quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Uso do Facebook piora o estado de humor das pessoas, diz estudo

Folha DE SÃO PAULO

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Um experimento que monitorou o estado de espírito de 82 pessoas durante duas semanas sugere que o uso do Facebook está correlacionado à tristeza e à ansiedade.
Ethan Kross, psicólogo da Universidade de Michigan (EUA), pediu aos voluntários que relatassem seu humor a cada cinco horas por meio de mensagens de texto e dissessem o que estavam fazendo. Cada vez que as pessoas acessavam o site da rede social, a probabilidade de começarem a se sentir mal aumentava.
Um estudo descrevendo o trabalho está na edição de hoje da revista "PLoS One". Segundo os cientistas, a correlação estatística entre o uso de Facebook e o declínio do bem estar afetivo é forte: há menos de 2% de probabilidade de que o resultado do estudo tenha sido coincidência.
Kross ainda não oferece uma explicação sobre por que o uso da rede social tem uma associação tão forte com o baixo astral. Uma das suspeitas é de que o Facebook favoreça o usuário a fazer comparações que o aborrecem.
Um trabalho da psicóloga Hui-Tzu Grace Chou, da Universidade do Vale de Utah, já havia observado essa tendência no ano passado. O problema foi descrito num estudo intitulado "'Eles são mais felizes e têm vidas melhores que a minha': O impacto do uso do Facebook na percepção sobre a vida alheia."
ONLINE x OFFLINE
O trabalho de Kross reproduziu resultados vistos em outros experimentos de psicologia, mas foi o primeiro a eliminar a possibilidade de as alterações de humor estarem associadas a fatores externos não controlados.
Segundo Kross, existia a suspeita de que a associação entre tristeza/ansiedade e o Facebook tivesse uma correlação inversa, e que na verdade as pessoas estivessem acessando o site porque estava tristes, não o contrário.
Outra hipótese alternativa era a de que era a natureza das interações sociais que as pessoas estavam tendo --não o Facebook-- seria a origem do estado de humor ruim.
Esses dois fatores, porém, foram eliminados da pesquisa, que também monitorou pessoas que não estavam usando o Facebook. Uma possibilidade é que o uso do site esteja reduzindo a taxa de atividades físicas das pessoas, algo que também está associado ao mau humor, um fator que não foi considerado na nova pesquisa.
Kross, porém, defende sua conclusão. "Em vez de melhorar o bem estar, como fazem de modo intenso as interações frequentes por redes sociais 'offline', essa descoberta demonstra que interagir com o Facebook prevê a possibilidade de um resultado oposto para adultos jovens --isso piora o bem estar."

Quadrinhos [13/08/2013]

folha de são paulo
CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE
LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER
ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS
JIM DAVIS

HORA DO CAFÉ      JUNE
JUNE

Abdicar de pensar - Frei Betto


Uma das áreas em que as pessoas mais se demitem do direito de pensar é a política
Está em cartaz, em alguns cinemas do Brasil, o filme Hannah Arendt, direção de Margarethe von Trotta. Por ser uma obra de arte que faz pensar não atrai muitos espectadores. A maioria prefere os enlatados de entretenimento que entopem a programação televisiva. Hannah Arendt (1906-1975) era uma filósofa alemã, judia, aluna e amante de Heidegger, um dos mais importantes filósofos do século 20, que cometeu o grave deslize de filiar-se ao Partido Nazista e aceitar que Hitler o nomeasse reitor da Universidade de Freiburg. O que não tira o valor de sua obra, que exerceu grande influência sobre Sartre. Hannah Arendt se refugiou do nazismo nos Estados Unidos.

O filme de Von Trotta retrata a filósofa no julgamento de Adolf Eichmann, em 1961, em Jerusalém, enviada pela revista The New Yorker. Cenas reais do julgamento foram enxertadas no filme. De volta a Nova York, Hannah escreveu uma série de cinco ensaios, hoje reunidos no livro Eichmann em Jerusalém – um relato sobre a banalidade do mal (Companhia das Letras, 1999). Sua ótica sobre o réu nazista chocou muitos leitores, em especial da comunidade judaica. Hannah escreveu que esperava encontrar um homem monstruoso, responsável por crimes monstruosos: o embarque de vítimas do nazismo em trens rumo à morte nos campos de concentração. No entanto, ela se deparou com um ser humano medíocre, mero burocrata da máquina genocida comandada por Hitler. A grande culpa de Eichmann, segundo ela, foi demitir-se do direito de pensar.

Hannah pôs o dedo na ferida. Muitos de nós julgamos que são pessoas sem coração, frias, incapazes de um gesto de generosidade os corruptos que embolsam recursos públicos, os carcereiros que torturam presos em delegacias e presídios, os policiais que primeiro espancam e depois perguntam, os médicos que deixam morrer um paciente sem dinheiro para custear o tratamento. É o que mostram os filmes cujos personagens são “do mal”. Na realidade, o mal é também cometido por pessoas que não fariam feio se convidadas para jantar com a rainha Elizabeth II, como Raskólnikov, personagem de Doistoiévski em Crime e castigo. Gente que, no exercício de suas funções, se demite do direito de pensar, como fez Eichmann.

Elas não vestem apenas a camisa do serviço público, da empresa, da corporação (Igreja, clube, associação etc.) no qual trabalham ou frequentam. Vestem também a pele. São incapazes de juízo crítico frente a seus superiores, de discernimento nas ordens que recebem, de dizer “não” a quem estão hierarquicamente submetidas. Lembro de “Pudim”, um dos mais notórios torturadores do Deops de São Paulo, vinculado ao Esquadrão da Morte chefiado pelo delegado Sérgio Fleury. Ele foi incumbido de transportar o principal assessor de dom Helder Câmara, monsenhor Marcelo Carvalheira (que mais tarde viria a ser arcebispo de João Pessoa), do cárcere de São Paulo ao Dops de Porto Alegre, onde seria solto. Antes de pegar a estrada, a viatura parou à porta de uma casa de classe média baixa, em um bairro da capital paulista. Marcelo temeu por sua vida, julgou funcionar ali um centro clandestino de tortura e extermínio. Surpreendeu-se ao se deparar com uma cena bizarra: a mulher e os filhos pequenos de “Pudim” em torno da mesa preparada para o lanche. O preso ficou estarrecido ao ver o torturador como afetuoso pai e esposo...

Uma das áreas em que as pessoas mais se demitem do direito de pensar é a política. Em nome da ambição de galgar os degraus do poder, de manter uma função pública, de usufruir da amizade de poderosos, muitos abdicam do pensamento crítico, engolem a seco abusos de seus superiores, fazem vista grossa à corrupção, se abrem em sorrisos para quem, no íntimo, desprezam. Essa a banalidade do mal. Muitas vezes ele resulta da omissão, não da transgressão. Quem cala consente. Ou do rigoroso cumprimento de ordens que, em última instância, violam a ética e os direitos humanos. Assim, o mal viceja graças ao caráter invertebrado de subalternos que, como Eichmann, julgam que não podem ser punidos pelo genocídio de 6 milhões de pessoas, pois apenas cuidavam de embarcá-las nos trens, sem que elas tivessem noção de que seriam levadas como gado ao matadouro das câmaras de gás.

Dois exemplos da grandiosidade do bem temos, hoje, em Edward Snowden, o jovem estadunidense de 29 anos que ousou denunciar a assombrosa máquina de espionagem do governo dos EUA, capaz de violar a privacidade de qualquer usuário da internet, e no soldado Bradley Manning, de 25, que divulgou para o WikiLeaks 700 mil documentos sigilosos sobre a atuação criminosa da Casa Branca nas guerras do Iraque e do Afeganistão.

Quadrinhos

folha de são paulo
CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE
LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
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BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER
ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS
JIM DAVIS

Sonhos - Eduardo Almeida Reis

 
Só não posso desenhar a ilustre jurista com a qual tive sonho erótico recente: ninguém acreditaria
 

Nosso belo Doctor Oz, nome artístico do médico turco-americano Mehmet Cengiz Oz, que tem show de muito sucesso na tevê dos Estados Unidos, reuniu outro dia dois especialistas em interpretação dos sonhos. Antes, mostrou um quadro explicando como os sonhos acontecem em nossos cérebros.

Lembrei-me, então, dos sonhos recorrentes, que tornam a aparecer noite após noite durante meses ou anos. Faz tempo que não sonho o meu. Era curioso. Representava uma fazenda de terras cortadas por rodovia asfaltada, topografia muito razoável e uma casa de laje, sempre em construção, dois andares, com horríveis basculantes nas paredes externas.

Detesto basculantes mesmo nos banheiros. Janelas basculantes nas fachadas, então, deveriam ser proibidas por lei. Havia problemas de ocupação da casa nunca terminada, que ora tinha um pavimento alugado, ora estava livre para ser ocupada pelo sonhador. Meu avô, homem de admirável cultura, vivia falando de seus sonhos recorrentes: uma praia, possivelmente no litoral holando-belga (ele tinha sangue holandês), sempre a mesma praia com as raras construções que se repetiam em todos os sonhos. Muita vez me disse do seu desejo de contratar um pintor, que reproduzisse a cena descrita por ele tal como lhe aparecia nos sonhos, para tentar descobrir se havia litoral parecido naquela região europeia. Passou dos 90 e não realizou seu desejo de contratar o pintor.

Minha casa revestida de basculantes anda sumida, bem como as terras e a tal rodovia asfaltada. Se pintar no pedaço noturno, vou tentar fazer o desenho na manhã seguinte. Só não posso desenhar a ilustre jurista com a qual tive sonho erótico recente: ninguém acreditaria. Mais grave que isso: noite dessas, me contaram que a eminente jurisperita foi cacho de saudoso amigo meu. 


Mundo gastrô
Acredito em certos fatos e números quando publicados por jornalistas sérios, caso de Arthur Dapieve, o Dapi, figura excelentíssima, se bem que com os graves defeitos de ser botafoguense e gostar de comida japonesa. Isto posto, cuidemos dos fatos e dos números alinhados por ele numa crônica recente. 

O Japão tem 32 restaurantes três estrelas no guia Michelin, contra 26 da França. Tóquio tem 52 com duas estrelas e 179 com uma estrela. Agora, um fato que o leitor não vai acreditar, como também duvidei, mas aceito porque foi escrito pelo Dapi: há em Tóquio um restaurante para cada 25 habitantes. Ano passado, a cidade tinha 14.959.050 pessoas. Minha calculadora é chinesa, mas deve fazer cálculos sobre o Japão e informa que Tóquio tem cerca de 598 mil restaurantes. Isso mesmo: quinhentos e noventa e oito mil.

Um deles, do chef Jiro Ono, exige reservas com um mês de antecedência. Serve arroz especial plantado exclusivamente para o chef, que não gosta de arroz frio preferindo servi-lo na temperatura do corpo (36°C a 37,4°C). Seus aprendizes massageiam os polvos durante 45 minutos, considerando que massagens de meia hora não fazem que o molusco cefaló perca a consistência de borracha. Preço de uma refeição: 30 mil ienes ou R$ 615. E tem mais uma coisa: o felizardo gasta os 30 mil ienes em 15 minutos, tempo de duração de cada refeição. Vale notar que a casa tem 10 lugares de frente para o balcão – e só 10. Presumo que em duas horas Jiro Ono sirva cerca de 70 refeições. Deixo ao leitor a incumbência de uma ida a Tóquio para me contar se o restaurante abre também para o almoço, bem como para contar pessoalmente os restaurantes e ver se chegam mesmo aos 598 mil.


O mundo é uma bola 
14 de agosto de 1385: dom João I, de Portugal, e dom João I, de Castela, que morreria em 1390 de uma queda de cavalo, comandando as respectivas tropas, enfrentam-se na Batalha de Aljubarrota. A vitória portuguesa garante a independência e põe fim à crise de 1383-1385. Destacou-se na batalha o condestável dom Nuno Álvares Pereira, que matou castelhanos a montões. 

Patrono da infantaria portuguesa, citado 14 vezes por Luís Vaz de Camões em Os Lusíadas, dom Nuno (1360-1431), considerado o maior guerreiro português e gênio militar, foi canonizado pelo papa Bento XVI dia 26 de abril de 2009.

Filho natural decidido a manter-se virgem, Nuno foi obrigado a casar-se pelo pai, que lhe arranjou viúva rica. Depois, acho que se casou com outra e teve três filhos, dois meninos e uma menina. Só a menina sobreviveu. Quando perdeu a mulher, Nuno tornou-se carmelita e entrou para a ordem em 1423. Presumo que sua vida, contada por historiador sério, seja divertidíssima.

Em 1934, fundada a Fédération Universelle des Ordres et Sociétés Initiatiques, que estava dispensada da sigla FUDOSI. Seus esotéricos acabaram brigando e a FUDOSI foi dissolvida em 1951. Em 1945, rendição incondicional do Japão às forças aliadas. 

Em 1433 morreu o rei dom João I, de Portugal, filho ilegítimo do rei dom Pedro I. Foi o décimo rei português, o primeiro da Dinastia de Avis. Cognominado O de Boa Memória, não por sua habilidade mnemônica, mas pelo seu legado.