sexta-feira, 15 de março de 2013

Quadrinhos

folha de são paulo


CHICLETE COM BANANA      ANGELI

ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE

LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO

CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES

FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI

ADÃO ITURRUSGARAI
PRETO NO BRANCO      ALLAN SIEBER

ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER

ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS

JIM DAVIS

Aves primitivas tinham dois pares de asas, dizem paleontólogos

folha de são paulo

REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As primeiras aves do mundo tinham algo em comum com alguns dos mais antigos aviões: em vez de um único par de asas, elas tinham dois.
Essa é a hipótese defendida por paleontólogos para explicar um conjunto de belos e bizarros fósseis achados no nordeste da China. Eles representam espécies de aves primitivas cujas patas parecem ter sido cobertas por uma plataforma de penas compridas.
É verdade que algumas raças de galinhas e certas espécies selvagens de hoje (como aves de rapina) também possuem penas nas patas.
Divulgação
Concepção artística da ave _Sapeornis_, que tinha patas com penas
Concepção artística da ave Sapeornis, que tinha patas com penas
Mas nenhum penoso atual tem membros posteriores semelhantes aos dos fósseis chineses. Para a equipe liderada por Xing Xu, da Universidade Linyi, a explicação mais plausível é que elas tenham funcionado como uma espécie de "asa de trás".
Não é a primeira vez que Xu defende essa ideia radical. O pesquisador é um dos mais renomados caçadores de fósseis da China e já teve a sorte de achar quase todo tipo de exemplar com penas delicadamente preservadas.
A diferença é que Xu e seus colegas tinham proposto a presença de quatro asas não em aves, mas em dinossauros. O garoto-propaganda dessa ideia é o minidino Microraptor gui, criatura do tamanho de um quero-quero descoberta em 2003.
É consenso entre os paleontólogos que as aves são um subgrupo dos dinossauros pequenos e comedores de carne, como o M. gui. O bicho tinha penas de formato assimétrico (responsáveis pela propulsão durante o voo) grudadas nas patas de trás, o que levou os chineses a propor que os primeiros passos evolutivos rumo à capacidade de voar entre as aves teriam começado com dinos "4x4".
A ideia é que os dois pares de asas teriam ajudado os bichos a planar quando saltavam de árvores. Com o refinamento da arte de bater as asas, o segundo par teria sido aposentado.
É esse cenário que as penas compridas e rígidas sugerem. Elas foram encontradas em ao menos cinco espécies de aves com 120 milhões de anos. Para Xu, as asas seriam estabilizadores de voo.
A pesquisa foi publicada na "Science". Entrevistado pela revista, o paleontólogo americano Kevin Padian, da Universidade da Califórnia, elogiou o estudo, mas disse que não há evidências da relação entre as penas das patas e o voo. Elas poderiam até atrapalhar o movimento nos ares, declarou Padian.

Relação tensa de Cristina com o novo papa tem raízes antigas

folha de são paulo

ANÁLISE
SYLVIA COLOMBONAS ILHAS MALVINASA festa nacional argentina ocorre em 25 de maio, celebrando o início do processo de independência da Argentina com relação à Espanha.
Até a gestão do presidente Néstor Kirchner (2003-2007), era todos os anos comemorada com um ato religioso promovido conjuntamente pelo governo e pela igreja, sempre na Catedral Metropolitana de Buenos Aires.
Desde 2005, essa tradição se quebrou. Enquanto Jorge Bergoglio abençoava fiéis na capital nacional, Néstor, e depois sua mulher, Cristina, davam sua mensagem à nação a partir de uma grande cidade de uma das províncias. Era a melhor imagem do afastamento entre o kirchnerismo e a igreja.
Os problemas têm uma raiz muito antes desses personagens entrarem no cenário. Nos anos 1950, pouco antes do golpe que pôs fim ao governo de Juan Domingo Perón, os peronistas colocaram fogo em várias igrejas de Buenos Aires. Os religiosos mais conservadores, então, passaram a apoiar a solução militar, posição que repetiriam durante a nova ditadura (1976-1983), e a opor-se firmemente aos peronistas.
Bergoglio abriu seu próprio espaço nessa disputa. Em razão de sua ligação com os padres terceiro-mundistas, associou-se com o peronismo de direita, opositor ao kirchnerismo hoje (que seria o peronismo de esquerda). Ao mesmo tempo, colocou-se numa posição conciliadora com o governo militar nos anos 70.
Desde então, costura apoios entre a esquerda e a direita por meio de uma complexa rede de influências das quais participam ONGs, ordens e associações religiosas que o sustentam.
Com Néstor, os problemas começaram logo no início de sua gestão. Bergoglio assumiu bandeiras abandonadas pelos partidos tradicionais, que caíram em descrédito depois da crise de 2001.
Passou a pedir soluções ao governo para a prostituição, o trabalho escravo nas grandes fazendas e o narcotráfico nas favelas.
Disse ao presidente que essas eram as verdadeiras questões de direitos humanos com as quais deveria preocupar-se, criticando-o indiretamente por promover tantos julgamentos de militares envolvidos na repressão dos anos 70.
Kirchner, então, usou esse argumento para trazer à tona as acusações de que teria encoberto crimes da ditadura. Bergoglio sempre as negou.
O atual papa marcou suas diferenças com Cristina a partir de acusações de ONGs e grupos religiosos.
Foi o caso da denúncia da existência de prostíbulos em Río Gallegos, território político dos Kirchner, em 2009, ou a de que o juiz kirchnerista Eugenio Zaffaroni era dono de apartamentos usados como bordeis, em 2011.
Bergoglio, ainda, mostrou apoio a opositores de Cristina, como o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, e o sindicalista Hugo Moyano.
Ao enviar sua saudação ao novo papa, Cristina não buscava simples "carona" no sucesso do agora Francisco. Trata-se de uma movimentação política que marca a relação entre Igreja e Estado.

    Vaticanistas se desdobram para ocultar rastro de apostas erradas - Nelson de Sá

    folha de são paulo

    ANÁLISE
    NELSON DE SÁDE SÃO PAULOJohn Allen Jr., o vaticanista da CNN e do americano "National Catholic Reporter", insistia ontem não ter errado nas suas apostas. "Eu estava meio certo", chegou a escrever, argumentando ter mencionado no dia anterior ao conclave que, "se houvesse um único candidato latino-americano forte, ele já teria a disputa no bolso".
    O site da revista "Time" acreditou e postou ontem mesmo que Allen havia perfilado o argentino Jorge Mario Bergoglio "enquanto o resto da matilha jornalística focava o italiano Scola e o brasileiro Scherer". Falou até em "furo". Na verdade, Allen perfilou quase três dezenas de "papáveis" no "NCR".
    Mas Allen não está sozinho, no esforço de apagar os rastros da especulação mal-sucedida. O vaticanista da revista "L'Espresso" e do jornal "La Repubblica", Sandro Magister, escreveu ontem que Bergoglio só "surpreendeu os que não notaram, nos dias anteriores, o surgimento de seu nome nas conversas entre os cardeais".
    Se Allen linkou o post da "Time" em sua defesa, Magister linkou um perfil que ele próprio escreveu de Bergoglio, em que apresentava o cardeal argentino como "um sério candidato ao papado". O problema é que o texto havia sido publicado pela "L'Espresso" mais de dez anos atrás, o que torna a menção quase cômica.
    Dos três vaticanistas de maior repercussão, foi Andrea Tornielli, do "La Stampa", quem admitiu mais francamente a "surpresa" com a escolha do argentino, ontem. Afinal, "parecia que os cardeais buscavam um papa jovem" e "parecia que escolheriam um 'governador' para a cúria". Bergoglio não é jovem nem administrador.
    Curiosamente, na "matilha" de vaticanistas, Tornielli foi o que chegou mais perto. Ontem, o site da "New Yorker" destacava que há uma semana ele publicou longa entrevista com Bergoglio no "La Stampa", com "declarações reveladoras", como a de que a igreja deveria esquecer Roma e se voltar para a "periferia".
    O título da entrevista foi "Tentação sul-americana pelo primeiro papa não europeu". Nela, Tornielli dizia que Bergoglio só não estava no "rosário de papáveis por sua idade". Dias antes, Tornielli já havia noticiado o movimento para levar "um latino-americano à Sé de Pedro", mas o nome que ouviu então foi o de d. Odilo Scherer.

      Moisés Naím

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      Cinco livros sobre o poder
      "O poder de comandar frequentemente provoca falhas no pensar", diz Barbara Tuchman
      Ando pensando muito atualmente sobre como o poder está mudando no mundo de hoje. Estes são cinco livros velhos que me vêm ajudando a entender tendências novas.
      Thomas Kuhn, "A Estrutura das Revoluções Científicas" (1962): Kuhn argumenta que a ciência nem sempre avança por meio do acúmulo gradual de conhecimentos, na chamada "ciência normal".
      Periodicamente a normalidade é subvertida por revoluções que derrubam o edifício intelectual inteiro da física ou biologia, por exemplo. Assim, a "ciência normal" regularmente desaba sob o peso de informações que as teorias recebidas não explicam e pelas revelações de novas explicações. A isso damos o nome de "mudança de paradigma".
      Embora o livro seja sobre ciência, implicitamente trata de como o poder flui de uma facção para outra, rival.
      Barbara W. Tuchman, "A Marcha da Insensatez - De Troia ao Vietnã" (1985): o que têm em comum a Guerra de Troia, a fragmentação da Santa Sé, a perda das colônias americanas da Inglaterra e a Guerra do Vietnã? A insensatez. De acordo com esta historiadora, esses quatro fiascos foram movidos por indivíduos determinados a promover políticas contrárias a seus interesses e que obstinadamente rejeitaram opções melhores. Por quê? Porque "o poder de comandar com frequência provoca falhas no pensar".
      Gabriel García Márquez, "O General em Seu Labirinto" (1990): Simon Bolívar conheceu o poder. Quando morreu, aos 47 anos, tinha libertado seis nações e sido chefe de Estado de cinco delas. No entanto, ele morreu sem poder, consumido pela tuberculose, frustrado por suas derrotas políticas.
      Neste magistral relato fictício da arrastada morte de Bolívar, o Nobel de Literatura Gabriel García Márquez escreve que "o desespero, a doença e a morte inevitavelmente derrotam o amor, a saúde e a vida". Um livro belo que revela tanto sobre a condição humana quanto sobre a natureza fugaz do poder.
      John Arquilla e David F. Ronfeld, "The Advent of Netwar" (1996) (A chegada da guerra de redes): Os autores são visionários: prenunciaram que redes ágeis, descentralizadas e adaptáveis de combatentes não tradicionais criariam desafios inusitados às organizações militares. Descreveram esses novos conflitos como "guerras de redes" e previram que se tornariam o modo dominante de conflito no século 21. Para eles, as estratégias militares tradicionais "provavelmente se mostrarão insuficientes para lidar com conflitos não lineares, de multidões, da era da informação, na qual elementos sociais e militares se misturam estreitamente". Se você tiver alguma dúvida quanto a essa previsão, pergunte ao Taleban.
      Felipe Fernandez-Armesto, "Os Desbravadores: Uma História Mundial da Exploração da Terra (2006): o autor narra a fascinante história das explorações do mundo.
      O livro é a história de como, nos últimos 5.000 anos, exploradores ousados impelidos por motivações humanas básicas - especialmente a busca do poder uniram o mundo.
      Tradução de CLARA ALLAIN

      Contraponto - Painel - Vera Magalhães

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      À espera de um vacilo
      O Planalto entende que Eduardo Campos (PSB) cometeu seu primeiro "erro político" como presidenciável ao propor saída negociada para o impasse dos royalties. Integrantes do governo classificam sua proposta como inviável e afirmam que ele se omitiu na questão mais espinhosa: o Fundo de Participação dos Estados. O Congresso tem até julho para aprovar nova regra de distribuição da verba. O STF já sinalizou que, se o prazo estourar, vai suspender os repasses federais.
      -
      Verão passado O PT está compilando vídeos e declarações do governador de Pernambuco criticando o Rio de Janeiro por não aceitar dividir a receita dos royalties.
      Antídoto Ciente do bombardeio que se anuncia, o PSB também fez um clipping de declarações antigas de Campos na mesma linha do acordo que propôs agora.
      Timing 1 Petistas e peemedebistas culpam Ideli Salvatti (Relações Institucionais) por Campos ter surfado no tema dos royalties. Alessandro Molon (PT-RJ) levou à ministra proposta idêntica antes de o Congresso derrubar o veto de Dilma Rousseff.
      Timing 2 Ideli disse que não poderia costurar um acordo sem a anuência dos Estados não-produtores. Aliados acham que ela deveria ter conduzido a negociação.
      Luz... A abstenção do PSD na primeira votação de peso de Fernando Haddad na Câmara, a da inspeção veicular, deixou o governo em alerta. O prefeito quer seduzir kassabistas para projetos que exigem quórum qualificado, como o Plano Diretor.
      ... amarela Com o PSD, o governo Haddad espera ter 40 dos 55 votos na Casa. "Nossa aproximação com Kassab será lenta e segura", diz o secretário João Antonio (Relações Governamentais).
      Nem vem O governo propôs que o PMDB trocasse a relatoria na Câmara da medida provisória da desoneração de produtos da cesta básica com o PT. O partido não topou.
      Vida prática Como parte do pacote que anunciará hoje, Dilma deve pedir à Câmara "colaboração" para acelerar o debate de temas que afligem o consumidor e tramitam nas comissões da Casa.
      Confessionário Além de participar da posse do papa Francisco, na terça-feira, Dilma terá encontro reservado com o pontífice na véspera. Ela deve estar acompanhada de Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral). A presidente deve tratar sobre a vinda do argentino à Jornada da Juventude, em julho, no Rio.
      Fé... Escolhido para relatar o documento final da 5ª Conferência dos Bispos Latino-Americanos, de 2007, em Aparecida, Jorge Mario Bergoglio enfrentou polêmica na conclusão do texto, que propunha que a Igreja Católica fosse "ao encontro do povo".
      ... e política Além do embate que o então cardeal de Buenos Aires travou com a ala ligada à prelazia conservadora Opus Dei, o manifesto passou por modificações após a aprovação. Atribuídas nos bastidores ao Vaticano, as emendas alvejaram as Comunidades Eclesiais de Base, pilar dos progressistas.
      Acervo Após revisão, Ricardo Lewandowski liberou ontem para publicação dez volumes, com 1.200 páginas, de notas orais dos debates travados no Supremo durante o julgamento do mensalão. O ministro deverá divulgar seu voto nos próximos dias, como já fez Joaquim Barbosa.
      Plantão médico Depois de o ministro Alexandre Padilha (Saúde) ter prometido a secretários da área recursos federais "sem limites" para construção e reformas de UBSs em São Paulo, Geraldo Alckmin anunciou ontem a prefeitos R$ 200 milhões para a mesma finalidade.
      Chapa 2 A corrente Mensagem ao Partido se reúne nos dias 22 e 23, em Brasília, para lançar a candidatura de Paulo Teixeira (SP) à presidência nacional do PT. Rui Falcão busca novo mandato.
      com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
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      TIROTEIO
      "A Igreja fez menos que deveria para proteger as vítimas da ditadura. Mas só a consciência do novo papa pode dizer onde ele falhou."
      DE RENATO SIMÕES, secretário de Movimentos Populares do PT, sobre a conduta de Jorge Mario Bergoglio ante o governo militar na Argentina.
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      CONTRAPONTO
      Leite derramado
      Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) conversava com jornalistas no Planalto sobre a escolha do papa Francisco quando lhe perguntaram sobre uma chácara que tem próxima a Brasília.
      -Minha quitinete rural? Ah, vai muito mal- lamentou-se o ministro.
      E emendou, diante da curiosidade geral:
      -Roubaram minha vaca leiteira. De uma vez perdi um terço do meu rebanho de três vacas...

        Entrevista Jorge Gerdau - Fernando Rodrigues e Armando Pereira Filho

        folha de são paulo

        Burrice de criar ministérios já chegou ao limite
        PARA EMPRESÁRIO, SEM REFORMA É DIFÍCIL CONTER AVANÇO DOS POLÍTICOS NA GESTÃO; DEZ ANOS É POUCO PARA O PAÍS SE TORNAR COMPETITIVO, DIZ
        FERNANDO RODRIGUESDE BRASÍLIAARMANDO PEREIRA FILHOEDITOR DE ECONOMIA DO UOL
        O empresário Jorge Gerdau acha que o Brasil precisa "trabalhar com meia dúzia de ministérios" e não com as 39 pastas da administração de Dilma Rousseff -no fim do governo do tucano Fernando Henrique Cardoso eram 24.
        O inchaço se dá por contingências políticas, mas "tudo tem o seu limite", diz o presidente da Câmara de Políticas de Gestão da Presidência. Em entrevista à Folha e ao UOL na terça-feira, ele completou: "Quando a burrice, ou a loucura, ou a irresponsabilidade vai muito longe, de repente, sai um saneamento. Nós provavelmente estamos no limite desse período".
        Em uma de suas raras entrevistas, Gerdau disse conversar sobre esse assunto com a presidente da República, a quem elogia. "Eu já dei um toque na presidenta."
        Embora enxergue avanços na gestão do país, suas previsões são de longo prazo. "Para deixar o país com planejamento competitivo em todas as frentes", um prazo de "dez anos é pouco".
        A seguir, trechos da entrevista com Gerdau.
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        Folha/UOL - Há quase dois anos à frente da Câmara de Políticas de Gestão, o que foi possível avançar?
        Jorge Gerdau - O trabalho mais pesado que nós fizemos foi na Casa Civil. Com o PAC, que era uma estrutura que trabalhava dentro da Casa Civil. Foi para o Ministério do Planejamento. Foi necessário fazer uma reorganização para dar condições de administração para que a presidente pudesse acompanhar todos os projetos. Fez-se toda uma estrutura de informática. Avançamos em várias coisas. No Ministério da Saúde, na área de logística, compra de remédios etc. Trabalhamos na pasta dos Transportes.
        Algum resultado objetivo?
        Na área de logística. [O Ministério da Saúde] Tinha capacidade de atendimento de 40% da demanda. Até junho, nós vamos atingir um ritmo de atendimento de 80%.
        Outro exemplo foi em Guarulhos. O aeroporto tinha uma capacidade de atendimento de 900 pessoas por hora. De 2011 para 2012, nós conseguimos atingir um número próximo a 1.500. O que foi? Pequenas coisas. Ampliar o número de balcões, o atendimento dos passaportes e do controle da bagagem. Pequenas mudanças no layout.
        O sr. diria que a política atrapalha a gestão?
        [Longa pausa] Dentro da estrutura brasileira, o conceito de política atrapalha bastante a gestão. Mas... [pausa] A gente tem que encontrar os caminhos dentro das realidades que cada país tem.
        Você tem que separar os três níveis: as funções e interesses de Estado, as de governo e as de administração. País civilizado troca de ministro e muda duas, três pessoas de relação pessoal. A administração não muda. A estrutura de governança pode ter modificações de decisão política. Muda o partido, a cabeça do líder. No Brasil, só tem quatro ou cinco instituições em que a estrutura de meritocracia e profissionalismo funcionam.
        Quais são elas?
        Banco do Brasil, Banco Central, Itamaraty e Exército. Tem ainda o BNDES.
        O Brasil acaba de ganhar, agora, o seu 39º ministério. O Brasil precisa ter 39 ministérios?
        Não. Deveria trabalhar com meia dúzia.
        O número de partidos vai aumentar. A gente vai ter cada vez mais ministérios?
        Diria o seguinte: tudo tem o seu limite. Quando a burrice, ou a loucura, ou a irresponsabilidade vai muito longe, de repente, sai um saneamento. Nós provavelmente estamos no limite desse período.
        Do jeito que está, a presidente teria poder para reduzir o número de ministérios?
        Poder, tem. Mas como o número de partidos vai crescendo cada vez mais, é quase impossível. O que a presidente faz? Ela trabalha com meia dúzia de ministérios realmente chave. O resto é um processo que anda com delegações de menos peso.
        A administração pública federal tem uns 20 mil cargos de confiança. É excessivo?
        Absolutamente excessivo. No esquema que eu falei: funções de Estado, de governo e o resto seriam administrações com meritocracia. Você deveria ter meia dúzia de cargos de confiança por pasta. O resto tem que ser de carreira.
        O sr. fala isso para a presidente? Como ela reage?
        Eu já dei um toque na presidenta. Ela me deu a explicação que dei para você.
        Causa angústia?
        Lógico. Mas eu tenho convicções de que esse processo de maturação tecnológica é um trabalho de anos. O trabalho talvez mais interessante que estamos fazendo é estruturar em todos os ministérios o mapa estratégico.
        O que seria isso?
        Um processo desenvolvido em Harvard. Definir as metas principais sobre a visão estratégica. Depois, uma visão financeira. E depois uma visão de processo e de recursos humanos. Você faz uma definição clara da missão daquela organização. É um instrumento para que todo mundo que trabalha naquele ministério entenda para que esse ministério existe, quais são as metas.
        O Brasil está com o mercado de trabalho superaquecido. Os salários pressionam. Como o país achará uma saída para esse quadro?
        Buscar soluções de produtividade. No Brasil, há um tema que é a não competitividade do produto brasileiro e outro que é a análise da produtividade. São duas coisas que deveriam ser analisadas separadamente.
        Tenho áreas na Gerdau com patamares de produtividade homem/hora semelhantes aos melhores do mundo. Agora, se eu tomar o que um operário no Brasil tem sobre o que ele leva líquido para a casa... Ele tem mais de 100% de baixo para cima. Outros países não. No Chile, por exemplo, um operário leva quase 85% para a casa daquilo que ele custa.
        Custa para a empresa?
        Para a empresa. Nos EUA, os custos adicionais são extremamente pequenos. Poucos países usam a folha de pagamento como instrumento arrecadatório. O certo seria que a relação contratual entre a empresa e empregado se vinculasse apenas naquilo que é a relação de trabalho.
        O sr. está dizendo que sem reforma trabalhista o país não sai desse labirinto?
        Desse labirinto da não competitividade.
        A presidente Dilma é ciente desses problemas?
        Totalmente ciente.
        A presidente e o PT já estão há dez anos no poder. Não foi tempo suficiente para mudar esse cenário?
        São perfis diferentes da visão de liderança.
        Mas ela foi chefe da Casa Civil do governo anterior...
        Como chefe de Casa Civil ela procurou organizar o PAC. Um instrumento para botar controle no que se investe no país. Mas isso não quer dizer que você conseguisse eficiência operacional em todos os ministérios.
        Quanto tempo o sr. acha que nesse ritmo a presidente colherá resultados concretos?
        Para deixar o país com planejamento competitivo em todas as frentes, eu acho que dez anos é pouco.
        Vinte anos?
        Vinte talvez seja muito.


        FRASES
        "No Brasil, só tem quatro ou cinco instituições em que a estrutura de meritocracia e profissionalismo funcionam"
        "[O país] Deveria tra-balhar com meia dú-zia [de ministérios]"
        "Quando a burrice, ou a loucura, ou a irresponsabilidade vai muito longe, de repente, sai um saneamento. Nós provavelmente estamos no limite desse período"
        "Para deixar o país com planejamento competitivo [...] dez anos é pouco"


        RAIO-X - JORGE GERDAU, 76
        FORMAÇÃO
        Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
        CARREIRA
        Presidente do Conselho de Administração da Gerdau e presidente da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade do governo Dilma Rousseff

          Tendências/Debates

          folha de são paulo

          ROGÉRIO PORTUGAL BACELLAR
          TENDÊNCIAS/DEBATES
          Uma regularização mais veloz
          Ao evitar o apelo à Justiça, a usucapião administrativa reduziria de 10 anos para 90 dias o tempo de legalização de loteamentos clandestinos
          Os loteamentos clandestinos e irregulares estão entre as principais causas do crescimento desordenado das grandes cidades e das regiões metropolitanas. Trazem consequências negativas amplas como danos ambientais, urbanísticos e até mesmo sociais.
          O risco de enchentes e desabamentos, a criação de bolsões sem infraestrutura e a impossibilidade de legalização dos imóveis são alguns dos problemas ocasionados pela incorreta ocupação do solo.
          Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2011 apontam que, dos 5.565 municípios do Brasil, 3.025 possuem loteamentos desses tipos. Estima-se que, se nada for feito para combater essa demanda, até 2050, o número de assentamentos subnormais no Brasil quintuplicará.
          Em um processo de regularização, diversas são as origens dos imóveis ocupados. Mesmo que pertençam ao governo, é necessário o uso de um instrumento legal para formalizar a transferência ou a doação. Uma das formas é por usucapião.
          O grande gargalo que existe hoje acerca da legalização é o longo prazo que a usucapião exige. A demanda precisa ser encaminhada ao Judiciário, onde pode ficar até 10 anos.
          Por ter sido criado para oferecer a oportunidade de discussão ampla no Judiciário acerca da transferência de propriedade de um bem por direito adquirido, a usucapião conta com uma série de ritos que são desnecessários em projetos sociais de regularização fundiária.
          O projeto de usucapião administrativa é uma alternativa a essa realidade. Foi organizado pelo poder público, com apoio da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg-BR) e Anoreg-RJ e em parceria com cartórios extrajudiciais para regularização das favelas do Rio de Janeiro.
          Estima-se que, somente no Estado do Rio de Janeiro, mais de um milhão de moradores de favelas poderão ser beneficiados. Levantamento feito em 2012 aponta que, apenas na Rocinha, cerca 160 mil moradores poderão ter suas residências regularizadas.
          Com base nesse projeto-piloto, apresentamos, em 2012, ao Ministério da Justiça um estudo para que o mesmo procedimento seja adotado em todo o país. Caso seja aprovado e se torne projeto de lei, o fornecimento de documentação de posse aos ocupantes por usucapião ficará muito mais rápido e fácil. A concessão do título de propriedade ficaria a cargo dos cartórios extrajudiciais, sem necessidade de intervenção da Justiça, caso não haja conflito. O prazo para concessão de um título de propriedade nesses casos seria de cerca de 90 dias.
          Além das questões urbanísticas e ambientais, o tema diz respeito à cidadania. A obtenção de escritura de posse dá ao morador a segurança de que o local em que reside é definitivamente seu. E abre portas para a solicitação de obras de saneamento e eletricidade pelos governos.
          Outro ganho significativo é a possibilidade dos legalmente proprietários buscarem financiamentos bancários. Podem, assim, realizar melhorias no imóvel, ao mesmo tempo em que contribuem para eliminar as transações imobiliárias clandestinas, trazendo todo esse contingente para a formalidade e legalidade.


          GASTÃO VIEIRA
          TENDÊNCIAS/DEBATES
          Ora, direis, contar estrelas
          A três meses da Copa das Confederações, a quase totalidade dos hotéis não aderiu à classificação de estrelas feita pelo governo
          Quem já passou pelo inconveniente sabe como é difícil conter a frustração: o turista chega ao destino de férias dos seus sonhos depois de meses planejando uma viagem; paga por um hotel que se anuncia como três, quatro ou até mesmo cinco estrelas; e, no final, encontra acomodações de qualidade muito inferior ao que fora anunciado.
          Durante mais de uma década, esse constrangimento foi lugar-comum no Brasil. Sem regras claras de classificação, o setor hoteleiro do país viu-se vítima de uma verdadeira grilagem de estrelas, distribuídas por hotéis, pousadas, resorts e flats de acordo com os critérios de cada um.
          O resultado foi uma perda gradual da confiança do turista na hotelaria brasileira. As estrelas passaram a ser vistas como simples referência aproximada ou, pior, como mais uma dessas regras que "não colam" no Brasil. Isso causou problemas à imagem do país no exterior e uma competição desleal entre empresas que zelavam pela qualidade de seus serviços e outras que se aproveitavam do descontrole.
          A situação começou a mudar em 2008, quando foi sancionada a Política Nacional do Turismo (lei nº 11.771), prevendo o estabelecimento de normas de classificação dos meios de hospedagem por regulamento posterior. Essas finalmente foram instituídas pelo decreto nº 7.500/2011, que criou o Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem, o SBClass. Ele trouxe de volta as estrelas à hotelaria brasileira e deu ao Ministério do Turismo a exclusividade na sua distribuição.
          O SBClass foi estabelecido após uma série de estudos, que analisaram experiências de 24 países. Em 2010, mais de 300 especialistas foram consultados em uma série de oficinas, que terminaram em seis cursos de capacitação e 26 avaliações-piloto. Seus critérios nada têm de arbitrário, portanto.
          Além disso, pensando numa concorrência justa, as estrelas do SBClass são definidas de acordo com sete categorias de estabelecimento. Assim, resorts não competem com hotéis, pousadas não competem com hotéis históricos.
          Os critérios também são distribuídos de acordo com uma matriz, de forma que alguns itens são, por assim dizer, "de série" -todo hotel cinco estrelas precisa ter TV por assinatura nos quartos-, enquanto outros são "opcionais" -nem todo hotel cinco estrelas precisa ter piscina.
          O custo da classificação é baixo: menos de R$ 900 por três anos de registro, dependendo do estabelecimento. Ele inclui a placa com as estrelas e a visita do Inmetro, órgão que fechou uma parceria com o Ministério do Turismo para vistoriar o cumprimento dos critérios.
          Apesar de tudo isso, a adesão dos hotéis ao sistema tem sido incrivelmente baixa. Somente três dezenas se registraram até agora para ganhar estrelas, num universo de cerca de 6.260 que integram o Cadastur, o cadastro oficial de empresas de turismo do governo brasileiro.
          Na prática, isso significa que sites de viagem continuam vendendo estabelecimentos sem classificação oficial (e, em alguns casos, gato por lebre) e que hotéis legitimamente estrelados ainda estão competindo em desvantagem. O mercado ainda está recebendo a sinalização errada, a três meses da Copa das Confederações.
          Acredito que a razão para o aparente desinteresse seja o desconhecimento do SBClass por parte das empresas. Há uma mitologia em torno dos critérios de classificação que não resiste ao menor escrutínio: muitos dos critérios são eletivos e muitos dos obrigatórios são itens que os hotéis já possuem.
          Há também, possivelmente, resistências localizadas em algumas cidades de hotelaria antiga, mas que não são maiores do que o desejo do setor de ser competitivo e jogar limpo com o cliente.
          Embora o decreto que criou o sistema dê ao ministério a prerrogativa de retirar estrelas de hotéis não cadastrados, preferimos convencê-los a aderir. Mas a proximidade dos grandes eventos requer que esse processo seja acelerado. Afinal, o maior interesse de todos, independentemente do número de estrelas, é que o turista volte, sempre.

          Marina Silva

          folha de são paulo

          Valores da mudança
          Comentando um artigo que denunciava um desses golpes na internet para tirar dinheiro dos incautos, um cidadão declarou seu receio em investir agora, preferia esperar mais um pouco. Impressionou-me que ele não questionasse a legitimidade, mas apenas a oportunidade do negócio. Eis, a meu ver, o centro da crise civilizatória: o ganho material e imediato, como medida dos valores, e a indução a fazer qualquer coisa para consegui-lo.
          No Estado, como no mercado, se as negociações forem feitas com os mesmos valores e métodos da partilha de um butim, vamos naturalizar a divisão de poder entre pessoas cujo histórico recomenda o contrário. E mesmo o debate sobre questões estratégicas pode ser contaminado pela disputa de interesses imediatos de grupos econômicos ou políticos.
          Para os cidadãos que não aderem ao vale-tudo e ainda sonham com uma sociedade eticamente sustentável, o esforço de "estar no mundo sem ser do mundo" leva à busca esperançosa de contribuir para as necessárias mudanças. Mais uma vez, a sabedoria popular recomenda que se comece em casa.
          Por isso, minha esperança se renova quando vejo exemplos de lucidez e desapego aos ganhos materiais e imediatos. No debate público recente sobre comissões na Câmara e no Senado, palavras ponderadas vieram de pessoas que não se envolvem no bate-boca em que se responde um preconceito com outro, mas mostram a responsabilidade dos escalões mais altos, em que se dá a negociação dos cargos. Prejuízos sociais e ambientais são inevitáveis ao se trocar a primogenitura do bem comum pelas lentilhas do vale-tudo na política.
          A autolimitação é pré-requisito da liberdade, sem ela nos tornamos escravos do tirano que nós mesmos podemos ser. Os resultados desse difícil, porém necessário, esforço não são imediatos, mas, mesmo quando nada parece acontecer, é a partir dele que as pessoas se dispõem a ouvir umas às outras, formar novas relações e tecer os consensos possíveis.
          Alguns gestos são simbólicos, sua força consiste em promover reflexões. Não podemos desconhecer, por exemplo, a renúncia do papa Bento 16 e o reconhecimento da necessidade de mudanças por parte da Igreja Católica na escolha do novo papa. Milhões de pessoas, em todo o mundo, são agora alcançados por um novo nome, Francisco, carregado de significados históricos que induzem a considerar a simplicidade e o convívio harmonioso com a natureza como valores necessários à superação da crise civilizatória.
          A lucidez, o desapego ao poder e a capacidade de ouvir não são valores exclusivos. Não é preciso ser crente nem ateu, progressista ou conservador, nem é preciso deixar de ser. Reconhecer o gesto e a palavra do outro não ameaça a identidade de ninguém.

            Tv Paga


             Estado de Minas: 15/03/2013 

            Sessão pipoca

            Alguns dos maiores nomes do cinema britânico estão reunidos em O exótico Hotel Marigold, que estreia hoje, às 22h, no Telecine Premium. Judi Dench (foto), Maggie Smith, Tom Wilkinson e Bill Nighy são os mais conhecidos, mas o elenco tem outros profissionais competentes, ob a direção de John Madden. A trama: sete amigos aposentados decidem aventurar-se no Hotel Marigold, na Índia. Chegando lá, percebem que o local não parece ser o mesmo que viram no anúncio. Após a decepção e o primeiro contratempo cultural, eles se apaixonam pelo país e fazem muitas descobertas.

            Shia La Beouf se enrola  todo com a tecnologia


            No canal FX, hoje tem Sessão duplex, com dois filmes estrelados por Shia La Beouf: Controle absoluto (17h20) e Transformers: A vingança dos derrotados (19h20). Na concorrida faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: Além da vida, na HBO; O amor custa caro, no Glitz; Estrada de rei, no Max; Espelho, espelho meu, no Telecine Pipoca; Meu país, no Telecine Touch; Yentl, no Telecine Cult; Wyatt Earp, no TCM; e Gigante, na Cultura. Outras atrações da programação: Mamma mia!, às 21h, no Boomerang; Heróis fora de órbita, às 21h, no Comedy Central; Planeta dos macacos (2001), às 22h25, no Megapix; e Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, às 22h30, na Fox.

            Grace Kelly, Pé Grande e guerreiros medievais


            Cinema é tema também do documentário que o canal Bio exibe às 16h45, traçando o perfil da atriz Grace Kelly, que se tornaria princesa de Mônaco. Da bela para a fera, o canal History programou para as 17h30 o especial A um passo do Pé Grande, sobre a mítica criatura, que seria um exemplar do Gigantopithecus, gênero de primata desaparecido da Terra entre 5 milhões e 100 mil anos atrás. Outro especial agendado para hoje é Mistérios do cristianismo: Os templários, às 19h, no NatGeo.

            Ambientalistas realizam expedição à Patagônia


            O canal Off exibe hoje, às 22h, o inédito 180º South. A produção acompanha o aventureiro norte-americano Jeff Johnson em uma reedição da expedição realizada em 1968 pelos ambientalistas Yvon Chouinard e Doug Tompkin, que saíram da Califórnia em direção à Patagônia chilena, percorrendo mais de 8 mil quilômetros de carro, para divulgar ações em favor da preservação da natureza. Johnson e sua equipe refazem o percurso, só que a bordo de um barco.

            Uma dupla de malucos apaixonados por carros


            O Discovery estreia hoje, às 23h10, a série Dupla do barulho, que acompanha o empresário Richard Rawlings e o mecânico Aaron Kaufmann em uma jornada atrás de carros para serem radicalmente transformados. A oficina dos caras fica em Dallas, no Texas, onde eles costumam restaurar raridades. Ou seja, algo muito parecido com o que fazem Ron e seu filho Jason McClure em Os reis dos carros clássicos, do mesmo canal.

            Hoje tem Iron Maiden e  Jamiroquai. Veja os dois


            A famosa Jamiroquai faz show hoje na telinha do Glitz, à meia-noite. O especial Live at Montreux mostra o grupo do vocalista Jay Kay ao vivo no festival suíço interpretando sucessos como Deeper underground, Just another story e Blow your mind. Como aperitivo, que tal o especial Iron Maiden: En vivo! Live at Estadio Nacional, Santiago, às 21h34, na HBO Plus e?

            INHOTIM » Teatro sem atores Carolina Braga‏


            Estado de Minas: 15/03/2013

            O teatro já marcou presença de várias formas em Inhotim, mas não da maneira como será feita a partir de hoje. Não se trata somente de uma performance e nem um espetáculo convencional, Susurrus, produção do grupo escocês Fire Exit, com direção de David Leddy, mistura clássico de Shakespeare, toques operísticos e noções de botânica, tudo isso sem que nenhum ator esteja diante do espectador.

            Na verdade, é uma audiopeça, que o espectador poderá ouvir enquanto percorre um trecho determinado dos jardins do centro de arte contemporânea. Todos os fins de semana, até 7 de abril, o público poderá embarcar nessa experiência inédita em Minas. Como não há palco fixo, cada espectador receberá um aparelho de MP3 e um poderoso fone de ouvido logo no início do percurso. Por dia, estão previstas cerca de 30 saídas, dependendo da rotatividade.

            Intimidade

            Susurrus é dividido em oito partes, cada uma em uma paisagem diferente de Inhotim. Recomenda-se que cada pessoa experimente a peça sozinha, o que contribui para as interpretações particulares sobre a trama envolvendo os bastidores do universo operístico britânico, a partir de montagem de Sonhos de uma noite de verão, de Shakespeare. Para o diretor, o uso do fone de ouvido é essencial para a conexão emocional do espectador visitante com a história contada. “Ao ouvir as vozes no fone, você provoca intimidade. Para mim, um dos pontos centrais é o poder da voz humana. Você pensa que a pessoa está com você”, comenta o diretor.

            Ao mesmo tempo em que gira em torno da montagem de Sonhos de uma noite de verão, de Shakespeare, o texto propõe um olhar crítico para a obra do bardo inglês assim como de outros artistas. O compositor Benjamin Bitten, conhecido pela versão operística do texto, e cantoras como Maria Callas, Edith Piaf e outros são referências frequentes, seja na trilha sonora ou em citações.

            Site specific

            Considerado pela imprensa internacional referência no chamado teatro site specific, David Leddy estreou o trabalho há seis anos em Glasgow. Desde então, Susurrus já ocupou parques de nove países e foi feito em quatro idiomas. “É sempre diferente. As pessoas, o lugar. Tem gente que gosta quando vê em dias ensolarados. Outros gostam ainda mais nos dias nublados”, conta o diretor. David Leddy parece encantado com as formas que Susurrus pode ganhar em Inhotim. O percurso passa pelos bancos de madeira de Hugo França, pela obra de Yayoi Kusama, pelo pavilhão de Adriana Varejão e outros pontos marcantes do complexo.

            O próprio artista acompanha a adaptação do texto para os idiomas nos quais é apresentado. Susurrus em português tem as vozes de Rubens Caribé, Marco Antônio Pâmio, Laura Molloy, Martha Meola, Claudiane Carvalho e Vivi Keller, também responsável pela direção das vozes no Brasil, antes do envio para o Reino Unido. “Foi bastante simples. Eu recebia o arquivo em MP3 e acompanhava o texto em inglês, não tive dificuldade”, conta Leddy.

            A vinda da peça para Inhotim faz parte das ações de promoção das artes do Reino Unido, promovida pelo British Council no mundo inteiro. Em 2009, o espetáculo foi apresentado no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. “Em fevereiro do ano passado, estive em Inhotim e quando coloquei o pé aqui imaginei Susurrus ”, conta Liliane Rebelo, gerente de artes do British Council. Ela ainda tem planos de levar a peça para o Parque Municipal de Belo Horizonte e também para o Recife.

            SUSURRUS
            Apresentação da peça-percurso de David Leddy, do grupo escocês Fire Exit, hoje, amanhã e domingo, das 10h às 15h. Ingressos: R$ 28 (inteira) e R$ 14 (meia) – valor de entrada no centro. Em cartaz nos fins de semana, até 7 de abril, em Inhotim, Brumadinho, acesso pelo km 500 da BR-381. Informações e visitas agendadas: (31) 3571-9700. R$ 28 (inteira) e R$ 14 (meia). Crianças até 5 anos não pagam. Assinantes do Estado de Minas têm 50% de desconto na compra de dois ingressos. Transporte interno: R$ 20.

            LITERATURA » Convidados de honra Feira de Frankfurt‏

            Treze mineiros integram comitiva de 70 escritores que participam da Feira de Frankfurt, na Alemanha, em outubro. Evento deste ano tem programação especial sobre o Brasil 


            Sérgio Rodrigo Reis

            Estado de Minas: 15/03/2013



            O escritor Affonso Romano de Sant'Anna nunca se esqueceu do dia em que entrou numa livraria no Quartier Latin, na França, em busca de livros de autores brasileiros. Encontrou latinos, asiáticos, noruegueses, africanos e, à exceção de Jorge Amado, nenhum outro autor de seu país. Ao questionar o dono do lugar sobre a ausência de obras do Brasil, ouviu: “É porque vocês não têm autores suficientes”. “Naquele momento, percebi que o problema era nosso. Não temos agressividade. Todos ao redor do mundo investem em cultura. É uma descoberta que temos que ter”, diz.

            Boa oportunidade para mostrar a criação nacional lá fora ocorrerá em breve, entre 9 e 13 de outubro, quando Romano, ao lado de outros 69 autores brasileiros, participará da Feira de Frankfurt, na Alemanha. O Brasil será o país convidado e terá programação especial no evento.

            O anúncio dos selecionados foi feito ontem, na Feira de Leipzig, também na Alemanha. O Brasil levará escritores de gêneros e estéticas diversas, como Carlos Heitor Cony, Bernardo Carvalho, Cristovão Tezza, Sérgio Sant’Anna, André Sant'Anna, Andrea del Fuego, Veronica Stigger, Daniel Galera, Nuno Ramos, Paulo Henriques Britto e Paulo Coelho. Minas terá expressiva  representatividade com 13 autores, dentre os quais (veja lista), quatro ainda vivem no estado: Adélia Prado, em Divinópolis; Angela Lago, Lelis e Maria Esther Maciel em Belo Horizonte.

            Galeno Amorim, atual presidente da Fundação Biblioteca Nacional e responsável pelo comitê organizador do projeto “Brasil  convidado de honra da Feira do Livro de Frankfurt 2013”, na entrevista coletiva justificou a seleção. Segundo ele, o objetivo foi mostrar a diversidade da produção literária, com variedade de linguagens e regiões do país representadas.

            Affonso Romano de Sant'Anna, que presidia a Fundação Biblioteca Nacional em 1994, época em que o país foi também homenageado na Alemanha, considera importante a nova oportunidade de projetar a produção nacional. “O Brasil está deixando de ser provinciano. Antes, o escritor brasileiro ficava enclausurado aqui, como fizeram Drummond, Clarice Lispector, Nelson Rodrigues, ao contrário de vários latinos, como Carlos Fuentes e Julio Cortázar, que decidiram sair. Com a globalização, o Brasil está deixando de ser provinciano. Essa segunda chance nossa em Frankfurt ocorre num momento de virada tecnológica. A tentativa agora tem que ser de exposição da literatura nacional”, enfatiza. “Portugal é um país mínimo e tem organização literária 10 vezes maior que a nossa para exportação. O governo tem que acordar para a situação, pois é uma economia importante.”

            INTERCÂMBIO O escritor e ilustrador Lelis foi pego de surpresa com a notícia de sua escolha para participar da comitiva. “Enviaram-me um e-mail convidando a fazer parte do grupo. Darão hotel, passagens e ajuda de custos. Ficarei lá durante 10 dias.” Satisfeito com a oportunidade, ele conta que, mesmo com produção reconhecida na área – tem três livros de literatura, dois de quadrinhos e ilustrou inúmeras publicações –, o convite o surpreendeu. Para ele, mais do que uma feira de literatura, a oportunidade é importante, pois abre as portas para se pensar em outros intercâmbios.

            Mineiros em Frankfurt


            Adélia Prado
            Affonso Romano de Sant'Anna
            André Sant’Anna
            Angela Lago
            Fernando Morais
            Francisco Alvim
            José Murilo de Carvalho
            Lelis
            Luiz Ruffato
            Maria Esther Maciel
            Ruy Castro
            Silviano Santiago
            Ziraldo



            Ruy Castro

            folha de são paulo

            Estatística macabra
            RIO DE JANEIRO - Estudo recente da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, é de alarmar qualquer um. Seu autor, o pesquisador David Spiegelhalter, afirma que certos hábitos reduzem a vida de um cidadão em até meia hora. Por exemplo: fumar dois cigarros, tomar uma ou mais doses de bebida alcoólica, estar 5 kg acima do peso, comer um hambúrguer ou assistir à TV por duas horas seguidas. Cada uma dessas imprevidências pode limar 30 minutos da nossa expectativa de vida.
            Assustei-me. Durante 40 anos em que andei em más companhias, fumei pelo menos um maço por dia, ou 14.600 maços. Multiplicados por 20, que são o conteúdo de um maço, terei acendido 292 mil cigarros. Se abatermos meia hora de vida por cada dois dos 292 mil, concluo que morri -bem feito para mim- e esta coluna está sendo escrita por um ectoplasma. O mesmo quanto à bebida. Parei com ela há 25 anos, mas o que bebi nos 20 anteriores faz com que, pelos cálculos do dr. Spiegelhalter, eu já esteja devendo vá-rias encarnações.
            Sobrepeso? Nem me fale. Devo ter perdido até hoje mais de 500 kg, mas não só os recuperei um a um como ganhei um excedente crônico. E nunca fui de hambúrgueres, mas isso não me alivia a consciência, pesada por 25 mil bolas de sorvetes -média de mil por ano- tomadas também em 25 anos. E não ligo para TV, exceto quando há gente de vermelho e preto correndo atrás da bola, o que acontece até duas vezes por semana.
            Enfim, tirando um excesso pelo outro e subtraindo 30 minutos de vida para cada categoria em que exorbitei, deduzo que já fui há muito para o São João Batista.
            Minha preocupação agora é que, convidado a participar mensalmente de um programa de esportes na TV, eu vá contribuir para a estatística macabra. O programa dura duas horas -meia hora de vida a menos para o querido telespectador.

              Falta de sono afeta o sistema imunológico - Paulo Lima‏

              Pesquisa britânica demonstra que horas a menos de descanso alteram o funcionamento de centenas de genes, muitos deles ligados a mecanismos de defesa do corpo 


              Paulo Lima

              Estado de Minas: 15/03/2013 

              Dormir pode ser um verdadeiro pesadelo para algumas pessoas. A cabeça encosta no travesseiro, mas nada de a mente desligar. No dia seguinte, as poucas horas de descanso têm seu preço: falta de disposição e dificuldade para se manter concentrado nas obrigações do dia a dia. Segundo diferentes pesquisas, além do desgaste físico momentâneo, a privação do sono tem diversos efeitos, como a liberação em excesso de hormônios ligados ao estresse. Agora, um novo estudo constata que repousar menos do que o necessário causa alterações profundas no organismo e pode enfraquecer o sistema imunológico.
              “Dormir pouco durante muitas noites seguidas pode afetar o funcionamento de centenas de genes do corpo humano”, afirma Derk-Jan Dijk, principal autor da pesquisa e professor de genética funcional da Universidade de Surrey, no Reino Unido. Para entender as alterações que as horas de repouso a menos causam no corpo humano, Dijk e colegas avaliaram 14 homens e 12 mulheres de 23 a 31 anos durante 14 dias.
              Na primeira semana, os voluntários tiveram de dormir no máximo seis horas por noite e, nos dias seguintes, 10 horas. No fim de cada período, foram coletadas amostras de sangue dos voluntários. Na etapa em que houve privação de sono, mudanças no funcionamento de aproximadamente 700 genes foram reveladas pelos testes. Com isso, foi prejudicada a produção de diversas proteínas, incluindo algumas ligadas ao estresse e ao combate a doenças. “Houve também alteração na produção de proteínas ligadas a processos inflamatórios”, diz Dijk.
              Colin Smith, que também assina o artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), chama a atenção para a grande variedade de genes afetados pela privação do sono. “Claramente, o sono é fundamental para a reconstrução do corpo e a manutenção de um estado funcional. Por meio do estudo, foi possível observar que vários tipos de danos parecem ocorrer.” Segundo o especialista, uma possibilidade é que a não reposição de células novas leve a doenças degenerativas. Derk-Jan Dijk acrescenta que outra surpresa foi constatar que bastou tirar duas das oito horas recomendadas diariamente para provocar tantas alterações, o que ressalta a importância de um sono reparador.
              O neurologista e especialista em transtorno do sono da Universidade de Brasília (UnB) Nonato Rodrigues explica que dormir de forma adequada é fundamental para a saúde tanto física como mental. “O cérebro é o órgão que mais consome energia. É nele que se refazem as conexões gastas durante o dia e se descartam as malfeitas.” Além disso, não repousar afeta funções nobres e primordiais do ser humano, como a atenção, a memória, a concentração e o humor. “Na sociedade atual, que exige, além do trabalho físico, o intelectual, as poucas horas de sono abrem um leque de problemas de competência profissional e mental. Estudos já apontaram que a motricidade e o desempenho se tornam prejudicados”, informa Rodrigues, que não participou do estudo britânico.
              A psicóloga clínica comportamental e de transtornos do sono Mônica Muller acrescenta à lista outros problemas, como a diminuição da libido e a tendência maior a infecções e a doenças de alta complexidade. Ela cita ainda consequências graves decorrentes da falta de tratamento. “Quando o problema se torna crônico, podemos observar o desencadeamento de sintomas depressivos em pessoas que têm uma predisposição para transtorno psiquiátrico”, aconselha.

              Remédios Os dois especialistas brasileiros alertam para o risco de recorrer a remédios para dormir sem orientação médica “Alguns indivíduos tentam driblar o sono com drogas ativadoras do sistema nervoso central, cuja prescrição é restrita às pessoas que têm problemas específicos. A longo prazo, esses remédios prejudicarão o organismo, causando dependência e efeitos catastróficos sobre o cérebro”, alerta Rodrigues.
              Mônica também é taxativa: “É importante buscar um profissional para avaliar a situação. O diagnóstico de insônia poderá ser feito por meio de uma avaliação clínica. Outras queixas, que são relacionadas a problemas de ordem respiratória ou a comportamentos atípicos pela falta de sono, geralmente requerem o exame polissonográfico (PSG), que avalia o sono em seus diferentes estágios ao longo da noite. Além do PSG, há outros testes que avaliam objetivamente o grau de sonolência diurna e medem a capacidade de permanecer acordado”, descreve.

              COMPORTAMENTO » Do Face para as ruas - Ana Clara Brant‏

              Redes sociais se transformam em espaço de articulação de eventos que vêm cada vez mais movimentando as ruas da cidade. Caso do Harlem Shake e do St. Patrick's Day 


              Ana Clara Brant

              Estado de Minas: 15/03/2013 

              Foi assim com a Praia da Estação, com o carnaval, com a festa de St. Patrick's Day (que tem nova edição amanhã) e, mais recentemente, com o fenômeno viral Harlem Shake. A internet e sobretudo as redes sociais têm tido, cada vez mais, papel fundamental na divulgação e até na criação de eventos pela cidade. Maneira prática, rápida, barata e eficiente de mobilizar as pessoas, mas que pode trazer tanto ônus quanto bônus. Os desfiles dos blocos de rua de Belo Horizonte, que começaram a ganhar força em 2009 e tiveram um boom este ano, estão entre os principais exemplos da força do Facebook, do Twitter e afins. Agremiações que inicialmente levavam 100, 200 pessoas, em 2013 arrastaram até 10 mil foliões. “Acho que, independentemente das redes sociais, esses movimentos cresceriam naturalmente pelo boca a boca, apesar do poder que a internet tem. Mas não vejo isso como lado negativo. Evento público não é só para uma panelinha, a cidade inteira deve participar”, defende o publicitário e ativista político Fidélis Alcântara.

              No caso do Harlem Shake, hit eletrônico do produtor norte-americano Baauer que levou 700 pessoas para a Praça da Savassi, em fevereiro, o sucesso foi tamanho, que os organizadores chegaram a se preocupar com algum transtorno com a polícia, que chegou apareceu. No entanto, tudo correu na normalidade e com muita animação. O evento criado por dois amigos no Facebook, que chegou a ter 1 mil confirmações, levou gente divertida e fantasiada para a praça, todos dançando alucinadamente a tarde inteira. “Não esperava que tivesse essa magnitude. Mas não incomodamos ninguém, não colocamos música alta e foi bem bacana. Não gastamos nada com panfletos, divulgação na rua. É muito mais prático você fazer um evento assim porque todo mundo tem celular, computador e está conectado”, acredita Lucas Almeida, um dos organizadores do Harlem Shake BH.

              Ocupação

              Para Fidélis Alcântara, há um interesse maior da população pela cidade e é justamente por meio das redes sociais que as pessoas conseguem se fazer ouvir. “E essa mídia ainda não atingiu o auge de seu poder e de transformação social. Ainda não dimensionamos o crescimento e a importância desses meios digitais e o quão eles estão cada vez mais alinhados com a população”, acredita o publicitário, que participa de movimentos como o carnaval e a Praia da Estação — manifestação divertida contra o decreto municipal que impunha uma série de restrições ao uso da Praça da Estação.

              A jornalista Carolina Abreu, que vai defender dissertação de mestrado justamente sobre a Praia da Estação, lembra que caso não houvessem essa vontade e essa necessidade de ocupação do espaço público, de nada adiantaria a ampla mobilização no Facebook ou no Twitter, mas não nega a praticidade e o poder que as redes têm nesse sentido. “Um não existe sem o outro. A razão de os eventos existirem é a ocupação do espaço público, e claro, que com a ajuda da internet, fica mais fácil articular e divulgar. Mas não adianta fazer a mobilização on-line senão houver o laço físico também. Só o Face não é suficiente”, ressalta.

              Professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG e pesquisadora do Centro de Convergência de Novas Mídias (CCNM), também da universidade, Geane Alzamora diz que cada época tem sua mídia preferencial e que, certamente, outra surgirá. No entanto, destaca que isso não significa que as tradicionais como a televisão e o rádio perderam sua importância. “No momento atual, a vida da juventude se passa nas redes sociais. Mas não há ruptura com as mídias de massas preferenciais. O rádio e a TV se acoplam a esse processo. À medida que esses eventos de impacto social passam a ser divulgados na rede e a ter grande adesão, a tendência é a mídia tradicional passar a cobri-los”, analisa.

              Vem aí


              » Amanhã, estão programados dois eventos na cidade que tiveram grande mobilização pelas redes sociais. O ST. Patrick’s Day BH, que celebra o Dia de São Patrício, padroeiro da Irlanda, ocorre das 13h às 22h, no Parque das Mangabeiras. No programa, oito bandas e seis DJ’s se revezarão em três palcos. Segundo Otacílio Mesquita, um dos organizadores da festa, o ST. Patrick’s Day de 2012 foi o evento promovido em Minas pelo Facebook com o maior número de confirmações (25 mil). “É a nossa principal ferramenta de divulgação e parâmetro também, já que não necessariamente todo mundo que confirma ou curte a página no Face vai ao evento. Acho isso extremamente positivo”, frisa. A camiseta/ingresso custa R$ 35 (preço único), na Central dos Eventos (www.centraldoseventos.com.br). Não é obrigatório o uso da camiseta. Informações: www.facebook.com/stpatricksdaybhz.

              » E na Avenida Bernardo Monteiro, também amanhã, a partir das 14h, rola o movimento Fica Fícus, um PICnicPRAIA em defesa dos fícus que estão doentes e sendo cortados pela Prefeitura. Estão previstas atividades como piquenique, música, rodas de capoeira e intervenções artísticas, entre outros. Informações: http://ficaficus.concatena.org/.

              » No dia 23, a partir das 14h, na Praça do Papa, rola a Mega Harlem Shake. Pelo menos 2 mil pessoas já confirmaram presença. Informações no Face.

              Eliane Cantanhêde

              folha de são paulo

              85º
              BRASÍLIA - Todos os governos se sentem injustiçados e nenhum aceita crítica. Nos do PT, é pior ainda: quem não é parceiro vira adversário, quando não inimigo. Cá pra nós, nem o papa Bento 16 escapou.
              Dito isso, Mercadante (Educação) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social) têm alguma razão quando reclamam do ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos países. Mas não toda.
              Têm razão ao dizer que o Pnud, da ONU, usa dados defasados, não capta a rápida inclusão no Brasil e acaba sendo "injusto". Em vez de desmentir, o Pnud admite que utiliza dados antigos -por uma questão de "isonomia" com os outros países.
              Mas os ministros não têm razão quando ignoram que, se o Brasil evolui na área social, os demais também progridem, e muito. Nos Bric, houve enormes avanços nas últimas décadas. Na América do Sul, idem. O Brasil não é uma ilha, nem tem vitórias e méritos sozinho. O aumento da classe média, por exemplo, é mundial, apesar do oba-oba interno.
              Pesquisas, números, cruzamentos são sempre passíveis de apaixonados debates, ainda mais num terreno tão sensível como o das melhorias sociais. A iniciativa do Pnud de monitorar os esforços e provocar reações e competição tem a melhor das intenções, mas os resultados devem ser vistos mais pelo aspecto geral do que número a número.
              Pelos resultados divulgados ontem, o Brasil evolui positivamente desde 1980, cresceu 23,7% desde 1990 e está no bloco de países com IDH alto. Ainda assim, continua em 85º lugar entre 187 países -atrás, aqui na região, de Chile, Argentina, Uruguai, Venezuela e Peru. (Não bastassem Maradona, Messi, os Prêmios Nobel e agora o papa Francisco...)
              Vamos convir. Além de ficar atrás de todos esses cinco sul-americanos no IDH, ficou também no índice de crescimento do PIB de 2012. E isso, apesar do legítimo esperneio, não deve ser pura coincidência, certo?

                Helio Schwartsman

                folha de são paulo

                Trajetórias exemplares
                SÃO PAULO - É difícil provar teorias no domínio das ciências sociais. Além de o estatuto epistemológico desse campo do saber ser precário, os resultados de experimentos e análises não colaboram, pintando em geral quadros ambíguos, incompatíveis com conclusões unívocas.
                Em raras ocasiões, porém, as forças da história nos brindam com experimentos "naturais" que permitem vislumbrar relações que, de outro modo, permaneceriam invisíveis. Um exemplo eloquente é o das Coreias.
                O jovem ditador norte-coreano, Kim Jong-un, acaba de revogar o armistício com o sul. Ele segue o padrão familiar de exibir músculos bélicos para arrancar concessões e algum dinheiro de vizinhos amedrontados e das potências ocidentais. É um governo que vive de chantagem, já que fracassou em todo o resto.
                O contraste entre as duas Coreias não poderia ser maior. Ao norte do paralelo 38, temos um dos países mais pobres da Ásia, no qual a população não tem acesso a praticamente nenhuma comodidade da vida moderna, como luz elétrica e telefones, e é assolada por fomes periódicas.
                Já no sul, as pessoas vivem com padrões de Primeiro Mundo. A educação é uma das melhores do planeta e o país não cessa de melhorar sua posição em praticamente todos os indicadores de riqueza e bem-estar.
                Como explicar tamanha assimetria, já que o povo é o mesmo e os recursos naturais à disposição dos respectivos governos não são tão diferentes? Só o que separa as duas populações é o fato de, a um dado momento da história recente, terem seguido caminhos políticos distintos.
                Enquanto o norte fechou-se numa tirania comunista retrógrada, o sul experimentou uma ditadura de direita só um pouco menos brutal, mas que, a certa altura, foi capaz de abrir-se, promovendo reformas democratizantes, a começar pela educação.
                Essa é, provavelmente, a melhor demonstração possível de que as instituições fazem toda a diferença.

                  Editoriais FolhaSP

                  folha de são paulo

                  Excesso de ambição
                  Recuo do PSD na intenção de aderir ao governo Dilma reflete uma superlotação no governismo e a busca de cacife para gastar em 2014
                  Num movimento um tanto surpreendente, o líder do PSD, Gilberto Kassab, comunicou à presidente Dilma Rousseff que seu partido conservará a independência em relação ao governo federal pelo menos até 2014. Esperava-se, e para logo, o embarque da quarta maior sigla do Congresso na nau governista.
                  O PSD é o rebento mais recente e caricato da massa amorfa em que se transformou a política nacional. Explorou uma brecha na norma de fidelidade partidária, arrebanhou parlamentares e governantes mal servidos em todo o país e granjeou seu principal ativo: tempo de propaganda eleitoral na TV e no rádio proporcional à bancada na Câmara dos Deputados.
                  A plataforma do PSD é o governismo, a disposição de servir a qualquer partido no poder, em qualquer esfera, a despeito de ideologia ou rusgas do passado. Não se trata, porém, de uma disposição abstrata. É preciso retribuição.
                  Eis o ponto no qual, ao que parece, emperraram as negociações com o Planalto. A presidente oferecia um ministério de impacto reduzido, ainda por implantar, dedicado à pequena empresa. Talvez a retribuição fosse pouca para convencer os companheiros do PSD a vestir a camisa oficial da situação.
                  Para traçar uma parábola com a economia nacional, há descompasso entre a oferta finita de ministérios e outras regalias federais, de um lado, e, do outro, a demanda voraz por esses ativos políticos, incrementada pela classe emergente dos governistas do PSD.
                  Há limites de acomodação partidária até para uma máquina bizantina como a administração federal, com 39 ministérios, 20 mil cargos de confiança, estatais e autarquias espalhadas pelo país.
                  Não há mais vagas no camarote VIP da administração Rousseff. Talvez por isso surja, de uma parte relegada à periferia do governismo, um protomovimento de oposição à presidente Dilma e ao consórcio PT-PMDB.
                  Encabeçado pelo PSB do governador Eduardo Campos, um satélite ensaia desgarrar-se do centro de gravidade palaciano. Passa, se não a encorajar atitudes como a ambiguidade de Kassab, pelo menos a valorizar seu passe em negociações futuras com o petismo.
                  Decerto esse movimento não se atrita apenas com o Planalto. Eduardo Campos já disputa uma raia da competição política, no empresariado e na opinião pública, muito próxima da utilizada pelo PSDB e pelo seu virtual candidato a presidente, o senador Aécio Neves.
                  A lamentar, apenas o fato de essas disputas de bastidores não se traduzirem num choque transparente de programas para governar e desenvolver o Brasil.

                    Federação desarticulada
                    Uma reunião de governadores, realizada anteontem em Brasília, engatou uma contramarcha na votação da medida provisória 599, que unifica as alíquotas interestaduais do ICMS em 4%. Miopia e interesses locais, assim, devem retirar da pauta do Congresso a principal iniciativa para acabar com a guerra fiscal e a insegurança sobre as regras desse imposto.
                    Segundo o Ministério da Fazenda, 20 dos 27 Estados seriam beneficiados. Os perdedores contariam com um fundo de R$ 296 bilhões, para compensações por quebra de receitas ao longo de 20 anos.
                    As resistências mais fortes partem de Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Eles querem preservar o arbítrio sobre o imposto para poder distribuir incentivos fiscais e, com isso, atrair empresas sediadas em outras unidades da Federação -política que a literatura econômica batizou como a de "empobrecer o seu vizinho".
                    Esse lobby omite que o suposto direito de definir a alíquota do ICMS à revelia do Conselho Nacional de Política Fazendária foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Alguns Estados chegaram ao ponto de isentar importações para atrair outras receitas a suas fronteiras, o que barateia produtos estrangeiros e traz prejuízo direto às empresas brasileiras -prática em boa hora banida.
                    A unificação das alíquotas do ICMS nos termos propostos pelo Planalto é apenas mais um capítulo da disputa irracional pelo bolo da arrecadação federal. Os governadores, paroquial e compreensivelmente, só têm olhos para as reformas que lhes tragam receita.
                    Além do ICMS, a lista inclui a redistribuição dos royalties do petróleo e as regras de partilha do Fundo de Participação dos Estados. Neste caso último caso, nem a determinação do Supremo de que novos critérios de rateio fossem votados pelo Congresso até o final de 2012 foi acatada.
                    A escalada do conflito do petróleo, com a derrubada do veto presidencial à redistribuição das receitas, atesta o estrago causado pela omissão do Planalto. A questão federativa é importante demais para ser relegada ao oportunismo dos governadores e das bancadas estaduais no Congresso.
                    O correto seria considerar em conjunto todos o ganhos e perdas das várias pendências e promover, por mais difícil que pareça, um encontro de contas combinado com ampla reforma tributária e fiscal.
                    A União detém o trunfo de refinanciar dívidas estaduais a taxas mais baixas. Mas, se não se articular no Parlamento, pode perder a chance de usá-lo pelo bem comum.

                      Barbara Gancia

                      folha de são paulo

                      Um papa para neutralizar o populismo
                      Já existiu um garoto-propaganda mais influente na cultura ocidental do que Jesus Cristo?
                      "MARISA, PODE colocar as brejas pra gelar!" Penso que deve ter sido a única vez na vida em que soltaram rojão lá em São Bernardo diante de um placar final favorável à Argentina.
                      Já imaginou se, no lugar do jesuíta com pinta de Pio 12, tivessem escolhido dom Odilo Scherer? O papa brasileiro viraria herói nacional, um novo Ayrton Senna. E Lula arriscaria cair para segundo plano.
                      Não é nada fácil ser mais popular do que um papa. Pense só: quem consegue competir com a força da imagem do símbolo cruz? Por acaso o logo da Apple? Existe garoto-propaganda mais influente no Ocidente do que Jesus? Pergunte a Woody Allen se os judeus não estão correndo atrás do prejuízo até hoje.
                      E que valor teria um discurso do Lula dizendo ser o novo Abraham Lincoln diante da voz de um papa brasileiro sacudindo seu dedinho com o anel de Pedro, dançando abraçado ao padre Marcelo e dizendo: "Nananina, Jesus não concordaria com nada disso do que Lula está dizendo". Não é da oposição merreca do PSDB que estamos falando, né não?
                      Por um motivo ou outro, como já disse aqui, não necessito de intermediários em minha interlocução com Cristo. Tampouco preciso que essa ponte seja feita por uma instituição como o Vaticano, que tem o péssimo hábito de descuidar de suas finanças e foi liderada até recentemente por um deslumbrado teutônico de sapatinhos vermelhos de verniz da Prada cuja melhor amiga e confidente vem a ser Gloria von Thurn Und Taxis, figura carimbada em São Paulo por anos a fio e muy amiga do artista plástico Ivald Granato, meu chapinha.
                      O ex-marido de dona Gloria, um dos irmãos Flick, herdeiro da Mercedes-Benz, alugava um apartamento da minha família, na Suíça, só para alojar seus empregados domésticos nas férias.
                      Ela faz parte do grupo íntimo de Bento 16 e é do tipo que tem visões da Virgem de Guadalupe antes mesmo de tomar o primeiro Steinhäger da noite, uma espécie de Baby Consuelo da Baviera. Quisera estar inventando tudo isto.
                      Mas voltando à felicidade de Lula, mesmo não tendo sido dom Odilo o escolhido, há razão para preocupação por parte da esquerda latino-americana.
                      O Vaticano acertou sua jogada de marketing. Chutou para escanteio seu lixo e chamou para o centro do campo a preocupação com o avanço das igrejas televangélicas que lhe roubam fiéis e fazem qualquer tipo de acerto com o populismo para ocupar o poder na América Latina. Um continente, diga-se, que a despeito da globalização, prefere insistir em variações paternalistas de modelo chavista ou peronista liderados por "pais dos pobres" carismáticos, dos quais a população continua a exigir garantias de emprego, educação, saúde, enfim, de tudo menos reformas que combatam a corrupção e em que primitivos sistemas de referendos e cooperativas sejam substituídas pela economia de mercado e instituições que formem democracias representativas de base sólida.
                      Espertinho esse Vaticano. A eleição do papa argentino não tem como não lembrar a eleição do papa polonês, Karol Wojtyla, que coincidiu com o nascimento do movimento Solidarnosc na época da ruína da União Soviética e culminou na ruína do comunismo.
                      Hoje, o planeta está mais fragmentado e a Igreja Católica não exerce o mesmo poder de antes. Porém, sobre o terreno mais valorizado de toda capital do mundo ainda há uma igreja. Ou seja, no mínimo, o Vaticano possui a carteira de imóveis mais invejável do cosmos. E não se deve subestimar uma "empresa" com mais de 1 bilhão de clientes e cuja marca é mais reconhecida do que Ford, Apple e Coca-Cola. Poderia ter sido pior. Mas eu ainda tremeria se fosse o Lula.