quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Foco
Folha de São Paulo
REINALDO JOSÉ LOPESEDITOR DE "CIÊNCIA+SAÚDE"Um crime que prescreveu há mais de 3.000 anos finalmente foi elucidado: o faraó Ramsés 3º foi mandado para o Outro Mundo por meio de uma facada na garganta, afirmam pesquisadores.
A conclusão vem de uma detalhada análise forense da múmia do monarca egípcio, despachado para o reino dos mortos no ano 1155 a.C., provavelmente. O estudo, que incluiu tomografias computadorizadas e análises de DNA, está na revista médica "BMJ".
A partir da leitura de um antigo texto egípcio, o chamado Papiro Judicial de Turim, já se sabia que Ramsés 3º tinha sofrido um atentado em seu harém. Os responsáveis parecem ter sido uma das esposas dele, a rainha Tiy, e o filho do casal, Pentawere.
O papiro, porém, dava a entender que o faraó havia conduzido o julgamento dos traidores -coisa que a tomografia demonstrou ter sido impossível. É que o golpe de faca cortou a traqueia, o esôfago e uma série de vasos sanguíneos grandes, chegando até a raspar uma das vértebras do pescoço. A morte deve ter sido instantânea.
A análise de DNA do estudo comparou, além disso, o cromossomo Y (a marca genética da masculinidade) do faraó com a múmia de um homem misterioso achada no mesmo complexo real onde Ramsés 3º foi enterrado.
Resultado: o mesmo cromossomo. Juntando isso ao fato de que o homem não identificado morreu por volta dos 20 anos de idade, os cientistas especulam que se trata de Pentawere, o príncipe traidor de seu pai.
A equipe do estudo foi liderada por Zahi Hawass, antigo czar de antiguidades do Egito, e pelo paleopatologista Albert Zink, da Academia Europeia em Bolzano, Itália.
Faraó morreu com golpe na garganta, afirma pesquisa em revista britânica
France Presse/Eurac | ||
A múmia do faraó Ramsés 3º |
A conclusão vem de uma detalhada análise forense da múmia do monarca egípcio, despachado para o reino dos mortos no ano 1155 a.C., provavelmente. O estudo, que incluiu tomografias computadorizadas e análises de DNA, está na revista médica "BMJ".
A partir da leitura de um antigo texto egípcio, o chamado Papiro Judicial de Turim, já se sabia que Ramsés 3º tinha sofrido um atentado em seu harém. Os responsáveis parecem ter sido uma das esposas dele, a rainha Tiy, e o filho do casal, Pentawere.
O papiro, porém, dava a entender que o faraó havia conduzido o julgamento dos traidores -coisa que a tomografia demonstrou ter sido impossível. É que o golpe de faca cortou a traqueia, o esôfago e uma série de vasos sanguíneos grandes, chegando até a raspar uma das vértebras do pescoço. A morte deve ter sido instantânea.
A análise de DNA do estudo comparou, além disso, o cromossomo Y (a marca genética da masculinidade) do faraó com a múmia de um homem misterioso achada no mesmo complexo real onde Ramsés 3º foi enterrado.
Resultado: o mesmo cromossomo. Juntando isso ao fato de que o homem não identificado morreu por volta dos 20 anos de idade, os cientistas especulam que se trata de Pentawere, o príncipe traidor de seu pai.
A equipe do estudo foi liderada por Zahi Hawass, antigo czar de antiguidades do Egito, e pelo paleopatologista Albert Zink, da Academia Europeia em Bolzano, Itália.
Pesquisa vai mapear saúde do brasileiro
Folha de São Paulo
JULIANA DAL PIVACOLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIOUma parceria entre o IBGE e o Ministério da Saúde vai resultar, a partir de 2013, em um pesquisa inédita que incluirá exames laboratoriais, além de levantamentos socioeconômicos, para traçar um perfil da saúde da população.
"A Pesquisa Nacional de Saúde vai unir as características socioeconômicas e demográficas da sociedade brasileira com a percepção de saúde e do acesso aos serviços. E inova trazendo exames. Os resultados vão subsidiar as ações públicas para a área de saúde", afirmou Wasmália Bivar, presidente do IBGE.
Serão pesquisados cerca de 80 mil domicílios em 1.600 cidades. Mas só serão submetidas a exames 16 mil pessoas, que passarão por coleta de sangue e urina, medição de altura, peso e gordura corporal e aferição da pressão.
O Hospital Sírio-Libanês será o responsável por contratar as coletas com um consórcio formado pelas redes de laboratórios Fleury e Dasa. Já o IBGE fará os questionários e as medições de altura, peso e pressão arterial.
O orçamento para o projeto é de R$ 19 milhões, mas o hospital não receberá verba do ministério para os exames, já que é registrado como entidade beneficente e recebe isenções fiscais.
De acordo com o ministério, o levantamento é uma iniciativa promovida dentro do Plano de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis, que espera traçar um quadro dos hábitos de alimentação, tabagismo, uso de bebidas alcoólicas, prática de atividade física e fatores associados a comportamentos não saudáveis da população.
Cerca de 72% das mortes no país são referentes às doenças crônicas como câncer, males respiratórios e diabetes. Esses problemas são causados por fatores como tabagismo, consumo excessivo de álcool e sódio e obesidade.
Segundo Deborah Malta, diretora de análise de situação em saúde do ministério, o questionário terá perguntas sobre idosos, deficiências e o parto das mulheres.
A coleta dos dados vai levar cerca de três meses. Os primeiros resultados devem ser conhecidos em 2014.
Atualmente o ministério monitora dados de saúde e de hábitos da população por meio da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), pesquisa realizada por telefone no país.
O Vigitel seguirá sendo feito e complementará a Pesquisa Nacional de Saúde, que vai ser realizada a cada três anos.
Perfil será traçado a partir de levantamento nacional com 80 mil domicílios; 16 mil pessoas passarão por exames
Parte dos voluntários será submetida a testes de sangue e urina além de medição do peso, da altura e da pressão
"A Pesquisa Nacional de Saúde vai unir as características socioeconômicas e demográficas da sociedade brasileira com a percepção de saúde e do acesso aos serviços. E inova trazendo exames. Os resultados vão subsidiar as ações públicas para a área de saúde", afirmou Wasmália Bivar, presidente do IBGE.
Serão pesquisados cerca de 80 mil domicílios em 1.600 cidades. Mas só serão submetidas a exames 16 mil pessoas, que passarão por coleta de sangue e urina, medição de altura, peso e gordura corporal e aferição da pressão.
O Hospital Sírio-Libanês será o responsável por contratar as coletas com um consórcio formado pelas redes de laboratórios Fleury e Dasa. Já o IBGE fará os questionários e as medições de altura, peso e pressão arterial.
O orçamento para o projeto é de R$ 19 milhões, mas o hospital não receberá verba do ministério para os exames, já que é registrado como entidade beneficente e recebe isenções fiscais.
De acordo com o ministério, o levantamento é uma iniciativa promovida dentro do Plano de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis, que espera traçar um quadro dos hábitos de alimentação, tabagismo, uso de bebidas alcoólicas, prática de atividade física e fatores associados a comportamentos não saudáveis da população.
Cerca de 72% das mortes no país são referentes às doenças crônicas como câncer, males respiratórios e diabetes. Esses problemas são causados por fatores como tabagismo, consumo excessivo de álcool e sódio e obesidade.
Segundo Deborah Malta, diretora de análise de situação em saúde do ministério, o questionário terá perguntas sobre idosos, deficiências e o parto das mulheres.
A coleta dos dados vai levar cerca de três meses. Os primeiros resultados devem ser conhecidos em 2014.
Atualmente o ministério monitora dados de saúde e de hábitos da população por meio da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), pesquisa realizada por telefone no país.
O Vigitel seguirá sendo feito e complementará a Pesquisa Nacional de Saúde, que vai ser realizada a cada três anos.
MARCOS COIMBRA » 2012 na política: as eleições municipais
Estado de Minas: 19/12/2012
No balanço dos principais acontecimentos políticos do ano, as eleições de outubro têm lugar garantido. De um lado, porque eleições sempre são importantes. São raros os momentos em que o conjunto de um país se expressa de maneira direta e, em nossa tradição, menos frequentes que na de outros.Desde a redemocratização, entre referendos e plebiscitos, só fizemos dois de âmbito nacional. O costume de convocá-los sempre, tão característico da cultura política norte-americana, nunca se enraizou no Brasil.
Restam-nos, portanto, apenas as consultas em que, a cada dois anos, são ouvidos os cidadãos para escolher os ocupantes dos cargos eletivos no Executivo e no Legislativo.
Nelas, ninguém fala pelas pessoas, ninguém tem o direito de se atribuir o conhecimento do que elas querem. Estão dispensados os intérpretes e os bem-intencionados que julgam saber o que é “bom para o povo”.
De outro lado, as eleições municipais deste ano se tornaram mais relevantes por acontecer em um momento de forte tensão em nosso sistema político. A sucessão presidencial está chegando e as oposições andam nervosas.
A perspectiva de um nova vitória do PT em 2014, sugerida pelas pesquisas que dão folgada vantagem para Dilma ou Lula, cria um cenário preocupante para todos os adversários, especialmente à direita.
Confirmado esse prognóstico e depois do quarto mandato petista seguido, quem apostaria em uma mudança em 2018? Teria o PT condições de realizar o desejo tucano de permanecer 20 anos à frente da Presidência da República? E o que viria na sequência?
Tentando fazer desde logo o possível para evitar esse futuro, as oposições politizaram e nacionalizaram o processo de escolha de prefeitos e vereadores para além do habitual. Pensando adiante, decidiram entrar na eleição local com o que julgavam força máxima.
Atuaram em duas frentes. Investiram pesado na estratégia de desgastar a imagem do PT, esperando com isso prejudicar seus candidatos e preparar um discurso para os próximos meses. Escalaram seu “grande campeão”, o ex-governador José Serra, para vencer a simbólica batalha paulista.
Os partidos da oposição e a mídia conservadora fizeram tudo que estava a seu alcance. Na desconstrução do PT, bombando o julgamento do mensalão, no esforço de torná-lo o “maior escândalo de nossa história política”. Para eleger Serra, o que puderam.
Como sabemos, não deu certo. O PT venceu onde tinha que vencer e perdeu onde tinha que perder, sem que a vasta maioria dos eleitores fosse afetada pelo estardalhaço armado pela mídia. Teve em São Paulo uma saborosa vitória, não apenas pela derrota que impôs a Serra, mas por ter feito de Fernando Haddad um nome de óbvio futuro na política estadual e nacional.
Entre 1996 e 2000, PSDB e DEM cresceram no número de prefeituras conquistadas, indo de 1.851 para 2.018. Nas eleições legislativas, foram de 152 deputados federais em 1994 a 204, em 1998. Voltaram a 154, em 2002, quando Lula obteve seu primeiro mandato.
De 2000 para cá, os dois partidos sistematicamente perderam bases municipais: 1.350 prefeituras em 2004, 1.282 em 2008 e 980 este ano. Na Câmara dos Deputados, suas bancadas vieram de 131, em 2006, para os 96 que elegeram em 2010.
São números que sugerem haver relação estreita entre os dois processos. Partidos que se saem mal na eleição municipal tendem a diminuir de tamanho na representação na Câmara.
É o horizonte dos dois maiores partidos de oposição. Com metade das prefeituras que tinham na época de Fernando Henrique, vão para 2014 se arriscando a não passar de discreta minoria no futuro Congresso.
Mais que a contabilidade de quem venceu aqui ou acolá, esse é o saldo da eleição municipal de 2012.
Fernando Brant - Os do Norte e as armas
Estado de Minas: 19/12/2012
Como gostam de matar esses americanos do Norte. Sua história é rica em violência e conquistas à força de balas. Quando expulsaram os ingleses e resolveram fazer daquele imenso território uma nação, havia um mundo para desbravar. Era natural o uso de armas para defender as propriedades de que tinham se apoderado. Tempos primitivos e perigosos, anteriores à construção da democracia e da liberdade proclamadas pelos pais da pátria.
Mesmo nos primeiros 100 anos de edificação dos Estados Unidos da América do Norte era compreensível que todos se armassem. Isso justifica a emenda que garante a todos a posse de armamento. Impossível continua sendo aceitar o extermínio dos índios, os primeiros habitantes. Lembro-me de assistir a filmes de John Ford, como Cheyenne autumn, Crepúsculo de uma raça, vigorosa e bela obra-prima generosa com os perdedores.
Quanto aos revólveres e rifles, passei a infância assistindo a seriados e filmes de bangue-bangue, torcendo pelos mocinhos e vaiando os bandidos. Aquelas perseguições a cavalo, quanta emoção, por mais que se repetissem semana após semana. E qual menino, nas brincadeiras de ruas, ao pegar o adversário, não gritou com convicção “camonebói”? É a resposta, nada sabíamos de inglês, era levantar os braços, maneira de se declarar vencido.
Ao longo dos dois últimos séculos, a fome imperialista e colonizadora dos americanos do Norte só aumentou. Tomaram dos mexicanos suas terras mais valiosas: Texas, Califórnia, Novo México, Arizona e por aí foram. Porto Rico eles tomaram dos espanhóis. Na compra e na força foram aumentando suas posses.
Com o ar superior, certamente herdado dos ingleses, chegaram ao ponto máximo de se considerar donos do mundo. E meteram o nariz em tudo quanto é canto. Algumas vezes para propagandear os valores democráticos. E dezenas de vezes para vender seus produtos, abocanhar tesouros dos povos dominados.
São uma nação onde cabe uma cidade como Nova York, uma pólis mundial que acolhe povos de todos os cantos da Terra, e estados racistas, machistas e reacionários até a raiz dos cabelos. Vivem se matando em nome da liberdade de se armar. Os Charltons Hestons não parecem acreditar que a humanidade caminha em busca da civilização e que não estamos mais nos princípios da formação de seu país. O que era compreensível no nascimento da nação é indefensável em nossos dias, século 21. A emenda que permite essa selvageria tem de ser banida da vida dos norte-americanos.
Afinal, eles matam crianças, não matam?
Mesmo nos primeiros 100 anos de edificação dos Estados Unidos da América do Norte era compreensível que todos se armassem. Isso justifica a emenda que garante a todos a posse de armamento. Impossível continua sendo aceitar o extermínio dos índios, os primeiros habitantes. Lembro-me de assistir a filmes de John Ford, como Cheyenne autumn, Crepúsculo de uma raça, vigorosa e bela obra-prima generosa com os perdedores.
Quanto aos revólveres e rifles, passei a infância assistindo a seriados e filmes de bangue-bangue, torcendo pelos mocinhos e vaiando os bandidos. Aquelas perseguições a cavalo, quanta emoção, por mais que se repetissem semana após semana. E qual menino, nas brincadeiras de ruas, ao pegar o adversário, não gritou com convicção “camonebói”? É a resposta, nada sabíamos de inglês, era levantar os braços, maneira de se declarar vencido.
Ao longo dos dois últimos séculos, a fome imperialista e colonizadora dos americanos do Norte só aumentou. Tomaram dos mexicanos suas terras mais valiosas: Texas, Califórnia, Novo México, Arizona e por aí foram. Porto Rico eles tomaram dos espanhóis. Na compra e na força foram aumentando suas posses.
Com o ar superior, certamente herdado dos ingleses, chegaram ao ponto máximo de se considerar donos do mundo. E meteram o nariz em tudo quanto é canto. Algumas vezes para propagandear os valores democráticos. E dezenas de vezes para vender seus produtos, abocanhar tesouros dos povos dominados.
São uma nação onde cabe uma cidade como Nova York, uma pólis mundial que acolhe povos de todos os cantos da Terra, e estados racistas, machistas e reacionários até a raiz dos cabelos. Vivem se matando em nome da liberdade de se armar. Os Charltons Hestons não parecem acreditar que a humanidade caminha em busca da civilização e que não estamos mais nos princípios da formação de seu país. O que era compreensível no nascimento da nação é indefensável em nossos dias, século 21. A emenda que permite essa selvageria tem de ser banida da vida dos norte-americanos.
Afinal, eles matam crianças, não matam?
Neville D'Almeida lança o romance A dama da internet - Mariana Peixoto
Sexo sem culpa
Neville D'Almeida lança o romance A dama da internet, pensado como roteiro para cinema. Diretor de A dama do lotação, escritor aposta na onda erótica com tempero bem brasileiro
Neville D'Almeida lança o romance A dama da internet, pensado como roteiro para cinema. Diretor de A dama do lotação, escritor aposta na onda erótica com tempero bem brasileiro
Mariana Peixoto
Estado de Minas: 19/12/2012
Trinta e quatro anos separam Solange de Luísa. Mas alguns fatos as unem. O principal deles é o trauma que ambas sofrem na noite de núpcias. Solange é estuprada pelo marido. Luísa não chega a tanto, mas sua primeira noite depois de casada deixa muitíssimo a desejar. A partir disso, cada uma tenta trabalhar sua sexualidade de uma maneira. Solange começa a fazer sexo com desconhecidos que encontra na lotação. Luísa, depois de descobrir-se traída, decide se vingar do marido utilizando as redes sociais como arma.
Solange é A dama do lotação, personagem-título da novela homônima de Nelson Rodrigues que ganhou vida na figura de Sônia Braga, levando, em 1978, 6,5 milhões de pessoas aos cinemas (está entre as 10 maiores bilheterias da cinematografia brasileira). Luísa é A dama da internet (Casa da Palavra), por ora com forma apenas no papel. A dupla de “damas” traz ainda em comum o nome de Neville D’Almeida. O cineasta, também artista plástico, ator e roteirista, estreia agora como romancista com A dama da internet.
E avisa: mesmo com as similaridades, cada uma fala a língua de seu próprio tempo. “Comparada com Solange, Luísa é uma mulher cerebral, que está em busca da libertação existencial. Para Luísa, o sexo é meio que consequência. Ela vai além dele, não é esquizofrênica como a outra”, afirma Neville, belo-horizontino de 71 anos, radicado há meio século no Rio de Janeiro.
De leitura rápida e fácil, A dama da internet mostra uma garota aparentemente comum que sonha com o tradicional “felizes para sempre” dar uma virada na vida. Tem o casamento dos sonhos com o homem que sempre quis, vai morar em casa em condomínio, com tudo à disposição. Mas as coisas não saem como o previsto e, a partir do momento em que Luísa engendra vingança contra o marido traidor, ela também descobre um mundo novo graças à internet, sem as amarras a que estava acostumada.
Pano para manga para uma continuação ele tem, mas antes espera que a saga de Luísa chegue aos cinemas. A narrativa, por sinal, nasceu de um roteiro, que Neville começou a trabalhar há cinco anos. “Pensava até em publicá-lo como roteiro. Quando recebi o convite (do empresário Ricardo Amaral, curador da editora Casa da Palavra), precisei de 30 segundos para aceitar.” Fez várias adaptações, criando novos personagens e situações. A escrita, como não poderia deixar de ser, é muito cinematográfica.
Mas o sexo, mesmo que presente nas quase 200 páginas do romance, é mais sugerido do que colocado em prática. “Ainda que a dramaturgia sexual exista o tempo inteiro, o que mais atrai a personagem é o poder da mulher, que é uma coisa quase sexual. Esse tipo de prazer é até mais duradouro”, finaliza.
Três perguntas para...
Neville D’Almeida
Romancista e cineasta
A dama da internet está sendo lançado no fim de um ano marcado pela explosão editorial do chamado pornô light através de Cinquenta tons de cinza. Houve alguma influência disso para o seu romance?
Não. Eu dei uma olhada nesse 67 tons de azul marinho (risos). Li umas 60 páginas, mas só isso. Nunca pensei dessa maneira, ainda que ache bacana essa coincidência. Mas o meu livro tem um padrão existencial. Nos outros, é a mesma história sempre: um homem bonito transando com uma mulher chata. Não dão tesão, pois são histórias de como o dinheiro compra tudo. O conceito desses livros é do século passado. Essa ideia de sempre dá para comprar uma mulher é secular.
Como você analisa a sexualidade na literatura brasileira?
Existe aquela irresponsável, de autoajuda, e existe outra, totalmente sexualizada, mas sem nenhuma profundidade. Ela está ligada à indústria do corpo, do cosmético, da operação plástica. Isso não resolve nada, pois não toca na questão mais importante, que é existencial. Para mim o sexo está resolvido: a mulher quer ser como o homem. Ela hoje admite a possibilidade de encontrar na noite um cara que a atrai e fazer sexo com ele. Mas o que não está resolvido e que ainda paira no ar é a culpa. Acho que o próximo passo é que a mulher consiga fazer sexo sem sentir culpa.
Navalha na carne, seu último filme, já tem 15 anos. Sente muita dificuldade em lançar filmes?
O cinema brasileiro é totalmente irresponsável, de apadrinhamento, cartorial. Hoje, não é preciso que um filme dê certo. Você só precisa de boas amizades nas comissões. Todo mundo já ganha antes. Existem bons cineastas que lutam por bons resultados, como Sérgio Rezende, José Padilha, Marcos Prado. Há outros, como Cláudio Assis e o Fábio Carvalho, aí de Minas, que gosto muito e ninguém fala dele. Sou recordista do cinema brasileiro. Entre 1978 e 2010, vendi dez milhões de ingressos como A dama do lotação (1978), Os sete gatinhos (1980) e Rio Babilônia (1982). Então, como um cineasta com esse méritos está sem filmar? Por incompetência desses produtores despachantes que fazem esse cineminha chapa-branca. Pois vou voltar ao cinema comercial com A dama da internet. Não será um filme, mas um acontecimento cinematográfico.
TRECHO
“Luísa continuou da mesma maneira que estava. Sem calcinha, sentada na espreguiçadeira, esperando. Gaspar continuava tentando se soltar, mas aos poucos se dava por vencido. Sabia que não conseguiria escapar dessa. Depois de alguma espera, finalmente a campainha da suíte tocou. Luísa vestiu um roupão e foi atender a porta, como se estivesse em sua casa, recebendo uma amiga para tomar um café. Gina entrou nervosa, enlouquecida, e viu seu marido amarrado na coluna, com uma calcinha na boca. Foi para cima de Luísa.”
A DAMA DA INTERNET
. De Neville D’Almeida
. Editora Casa da Palavra
. 198 páginas, R$ 24,90.
Solange é A dama do lotação, personagem-título da novela homônima de Nelson Rodrigues que ganhou vida na figura de Sônia Braga, levando, em 1978, 6,5 milhões de pessoas aos cinemas (está entre as 10 maiores bilheterias da cinematografia brasileira). Luísa é A dama da internet (Casa da Palavra), por ora com forma apenas no papel. A dupla de “damas” traz ainda em comum o nome de Neville D’Almeida. O cineasta, também artista plástico, ator e roteirista, estreia agora como romancista com A dama da internet.
E avisa: mesmo com as similaridades, cada uma fala a língua de seu próprio tempo. “Comparada com Solange, Luísa é uma mulher cerebral, que está em busca da libertação existencial. Para Luísa, o sexo é meio que consequência. Ela vai além dele, não é esquizofrênica como a outra”, afirma Neville, belo-horizontino de 71 anos, radicado há meio século no Rio de Janeiro.
De leitura rápida e fácil, A dama da internet mostra uma garota aparentemente comum que sonha com o tradicional “felizes para sempre” dar uma virada na vida. Tem o casamento dos sonhos com o homem que sempre quis, vai morar em casa em condomínio, com tudo à disposição. Mas as coisas não saem como o previsto e, a partir do momento em que Luísa engendra vingança contra o marido traidor, ela também descobre um mundo novo graças à internet, sem as amarras a que estava acostumada.
Pano para manga para uma continuação ele tem, mas antes espera que a saga de Luísa chegue aos cinemas. A narrativa, por sinal, nasceu de um roteiro, que Neville começou a trabalhar há cinco anos. “Pensava até em publicá-lo como roteiro. Quando recebi o convite (do empresário Ricardo Amaral, curador da editora Casa da Palavra), precisei de 30 segundos para aceitar.” Fez várias adaptações, criando novos personagens e situações. A escrita, como não poderia deixar de ser, é muito cinematográfica.
Mas o sexo, mesmo que presente nas quase 200 páginas do romance, é mais sugerido do que colocado em prática. “Ainda que a dramaturgia sexual exista o tempo inteiro, o que mais atrai a personagem é o poder da mulher, que é uma coisa quase sexual. Esse tipo de prazer é até mais duradouro”, finaliza.
Três perguntas para...
Neville D’Almeida
Romancista e cineasta
A dama da internet está sendo lançado no fim de um ano marcado pela explosão editorial do chamado pornô light através de Cinquenta tons de cinza. Houve alguma influência disso para o seu romance?
Não. Eu dei uma olhada nesse 67 tons de azul marinho (risos). Li umas 60 páginas, mas só isso. Nunca pensei dessa maneira, ainda que ache bacana essa coincidência. Mas o meu livro tem um padrão existencial. Nos outros, é a mesma história sempre: um homem bonito transando com uma mulher chata. Não dão tesão, pois são histórias de como o dinheiro compra tudo. O conceito desses livros é do século passado. Essa ideia de sempre dá para comprar uma mulher é secular.
Como você analisa a sexualidade na literatura brasileira?
Existe aquela irresponsável, de autoajuda, e existe outra, totalmente sexualizada, mas sem nenhuma profundidade. Ela está ligada à indústria do corpo, do cosmético, da operação plástica. Isso não resolve nada, pois não toca na questão mais importante, que é existencial. Para mim o sexo está resolvido: a mulher quer ser como o homem. Ela hoje admite a possibilidade de encontrar na noite um cara que a atrai e fazer sexo com ele. Mas o que não está resolvido e que ainda paira no ar é a culpa. Acho que o próximo passo é que a mulher consiga fazer sexo sem sentir culpa.
Navalha na carne, seu último filme, já tem 15 anos. Sente muita dificuldade em lançar filmes?
O cinema brasileiro é totalmente irresponsável, de apadrinhamento, cartorial. Hoje, não é preciso que um filme dê certo. Você só precisa de boas amizades nas comissões. Todo mundo já ganha antes. Existem bons cineastas que lutam por bons resultados, como Sérgio Rezende, José Padilha, Marcos Prado. Há outros, como Cláudio Assis e o Fábio Carvalho, aí de Minas, que gosto muito e ninguém fala dele. Sou recordista do cinema brasileiro. Entre 1978 e 2010, vendi dez milhões de ingressos como A dama do lotação (1978), Os sete gatinhos (1980) e Rio Babilônia (1982). Então, como um cineasta com esse méritos está sem filmar? Por incompetência desses produtores despachantes que fazem esse cineminha chapa-branca. Pois vou voltar ao cinema comercial com A dama da internet. Não será um filme, mas um acontecimento cinematográfico.
TRECHO
“Luísa continuou da mesma maneira que estava. Sem calcinha, sentada na espreguiçadeira, esperando. Gaspar continuava tentando se soltar, mas aos poucos se dava por vencido. Sabia que não conseguiria escapar dessa. Depois de alguma espera, finalmente a campainha da suíte tocou. Luísa vestiu um roupão e foi atender a porta, como se estivesse em sua casa, recebendo uma amiga para tomar um café. Gina entrou nervosa, enlouquecida, e viu seu marido amarrado na coluna, com uma calcinha na boca. Foi para cima de Luísa.”
A DAMA DA INTERNET
. De Neville D’Almeida
. Editora Casa da Palavra
. 198 páginas, R$ 24,90.
Ciência-ENTREVISTA/ROGER D. LAUNIUS » O espaço pertence aos robôs
Astrônomo americano fala sobre como as máquinas são essenciais para o estudo de planetas e outras áreas do Universo
“Um pequeno passo para o homem, um gigantesco salto para a humanidade.” Os primeiros passos de Neil Armstrong na superfície lunar mudaram o mundo, e acenderam a esperança de que a humanidade em breve conquistaria o cenário intergaláctico com colônias pelo espaço. Mal sabiam os homens da época, que passaram a ilustrar donas de casa em trajes espaciais e casas construídas sob bolhas na Lua, que o Universo pertenceria, na verdade, aos robôs.
A cruel superfície marciana, as longas viagens e os perigos desconhecidos do espaço são demais para o frágil corpo humano. Enquanto as pessoas não puderem equipar seus corpos com estruturas mais resistentes a esse tipo de aventura interplanetária, a saída é investir na segurança da tecnologia. A estratégia pode não ser tão poética quanto as pegadas de Armstrong no satélite natural da Terra, mas as máquinas vão para onde forem enviadas, trabalham dia e noite e não precisam retornar à Terra.
Esse foi o ponto discutido pelo astrônomo americano Roger D. Launius, durante palestra promovida pelo projeto Esquina da Ciência, organizado pela Embaixada dos Estados Unidos e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Curador da Divisão de História Espacial do Smithsonian, um dos principais museus científicos do mundo, localizado em Washington, o especialista mostrou como a necessidade de explorar novas fronteiras levou à produção de uma nova geração de astronautas, verdadeiros cientistas de metal que se tornaram os olhos e os ouvidos humanos em outros planetas.
O investimento em tecnologia e a valorização da vida, apontou Lauius, deu início a uma verdadeira dominação robótica, que mudou o rumo da exploração espacial. E agora essa tendência chega a seu auge. Mal o robô Curiosity começa a conhecer os cenários de Marte, a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) anuncia uma série de novas missões que deve culminar no envio de uma nova máquina motorizada para o Planeta Vermelho em 2020. Em entrevista ao Estado de Minas, o astrônomo estendeu essa discussão e apontou como os avanços tecnológicos têm levado o homem a novas fronteiras espaciais, mesmo que remotamente.
Por que as pessoas precisam ir ao espaço? Qual é o motivo que as leva a ter esse desejo?
Há cinco razões para ir ao espaço. Três delas não precisam de pessoas. A primeira é científica, e fazemos isso muito bem com robôs, indo a todos os tipos de lugares. A segunda razão é a segurança nacional. Com satélites de reconhecimento e tudo o mais, mas isso não pede um humano no espaço. O terceiro motivo é econômico. Podemos fazer dinheiro com satélites de comunicação e sistemas de navegação. Mas há duas razões que precisam de humanos. E elas são na verdade inevitáveis. Uma é a própria natureza humana, que sempre quer mais. Quer escalar a montanha, cruzar o oceano, ir para outro lugar em que nunca esteve. A última razão é a mais inevitável, porque no fim das contas nós temos de sair desse planeta. Se não, nós seremos extintos, e essa é uma certeza de 100%. Arthur C. Clarke dizia que, se os dinossauros tivessem um programa espacial, eles não teriam acabado.
Ao enviar os robôs para o espaço, esperamos receber informações deles em troca, e a distância parece ser um grande obstáculo para isso. Como o senhor imagina que possam ser superados esses desafios da distância com relação à comunicação?
O tempo que leva para a comunicação é uma lacuna enorme, para qualquer atividade espacial, seja com humanos ou robôs. Os robôs que estão indo para Marte não podem ser simplesmente colocados ali e dirigidos com um controle. Gostaríamos de fazer isso, mas, por causa da diferença de tempo que leva para a informação transitar entre a Terra e Marte, a comunicação leva muitos minutos, o que impede que façamos atividades em tempo real. Estamos trabalhando muito no contexto de planetas terrestres, como Marte, Vênus, talvez Mercúrio, onde vamos colocar sistemas de comunicação. Isso melhoraria um pouco as coisas, mas não resolve o problema da latência, simplesmente temos de viver com isso. Não há comunicador subespacial como o que usam em Jornada nas estrelas, que permitem a comunicação instantaneamente.
Os robôs têm um papel de ajudantes ou de astronautas? O sonho de levar o homem a novos lugares no espaço ainda existe?
Vamos mandar pessoas para o espaço para fazer muitas coisas. Agora, vamos focar na estação espacial internacional e em todos os programas tripulados programados para a próxima década. Depois disso, há possibilidade de retomarmos alguma missão tripulada à Lua, e essa pode ser uma viagem de “acampamento”, alguma atividade do tipo Apollo. Mas há um monte de pessoas que não querem ir para a Lua, desejam viajar para Marte. É aí que está a excitação. Essa, porém, é uma tarefa muito mais difícil. Você pode chegar à Lua em três dias, mas leva meses para ir a Marte. E mais nove para voltar. Além disso, por causa dos padrões orbitais entre a Terra e o Planeta Vermelho, você precisaria ficar ali por alguns meses. O que significa que você teria de ter habitats resistentes à radiação, ter todos os recursos que precisa para se manter por esse tempo e tudo o mais. Não é uma tarefa fácil. Sabemos como construir foguetes maiores, como construir habitats, mas manter pessoas lá é um desafio completamente diferente.
Há uma tentativa de reproduzir os sentidos e habilidades humanas nos robôs. Mas há como melhorar suas perfomances, prevendo as diversas situações que podem enfrentar e minimizar riscos?
Podemos equipar nossos robôs com sensores que nos permitam ver coisas, passar por experiências, fazer medições além da capacidade humana. Podemos construir telescópios que podem ver ondas de rádio, ultravioleta e raios gama. A única coisa que não podemos fazer com robôs, pelo menos não ainda, é criá-los de uma forma que eles possam tomar muitas decisões. A maravilha da humanidade é a habilidade de ver, analisar e agir. E isso não existe para robôs. Eles são muito bons em executar tarefas programadas. Além disso, se forem confrontados com algo além do comum, eles não fazem um bom trabalho. E não estamos nem perto de poder criar autonomia nos robôs. Até que isso aconteça, eles não vão substituir os humanos no sentido real.
Nas décadas de 1950 e 1960, no início da corrida espacial, as pessoas imaginavam que existiriam exploradores como o Curiosity?
Em 1950, as pessoas não achavam que isso seria possível. A revolução eletrônica surpreendeu a todos. Em 1963, em um feira mundial de tecnologia, em Nova York, várias coisas eram destacadas como o que veríamos no futuro. Videofones, carros que se dirigem sozinhos e tudo o mais. Há coisas que acontecem que você nunca previu, outras, você prevê, mas nunca se tornam realidade. Onde esta meu jetpack? Eu continuo perguntando isso (risos).
Quando se fala em robôs no espaço, as pessoas pensam em modelos como o C3PO ou R2D2, de Guerra nas estrelas. Mas o que se espera hoje de um robô que vai para o espaço?
Você quer o maior número de instrumentos possível para medição. Há sensores, câmeras, brocas, mecanismos. Talvez um pequeno laboratório, onde se possa colocar um pedaço da superfície marciana para analisá-la ou algo assim. Instrumentos de perfuração, para q possa cavar o chão. Esse tipo de coisa é a chave, uma combinação de instrumentos, eletrônica e coisas mecânicas que você possa manipular.
O Curiosity surpreendeu a todos com suas várias ferramentas.
Como deve ser o próximo veículo enviado pela Nasa a Marte?
Ele será um pouco maior e terá mais capacidade de operar por períodos mais longos. Mas há uma sequência de missões previstas para Marte. Há outro rover, um satélite e a discussão sobre um avião, o que seria muito legal. Apesar de fina, há uma atmosfera em Marte. Então, algo pequeno o suficiente e com asas grandes pode voar lá. Ele iria mais longe e tiraria fotos do alto, seria muito bacana. Mas a coisa em que todos estão focados e que pode ser feita em 10 anos é uma missão que traga à Terra amostras da superfície de Marte.
Qual deve ser a nova tecnologia que vai ajudar robôs e
humanos em viagens espaciais?
O que realmente precisamos buscar é a tecnologia para sair deste planeta. Melhores foguetes ou algum tipo de alternativa. Uma das coisas que fizemos com a nossa tecnologia de foguetes, e não só os americanos, mas todos os que têm um foguete, incluindo o Brasil, foi torná-la mais confiável, mais capaz, mais fácil de operar e menos cara. Em cada geração, nós melhoramos apenas um pouco. E estamos para atingir o ponto em que não poderemos fazer muito mais. Eu acho que nós estamos sob a mesma maldição que afetava a aeronáutica nos anos 1940. Quando tínhamos aviões muito bons, mas, para atingir o próximo nível, tínhamos de ir para os jatos. E era um tipo diferente de tecnologia. Podemos fazer isso com foguetes? Eu não sei o que poderia estar nessa categoria. Há muitas ideias, e algumas são muito legais. Mas nenhuma delas existe no presente.
Que ideias são essas?
Coisas como a maglev, uma superfície magnética espacial de levitação. Ela fica nesse grande trilho de metal, que é um ímã, e pode voar a grandes velocidades em um ângulo pela lateral de uma montanha e passar por sua órbita. É algo como um elevador espacial, uma ideia fascinante. Na teoria, podemos construir um, mas é muito difícil. Há vários tipos de coisas assim, como um laser que pode levantar uma aeronave. Parece um pouco com o que chamamos de discos voadores, porque são redondos e voam usando o poder do laser. Pessoas estão trabalhando nisso, é fantástico. O aparelho levitou uns 15m. Mas essa é a tecnologia nova. Ninguém sabe (a que resultados pode chegar).
Roberta Machado
Estado de Minas: 19/12/2012 04:00
“Um pequeno passo para o homem, um gigantesco salto para a humanidade.” Os primeiros passos de Neil Armstrong na superfície lunar mudaram o mundo, e acenderam a esperança de que a humanidade em breve conquistaria o cenário intergaláctico com colônias pelo espaço. Mal sabiam os homens da época, que passaram a ilustrar donas de casa em trajes espaciais e casas construídas sob bolhas na Lua, que o Universo pertenceria, na verdade, aos robôs.
A cruel superfície marciana, as longas viagens e os perigos desconhecidos do espaço são demais para o frágil corpo humano. Enquanto as pessoas não puderem equipar seus corpos com estruturas mais resistentes a esse tipo de aventura interplanetária, a saída é investir na segurança da tecnologia. A estratégia pode não ser tão poética quanto as pegadas de Armstrong no satélite natural da Terra, mas as máquinas vão para onde forem enviadas, trabalham dia e noite e não precisam retornar à Terra.
Esse foi o ponto discutido pelo astrônomo americano Roger D. Launius, durante palestra promovida pelo projeto Esquina da Ciência, organizado pela Embaixada dos Estados Unidos e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Curador da Divisão de História Espacial do Smithsonian, um dos principais museus científicos do mundo, localizado em Washington, o especialista mostrou como a necessidade de explorar novas fronteiras levou à produção de uma nova geração de astronautas, verdadeiros cientistas de metal que se tornaram os olhos e os ouvidos humanos em outros planetas.
O investimento em tecnologia e a valorização da vida, apontou Lauius, deu início a uma verdadeira dominação robótica, que mudou o rumo da exploração espacial. E agora essa tendência chega a seu auge. Mal o robô Curiosity começa a conhecer os cenários de Marte, a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) anuncia uma série de novas missões que deve culminar no envio de uma nova máquina motorizada para o Planeta Vermelho em 2020. Em entrevista ao Estado de Minas, o astrônomo estendeu essa discussão e apontou como os avanços tecnológicos têm levado o homem a novas fronteiras espaciais, mesmo que remotamente.
Por que as pessoas precisam ir ao espaço? Qual é o motivo que as leva a ter esse desejo?
Há cinco razões para ir ao espaço. Três delas não precisam de pessoas. A primeira é científica, e fazemos isso muito bem com robôs, indo a todos os tipos de lugares. A segunda razão é a segurança nacional. Com satélites de reconhecimento e tudo o mais, mas isso não pede um humano no espaço. O terceiro motivo é econômico. Podemos fazer dinheiro com satélites de comunicação e sistemas de navegação. Mas há duas razões que precisam de humanos. E elas são na verdade inevitáveis. Uma é a própria natureza humana, que sempre quer mais. Quer escalar a montanha, cruzar o oceano, ir para outro lugar em que nunca esteve. A última razão é a mais inevitável, porque no fim das contas nós temos de sair desse planeta. Se não, nós seremos extintos, e essa é uma certeza de 100%. Arthur C. Clarke dizia que, se os dinossauros tivessem um programa espacial, eles não teriam acabado.
Ao enviar os robôs para o espaço, esperamos receber informações deles em troca, e a distância parece ser um grande obstáculo para isso. Como o senhor imagina que possam ser superados esses desafios da distância com relação à comunicação?
O tempo que leva para a comunicação é uma lacuna enorme, para qualquer atividade espacial, seja com humanos ou robôs. Os robôs que estão indo para Marte não podem ser simplesmente colocados ali e dirigidos com um controle. Gostaríamos de fazer isso, mas, por causa da diferença de tempo que leva para a informação transitar entre a Terra e Marte, a comunicação leva muitos minutos, o que impede que façamos atividades em tempo real. Estamos trabalhando muito no contexto de planetas terrestres, como Marte, Vênus, talvez Mercúrio, onde vamos colocar sistemas de comunicação. Isso melhoraria um pouco as coisas, mas não resolve o problema da latência, simplesmente temos de viver com isso. Não há comunicador subespacial como o que usam em Jornada nas estrelas, que permitem a comunicação instantaneamente.
Os robôs têm um papel de ajudantes ou de astronautas? O sonho de levar o homem a novos lugares no espaço ainda existe?
Vamos mandar pessoas para o espaço para fazer muitas coisas. Agora, vamos focar na estação espacial internacional e em todos os programas tripulados programados para a próxima década. Depois disso, há possibilidade de retomarmos alguma missão tripulada à Lua, e essa pode ser uma viagem de “acampamento”, alguma atividade do tipo Apollo. Mas há um monte de pessoas que não querem ir para a Lua, desejam viajar para Marte. É aí que está a excitação. Essa, porém, é uma tarefa muito mais difícil. Você pode chegar à Lua em três dias, mas leva meses para ir a Marte. E mais nove para voltar. Além disso, por causa dos padrões orbitais entre a Terra e o Planeta Vermelho, você precisaria ficar ali por alguns meses. O que significa que você teria de ter habitats resistentes à radiação, ter todos os recursos que precisa para se manter por esse tempo e tudo o mais. Não é uma tarefa fácil. Sabemos como construir foguetes maiores, como construir habitats, mas manter pessoas lá é um desafio completamente diferente.
Há uma tentativa de reproduzir os sentidos e habilidades humanas nos robôs. Mas há como melhorar suas perfomances, prevendo as diversas situações que podem enfrentar e minimizar riscos?
Podemos equipar nossos robôs com sensores que nos permitam ver coisas, passar por experiências, fazer medições além da capacidade humana. Podemos construir telescópios que podem ver ondas de rádio, ultravioleta e raios gama. A única coisa que não podemos fazer com robôs, pelo menos não ainda, é criá-los de uma forma que eles possam tomar muitas decisões. A maravilha da humanidade é a habilidade de ver, analisar e agir. E isso não existe para robôs. Eles são muito bons em executar tarefas programadas. Além disso, se forem confrontados com algo além do comum, eles não fazem um bom trabalho. E não estamos nem perto de poder criar autonomia nos robôs. Até que isso aconteça, eles não vão substituir os humanos no sentido real.
Nas décadas de 1950 e 1960, no início da corrida espacial, as pessoas imaginavam que existiriam exploradores como o Curiosity?
Em 1950, as pessoas não achavam que isso seria possível. A revolução eletrônica surpreendeu a todos. Em 1963, em um feira mundial de tecnologia, em Nova York, várias coisas eram destacadas como o que veríamos no futuro. Videofones, carros que se dirigem sozinhos e tudo o mais. Há coisas que acontecem que você nunca previu, outras, você prevê, mas nunca se tornam realidade. Onde esta meu jetpack? Eu continuo perguntando isso (risos).
Quando se fala em robôs no espaço, as pessoas pensam em modelos como o C3PO ou R2D2, de Guerra nas estrelas. Mas o que se espera hoje de um robô que vai para o espaço?
Você quer o maior número de instrumentos possível para medição. Há sensores, câmeras, brocas, mecanismos. Talvez um pequeno laboratório, onde se possa colocar um pedaço da superfície marciana para analisá-la ou algo assim. Instrumentos de perfuração, para q possa cavar o chão. Esse tipo de coisa é a chave, uma combinação de instrumentos, eletrônica e coisas mecânicas que você possa manipular.
O Curiosity surpreendeu a todos com suas várias ferramentas.
Como deve ser o próximo veículo enviado pela Nasa a Marte?
Ele será um pouco maior e terá mais capacidade de operar por períodos mais longos. Mas há uma sequência de missões previstas para Marte. Há outro rover, um satélite e a discussão sobre um avião, o que seria muito legal. Apesar de fina, há uma atmosfera em Marte. Então, algo pequeno o suficiente e com asas grandes pode voar lá. Ele iria mais longe e tiraria fotos do alto, seria muito bacana. Mas a coisa em que todos estão focados e que pode ser feita em 10 anos é uma missão que traga à Terra amostras da superfície de Marte.
Qual deve ser a nova tecnologia que vai ajudar robôs e
humanos em viagens espaciais?
O que realmente precisamos buscar é a tecnologia para sair deste planeta. Melhores foguetes ou algum tipo de alternativa. Uma das coisas que fizemos com a nossa tecnologia de foguetes, e não só os americanos, mas todos os que têm um foguete, incluindo o Brasil, foi torná-la mais confiável, mais capaz, mais fácil de operar e menos cara. Em cada geração, nós melhoramos apenas um pouco. E estamos para atingir o ponto em que não poderemos fazer muito mais. Eu acho que nós estamos sob a mesma maldição que afetava a aeronáutica nos anos 1940. Quando tínhamos aviões muito bons, mas, para atingir o próximo nível, tínhamos de ir para os jatos. E era um tipo diferente de tecnologia. Podemos fazer isso com foguetes? Eu não sei o que poderia estar nessa categoria. Há muitas ideias, e algumas são muito legais. Mas nenhuma delas existe no presente.
Que ideias são essas?
Coisas como a maglev, uma superfície magnética espacial de levitação. Ela fica nesse grande trilho de metal, que é um ímã, e pode voar a grandes velocidades em um ângulo pela lateral de uma montanha e passar por sua órbita. É algo como um elevador espacial, uma ideia fascinante. Na teoria, podemos construir um, mas é muito difícil. Há vários tipos de coisas assim, como um laser que pode levantar uma aeronave. Parece um pouco com o que chamamos de discos voadores, porque são redondos e voam usando o poder do laser. Pessoas estão trabalhando nisso, é fantástico. O aparelho levitou uns 15m. Mas essa é a tecnologia nova. Ninguém sabe (a que resultados pode chegar).
Santa aliada das pernas - Celina Aquino
Viagens longas de avião ou ônibus nesta época do ano e chegada do verão deixam os membros inferiores inchados em muitas pessoas. Meia elástica é alternativa para aliviar o desconforto e a sensação de peso
Associar o uso da meia elástica a doença está fora de moda. A compressão pode e deve ser relacionada a prevenção. Especialistas garantem que o produto é uma ótima alternativa para quem sente algum tipo de desconforto nas pernas, não necessariamente causado por problemas de saúde. Como faz pressão decrescente do tornozelo para a coxa, a meia elástica facilita o retorno do sangue ao coração, aliviando sintomas como dor, câimbra e inchaço. A chegada do verão é um motivo a mais para usá-la, pois o calor dilata as veias, o que faz aumentar a sensação de peso nos membros inferiores. O período de férias também, principalmente para quem vai viajar e passar muitas horas dentro de um avião, do carro ou do ônibus.
Autor do livro Terapia da compressão, o angiologista Marcondes Figueiredo destaca que a meia elástica é indicada para pessoas que passam o dia inteiro em pé, como balconistas, seguranças e enfermeiros. De 40 trabalhadores que ficavam mais de oito horas parados, participantes de um estudo publicado na revista britânica Phlebology, 65% apresentaram melhora das queixas ao fim da jornada com o uso da meia. “O edema vespertino se manifesta de formas diferentes. Pode ser só peso nas pernas, câimbra ou coceira”, comenta o especialista mineiro. A meia de suporte ou preventiva, com compressão de 15 a 20 milímetros de mercúrio (mmHg), pode aliviar todos esses sintomas.
De acordo com Figueiredo, o Ministério do Trabalho avalia a possibilidade de classificar a meia elástica como equipamento de proteção individual (EPI) na indústria, tornando seu uso obrigatório, assim como capacete, protetor auricular e óculos.
Assim como os trabalhadores, o angiologista aposta que os atletas vão se acostumar a fazer atividade física com meia elástica. No ano passado, Figueiredo conduziu uma pesquisa com um time profissional de vôlei. As jogadoras fizeram exercícios específicos para panturilha por 30 minutos com e sem compressão. Uma hora depois, colheu-se o sangue delas para dosar o sofrimento da célula muscular. “A meia protegeu a célula muscular. A longo prazo, ela melhora a performance e a recuperação depois da atividade”, comenta. O especialista esclarece que as pesquisas ainda estão em andamento, mas se mostram promissoras, já que comprovam que a meia elástica ajuda na prática esportiva.
ALÍVIO NA PRÁTICA ESPORTIVA O estudante Hermano Lopes, de 18 anos, não abre mão de usar a meia elástica para jogar futebol e correr na rua. Desde que usou pela primeira vez, no ano passado, ele percebeu que fica menos cansado ao fim da atividade. “É como se tivesse menos desgaste muscular. Com a meia, a perna fica leve e a panturilha não dói tanto”, explica. De tão discreta, ela nem parece ser elástica.
Janeiro é época de consultório cheio para o angiologista Bruno de Lima Naves. A culpa é das viagens prolongadas de avião e ônibus. “A perna fica pendente por muitas horas e o sangue, parado. O ar do avião é rarefeito, o passageiro toma vinho e apaga. Se for uma pessoa mais gorda, que tenha varizes ou esteja usando pílula, pode chegar ao destino com trombose ou embolia pulmonar, e até morrer”, alerta. Nos Estados Unidos, surgem 2 milhões de casos de trombose por ano. Desses, 600 mil evoluem para embolia pulmonar, sendo que 60 mil pessoas morrem. Naves diz que a meia elástica previne 30% dos casos, porque aumenta a velocidade do retorno venoso. O que causa trombose é justamente a lentidão do sangue.
A meia elástica também deve ser usada durante a gestação, mas não para impedir o surgimento de varizes. Na verdade, explica Marcondes Figueiredo, ela serve para evitar desconforto nas pernas, que costumam ficar inchadas porque a mulher grávida acumula muito líquido. Além disso, a compressão é capaz de acelerar a passagem de sangue, que fica mais lenta no último trimestre de gravidez, quando o útero passa a comprimir os vasos sanguíneos.
Não há necessidade de prescrição médica para usar a meia elástica com compressão de 15mmHg a 20mmHg, indicada para todas as situações descritas. O autor do livro Terapia da compressão defende, porém, que o melhor é procurar um especialista para não errar na escolha. “A meia é igual a antibiótico, não dá para tomar sem saber a via nem a dosagem. O médico vai medir a sua perna durante a manhã, quando não está inchada, e indicar qual modelo você deve usar”, pondera.
FORÇA NA PANTURRILHA Figueiredo faz outro alerta: usar meia elástica não é garantia de boa saúde vascular. “Você tem que se mexer, deixar de ser fumante, obeso e sedentário. Faça exercício físico, caminhada, eleve a perna a cada duas horas para não ficar totalmente estático”, diz. O angiologista Bruno Naves lembra que a panturrilha é o coração venoso periférico, que funciona como uma bomba que impulsiona o sangue na direção do tórax. “O grande segredo da boa saúde vascular é ser batatudo”, brinca. “A nossa grande preocupação é motivar as pessoas a trabalhar a panturilha, por isso falamos para fazer alguma coisa que force a musculatura. Quando você exercita a panturilha, cria uma meia muscular.”
O QUE VOCÊ PRECISA SABER
» A meia elástica deve ser confortável. Se ela apertar demais ou provocar mal-estar, pode ser que esteja na compressão ou medida inadequadas.
» Em um primeiro momento, a meia elástica pode incomodar. Para que o corpo se acostume, o ideal é passar por um período de adaptação. Use-a apenas pela manhã na primeira semana e
vá acrescentando duas horas a cada semana. Só a partir da quarta semana passe o dia
todo com ela.
» A meia elástica deve ser calçada sempre ao se levantar. Isso pode ser feito nos primeiros 30 minutos, ou seja, dá tempo
de ir ao banheiro, escovar os dentes e até tomar banho. O
que não pode é vesti-la três horas depois de ter saído da cama e caminhado.
» Dormir com a meia elástica, nem pensar, a não ser que seja a antitrombo. A compressão dela bloqueia a circulação arterial, alterando o fluxo do sangue que desce do coração para os pés.
» A meia elástica de uso diário deve ser trocada a cada quatro meses. Como é de borracha, depois desse período, ela perde o poder de compressão.
» A compressão oferece benefícios apenas quando a meia está sendo usada. O efeito hemodinâmico que ela provoca no membro cessa em cerca de uma hora.
OUTROS USOS DA MEIA ELÁSTICA
» Cicatrizar úlcera varicosa, que acomete 3% da população adulta. A longo prazo, a insuficiência venosa crônica faz com que o sangue saia de dentro dos vasos, provocando uma isquemia no tornozelo. A meia elástica só pode ser prescrita para tratar feridas pequenas e sem secreção.
» Melhorar linfedema. O problema surge quando vasos linfáticos retornam com líquido das extremidades do corpo para
o coração. A meia elástica oferece benefícios depois
que o edema regride.
» Prevenir a trombose venosa profunda. A meia elástica antitrombo ou antiembólica é recomendada em pós-operatório e para acamados, já que estimula o fluxo de sangue na perna enquanto a pessoa estiver deitada. Na Europa e Estados Unidos, o uso é obrigatório em hospitais. Se
um paciente que não usa meia tiver trombose, o médico pode ser processado.
» Evitar complicações decorrentes de varizes. Como o sangue já corre devagar nas veias, sem a compressão a pessoa pode ter problemas mais graves, entre eles flebite, trombose, eczema
e úlcera varicosa. A meia só
não previne o surgimento
de vasinhos, apenas alivia
os sintomas.
Celina Aquino
Estado de Minas: 19/12/2012
Associar o uso da meia elástica a doença está fora de moda. A compressão pode e deve ser relacionada a prevenção. Especialistas garantem que o produto é uma ótima alternativa para quem sente algum tipo de desconforto nas pernas, não necessariamente causado por problemas de saúde. Como faz pressão decrescente do tornozelo para a coxa, a meia elástica facilita o retorno do sangue ao coração, aliviando sintomas como dor, câimbra e inchaço. A chegada do verão é um motivo a mais para usá-la, pois o calor dilata as veias, o que faz aumentar a sensação de peso nos membros inferiores. O período de férias também, principalmente para quem vai viajar e passar muitas horas dentro de um avião, do carro ou do ônibus.
Autor do livro Terapia da compressão, o angiologista Marcondes Figueiredo destaca que a meia elástica é indicada para pessoas que passam o dia inteiro em pé, como balconistas, seguranças e enfermeiros. De 40 trabalhadores que ficavam mais de oito horas parados, participantes de um estudo publicado na revista britânica Phlebology, 65% apresentaram melhora das queixas ao fim da jornada com o uso da meia. “O edema vespertino se manifesta de formas diferentes. Pode ser só peso nas pernas, câimbra ou coceira”, comenta o especialista mineiro. A meia de suporte ou preventiva, com compressão de 15 a 20 milímetros de mercúrio (mmHg), pode aliviar todos esses sintomas.
De acordo com Figueiredo, o Ministério do Trabalho avalia a possibilidade de classificar a meia elástica como equipamento de proteção individual (EPI) na indústria, tornando seu uso obrigatório, assim como capacete, protetor auricular e óculos.
Assim como os trabalhadores, o angiologista aposta que os atletas vão se acostumar a fazer atividade física com meia elástica. No ano passado, Figueiredo conduziu uma pesquisa com um time profissional de vôlei. As jogadoras fizeram exercícios específicos para panturilha por 30 minutos com e sem compressão. Uma hora depois, colheu-se o sangue delas para dosar o sofrimento da célula muscular. “A meia protegeu a célula muscular. A longo prazo, ela melhora a performance e a recuperação depois da atividade”, comenta. O especialista esclarece que as pesquisas ainda estão em andamento, mas se mostram promissoras, já que comprovam que a meia elástica ajuda na prática esportiva.
ALÍVIO NA PRÁTICA ESPORTIVA O estudante Hermano Lopes, de 18 anos, não abre mão de usar a meia elástica para jogar futebol e correr na rua. Desde que usou pela primeira vez, no ano passado, ele percebeu que fica menos cansado ao fim da atividade. “É como se tivesse menos desgaste muscular. Com a meia, a perna fica leve e a panturilha não dói tanto”, explica. De tão discreta, ela nem parece ser elástica.
Janeiro é época de consultório cheio para o angiologista Bruno de Lima Naves. A culpa é das viagens prolongadas de avião e ônibus. “A perna fica pendente por muitas horas e o sangue, parado. O ar do avião é rarefeito, o passageiro toma vinho e apaga. Se for uma pessoa mais gorda, que tenha varizes ou esteja usando pílula, pode chegar ao destino com trombose ou embolia pulmonar, e até morrer”, alerta. Nos Estados Unidos, surgem 2 milhões de casos de trombose por ano. Desses, 600 mil evoluem para embolia pulmonar, sendo que 60 mil pessoas morrem. Naves diz que a meia elástica previne 30% dos casos, porque aumenta a velocidade do retorno venoso. O que causa trombose é justamente a lentidão do sangue.
A meia elástica também deve ser usada durante a gestação, mas não para impedir o surgimento de varizes. Na verdade, explica Marcondes Figueiredo, ela serve para evitar desconforto nas pernas, que costumam ficar inchadas porque a mulher grávida acumula muito líquido. Além disso, a compressão é capaz de acelerar a passagem de sangue, que fica mais lenta no último trimestre de gravidez, quando o útero passa a comprimir os vasos sanguíneos.
Não há necessidade de prescrição médica para usar a meia elástica com compressão de 15mmHg a 20mmHg, indicada para todas as situações descritas. O autor do livro Terapia da compressão defende, porém, que o melhor é procurar um especialista para não errar na escolha. “A meia é igual a antibiótico, não dá para tomar sem saber a via nem a dosagem. O médico vai medir a sua perna durante a manhã, quando não está inchada, e indicar qual modelo você deve usar”, pondera.
FORÇA NA PANTURRILHA Figueiredo faz outro alerta: usar meia elástica não é garantia de boa saúde vascular. “Você tem que se mexer, deixar de ser fumante, obeso e sedentário. Faça exercício físico, caminhada, eleve a perna a cada duas horas para não ficar totalmente estático”, diz. O angiologista Bruno Naves lembra que a panturrilha é o coração venoso periférico, que funciona como uma bomba que impulsiona o sangue na direção do tórax. “O grande segredo da boa saúde vascular é ser batatudo”, brinca. “A nossa grande preocupação é motivar as pessoas a trabalhar a panturilha, por isso falamos para fazer alguma coisa que force a musculatura. Quando você exercita a panturilha, cria uma meia muscular.”
O QUE VOCÊ PRECISA SABER
» A meia elástica deve ser confortável. Se ela apertar demais ou provocar mal-estar, pode ser que esteja na compressão ou medida inadequadas.
» Em um primeiro momento, a meia elástica pode incomodar. Para que o corpo se acostume, o ideal é passar por um período de adaptação. Use-a apenas pela manhã na primeira semana e
vá acrescentando duas horas a cada semana. Só a partir da quarta semana passe o dia
todo com ela.
» A meia elástica deve ser calçada sempre ao se levantar. Isso pode ser feito nos primeiros 30 minutos, ou seja, dá tempo
de ir ao banheiro, escovar os dentes e até tomar banho. O
que não pode é vesti-la três horas depois de ter saído da cama e caminhado.
» Dormir com a meia elástica, nem pensar, a não ser que seja a antitrombo. A compressão dela bloqueia a circulação arterial, alterando o fluxo do sangue que desce do coração para os pés.
» A meia elástica de uso diário deve ser trocada a cada quatro meses. Como é de borracha, depois desse período, ela perde o poder de compressão.
» A compressão oferece benefícios apenas quando a meia está sendo usada. O efeito hemodinâmico que ela provoca no membro cessa em cerca de uma hora.
OUTROS USOS DA MEIA ELÁSTICA
» Cicatrizar úlcera varicosa, que acomete 3% da população adulta. A longo prazo, a insuficiência venosa crônica faz com que o sangue saia de dentro dos vasos, provocando uma isquemia no tornozelo. A meia elástica só pode ser prescrita para tratar feridas pequenas e sem secreção.
» Melhorar linfedema. O problema surge quando vasos linfáticos retornam com líquido das extremidades do corpo para
o coração. A meia elástica oferece benefícios depois
que o edema regride.
» Prevenir a trombose venosa profunda. A meia elástica antitrombo ou antiembólica é recomendada em pós-operatório e para acamados, já que estimula o fluxo de sangue na perna enquanto a pessoa estiver deitada. Na Europa e Estados Unidos, o uso é obrigatório em hospitais. Se
um paciente que não usa meia tiver trombose, o médico pode ser processado.
» Evitar complicações decorrentes de varizes. Como o sangue já corre devagar nas veias, sem a compressão a pessoa pode ter problemas mais graves, entre eles flebite, trombose, eczema
e úlcera varicosa. A meia só
não previne o surgimento
de vasinhos, apenas alivia
os sintomas.
Gerente diz ter sofrido ataque homofóbico
Folha de São Paulo
LEANDRO MACHADODE SÃO PAULOEDUARDO VASCONCELOSCOLABORAÇÃO PARA A FOLHAApós sair da boate The Week, na Lapa, zona oeste de São Paulo, o gerente de tecnologia da informação P.R., 32, foi, segundo ele-que pede para não se identificar-, espancado por dois homens armados com pedaços de ferro, na madrugada de domingo.
O gerente, que é gay, diz ter sido vítima de homofobia.
Ele teve um osso da face quebrado, além de ferimentos nos braços e na barriga.
O caso ocorreu próximo à TV Cultura, na rua Emílio Goeldi -ponto de encontro de gays e travestis na Água Branca, na zona oeste.
P.R. diz que conversava com um amigo quando quatro homens saíram de dois veículos gritando: "Sai daqui, a gente vai te matar! Seus veados".
Um rapaz que estava no local correu até uma lanchonete e chamou a polícia. P.R. foi cercado na esquina da r. Emílio Goeldi com a av. Ermano Marchetti e diz que foi agredido por dois dos homens com os pedaços de ferro, socos e chutes no rosto e no abdome.
Um funcionário de um posto de gasolina viu a agressão e pediu para que os homens parassem. Eles fugiram.
Funcionários do posto confirmaram que um dos frentistas ajudou no socorro. A Folhanão localizou o frentista.
Uma moradora presenciou o ataque. "Vi um homem correndo e outros indo atrás para pegá-lo", afirma.
O caso foi registrado no 7º DP (Lapa). Até a conclusão desta edição nenhum dos suspeitos havia sido preso.
P.R., 32, afirma que foi agredido por dois homens, perto da TV Cultura, na Água Branca
Silva Junior/Folhapress | ||
Marcas da agressão sofrida por, P.R.; ele teve um osso da face fraturado no último domingo |
O gerente, que é gay, diz ter sido vítima de homofobia.
Ele teve um osso da face quebrado, além de ferimentos nos braços e na barriga.
O caso ocorreu próximo à TV Cultura, na rua Emílio Goeldi -ponto de encontro de gays e travestis na Água Branca, na zona oeste.
P.R. diz que conversava com um amigo quando quatro homens saíram de dois veículos gritando: "Sai daqui, a gente vai te matar! Seus veados".
Um rapaz que estava no local correu até uma lanchonete e chamou a polícia. P.R. foi cercado na esquina da r. Emílio Goeldi com a av. Ermano Marchetti e diz que foi agredido por dois dos homens com os pedaços de ferro, socos e chutes no rosto e no abdome.
Um funcionário de um posto de gasolina viu a agressão e pediu para que os homens parassem. Eles fugiram.
Funcionários do posto confirmaram que um dos frentistas ajudou no socorro. A Folhanão localizou o frentista.
Uma moradora presenciou o ataque. "Vi um homem correndo e outros indo atrás para pegá-lo", afirma.
O caso foi registrado no 7º DP (Lapa). Até a conclusão desta edição nenhum dos suspeitos havia sido preso.
Frei Betto - A estrela de Belém
Agora, é mudar o Natal e nós próprios. Evitar o Papai Noel consumista e procurar o brilho da estrela em nossas inquietações
O Natal é uma festa paradigmática. Seus símbolos, aparentemente infantis, são psicologicamente profundos. Viver é uma experiência natalina. A diferença é que em torno de 25 de dezembro três fatores se somam: o caráter religioso da festa, que impregna a boca da alma de estranho sabor de nostalgia; a fissura papai-noélica do consumismo e dos presentes compulsórios; e a proximidade da virada do ano.
Enquanto a compulsiva comercialização da data condena-nos à ressaca espiritual, o caráter religioso da festa deixa-nos com saudades de Deus, e a chegada do ano novo reforça nosso propósito de melhorar de vida. Daí o sentimento conflitivo de quem gostaria de acordar na manhã de 25 e encontrar, nos sapatos, um símbolo de afeto, o afago à criança que dorme dentro de nós, mas sabe que, no império do mercado, a idade adulta é inimiga da infância.
“Ora, direis ouvir estrelas!”, canta o poeta. Sim, temos olhos e ouvidos para os signos que expressam o novo. Na vida, nossos passos são conduzidos por estrelas, sonhos e ambições que simbolizam a fonte da felicidade. Nunca estamos satisfeitos com o que somos ou temos. Feitos de matéria transcendente, trafegamos no labirinto da existência seduzidos pelo absurdo, mas famintos de absoluto.
Para os antigos, a imagem da utopia era um jardim repleto de fontes, flores e frutos. Para a Bíblia, o Jardim do Éden, que em hebraico significa “lugar de delícias”, lá onde se suprime o limite entre o natural e o sobrenatural, o humano e o divino, o efêmero e o eterno.
Hoje, nosso mal-estar advém desse horizonte estreito em que miramos estrelas cadentes. Raras as ascendentes. Iniciamos o século e o milênio como aprendizes de deuses, capazes de engendrar vida em provetas e possuir olhos eletrônicos que penetram a intimidade da matéria e do universo, sem, no entanto, erradicar a fome, a desigualdade e a injustiça.
Somos órfãos da esperança. Quase tudo está ao alcance do poder do dinheiro, exceto do que mais carecemos: um sentido para a vida. Tateamos, sonâmbulos, nessa interminável noite de insônia. Calam-se as filosofias, confinadas aos limites da linguagem; desaparecem as utopias, travestidas no mesquinho desejo de poder e posse de refinados objetos; enquanto as religiões cedem às exigências do mercado e oferecem o lúdico a quem busca luz, sem abrir as portas que nos conduzam à inefável experiência de Deus.
“E agora, José?” Agora, é mudar o Natal e nós próprios. Evitar o Papai Noel consumista em cores de Coca-Cola e procurar o brilho da estrela em nossas inquietações mais profundas. Descobrir a presença do Menino em nosso coração. E, como sugeriu Jesus a Nicodemos, ousar renascer em gestos de carinho e justiça, solidariedade e alegria. Em vez de dar presentes, fazer-se presente lá onde reina a ausência: de afeto, saúde, liberdade, direitos. Dobrar os joelhos junto à manjedoura que abriga tantos excluídos, imagens vivas do Menino de Belém.
Feliz Natal, Brasil! Queira Deus que o Herodes que nos habita ceda lugar aos magos que acreditam na estrela e oferecem ao milagre da vida o melhor de si.
Frei Betto
Estado de Minas: 19/12/2012
Conta a Bíblia que sobre a cidade de Belém da Judeia reluziu uma estrela ao nascer Jesus. Provenientes da Babilônia, os reis astrólogos, também conhecidos por magos, orientaram-se por ela até chegar à manjedoura, junto à qual adoraram o Menino. O rei Herodes, que governava a Palestina, viu na estrela um mal presságio. Já que o seu poder não tinha forças para apagar a estrela no céu, ordenou que o Messias fosse eliminado da face da Terra.
O Natal é uma festa paradigmática. Seus símbolos, aparentemente infantis, são psicologicamente profundos. Viver é uma experiência natalina. A diferença é que em torno de 25 de dezembro três fatores se somam: o caráter religioso da festa, que impregna a boca da alma de estranho sabor de nostalgia; a fissura papai-noélica do consumismo e dos presentes compulsórios; e a proximidade da virada do ano.
Enquanto a compulsiva comercialização da data condena-nos à ressaca espiritual, o caráter religioso da festa deixa-nos com saudades de Deus, e a chegada do ano novo reforça nosso propósito de melhorar de vida. Daí o sentimento conflitivo de quem gostaria de acordar na manhã de 25 e encontrar, nos sapatos, um símbolo de afeto, o afago à criança que dorme dentro de nós, mas sabe que, no império do mercado, a idade adulta é inimiga da infância.
“Ora, direis ouvir estrelas!”, canta o poeta. Sim, temos olhos e ouvidos para os signos que expressam o novo. Na vida, nossos passos são conduzidos por estrelas, sonhos e ambições que simbolizam a fonte da felicidade. Nunca estamos satisfeitos com o que somos ou temos. Feitos de matéria transcendente, trafegamos no labirinto da existência seduzidos pelo absurdo, mas famintos de absoluto.
Para os antigos, a imagem da utopia era um jardim repleto de fontes, flores e frutos. Para a Bíblia, o Jardim do Éden, que em hebraico significa “lugar de delícias”, lá onde se suprime o limite entre o natural e o sobrenatural, o humano e o divino, o efêmero e o eterno.
Hoje, nosso mal-estar advém desse horizonte estreito em que miramos estrelas cadentes. Raras as ascendentes. Iniciamos o século e o milênio como aprendizes de deuses, capazes de engendrar vida em provetas e possuir olhos eletrônicos que penetram a intimidade da matéria e do universo, sem, no entanto, erradicar a fome, a desigualdade e a injustiça.
Somos órfãos da esperança. Quase tudo está ao alcance do poder do dinheiro, exceto do que mais carecemos: um sentido para a vida. Tateamos, sonâmbulos, nessa interminável noite de insônia. Calam-se as filosofias, confinadas aos limites da linguagem; desaparecem as utopias, travestidas no mesquinho desejo de poder e posse de refinados objetos; enquanto as religiões cedem às exigências do mercado e oferecem o lúdico a quem busca luz, sem abrir as portas que nos conduzam à inefável experiência de Deus.
“E agora, José?” Agora, é mudar o Natal e nós próprios. Evitar o Papai Noel consumista em cores de Coca-Cola e procurar o brilho da estrela em nossas inquietações mais profundas. Descobrir a presença do Menino em nosso coração. E, como sugeriu Jesus a Nicodemos, ousar renascer em gestos de carinho e justiça, solidariedade e alegria. Em vez de dar presentes, fazer-se presente lá onde reina a ausência: de afeto, saúde, liberdade, direitos. Dobrar os joelhos junto à manjedoura que abriga tantos excluídos, imagens vivas do Menino de Belém.
Feliz Natal, Brasil! Queira Deus que o Herodes que nos habita ceda lugar aos magos que acreditam na estrela e oferecem ao milagre da vida o melhor de si.
TV PAGA
Estado de Minas: 19/12/2012
Atração desta noite da Mostra Internacional de Cinema na Cultura, o drama Takva – O temor de um homem de Deus é oportuno por levantar a questão do extremismo religioso. O filme conta a história de um homem humilde e introvertido, que vive de forma limitada e solitária. Adepto da abstinência sexual, ele adere de forma rígida à mais severa doutrina islâmica. Sua devoção acaba por atrair a atenção de um rico e poderoso grupo religioso de Istambul, que lhe oferece um cargo administrativo como coletor de aluguel de suas propriedades. No ar às 22h.
Muita ação e comédia
no pacotão de cinema
No Canal Brasil, a novidade de hoje, às 22h, é Mentiras sinceras, primeiro longa-metragem de Pedro Asbeg, que acompanha o processo de preparação para a estreia de uma peça de teatro, com Malvino Salvador e Fernanda Machado à frente do elenco. Na Fox, a seleção Vamos salvar o mundo exibe, também às 22h, Transformers – A vingança dos derrotados. No FX, o pacote de paródias continua com Não é mais um besteirol americano, igualmente às 22h. No mesmo horário, o assinante tem outras oito opções: Sexo sem compromisso, no Telecine Touch; Intercâmbio de casais, no Max HD; Superbad – É hoje!, no AXN; As duas faces da lei, no Space; Colombiana – Em busca de vingança, na HBO; Os mercenários, no Megapix; O sequestro do metrô 123, no Universal; e Inferno vermelho, no TCM.
A jovem Taylor Swift já
tem história para contar
Apesar de jovem, Taylor Swift já tem uma carreira consolidada. Já vendeu mais de 22 milhões de álbuns e alcançou a marca de 50 milhões de downloads. Com apenas 22 anos, ela já venceu seis vezes o Grammy e é a ganhadora mais jovem da história do prêmio. Na edição de hoje da série Vh1 storytellers, às 21h, no canal Vh1, a cantora apresenta seus maiores sucessos, intercalando com boas histórias sobre sua vida e trajetória profissional.
Eric Nepomuceno bate
papo com João Ubaldo
O jornalista e escritor baiano João Ubaldo Ribeiro é o entrevistado de hoje de Eric Nepomuceno na série Sangue latino, às 21h30, no Canal Brasil. A crença no destino, a existência de Deus e as incertezas da vida e da morte são os temas da conversa.
Dois exemplos de como
a fé remove montanhas
No episódio desta noite de Viver com fé, às 20h, no canal GNT, Cissa Guimarães vai conhecer as histórias de José Junior e Tania Lopes, que lutam por uma vida mais justa e feliz. Ele é fundador do grupo Afroreggae, que faz um trabalho de inclusão de pessoas que estavam à margem da sociedade; ela é irmã do jornalista Tim Lopes, assassinado por traficantes no Rio de Janeiro, ao ser identificado quando fazia uma reportagem sobre exploração de menores numa favela.
Surfistas relembram as
grandes ondas de 2012
O aniversário do canal Off continua inspirando os programadores da emissora. Para hoje, são dois programas especiais, além da sequência das séries Paddling Bryans (22h) e Ultimate rush (à meia-noite). A primeira novidade, às 21h, é Desejar profundo, em que o surfista profissional de ondas grandes Carlos Burle e outros big riders brasileiros da nova geração, como Maya Gabeira, Felipe Cesarano e Pedro Scooby, relembram suas viagens à caça das melhores ondulações do mundo em 2012. Às 23h é a vez de Union express, que vai com o surfista e compositor Timmy Curran em uma viagem de trem pela costa da Califórnia.
Atração desta noite da Mostra Internacional de Cinema na Cultura, o drama Takva – O temor de um homem de Deus é oportuno por levantar a questão do extremismo religioso. O filme conta a história de um homem humilde e introvertido, que vive de forma limitada e solitária. Adepto da abstinência sexual, ele adere de forma rígida à mais severa doutrina islâmica. Sua devoção acaba por atrair a atenção de um rico e poderoso grupo religioso de Istambul, que lhe oferece um cargo administrativo como coletor de aluguel de suas propriedades. No ar às 22h.
Muita ação e comédia
no pacotão de cinema
No Canal Brasil, a novidade de hoje, às 22h, é Mentiras sinceras, primeiro longa-metragem de Pedro Asbeg, que acompanha o processo de preparação para a estreia de uma peça de teatro, com Malvino Salvador e Fernanda Machado à frente do elenco. Na Fox, a seleção Vamos salvar o mundo exibe, também às 22h, Transformers – A vingança dos derrotados. No FX, o pacote de paródias continua com Não é mais um besteirol americano, igualmente às 22h. No mesmo horário, o assinante tem outras oito opções: Sexo sem compromisso, no Telecine Touch; Intercâmbio de casais, no Max HD; Superbad – É hoje!, no AXN; As duas faces da lei, no Space; Colombiana – Em busca de vingança, na HBO; Os mercenários, no Megapix; O sequestro do metrô 123, no Universal; e Inferno vermelho, no TCM.
A jovem Taylor Swift já
tem história para contar
Apesar de jovem, Taylor Swift já tem uma carreira consolidada. Já vendeu mais de 22 milhões de álbuns e alcançou a marca de 50 milhões de downloads. Com apenas 22 anos, ela já venceu seis vezes o Grammy e é a ganhadora mais jovem da história do prêmio. Na edição de hoje da série Vh1 storytellers, às 21h, no canal Vh1, a cantora apresenta seus maiores sucessos, intercalando com boas histórias sobre sua vida e trajetória profissional.
Eric Nepomuceno bate
papo com João Ubaldo
O jornalista e escritor baiano João Ubaldo Ribeiro é o entrevistado de hoje de Eric Nepomuceno na série Sangue latino, às 21h30, no Canal Brasil. A crença no destino, a existência de Deus e as incertezas da vida e da morte são os temas da conversa.
Dois exemplos de como
a fé remove montanhas
No episódio desta noite de Viver com fé, às 20h, no canal GNT, Cissa Guimarães vai conhecer as histórias de José Junior e Tania Lopes, que lutam por uma vida mais justa e feliz. Ele é fundador do grupo Afroreggae, que faz um trabalho de inclusão de pessoas que estavam à margem da sociedade; ela é irmã do jornalista Tim Lopes, assassinado por traficantes no Rio de Janeiro, ao ser identificado quando fazia uma reportagem sobre exploração de menores numa favela.
Surfistas relembram as
grandes ondas de 2012
O aniversário do canal Off continua inspirando os programadores da emissora. Para hoje, são dois programas especiais, além da sequência das séries Paddling Bryans (22h) e Ultimate rush (à meia-noite). A primeira novidade, às 21h, é Desejar profundo, em que o surfista profissional de ondas grandes Carlos Burle e outros big riders brasileiros da nova geração, como Maya Gabeira, Felipe Cesarano e Pedro Scooby, relembram suas viagens à caça das melhores ondulações do mundo em 2012. Às 23h é a vez de Union express, que vai com o surfista e compositor Timmy Curran em uma viagem de trem pela costa da Califórnia.
Antonio Prata
Folha de São Paulo
Não sei se a culpa era da inflação, da recessão, do Plano Sarney, do Plano Funaro, da falta de plano, do SNI ou do FMI, sei é que bar era um negócio temporário, um namoro rápido e intenso que terminava depois de uns anos e ficava só na lembrança dos envolvidos, como uma viagem de Réveillon.
É verdade que não vivi de fato essa fase seminômade da boemia. Ou melhor, vivi por tabela, criancinha, comendo frango a passarinho com Fanta Uva ao lado do meu pai, nas sextas-feiras em que minha irmã e eu íamos dormir em sua casa e, antes, passávamos por um botequim. Dessa época, guardo (boas) lembranças do Pirandello, do Vou Vivendo, do Nabuco, do Royal. Mas já então ouvia os adultos elogiando outros defuntos como Baiuca, Jogral, Ela, Cravo e Canela, o João Sebastião Bar, afirmando que aquilo sim, aquilo sim era bar.
Pense no Rio: por lá, também, os botecos morriam na flor da idade, como sambistas tísicos e amantes suicidas. Onde estão o Antonio's, em que Vinicius tomava suas banheiras de gim tônica? Cadê o Luna Bar e o Real Astoria, em cujas mesas se reuniam os não tão inocentes do Leblon? Muertitos de la Silva -diria um argentino fluente em portuñol.
Pois eis então que, outro dia, neste país em que vamos do tapume à demolição antes da hora do almoço, passo em frente ao Filial e o que vejo em seu lugar? Susto: ele mesmo! Quantos anos terá? Vinte? E resiste! Foi lá que lancei meu primeiro livro, já se vai mais de uma década. E o Ó do Borogodó, onde praticamente dei meus primeiros beijos, que fim levou? Nenhum: continua lotado, ironicamente ensanduichado entre os vivíssimos do Conniff e os finados do cemitério. E o Balcão? Virou igreja evangélica? Bufê infantil? Pet shop? Nada, meus amigos, segue firme e forte, as conversas serpenteando até tarde da noite, assim como o São Cristóvão, com seus 32 tipos de Bourbon à sombra das chuteiras imortais, e a Mercearia, pequena babilônia etílico-literária.
Feliz com minha constatação, decido tomar um chope, mas o Ceará me avisa que "A espera é de duas horas, sabe como é, fim de ano, mesa de firma...". Sei, sei. Fazer o quê? Antes os novos gargalos do crescimento do que o velho fundo do poço, penso eu, retomando a caminhada e brindando mentalmente à longevidade de nossos queridos bares.
A vida dos bares
Eles já não batem mais as botas como costumava acontecer no tão próximo e já longínquo século 20
Outro dia, passando em frente ao Filial, ali na Vila Madalena, me dei conta de uma consequência ainda pouco comentada destes 20 anos de estabilidade econômica: os bares não fecham mais. Não, não falo aqui da "hora em que todos os bares se fecham e todas as virtudes se negam", como escreveu Drummond, a hora em que garçons merecidamente mal-humorados botam as cadeiras em cima das mesas e jogam baldes d'água sobre os pés dos últimos bebuns, que, pedindo clemência, implorando por compaixão, citando as convenções de Haia, de Genebra, de Underberg, imploram por uma saideira, como se mais um copo pudesse preencher o vazio cósmico que envolve os fígados e corações lá pelas três da madrugada. Digo é que os bares não batem mais as botas, não fecham definitivamente as portas, não passam o ponto como costumava acontecer no tão próximo e já longínquo século 20.Não sei se a culpa era da inflação, da recessão, do Plano Sarney, do Plano Funaro, da falta de plano, do SNI ou do FMI, sei é que bar era um negócio temporário, um namoro rápido e intenso que terminava depois de uns anos e ficava só na lembrança dos envolvidos, como uma viagem de Réveillon.
É verdade que não vivi de fato essa fase seminômade da boemia. Ou melhor, vivi por tabela, criancinha, comendo frango a passarinho com Fanta Uva ao lado do meu pai, nas sextas-feiras em que minha irmã e eu íamos dormir em sua casa e, antes, passávamos por um botequim. Dessa época, guardo (boas) lembranças do Pirandello, do Vou Vivendo, do Nabuco, do Royal. Mas já então ouvia os adultos elogiando outros defuntos como Baiuca, Jogral, Ela, Cravo e Canela, o João Sebastião Bar, afirmando que aquilo sim, aquilo sim era bar.
Pense no Rio: por lá, também, os botecos morriam na flor da idade, como sambistas tísicos e amantes suicidas. Onde estão o Antonio's, em que Vinicius tomava suas banheiras de gim tônica? Cadê o Luna Bar e o Real Astoria, em cujas mesas se reuniam os não tão inocentes do Leblon? Muertitos de la Silva -diria um argentino fluente em portuñol.
Pois eis então que, outro dia, neste país em que vamos do tapume à demolição antes da hora do almoço, passo em frente ao Filial e o que vejo em seu lugar? Susto: ele mesmo! Quantos anos terá? Vinte? E resiste! Foi lá que lancei meu primeiro livro, já se vai mais de uma década. E o Ó do Borogodó, onde praticamente dei meus primeiros beijos, que fim levou? Nenhum: continua lotado, ironicamente ensanduichado entre os vivíssimos do Conniff e os finados do cemitério. E o Balcão? Virou igreja evangélica? Bufê infantil? Pet shop? Nada, meus amigos, segue firme e forte, as conversas serpenteando até tarde da noite, assim como o São Cristóvão, com seus 32 tipos de Bourbon à sombra das chuteiras imortais, e a Mercearia, pequena babilônia etílico-literária.
Feliz com minha constatação, decido tomar um chope, mas o Ceará me avisa que "A espera é de duas horas, sabe como é, fim de ano, mesa de firma...". Sei, sei. Fazer o quê? Antes os novos gargalos do crescimento do que o velho fundo do poço, penso eu, retomando a caminhada e brindando mentalmente à longevidade de nossos queridos bares.
Mídia é criticada por abordagem via Twitter
Folha de São Paulo
DE SÃO PAULO"Podemos falar com seu amigo que mora em Sandy Hook e cuja filha está no jardim de infância? Sou da ABC News", escreve a repórter Nadine Shubailat no Twitter.
"Vá se foder", responde um usuário da rede de microblogs. Em seguida, Shubailat deleta sua conta no Twitter.
O "diálogo" foi apontado pelo instituto Poynter de jornalismo em reportagem nesta semana como um exemplo de descompasso entre o trabalho de repórteres e o entendimento do público.
"Qualquer jornalista que teve de pedir uma entrevista na esteira de uma tragédia irá dizer que é uma das partes mais difíceis do trabalho", diz o texto de Jeff Sonderman.
"Às vezes, as pessoas valorizam a chance de dividir suas histórias", afirma. "Em outras ocasiões, a dor ainda é muito insuportável."
A situação, que não é nova para jornalistas, foi modificada pela chegada das mídias sociais, segundo o texto. Ficou mais fácil de encontrar e contatar entrevistados -mas, no caso do Twitter, ficou mais complicado fazer isso com delicadeza em 140 caracteres.
Afinal, aponta o texto do Poynter, a comunicação virtual, ao contrário da feita corpo a corpo, não permite sutilezas como as da linguagem corporal. Olhar e tom de voz são perdidos e, às vezes, a abordagem parece insensível.
Sam Dolnick, do jornal "New York Times", abordou um usuário que havia acabado de tuitar "descanse em paz meu belo primo" na rede.
"Minhas mais profundas condolências. Um dia terrível. Sou do 'New York Times'. Posso falar com você?", escreveu Dolnick no Twitter.
Em seguida, usuários comentaram a abordagem do jornalista. "Seu pedaço de merda. Deixe ela em paz", escreveu um. "Nojento. Nojento. Nojento", reagiu outro.
Jornalistas estão acostumados a reações agressivas em momentos como esse, afirma o Poynter. O que é novo, para o site, são os comentários e críticas do público.
O artigo de Jeff Sonderman, inclusive, foi criticado no mesmo tom. "Ei, deixe-me ajudar todos os 'jornalistas' com algumas regras fáceis de lembrar. Regra um: não faça. Não há valor nenhum na entrevista, e você se parece com um vampiro."
"Vá se foder", responde um usuário da rede de microblogs. Em seguida, Shubailat deleta sua conta no Twitter.
O "diálogo" foi apontado pelo instituto Poynter de jornalismo em reportagem nesta semana como um exemplo de descompasso entre o trabalho de repórteres e o entendimento do público.
"Qualquer jornalista que teve de pedir uma entrevista na esteira de uma tragédia irá dizer que é uma das partes mais difíceis do trabalho", diz o texto de Jeff Sonderman.
"Às vezes, as pessoas valorizam a chance de dividir suas histórias", afirma. "Em outras ocasiões, a dor ainda é muito insuportável."
A situação, que não é nova para jornalistas, foi modificada pela chegada das mídias sociais, segundo o texto. Ficou mais fácil de encontrar e contatar entrevistados -mas, no caso do Twitter, ficou mais complicado fazer isso com delicadeza em 140 caracteres.
Afinal, aponta o texto do Poynter, a comunicação virtual, ao contrário da feita corpo a corpo, não permite sutilezas como as da linguagem corporal. Olhar e tom de voz são perdidos e, às vezes, a abordagem parece insensível.
Sam Dolnick, do jornal "New York Times", abordou um usuário que havia acabado de tuitar "descanse em paz meu belo primo" na rede.
"Minhas mais profundas condolências. Um dia terrível. Sou do 'New York Times'. Posso falar com você?", escreveu Dolnick no Twitter.
Em seguida, usuários comentaram a abordagem do jornalista. "Seu pedaço de merda. Deixe ela em paz", escreveu um. "Nojento. Nojento. Nojento", reagiu outro.
Jornalistas estão acostumados a reações agressivas em momentos como esse, afirma o Poynter. O que é novo, para o site, são os comentários e críticas do público.
O artigo de Jeff Sonderman, inclusive, foi criticado no mesmo tom. "Ei, deixe-me ajudar todos os 'jornalistas' com algumas regras fáceis de lembrar. Regra um: não faça. Não há valor nenhum na entrevista, e você se parece com um vampiro."
Folha coíbe cópia indevida de seu conteúdo exclusivo
Folha de São paulo
DE BRASÍLIAA Folha decidiu coibir o uso indevido que terceiros fazem de seu conteúdo. O processo começou em janeiro de 2011 e dezenas de sites foram notificados sobre o tema.
Em julho, a Folha passou a administrar seu conteúdo no sistema conhecido como "paywall poroso": assinante tem acesso ilimitado; usuário eventual tem acesso a um determinado número de textos por mês até esbarrar no "muro de cobrança".
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A Folha sugere aos interessados em divulgar o seu conteúdo que copiem um trecho (até dois parágrafos) seguido de um link da versão integral no site www.folha.com.br.
No início, o jornal apenas monitorou o uso não autorizado de seu material por terceiros. Em 2011, de janeiro a julho, 23.697 textos da Folha foram integral ou parcialmente reproduzidos em 110.256 páginas de forma indevida.
Após análise, foram identificados 129 casos críticos. Muitos eram sites comerciais que reproduziam material exclusivo do jornal de forma recorrente, sem acordo sobre os direitos de publicação.
Os responsáveis foram avisados sobre a irregularidade. Houve muitos reincidentes e 38 receberam notificações extrajudiciais. Como resultado, 70 sites pararam de usar o conteúdo da Folha. Sete passaram a direcionar o internauta para os sites do jornal. Mas 48 continuaram usando sem permissão. Vários desses casos foram transformados em ações judiciais.
VITÓRIAS JUDICIAIS
A Folha vem obtendo várias vitórias na Justiça. Uma das mais relevantes foi em relação à Empresa Brasil de Comunicação, a agência de notícias do governo federal, que copiava e revendia material da Folha.
Houve também sucesso em ações contra sites e blogs que não vendiam conteúdo, mas infringiam o direito autoral ao divulgar material do jornal. Foi o caso do "Blog do Noblat", no portal das Organizações Globo, comandado pelo jornalista Ricardo Noblat.
Em junho, a Justiça determinou que Noblat "se abstenha de reproduzir inteiro teor da matéria jornalística acessada em ambiente exclusivo" de assinantes da Folha. Noblat acatou a decisão.
Caso semelhante se deu com o "Blog do Favre", do ativista político Luís Favre. A Justiça determinou que ele interrompesse a publicação de cópias de material da Folha.
Outra vitória foi contra o "24 Horas News", de Cuiabá (MT), que, sem permissão, reproduziu 161 textos de janeiro a julho de 2011.
Nas cartas, a Folha diz que a "independência editorial de um jornal depende de sua independência financeira". O uso indiscriminado de seu conteúdo inviabilizaria "parte significativa da receita [...] e, em última instância, a própria produção do jornal".
Entre os que interromperam o uso indevido de material estão sites como os do Ministério do Planejamento e do Superior Tribunal de Justiça.
Folha coíbe cópia indevida de seu conteúdo exclusivo
Jornal vem obtendo várias vitórias na Justiça contra sites e blogs que reproduzem textos sem autorização
Nas notificações, Folha explica que uso indiscriminado de seu conteúdo inviabilizaria parte de sua receita
Em julho, a Folha passou a administrar seu conteúdo no sistema conhecido como "paywall poroso": assinante tem acesso ilimitado; usuário eventual tem acesso a um determinado número de textos por mês até esbarrar no "muro de cobrança".
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No início, o jornal apenas monitorou o uso não autorizado de seu material por terceiros. Em 2011, de janeiro a julho, 23.697 textos da Folha foram integral ou parcialmente reproduzidos em 110.256 páginas de forma indevida.
Após análise, foram identificados 129 casos críticos. Muitos eram sites comerciais que reproduziam material exclusivo do jornal de forma recorrente, sem acordo sobre os direitos de publicação.
Os responsáveis foram avisados sobre a irregularidade. Houve muitos reincidentes e 38 receberam notificações extrajudiciais. Como resultado, 70 sites pararam de usar o conteúdo da Folha. Sete passaram a direcionar o internauta para os sites do jornal. Mas 48 continuaram usando sem permissão. Vários desses casos foram transformados em ações judiciais.
VITÓRIAS JUDICIAIS
A Folha vem obtendo várias vitórias na Justiça. Uma das mais relevantes foi em relação à Empresa Brasil de Comunicação, a agência de notícias do governo federal, que copiava e revendia material da Folha.
Houve também sucesso em ações contra sites e blogs que não vendiam conteúdo, mas infringiam o direito autoral ao divulgar material do jornal. Foi o caso do "Blog do Noblat", no portal das Organizações Globo, comandado pelo jornalista Ricardo Noblat.
Em junho, a Justiça determinou que Noblat "se abstenha de reproduzir inteiro teor da matéria jornalística acessada em ambiente exclusivo" de assinantes da Folha. Noblat acatou a decisão.
Caso semelhante se deu com o "Blog do Favre", do ativista político Luís Favre. A Justiça determinou que ele interrompesse a publicação de cópias de material da Folha.
Outra vitória foi contra o "24 Horas News", de Cuiabá (MT), que, sem permissão, reproduziu 161 textos de janeiro a julho de 2011.
Nas cartas, a Folha diz que a "independência editorial de um jornal depende de sua independência financeira". O uso indiscriminado de seu conteúdo inviabilizaria "parte significativa da receita [...] e, em última instância, a própria produção do jornal".
Entre os que interromperam o uso indevido de material estão sites como os do Ministério do Planejamento e do Superior Tribunal de Justiça.
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