segunda-feira, 17 de março de 2014

Na disputa de 2014,mas já pensando em 2018 - Renato Janine Ribeiro

 
Não importa que as sondagens de opinião hoje deem vitória a Dilma Rousseff já no primeiro turno. Muita coisa pode mudar até outubro. Temos pela frente uma Copa que, parece, ensejará protestos de quem está descontente com o que o Estado brasileiro - União, governos estaduais e municípios - devolve dos impostos que pagamos. O "padrão FIFA" virou um ideal popular para os serviços públicos. Já os analistas têm discutido por que a maioria está descontente com a situação do país, quer que ela mude e, ao mesmo tempo, se dispõe a manter o PT no Palácio do Planalto. Vou tentar uma interpretação.
A insatisfação é vaga. Não tem propostas substantivas. É uma espécie, me perdoem a palavra, de "saco cheio". Gente mais velha quase se desanima, de ver que tantos esforços para melhorar o Brasil, desde a luta contra a ditadura, vão trazendo seus frutos tão devagar; alguns acham, até, que tudo o que foi feito deu em nada. (Eu não concordo com essa avaliação pessimista. O país varreu a ditadura, a inflação e está baixando a iniquidade social). Gente moça quer tudo, já. Não quer esperar. Não faz parte da cultura dos jovens a paciência, a tolerância com o que consideram - e o que está - errado.
Daí que muitos, para usar a frase de Cromwell sobre os começos da Revolução Inglesa, "saibam o que não querem, mas não saibam o que querem". O descontentamento com o status quo se volta contra todos os governos, federal, estaduais e municipais, dos mais diversos partidos. Aliás, o que mais foi questionado em 2013 foram assuntos de responsabilidade municipal e estadual (transporte e polícia) ou repartidos entre as três instâncias de governo. A oposição foi hábil em explorar as manifestações contra o governo federal, mas o eleitorado questiona todos, sem exceção, pelo que aconteceu, ou melhor, pela melhoria de serviços que não aconteceu nem acontece.
O grande problema, neste começo - ainda - de 2014, é que muito pouco do prometido foi entregue. Os serviços prestados à população continuam aquém do desejado. A paciência popular está se esgotando. Explosões alegres, como a dos rolezinhos, ou agressivas, como a dos black blocs, se dão nesse quadro de desapontamento, talvez decepção. O Brasil tem uma cultura política pobre. Não estamos acostumados a pensar os problemas da sociedade em termos políticos. Basta ver que a explicação majoritária, na sociedade e na imprensa, para nossas deficiências, é moral e não política - a corrupção.
Então, passadas a festa das ruas, a indignação exultante de junho de 2013 e a politização quase instantânea de nossos problemas sociais, o fato de que eles não tenham sido resolvidos faz uma sociedade pouco politizada voltar a seus canais habituais de expressão - a festa e a violência, o rolê e a destruição. Ou seja, há uma insatisfação ampla, mas que não se expressa em alternativa política.
Eleições de 2014 parece que não vão entusiasmar
Este panorama baliza - e banaliza - as eleições deste ano. Houve forte emoção política nas Diretas-Já (1984), no impeachment de Collor (1992) e na campanha e posse de Lula (2002-3). Isso não mais se repetiu; mas provavelmente chegaremos, este ano, ao grau mais baixo de entusiasmo político constatado neste jovem século. Dilma pode bem se reeleger, mas com menor adesão emocional do que em 2010. Não falo em quantidade de votos, falo na sua qualidade, isto é, na carga de esperança que terá cada voto que receber. Pode ser que ela vença mais pela insuficiência dos competidores do que por real apoio social e popular.
Resumindo, precisamos revigorar a política. O PT perdeu o DNA de oposição. No governo, restam-lhe poucas das qualidades que, justamente, o levaram até lá. O que a oposição chama de aparelhamento dos cargos de confiança tem este aspecto adicional: quem pôde, foi para o poder. Quem ficou no partido virou um sem-poder. O partido hoje é fraco, em face do governo. Tarso Genro foi o único presidente do PT a mostrar real iniciativa, em dez anos de governo petista (Genoíno, antes mesmo de ter a carreira política ceifada pela condenação judicial, já se contentara com uma posição menor, justamente porque ficou no partido e no legislativo, em vez de ir para o ministério). Ser ministro é mais do que ser líder do governo no Parlamento.
Hoje, eu diria que o verdadeiro embate em 2014 é o que já tem 2018 na mira. Começa pela questão de quem será o segundo colocado, chefe da oposição nos próximos anos, candidato favorito para o pleito seguinte (supondo a reeleição de Dilma). Se Eduardo Campos superar Aécio Neves, o que pode acontecer, é provável que boa parte do PSDB migre para o PSB. Assim, não se disputa apenas a presidência, mas a liderança da oposição. E isso tudo faz que a eleição de 2018 pareça mais interessante - agora, em 2014 - do que o pleito deste ano. Eduardo, Aécio e Marina Silva podem disputar 2018, contra um PT possivelmente enfraquecido. O PT pode perder agora ou em 2018, o que não espanta, pois terá passado 12 ou 16 anos no poder. Mas voltar à oposição será difícil para o PT, mais ainda do que, hoje, é para o PSDB. E olhem que os tucanos nasceram como uma agremiação, dizia-se na época, de muito cacique e pouco índio: com a vontade de entrar no Palácio por cima, como por sinal fizeram aos seis anos de idade, enquanto o PT fez, durante mais de duas décadas, um paciente trabalho de base. O poder apenas completou o que o PSDB era, mas mudou por completo o PT.
Este ano poderemos ter uma campanha pobre, enfadonha, com alguns factoides como o aborto em 2010 e a Copa agora, mas os sinais lançados para 2018 serão decisivos.
Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. Escreve às segundas-feiras
E-mail: rjanine@usp.br

http://www.valor.com.br/politica/3481648/na-disputa-de-2014-mas-ja-pensando-em-2018#ixzz2wEL9W6Wu

TeVê

Tv paga



Estado de Minas: 17/03/2014



CONVIDADO POLÊMICO
Lázaro Ramos recebe nesta noite, às 21h30, no programa Espelho, o polêmico apresentador Ratinho. Carlos Roberto Massa fala da sua relação com a política, e dos famosos exames de DNA de seu programa e de Silvio Santos. No Canal Brasil.

VOLTA DOS INÉDITOS DA SÉRIE GRIMM
O Canal Universal volta a exibir hoje, às 23h, episódios inéditos da terceira temporada de Grimm, com a apresentação do 12º episódio. Em The wild hunt, Nick (David Giuntoli) e Hank (Russell Hornsby) investigam a morte de um policial rodoviário depois de perseguir um carro que estava em alta velocidade. O policial, que não atirou no motorista, foi encontrado escalpelado.

ESTREIA PROGRAMA ÍNTIMO E PESSOAL
Uma visão honesta e crua dos problemas comuns que afetam as mulheres modernas na opinião de personalidades de diversas áreas e pessoas anônimas. Esse é o ponto de partida do programa Papo de mulher, projeto desenvolvido pelas amigas Demi Moore e a fotógrafa Amanda de Cadenet. No episódio Amor e perda, atração do BIO, às 21h30, Jane Fonda, Zoe Saldana, Sarah Silverman e Gwyneth Paltrow compartilham suas histórias mais íntimas e pessoais.

COMBINANDO COM MARIANA WEICKERT
No episódio de estreia da nova temporada do Vamos combinar, às 21h, no GNT, Mariana Weickert e Bia Paes de Barros ajudam a acupunturista Mariana Cabral. Acostumada a se vestir sempre de forma muito casual, ela agora está trabalhando em uma nova clínica. Ela tem várias camisas sociais no guarda-roupa, mas não sabe como usá-las. Além do editorial, o programa mostra uma entrevista com o estilista Ricardo Almeida, mestre da camisa e da alfaiataria.

AS CIDADES DE CHICO BUARQUE
O documentário Chico e as cidades será exibido às 22h30, no canal Curta!. Dirigido por José Henrique Fonseca, traz além do show As cidades, belas cenas captadas no Rio de Janeiro e em Buenos Aires, onde o compositor dá depoimentos sobre sua vida e sua carreira. Entre as participações especiais estão Jamelão, Maria Bethânia, Oscar Niemeyer e a Velha Guarda da Mangueira.

HOMENS DA MONTANHA USAM TÉCNICAS ANTIGAS
Eles são homens que até hoje vivem da caça para sustentar suas famílias. Sua sobrevivência se baseia na utilização de técnicas antigas, aperfeiçoadas durante centenas de anos. Do Appalachia às Montanhas Rochosas e até o Alasca, Homens da montanha apresenta esses indivíduos em sua corrida contra o inverno, lutando para garantir o seu sustento e ter o dinheiro necessário para atravessar os meses mais frios do ano. Às 22h, no History.

Momento especial
Simone Castro
simone.castro@uai.com.br

 (Lourival Ribeiro/SBT)
 É como se fosse um "agora ou nunca". Toda semana, o Máquina da fama realiza o sonho de covers que querem viver por um momento como suas estrelas preferidas. Sob o comando de Patrícia Abravanel, abrem-se as portas da esperança e lá vêm eles mostrar o seu valor. Hoje, às 23h, no SBT/Alterosa, estarão em cena candidatos que apresentarão performances de Gaby Amarantos, Sorriso Maroto, Donna Summer e Taylor Swift. Prepare-se para um verdadeiro show de graça e talento. Sem falar que a galera ainda concorre a prêmios: o terceiro lugar levará R$ 2 mil; o segundo, R$ 3 mil, e o melhor da noite, R$ 5 mil. Bota pra ferver!


NOVELA TEM GRAVAÇÕES REALIZADAS NA CALIFÓRNIA
Geração Brasil, novela que vai substituir Além do horizonte (Globo) a partir de 5 de abril, tem gravações a pleno vapor. E muitas delas estão sendo realizadas na Califórnia (EUA). Por lá estão os atores Isabelle Drummond, de visual novo com cabeleira longa e loira, Débora Nascimento, Luís Miranda, Lázaro Ramos e Chandelly Braz.

PENSÃO GANHA NOVOS MORADORES DA PESADA
Tatá Werneck, Marcelo Médici, o Joel de Joia rara (Globo), e Júlia Rabello engrossam o elenco dos novos episódios da segunda temporada do sitcom Vai que cola, do Multishow (TV paga). Seus personagens vão aumentar ainda mais a confusão na pensão da Dona Jô. Tatá é Eloísa, taxista que faz ponto na rua da pensão e costuma atender a proprietária. De vez em quando ela dá uma força na entrega de quentinhas. Quem faz o serviço mesmo é Sanderson (Médici), um motoboy aloprado. Já Jaqueline (Júlia Rabello) está deprimida, depois do fora de Valdo (Paulo Gustavo), seu ex-namorado. Também estão na nova temporada Fábio Porchat, Fábio Rabin e Flávia Reis.

KENNEDY ALENCAR FARÁ COMENTÁRIOS EM JORNAL
O jornalista Kennedy Alencar passa a integrar o SBT. A partir de hoje, ele estreia no SBT Brasil como comentarista trazendo as principais informações diárias do cenário político e econômico brasileiro. Kennedy também fará uma participação especial no SBT noite, às quartas-feiras, onde receberá um convidado para debater assuntos políticos. Para o diretor de jornalismo Marcelo Parada, “a contratação agrega ainda mais valor à cobertura das eleições deste ano, como também a todo o departamento”.

BRUNA MARQUEZINE FARÁ CENAS QUENTES EM TRAMA
Luiza, personagem de Bruna Marquezine, e André, vivido por Bruno Gissoni, protagonizarão cenas quentes nos próximos capítulos de Em família (Globo). A filha de Helena (Júlia Lemmertz) vai surpreender o namorado na casa dele. Ele abrirá a porta só de toalha. Logo, os dois vão transar no quarto dele. Será a segunda vez que a atriz estará em cena entre lençóis. A primeira foi na segunda fase da novela, em que, então como a jovem Helena, transou com Laerte (Guilherme Leicam).


NOITE MOVIMENTADA
Jô Soares volta hoje ao trabalho na TV. Depois das férias de mais de três meses, o Programa do Jô dá início à temporada 2014. Para o bate-papo estão previstas, entre outras, entrevistas com Mônica Iozzi, ex-CQC, agora dando plantão no BBB e, em breve, com estreia marcada em novela, e Laila Garin, que interpreta Elis Regina em musical de sucesso. Vale lembrar que Jô tem na concorrência duas atrações também com formato de talk-show: o ótimo The noite, de Danilo Gentili, no SBT/Alterosa, que estreou com tudo e está dando o que falar, e o Agora é tarde, com Rafinha Bastos, na Band.


VIVA
O ótimo Globo repórter com as belezas de Irlanda e País de Gales, no Reino Unido


VAIA
O equívoco de Divertics (Globo). Quanto desperdício de talento e espaço na telinha!

Bebedeiras esporádicas aumentam risco de morte na meia-idade

Tomar todas pode ser fatal 
 
Especialistas alertam que bebedeiras esporádicas aumentam risco de morte na meia-idade. O comportamento ainda danifica capacidade de aprendizagem 

Paloma Oliveto
Estado de Minas: 17/03/2014

O hábito de beber socialmente pode esconder um padrão de consumo alcoólico perigoso. Isso porque, por trás de uma frequência baixa, é provável que o usuário esteja abusando das doses. Mesmo que só de vez em quando, “tomar todas” acelera a mortalidade de pessoas na meia-idade, segundo um estudo que será publicado na edição de maio da revista Alcoholism: Clinical & Experimental Research. Os pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Boston e da Universidade do Texas alertaram que beber em binge — ingerir uma quantidade alta em uma única ocasião — está se tornando cada vez mais comum, mas, de acordo com eles, o costume não recebe a atenção merecida.

O psiquiatra e psicólogo Charles J. Holahan, professor da Universidade do Texas em Austin e coautor do estudo, diz que até as pesquisas médicas consideram mais a frequência para determinar se o consumo de bebida é moderado ou excessivo. “Muitos artigos sugerem que a ingestão moderada de álcool é até benéfica, mas estamos esquecendo que os perigos da bebida não se relacionam só a quantas vezes você a consome. Também é uma questão de como você a consome”, diz. Ele lembra que quem bebe em binge não o faz todos os dias, o que pode, aparentemente, caracterizar a moderação. Contudo, as pessoas que seguem esse padrão ingerem muitas doses de uma só vez. Estudos recentes têm associado o binge a problemas sociais, como aumento da violência doméstica, e físicos, um declínio na produção de neurônios, por exemplo.

Agora, a equipe da Universidade de Boston investigou se esse tipo de ingestão de álcool tem impacto sobre a mortalidade. Os médicos avaliaram dados de 446 pessoas com idade entre 55 e 65 anos que participaram de um estudo epidemiológico de longo prazo, no qual informaram seus hábitos, incluindo o de beber. A pesquisa acompanhou os 334 homens e as 112 mulheres por 20 anos, registrando os atestados de óbito quando havia falecimentos. Os cientistas de Boston usaram essas informações, ajustando dados socioeconômicos e de comorbidades.

Da amostra estudada, 74 indivíduos admitiram beber em binge. Embora se considerassem moderados, já que não ingeriam álcool frequentemente, relataram que costumavam se embriagar nessas ocasiões. Os outros 372 participantes bebiam regularmente, mas sempre em baixas dosagens, como uma taça de vinho. No período de duas décadas, o número de óbitos no primeiro grupo foi mais de duas vezes maior: 61% das pessoas estavam mortas no fim desse espaço de tempo, contra 37% de falecimentos registrados entre as pessoas que bebiam, de fato, com moderação.

“Beber em binge é perigoso e muitas coisas ruins ocorreram com os indivíduos que se encaixavam nesse padrão ou com pessoas que estavam com eles, como acidentes de carro, brigas, violência doméstica, estupro etc.”, conta Timothy Naimi, pesquisador sobre álcool do Centro Médico da Universidade de Boston. “No geral, 25% das pessoas que se consideram bebedoras moderadas admitem beber em binge. Esses dados que estamos trazendo precisam ser seriamente avaliados por tomadores de decisões e formuladores de políticas públicas”, alerta.

O médico destaca que, além do risco maior de envolvimento em acidentes, essa forma de consumo aumenta a toxicidade do álcool nos órgãos. No fígado, uma das partes do corpo mais sensíveis à bebida, os efeitos são dramáticos. “Pesquisas já mostraram que, quando se bebe em binge, cria-se uma resposta inflamatória hepática que é como uma bomba de fragmentação: sinais de danos aos tecidos são enviados para o corpo inteiro”, exemplifica.

Toxicidade maior Naimi também cita um estudo recente que constatou que, entre os mais velhos, beber em excesso eventualmente piora os efeitos da insônia, um problema já bastante frequente a partir da meia-idade. “Além disso, no caso dos adultos mais velhos, essa atitude pode contribuir ainda mais para a mortalidade porque, com o passar dos anos, elevam-se as comorbidades, assim como o uso de medicamentos, e a bebida sabidamente interage com a maior parte dos remédios”, alerta.

Para o cérebro, a ingestão em binge funciona como um pesticida que, ao pulverizar grandes quantidades de uma só vez, acaba matando as células. Em um estudo de laboratório, o cientista Oliver George, do Instituto de Pesquisa The Scripps em La Jolla, constatou que o consumo intermitente danifica a memória de trabalho, um elemento essencial para a execução de tarefas do dia a dia e que já sofre um impacto negativo com o avançar da idade. “Mesmo pessoas que nunca beberam costumam experimentar perdas cognitivas associadas ao envelhecimento. Então, imagine o mal que o consumo em binge não faz para o cérebro de quem está se aproximando da velhice”, adverte George.

O estudo que ele conduziu, com ratos, mostrou alterações cerebrais que, até agora, estavam associadas apenas à ingestão pesada e frequente. “São mudanças importantes no córtex pré-frontal, uma região muito importante para as funções executivas, o aprendizado e a memória de trabalho. Sabíamos que alcoólicos — humanos e animais — exibiam essas alterações, mas vimos que elas estão presentes também nos roedores treinados para beber em binge”, conta.

“A mensagem aos leitores é que beber em binge é um problema de saúde pública significativo, cada vez mais frequente entre pessoas na meia-idade e idosos”, destaca o psiquiatra Timothy Naimi. “Para os médicos, acredito que a lição é a dificuldade em medir o que é beber moderadamente. Pacientes que se dizem bebebores moderados podem, na verdade, estar consumindo álcool de maneira muito arriscada”, ensina.

Tratamento pela estimulação de neurônios


Uma das mais promissoras técnicas da medicina neurológica, a terapia optogênica poderá ser aplicada no tratamento de alcoolismo e de outras dependências químicas, segundo pesquisadores da Universidade de Búfalo (EUA). Em roedores, eles conseguiram interromper o padrão de consumo em binge estimulando neurônios associados à liberação de substâncias naturais responsáveis pelo bem-estar.

O estudo, publicado na revista Frontiers in Neuroscience, é o primeiro a demonstrar a relação causal entre o lançamento do neurotransmissor dopamina no cérebro e o consumo de álcool em animais. Primeiro, os ratos foram treinados para beber em binge. Em seguida, os cientistas usaram feixes de luz para estimular a produção da substância. “Ao despertar a atividade dos neurônios que produzem dopamina por meio de um padrão preciso, conseguimos fazer com que os animais parassem de beber em binge”, conta Caroline E. Bass, professora de farmacologia e toxicologia da universidade.

 As células cerebrais foram induzidas a liberar menos quantidade de dopamina, mas de maneira mais prolongada. Mesmo depois que a estimulação acabou, os ratos continuaram a evitar o álcool, sugerindo que o efeito da técnica é duradouro. “Há décadas, observamos que regiões específicas do cérebro se tornam mais ativas em um alcoólico quando ele bebe ou olha fotos de outras pessoas bebendo. Mas não sabíamos se essas mudanças no comportamento cerebral realmente governavam o comportamento de dependência.”

Diferentemente de outras técnicas de estimulação profunda do cérebro, que se baseiam em descargas elétricas, o novo método utiliza a luz para ativar neurônios, facilitando o direcionamento dos feixes ópticos. “O cérebro tem muitos tipos de neurônios e a optogenética permite estimular as células mais específicas”, diz Bass, que acredita que técnica também poderá ser usada para tratar Parkinson e depressão. 

Hoje eu quero voltar sozinho conquista o público em Cartagena‏

FESTIVAL DE CINEMA » Trama envolvente

 Hoje eu quero voltar sozinho conquista o público em Cartagena. Filme chega ao Brasil em abril 
 
Carolina Braga*
Estado de Minas: 17/03/2014


Daniel Ribeiro celebra o carinho do público na Colômbia com o seu longa Hoje eu quero voltar sozinho (Álvaro Delgado/Divulgação)
Daniel Ribeiro celebra o carinho do público na Colômbia com o seu longa Hoje eu quero voltar sozinho
 Cartagena de Índias (Colômbia) – Ainda faltavam alguns minutos para o fim da primeira sessão de Hoje eu quero voltar sozinho no Festival Internacional de Cinema de Cartagena quando a plateia veio abaixo. Aplausos, assobios, gritos, torcida até que os créditos, enfim, subiram. Assim como ocorreu em Berlim em fevereiro, o filme do brasileiro Daniel Ribeiro surpreendeu o público caribenho, que não chegou a lotar os 700 lugares do Teatro Adolfo Mejia.

O longa concorrente ao prêmio principal na categoria de ficção estará em cartaz até terça-feira. Em 10 de abril, será a vez de os brasileiros conhecerem a história. A estreia latino-americana não deixa dúvidas: a descoberta do amor por Leo (Ghuilherme Lobo), adolescente cego, envolve o espectador de tal maneira que a reação parece desproporcionada.

“Teve hora que todo mundo foi à loucura mesmo. O filme fala com as pessoas. Elas embarcam”, resume Daniel. Com a estreia no Brasil marcada para pelo menos 19 cidades, entre elas BH, a expectativa não é diferente. O cineasta paulistano trabalha temas como adolescência, deficiência e despertar de sexualidade com a devida delicadeza, sem lugares-comuns e contando com elenco de jovens talentos como Ghuilherme Lobo, Fabio Audi e Tess Coelho.

REPERCUSSÃO “É uma trama muito próxima da gente e humana. Nos identiticamos com os personagens porque todos vivemos a adolescência”, comenta o colombiano Germán Franco à saída da sala. “É uma história de amor simples entre garotos que descobrem a sexualidade, muito bem construída”, acrescenta o conterrâneo César Alzate. Em férias na cidade, o professor da Universidade da Bahia Emmanuel Novaes ficou contente com a forma como a trama é contada. “Discuto essa questão com meus alunos. Vejo que adolescentes são cada vez menos preconceituosos. Os mais velhos não. O filme mostra a possibilidade de amar independentemente de qualquer coisa”, diz.

Rodado com R$ 2,5 milhões, Hoje eu quero voltar sozinho é o desenvolvimento para longa do curta Eu não quero voltar sozinho, da mesma equipe. Lançado em 2010, o curta circulou por vários festivais, entre eles o de Cartagena, e hoje contabiliza mais de 3 milhões de visualizações no YouTube. Assim como no curta, a trama do longa gira em torno da descoberta do amor entre Leo e o colega de classe, Gabriel. Para Daniel, o longa é uma forma de quebrar tabus sociais. Foi assim em Berlim, em Cartagena e daí por diante nas 16 nações em que a distribuição está garantida. “Tudo foi construído com objetivo de gerar debate, fazer as pessoas discutirem e pensarem no assunto”, explica.

*A repórter viajou com o auxílio da Bolsa de Jornalismo Cultural da Fundación Gabriel García Marquez para el nuevo periodismo ibero-americano.