso desinibido, apertando os dedos entre os do namorado. “Primeiro, precisamos nos concentrar nos estudos, para depois termos tranquilidade”, ressalta o rapaz. Ela conta que amigos e conhecidos telefonaram para o casal para saber se o relacionamento continuava firme, depois das ofensas. A jovem garante: “O que aconteceu não nos abalou. Gostamos tanto um do outro quanto antes”.


Eduardo Almeida Reis - Notas claudienses‏

Se a informática acabou com as fábricas de máquinas de escrever, não conseguiu acabar com as pessoas que escrevem feito máquinas


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 28/08/2014







Minto se disser que nunca vi de perto o senador Aécio Neves. Três vezes fui-lhe apresentado em solenidades oficiais, às quais compareci como titular de uma das 40 cadeiras da Academia Mineira de Letras. Educadíssimo que sou, três vezes cumprimentei-o com o clássico “muito prazer”. Educadíssimo que é, três vezes apertou-me a mão dizendo que tinha muito prazer em me conhecer. Não lhe devo nada, motivo pelo qual fico muito à vontade para comentar o asfaltamento de uma pista de mil metros de pista em Cláudio (MG), município em que seus parentes têm terras.

As críticas feitas por alguns jornalistas ao asfaltamento da pista depõem contra os profissionais da pena e vou explicar por quê. Todo e qualquer governador de estado brasileiro, do mais modesto ao poderoso São Paulo, passando por Minas Gerais, que resolva asfaltar uma pista de mil metros em terras suas ou de parentes pode contar que terá uma, ou duas, ou mais construtoras que se disponham a asfaltar de graça. E ainda fornecem recibo simbólico ao governador, pessoa física, que é para o negócio ficar perfeito.

Procedimento simples: o preço do asfaltamento é embutido em outra das muitas obras que a construtora tem no estado. A maior prova da lisura da pista de Cláudio foi ter sido paga pelo governo de Minas, quando Aécio era governador, num terreno desapropriado de uma fazenda pertencente a parentes seus.

Asfaltar pistas não é crime, sobretudo agora que o Brasil tem barcos de fibra óptica, como disse a excelentíssima senhora presidente da República. Dos barcos para os aviões de fibra óptica será um pulo, graças aos admiráveis indicadores econômicos deste governo de 39 ministros.
Palavras

Se a informática acabou com as fábricas de máquinas de escrever, não conseguiu acabar com as pessoas que escrevem feito máquinas. Tenho bom amigo, desembargador no TJMG, que escreve livros e mais livros sobre assuntos seriíssimos relacionados com a ciência do direito, de par com o seu trabalho no tribunal, comparece a uma porção de congressos nacionais e internacionais, achando ainda tempo de escrever e-mails enormes e artigos de jornais e revistas sobre os mais diversos assuntos.

Sem a seriedade das obras jurídicas, vosso philosopho cuida de amenidades. Nos arquivos do computador, vejo que escrevi 464.352 palavras só para a coluna Tiro e Queda, entre 17 de agosto de 2013 e 6 de junho de 2014. Há que deduzir as terças-feiras e um mês de férias. Incluindo os 30 dias de férias, a produção seria de meio milhão de palavras neste espaço no citado período.

Não é nada, não é nada, não é nada mesmo. Contudo, se acrescentarmos dois livrinhos (cerca de 100 mil palavras) e as matérias que escrevi para outros veículos, a produção anual andou pelas 600 mil palavras. Ainda que o resultado impresso não seja brilhante, a atividade é muito divertida.

Leituras

Nada melhor do que ler meia horinha, uma horinha antes de dormir. Isto, bem entendido, para os aposentados de algo muito mais divertido. Difícil é congeminar a leitura com o frio indecente que tem feito por aqui. O cavalheiro lava o rosto com água quente da torneira, escova os dentes, bochecha com aquele treco azulado e morde o dispositivo antirronco da Dra. Regina.

Feito o quê, amacia os pés com o creme próprio para patas ressequidas e se mete debaixo de três cobertas, depois de pegar um exemplar de O Conde de Abranhos, livro rascunhado pelo Eça e descoberto no Brasil entre os pertences de um filho do Ramalho Ortigão, um monte de páginas escritas a lápis.

Publicado 25 anos depois da morte do autor, O Conde é belo exemplo da genialidade do Eça: o rascunho, o primeiro esboço daquele que tinha obsessão pelas repetidas mudanças e revisões antes de publicar os seus livros. Os primeiros 20 minutos de leitura são puro enlevo, mesmo para quem já leu O Conde seis ou sete vezes. A partir daí, mãos e braços começam a gelar, o leitor insiste, teimoso que é, mas acaba derrotado. Há que fechar o volume encadernado em couro vermelho, apagar a luz e aguardar o aquecimento das mãos e dos braços debaixo das cobertas.

E dizer que tem gente que gosta de frio para comer uma fondue ou um fondue, substantivo de dois gêneros (Houaiss), prato de origem suíça composto de queijo (gruyère ou emmenthal) fundido em vinho branco e temperado com alho e quirche, e levado à mesa em panela própria sobre um fogareiro, no qual cada comensal mergulha fatias de pão na ponta de um espeto. Le Petit Robert e o nosso Márcio Cotrim informam que fondue é substantivo feminino.

O mundo é uma bola

28 de agosto de 475: o general germânico Flavius Orestes expulsa da capital Ravena o imperador romano Júlio Nepos e põe seu próprio filho Rômulo Augusto como imperador. O filho imperou durante 11 meses, coitado. Em 1941, entra no ar o Repórter Esso, primeiro noticioso brasileiro.

Ruminanças

“Entre a notícia e o boato, a diferença é que a notícia pode ser forjada” (Eno Teodoro Wanke, 1929-2001).

Botox paralisa câncer; experimento abre a possibilidade de novo uso clínico

Injetada em tumores gástricos, a toxina impediu o crescimento da doença em ratos


Bruna Sensêve
Estado de Minas: 24/08/2014


 (Valdo Virgo/CB/D.A Press)
Normalmente conhecida pelas agulhadas capazes de preservar expressões faciais na luta contra o tempo, a toxina botulínica — ou simplesmente botox — não precisa apenas de justificativas estéticas para ser aplicada no corpo humano. Antes mesmo de sumir com as rugas indesejadas, durante a década de 1980, a substância chamava a atenção por provocar relaxamento de músculos oculares em pacientes com estrabismo. A partir de 1990, passou a ser usada em pessoas com distúrbios do movimento, principalmente nos casos de espasticidade. A exploração clínica do composto tem se ampliado exponencialmente. A mais recente novidade é a utilização dele para interromper o crescimento de tumores gástricos.



O efeito acontece porque o sistema nervoso é crucial para a regulação de diversos órgãos do corpo, inclusive dos que sofrem com cânceres. O grupo de pesquisadores que desenvolveu o procedimento, ainda experimental, acredita que o crescimento do cancro pode ser suprimido com a eliminação de sinais enviados pelos nervos que estão ligados a células-tronco do tumor. Esse bloqueio, chamado denervação, é alcançado por procedimento cirúrgico ou apenas pela aplicação local de botox. Os resultados foram publicados na última edição da revista científica Science Translational Medicine por cientistas de grandes instituições de pesquisa, como a Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, a Universidade de Columbia e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Uma das principais vantagens da terapia proposta é que a toxina proporciona um procedimento barato, seguro e eficiente. Os testes foram realizados somente em camundongos (veja infografia), mas há a intenção de começar em breve com humanos. Inicialmente, os cientistas tentaram três métodos para interromper a ligação entre os nervos e o tumor: por corte do nervo vago gástrico (vagotomia) e com medicamento e intervenção genética para bloquear o receptor do neurotransmissor que estimula o crescimento de células cancerígenas. Todos foram bem-sucedidos em suprimir o avanço tumoral, mas sem as vantagens do botox, especialmente a ausência de intervenção cirúrgica.

Pesquisador da universidade norueguesa, Duan Chen acredita que o tratamento com a toxina é superior por poder ser usado localmente e ter como alvo as células-tronco do câncer. “O botox pode ser injetado por meio de gastroscopia e só requer que o paciente permaneça no hospital por algumas horas”, detalha. Ele acrescentou que o procedimento também é menos tóxico do que a maioria dos tratamentos padrão e quase não tem efeitos colaterais.

Complemento Ainda assim, os pesquisadores sugerem que, para a maioria dos pacientes, a denervação deverá funcionar melhor em combinação com a quimioterapia tradicional. Isso porque o procedimento também parece fazer as células cancerígenas mais vulneráveis à quimioterapia, deixando-a mais eficiente. O grupo também acredita que a aplicação local da toxina possa ajudar no combate a cânceres que não sejam gástricos. “A ligação de crescimento do nervo ao tumor é possível em outros tumores sólidos, como na próstata. Porém, os nervos envolvidos podem variar de órgão para órgão e de tumor para tumor. São necessários estudos adicionais”, pondera Chen.

Para Heber Salvador, cirurgião oncologista do Núcleo de Abdômen do Centro de Câncer A.C. Camargo, essa é uma nova linha de raciocínio e pesquisa na área do câncer de estômago. “Em toda situação que precisa de um bloqueio muscular duradouro, o botox pode ser usado. Para o câncer, não há relatos. Esta foi uma primeira publicação de um grupo de peso, mas a história deve evoluir”, aposta.

Salvador ressalta que o composto também é usado para doenças em que há uma hipercontratividade, consequência de enfermidades geradas por lesões nos nervos. “Ao acessar a célula, o nervo lança uma substância que faz com que ele se contraia. O botox bloqueia o lugar que essa substância age no músculo. Então, podemos usar esses efeitos terapêuticos contra o excesso de contração”, explica.

Especialista no tratamento dos distúrbios do movimento e professora da Universidade de Federal de São Paulo (Unifesp), Lúcia Helena Mercuri Granero frisa que o tratamento com a toxina é adjuvante e não deve ser instituído isoladamente. Especialmente em condições neurológicas que estão associadas a espasticidades e distonias (espasmos musculares involuntários), seria mandatório, segundo ela, o apoio e a prescrição de outras medidas terapêuticas.

 Granero acredita que o uso de botox no auxílio do tratamento do câncer é algo mais recente e ainda requer tempo para demonstrar sua eficácia. “Em relação às patologias neurológicas e aos distúrbio musculares, há quase 30 anos a toxina é reconhecida como tratamento seguro e eficaz. Nos casos de Parkinson, esclerose múltipla e nas lesões cerebrais, como acidente vascular cerebral e traumatismo craniano encefálico, a utilização dela como parte do tratamento tem importante papel no controle da rigidez”, detalha.

Movimentos dificultados

É uma sequela de lesões do sistema nervoso central que leva a um descontrole da contração mínima muscular (tônus), fazendo com que a pessoa tenha dificuldade para realizar atividades diárias, como caminhar, comer e escovar os dentes. Ocorre em decorrência de doenças que provocam lesões em células do sistema nervoso, responsáveis pelo controle dos movimentos voluntários, como acidente vascular cerebral, esclerose múltipla e lesão medular. 

Redução de sintomas depressivos 

A toxina butolínica age principalmente em lesões nervosas, mas outras condições clínicas podem se beneficiar do composto. Um artigo publicado na edição de abril do Journal of Psychiatric Research relata que pacientes que receberam a substância tiveram uma melhora significativa em sintomas depressivos.

O estudo, conduzido por Eric Finzi e Norman Rosenthal, da Faculdade de Medicina de Georgetown, incluiu 74 indivíduos com depressão moderada a grave. Eles receberam a injeção de uma única dose de botox ou placebo no músculo entre as sobrancelhas. Mais da metade dos participantes apresentou melhora substancial, superior ou igual a 50% do estágio inicial da doença.

 “Essa pesquisa é inovadora porque oferece uma abordagem totalmente nova para tratar a doença e que não entra em conflito com quaisquer outros tratamentos”, declarou Rosenthal. Ele concluiu que a nova pesquisa apoia antiga teoria do feedback facial de Charles Darwin e William James, na qual as expressões faciais influenciam o humor. A inibição da testa franzida por injeção facial de botox poderia ajudar, então, pacientes com depressão.

Vale lembrar que o efeito da toxina dura de três a quatro meses. Portanto, é um tratamento que precisa ser repetido, além da necessidade de avaliar a conduta conforme os resultados obtidos. “Devemos observar que a toxina botulínica é produzida por uma bactéria existente na natureza e, portanto, estranha ao nosso organismo. Não se deve expor o paciente ao uso frequente pelo risco da formação de anticorpos. Caso isso aconteça, o efeito dela será neutralizado”, observa Lúcia Helena Mercuri Granero. Segundo a professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), deve ser respeitado um intervalo de 90 dias entre uma aplicação e outra. (BS) 

Dieta digital

Aplicativos têm sido criados para ajudar dependentes de seus smartphones a gerenciar seu tempo no aparelho


Zulmira Furbino
Estado de Minas: 28/08/2014  

Wellington Alves Martins, de 18 anos, não desgruda do seu aparelho e diz não saber quantas horas por dia passa ao telefone (Beto Magalhães/EM/D.A Press )
Wellington Alves Martins, de 18 anos, não desgruda do seu aparelho e diz não saber quantas horas por dia passa ao telefone
Os smartphones estão com tudo no Brasil. A maneira como esses equipamentos conquistam os usuários pode ser medida pela sua penetração no mercado brasileiro. Até o fim do ano, estima-se que o número de assinaturas de internet móvel em território nacional chegará a 78,2 milhões. Segundo a PwC, em 2014 foram registrados 27% de acessos à internet com os aparelhos celulares, mas até 2018 estima-se que essa fatia mais do que dobrará, chegando a 59%. A febre dos smartphones, porém, tem um efeito colateral: o vício no aparelho. A novidade é que o número de aplicativos que têm como objetivo ajudar os dependentes a gerenciar seus impulsos na rede está aumentando. O último a sair do forno é o Moment, que propõe controlar o tempo que uma pessoa passa no aparelho iPhone, da Apple.

O criador do Moment, o norte-americano Kevin Holesh, explica que o aplicativo do sistema iOS rastreia automaticamente o uso que uma pessoa faz do seu smartphone todos os dias. “Criei o Moment para mim”, reconheceu Holesh, que um dia se viu ignorando a família e os amigos em favor do aparelho. Quando começou a usar o aplicativo, ele passava 75 minutos do dia ao celular. Agora, com o uso do app, redefiniu seu limite para 40 minutos. “Preciso do meu telefone para o trabalho e dependo disso para viver, mas passei a dizer para mim mesmo: “Vou fazer as tarefas com apenas 40 minutos em meu iPhone. Meu objetivo era encontrar um equilíbrio entre o tempo certo de estar conectado e desconectado”, explica.

Com o Moment, os usuários podem definir limites diários e escolher um som de aviso quando ultrapassarem o limite estabelecido. Também é possível receber avisos ocasionais ao longo do dia para que saibam de seu progresso. A ideia é equilibrar o uso do smartphone com os momentos em família e os amigos, porque Facebook, Instagram e mensagens de texto podem esperar. O aplicativo pode ser baixado por U$ 4,99 (equivalente a cerca de R$ 11,40).

Um estudo feito pela Universidade de Bonn, na Alemanha, deu origem ao aplicativo Menthal (para o sistema android e gratuito) para atender à demanda das pessoas que precisam entrar numa espécie de dieta digital. O levantamento mostrou que os usuários desbloqueiam seu smartphone cerca de 80 vezes ao dia e que as características clássicas de um celular, como telefonar e mandar mensagens, correspondem a uma parte muito pequena do uso diário do aparelho.

Já o BreakFree, que é parcialmente grátis, também controla o tempo que uma pessoa gasta utilizando outros apps, como a frequência de desbloqueio do celular e o tempo que se gasta fazendo e recebendo chamadas telefônicas. Depois de calculado esse tempo, o app, compatível com o android, insere o usuário numa escala de vício. Além desses, o My Mobile Day e o The 25th Hour também prometem controlar o impulso desmedido das pessoas em relação aos seus aparelhos telefônicos inteligentes.

“Hoje existe uma geração on-time (em tempo) e on-line (conectada). Essa geração foca muito mais tempo na internet e nas redes sociais, o que às vezes atrapalha seu desempenho no mercado de trabalho. Os smartphones entram em tudo no dia a dia e a convivência virtual é maior do que a pessoal. As pessoas não ligam umas para as outras. É mais fácil mandar um recado pelo mural do Facebook”, resume Gardênia Rogatto, gerente sênior da PwC Brasil. Ela estima que boa parte da expectativa de elevação da participação desses aparelhos no mercado até 2018 ocorrerá pelos investimentos em infraestrutura de rede no país e pelo acesso das classes C e D aos smartphones.

Em excesso, contato pode virar vício 

Quando acorda e abre os olhos pela manhã, a primeira coisa que o estudante Wellington Alves Martins, de 18 anos, faz é desbloquear seu smartphone para saber o que ocorreu enquanto ele estava apagado, à noite. O estudante não sabe calcular quantas vezes por dia entra e sai do seu celular, mas reconhece que faz isso sem parar o dia inteiro, inclusive durante a aula. “Olho o WhatsApp e o Facebook antes de ir para o cursinho e, depois, quando chego. Aí respondo as mensagens e volto a prestar atenção na aula, mas fico com ele na mão o tempo inteiro”, conta. No dia em que seu Galaxy foi roubado, não se apertou. Recarregou a bateria de um Iphone 3 que ganhou de presente do pai, comprou um chip novo e se reconectou à rede rapidamente.

Wellington ficou surpreso ao saber da existência de aplicativos que têm o objetivo de controlar o uso dos smartphones porque, segundo ele, pessoas da sua geração não ficam sabendo dessas coisas, já que ninguém está interessdo em parar de usar a internet. O jovem admite, porém, que usaria um desses apps. “Sei que gasto muito tempo no celular, mas não tenho nem ideia de quantas horas por dia. Gostaria de experimentar até para verificar se estou exagerando. Pode ser que eu esteja perdendo outras coisas, até mesmo durante a aula”, diz.

Para Analice Gigliotti, chefe do setor de dependências químicas e comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro, é impossível viver sem smartphones e computadores no mundo de hoje e um dos motivos é que existe uma ligação entre trabalho e internet. “As pessoas ficam conectadas respondendo a e-mails que não tiveram tempo de responder no dia anterior. A gente não consegue mais viver sem o aparelho que usamos até para acessar nossa conta bancária”, lembra. Segundo ela, porém, apesar das facilidades proporcionadas pelos telefones celulares, o prejuízo ocorre quando uma pessoa passa mais tempo do que deveria nessas conexões.

do normal ao patológico Na avaliação da neuropsicóloga e sexóloga Sônia Eustáquia Fonseca, a linha que separa o normal do patológico pode ser tênue e imperceptível à primeira vista, porque a pessoa usa o trabalho como desculpa para o contato excessivo com o smartphone. “No início, a pessoa só precisa manter o celular ao alcance, depois, ele tem que estar junto, mesmo em um bolso ou na mão. A partir daí, tudo o que era resolvido com o computador, que de certa forma exige um ritual, como ligar, sentar em uma mesa etc., deixa de ser necessário”, observa. É nesse momento que os viciados na rede passam a resolver tudo pelo smartphone ou a consultá-lo a todo o momento. “Se a pessoa abria o computador uma ou duas vezes ao dia para olhar e-mails e Facebook, agora ela faz o tempo todo pelo celular. Tenho pacientes que levantam à noite para olhar, ficam com ele na cama, debaixo do cobertor. Temos que lembrar que são os mesmos sintomas de um vício”, diz a neuropsicóloga. 

Informática na 3ª idade

Informática na 3ª idade 

Idosos que se abrem a novos aprendizados envelhecem saudáveis
Pollyana Paixão

Estado de Minas: 28/08/2014


Trabalhar o cérebro é tão importante para a saúde dos idosos quanto a realização de atividades físicas. O exercício cerebral evita doenças como a demência. O computador e a informatização são grandes aliados para a saúde mental das pessoas na terceira idade. De acordo com um estudo publicado no periódico PLoSOne – desenvolvido pelo professor da Escola de Psiquiatria e Neurociência Clínica e diretor de pesquisa do Centro de Saúde e Envelhecimento da Universidade de Western Australia, Osvaldo Almeida –, homens mais velhos que têm contato com computadores apresentam menos risco de desenvolver demência em um período de oito anos. O estímulo causado pela informática é benéfico e auxilia a manutenção da memória, proporcionando um aprendizado constante e afastando as chances de desenvolver algumas doenças relacionadas à mente.

Os idosos que se abrem aos novos conhecimentos têm mais chances de ter um envelhecimento saudável, afastando as incapacidades decorrentes da idade avançada. A perda de neurônios se torna comum e inevitável com o passar dos anos. Entretanto, o desenvolvimento contínuo das atividades cerebrais auxilia no resgate das funções que tiveram queda com o avanço da idade, previne a depressão e auxilia no enriquecimento cerebral. O contato com computadores eleva a autoestima dos idosos, evidencia suas potencialidades e os deixa com mais confiança no futuro, por se sentirem capacitados a entender as novidades do mundo virtual. A entrada na terceira idade é uma fase em que, geralmente, muitas pessoas estão se aposentando e acabam tendo mais tempo livre para se cuidar. Atualmente, as pessoas têm apresentado mais desejo e disposição para se manter atualizadas e acompanhar as demandas do mundo digital. Se comunicar com pessoas distantes, estar atualizado com as notícias, se entreter e ter interação com aparelhos eletrônicos são alguns dos pontos que estimulam a vontade de aprender, o que antes era totalmente desconhecido. As atividades desenvolvidas no computador atuam diretamente na melhora da memória e elevam a capacidade de raciocínio, ajudando a retardar o aparecimento de demências e a adquirir costumes que favorecem na melhora da qualidade de vida desse público. Ficar por dentro de notícias com mais facilidade, aumentar o ciclo de contatos e ter a oportunidade de dar sequência à educação pela estimulação mental são algumas das vantagens que atraem as pessoas com mais de 60 anos a começar ou continuar as atividades de informática.

Muitas empresas estão preocupadas com a saúde e a qualidade de vida dos idosos e, com isso, buscam oferecer serviços para que as capacidades desse público sejam colocadas em destaque. O colégio e a faculdade Cotemig são exemplo dessas instituições que aderem aos programas de responsabilidade social e se preocupam com questões humanitárias. Eles desenvolveram um curso que oferece ensino de informática gratuito para pessoas acima dos 60 anos. O curso é ministrado pelos próprios alunos e tem o intuito de beneficiar e agregar conhecimento às pessoas da terceira idade. A tecnologia está a cada dia mais presente em todas as etapas da vida. A informática oferece um leque de oportunidades e benefícios para todas as pessoas e em qualquer idade da vida.

Imposto sobre doações a candidaturas Tiago Gomes de Carvalho Pinto

Imposto sobre doações a candidaturas
Tiago Gomes de Carvalho Pinto
Doutor em direito tributário
Estado de Minas: 28/08/2014


Interessante questão reside em saber se incide o Imposto Sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD) sobre valores ou contribuições doadas por pessoas físicas ou jurídicas a candidatos para fazer face às inúmeras despesas de campanha eleitoral. A Lei 9.504/07 e resoluções específicas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) disciplinam a forma como as pessoas físicas e jurídicas podem proceder à doação aos candidatos postulantes a cargo eletivo, bem como determinam algumas regras. O ITCD é de competência dos estados, segundo determina a Constituição Federal (art. 155, I), e, portanto, em tese, teriam eles a atribuição de exigir o pagamento do imposto incidente sobre valores doados a candidatos residentes em seu território. Em Minas Gerais, pelo menos, é contribuinte do imposto o donatário/beneficiário, na aquisição por doação, conforme se extrai da Lei Estadual 14.941/03.

Logo, se o candidato que postula qualquer cargo político residir em Minas e receber em doação valores visando à campanha eleitoral, ele poderá, a priori, submeter-se à exigência do ITCD, considerando que a hipótese de incidência de tal tributo implica na transferência de quaisquer bens ou direitos em seu favor.

Algumas observações merecem análise mais acurada. Pela lei mineira ora em vigor, há duas exceções que poderiam ressalvar a obrigatoriedade da incidência do ITCD. O pagamento sobre a doação é a regra. A primeira seria a hipótese de não incidência. Pela lei de Minas Gerais, não haverá a exigência do imposto caso o donatário seja partido político. Nesse caso, a exigência é que a doação seja feita diretamente à agremiação partidária.

Outra hipótese seria de isenção. Pela Lei, fica isenta do imposto a transmissão por doação cujo valor não ultrapasse 10 mil UFEMG’s, algo em torno hoje de R$ 22 mil reais. Valores transferidos por doação até tal limite estariam, assim, abarcados pela faixa de isenção que a lei autorizou; sobre parcela acima de tal valor, já seria possível incidir sobre o imposto a alíquota de 5%.

O ponto relevante, portanto, consiste em saber se incide o ITCD sobre valores doados e recebidos por candidato a cargo eletivo para financiamento da campanha eleitoral – acima do limite legal de isenção. Doação consiste em um ato mediante o qual uma pessoa (doador), por liberalidade, transmite bem, vantagem ou direito de seu patrimônio a uma outra pessoa (donatário), que o aceitará tácita ou expressamente.

Tal instituto é tratado no Código Civil (art. 538). Alguns traços característicos são essenciais, quais sejam a transferência do patrimônio de uma pessoa a outrem, objeto lícito e incorporação ao patrimônio do beneficiário. Assim, como em uma relação de causa-efeito, há, necessariamente, para a correta dimensão da doação, que haver o enriquecimento do destinatário ao mesmo tempo em que fica diminuído o doador.

O exato sentido desse termo afigura-se, nesse caso específico, por demais essencial, na medida em que, para fins de incidência do ITCD, a “lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado”, como se infere do art. 110, do Código Tributário Nacional.

Nesse sentido, a doação realizada por pessoa física ou jurídica a candidato a cargo eletivo para o financiamento de campanha eleitoral não se subsume ao conceito da doação, para fins de incidência do imposto estadual. E isso porque, em se tratando de transmissão de doação de valores para o gasto com despesas próprias da campanha eleitoral, todo o valor transferido deve ser alocado em conta bancária própria, vinculada apenas aos gastos que se apresentarem ao longo do processo eleitoral. Ademais, os valores recebidos pelos candidatos, por certo, não integrarão seu patrimônio, considerando que serão direcionados ao financiamento de sua campanha.

Portanto, não se trata de doação, nos termos tratados no Código Civil, a transmissão de valores destinados ao financiamento de campanha eleitoral de candidato a cargo eletivo, porquanto ausentes os elementos configuradores. Além disso, o ITCD só tem razão de existir acaso demonstrado o acréscimo patrimonial do beneficiário-donatário, o que não ocorre nessa hipótese. Logo, temos que não se pode exigir de candidato o pagamento de ITCD sobre doação realizada por pessoa física ou jurídica visando o financiamento de campanha eleitoral.

Obrigados a fumar

Avançamos, mas ainda há muito que se fazer para termos ambientes livres da fumaça do tabaco em todo o país


Bruno Ferrari
Oncologista e presidente do conselho administrativo
da rede Oncoclínicas do Brasil

Estado de Minas: 28/08/2014



Quem não fuma não é obrigado a fumar.” Esse é o tema deste ano da campanha do Instituto Nacional de Câncer (Inca) para o Dia Nacional de Combate ao Fumo, a ser celebrado amanhã, 29/8. Tal data foi criada em 1986, pela Lei Federal 7.488, com o objetivo de reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população brasileira para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco.

Nesta campanha, além do Inca, estão empenhadas a comunidade médica e a sociedade como um todo. Comemorações de datas como essa e o desenvolvimento de ações nas escolas, unidades de saúde, ambientes de trabalho, estabelecimentos de entretenimento, além de medidas econômicas e legislativas, têm sido muito importantes para uma mudança de comportamento na sociedade brasileira sobre o uso do tabaco. O esforço é para tentar reverter as estatísticas relacionadas ao fumo, que são alarmantes.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de mortes que poderiam ser evitadas e um terço da população mundial faz uso de algum tipo de cigarro. Atualmente, o cigarro mata 4,9 milhões de pessoas por ano e a estimativa é de que, em 2030, esse número dobre, chegando a 10 milhões. O Inca estima, para este ano, mais de 27.330 novos casos de câncer no pulmão (16.400 em homens e 10.930 em mulheres) no Brasil.

O ponto mais forte da campanha deste ano é o debate sobre os malefícios da fumaça do tabaco e a existência da Lei Federal nº 9294/96, que proíbe o fumo em recintos coletivos. Observamos grandes avanços quanto à divulgação de informações sobre os riscos do tabagismo passivo, que estimularam a criação de leis estaduais e municipais para proibir a existência de fumódromos em ambientes fechados. Porém, ainda há muito que se fazer para termos ambientes livres da fumaça do tabaco em todo o país.

Lembro que pessoas que fumam têm de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver câncer de pulmão. Porém, pelo menos um terço dos diagnósticos da doença pode ser de casos de fumantes passivos, que convivem com a fumaça do cigarro em casa, no trabalho ou em ambientes sociais. O ar poluído contém, em média, três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que entra pela boca do fumante depois de passar pelo filtro do cigarro. Os não fumantes que se expõem com frequência à fumaça de cigarro têm um risco 30% maior de câncer de pulmão e 24% maior de infarto do que os não fumantes que não se expõem.

Para este Dia de Combate ao Fumo, órgãos de saúde frisam ainda que empresas das áreas de entretenimento e hotelaria estejam atentas à constante exposição de seus funcionários e frequentadores à fumaça de cigarro. Esses estabelecimentos devem assegurar a saúde dos clientes e, principalmente, dos funcionários, já que são responsáveis pela segurança dos profissionais contra riscos ocupacionais, conforme determina a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Se a população se conscientizasse e parasse de fumar, aproximadamente 24 mil novos casos de câncer seriam evitados todo ano. Além do ganho em qualidade de vida, o dinheiro destinado ao tratamento desses pacientes poderia ser revertido para outras áreas e até mesmo em pesquisa.