sexta-feira, 2 de maio de 2014

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 02/05/2014



 (CTV International/Divulgação)

A estupidez da guerra


A noite de sexta-feira costuma oferecer boas opções aos cinéfilos. Além da estreia de Veículo 19, no Telecine Premium, o maior destaque de hoje é Lebanon (foto), de Samuel Maoz, na Cultura, que acompanha quatro soldados israelenses enviados em um tanque para uma perigosa missão durante a Guerra do Líbano, em 1982. Os dois filmes vão ao ar às 22h. Mais cedo, às 21h30, o canal Arte 1 exibe o clássico As grandes manobras, do francês René Clair.

Muita ação e comédia
no pacotão de cinema


Hoje é dia também da sessão dupla do Telecine Action, com os filmes Os mercenários (20h10) e Os mercenários 2 (22h). O FX faz algo parecido, com Os reis da rua (20h35) e Os reis da rua 2 (22h30). No Universal Channel, dose dupla de terror com Demônio (18h30) e Filha do mal (21h). Na faixa das 22h, são cinco as opções: Cleópatra, no Canal Brasil; Prontos para detonar, no Max Prime; Os candidatos, às 22h, na HBO 2; Quase irmãos, no Sony Spin; e O voo, no Telecine Pipoca. Outras atrações da programação: Amigas com dinheiro, às 21h, no Comedy Central; Secretaria, às 21h40, no Glitz; e Intocáveis, às 22h30, no Megapix.

SescTV lembra os cinco
anos da morte de Boal


Inédito no SescTV, o documentário Augusto Boal e o Teatro do Oprimido, de Zelito Viana, estreia hoje, às 23h. O filme narra a trajetória do dramaturgo, diretor de teatro e ensaísta brasileiro, e o conceito da técnica que ele desenvolveu na década de 1960 e que foi praticada em mais de 70 países, tendo como base a ética e a solidariedade, com o propósito de lutar contra a opressão, visando a liberdade e a transformação do espectador. Boal morreu em 2 de maio de 2009, aos 78 anos.

Documentário mostra
o drama dos carvoeiros


Outro documentário brasileiro que merece a atenção do assinante é Os carvoeiros, dirigido por Nigel Noble e que fala sobre as famílias que ganham a vida produzindo carvão vegetal para as multinacionais e o impacto que essa atividade tem em suas vidas. O filme foi programado para as 22h05, no canal Curta!. Mais cedo, às 14h35, no Sala de notícia, do canal Futura, a atração é Recife que pulsa, de Marina Barbosa Mahmood, da Universidade Federal de Pernambuco.

Cabanas viram refúgio
de paz no meio do mato


No NatGeo, às 20h, estreia a série Obras selvagens. A dupla Paul “Paulie” DiMeo e Pat “Tuffy” Bakaitis conhece a cada semana um cliente novo que tem alguma propriedade no meio do mato e o objetivo de construir um verdadeiro refúgio do dia a dia agitado da cidade grande. Para manter os custos baixos, os proprietários devem fornecer alguns materiais, além de reunir a força de amigos e familiares e concordar em construir a cabana em uma semana.

CARAS & BOCAS » À la Melanie Griffith
Simone Castro

Gláucia (Renata Sorrah) e família: Sílvio (Luiz Henrique Nogueira), Marisa (Titina Medeiros), Danilo (Miguel Roncato) e Danusa (Valentina Bandeira) (Estevam Avellar/Globo)
Gláucia (Renata Sorrah) e família: Sílvio (Luiz Henrique Nogueira), Marisa (Titina Medeiros), Danilo (Miguel Roncato) e Danusa (Valentina Bandeira)

Renata Sorrah, que terá um dos papéis principais de Geração Brasil, substituta de Além do horizonte na Globo a partir de segunda-feira, falou sobre sua nova personagem, Gláucia Beatriz Pacheco Marra. “Ela é maravilhosa. Está sendo muito gostoso fazer. É uma personagem ressentida com a vida, ela é invejosa. Ganha uma mesadinha do filho, que mora fora há 20 anos, e ela odeia e vive reclamando. Mas ela tem humor, é uma periguete de meia-idade”, contou no lançamento da novela, esta semana, no Rio de Janeiro. Renata entregou que se inspirou na atriz Melanie Griffith, mulher do astro Antonio Banderas, para compor o visual da personagem. “A Gláucia usa roupa a vácuo e tem grandes chances de emplacar”, disse a respeito do figurino extravagante da perua, que adora roupas apertadas e decotadas, tudo sensual demais. Na trama, Gláucia viverá uma relação nada amistosa com o filho milionário Jonas Marra (Murilo Benício). Seu núcleo, baseado no Taquara, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, é a parte pobre da família Marra, em contraposição ao de Jonas, que é puro luxo e glamour, nos Estados Unidos. Com Gláucia vive outro filho, Sílvio (Luiz Henrique Nogueira), o preferido da mãe. Ele é casado com Marisa (Titina Medeiros), com quem a matriarca vive às turras. O casal tem dois filhos: Danilo (Miguel Roncato), um sedutor barato, e Danusa (Valentina Bandeira), uma garota estudiosa, que desconfia do próprio parentesco com os familiares tamanha a loucura da avó e dos pais.

SBT VAI MONTAR NOVOS
ESTÚDIOS PARA NOVELA


O complexo do SBT de Anhanguera, em São Paulo, vai ganhar dois novos estúdios. A emissora de Sílvio Santos quer ampliar o espaço para investir em mais um horário de novelas, com lançamento previsto para o ano que vem. Assim, o canal terá nova trama adulta, que se juntará às produções dirigidas ao público infantojuvenil, como Chiquititas, e às novelas mexicanas e colombianas das tardes.

TECNOLOGIA NA PAUTA
DO GLOBO CIDADANIA


Neste sábado, bem cedinho, o Globo cidadania vai explicar por que a tecnologia é tão atrativa aos jovens. No Brasil, pesquisas revelam que para 72% dos adolescentes estar conectado à internet é mais importante que sair com os amigos ou ouvir música. O Globo ciência ouve especialistas para detalhar como os estímulos digitais agem no cérebro. Já o Globo universidade lembra que a divulgação científica não consiste apenas em tratados grandes, complicados e robustos: blogs, TVs e rádios podem traduzir as pesquisas em uma linguagem simples e didática. A atração visita ainda a Universidade Federal de Minas Gerais para mostrar o que é feito dentro das instituições acadêmicas que pode ser útil a toda a sociedade.

ATRIZES DE MALHAÇÃO
RENOVAM COM A GLOBO


A atriz Fernanda Souza, a Bernadete de Malhação, renovou contrato com a Globo por mais quatro anos. Assim, é exclusiva da emissora até 2018. Outra atriz da novelinha que também teve contrato renovado é Hanna Romanazzi, que interpreta a interesseira Sofia. Ela já estaria cotada para o elenco da próxima novela de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes.

PRAZER NO CINEMA

Simone Zuccolotto receberá amanhã o ator Reynaldo Gianecchini no Cinejornal, às 21h, no Canal Brasil (TV paga). Na novela Em família como o Cadu e no teatro na peça Toca do coelho, ele também esteve recentemente nos cinemas com SOS mulheres ao mar, em que contracenou com Giovanna Antonelli, com quem também divide a cena na novela. “Trabalhar com ela é sempre incrível”, elogia. Gianecchini fala sobre a diretora do filme Cris D’Amato e sobre outros trabalhos no cinema. O personagem favorito? “Adorei fazer Primo Basílio, dirigido pelo Daniel Filho. Talvez seja o trabalho que mais me orgulhe no cinema.” Mas o ator avisa: “Estou esperando ainda o meu trabalho de mergulho vertical. Quero fazer o filme da minha vida”.

VIVA
Mais você (Globo) de ontem, com a música dos irmãos sertanejos de Uberlândia, Marco & Mário, com o lindo tema Quem é ela?, de Virgílio (Humberto Martins), na trama de Em família.

VAIA
Sessão da tarde (Globo) e seus filmes para lá de batidos. Já que mudou de horário e tal, poderia ao menos atualizar a oferta para ver se o telespectador se empolga. Ninguém aguenta mais tanto repeteco. 

CARLOS HERCULANO LOPES » Em Poços de Caldas‏

CARLOS HERCULANO LOPES » Em Poços de Caldas
Estado de Minas: 02/05/2014


Numa tarde dessas, em Poços de Caldas, em algum lugar da Praça Pedro Sanches, próximo ao Palace Hotel, um carroceiro dava comida a seu cavalo, com a charrete desatrelada, enquanto aguardava uma nova leva de turistas. Com um aspecto cansado, como alguém sem esperanças na vida, o animal mastigava seu bocado de ração. Um pouco à frente, sentados em um banquinho, dois amigos de cabelos brancos jogavam damas, como se nada mais lhes importasse. Talvez fossem aposentados. Um deles, que era alto e quase obeso, ostentava um vasto e bem cuidado bigode.

De frente para eles, o homem, que estava de passagem pela cidade, à qual há tempos não voltava, também deixava o tempo correr, como aqueles dois, que se divertiam com o jogo. E observava as coisas que, uma após a outra, iam ocorrendo à sua volta.

Foi assim que uma mulher, usando calça jeans e uma blusa colorida, cruzou a rua em frente ao Palace empurrando um carrinho de bebê. Dentro dele, o homem notou que estava uma menina e esta sorria, dona de toda a inocência do mundo. Numa árvore bem frondosa, das tantas que existem por ali, um sabiá-laranjeira se despedia da tarde.

“Está começando a fazer frio”, pensou o homem, que estava em Poços de Caldas a trabalho. Antes de chegar ali, na tentativa de conseguir fechar alguns negócios para a empresa em que trabalha, havia passado por Luminárias, uma cidade linda, que ele ainda não conhecia. O nome do lugar, como lhe disseram, tivera origem numas supostas luzes que, em tempos passados, surgiam misteriosamente nas serras que a circulam. Alguns afirmam que ainda hoje, em noites de muita escuridão, elas costumam aparecer.

Há mais de uma semana na estrada, tinha ido também, não necessariamente nessa ordem, a Oliveira, Perdões, Três Corações, Lavras, Machado, Alfenas e Varginha. Ali, um vendedor ambulante, que não devia ter nem 15 anos, a qualquer custo quis lhe passar um suvenir com a imagem do ET. Este sorria, com os olhos esbugalhados.

“Ele apareceu mesmo aqui na cidade, duas mulheres conhecidas da minha mãe e um sargento lá do quartel viram”, afirmou com convicção o garoto. Só faltou dizer que também tinha estado com o extraterrestre. Olhando para aquele adolescente, lutando com gana para ganhar seu dinheiro, o homem se lembrou de que também ele, para ajudar no sustento da família, tinha começado a trabalhar muito novo.

Mas aos poucos todos esses pensamentos, igual àquele vento frio, que não parava de soprar na Praça Pedro Sanches, no coração de Poços de Caldas, também foram se dispersando, à medida que ele – como tivesse se esquecido de alguma coisa – voltava os olhos para onde, até poucos minutos antes, o cavalo comia ração. Outro animal e carroceiro tinham ocupado o lugar. No banquinho em frente, no qual os amigos jogavam damas, estava um casal de namorados que se beijava com os olhos fechados. A orquestra de violeiros Paisagens do Sertão se preparava para um show no coreto.

 Foi então que aquele homem, que no próximo mês completa 60 anos – mas ainda nem pode pensar em se aposentar – pegou o celular e ligou para sua mulher, que pareceu não acreditar, pois aquilo quase nunca acontecia. “Está tudo bem, meu amor, amanhã cedo volto para a casa. Estou com muitas saudades de você”, disse. Em seguida, se levantou e, bem devagar, foi para o hotel. A noite, sem que percebesse, havia caído sobre a cidade. 

Barulho urbano e o direito ao sossego - Frederico Oliveira Freitas

Barulho urbano e o direito ao sossego
Frederico Oliveira Freitas
Advogado
Estado de Minas: 02/05/2014


A poluição sonora, infelizmente, atinge cada vez mais os grandes centros urbanos. Após concluir a jornada de trabalho, o cidadão retorna para o seu lar em busca de paz e tranquilidade, mas, frequentemente, esse intuito é frustrado por causa dos sons emitidos por bares, restaurantes, igrejas, academias, vizinhos desprovidos de bom senso etc.

Viver em comunidade pressupõe o respeito para com o outro. Emitir ruídos exageradamente ataca a dignidade da pessoa. O sossego é fundamental na vida de qualquer indivíduo e a sua ausência provoca sérios males para a saúde humana. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) destacou no julgamento do Recurso Especial n. 1051306/MG que “o direito ao silêncio é uma das manifestações jurídicas mais atuais da pós-modernidade e da vida em sociedade, inclusive nos grandes centros urbanos”.

O Código Civil regulamenta as relações privadas com normas que privilegiam a boa-fé e o interesse da comunidade. Atitudes causadoras de quaisquer prejuízos precisam ser repelidas pelo poder estatal, seja por meio de multas, seja por cassação de alvarás, interdições e indenizações. O Estado precisa promover campanhas educativas para conscientizar a população da importância de respeitar o direito ao silêncio, bem como fiscalizar a sua observância e punir os infratores. Preservar o sossego significa proteger a integridade física e psíquica do cidadão e via de consequência a sua a vida. Grande parte da população belo-horizontina tem reclamado do excesso de barulho. O objetivo do presente texto é abordar sinteticamente as questões jurídicas que permeiam o tema.

Cabe desmitificar o pensamento de muitos que acreditam que o barulho só pode ser combatido pelo poder público após as 22h, o que é um engano. O individuo não pode extrapolar na emissão de sons independentemente do horário. O bom senso deve prevalecer 24 horas por dia. O ordenamento jurídico tem meios de coibir e punir os excessos. De acordo com o artigo 187 do Código Civil, “o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”, comete ato ilícito. Como consequência, poderá ser condenado a pagar indenizações pelos danos ocasionados.

Também é possível o ajuizamento de ações cíveis objetivando a imposição de obrigações de fazer, como por exemplo, obrigar uma academia a manter isolamento acústico, ou obrigações de não fazer para que sons em demasia sejam evitados, sob pena de imposição de multa. Caracterizado o barulho excessivo, é possível requerer, na esfera cível, a sua cessação, indenizações pelos danos sofridos e tutelas judiciais para obter obrigações de fazer ou de não fazer. Cabe mencionar que alguns municípios tëm serviços de fiscalização de estabelecimentos que excedem no barulho e que o excesso de barulho pode também gerar consequências na esfera penal.

Por fim, é preciso destacar que não podemos ser extremistas e achar que qualquer som e em qualquer situação vai gerar todas as consequências jurídicas narradas acima. Precisamos lembrar que vivemos em comunidade e algumas condutas esporádicas que não sejam de má-fé podem ser toleradas, desde que razoáveis. O que precisa ser evitado é o excesso, a extrapolação do bom senso, condutas reiteradas e/ou exageradas que lesam o direito ao sossego. A conclusão a que se chega é inevitavelmente que a educação é a base para vivermos em harmonia respeitando o direito do outro, e o conhecimento faz-se necessário para exigirmos que os nossos direitos sejam respeitados. 

Eduardo Almeida Reis - Jornalísticas‏

Hoje a tentação é muito grande, mesmo para os que, infelizmente, não estão nadando em dinheiro



Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 02/05/2014



 “Presidente Dilma visita a Minas”. Na véspera, foi o governador Alberto Pinto Coelho que concedeu nos estúdios da mesma emissora, em BH, uma “coletiva exclusiva”: está ficando difícil ouvir o noticiário radiofônico. Se acordo mais tarde e chego à mesa do café pouco antes das 7 horas, tento ouvir as últimas notícias, mas não tenho dado sorte.

Gosto do Alberto, perdão, de sua excelência o governador Alberto Pinto Coelho, que conheci pessoalmente num almoço em casa do saudoso José Aparecido. Meses depois, o então deputado estadual me deu carona em seu carro particular entre o Aeroporto da Pampulha e minha casa no Bairro de São Bento. Dirigindo, contou-me diversas passagens de sua vida, não a pública, mas a pessoal, gesto simpático que guardo como segredo de confessionário, do tempo em que os segredos confessionais eram supostos de ser segredosos.

Pelo crepúsculo matinal, confesso que tinha todo o interesse de ouvir os planos do novo governador, mas empaquei na “coletiva exclusiva”. Recorro ao Houaiss para que não digam que sou implicante: Entrevista coletiva, entrevista agendada e concedida a um grupo de jornalistas de diferentes órgãos de comunicação; conferência de imprensa. Entrevista exclusiva, entrevista outorgada a uma única empresa jornalística.

A partir daí fica meio difícil ouvir o resto da entrevista, como também fica impossível ouvir o noticiário depois de saber que a “presidente Dilma visita a Minas”. Quer dizer: o verbo visitar deixou de ser transitivo direto (e pronominal), os donos da rádio escutam e fingem que não ouvem.

Nem se diga que o padrão dos textos impressos seja melhor. Entourage sempre foi substantivo masculino com um só erre e nos chegou do francês significando “grupo de indivíduos que forma a roda habitual de alguém”, “conjunto de circunstâncias, condições ou objetos pelos quais alguém se vê rodeado”, “grupo que, por interesse ou adulação, rodeia alguém de posição social ou política proeminente”.

Presumo que o governador Pinto Coelho tenha ido aos estúdios da rádio acompanhado pelo seu entourage. Pois muito bem, só ontem, lendo jornais e duas revistas, encontrei um monte de “a entourrage” e “a sua entourrage”. Castraram o entourage e acrescentaram um erre, para compatibilizar com a pronúncia. Logo, logo, teremos “a anturrage”, que é para o negócio ficar perfeito. Philosophei e fui ao Google, onde encontrei num jornal, assinado pelo doutor Joaquim Nagib Haickel, Secretário de Esportes e Lazer e membro das Academias Maranhense e Imperatrizense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, no dia 8 de dezembro do ano passado: “Comecemos pelo significado da palavra entourage. Ela é de origem francesa e significa grupo social, conjunto de indivíduos com quem convivemos habitualmente. Pessoas que vivem em volta de uma espécie de líder, de senhor, de governante. Para efeito desse texto vou abrasileirar a expressão francesa. Usarei em seu lugar a palavra anturragem”. É isso aí, bicho.

Questão


 Vivesse hoje, Shakespeare andaria às voltas com a seguinte questão: to buy or not to buy, “comprar ou não comprar”, em lugar de to be or not to be, that’s the question, que o Google diz significar “ser ou não ser, eis a questão”.

Existiria o consumismo no tempo de Shakespeare (1564-1616)? Tal como o entendemos, certamente não. Hoje a tentação é muito grande, mesmo para os que, infelizmente, não estão nadando em dinheiro. Escrevo depois de ver nos jornais o anúncio de um smartphone LG por R$ 399,00. Será mesmo um smartphone? Aprenderei a lidar com ele? Tenho tido sorte com os produtos LG. De repente, compro um e aproveito a oportunosa ensancha para perguntar ao leitor: não existisse a propaganda, alguém tomaria Coca-Cola? Já tomei muita e hoje fico triste quando vejo filhas e netos consumindo aquele xarope.

Sei que eles também ficam tristes quando me veem pendurado num charuto. Escrevo numa terça-feira: ontem queimei o último Havana, que, por sinal, estava ótimo. Tenho o livro O Charuto de Churchill, de Stephen McGinty, com notícias assustadoras. Durante a Segunda Grande Guerra, diversas pessoas e agremiações cubanas mandavam de presente para Churchill, via Estados Unidos, pequenos armários de cedro ou mogno com dezenas de caixas de charutos.

Temendo o envenenamento do primeiro-ministro, a Scotland Yard analisava em laboratório, por amostragem, um charuto de cada caixa. Nunca encontraram veneno, mas havia tudo que o leitor possa imaginar, além do inimaginável: excrementos de insetos e de ratos, pelos de ratos etc., entremeio às folhas do mais puro tabaco de Havana.

O mundo é uma bola

2 de maio de 1519: morre Leonardo di Ser Piero Da Vinci, nascido em 1452, gênio do Alto Renascimento, cientista, matemático, inventor, engenheiro, pintor, anatomista, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. Há coisa de dois meses, em São Paulo, incumbido de fazer matéria sobre exposição de obras de Da Vinci, um jovem repórter teve a cautela de telefonar perguntando ao curador: “Leonardo estará presente?”. Hoje é o Dia Nacional do Ex-Combatente.

Ruminanças


 “O homem que se deixa chatear é ainda mais desprezível do que o que o chateia” (Samuel Butler, 1835-1902).