Zero Hora - 28/10/2013
O melhor livro sobre a velhice é de Cícero. Aliás, o título é este
mesmo: A Velhice (De Senectute). Escreveu-o há dois mil anos, e, se
resiste ao tempo, é porque ainda diz algo às pessoas. Esse prestígio
decorre da naturalidade e da simplicidade de seus argumentos, que
radicam nas experiências do autor quando confrontado com seu próprio
envelhecimento. Para entendê-lo, temos de considerar a época em que foi
escrito. Não havia nada do que nos cerca, nem cabe enumerar as criações
na área da ciência e da tecnologia que transformaram o mundo num espaço
de conforto – para os que dele podem desfrutar, evidentemente.
Imaginemos um mundo sem comunicações instantâneas, e um mundo em que
a doença, qualquer doença, era a antessala da morte. Um mundo, também,
em que pessoas de 40 anos podiam considerar-se felizes por terem chegado
a essa idade. Fazia sentido falar em velhice num momento em que hoje a
pessoa está no máximo de sua capacidade.
Cícero utiliza um método retórico atraente: formula argumentos
contra a velhice e os responde. Em geral, são as queixas habituais dos
velhos (nisso não mudamos nada). Os velhos, diz ele, queixam-se da perda
da memória – certo, diz Cícero, mas até hoje eu não soube de algum
velho que se tenha esquecido de onde enterrou o seu tesouro (sim, não
havia bancos). Sem o querer, Cícero vem apoiar os estudos atuais sobre o
fenômeno: as questões relevantes permanecem na memória, a qual sabe
livrar-se do supérfluo.
Que o diga o nosso Dr. Ivan Izquierdo, um dos melhores cérebros do
nosso país. Mas Cícero apresenta outra queixa dos velhos: a da perda da
capacidade que ele tinha nos tempos da juventude. Claro, diz Cícero, há
perdas, sim, mas ninguém espera que um velho faça coisas que fazia
quando jovem, não é mesmo? O autor romano faz outras considerações
importantes, e destas a mais valiosa é: devemos aprender a ser velhos
logo, para que desfrutemos por mais tempo da velhice. Essas palavras
podem soar estranhas para os dias de hoje, de franca invisibilidade do
velho na vida social, exceto pelas filas de atendimento expresso, ou
pela precedência na hora de embarque num avião.
Talvez nosso mundo ainda não saiba bem o que fazer com os velhos, e
confere-lhes algumas vantagens simbólicas, que são úteis enquanto não
acontece a plena integração. Mas chegaremos lá.
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA - Uma ciência esquecida
Zero Hora - 28/10/2013
Estava eu posto em sossego num restaurante, em doce enlevo com umas trufas, quando notei que me achava na alça de mira de uma deusa de idade indefinida – aposte em qualquer escore entre os 30 e os 45 anos e você acerta. Como ela se encontrava acompanhada de seu dono e senhor, concentrei-me primeiro no prato e em seguida na recordação desta despretensiosa teoria (e por que não prática?) da secada, pois é disso que volto a tratar: há muito descobri que é inesgotável.
Sou estudioso dessa esquecida ciência há décadas. Se meu leitor é vítima da infinita dissimulação das mulheres, algo que elas aprendem desde o berço, sabe do que estou falando. Você desce por exemplo uma escada rolante e, bem ao lado, só que no sentido contrário, sobe uma daquelas perfeições que só existiam na Grécia antiga ou em filmes franceses proibidos até 18. Ela o coloca bem no foco de seu olhar e aí vai se distanciando, sem dó nem piedade, para o nunca mais.
Tem a dissimulada, uma criatura magnífica, que te fita como me fitou a deusa do restaurante das trufas, mas mantêm a mão na do marido (Fred Bongusto compôs uma esplêndida canção sobre esse secreto triângulo). Há a que te olha intensamente, quase como numa intimação, em uma rua movimentada, e aí percebes que ela desapareceu na entrada de uma imensa loja, de uma galeria, de um shopping, e jamais tornará a encontrá-la.
Existe a que fala por gestos: ela não apenas te olha, mas mexe nos cabelos e, por alguma estranha razão, toca a própria nuca, como se esta fosse a sede e o foro de todos os seus interditos desejos. E não esqueço a tímida, que concede não mais que um canto de sua atenção, em miradas súbitas e logo envoltas em fingimento.
Quando eu era adolescente, havia algo que se chamava reunião dançante. Era assim: os rapazes, com seus ternos de nycron e gravata e suas cubas libres, ficavam de um lado da sala da qual fora retirado previamente o tapete; as meninas se postavam na outra breve extremidade, com seus sapatos altos, seus penteados esculpidos em laquê e seus refris. Você jamais se atrevia a transpor aquele território de assoalho, que brilhava graças à cera Parquetina, sem estar absolutamente convicto de que a eleita de seu coração correspondia às suas secadas.
Eram outros tempos, em que a gente não ousava sequer tocar em certos temas ou em certas regiões da natureza humana.
Eram tempos em que, ao som de The Platters, de Sinatra ou de Perry Como, rapazes e meninas exercitavam suavemente sobre o parquê, além da teoria e prática da secada, o brando esporte do rosto colado, e se você não sabe o que é isso perdeu metade de sua vida.
Estava eu posto em sossego num restaurante, em doce enlevo com umas trufas, quando notei que me achava na alça de mira de uma deusa de idade indefinida – aposte em qualquer escore entre os 30 e os 45 anos e você acerta. Como ela se encontrava acompanhada de seu dono e senhor, concentrei-me primeiro no prato e em seguida na recordação desta despretensiosa teoria (e por que não prática?) da secada, pois é disso que volto a tratar: há muito descobri que é inesgotável.
Sou estudioso dessa esquecida ciência há décadas. Se meu leitor é vítima da infinita dissimulação das mulheres, algo que elas aprendem desde o berço, sabe do que estou falando. Você desce por exemplo uma escada rolante e, bem ao lado, só que no sentido contrário, sobe uma daquelas perfeições que só existiam na Grécia antiga ou em filmes franceses proibidos até 18. Ela o coloca bem no foco de seu olhar e aí vai se distanciando, sem dó nem piedade, para o nunca mais.
Tem a dissimulada, uma criatura magnífica, que te fita como me fitou a deusa do restaurante das trufas, mas mantêm a mão na do marido (Fred Bongusto compôs uma esplêndida canção sobre esse secreto triângulo). Há a que te olha intensamente, quase como numa intimação, em uma rua movimentada, e aí percebes que ela desapareceu na entrada de uma imensa loja, de uma galeria, de um shopping, e jamais tornará a encontrá-la.
Existe a que fala por gestos: ela não apenas te olha, mas mexe nos cabelos e, por alguma estranha razão, toca a própria nuca, como se esta fosse a sede e o foro de todos os seus interditos desejos. E não esqueço a tímida, que concede não mais que um canto de sua atenção, em miradas súbitas e logo envoltas em fingimento.
Quando eu era adolescente, havia algo que se chamava reunião dançante. Era assim: os rapazes, com seus ternos de nycron e gravata e suas cubas libres, ficavam de um lado da sala da qual fora retirado previamente o tapete; as meninas se postavam na outra breve extremidade, com seus sapatos altos, seus penteados esculpidos em laquê e seus refris. Você jamais se atrevia a transpor aquele território de assoalho, que brilhava graças à cera Parquetina, sem estar absolutamente convicto de que a eleita de seu coração correspondia às suas secadas.
Eram outros tempos, em que a gente não ousava sequer tocar em certos temas ou em certas regiões da natureza humana.
Eram tempos em que, ao som de The Platters, de Sinatra ou de Perry Como, rapazes e meninas exercitavam suavemente sobre o parquê, além da teoria e prática da secada, o brando esporte do rosto colado, e se você não sabe o que é isso perdeu metade de sua vida.
As chances de Dilma Rousseff - RENATO JANINE RIBEIRO
VALOR ECONÔMICO - 28/10/2013
Dilma Rousseff tem
chances. Não, não estou falando de se reeleger em 2014; ela hoje é
favorita. O que me pergunto é se tem chances de, ao fim de quatro ou
oito anos na presidência, ter efetivado mudanças de que o Brasil
precisa. Falo em mudanças sociais. Muitos, quando falam em mudanças,
destacam reformas econômicas, que facilitem o ambiente para os negócios.
Estas são importantes, mas são meios para realizar fins. Num país como o
Brasil, cuja população finalmente exige, e cada vez mais, os serviços
públicos de que deveria gozar faz muitos anos, a questão é quem vai
realizar esse desejo.
Não estou convencido de que haja só uma rota para uma democracia que funcione. Há países que o conseguiram com uma intervenção maior do Estado na economia; outros, com a desregulamentação da atividade econômica. O sucesso de um caminho ou outro depende de vários fatores. Destaco dois. Primeiro, a cultura do povo. Aqui, não faço juízo de valor. Apenas observo que os Estados Unidos e alguns outros países têm uma tradição do empreendimento individual, que resulta em ganhos sociais. Na França e na Europa continental, vigora uma cultura diferente. Ambas deram resultados muito bons.
O segundo fator é a conjuntura. Mesmo os Estados Unidos tiveram seu tempo de forte intervenção do Estado - e foi uma das épocas decisivas de sua história, sob Franklin Roosevelt, que tirou o país da recessão iniciada em 1929 e o conduziu na guerra contra o nazismo. No Reino Unido, que desde Thatcher segue uma relação mais norte-americana entre o poder político e o mercado, a grande mudança se deu no imediato pós-Segunda Guerra Mundial, quando os trabalhistas fizeram da estatização das decisões econômicas, necessidade imposta por Churchill durante a guerra, virtude.
O que decidirá seu governo é a melhora dos serviços públicos
Não bastam a cultura de um povo, seus valores, o modo como ele dá o melhor de si, e que pode ser individualista ou coletivo, atuando mais na economia ou na política. Há também o momento histórico. Articular a linhagem cultural que vem de longe e o instante em que se dá a política é o desafio do líder.
Não dou por resolvida a eleição do ano que vem. Mas cabe perguntar: pode Dilma ser uma grande presidente?
Ela teve a sorte e o azar de suceder a dois presidentes que estão entre os melhores que tivemos, numa lista de quatro que inclui Getúlio e Juscelino. Com FHC e Lula, consolidou-se a democracia. Um golpe militar é fora de questão. Essa, a sorte de Dilma, sua herança bendita.
O seu azar: eles são grandes líderes políticos, enquanto o mérito dela sempre esteve na gestão. FHC é um grande comunicador. Líder no Senado, dizia-se que ganhava as questões no gogó , na fala. Presidente, ele persuadia. Conquistou a classe média, ao passo que Lula, que além disso é um líder carismático, estendeu a comunicação política aos mais pobres. FHC pela razão ( mas uma razão no nível do senso comum , como ouvi dele há três anos), Lula pelas metáforas e a emoção, ganharam apoio político para projetos difíceis e necessários - a estabilização monetária, a escolha entre privatização e estatismo, a inclusão social. Seus ministros, Sergio Mota e Dilma Rousseff à frente, executaram.
Dilma passou de gerente ou gestora a presidente. É uma transição difícil. Mas é mais normal termos um presidente normal do que um gênio na comunicação. Faz parte de nosso amadurecimento não precisarmos, cada quatro anos, eleger um presidente que sabe vender, à sociedade, os valores. Uma das tarefas dela é efetuar essa passagem do tempo de exceção para o tempo da normalidade.
O que o Brasil agora quer, aquilo de que precisa, é um Estado que funcione, garantindo que os serviços que ele presta ou fiscaliza tenham qualidade. Conseguimos o restante. Nossas eleições são limpas - mais até que as norte-americanas, pois lá, em 2000, deram posse a um candidato eleito pela fraude. A miséria está baixando. Quando mais pessoas se sentem integradas na sociedade, elas sentem que têm algo a perder, e valorizam o que existe. Mas por que isso não se expressa na consciência das pessoas? Por que é mais fácil tantos se dizerem contra tudo o que está aí do que reconhecerem o quanto foi conquistado, e construir a nova etapa de nossa democracia?
Paradoxalmente, um dos êxitos de nossa democracia é que ela liberou a exigência. Antes, direitos eram uma questão mais teórica. Quando tantos eram privados de tanto, eles sequer se sentiam com direito a ter direitos , tema central dos direitos humanos, entre nós desenvolvido por Celso Lafer. Por isso, é natural que tantas pessoas exijam, pacifica ou mesmo violentamente, educação, saúde, transporte e segurança públicos de qualidade. Aqui entra a gestão. Dilma Rousseff tem um histórico de gestora. Atender essas novas demandas não é fácil. A primeira resposta de qualquer gestor, seja o prefeito Haddad do PT, seja o governador Alckmin do PSDB, é que falta orçamento. Acredito. Mas terão de fazer milagres.
A bola da vez está com Dilma. Ela tem um ano para mostrar alguns resultados visíveis. É pouco tempo, mas desta vez parece que, mais do que a comunicação ao estilo FHC ou Lula, o que se quer é algo bem tangível no dia a dia dos serviços de responsabilidade do Estado. Será reeleita mais facilmente se demonstrar alguma melhora. Em 2018, suponho que a conta será mais alta. A sociedade, melhor dizendo, o eleitorado de maioria pobre vai querer resultados bem superiores. É um jogo em dois tempos. O aviso foi dado. Seja quem for eleito em 2014, precisará ir longe nessa questão.
Não estou convencido de que haja só uma rota para uma democracia que funcione. Há países que o conseguiram com uma intervenção maior do Estado na economia; outros, com a desregulamentação da atividade econômica. O sucesso de um caminho ou outro depende de vários fatores. Destaco dois. Primeiro, a cultura do povo. Aqui, não faço juízo de valor. Apenas observo que os Estados Unidos e alguns outros países têm uma tradição do empreendimento individual, que resulta em ganhos sociais. Na França e na Europa continental, vigora uma cultura diferente. Ambas deram resultados muito bons.
O segundo fator é a conjuntura. Mesmo os Estados Unidos tiveram seu tempo de forte intervenção do Estado - e foi uma das épocas decisivas de sua história, sob Franklin Roosevelt, que tirou o país da recessão iniciada em 1929 e o conduziu na guerra contra o nazismo. No Reino Unido, que desde Thatcher segue uma relação mais norte-americana entre o poder político e o mercado, a grande mudança se deu no imediato pós-Segunda Guerra Mundial, quando os trabalhistas fizeram da estatização das decisões econômicas, necessidade imposta por Churchill durante a guerra, virtude.
O que decidirá seu governo é a melhora dos serviços públicos
Não bastam a cultura de um povo, seus valores, o modo como ele dá o melhor de si, e que pode ser individualista ou coletivo, atuando mais na economia ou na política. Há também o momento histórico. Articular a linhagem cultural que vem de longe e o instante em que se dá a política é o desafio do líder.
Não dou por resolvida a eleição do ano que vem. Mas cabe perguntar: pode Dilma ser uma grande presidente?
Ela teve a sorte e o azar de suceder a dois presidentes que estão entre os melhores que tivemos, numa lista de quatro que inclui Getúlio e Juscelino. Com FHC e Lula, consolidou-se a democracia. Um golpe militar é fora de questão. Essa, a sorte de Dilma, sua herança bendita.
O seu azar: eles são grandes líderes políticos, enquanto o mérito dela sempre esteve na gestão. FHC é um grande comunicador. Líder no Senado, dizia-se que ganhava as questões no gogó , na fala. Presidente, ele persuadia. Conquistou a classe média, ao passo que Lula, que além disso é um líder carismático, estendeu a comunicação política aos mais pobres. FHC pela razão ( mas uma razão no nível do senso comum , como ouvi dele há três anos), Lula pelas metáforas e a emoção, ganharam apoio político para projetos difíceis e necessários - a estabilização monetária, a escolha entre privatização e estatismo, a inclusão social. Seus ministros, Sergio Mota e Dilma Rousseff à frente, executaram.
Dilma passou de gerente ou gestora a presidente. É uma transição difícil. Mas é mais normal termos um presidente normal do que um gênio na comunicação. Faz parte de nosso amadurecimento não precisarmos, cada quatro anos, eleger um presidente que sabe vender, à sociedade, os valores. Uma das tarefas dela é efetuar essa passagem do tempo de exceção para o tempo da normalidade.
O que o Brasil agora quer, aquilo de que precisa, é um Estado que funcione, garantindo que os serviços que ele presta ou fiscaliza tenham qualidade. Conseguimos o restante. Nossas eleições são limpas - mais até que as norte-americanas, pois lá, em 2000, deram posse a um candidato eleito pela fraude. A miséria está baixando. Quando mais pessoas se sentem integradas na sociedade, elas sentem que têm algo a perder, e valorizam o que existe. Mas por que isso não se expressa na consciência das pessoas? Por que é mais fácil tantos se dizerem contra tudo o que está aí do que reconhecerem o quanto foi conquistado, e construir a nova etapa de nossa democracia?
Paradoxalmente, um dos êxitos de nossa democracia é que ela liberou a exigência. Antes, direitos eram uma questão mais teórica. Quando tantos eram privados de tanto, eles sequer se sentiam com direito a ter direitos , tema central dos direitos humanos, entre nós desenvolvido por Celso Lafer. Por isso, é natural que tantas pessoas exijam, pacifica ou mesmo violentamente, educação, saúde, transporte e segurança públicos de qualidade. Aqui entra a gestão. Dilma Rousseff tem um histórico de gestora. Atender essas novas demandas não é fácil. A primeira resposta de qualquer gestor, seja o prefeito Haddad do PT, seja o governador Alckmin do PSDB, é que falta orçamento. Acredito. Mas terão de fazer milagres.
A bola da vez está com Dilma. Ela tem um ano para mostrar alguns resultados visíveis. É pouco tempo, mas desta vez parece que, mais do que a comunicação ao estilo FHC ou Lula, o que se quer é algo bem tangível no dia a dia dos serviços de responsabilidade do Estado. Será reeleita mais facilmente se demonstrar alguma melhora. Em 2018, suponho que a conta será mais alta. A sociedade, melhor dizendo, o eleitorado de maioria pobre vai querer resultados bem superiores. É um jogo em dois tempos. O aviso foi dado. Seja quem for eleito em 2014, precisará ir longe nessa questão.
Tv Paga
Estado de Minas: 28/10/2013
Caiu na rede?
Os humoristas Fabio Rabin, Pathy dos Reis e o vlogger Cauê Moura (foto) são os apresentadores do Wébico, novo programa do Multishow, que estreia hoje, às 21h. Exibida de segunda a sexta-feira, a atração vai comentar vídeos engraçados e clássicos da internet. Cada episódio terá um convidado, como Rodrigo Fernandes, do blog Jacaré Banguela; Rodrigo Piologo, do site Mundo Canibal; e Ricck Lopes, que faz sucesso nas redes sociais com a Gina Indelicada, além da participação da plateia.
Betty Lago de volta ao canal GNT com o programa Pirei
Exibido originalmente em 2011, o programa Pirei está de volta ao canal GNT. A nova temporada, com apenas oito episódios, estreia hoje, às 20h30, comandada pela atriz Betty Lago. Com temas como luxo e rock, a apresentadora desvenda o que leva as pessoas a pirarem com produtos e experiências extravagantes e nada tradicionais, como comer pipoca com azeite trufado no cinema.
Agentes secretos continuam na luta contra o terrorismo
O terceiro ano da série Strike back estreia às 21h, no Max Prime. A produção narra as aventuras de dois agentes de uma organização secreta britânica de combate ao terrorismo. Nessa segunda temporada a equipe localizou disparadores nucleares que haviam sido roubados por um poderoso empresário.
Documentário mostra até Aonde vai a paixão de um fã
Na HBO, a novidade de hoje é Eu no zoológico, às 22h. Dirigido por Chris Moukarbel e Valerie Veatch, o documentário traça o perfil de Chris Crocker, um blogger de uma pequena cidade no Tennessee (EUA) que se tornou celebridade e sucesso no YouTube depois de postar o vídeo Leave Britney alone, em que faz um desabafo indignado com os dramas que a cantora Britney Spears enfrentou num período conturbado de sua vida.
Veja os vídeos premiados no festival ComKids 2013
O SescTV apresenta hoje, a partir das 18h, as obras premiadas na edição 2013 do festival ComKids Prix Jeunesse Ibero-americano, com trabalhos audiovisuais e digitais voltados para o público infantojuvenil. Serão exibidos em sequência as produções La luna en el jardín (Cuba), De cuento en cuento – La invitación (Argentina), El mundo animal de Max Rodríguez (Colômbia/Argentina/Equador), Migrópolis (Colômbia), Leve-me pra sair (Brasil) e Pedro & Bianca: entre nascer e morrer, a gente cresce (Brasil). Já às 21h, o canal exibe mais dois curtas brasileiros: Metrô e Melhor que aqui.
Emma Watson, de Harry Potter, cresceu e apareceu
Estreia hoje, às 22h, no Telecine Premium, o drama As vantagens de ser invisível, com Logan Lerman, Emma Watson e Ezra Miller.
Caiu na rede?
Os humoristas Fabio Rabin, Pathy dos Reis e o vlogger Cauê Moura (foto) são os apresentadores do Wébico, novo programa do Multishow, que estreia hoje, às 21h. Exibida de segunda a sexta-feira, a atração vai comentar vídeos engraçados e clássicos da internet. Cada episódio terá um convidado, como Rodrigo Fernandes, do blog Jacaré Banguela; Rodrigo Piologo, do site Mundo Canibal; e Ricck Lopes, que faz sucesso nas redes sociais com a Gina Indelicada, além da participação da plateia.
Betty Lago de volta ao canal GNT com o programa Pirei
Exibido originalmente em 2011, o programa Pirei está de volta ao canal GNT. A nova temporada, com apenas oito episódios, estreia hoje, às 20h30, comandada pela atriz Betty Lago. Com temas como luxo e rock, a apresentadora desvenda o que leva as pessoas a pirarem com produtos e experiências extravagantes e nada tradicionais, como comer pipoca com azeite trufado no cinema.
Agentes secretos continuam na luta contra o terrorismo
O terceiro ano da série Strike back estreia às 21h, no Max Prime. A produção narra as aventuras de dois agentes de uma organização secreta britânica de combate ao terrorismo. Nessa segunda temporada a equipe localizou disparadores nucleares que haviam sido roubados por um poderoso empresário.
Documentário mostra até Aonde vai a paixão de um fã
Na HBO, a novidade de hoje é Eu no zoológico, às 22h. Dirigido por Chris Moukarbel e Valerie Veatch, o documentário traça o perfil de Chris Crocker, um blogger de uma pequena cidade no Tennessee (EUA) que se tornou celebridade e sucesso no YouTube depois de postar o vídeo Leave Britney alone, em que faz um desabafo indignado com os dramas que a cantora Britney Spears enfrentou num período conturbado de sua vida.
Veja os vídeos premiados no festival ComKids 2013
O SescTV apresenta hoje, a partir das 18h, as obras premiadas na edição 2013 do festival ComKids Prix Jeunesse Ibero-americano, com trabalhos audiovisuais e digitais voltados para o público infantojuvenil. Serão exibidos em sequência as produções La luna en el jardín (Cuba), De cuento en cuento – La invitación (Argentina), El mundo animal de Max Rodríguez (Colômbia/Argentina/Equador), Migrópolis (Colômbia), Leve-me pra sair (Brasil) e Pedro & Bianca: entre nascer e morrer, a gente cresce (Brasil). Já às 21h, o canal exibe mais dois curtas brasileiros: Metrô e Melhor que aqui.
Emma Watson, de Harry Potter, cresceu e apareceu
Estreia hoje, às 22h, no Telecine Premium, o drama As vantagens de ser invisível, com Logan Lerman, Emma Watson e Ezra Miller.
Na semana do
Halloween, muitos canais apostam no gênero terror, com destaque esta
noite para os filmes Os estranhos (Cinemax, 21h), A chave mestra (Studio
Universal, 21h45), O exorcista (TCM, 22h) e Quando um estranho chama
(Sony Spin, 22h).
Na faixa das 22h, o assinante tem mais cinco boas
opções: Shame, HBO HD; O articulador, no ID; Guerra dos mundos, na MGM;
Pandorum, no Telecine Action; e Valente, no Telecine Pipoca. E ainda: A
corrente do bem, às 21h, no Boomerang; e Capitão América: o primeiro
vingador, às 22h30, no FX.
LOU REED » Ícone do underground
A música contemporânea perdeu ontem uma
de suas figuras mais polêmicas e influentes. O cantor, compositor e
guitarrista que fundou o The Velvet Underground marcou gerações
Estado de Minas: 28/10/2013
Mesmo quem não é fã de Lou Reed conhece Walk on the wild side (Passeio pelo lado selvagem, em tradução literal), música de 1972 que se tornou espécie hino de todos aqueles que preferem caminhar, como ele próprio, pelo lado alternativo. Curiosamente, a letra divertida que conta casos sobre prostitutas, michês e travestis foi a única que Reed conseguiu emplacar nas rádios dos EUA. Mas grande parte de seus discos é até hoje cultuada e ele se tornou figura lendária da história do rock. Ontem, o anúncio da morte do guitarrista, cantor e compositor, aos 71 anos, deixou de luto todos que acompanharam sua trajetória, desde a criação do The Velvet Underground, nos anos 1960, à carreira solo, a partir da década seguinte. Até o fechamento desta edição a causa da morte do artista ainda não foi revelada.
Lou Reed estava otimista e tinha muitos planos. Chegou a postar, em junho, no seu site oficial (www.loureed.com), animado com o resultado de uma cirurgia de transplante de fígado à qual foi submetido em maio, em Cleveland, Ohio (EUA), que se sentia "uma vitória da medicina, da física e da química modernas. Estou maior e mais forte do que nunca". Disse também que esperava voltar em breve a escrever canções que toquem "o espírito e os corações" dos fãs. O músico já havia cancelado uma série de shows em abril; tocaria, por exemplo, no festival Coachella (EUA) e faria apresentações na Califórnia. Recentemente, Lou Reed tinha ajudado a promover um livro de fotos de Mick Rock, fotógrafo inglês conhecido por ter clicado o próprio músico e outras lendas do meio.
Os posts mais recentes no site de Lou Reed declaravam sua "paixão" e "dedicação" ao tratamento oriental tai chi, que, durante os últimos 30 anos, haviam permitido sua recuperação. O músico sofria de uma deficiência hepática cada vez mais agressiva, que o levou a recorrer à delicada cirurgia. A notícia da morte, divulgada primeiro no site da revista norte-americana Rolling Stone e mais tarde pelo jornal inglês The Guardian, foi confirmada pelo agente do cantor.
Turma da pesada Lou Reed nasceu em 2 de março de 1942, no Brooklyn, e foi criado em Long Island. Fundou em 1964, com John Cale, o The Velvet Underground, uma das bandas mais influentes da história do rock. O disco mais conhecido do grupo alternativo é The Velvet Underground and Nico, de 1967. A capa do CD foi desenhada por ninguém menos que o artista plástico Andy Warhol, que adotou a banda e ajudou a divulgá-la.
Nos anos 1970, Reed deixou o Velvet e se lançou em carreira solo. Entre os destaques, os cultuados Transformer, de 1972, produzido por David Bowie, e Berlim, de 1973.
O músico estava casado desde 2008 com a artista plástica Laurie Anderson, que desde os anos 1970 faz performances multimídias em Nova York, no badalado espaço The Kitchen. Também cantora, tem inúmeros álbuns gravados. O álbum mais recente de Lou Reed, Lulu (2011), foi lançado em parceria com o Metallica.
No Brasil Em 2010, o cantor e compositor esteve no Brasil para apresentar shows com o Metal Machine Trio e para sessão de autógrafos de seu livro Atravessar o fogo – 310 letras de Lou Reed (Companhia das Letras), publicação que é também retrato da obra de uma das figuras mais polêmicas e influentes da música contemporânea. Sobre Reed, o lendário crítico musical americano Lester Bangs, com quem mantinha relação de amor e ódio, escreveu: “À frente do The Velvet Underground, ele trouxe dignidade, poesia e rock and roll a temas como as drogas pesadas, as anfetaminas, a homossexualidade, o sadomasoquismo, o assassinato, a misoginia, a passividade entorpecida e o suicídio".
O homem que não amou o sol
Carlos Marcelo
Sadomasoquismo, prostituição, desilusões, vícios. As letras de Lou Reed, conhecidas a partir de sua banda, The Velvet Underground, formaram nos anos 1960 o contraponto áspero para as mensagens edificantes difundidas pelos hippies. Enquanto, em San Francisco, a turma paz & amor se preocupava com as flores na cabeça, o nova-iorquino Reed cantava: “Quem ama o sol, quem se importa se ele faz crescer as plantas... Nem todo mundo ama o sol” (Who loves the Sun, do disco Loaded). O Velvet Underground não vendeu tantos discos quanto os contemporâneos Beatles e Stones. Mas quem ouviu não passou incólume pela sonoridade forte, dissonante e hipnótica da banda que desbravou o lado mais selvagem do rock. “O primeiro disco do Velvet Underground vendeu apenas 10 mil discos, mas todos que compraram formaram uma banda.” A frase, atribuída a Brian Eno, sintetiza a influência do Velvet, que atravessou décadas e sobrevive até hoje. “Aquele disco é o melhor de todos. Tão bonito, tão inspirador, tão cool”, comentou ontem, via Twitter, um dos integrantes da banda escocesa Teenage Fanclub, Norman Blake, ao saber da morte de Reed.
Só que Lou Reed foi além do underground. Nos anos 1970, experimentou certa popularidade graças a sucessos como Walk on the wild side, Satellite of love e Perfect day (redescoberta nos anos 1990 pela trilha de Trainspotting) e às interpretações de amigos como Iggy Pop e David Bowie. Não facilitou, porém: gravou discos belos e sombrios (Berlim), outros inexpugnáveis (Metal Machine Music). Neste último, ainda provocava no encarte: “Uma semana minha vale mais do que um ano seu”. A carreira, então, padeceu de certa irregularidade até 1989, quando concebeu a obra-prima New York, considerado um dos 20 melhores álbuns dos anos 1980 pela revista Rolling Stone. Cria do Brooklyn, Reed utilizou o rock para fazer o que Woody Allen realizara em filmes como Manhattan: esquadrinhou, com ternura e acidez, as esquinas e personagens da cidade-berço.
Em New York, Lou Reed também chega ao ápice em um estilo de escrever baseado na junção de descrições com frases curtas e diretas. “Sempre achei que minhas letras iam além do simples relato e faziam asserções emocionais, embora não morais”, comentou na abertura do livro Atravessar o fogo – 310 letras de Lou Reed (Companhia das Letras, 2010), sem deixar de minimizar a sua atividade: “Certas vezes, escrever significou apenas seguir o ritmo e o som e inventar palavras sem sentido algum além da sensação que transmitiam”.
Em parceria com o galês John Cale, parceiro no Velvet Underground, Reed lançou outra obra-prima, o disco Songs for Drella (1990), requiém para o artista e padrinho Andy Warhol, e ainda lançou álbuns respeitáveis como Set the twilight reeling e Ecstasy. Nos últimos anos, fez participações em músicas de bandas como The Killers, Gorillaz e Metric. Regravado por artistas tão díspares como Cowboy Junkies (Sweet Jane) e Marisa Monte (Pale blue eyes), era referência incontornável para boa parte dos músicos contemporâneos: “Ele é insubstituível”, decretou Lee Ranaldo, ex-guitarrista do Sonic Youth. “Eu te amava tanto”, revelou ontem Flea, baixista do Red Hot Chili Peppers. Quis o destino que o derradeiro disco de Lou Reed tenha sido um fracasso de crítica e de vendas, o malfadado Lulu (2011), gravado com o Metallica, um passo em falso de quem nunca temeu o risco de atravessar o fogo. E, por não ter medo de se arriscar, também alcançou momentos de rara beleza, como o disco conceitual Magic and Loss (1992), dedicado a dois amigos que padeceram de câncer, inteirinho sobre a morte. “Há em tudo um tanto de magia. E então alguma perda pra igualar as coisas.” Um dos gigantes da música norte-americana, Lou Reed sai de cena. Deixa discípulos, não herdeiros. Como possível epitáfio, fica o aviso contido na letra de What’s good: A vida é boa, mas nem um pouco justa.
Discografia
Com o The Velvet Underground
The velvet underground and Nico (1967)
White light/White heat (1968)
The velvet underground (1969)
Loaded (1970)
Live at Max's Kansas city (1972, gravado em 1970)
1969: The velvet underground live (1974, gravado em 1969)
VU (1985, gravado entre 1968-1969)
Another view (1986, gravado entre 1967-1969)
Live MCMXCIII (1993)
Peel slowly and see (boxset de 1995, gravado entre 1965-1970)
Bootleg Series volume 1: The Quine Tapes (2001, gravado ao vivo em 1969)
The very best of the velvet underground (2003, gravado entre 1966-1970)
Carreira Solo
Álbuns de estúdio
Lou Reed (1972)
Transformer (1972)
Berlin (1973)
Sally can't dance (1974)
Metal machine music (1975)
Coney island baby (1976)
Rock 'n' roll heart (1976)
Street hassle (1978)
The bells (1979)
Growing up in public (1980)
The blue mask (1982)
Legendary hearts (1983)
New sensations (1984)
Mistrial (1986)
New York (1989)
Magic and loss (1992)
Set the twilight reeling (1996)
Ecstacy (2000)
The raven (2003)
Álbuns ao vivo
Rock 'n' roll animal (1974)
Lou Reed live (1975)
Live: Take no prisoners (1978)
Live in Italy (1984)
Live in concert (1997)
Perfect night: Live in London (1998)
American poet (2001)
Animal serenade (2004)
Colaborações
Songs for Drella, com John Cale (1990)
Le Bataclan '72, com John Cale e Nico (2004)
Tranquilize, com The Killers (2007)
Some kind of nature, com Gorillaz (2010)
Lulu, com Metallica (2011)
The wanderlust, com Metric (2012)
Criação transgressora
Carolina Braga
Fãs da nova geração fizeram questão de mostrar o quanto foram influenciados por Lou Reed, publicando vídeos de suas músicas prediletas nos perfis pessoais. Guitarrista da banda mineira Dead Lover’s Twisted Heart, Guto Borges homenageou o músico com o vídeo de Venus in furs, composição de Reed lançada no álbum The Velvet Underground & Nico, o primeiro da banda. O álbum produzido por Andy Warhol, em princípio, não teve repercussão comercial, mas hoje é comparado a discos antológicos como Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, ou Blonde On Blonde, do Bob Dylan. “Acho que é uma grande perda. Foi um cara importante de vanguarda. Fiquei triste porque acompanhava a carreira dele desde a época do The Velvet Underground”, lamentou Lô Borges.
“O Dead Lover’s é um grupo que surgiu extremamente influenciado pelo The Velvet Underground. Um tanto pelo gesto marcante, que está junto das artes plásticas. Lou Reed tem uma poética e é uma persona artística extremamente influente”, comentou Guto, do Dead Lover’s. Para ele, o guitarrista teve a habilidade de unir universos distintos e apontar um novo caminho para a música. “É uma criação intuitiva, ousada, transgressora. É um alimento fundamental a partir dos anos 1960 e 1970 para qualquer um que está pretendendo fazer essa distorção.”
Luiz Gabriel Lopes, guitarrista do Graveola e o Lixo Polifônico e outras bandas, disse que passou a acompanhar a carreira de Lou influenciado pelo pai. “Curto muito algumas fases dele. Walk on the wild side é um clássico eterno da músic a pop mundial. Não conheço o trabalho inteiro. Transformer e Berlin, são discos muito legais e que eu ouvi bastante. Lou Reed é um cara que de certa forma encarnou o espírito beatnick na música. Estava conectado na atmosfera da contracultura e mesmo assim se tornou um astro nos Estados Unidos”, destacou. Para Luiz Gabriel Lopes, além das qualidades artísticas, Lou Reed também deixa seu estilo pessoal marcado. “Sempre gostei daquele estilo meio resmungão”.
Repercussão nas redes
O anúncio da morte do cantor, guitarrista e compositor Lou Reed provocou uma comoção nas redes sociais mundo afora. Fãs famosos de várias gerações e tendências demonstraram a admiração pelo ídolo em suas páginas oficiais no Twitter e no Facebook. A banda americana Weezer postou que o The Velvet Underground foi sua grande influência, quando da formação do grupo. Já os britânicos do The Who deixaram registrada a mensagem: “Descanse em paz, Lou Reed. Walk on the peaceful side (Ande pelo lado da paz, referência à música Walk on the wild side).”
A jovem cantora, atriz e compositora americana Miley Cyrus foi mais intensa em sua página. “Nãããããããããão, nããããão Lou Reed”. A também cantora americana Amanda Palmer declarou: “Eu vi isso no telefone em um táxi e só queria que fosse mentira. Lou Reed não pode morrer”. Outro jovem cantor americano que se entristeceu com a notícia foi Josh Groban. Para ele, hoje é um dia triste para a música. “Descanse em paz, Lou.” O músico britânico Billy Idol postou no Twitter a mensagem. “R.I.P. Lou Reed e obrigado pelo The Velvet. Você foi minha inspiração na década de 1970, sem você lá não haveria o punk rock”, escreveu o cantor de Dancing with myself.
O ator e roteirista americano John Cusack, deixou sua mensagem. “Lou Reed, descanse em paz – sempre me inspirei nele – péssima notícia – só o conhecia por meio de sua arte – era um poeta único.” Outro ator que sentiu a morte do guitarrista foi Elijah Wood, em sua página no Twitter. “Que você caminhe sempre pelo lado selvagem, Lou Reed. Terrivelmente triste de ouvir que você se foi”, escreveu.
Estado de Minas: 28/10/2013
Lou Reed |
Mesmo quem não é fã de Lou Reed conhece Walk on the wild side (Passeio pelo lado selvagem, em tradução literal), música de 1972 que se tornou espécie hino de todos aqueles que preferem caminhar, como ele próprio, pelo lado alternativo. Curiosamente, a letra divertida que conta casos sobre prostitutas, michês e travestis foi a única que Reed conseguiu emplacar nas rádios dos EUA. Mas grande parte de seus discos é até hoje cultuada e ele se tornou figura lendária da história do rock. Ontem, o anúncio da morte do guitarrista, cantor e compositor, aos 71 anos, deixou de luto todos que acompanharam sua trajetória, desde a criação do The Velvet Underground, nos anos 1960, à carreira solo, a partir da década seguinte. Até o fechamento desta edição a causa da morte do artista ainda não foi revelada.
Lou Reed estava otimista e tinha muitos planos. Chegou a postar, em junho, no seu site oficial (www.loureed.com), animado com o resultado de uma cirurgia de transplante de fígado à qual foi submetido em maio, em Cleveland, Ohio (EUA), que se sentia "uma vitória da medicina, da física e da química modernas. Estou maior e mais forte do que nunca". Disse também que esperava voltar em breve a escrever canções que toquem "o espírito e os corações" dos fãs. O músico já havia cancelado uma série de shows em abril; tocaria, por exemplo, no festival Coachella (EUA) e faria apresentações na Califórnia. Recentemente, Lou Reed tinha ajudado a promover um livro de fotos de Mick Rock, fotógrafo inglês conhecido por ter clicado o próprio músico e outras lendas do meio.
Os posts mais recentes no site de Lou Reed declaravam sua "paixão" e "dedicação" ao tratamento oriental tai chi, que, durante os últimos 30 anos, haviam permitido sua recuperação. O músico sofria de uma deficiência hepática cada vez mais agressiva, que o levou a recorrer à delicada cirurgia. A notícia da morte, divulgada primeiro no site da revista norte-americana Rolling Stone e mais tarde pelo jornal inglês The Guardian, foi confirmada pelo agente do cantor.
Turma da pesada Lou Reed nasceu em 2 de março de 1942, no Brooklyn, e foi criado em Long Island. Fundou em 1964, com John Cale, o The Velvet Underground, uma das bandas mais influentes da história do rock. O disco mais conhecido do grupo alternativo é The Velvet Underground and Nico, de 1967. A capa do CD foi desenhada por ninguém menos que o artista plástico Andy Warhol, que adotou a banda e ajudou a divulgá-la.
Nos anos 1970, Reed deixou o Velvet e se lançou em carreira solo. Entre os destaques, os cultuados Transformer, de 1972, produzido por David Bowie, e Berlim, de 1973.
O músico estava casado desde 2008 com a artista plástica Laurie Anderson, que desde os anos 1970 faz performances multimídias em Nova York, no badalado espaço The Kitchen. Também cantora, tem inúmeros álbuns gravados. O álbum mais recente de Lou Reed, Lulu (2011), foi lançado em parceria com o Metallica.
No Brasil Em 2010, o cantor e compositor esteve no Brasil para apresentar shows com o Metal Machine Trio e para sessão de autógrafos de seu livro Atravessar o fogo – 310 letras de Lou Reed (Companhia das Letras), publicação que é também retrato da obra de uma das figuras mais polêmicas e influentes da música contemporânea. Sobre Reed, o lendário crítico musical americano Lester Bangs, com quem mantinha relação de amor e ódio, escreveu: “À frente do The Velvet Underground, ele trouxe dignidade, poesia e rock and roll a temas como as drogas pesadas, as anfetaminas, a homossexualidade, o sadomasoquismo, o assassinato, a misoginia, a passividade entorpecida e o suicídio".
O homem que não amou o sol
Carlos Marcelo
Sadomasoquismo, prostituição, desilusões, vícios. As letras de Lou Reed, conhecidas a partir de sua banda, The Velvet Underground, formaram nos anos 1960 o contraponto áspero para as mensagens edificantes difundidas pelos hippies. Enquanto, em San Francisco, a turma paz & amor se preocupava com as flores na cabeça, o nova-iorquino Reed cantava: “Quem ama o sol, quem se importa se ele faz crescer as plantas... Nem todo mundo ama o sol” (Who loves the Sun, do disco Loaded). O Velvet Underground não vendeu tantos discos quanto os contemporâneos Beatles e Stones. Mas quem ouviu não passou incólume pela sonoridade forte, dissonante e hipnótica da banda que desbravou o lado mais selvagem do rock. “O primeiro disco do Velvet Underground vendeu apenas 10 mil discos, mas todos que compraram formaram uma banda.” A frase, atribuída a Brian Eno, sintetiza a influência do Velvet, que atravessou décadas e sobrevive até hoje. “Aquele disco é o melhor de todos. Tão bonito, tão inspirador, tão cool”, comentou ontem, via Twitter, um dos integrantes da banda escocesa Teenage Fanclub, Norman Blake, ao saber da morte de Reed.
Só que Lou Reed foi além do underground. Nos anos 1970, experimentou certa popularidade graças a sucessos como Walk on the wild side, Satellite of love e Perfect day (redescoberta nos anos 1990 pela trilha de Trainspotting) e às interpretações de amigos como Iggy Pop e David Bowie. Não facilitou, porém: gravou discos belos e sombrios (Berlim), outros inexpugnáveis (Metal Machine Music). Neste último, ainda provocava no encarte: “Uma semana minha vale mais do que um ano seu”. A carreira, então, padeceu de certa irregularidade até 1989, quando concebeu a obra-prima New York, considerado um dos 20 melhores álbuns dos anos 1980 pela revista Rolling Stone. Cria do Brooklyn, Reed utilizou o rock para fazer o que Woody Allen realizara em filmes como Manhattan: esquadrinhou, com ternura e acidez, as esquinas e personagens da cidade-berço.
Em New York, Lou Reed também chega ao ápice em um estilo de escrever baseado na junção de descrições com frases curtas e diretas. “Sempre achei que minhas letras iam além do simples relato e faziam asserções emocionais, embora não morais”, comentou na abertura do livro Atravessar o fogo – 310 letras de Lou Reed (Companhia das Letras, 2010), sem deixar de minimizar a sua atividade: “Certas vezes, escrever significou apenas seguir o ritmo e o som e inventar palavras sem sentido algum além da sensação que transmitiam”.
Em parceria com o galês John Cale, parceiro no Velvet Underground, Reed lançou outra obra-prima, o disco Songs for Drella (1990), requiém para o artista e padrinho Andy Warhol, e ainda lançou álbuns respeitáveis como Set the twilight reeling e Ecstasy. Nos últimos anos, fez participações em músicas de bandas como The Killers, Gorillaz e Metric. Regravado por artistas tão díspares como Cowboy Junkies (Sweet Jane) e Marisa Monte (Pale blue eyes), era referência incontornável para boa parte dos músicos contemporâneos: “Ele é insubstituível”, decretou Lee Ranaldo, ex-guitarrista do Sonic Youth. “Eu te amava tanto”, revelou ontem Flea, baixista do Red Hot Chili Peppers. Quis o destino que o derradeiro disco de Lou Reed tenha sido um fracasso de crítica e de vendas, o malfadado Lulu (2011), gravado com o Metallica, um passo em falso de quem nunca temeu o risco de atravessar o fogo. E, por não ter medo de se arriscar, também alcançou momentos de rara beleza, como o disco conceitual Magic and Loss (1992), dedicado a dois amigos que padeceram de câncer, inteirinho sobre a morte. “Há em tudo um tanto de magia. E então alguma perda pra igualar as coisas.” Um dos gigantes da música norte-americana, Lou Reed sai de cena. Deixa discípulos, não herdeiros. Como possível epitáfio, fica o aviso contido na letra de What’s good: A vida é boa, mas nem um pouco justa.
Discografia
Com o The Velvet Underground
The velvet underground and Nico (1967)
White light/White heat (1968)
The velvet underground (1969)
Loaded (1970)
Live at Max's Kansas city (1972, gravado em 1970)
1969: The velvet underground live (1974, gravado em 1969)
VU (1985, gravado entre 1968-1969)
Another view (1986, gravado entre 1967-1969)
Live MCMXCIII (1993)
Peel slowly and see (boxset de 1995, gravado entre 1965-1970)
Bootleg Series volume 1: The Quine Tapes (2001, gravado ao vivo em 1969)
The very best of the velvet underground (2003, gravado entre 1966-1970)
Carreira Solo
Álbuns de estúdio
Lou Reed (1972)
Transformer (1972)
Berlin (1973)
Sally can't dance (1974)
Metal machine music (1975)
Coney island baby (1976)
Rock 'n' roll heart (1976)
Street hassle (1978)
The bells (1979)
Growing up in public (1980)
The blue mask (1982)
Legendary hearts (1983)
New sensations (1984)
Mistrial (1986)
New York (1989)
Magic and loss (1992)
Set the twilight reeling (1996)
Ecstacy (2000)
The raven (2003)
Álbuns ao vivo
Rock 'n' roll animal (1974)
Lou Reed live (1975)
Live: Take no prisoners (1978)
Live in Italy (1984)
Live in concert (1997)
Perfect night: Live in London (1998)
American poet (2001)
Animal serenade (2004)
Colaborações
Songs for Drella, com John Cale (1990)
Le Bataclan '72, com John Cale e Nico (2004)
Tranquilize, com The Killers (2007)
Some kind of nature, com Gorillaz (2010)
Lulu, com Metallica (2011)
The wanderlust, com Metric (2012)
Criação transgressora
Carolina Braga
Fãs da nova geração fizeram questão de mostrar o quanto foram influenciados por Lou Reed, publicando vídeos de suas músicas prediletas nos perfis pessoais. Guitarrista da banda mineira Dead Lover’s Twisted Heart, Guto Borges homenageou o músico com o vídeo de Venus in furs, composição de Reed lançada no álbum The Velvet Underground & Nico, o primeiro da banda. O álbum produzido por Andy Warhol, em princípio, não teve repercussão comercial, mas hoje é comparado a discos antológicos como Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, ou Blonde On Blonde, do Bob Dylan. “Acho que é uma grande perda. Foi um cara importante de vanguarda. Fiquei triste porque acompanhava a carreira dele desde a época do The Velvet Underground”, lamentou Lô Borges.
“O Dead Lover’s é um grupo que surgiu extremamente influenciado pelo The Velvet Underground. Um tanto pelo gesto marcante, que está junto das artes plásticas. Lou Reed tem uma poética e é uma persona artística extremamente influente”, comentou Guto, do Dead Lover’s. Para ele, o guitarrista teve a habilidade de unir universos distintos e apontar um novo caminho para a música. “É uma criação intuitiva, ousada, transgressora. É um alimento fundamental a partir dos anos 1960 e 1970 para qualquer um que está pretendendo fazer essa distorção.”
Luiz Gabriel Lopes, guitarrista do Graveola e o Lixo Polifônico e outras bandas, disse que passou a acompanhar a carreira de Lou influenciado pelo pai. “Curto muito algumas fases dele. Walk on the wild side é um clássico eterno da músic a pop mundial. Não conheço o trabalho inteiro. Transformer e Berlin, são discos muito legais e que eu ouvi bastante. Lou Reed é um cara que de certa forma encarnou o espírito beatnick na música. Estava conectado na atmosfera da contracultura e mesmo assim se tornou um astro nos Estados Unidos”, destacou. Para Luiz Gabriel Lopes, além das qualidades artísticas, Lou Reed também deixa seu estilo pessoal marcado. “Sempre gostei daquele estilo meio resmungão”.
Repercussão nas redes
O anúncio da morte do cantor, guitarrista e compositor Lou Reed provocou uma comoção nas redes sociais mundo afora. Fãs famosos de várias gerações e tendências demonstraram a admiração pelo ídolo em suas páginas oficiais no Twitter e no Facebook. A banda americana Weezer postou que o The Velvet Underground foi sua grande influência, quando da formação do grupo. Já os britânicos do The Who deixaram registrada a mensagem: “Descanse em paz, Lou Reed. Walk on the peaceful side (Ande pelo lado da paz, referência à música Walk on the wild side).”
A jovem cantora, atriz e compositora americana Miley Cyrus foi mais intensa em sua página. “Nãããããããããão, nããããão Lou Reed”. A também cantora americana Amanda Palmer declarou: “Eu vi isso no telefone em um táxi e só queria que fosse mentira. Lou Reed não pode morrer”. Outro jovem cantor americano que se entristeceu com a notícia foi Josh Groban. Para ele, hoje é um dia triste para a música. “Descanse em paz, Lou.” O músico britânico Billy Idol postou no Twitter a mensagem. “R.I.P. Lou Reed e obrigado pelo The Velvet. Você foi minha inspiração na década de 1970, sem você lá não haveria o punk rock”, escreveu o cantor de Dancing with myself.
O ator e roteirista americano John Cusack, deixou sua mensagem. “Lou Reed, descanse em paz – sempre me inspirei nele – péssima notícia – só o conhecia por meio de sua arte – era um poeta único.” Outro ator que sentiu a morte do guitarrista foi Elijah Wood, em sua página no Twitter. “Que você caminhe sempre pelo lado selvagem, Lou Reed. Terrivelmente triste de ouvir que você se foi”, escreveu.
Gaúcha irreverente - Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 28/10/2013
Na sequência da série Nova literatura brasileira, promovida pelo projeto Sempre um Papo, que tem trazido a Belo Horizonte autores de todo o país, hoje será a vez de outra gaúcha, a escritora e cantora Clara Averbuck. Ela estará na cidade para falar sobre sua obra e lançar Cidade grande no escuro (7 Letras Editora, 152 páginas), seu mais recente livro de contos. Com a irreverência que lhe é característica, a moça vai contando, sem meias-palavras e sem se fazer de rogada: “Minha história de vida vai linda e desgraçada, como sempre foi. Cidade grande é uma coletânea de minha trajetória em São Paulo, que considero o fim de um ciclo”.
Ainda decidindo sobre os novos rumos da sua vida (talvez vá morar em Santa Tereza, no Rio), Clara Averbuck conta que resolveu sair de Porto Alegre em 2001 porque achava que na capital gaúcha já não havia espaço para ela. “Trabalhava com publicidade e não queria mais; estudava jornalismo e não via perspectiva. Queria e precisava me afastar e inventar uma vida nova longe de família e de tudo que conhecia. Acabou funcionando”, conta. Foi então que, como milhões de brasileiros têm feito ao longo da história, arranjou as suas malas, comprou uma passagem e se mandou para São Paulo.
Se em Porto Alegre tinha feito sua estreia na literatura em 1998, escrevendo para a revista digital Não-til, da Casa de Cinema de PA, na capital paulista, um ano depois da sua chegada, ela lançou seu primeiro romance, Máquina de Pindall, e entre 2003 e 2004 vieram mais dois livros, Das coisas esquecidas atrás da estante e Vida de gato. Por falar nesses felinos, com os quais sempre foi fissurada, atualmente ela vive com cinco deles, com os quais se dá muito bem, a ponto de afirmar jamais ter conhecido um gato sacana.
“Infelizmente, não posso dizer o mesmo das pessoas, mas é a vida”, diz. Também ligada à música, da qual anda meio afastada, Clara Averbuck já participou de algumas bandas, e lançou o CD Nossa Senhora da Pequena Morte. Mas, entre a música e a literatura, afirma que fica com as duas. Atualmente, enquanto não decide se irá ou não se mudar para o Rio, está publicando uma novela no site Confeitaria.
“Era pra sair um capítulo por semana, mas como estou sem computador isso está me arrasando a vida inteira. Ainda não sei o que vou fazer com esse novo livro. Mas não engulo mais esse negócio de o autor receber apenas 10% sobre o preço de capa e as editoras ficarem com o resto do lucro. Minhas ideia é abrir um projeto no Catarse e fazer um financiamento coletivo. Talvez funcione”, diz.
Cidade grande no escuro
Livro de contos de Clara Averbuck. Lançamento e bate-papo com a autora hoje, a partir das 19h30. Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, no projeto Sempre um Papo. Informações: (31) 3261-1501, ou pelo site: www.sempreumpapo.com.br
Clara Averbuck lança livro e conversa com o público hoje, no Sempre um Papo |
Na sequência da série Nova literatura brasileira, promovida pelo projeto Sempre um Papo, que tem trazido a Belo Horizonte autores de todo o país, hoje será a vez de outra gaúcha, a escritora e cantora Clara Averbuck. Ela estará na cidade para falar sobre sua obra e lançar Cidade grande no escuro (7 Letras Editora, 152 páginas), seu mais recente livro de contos. Com a irreverência que lhe é característica, a moça vai contando, sem meias-palavras e sem se fazer de rogada: “Minha história de vida vai linda e desgraçada, como sempre foi. Cidade grande é uma coletânea de minha trajetória em São Paulo, que considero o fim de um ciclo”.
Ainda decidindo sobre os novos rumos da sua vida (talvez vá morar em Santa Tereza, no Rio), Clara Averbuck conta que resolveu sair de Porto Alegre em 2001 porque achava que na capital gaúcha já não havia espaço para ela. “Trabalhava com publicidade e não queria mais; estudava jornalismo e não via perspectiva. Queria e precisava me afastar e inventar uma vida nova longe de família e de tudo que conhecia. Acabou funcionando”, conta. Foi então que, como milhões de brasileiros têm feito ao longo da história, arranjou as suas malas, comprou uma passagem e se mandou para São Paulo.
Se em Porto Alegre tinha feito sua estreia na literatura em 1998, escrevendo para a revista digital Não-til, da Casa de Cinema de PA, na capital paulista, um ano depois da sua chegada, ela lançou seu primeiro romance, Máquina de Pindall, e entre 2003 e 2004 vieram mais dois livros, Das coisas esquecidas atrás da estante e Vida de gato. Por falar nesses felinos, com os quais sempre foi fissurada, atualmente ela vive com cinco deles, com os quais se dá muito bem, a ponto de afirmar jamais ter conhecido um gato sacana.
“Infelizmente, não posso dizer o mesmo das pessoas, mas é a vida”, diz. Também ligada à música, da qual anda meio afastada, Clara Averbuck já participou de algumas bandas, e lançou o CD Nossa Senhora da Pequena Morte. Mas, entre a música e a literatura, afirma que fica com as duas. Atualmente, enquanto não decide se irá ou não se mudar para o Rio, está publicando uma novela no site Confeitaria.
“Era pra sair um capítulo por semana, mas como estou sem computador isso está me arrasando a vida inteira. Ainda não sei o que vou fazer com esse novo livro. Mas não engulo mais esse negócio de o autor receber apenas 10% sobre o preço de capa e as editoras ficarem com o resto do lucro. Minhas ideia é abrir um projeto no Catarse e fazer um financiamento coletivo. Talvez funcione”, diz.
Cidade grande no escuro
Livro de contos de Clara Averbuck. Lançamento e bate-papo com a autora hoje, a partir das 19h30. Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, no projeto Sempre um Papo. Informações: (31) 3261-1501, ou pelo site: www.sempreumpapo.com.br
Provocações poéticas
Chico de Paula escreveu Sobras a partir
de bate-papos virtuais e Kiko Ferreira usou metáforas para escrever Pó
de pedra, livros que terão lançamento amanhã
Sérgio Rodrigo Reis
Estado de Minas: 28/10/2013
A poesia passa por momentos distintos: de um lado, é uma das vertentes literárias com mais experimentação e adeptos. De outro, uma das linguagens com maior dificuldade de encontrar espaço em grandes editoras. Talvez por isso, quando aparece uma notícia de lançamento de duas publicações de autores mineiros a novidade tem que ser comemorada, como ocorre amanhã, às 19h, na Galeria de Arte do BDMG Cultural. Na ocasião, os poetas Chico de Paula e Kiko Ferreira autografam, respectivamente, os livros Sobras e Pó de pedra.
A obra de Chico de Paula foi criada de um jeito diferente. Inicialmente, conversas pelo Facebook e e-mail foram registradas pelo celular. Daí em diante, o autor usou o que sobrou das impressões dos bate-papos para estabelecer diálogos com o universo da poesia. “O processo deu origem a poemas emergentes, quase sem revisão. O público lerá do jeito que nasceram. É uma característica da obra do Kiko também”, compara ele em relação ao livro do amigo, Pó de pedra. Trata-se de obra feita a partir da metáfora da pedra-pomes, que é concreta e porosa, sólida e leve, capaz de arranhar e polir. A proposta foi de, com a comparação, pensar na versatilidade da linguagem.
A ideia do lançamento simultâneo surgiu no início do ano. Os dois trabalham juntos desde a década de 1980, em diversas televisões locais. A afinidade literária surgiu dessa convivência, quando Kiko Ferreira o convidou para criar o conteúdo audiovisual de suas apresentações no projeto Poesia orbital e ainda na Bienal de Poesia. “Há uma admiração mútua. Kiko é desses amigos constantes. A gente se vê pouco mas fala muito. Mandamos coisas um para o outro ler. É um cara provocador. Isso é algo que temos em comum”, diz Chico de Paula.
INSTANTE ZERO*
Deus me afasta dos crédulos;
para estes, tudo se parece com religião.
para um Deus, não.
Deus, me afasta dos incrédulos;
para estes, tudo se parece com religião.
para Deus não.
*Por Chico de Paula
PEDRA PO(e)MES*
numas
vezes,
uma
pedra
no
caminho
é
pedra.
noutras
caminho.
*Por Kiko Ferreira
Livros
Lançamento de Sobras, de Chico de Paula, e Pó de Pedra, de Kiko Ferreira. Amanhã, às 19h, na Galeria de Arte do BDMG Cultural, Rua Bernardo Guimarães 1.600, Lourdes. Informações: (31) 3219-8486.
Sérgio Rodrigo Reis
Estado de Minas: 28/10/2013
Amigos de longa data, Chico de Paula e Kiko Ferreira optaram pelo lançamento conjunto |
A poesia passa por momentos distintos: de um lado, é uma das vertentes literárias com mais experimentação e adeptos. De outro, uma das linguagens com maior dificuldade de encontrar espaço em grandes editoras. Talvez por isso, quando aparece uma notícia de lançamento de duas publicações de autores mineiros a novidade tem que ser comemorada, como ocorre amanhã, às 19h, na Galeria de Arte do BDMG Cultural. Na ocasião, os poetas Chico de Paula e Kiko Ferreira autografam, respectivamente, os livros Sobras e Pó de pedra.
A obra de Chico de Paula foi criada de um jeito diferente. Inicialmente, conversas pelo Facebook e e-mail foram registradas pelo celular. Daí em diante, o autor usou o que sobrou das impressões dos bate-papos para estabelecer diálogos com o universo da poesia. “O processo deu origem a poemas emergentes, quase sem revisão. O público lerá do jeito que nasceram. É uma característica da obra do Kiko também”, compara ele em relação ao livro do amigo, Pó de pedra. Trata-se de obra feita a partir da metáfora da pedra-pomes, que é concreta e porosa, sólida e leve, capaz de arranhar e polir. A proposta foi de, com a comparação, pensar na versatilidade da linguagem.
A ideia do lançamento simultâneo surgiu no início do ano. Os dois trabalham juntos desde a década de 1980, em diversas televisões locais. A afinidade literária surgiu dessa convivência, quando Kiko Ferreira o convidou para criar o conteúdo audiovisual de suas apresentações no projeto Poesia orbital e ainda na Bienal de Poesia. “Há uma admiração mútua. Kiko é desses amigos constantes. A gente se vê pouco mas fala muito. Mandamos coisas um para o outro ler. É um cara provocador. Isso é algo que temos em comum”, diz Chico de Paula.
INSTANTE ZERO*
Deus me afasta dos crédulos;
para estes, tudo se parece com religião.
para um Deus, não.
Deus, me afasta dos incrédulos;
para estes, tudo se parece com religião.
para Deus não.
*Por Chico de Paula
PEDRA PO(e)MES*
numas
vezes,
uma
pedra
no
caminho
é
pedra.
noutras
caminho.
*Por Kiko Ferreira
Livros
Lançamento de Sobras, de Chico de Paula, e Pó de Pedra, de Kiko Ferreira. Amanhã, às 19h, na Galeria de Arte do BDMG Cultural, Rua Bernardo Guimarães 1.600, Lourdes. Informações: (31) 3219-8486.
Amígdalas Protetoras do organismo
Cirurgias para retirada dos tecidos que
ficam no fundo da garganta ainda são feitas em crianças que têm
dificuldade para engolir e respirar, embora estejam em queda no Brasil.
Tecidos são espécie de barreira de defesa
Sara Lira
Estado de Minas: 28/10/2013
Universitária Diva Pimenta Magalhães, de 25 anos, retirou as amígdalas aos 15, numa época em que a cirurgia era indicada com menos rigor do que atualmente. Ela lembra que o pós-operatório foi complicado. "Foi muito doloroso e eu não conseguia comer nada. Perdi quase 15 quilos em apenas dois meses", conta. Anos depois, já mãe, ela precisou reviver a história com o filho mais velho, Davi, hoje com 4 anos. "As amígdalas dele eram enormes e quase fechavam a garganta. Ele roncava muito durante à noite e dormia mal. Como ele respirava pela boca, sua dentição estava ficando comprometida. Além disso, ele tinha dor de garganta com febre altíssima frequentemente", recorda-se.
A cirurgia trouxe benefícios para o garoto e a surpresa foi que a recuperação foi mais tranquila do que a dela. "Ele melhorou na escola, ficou mais ativo e um dos maiores benefícios foi que Davi não acordou mais à noite", comemora Diva. No mês passado, o caçula da família, Arthur, também teve que passar pelo procedimento cirúrgico, pelos mesmos problemas do irmão: dificuldade para respirar, engolir, além de ele adoecer com frequência. Apenas dois dias depois da operação o garoto já estava brincando e começando a comer alguns alimentos.
As amígdalas, ou tonsilas palatinas, ficam na região próxima à base da língua denominada orofaringe e fazem parte do sistema imunológico do nosso organismo, pois têm a função de produzir substâncias de defesa, como as imunoglobulinas, que funcionam como anticorpos e no controle bacteriano local. Em muito casos, as amígdalas – que são duas massas de tecido, uma de cada lado da garganta no fundo da boca – não geram complicações, mas para muitas pessoas elas se tornam um verdadeiro problema. As amígdalas, assim como as adenoides, são parte de um "anel" de tecido glandular que envolve internamente a garganta. As adenoides, no entanto, estão localizadas na parte superior da garganta no fundo do nariz, por onde passa o ar que respiramos pelo nariz, portanto não é visível pela boca sem instrumentos especiais.
Quando o esquema de defesa das amígdalas não funciona de forma adequada, elas podem infeccionar e o tratamento geralmente é feito com antibióticos. Porém, há situações em que esse processo ocorre com frequência, como em vários momentos do ano. "Há casos de infecções de repetição por queda de imunidade, geralmente causada por estresse, má qualidade de vida ou predisposição pessoal", afirma o diretor da Academia Brasileira de Laringologia e Voz, entidade da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, João Batista de Oliveira Andrade.
Às vezes, as amígdalas se desenvolvem muito e podem provocar obstrução das vias aéreas, comprometendo a respiração, a qualidade de vida e o sono, causando ronco e a apneia. Nesse caso, elas vêm acompanhadas da adenoide, que é o aumento das tonsilas faríngeas, localizadas na transição do nariz com a faringe. "As amígdalas têm um crescimento a partir dos 2 anos, com redução da sua evolução a partir dos 6 anos, culminando com redução quase total, ou involução, a partir do décimo ano de vida. Há casos em que não ocorre essa involução, mas sim uma hipertrofia, levando até mesmo a obstrução das vias aerodigestivas", explica João Batista.
QUEDA EM CIRURGIAS Segundo o médico João Batista, a cirurgia era mais comum há alguns anos, mas, atualmente há mais rigor para indicá-la. Em uma comparação do Ministério da Saúde entre os anos de 2011 e 2012, o número de procedimentos feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) caiu de 41.435 para 41.241. "As cirurgias foram muito comuns antigamente, mas houve redução devido aos estudos da fisiologia das amígdalas, descobertas sobre as defesas locais e melhor compreensão sobre as funções delas no organismo", afirma o otorrinolaringologista.
A professora do curso de medicina da Universidade de Brasília (UnB) e chefe do Serviço de Otorrinolaringologia da instituição, Alessandra Ramos, acrescenta que a modernização dos medicamentos também contribuiu para a redução do número de cirurgias. "Hoje existem mais antibióticos e é possível controlar, do ponto de vista clínico, muitos casos de infecções que antes a gente não conseguia", diz. De acordo com a especialista, há o mito de que pacientes que passaram pela amigdalectomia podem sofrer queda da imunidade ou ter mais facilidade de desenvolver faringite. "Hoje, a cirurgia só é indicada nos casos que o médico tem absoluta certeza de que ela vai resolver o problema. A retirada das amígdalas não causa deficiência imunológica, pois quando ela é removida é porque o tecido estava doente e não fazia o papel de defesa de forma adequada", afirma Alessandra.
Por dentro do seu corpo
Amígdalas e adenoides são compostas de um tecido parecido com os dos linfonodos ou gânglios. Elas são parte de um anel de tecido glandular que envolve internamente a garganta.
Os problemas mais comuns nas amígdalas são as infecções, que causam dor de garganta, aumento das amígdalas e adenoides (dificultando a respiração e deglutição). É importante procurar um otorrinolaringologista ao ter muitas infecções de garganta com febre; mau hálito forte; nariz entupido; respirar pela boca; ronco e sono muito agitado.
Geralmente, os tratamentos de amigdalite infecciosa são feitos com antibióticos. Para a amigdalite caseosa, é preciso redobrar os cuidados com a higiene oral para evitar que restos de comida se acumulem nas amígdalas. "Os cáseos não devem ser retirados à força pela pessoa, pois esse processo pode causar lesões no tecido amigdaliano. Quem tem o problema deve procurar orientação de um otorrinolaringologista", sugere a especialista Alessandra Ramos.
adenoides
estão localizadas na parte superior da garganta no fundo do nariz, por onde passa o ar que respiramos pelo nariz, portanto não são visíveis pela boca sem instrumentos especiais. As adenoides grandes ocorrem quase exclusivamente em crianças e na puberdade regridem de tamanho. As grandes podem causar obstrução nasal e levar a criança a dormir com a boca aberta, roncando à noite e gerando alterações na arcada dentária. Esse processo pode desencadear ainda problemas no ouvido, como otite.
amígdalas
Ficam no fundo da boca, estrategicamente localizadas perto das entradas do ar que respiramos. Elas podem facilmente ser infectadas por vírus ou bactérias que vêm com o ar. É por isso que ajudam a formar anticorpos contra esses germes como parte do sistema imunológico para que o organismo resista a infecções. Essa função é muito forte nos primeiros anos de vida e vai se tornando menos importante quando a criança vai crescendo.
Virótica e bacteriana
As infecções frequentes das amígdalas, as amigdalites, podem ser causadas por vírus, e mesmo as geradas por bactérias podem inicialmente ter sido infectadas por vírus. Febre, dor de garganta, dor para engolir, mau hálito, caroços no pescoço e mal-estar são sintomas que podem ocorrer em caso de amigdalite. A intensidade desses sintomas varia muito, e há casos em que o paciente precisa até ficar em repouso. O tratamento é principalmente contra os sintomas, com antitérmicos para diminuir o mal-estar provocado por febre e eventualmente analgésicos anti-inflamatórios, sob orientação médica, para diminuir a dor e permitir que o paciente se alimente bem.
Quando a infecção das amígdalas é causada por bactérias, ou seja, quando a amigdalite é bacteriana, é necessário tomar antibióticos para evitar complicações. Nesse tipo de infecção, o paciente costuma apresentar febre acima de 38 graus e bastante indisposição. Nesse caso é fundamental procurar o auxílio de um médico.
Caseosa
Um outro tipo de problema comum, mas que não causa problemas graves à saúde, é a amigdalite caseosa. As amígdalas têm estrutura anatômica formada por criptas, ou seja, pequenos buracos, e algumas pessoas têm esses órgãos maiores, causando alargamento dessas aberturas. Nessas regiões vão se juntando restos de alimentos, descamações celulares e outros micro-organismos que, juntos, formam o cáseo, ou caseum, que são pequenas massas de cor amarelada com odor desagradável.
Eles causam mau hálito e incômodo na garganta, como se a pessoa tivesse um corpo estranho na região. Eventualmente, essas "bolinhas" se soltam. O problema não é considerado uma infecção nem pode evoluir para problemas mais sérios. "Ela (amigdalite caseosa) não é grave, mas é muito desagradável porque causa halitose", afirma a professora da UnB Alessandra Ramos. O problema é crônico e não há cura. Apenas em casos raros, ele pode virar uma infecção. "Por haver colonização de bactérias, eventualmente podem desenvolver casos de infecção aguda com pus, dor ou febre, a serem tratados com antibióticos", explica o diretor da Academia Brasileira de Laringologia e Voz, João Batista de Oliveira Andrade.
Sara Lira
Estado de Minas: 28/10/2013
Diva Pimenta, com os filhos Arthur e Davi, que passaram pela cirurgia de retirada de amígdalas. Segundo a mãe, a qualidade de vida dos meninos mudou |
Universitária Diva Pimenta Magalhães, de 25 anos, retirou as amígdalas aos 15, numa época em que a cirurgia era indicada com menos rigor do que atualmente. Ela lembra que o pós-operatório foi complicado. "Foi muito doloroso e eu não conseguia comer nada. Perdi quase 15 quilos em apenas dois meses", conta. Anos depois, já mãe, ela precisou reviver a história com o filho mais velho, Davi, hoje com 4 anos. "As amígdalas dele eram enormes e quase fechavam a garganta. Ele roncava muito durante à noite e dormia mal. Como ele respirava pela boca, sua dentição estava ficando comprometida. Além disso, ele tinha dor de garganta com febre altíssima frequentemente", recorda-se.
A cirurgia trouxe benefícios para o garoto e a surpresa foi que a recuperação foi mais tranquila do que a dela. "Ele melhorou na escola, ficou mais ativo e um dos maiores benefícios foi que Davi não acordou mais à noite", comemora Diva. No mês passado, o caçula da família, Arthur, também teve que passar pelo procedimento cirúrgico, pelos mesmos problemas do irmão: dificuldade para respirar, engolir, além de ele adoecer com frequência. Apenas dois dias depois da operação o garoto já estava brincando e começando a comer alguns alimentos.
As amígdalas, ou tonsilas palatinas, ficam na região próxima à base da língua denominada orofaringe e fazem parte do sistema imunológico do nosso organismo, pois têm a função de produzir substâncias de defesa, como as imunoglobulinas, que funcionam como anticorpos e no controle bacteriano local. Em muito casos, as amígdalas – que são duas massas de tecido, uma de cada lado da garganta no fundo da boca – não geram complicações, mas para muitas pessoas elas se tornam um verdadeiro problema. As amígdalas, assim como as adenoides, são parte de um "anel" de tecido glandular que envolve internamente a garganta. As adenoides, no entanto, estão localizadas na parte superior da garganta no fundo do nariz, por onde passa o ar que respiramos pelo nariz, portanto não é visível pela boca sem instrumentos especiais.
Quando o esquema de defesa das amígdalas não funciona de forma adequada, elas podem infeccionar e o tratamento geralmente é feito com antibióticos. Porém, há situações em que esse processo ocorre com frequência, como em vários momentos do ano. "Há casos de infecções de repetição por queda de imunidade, geralmente causada por estresse, má qualidade de vida ou predisposição pessoal", afirma o diretor da Academia Brasileira de Laringologia e Voz, entidade da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, João Batista de Oliveira Andrade.
Às vezes, as amígdalas se desenvolvem muito e podem provocar obstrução das vias aéreas, comprometendo a respiração, a qualidade de vida e o sono, causando ronco e a apneia. Nesse caso, elas vêm acompanhadas da adenoide, que é o aumento das tonsilas faríngeas, localizadas na transição do nariz com a faringe. "As amígdalas têm um crescimento a partir dos 2 anos, com redução da sua evolução a partir dos 6 anos, culminando com redução quase total, ou involução, a partir do décimo ano de vida. Há casos em que não ocorre essa involução, mas sim uma hipertrofia, levando até mesmo a obstrução das vias aerodigestivas", explica João Batista.
QUEDA EM CIRURGIAS Segundo o médico João Batista, a cirurgia era mais comum há alguns anos, mas, atualmente há mais rigor para indicá-la. Em uma comparação do Ministério da Saúde entre os anos de 2011 e 2012, o número de procedimentos feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) caiu de 41.435 para 41.241. "As cirurgias foram muito comuns antigamente, mas houve redução devido aos estudos da fisiologia das amígdalas, descobertas sobre as defesas locais e melhor compreensão sobre as funções delas no organismo", afirma o otorrinolaringologista.
A professora do curso de medicina da Universidade de Brasília (UnB) e chefe do Serviço de Otorrinolaringologia da instituição, Alessandra Ramos, acrescenta que a modernização dos medicamentos também contribuiu para a redução do número de cirurgias. "Hoje existem mais antibióticos e é possível controlar, do ponto de vista clínico, muitos casos de infecções que antes a gente não conseguia", diz. De acordo com a especialista, há o mito de que pacientes que passaram pela amigdalectomia podem sofrer queda da imunidade ou ter mais facilidade de desenvolver faringite. "Hoje, a cirurgia só é indicada nos casos que o médico tem absoluta certeza de que ela vai resolver o problema. A retirada das amígdalas não causa deficiência imunológica, pois quando ela é removida é porque o tecido estava doente e não fazia o papel de defesa de forma adequada", afirma Alessandra.
Por dentro do seu corpo
Amígdalas e adenoides são compostas de um tecido parecido com os dos linfonodos ou gânglios. Elas são parte de um anel de tecido glandular que envolve internamente a garganta.
Os problemas mais comuns nas amígdalas são as infecções, que causam dor de garganta, aumento das amígdalas e adenoides (dificultando a respiração e deglutição). É importante procurar um otorrinolaringologista ao ter muitas infecções de garganta com febre; mau hálito forte; nariz entupido; respirar pela boca; ronco e sono muito agitado.
Geralmente, os tratamentos de amigdalite infecciosa são feitos com antibióticos. Para a amigdalite caseosa, é preciso redobrar os cuidados com a higiene oral para evitar que restos de comida se acumulem nas amígdalas. "Os cáseos não devem ser retirados à força pela pessoa, pois esse processo pode causar lesões no tecido amigdaliano. Quem tem o problema deve procurar orientação de um otorrinolaringologista", sugere a especialista Alessandra Ramos.
adenoides
estão localizadas na parte superior da garganta no fundo do nariz, por onde passa o ar que respiramos pelo nariz, portanto não são visíveis pela boca sem instrumentos especiais. As adenoides grandes ocorrem quase exclusivamente em crianças e na puberdade regridem de tamanho. As grandes podem causar obstrução nasal e levar a criança a dormir com a boca aberta, roncando à noite e gerando alterações na arcada dentária. Esse processo pode desencadear ainda problemas no ouvido, como otite.
amígdalas
Ficam no fundo da boca, estrategicamente localizadas perto das entradas do ar que respiramos. Elas podem facilmente ser infectadas por vírus ou bactérias que vêm com o ar. É por isso que ajudam a formar anticorpos contra esses germes como parte do sistema imunológico para que o organismo resista a infecções. Essa função é muito forte nos primeiros anos de vida e vai se tornando menos importante quando a criança vai crescendo.
Virótica e bacteriana
As infecções frequentes das amígdalas, as amigdalites, podem ser causadas por vírus, e mesmo as geradas por bactérias podem inicialmente ter sido infectadas por vírus. Febre, dor de garganta, dor para engolir, mau hálito, caroços no pescoço e mal-estar são sintomas que podem ocorrer em caso de amigdalite. A intensidade desses sintomas varia muito, e há casos em que o paciente precisa até ficar em repouso. O tratamento é principalmente contra os sintomas, com antitérmicos para diminuir o mal-estar provocado por febre e eventualmente analgésicos anti-inflamatórios, sob orientação médica, para diminuir a dor e permitir que o paciente se alimente bem.
Quando a infecção das amígdalas é causada por bactérias, ou seja, quando a amigdalite é bacteriana, é necessário tomar antibióticos para evitar complicações. Nesse tipo de infecção, o paciente costuma apresentar febre acima de 38 graus e bastante indisposição. Nesse caso é fundamental procurar o auxílio de um médico.
Caseosa
Um outro tipo de problema comum, mas que não causa problemas graves à saúde, é a amigdalite caseosa. As amígdalas têm estrutura anatômica formada por criptas, ou seja, pequenos buracos, e algumas pessoas têm esses órgãos maiores, causando alargamento dessas aberturas. Nessas regiões vão se juntando restos de alimentos, descamações celulares e outros micro-organismos que, juntos, formam o cáseo, ou caseum, que são pequenas massas de cor amarelada com odor desagradável.
Eles causam mau hálito e incômodo na garganta, como se a pessoa tivesse um corpo estranho na região. Eventualmente, essas "bolinhas" se soltam. O problema não é considerado uma infecção nem pode evoluir para problemas mais sérios. "Ela (amigdalite caseosa) não é grave, mas é muito desagradável porque causa halitose", afirma a professora da UnB Alessandra Ramos. O problema é crônico e não há cura. Apenas em casos raros, ele pode virar uma infecção. "Por haver colonização de bactérias, eventualmente podem desenvolver casos de infecção aguda com pus, dor ou febre, a serem tratados com antibióticos", explica o diretor da Academia Brasileira de Laringologia e Voz, João Batista de Oliveira Andrade.
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