segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Quadrinhos


Folha de são paulo
CHICLETE COM BANANA      ANGELI

ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE
LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES

FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI

ADÃO ITURRUSGARAI
BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER

ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER

ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS

JIM DAVIS

TOLES

TOLES

Smart lixo - Yuri Gonzaga


Vai trocar de computador neste Natal? O que vai fazer com o equipamento antigo? Conheça centros de recuperação que transformam eletrônicos velhos em máquinas novas para projetos de inclusão digital
Victor Moriyama/Folhapress
Técnico faz triagem de placas de computador em recicladora de eletrônicos em Mauá, na Grande São Paulo
Técnico faz triagem de placas de computador em recicladora de eletrônicos em Mauá, na Grande São Paulo
YURI GONZAGACOLABORAÇÃO PARA A FOLHA DE SÃO PAULOA temporada de compras de fim de ano carrega consigo uma questão incômoda: o que fazer com os eletrônicos que serão substituídos?
É uma pergunta de 495 mil toneladas -esse é o peso total do lixo que o país deve gerar em 2012 pelo descarte de computadores, celulares, TVs e outros aparelhos pequenos.
Dados preliminares de um estudo encomendado pelo governo federal ao qual a Folha teve acesso mostram que esse número deve crescer em 80% até 2016 -para 892 mil toneladas.
Quem quiser reduzir um pouco esse peso pode doar aquele PC velho e ainda ajudar um projeto social. Opções para isso não faltam.
Um exemplo recente é o C3RCO (c3rco.org.br), parceria entre a Prefeitura de Osasco e a ONG Sampa.org. Iniciado no segundo semestre deste ano em Osasco, ele aproveita computadores doados e oferece formação técnica em informática a 60 jovens com idade de 16 a 21 anos e baixa renda familiar.
Além de oficinas culturais, que envolvem atividades de estudo de música, os alunos do projeto recebem uma bolsa de R$ 286 para fazer 16 horas semanais de aulas de software e de montagem e manutenção de PCs.
As máquinas recondicionadas pelo projeto -que recolhe as doações nos bairros paulistanos limítrofes e nos municípios vizinhos- são destinadas a salas de acesso gratuito da cidade.
"O que não é aproveitado é encaminhado a empresas recicladoras", diz Carlo Fabiano Leite, coordenador.
Para Edigelson Menezes Ferreira, 20, um dos alunos do C3RCO, as aulas serviram para canalizar um interesse antigo. "Eu já mexia em
computadores, mas era de qualquer jeito. Agora quero abrir a minha própria empresa de reciclagem", diz.
OXIGENADOS
O C3RCO não é o único centro de reciclagem com preocupações sociais -há pelo menos dez projetos similares em São Paulo e região.
Um dos principais centros de recuperação de computadores da capital, a ONG Oxigênio tem uma proposta semelhante à do C3RCO, mas muito mais tempo de estrada e capacidade de recondicionar máquinas. Fundada em 1988, doou a Telecentros dos governos estadual e federal os 3.000 computadores que recuperou só em setembro.
Para comparar, o Cedir (Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática) da USP, referência no Brasil, encaminha a projetos sociais e escolas públicas 200 computadores por ano. O centro, após período de reformas, volta a aceitar doações hoje.
A Abre (Associação Brasileira de Redistribuição de Excedentes) recebe qualquer tipo de eletrônico e envia os aparelhos que ainda funcionam a uma das 85 instituições sem fins lucrativos de seu cadastro. A associação também aceita equipamentos pifados -que são reciclados.

Lei aumenta demanda de empresa por reciclagem
Política Nacional de Resíduos Sólidos ajuda a dar rumo ao "e-lixo"
Metal precioso é parte ínfima do eletrônico, mas capacitação de catadores multiplica valor de remessas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHADesde a implementação da PNRS (Política Nacional dos Resíduos Sólidos), em 2010, fabricantes vêm se mostrando mais preocupados em dar um fim ecologicamente responsável aos equipamentos eletrônicos que geram, segundo profissionais da área ouvidos pela Folha.
José Cristovam, diretor da Vertas, recicladora de eletrônicos situada em Mauá (SP), diz que passou a receber um número maior de consultas e de produtos desde que a lei passou a valer.
Com ela, os fabricantes foram obrigados a dividir a responsabilidade dos resíduos que geram com os revendedores e têm até 2014 para se adaptar às novas regras.
Dell, HP, Itautec, Nokia, Motorola e Positivo dispõem de programas próprios de coleta de produtos no país.
Maria Tereza Carvalho, diretora do Cedir (Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática), da USP, diz haver uma "demanda reprimida" pela reciclagem. "Muita gente me procura para montar seu próprio centro."
Herbert Mascarenhas, da Abree (Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos), que tem como parceiras AOC, Panasonic e Philips, concorda que houve aumento na procura. "É hoje uma área bastante assediada. Tenho recebido muito mais consultas sobre a gestão do processo."
PONTOS DE COLETA
Estudo feito a pedido do governo federal mostra que, se as 150 maiores cidades do país receberem a estrutura necessária, como pontos de coleta, dois terços do "e-lixo" brasileiro terão sua reutilização viabilizada.
Mas isso não significa que é o Estado quem vai agir nesse sentido. "A responsabilidade é compartilhada por fabricantes, importadores e comerciantes", diz Zilda Veloso, gerente de resíduos perigosos do Ministério do Meio Ambiente. "Se prefeituras instalarem pontos de coleta, por exemplo, poderão cobrar desses responsáveis."
MINA DE COBRE
Mesmo que metais preciosos representem uma fração pequena (há 0,00001% de ouro no material recebido, em média, segundo a Vertas), a quantidade de cobre que é aproveitada após processos manuais e automatizados de separação torna o negócio lucrativo, mesmo para as pequenas empresas.
"Depois que começamos a desmontar eletrônicos, praticamente acordamos", diz Walison Borges da Silva, da Coopamare, cooperativa de catadores localizada no bairro de Pinheiros (São Paulo).
Silva diz que, depois de fazer um curso sobre reciclagem desse tipo de material (leia texto abaixo), ele pôde multiplicar por 13 o valor de venda dos lotes de computadores processados pela empresa.

    USP ensina a 62 cooperativas como reaproveitar eletrônicos
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHAApós seus 16 meses de duração, o projeto Eco-Eletro (bit.ly/ecoeletro), fruto de parceria entre a ONG Instituto GEA e a USP, divulgou o saldo na última semana de novembro: a formação de 182 catadores de 62 cooperativas paulistas e mineiras e a criação de 28 postos de coleta de lixo eletrônico.
    Com inscrições gratuitas e transporte e alimentação dos participantes bancados pelo projeto, as aulas foram ministradas por pessoas ligadas ao Lassu (Laboratório de Sustentabilidade), da Poli-USP.
    "Foi difícil no começo, mas conseguimos encontrar uma maneira de transmitir aos catadores esse assunto, que é complexo", diz Ana Maria Domingues Luz, coordenadora-geral do curso e presidente do Instituto GEA.
    Uma nova edição do curso depende do patrocinador, que deve decidir a renovação do contrato em abril.

      E-LIXO
      Veja pontos de coleta de eletrônicos em São Paulo; para outras localidades, visite e-lixo.org
      Abre
      R. Lavandisca, 168, Moema,
      0/xx/11/5052-0736
      Comitê para Democratização da Informática
      Av. Fco. Matarazzo, 102, Barra Funda
      0/xx/11/3666-0911
      C3RCO
      Av. Antonio Henrique Laranjeira, 101
      Osasco, 0/xx/11/3599-5153
      Coopamare
      R. Galeno de Almeida, 659, Pinheiros
      0/xx/11/99340-0267
      Crescer
      R. Joaquim de Oliveira Freitas, 325, Pirituba
      0/xx/11/3902-3822
      Oxigênio.org.br
      R. Maestro Elias Lobo, 650, Jardim Paulista
      0/xx/11/3051-3420
      Nova Esperança
      R. Japichauá, 311
      Ermelino Matarazzo
      0/xx/11/2214-2350
      Refazendo
      Rua Batuíra, 256
      São Bernardo do Campo
      0/xx/11/4109-9084
      Cedir (USP)
      Av. Prof. Almeida Prado, 1.280
      Cidade Universitária
      0/xx/11/3091-6400
      Sucata Eletrônica
      Agendamento de coletas
      0/xx/11/4108-7210
      0/xx/11/98965-9312

        ALCIONE ARAÚJO - Lembro, logo penso


        Estado de Minas 25/10/2010

        Por mais que tente, não me lembro do momento em que comecei a ler, em que entendi o código gráfico como a asa com que se voa para longe do papel. Foi um momento mágico e decisivo na minha vida, mais tarde dedicada a voltar dos longos voos, pousar sobre o papel e fazer da asa o código gráfico. O momento se repete com todos que leem, mas acho que poucos se afligem por não se lembrar. 

        Pensei nisso ao assistir ao debate entre professores sobre se o estudante, usuário de máquinas e livros, deve ou não decorar a tabuada de multiplicação. A maioria disse que não, que educar é ensinar a pensar, não a memorizar. Fiquei atônito! 

        Não sendo educador, nem responsável pela formação de jovens, ouvi os mestres com fervor, enquanto minha insana memória voava de uma época a outra, até concluir que foi usadíssima para me educar. Talvez por isso não aprendi a pensar. 

        Decorei não só a tabuada, como nomes de rios e afluentes. De país, estados e suas capitais. Regras de português, matemática, fórmulas de física e química. Decorei as espécies da fauna e da flora, estrelas e constelações. Decorei tudo de biologia e história – datas e nomes – do Brasil, América e Europa. E mais: ao ler, anotava coisas para levar comigo. Decorei textos filosóficos e científicos, músicas, nomes de santos, orações, piadas. De tanto ler, decorei poemas, cenas teatrais, enredo de romances, clássicos e modernos. Decorei escalação de times, placar de jogos e lances de xadrez. Decorei nomes de ruas, de vizinhos e de grandes mestres que tive. Se mais não lembro é porque esqueci, mas decorei. Idiomas que balbucio, decorei escrita e pronúncia. Se cavar fundo, tudo que sou é aquilo que decorei. 

        O memorizado interage com a vida; muda as percepções, é mudado por elas. O que se sabe de cor (cor, cordis, coração) se adensa e se estende dentro da pessoa. Há versos que só percebi ao refluir da memória e abrir-se para que o penetrasse no seu íntimo sabor. Não há polícia que arranque da memória a canção que está lá – voltará quando a emoção solicitar. Mais forte a memória, mais protegida a integralidade do eu. Reitero: tudo que me constitui é a memória do que sou. 

        Até o século 20, era comum o leigo saber de cor longos textos bíblicos e os cultos citarem clássicos de memória e com propriedade. A prática criou uma sinfonia – coral de ecos, identificações e reciprocidades, intelectuais e emocionais, dando origem a uma linguagem jurídico-política que, em nome do rigor das ideias, lambia o latim e o grego. Porém, a vaidade lhe incutiu tamanha pompa que ficou retórica, quando não pernóstica – prosódia aparatosa para não dizer nada! 

        Quem sabe identificar uma passagem bíblica, o verso genial, a tese do cientista, a frase do estadista? Alusões triviais à mitologia grega, ao Antigo Testamento, à história antiga ou nativa não têm eco: nascemos hoje! Romances, poemas, filmes e peças são coisas de especialistas. Nos interstícios do saber não cabe nada, cheios de anúncio de TV, bordões de humor e novela, etc. 

        Para decorar – ler, pensar, entender, repetir – a memória pede silêncio, um luxo de mosteiro e cemitério. No resto, tudo dilui a atenção. Não para 75% dos jovens, que leem com um aparelho sonoro ligado! Entendem? Pensam? Lembram? Será? 

        Educar é ensinar a pensar, não decorar. Ok, mas pensar o que, mesmo? Sem a memória, nada se retém, parte-se sempre do zero: ao mar o tesouro que permite pensar! Pura amnésia planejada. Não me lembro de quando comecei a ler porque gastei a memória decorando, por isso não penso. Porém, me lembro, logo penso!

        Eu estou aqui - Walter Sebastião‏

        Coletivo Fora das Bordas http://www.foradasbordas.com/projetos.php?projeto=1   leva exposição de fotografias para pontos de ônibus da capital mineira. Cidadãos emprestam seus rostos, dramas e alegrias para a mostra BH elegante 

        Walter Sebastião
        Estado de Minas: 10/12/2012 
        Até o dia 25, imensas fotos de pessoas enviando mensagens para parentes, amigos e para a própria cidade vão ficar expostas em totens instalados em pontos de ônibus no Centro e no Bairro Funcionários, em Belo Horizonte.

        O pai divorciado pede à filha que não se esqueça dele. Submetida a tratamento contra o câncer, a mulher tirou lenço e óculos, que escondem as marcas da doença e da quimioterapia, para mandar recado a pacientes como ela. O jovem ciclista recomenda mais educação no trânsito. A senhora que bateu no marido ao descobrir que estava sendo traída por ele pede desculpas. E o chama para voltar para casa.

        As imagens fazem parte da mostra BH elegante, trabalho do coletivo Fora das Bordas, que reúne os fotógrafos Antônio Fragoso, Flávio Valle, Júnia Mortimer e Priscila Musa. A proposta do grupo é retratar o cidadão urbano.

        O grupo montou estúdio fotográfico em vários pontos do Centro de BH, pediu às pessoas que contassem a própria história e solicitou que elas enviassem mensagem para alguém. Das 300 pessoas ouvidas, 240 autorizaram a exibição de suas fotos. Desse material, que deve se tornar livro, vieram as 15 imagens expostas nas ruas de Belo Horizonte.
         
        PERFIL O resultado da empreitada, conta Flávio Valle, de 30 anos, é multifacetado. Por isso, não se pôde manter a proposta inicial: traçar um perfil do homem urbano. “A cidade é plural, reúne pessoas muito variadas. Tem índio, madame, fumante de crack e trabalhador”, enumera o fotógrafo, citando a galeria de personagens encontrada em apenas um ponto do Centro de BH. “O que percebemos foi a importância, para as pessoas, de se verem representadas”, explica.

        Em 2011, o coletivo Fora das Bordas fez outro trabalho nas ruas de BH. Fotos de pessoas gritando ficaram expostas do Parque Municipal à Praça Sete. “Faltava dar voz às pessoas, o que estamos fazendo agora”, diz Flávio.

        O coletivo é formado por arquitetos, comunicadores sociais, designers, geógrafos e psicólogos, entre outros profissionais interessados em investigar a relação da imagem fotográfica com o ambiente urbano. Identidade, deslocamentos, fotos de rua e a educação do olhar são temas que interessam ao grupo. O próximo projeto do Fora das Bordas será uma exposição na Biblioteca Pública Luiz de Bessa, na Praça da Liberdade.


        BH ELEGANTE
        Fotografias do Coletivo Fora das Bordas. Até dia 25.
        Centro
        » Avenida Afonso Pena, nºs 367, 540, 749, 1.537 e 1.901. Rua da Bahia, 126. Avenida dos Andradas, nºs 310 e 640. Avenida Amazonas, nºs 478, 527, 655, 713 e 860. Avenida Paraná, 336. Rua São Paulo, 642. Rua Santa Catarina, 201. Rua Tupinambás, 214. Rua Carijós, 150. Rua Tamoios, 212. Rua Curitiba, 1.264. Avenida Augusto de Lima, nºs 138 e 590. Avenida Álvares Cabral, 594. Rua Guajajaras, 176. Rua Pernambuco, 286.

        Funcionários
        » Avenida João Pinheiro, 607. Rua da Bahia, 1.870. Praça da Liberdade. Avenida Brasil, 2.023. Avenida Cristóvão Colombo, 650. 


        A FONTE DE INSPIRAÇÃO
        O nome da exposição do coletivo Fora das Bordas, BH elegante, remete a um antigo hábito, muito comum em festas juninas: o correio elegante. Recados eram entregues às pessoas em bilhetinhos – até em forma de coração –, trazendo manifestações de admiração, amor e até convite para um encontro.

        Ciência- Depressivos têm mais chance de desenvolver Alzheimer - Carolina Mansur‏

        Estudo brasileiro mostra que cobaias 'tristes' não responderam a estímulos de sobrevivência, enquanto as tratadas com antidepressivo tiveram melhoras no humor e na memória 

        Carolina Mansur
        Estado de Minas: 10/12/2012 

         
        Comum entre os idosos e raro em pessoas jovens, o mal de Alzheimer é responsável pela perda de memória e atinge cerca de 1 milhão de brasileiros. Um estudo desenvolvido por um grupo de pesquisadores brasileiros e liderado pelos professores Sérgio Ferreira e Fernanda de Felice, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mostra que a doença pode estar mais próxima dos sintomas da depressão do que se imagina. Os cientistas identificaram que os oligômeros abeta, toxinas ligadas ao esquecimento de fatos recentes pelos doentes, provocam também sintomas depressivos. Com os resultados, pela primeira vez a associação entre a depressão clínica e o Alzheimer se torna clara e sinaliza que uma pessoa depressiva tem maior risco de desenvolver o mal neurológico. O estudo brasileiro acaba de ser publicado na revista especializada Molecular Psychiatry.

        Embora já houvesse o conhecimento de que o cérebro de pessoas acometidas pelo Alzheimer sofre o acúmulo dessa toxina – o oligômero abeta, que ataca as sinapses e impacta na comunicação entre os neurônios –, os pesquisadores foram atrás de novas informações. “Já sabíamos que os oligômeros causavam essa falha na memória e a grande novidade é que conseguimos comprovar pela primeira vez que, quando em concentrações mais elevadas, as toxinas levam à depressão”, explica Sérgio Ferreira, professor titular do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ e responsável pelo estudo.

        Mesmo que a relação entre o Alzheimer e a depressão fosse conhecida pela clínica médica, o estudo se propôs a responder como essas doenças se associavam de forma mais clara. “Quando o paciente começa a se queixar da perda de memória ele apresenta depressão. Mas a pesquisa mostra que entre os pacientes que sofreram com depressão ao longo da vida a chance de desenvolver o Alzheimer é maior”, diz. “A perda de memória causada por essas toxinas já era conhecida, mas com os resultados percebemos também que as pessoas que tiveram depressão ao longo da vida têm mais chance de ter o mal degenerativo”, acrescenta. Ainda de acordo com o pesquisador, mesmo se tratando de doenças diferentes – já que uma atinge a memória e a outra o humor – os oligômeros estão presentes nas duas situações. 

        O PASSO A PASSO Para chegar ao resultado, a pesquisa usou ao longo de dois anos cerca de 100 camundongos que receberam a toxina e responderam com sintomas depressivos. Os testes, segundo o professor, foram feitos em dois períodos diferentes. A primeira etapa ocorreu durante as primeiras 24 horas depois da aplicação dos oligômeros, e a segunda etapa oito dias depois da injeção da toxina. 

        O quadro depressivo foi identificado por meio de testes como o nado forçado, suspensão do camundongo pela cauda e preferência pelo açúcar. Nos dois primeiros testes, os roedores deveriam lutar pela sobrevivência, mas quase não reagiram. No outro teste, os animais com sintomas depressivos não buscaram a água açucarada, enquanto os saudáveis viram no açúcar uma forma de prazer. 

        A partir do diagnóstico iniciou-se o tratamento com o antidepressivo fluoxetina, e ainda dentro do estudo, os animais foram tratados apresentaram melhoras tanto na perda de memória quanto na própria depressão. “Esperávamos que a fluoxetina, que já é amplamente usada hoje no tratamento contra a depressão, trouxesse bons resultados com relação ao humor, mas fomos surpreendidos ao ver que o medicamento trouxe melhorias para a memória dos animais”, conta Sérgio Ferreira. `

        O grupo da UFRJ, que envolve o Instituto de Bioquímica Médica e a Faculdade de Farmácia, pretende ainda, segundo Ferreira, avaliar se o tratamento com fluoxetina ou outros antidepressivos poderia ser benéfico também em um camundongo transgênico – modelo para os testes da doença de Alzheimer. Mesmo que as novas perspectivas trazidas pelos resultados da pesquisa não se apresentem como cura, para o pesquisador eles sinalizam uma possibilidade de avanço no tratamento da doença. “Esse teste foi feito com animais, mas ainda temos que continuar as pesquisas para perceber se o mesmo tratamento pode ser feito com os humanos”, explica.

        SEQUÊNCIA DO ESTUDO Depois de o estudo ser publicado na revista científica, a expectativa dos pesquisadores é que o material corra o mundo, despertando a curiosidade de outros cientistas. O líder do estudo acredita que pesquisadores de outros países que já estudem o Alzheimer se interessem pelo achado. Ele também se diz esperançoso de que o tema desperte interesse por investimentos na continuidade do trabalho, já que um estudo como esse, para chegar aos testes em humanos, levaria mais alguns anos para ser consolidado. “O governo federal e o estadual precisam criar políticas públicas para viabilizar esse tipo de estudo clínico, que pode trazer grande benefício e agilidade ao tratamento da doença”, avalia. O entrave, no entanto, é que o país ainda não dispõe da infraestrutura necessária para seguir com as pesquisas do Alzheimer. “Não temos condições de fazer os testes em humanos porque não temos financiamento, nem estrutura”, lamenta. 


        Acetilcolina orienta aprendizado espacial

        Outra pesquisa recente sobre o Alzheimer foi publicada pelo periódico da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (PNAS, em inglês) e desenvolvida por pesquisadores do Centro de Memória da PUCRS, da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidade de Western Ontario, no Canadá. O estudo identificou a acetilcolina, um dos muitos neurotransmissores presentes no cérebro, como responsável pela orientação espacial e pela potenciação de longa duração. Ou seja, a orientação para atividades simples do dia a dia, como lembrar o caminho até a farmácia, depende fundamentalmente da acetilcolina cerebral. “Até então, sabia-se que a acetilcolina interferia na memória, mas não sabíamos sobre quais aspectos. Agora, sabemos que ela mantém o aprendizado espacial ou a capacidade de se situar em determinado espaço”, explica o coordenador do Centro de Memória e neurocientista Ivan Izquierdo.

        Ainda de acordo com ele, a pesquisa dá à indústria farmacêutica um novo elemento para a fabricação de medicamentos que resolvam esse problema de forma específica. Segundo Izquierdo, considerado um dos maiores especialistas em memória do país, para chegar ao resultado foram usados camundongos, que fizeram testes em um labirinto aquático. Em um dos testes, os animais foram colocadas junto a objetos que já haviam visto e outros, novos. Os ratos que não armazenaram a acetilcolina tiveram dificuldade em reconhecer as imagens já visualizadas. “Nos animais em que o sistema de acetilcolina não funciona, a memória de longa duração não se desenvolve, eles acabam ficando hiperativos e não formam boa memória, criando transtornos”, explica. 

        O que são oligômeros?
        São pequenos agregados formados por partículas de proteínas, que ficam no cérebro mas são solúveis e podem envolver o tecido do cérebro e causam a perda de memória, e também sintomas depressivos. 

        A doença

        O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que pode acometer homens e mulheres, geralmente a partir dos 65 anos. Pessoas depressivas ou diabéticas, principalmente do  tipo 2, têm mais chance de desenvolver o Alzheimer. Além da depressão, o principal sintoma é a perda de memória e a incapacidade de formar recordações recentes. “Entre os sintomas, a pessoa se esquece que tomou remédio ou comeu e também não se recorda de rostos de pessoas com quem acabou de se encontrar ou onde guardou determinado objeto”, explica o professor Sérgio Ferreira, da UFRJ.

        Pouco é muito melhor que nada - Bruna Senseve‏

        Estudo indica que 75 minutos de atividade física por semana já são suficientes para aumentar em dois anos a expectativa de vida 

        Bruna Senseve
        Estado de Minas: 10/12/2012 
        A atividade física faz tão bem ao corpo que até em doses pequenas é capaz de gerar benefícios consideráveis à saúde. É o que mostra um estudo recentemente realizado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, segundo o qual 75 minutos semanais de exercícios moderados acrescentam, de maneira geral, dois anos na expectativa de vida da pessoa, mesmo que ela seja obesa, fume ou tenha problemas cardíacos. Além disso, o pequeno esforço pode ser feito em um só dia. Ou seja, uma caminhada de uma hora e 15 minutos em ritmo rápido no sábado já traz ganhos interessantes. 

        “Não devemos subestimar a importância da atividade física para a saúde. Mesmo em quantidades muito modestas, ela pode adicionar anos à nossa vida”, afirma I-Min Lee, professora da Escola de Medicina de Harvard e principal autora do levantamento, publicado na revista PLoS Medicine. Setenta e cinco minutos de atividade moderada (aquela em que é possível falar, mas não cantar, enquanto é realizada) por semana representam apenas metade da dedicação recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Se a pessoa dividi-los em cinco dias, malhará por apenas 15 minutos de cada vez, intervalo usualmente visto como um simples aquecimento. 

        Evidentemente, os resultados da pesquisa não indicam que uma caminhada semanal é suficiente para deixar alguém em ótima forma. Contudo, algum movimento é, sim, muito melhor que nada e pode levar a uma mudança gradual de hábito, com a incorporação de atividades físicas no cotidiano. Nesse sentido, a dica de Pedro Hallal, presidente da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde e membro da Academia Brasileira de Ciências, é que o tempo dedicado a suar o corpo não seja concentrado em um só dia. “Sabemos que se uma pessoa começa a fazer 75 minutos de atividade uma vez só na semana, ela tem um abandono mais rápido. Quando incorpora a atividade em três dias, que seja por apenas 25 minutos, tem tendência a praticá-la por mais tempo”, afirma. 

        Intervalo Hallal explica que o exercício físico não promove um benefício imediato, mas, a partir de adaptações fisiólogicas que aos poucos acontecem no organismo, pode gerar um novo ciclo metabólico. Daí a extrema importância do período de repouso, quando ocorrem essas transformações, que vão desde a mudança do perfil de composição corporal à redução de massa gorda e ao aumento da massa magra, passando pela queda nos níveis de pressão arterial e de glicose no sangue.

        Segundo ele, o intervalo precisa ser um pouco menor que seis dias, período longo o suficiente para que tudo volte ao estágio inicial. Seria como encher um colchão de ar. Se entre a primeira e a segunda bombada há um intervalo muito grande, o colchão acaba esvaziando. “Ainda assim, é preciso considerar que os chamados atletas de fim de semana costumam ser mais saudáveis do que aqueles que não fazem qualquer exercício físico”, ressalta Hallal. Nesses casos, porém, vale o alerta de que as atividades esporádicas não podem ser muito intensas, para que o coração e outros órgãos do corpo não sejam sobrecarregados.

        Na opinião de Hallal, a maior vantagem do estudo norte-americano é servir de estímulo para que as pessoas com pouco tempo ou sem motivação para fazer a quantidade recomendada de exercícios iniciem alguma atividade. Esse é o caso do servidor público Gabriel Marçal Ferreira, de 32 anos. Atualmente, ele consegue se dedicar apenas a algumas caminhadas esporádicas perto de onde mora. Sua rotina, que antes era completamente inativa, precisou mudar depois que ele passou a sofrer de uma hérnia de disco que quase o levou para uma mesa de cirurgia. “Foram três meses para poder voltar a trabalhar desde essa crise, sendo 48 horas sem conseguir levantar da cama, com muita dor”, lembra.

        Além de evitar que a dor na coluna volte, as caminhadas que Gabriel passou a fazer recentemente podem garantir a ele alguns anos a mais de vida, segundo o estudo americano. Ainda mais agora que o servidor abandonou o hábito de fumar. Com sobrepeso, ele diz que o pouco exercício não levou à perda de peso, mas trouxe outros ganhos: “Sei que o ideal de atividade passa muito longe do que eu faço atualmente, mas o exercício é um antidepressivo natural, fico mais disposto e durmo melhor”. 

        Compensação De acordo com Dartagnan Pinto Guedes, professor do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parar de fumar e iniciar atividades físicas pode dar anos a mais de vida às pessoas. Segundo o especialista, quando um ex-fumante inicia uma atividade física, ele começa a minimizar o impacto dos anos de agressão ao organismo e, elevando a intensidade dos exercícios, pode até mesmo alcançar a expectativa de vida de uma pessoa que nunca fumou. “Chega um momento que o sujeito saudável que nunca fumou atinge uma expectativa de vida limite e não tem mais como ganhar anos de vida. No entanto, o ex-fumante ainda precisa compensar todos os anos perdidos, assim como as pessoas com obesidade”, detalha Guedes.

        No seu estudo, I-Min Lee examinou também o impacto dos exercícios em obesos e fumantes, concluindo que a atividade ajuda a reduzir alguns impactos dessas duas condições. As pessoas que eram obesas e inativas, por exemplo, tinham a expectativa de vida reduzida entre cinco e sete anos. Com o mínimo de atividade física, até mesmo pessoas com obesidade mórbida (IMC maior que 35) conseguiam diminuir substancialmente o risco de uma morte prematura.



        Estudos populacionais


        Para chegar aos resultados, I-Min Lee examinou dados de mais de 650 mil adultos, a maioria com 40 anos ou mais, que participaram de seis estudos de base populacional projetados para avaliar vários aspectos do risco de câncer, sendo um na Suécia e os outros cinco nos Estados Unidos. Após levar em conta diversos fatores que poderiam afetar os cálculos de expectativa de vida, ela e sua equipe puderam desenhar uma curva em que o aumento da atividade se mostra diretamente proporcional ao aumento de anos de vida. A atividade física nos níveis recomendados (150 minutos semanais) acrescenta 3,4 anos à expectativa de vida. Se o tempo de dedicação for de 300 minutos a cada sete dias, o ganho chega a 4,2 anos.

        Campus Party 2013 terá rede social para seus participantes


        Campuse.ro servirá como vitrine para projetos e ofertas de empregos e serviços
        YURI GONZAGACOLABORAÇÃO PARA A FOLHA de São Paulo
        A edição 2013 da Campus Party brasileira terá sua própria rede social. Exclusiva para os participantes do evento, a Campuse.ro funcionará como um canal para contatos profissionais.
        "Há um bom tempo, percebemos que os campuseiros [participantes] criam coisas juntos, mas que isso poderia ser muito maior, já que nem todos podem se encontrar durante o evento -no site, sim", diz Paco Ragageles, fundador da Campus Party, que será realizada em São Paulo de 28 de janeiro a 3 de fevereiro.
        A rede, que está em fase de testes, não tem o intuito de ser abrangente como o Facebook, segundo o executivo.
        "Grande parte das pessoas que aderem ao evento é de programadores, designers, blogueiros. Queremos que seja uma plataforma de cultura geek e que una esses profissionais às pequenas e médias empresas que os procuram", conta o espanhol.
        Além da seção que funcionará como vitrine para projetos, ofertas de emprego e de serviços e empresas iniciantes, a rede disponibilizará em vídeo as palestras que acontecem durante as edições globais do evento.
        Entre os nomes já confirmados pelos organizadores, estão Buzz Aldrin, astronauta aposentado e segundo homem a pisar na Lua, e Don Tapscott, consultor financeiro conhecido pela teoria de inovação coletiva descrita no livro "Wikinomics", de 2006.
        O evento terá 20 áreas temáticas, com foco no empreendedorismo, em vez das 14 que teve a edição passada. Ingressos estão sendo vendidos por R$ 300 (campus-party.com.br).

        FRASE
        "Grande parte das pessoas do evento é de programadores, designers, blogueiros. Queremos que [a rede social] seja uma plataforma de cultura geek e que una esses profissionais às pequenas e médias empresas que os procuram"
        PACO RAGAGELES
        fundador da Campus Party

        Clarice Lispector ganha vários eventos para comemorar seu aniversário.- Ana Clara Brant‏

        Dia C 

        Clarice Lispector ganha vários eventos para comemorar seu aniversário. Debates, leituras e site lembram o legado da autora
         

        Ana Clara Brant
        Estado de Minas: 10/12/2012 
        Se fosse viva, a escritora Clarice Lispector completaria 92 anos hoje. Para comemorar a data, o evento Hora de Clarice será promovido em várias cidades do país. Belo Horizonte não vai ficar de fora da festa para a autora de Perto do coração selvagem e A maçã no escuro, entre outros clássicos.

        Hoje à noite, na FNAC do BH Shopping, Wander Melo Miranda, professor de teoria da literatura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), vai analisar obras-primas de Clarice: os romances Água viva e A paixão segundo G. H., além do conto “Amor”. De acordo com o especialista, em todos eles aparece, de modo claro e enfático, a relação da escrita como desconstrução do sujeito e sua busca de “despersonalização” (termo usado pela autora) como forma de atingir o “neutro” – ou seja, a matéria viva da vida.

        “A obra de Clarice Lispector está entre as mais importantes criações literárias do século 20. Nela se encenam questões fundamentais d o ser humano. A característica principal da autora talvez seja a entrega à palavra como modo de dar forma ao informe, ao que a palavra não consegue expressar e, no entanto, só pode, paradoxalmente, ser expresso por meio dela”, defende Wander Miranda.

        De acordo com o professor da UFMG, Clarice Lispector é a escritora mais estudada atualmente no Brasil. Seu trabalho tem repercussão similar ao do de Machado de Assis, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa e Carlos Drummond de Andrade. “Internacionalmente, ela é a mais pesquisada. O principal legado que deixou é o amor à literatura e à vida por meio de uma obra singular, única na literatura ocidental”, destaca Miranda.

        A partir das 19h, a Livraria Mineiriana promove bate-papo com Marcelo Kraiser, professor da Escola de Belas-Artes da UFMG e doutor em literatura comparada. Ele lançou o DVD Para teus olhos, que reúne 20 videopoemas livremente baseados na obra da escritora.

        SITE O Instituto Moreira Salles (IMS) e a Editora Rocco também homenagearão Clarice. Boa parte da programação se concentrará no Rio de Janeiro, com shows, saraus, palestras e bate-papos. Concerto dirigido pelo poeta Eucanaã Ferraz reunirá o ator João Miguel e a cantora Jussara Silveira, entre outros.

        A partir de hoje, um site especial (www.claricelispectorims.com.br) vai abrigar e-books, fotos e a comparação de traduções em diferentes línguas de trechos escritos por Clarice, além de aulas do ensaísta Zé Miguel Wisnik, professor de literatura brasileira e compositor. Na página poderá ser encontrada listagem bibliográfica com todos os livros sobre a autora. Cada obra ganhou comentários de especialistas convidados.

        Bing critica rival por anúncios em busca


        folha de são paulo
        Site da Microsoft ataca o Google por decisão de transformar pesquisas de compras em divulgação para links pagos
        Apesar dos ataques, o buscador da Microsoft também mostra links pagos nos resultados das pesquisas
        LUCIANA COELHODE WASHINGTON
        A Microsoft lançou mais um round do duelo entre seu buscador Bing e o Google, acusando o rival de apresentar ao usuário, em buscas de produtos para comprar, links de empresas que paguem para serem anunciadas -e só.
        Apesar da crítica a uma suposta subversão de princípios do Google, que começou pregando contra links pagos porque eles prejudicam o resultado das buscas, a prática do Bing é semelhante à do rival.
        O mote da campanha é a decisão do Google, anunciada em maio, de transformar buscas de compras em oportunidades para anunciantes no Google Shopping, supostamente apresentado segundo critérios de relevância, na definição do site.
        O pagamento pelas empresas listadas passou a contar para a exibição de resultados, mas não é o único critério, afirma o Google em um pequeno aviso ao pé da página: "O Google é compensado por estes comerciantes. O pagamento é um dos muitos fatores usados para ordenar resultados da pesquisa".
        O leilão de espaço seria assim um impulso nas chances de aparecer, mas não uma garantia em si -a empresa afirma que seu algoritmo de busca tem 200 componentes.
        O sistema, que também compara preços, terminou de ser implantado nos EUA em outubro e, em fevereiro de 2013, deve entrar no ar no Brasil, no Japão, na Austrália e em países europeus.
        ANÚNCIO NO "NYT"
        O Bing, porém, acusa o rival de listar quem paga mais.
        A ofensiva, lançada há dez dias, incluiu anúncio de página inteira no "New York Times" na última semana e a criação do site Scroogled.com, no qual há declarações passadas dos fundadores do Google criticando a comercialização de espaço e vídeos apontando o mecanismo.
        O nome "Scroogled", escrito nas letras coloridas que são a marca do adversário, é um misto do verbo "screw" (ferrar) com "Google" e uma alusão ao personagem natalino Scrooge, um avarento que prefere dinheiro a pessoas.
        Em pesquisas feitas pela reportagem, os resultados no Google apareceram identificados como links patrocinados, mas foi preciso clicar no ícone de informação para ler que "algumas das empresas listadas na seção de compras podem compensar o Google".
        Procurada pela Folha para explicar a listagem, a empresa se limitou a enviar um comunicado dizendo que o Google Shopping é "grande fonte para os consumidores acharem o que precisam".
        O caso do Bing, entretanto, não é muito diferente. O site da Microsoft também oferece anúncios na ferramenta de compras e tampouco distingue links pagos.
        Quando o quadro de compras apresentado nos resultados é aberto, o serviço de busca da Microsoft enfatiza que "pagamento não é um fator para ordenar os resultados" -o que analistas do setor questionam.
        Em testes, os resultados de produtos nos dois sites foram majoritariamente diferentes. Os produtos listados antes pelo Bing eram mais baratos, mas os resultados do Google, mais precisos. O Google detém 66,9% do mercado de buscas; o Bing, apenas 16%.

          FRASES
          "O Google pregava contra 'ser mau', mas isso mudou em 31 de maio de 2012. Todos os resultados para compras são hoje anúncios"
          MICROSOFT
          no blog Scroogled.com
          "Acreditamos que ter uma relação comercial com os fornecedores os incentivará a manter atualizados os dados sobre seus produtos"
          GOOGLE
          no blog do comércio da empresa

          Google muda sistema de pesquisas no Brasil
          COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
          O Google lançou na última terça o Painel do Conhecimento, versão brasileira da barra Knowledge Graph, inicialmente introduzida para usuários anglófonos em maio e que exibe informações sobre termos frequentemente consultados no buscador.
          A busca por "Garrincha", por exemplo, mostra o nome do jogador, as datas de nascimento e de morte, os cônjuges e as personalidades relacionadas, além de imagens e de uma biografia resumida.
          O Google está introduzindo o painel gradualmente. Segundo a empresa, a funcionalidade estará disponível para todos os usuários brasileiros até a semana que vem.
          O lançamento ocorreu paralelamente ao das versões alemã, espanhola, francesa, italiana, japonesa e russa. Os dados são oriundos de sites como Wikipédia, CIA World Factbook, o da Comissão Europeia e o do Banco Mundial.
          "A ideia é mostrar uma coisa concreta. Se o usuário faz referência a uma entidade do mundo, devemos identificá-la e passar informações sobre ela, que vão além dos resultados orgânicos", disse à Folha Berthier Ribeiro-Neto, diretor do centro de pesquisa da companhia em Belo Horizonte, por telefone.
          Há cerca de 500 milhões de referências no novo sistema -entre lugares, organizações, pessoas e obras de arte.