quarta-feira, 12 de março de 2014

FERNANDO BRANT » Devaneios‏

FERNANDO BRANT » Devaneios 
 
Não sou mais menino e nem ando de pés descalços por ladeiras da infância
Fernando Brant
Estado de Minas: 12/03/2014

Eis-me sentado em confortável poltrona me envolvendo com um livro policial islandês. É o terceiro do mesmo autor, Arnaldur Indridason, que leio. Não sou especialista nesse tipo de ficção, que tem adeptos em toda parte e, seguramente, criadores de alto quilate. Seria agora uma tardia iniciação? Não sei, e enquanto essa indagação passa ligeira por minha mente, olho pela janela a chuva que, finalmente, chegou em nossa cidade. O som nas pedras da casa e no asfalto não me trazem o cheiro de terra molhada que tanto embalou meus dias.

Vontade de me levantar e sair atrás de alguma enxurrada. Mas hoje não vale. Não sou mais menino e nem ando de pés descalços por ladeiras da infância. E o inspetor Erlendur me chama de volta à leitura, pois uma morte precisa ser esclarecida. Tento imaginar como é a Islândia. Talvez semelhante à Finlândia do meu parceiro Heikki Sarmanto, homem da terra do frio e do fim que se apaixonou por nosso belo horizonte. Conheci um pouco de Estocolmo e, mais um pouco, a Copenhague que ouve nossa música, bebe muita cerveja e anda de bicicleta. Lugares para se visitar, principalmente fora do inverno, mas não para morar.

Somos mesmo é do sol, mas mesmo este, quando exagera como ocorreu neste verão, incomoda até carioca. Por isso tantos rezavam pela chuva boa, prazenteira, de que nos falava Antônio Carlos Jobim. Mas o brasileiro, na relação com o tempo, está sempre insatisfeito. Se faz sol reclama do calor. Se chove amaldiçoa São Pedro. Esse, porém, é um reclamar por reclamar, apenas para ter assunto com o ascensorista ou o companheiro de viagem no elevador.

Não que não haja muita reclamação justa a fazer. A vida, principalmente nas grandes cidades, se transformou numa correria louca, numa maratona sem sentido. Vai-se de um lado para o outro pendurado como sardinha em latas lotadas de gente ou preso na vagareza insuportável do trânsito.

A jornada, que seria de oito horas, é acrescida de mais quatro no caos do transporte urbano. E o tempo para ser feliz e amar? E o tempo para aproveitar a existência? Não fomos feitos para o trabalho, ele é, apenas, necessário. Não é o essencial. E, como diz o Baloo, devemos fazer somente o necessário, o extraordinário é demais. Mais que o urso amigo do Menino Lobo, a cultura dos nossos parentes índios nos ensina essa preciosidade que é fazer hoje o que é para hoje. Amanhã se faz o amanhã. Essa sim é uma ideia não capitalista de verdade, o que não acontece com certas teorias políticas velhas que teimam em não sair de moda.

Já ia me esquecendo do detetive islandês.

Frei Betto - Meu 1º de abril de 1964‏

Meu 1º de abril de 1964

Vi na TV o arcebispo de Belém (PA) dar loas à Virgem de Nazaré por livrar o Brasil do comunismo


Frei Betto
Estado de Minas: 12/03/2014



Na data do golpe militar, eu participava em Belém (PA) do Congresso Latino-americano de Estudantes. Nunca havia vivido um golpe e, muito menos, uma ditadura. Meu pai, no entanto, sofrera sob o Estado Novo de Vargas, padecera prisão, e se vira obrigado a deixar o Rio de Janeiro e retornar a Minas ao assinar o Manifesto dos Mineiros. Na capital paraense, as notícias chegavam confusas e difusas. Pelas ruas, viaturas militares. Lideranças estudantis de outros países do subcontinente, já acostumadas a quarteladas, preferiram dissolver o congresso. Foi o salve-se quem puder... Como membro da direção nacional da Ação Católica, eu estava hospedado na residência do arcebispo dom Alberto Ramos, a convite de seu bispo auxiliar, dom Milton Pereira. Este era progressista; o outro, conservador.

Na noite do 1º de abril, vi na TV o arcebispo dar loas à Virgem de Nazaré por livrar o Brasil do comunismo, e sugerir que entre seu clero havia quem sofresse influência marxista... Dom Milton aconselhou-me buscar refúgio fora dali. Fui para a casa de Lauro Cordeiro, militante da Juventude Estudantil Católica (JEC). Ali, de ouvidos colados ao rádio, tentávamos avaliar o que ocorria no Sudeste do país. Jango fora deposto e buscara exílio no Uruguai. Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados, assumira a Presidência da República sob tutela dos militares. Estes impunham novas eleições presidenciais a 11 de abril, pelo voto apenas de membros do Congresso Nacional que ainda não haviam sido cassados.

Mas... cadê a resistência de toda aquela multidão que aplaudira Jango no megacomício de 13 de março, no Rio? E a militância do Partidão, onde se enfiara? A esquerda não bradava ser capaz de mobilizar milhares de trabalhadores em caso de ameaça de golpe? Por que as tropas comandadas pelo general Olímpio Mourão Filho foram de Minas ao Rio sem se deparar com nenhum empecilho? Nossos sonhos libertários se derretiam como os saborosos sorvetes da Tip Top, a mais famosa sorveteria da capital paraense. Após nove dias esperando a poeira baixar, decidi retornar ao Rio, onde morava. Minha passagem aérea tinha sido cedida por Betinho, então chefe de gabinete do ministro da Educação, Paulo de Tarso dos Santos. Deparei-me com a agência da Varig repleta de pessoas afoitas por viajar. Ao ser atendido, fui informado de que “estão canceladas todas as passagens de cortesia emitidas pelo governo anterior”. Sem dinheiro, me senti desamparado. Na capa da passagem (outrora os bilhetes aéreos vinham encadernados) havia o carimbo de “Cancelado”. Rasguei a capa e estendi-a ao funcionário que avisava não ter mais assento vago em voos diretos para o Rio, a menos que o passageiro fizesse escala no Recife. Consegui embarcar.

Cheguei à capital pernambucana em 10 de abril, dia da posse de dom Helder Câmara como arcebispo de Olinda e Recife. Ele havia sido o responsável pela minha transferência de Minas para o Rio e cuidava da manutenção do apartamento das direções da JEC e da Juventude Universitária Católica (JUC). Talvez por captar minha aflição, dom Helder, após a missa de posse, deixou a recepção por alguns minutos para ouvir o relato do que eu presenciara em Belém. Em seguida, embarquei para o Rio, tomando assento ao lado de dom Cândido Padin, bispo auxiliar do Rio e assessor nacional da Ação Católica.

Ao aterrissar no Aeroporto Santos Dumont, o piloto avisou que todos deveriam permanecer a bordo, pois a Polícia Federal entraria para conferir a identidade de cada passageiro. Passei a dom Padin todos os documentos do congresso de estudantes, temendo que fossem considerados subversivos. Ele os escondeu dentro do hábito beneditino. Ao ingressar na aeronave, os policiais avistaram a figura episcopal: “O bispo pode desembarcar”, disseram. Todos os demais fomos identificados e revistados. Desembarquei ileso.

Na madrugada de 5 para 6 de junho de 1964, o apartamento da direção da Ação Católica foi invadido por agentes do Centro de Informações da Marinha (Cenimar). Fomos todos arrastados para o Comando Naval, no Centro do Rio, e depois encarcerados no quartel dos fuzileiros navais, na Ilha das Cobras. A ditadura me atingira na pele, pela primeira vez, para mais tarde me prender por quatro anos (1969-1973) e cassar por 10 anos meus direitos políticos.

TeVê

tv paga

Estado de Minas: 12/03/2014

Bem antes do Oscar

Antes da consagração com o Oscar em Clube de Compras Dallas, e da série True detective, Matthew McConaughey passou um bom tempo se dedicado a projetos descartáveis. Um dos mais conhecidos deles é a comédia romântica Como perder um homem em 10 dias (2003 – foto), na qual contracena com Kate Hudson. Ben Barry é um publicitário que faz uma grande aposta com seu chefe: caso faça com que uma mulher se apaixone por ele em 10 dias, ele será o responsável por uma concorrida campanha de diamantes que pertence à empresa. A vítima escolhida é Andie Anderson, jornalista feminista que está desenvolvendo matéria sobre como perder um homem em 10 dias e está decidida a infernizar a vida de qualquer homem que se aproximar dela. À 0h30, na Fox.

ROTINA DE MÉDICOS
EM HOSPITAL DE SP


Para quem tem curiosidade de acompanhar o dia a dia de um grupo de médicos, o GNT apresenta hoje, às 21h, seu novo programa, Médicos. Os episódios, gravados no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, vão mostrar uma rotina cheia de dilemas desses profissionais. Como encarar o limite da medicina? Como cada corpo responde de maneira diferente ao mesmo tratamento? Numa situação limite existe espaço para dúvidas e questionamentos? A série retrata as paixões e dificuldades de quem lida com a vida e a morte diariamente.
Serão 12 episódios produzidos pela Cine Group.

NOVA TEMPORADA DO
CIDADES E SOLUÇÕES


A construção civil é o setor da economia que mais impacta o meio ambiente. Na estreia da nova temporada, às 23h30, na GloboNews, o Cidades e soluções abre espaço para projetos inovadores que promovem modelos construtivos mais eficientes e sustentáveis. Para compensar a falta de vegetação nas grandes cidades, um telhado verde pode ser a solução.
O que já é realidade em diversas partes do mundo vem ganhando força no Brasil.

CEBOLA DOCE NO
INTERIOR DA FRANÇA


O programa de gastronomia Épicerie fine, às 18h30, no TV5Monde, destaca a cebola doce da região de Cévennes. No departamento francês do Gard, na encosta do vilarejo de Saint-André de Majencoules, cultiva-se um bulbo que dá estranhos brotos floridos. Um bulbo que se come empanado, dourado, confit: a cebola doce. Bruno Ruas a cultiva respeitando
o meio ambiente excepcional que oferece aquele lugar preservado pelo Parque Nacional de Cévennes.

BASTIDORES DE MEU
TIO, DE JACQUES TATI

Meu tio (1958), filme mais conhecido do cineasta francês Jacques Tati, ganha destaque no canal Curta!. Às 23h, será exibido documentário que revela os bastidores da produção. O personagem-título, que é um sujeito bom e desengonçado, vive em um bairro pobre e antigo de Paris, enquanto sua irmã e seu cunhado moram em uma casa moderna, onde tudo é automático. O cunhado ainda faz de tudo para afastar seu filho do tio pobre. Entre os depoimentos do documentário está o do diretor, roteirista e produtor norte-americano David Lynch.

CASAL HISTÓRICO DE
HOLLYWOOD NO HBO


A HBO exibe, às 22h, Burton e Taylor, filme com Dominic West e Helena Bonham-Carter. Em cena, a vida de um dos casais mais famosos da história do cinema: Richard Burton e Elizabeth Taylor. Na história, a atriz convida o ator, então seu ex-marido, para seu aniversário. No evento, ela propõe a ele participar de uma produção teatral. Enquanto eles se preparam para a montagem, a imprensa começa a especular sobre uma possível reconciliação.

CARAS E BOCAS » DUPLA IMBATÍVEL



Carlos Massa, o Ratinho, é o entrevistado de Roberto Cabrini na estreia do Conexão repórter em novo dia (SBT/Divulgação)
Carlos Massa, o Ratinho, é o entrevistado de Roberto Cabrini na estreia do Conexão repórter em novo dia

Para marcar a estreia da temporada 2014 do Conexão repórter, em novo dia e horário – hoje, às 23h –, nada como um convidado que dá o que falar. Roberto Cabrini foi atrás das muitas histórias que envolvem carreira e vida pessoal de Carlos Massa, mais conhecido como Ratinho, considerado um dos grandes comunicadores do Brasil. O apresentador de fala fácil, raciocínio rápido, improviso e muito bom humor mostra que seu talento vai muito além do que se vê na TV brasileira. Ratinho é também empresário arrojado e um empreendedor que não cansa de gerar empregos e diversificar seus negócios. Durante semanas, Cabrini acompanhou a rotina dele. Sobrevoos nas fazendas, visitas em plantações de café, milho e gado, além de seu complexo de rádio e televisão. A dupla fez um passeio aos locais de infância e juventude do apresentador, que relembrou histórias que marcaram sua trajetória. Massa se revela ainda um chefe de família apaixonado, sempre pronto a se dividir em filho, marido, pai e avô. Entre os melhores trechos da entrevista, Ratinho se emocionou ao afirmar: “Eu tinha muita angústia em chegar em casa, abrir a geladeira e não ter nada para comer. Isso ocorreu muitas vezes”. Ele também garante: “Programa policial eu não faço mais. Acho que, às vezes, você julga o camarada e acaba cometendo injustiça. Não quero mais isso”. E, por fim, elogiou: “Eu me inspiro muito no Sílvio Santos. Sempre vi que tudo no programa dele é simples. As brincadeiras, os quadros. E é essa simplicidade que dá certo, que o brasileiro gosta”.

VETERANOS RENOVAM E
NOVATO SE JUNTA A ELES

Depois de Elizabeth Savalla, a Globo garantiu a renovação do contrato de atores veteranos como Luiz Gustavo, atualmente em Joia rara, e Oscar Magrini, que participou recentemente das duas primeiras fases de Em família. Já entre os “novatos”, Caio Castro, que ficou na berlinda nos últimos dias, depois de ser criticado por ter dito ao programa Marília Gabriela entrevista que não gosta de teatro e leitura, ganhou status de primeiro time
no canal. Ele deve protagonizar uma das próximas novelas
das 19h, exatamente como fez no remake de Tititi,
em 2010.

PROGRAMAS ANTIGOS DO
SBT VOLTARÃO À TELINHA

O SBT/Alterosa vai reestrear, em breve, o Quem não viu vai ver, atração que reprisa os melhores momentos de programas do canal. Já estão prontinhos para entrar no ar: Ô coitado, Esquadrão da moda, Esquadrão do amor,
Cante se puder e Amigos da onça. O Quem não viu vai ver ganhará espaço
no horário nobre
da emissora.

MIGUEL FALABELLA ÀS
VOLTAS COM NOVA SÉRIE

Além de Pé na cova (Globo), cuja temporada 2014 estreia em abril, Miguel Falabella está às voltas com nova série, segundo o site Na telinha. Ele se inspira em Sex and the city, um dos maiores sucessos da TV norte-americana. Mas, claro, a do autor será uma versão bem brasileira. Com o título de Sexo e as nêga, o cenário da nova produção será a favela de Cordovil,
Cidade Alta, no Rio de Janeiro. As protagonistas serão todas negras e já estão escaladas as atrizes Karin Hils, Lilian Valeska, Corina Sabbas e Maria Bia Martins. Promete. 


ACERTO DE CONTAS

Game of thrones, que estreia a quarta temporada em abril, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, pode chegar ao fim na sétima ou oitava temporada. Foi o que os criadores da atração, David Benioff e D. B. Weiss, contaram à revista norte-americana Variety. Eles querem evitar o desgaste da produção da HBO (TV paga). E a preocupação é compartilhada com o autor dos livros da saga que inspiram a série, As crônicas de gelo e fogo, George R. R. Martin. Ocorre que livros e série seguem caminhos distintos. Daí os produtores decidiram passar uma semana em Santa Fé, na Califórnia, no ano passado, para conversar com Martin sobre o fim da trama.

A ideia é saber “para onde as coisas estão indo, porque não sabemos se as histórias convergirão e quando isso ocorrerá”, disse Benioff. “Se você sabe o fim, consegue criar a base para isso. Então, queríamos saber como tudo acaba. Queríamos poder nos preparar. Sentamos com ele e, literalmente, passamos pelos fins de todos os personagens.” Martin disse à publicação que deu a eles uma visão geral do que pretende escrever. “Mas, os detalhes ainda
ão estão prontos”.


VIVA

Com tratamento VIP no SBT – especialmente nos cenários –, o programa The noite, de Danilo Gentili, estreia em grande estilo e já se mostra boa opção para o horário.

VAIA

As constantes idas e vindas de Amélia (Bianca Bin) e Franz (Bruno Gagliasso) em Joia rara. Fica difícil acreditar tão facilmente nas armações do vilão Manfred (Carmo Dalla Vecchia). 

EDUARDO ALMEIDA REIS - Devassidão‏

Devassidão 
 
Conheci Carlos Alberto em uma noite em que Júlio e eu estávamos fazendo caminhada, um footing pela Nossa Senhora de Copacabana 
 
Estado de Minas: 12/03/2014


Nascido em 1941, o inglês Kenneth Robert Maxwell, historiador que estudou a Inconfidência Mineira, reduziu nosso Tiradentes a “herói menor” manipulado pelas “elites” da Colônia. A esquerda caviar adora falar das elites e o engajado Maxwell não foge à regra. Surpresa para mim foi o texto do badalado britânico publicado na Folha de 27 de fevereiro, que recebi por e-mail e começa assim: “No ano de 1966, eu vivia com meu namorado, Carlos Alberto, um carioca negro, na rua Rainha Elizabeth, na esquina da avenida Nossa Senhora de Copacabana, perto da praia no Posto 6”.

Era, di-lo Maxwell, sua segunda estada no Rio. Alugou o apê na Rainha Elizabeth “porque ficava perto de onde morava Júlio, por quem eu havia me apaixonado profundamente no ano anterior. Júlio era um estudante da Bahia que vivia em uma cobertura em frente ao Posto 6 com um empresário europeu muito mais velho. Conheci Carlos Alberto em uma noite em que Júlio e eu estávamos fazendo uma caminhada, ou melhor, um footing pela avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma prática comum na época.

O empresário europeu se sentia muito desconfortável na companhia de Carlos Alberto e, por isso, pouco vi Júlio dali por diante. Carlos Alberto era um jovem muito decente. Fui com ele ao Carnaval de 1967. Fomos ao ‘Baile dos Enxutos’, no Cine São José, na praça Tiradentes, no centro do Rio, ainda que entre nós usássemos o termo ‘entendidos’. A canção do Carnaval daquele ano era a marcha-rancho ‘Máscara Negra’, de Zé Keti”.

E o britânico vai por aí contando sobre seus namorados brasileiros. Numa próxima edição dos seus livros, considerando que foi ao “Baile dos Enxutos”, aliás, “Entendidos”, na Praça Tiradentes, não será de espantar que invente tórrido romance entre o alferes Joaquim José da Silva Xavier e um dos inconfidentes, talvez o poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga, de longos e belos cabelos, nascido em Miragaia, Portugal, em 11 de agosto de 1744.

Em 1793, Gonzaga casou-se com Juliana de Sousa Mascarenhas e teve os filhos Alexandre Mascarenhas Gonzaga e Ana Mascarenhas Gonzaga, mas da pena de Kenneth Robert Maxwell – da pena e de certas partes de sua anatomia – tudo é possível. Há que respeitar os enxutos e os entendidos.

Urraca

Dia desses, contei-lhes que em 8 de março de 1126 Afonso VII de Leão e Castela foi proclamado rei, com a morte de sua mãe Urraca. E perguntei: que fim levaram as Urracas?

Vejo agora que Urraca foi um nome muito comum na Península Ibérica durante a Idade Média. De origem incerta, acredita-se que tenha relação germânica e desempenhe função hipocorística (nome carinhoso) para designar Maria, mãe de Jesus.

Teimoso que sou, descobri que o alma-de-gato – Piaya cayana – também conhecido como alma-de-caboclo, alma-perdida, atibaçu, atingaçu, atingaú, atiuaçu, chincoã, crocoió, maria-caraíba, meia-pataca, oraca, pataca, pato-pataca, piá, picuá, rabilonga, rabo-de-escrivão, tinguaçu, tincoã e... urraca é uma ave cuculiforme encontrada em matas e cerrados de todos os países localizados entre o México e a Argentina, incluindo o Brasil.

No campus da Universidade de São Paulo e nos bairros “nobres” paulistanos, cujas casas têm grandes jardins, urracas abundam e não abunda a pita, grande erva rosulada da família das agaváceas. As aves têm cerca de 60cm e o seu canto se assemelha a um gemido parecido com o de um gato. Sua cauda longa é semelhante às penas utilizadas pelos escrivães, daí o nome rabo-de-escrivão. Plumagem ferrugínea nas partes superiores, peito acinzentado, ventre escuro, cauda longa, escura e com as pontas das retrizes claras, bico amarelo e íris vermelha.

Em 1126, os ibéricos ainda não conheciam as urracas americanas. Portanto, o nome da rainha de Leão e Castela deve ter origem germânica. Em matéria de aves, Pintasilgo, com um só esse, é sobrenome em Portugal, que teve a engenheira-química Maria de Lourdes Ruivo da Silva de Matos Pintasilgo (1930-2004) como primeira-ministra de julho de 1979 a janeiro de 1980.

O mundo é uma bola
12 de março de 1514: dá entrada em Roma uma embaixada de obediência ao papa Leão X enviada por dom Manuel I, o Venturoso, rei de Portugal, repleta de presentes originais: elefantes, onças, rinocerontes e outros bichos. Em 1535, a pernambucana Olinda é elevada à categoria de vila. Dois anos depois, fundação de Recife, pertinho de lá. Entra ano, sai ano, um grupo de mineiros aluga casa em Olinda para passar o carnaval. É gostar muito da folia olindense.

Em 1572, publicação de Os Lusíadas, de Luiz Vaz de Camões. Em 1894, o refrigerante Coca-Cola é vendido em garrafas pela primeira vez. Foi na cidade de Vicksburg, Mississippi ou Mississipi. Hoje, pertinho de BH e Alphaville, às margens da BR-040, a Coca-Cola está construindo imensa fábrica.

Em 1912, início da construção de Camberra, futura capital da Austrália. Em 1918 Moscou volta a ser a capital russa depois de 215 em São Petersburgo. Em 1994, a Igreja Anglicana ordena sua primeira sacerdotisa. Hoje é o Dia do Bibliotecário, profissão dificílima.

Ruminanças
“A preguiça anda tão devagar, que a pobreza facilmente a alcança” (Confúcio, 551-479 a.C.).