domingo, 20 de julho de 2014

TeVê

TV paga
Estado de Minas: 20/07/2014


 (Vítor Salerno/Divulgação )

Música Além do balé O lago dos cisne, com a companhia do Teatro Mariinski, às 18h, no Film&Arts, a música é destaque hoje. No canal Bis, o programa Minha trilha sonora traz o som do Mombojó (foto), às 19h30, enquanto a banda Scracho faz show às 20h30. No SescTV, o violonista e guitarrista Romero Lubambo é o artista da vez de Passagem de som, às 21h; e Instrumental Sesc Brasil, às 21h30. Na Cultura, o sambista Tuca Pellegrino é o convidado do Ensaio, às 23h.

Documentário Estreia hoje, às 22h20, no Discovery, a série Indochina selvagem, com cinco episódios que registram flora, fauna e cultura que constituem paisagens majestosas de países da região, começando pelo Camboja. No canal Bio, às 21h, vai ao ar episódio de O Universo: mistérios revelados sobre a história bíblica da destruição de Sodoma e Gomorra. E no NatGeo, a dica é o especial Quando os tubarões atacam, às 22h30.

A volta de Norman Bates

Mariana Peixoto - mariana.peixoto@uai.com.br


Uma das produções mais comentadas da temporada passada, Bates Motel, o prelúdio de um dos personagem mais míticos do cinema, o psicopata Norman Bates, ganha segundo ano a partir de quinta-feira, às 22h, no Universal Channel. No episódio de estreia, Norman (Freddie Highmore) mostra o quanto ficou desnorteado com a morte da professora Watson (Keegan Connor Tracy). Norma (Vera Farmiga) se preocupa com o filho, já que ele disse que voltaria do baile com a professora na noite anterior, mas acabou chegando em casa a pé. Aproveitando o retorno da série, o canal está promovendo uma maratona da primeira temporada. De hoje a quinta-feira, os episódios serão exibidos a partir das 16h.

Reta final
– Já hoje, às 21h, no Studio Universal, entra no ar a oitava e última temporada de Psych. Com 10 episódios, vai contar com a participação especial de Mira Sorvino, Billy Zane, Val Kilmer e até Curt Smith, integrante da banda Tears for Fears. No primeiro episódio, Shawn (James Roday) e Gus (Dulé Hill) são convocados para ajudar a Interpol em uma operação policial em Londres.

Para rir – Outro canal que está cheio de novidades é a Warner. Na terça-feira, às 22h25, entra no ar o sitcom O andar de baixo. Skyler Astin é Brody, um gerente financeiro que entra em parafuso ao conhecer Jenny (Briga Heelan), a chefe do departamento de suporte e manutenção no prédio onde ele trabalha. Já na quarta-feira, às 20h, o canal lança Os impegáveis, que acompanha um grupo de amigos sem qualquer talento na arte da conquista, mas que ganha a companhia de um expert no assunto.

Mais comédia
– Além das duas estreias, a Warner exibe as novas temporadas de 2 broke girls e Arrow (amanhã, às 20h e 22h25, respectivamente), Suburgatory (quarta-feira, 23h25), The middle (quinta-feira, 20h) e Mike & Molly (sexta-feira, 20h).


De olho na telinha
Simone Castro

Protagonistas Bruna Marquezine e Júlia Lemmertz: afinadas (João Miguel Júnior/TV Globo-25/5/14)
Protagonistas Bruna Marquezine e Júlia Lemmertz: afinadas
Despedida frustrante

Quando Manoel Carlos anunciou que Em família (Globo) seria sua última novela, a expectativa foi a melhor possível. Afinal, trata-se de um dos novelistas mais prestigiados da TV brasileira, autor de ótimas tramas, como Baila comigo, História de amor, Laços de família, Mulheres apaixonadas, consideradas clássicos do gênero. Mas, para decepção dos fãs, a última novela não emplacou.

A história parecia atraente. A última Helena, vivida por Júlia Lemmertz, foi apresentada como uma mistura de todas as outras que levaram o nome da famosa personagem do autor. Depois de viver um amor na infância e juventude, com desfecho desastroso e traumático, ela o reencontraria na maturidade, já casada. Por ele, largaria o marido, ferido gravemente por este ex-amor, mas teria uma rival pelo caminho: a própria filha, Luiza, personagem de Bruna Marquezine.

Em ritmo lento, a narrativa, que estreou em fevereiro e contou com duas fases anteriores, demorou a deslanchar. Apesar de Júlia e Bruna se mostrarem afinadas nos conflitos de suas personagens, a trama tomou outro rumo, com Helena, 20 anos depois da tragédia que viveu ainda moça, presa à mágoa e ao rancor pelo antigo amor, enquanto Luiza se apaixonou perdidamente por Laerte (Gabriel Braga Nunes) e, mimada e desaforada, bancou o relacionamento contra a vontade de toda a família.

Daí a novela desandou. Apesar de um ótimo time de atores, além da trama principal, que nunca disse a que veio, houve estranhamento na distribuição de personagens – casos de, por exemplo, Natália do Vale, que viveu a mãe de Helena; e Ana Beatriz Nogueira, a de Gabriel Braga Nunes: todos com idades relativamente próximas. Na dinâmica, ação e diálogos, estes sempre com maior ênfase pelo autor, sua característica mais forte, não andaram juntos. Resultado: novela morosa, muito detalhista, sem pegada.

A trama em todos os núcleos – de Juliana (Vanessa Gerbelli) e sua obsessão pela maternidade; de Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) e a enrolação até que, finalmente, formaram um casal que nunca convenceu –, ficou devendo. E na falta de um vilão colocou-se tudo no mesmo balaio, e de um suposto mocinho, Laerte, quase que de um capítulo para o outro tornou-se o mau da fita. Doente, mas vilão. Não convenceu. Enfim, Em família encerrou expediente e não deixa saudades. Uma despedida frustrante e melancólica de Manoel Carlos, um mestre das novelas.

PLATEIA

VIVA

Finalmente, se tocaram de que novela e futebol não combinam às quartas-feiras. O rebu (Globo) escapou do mico de ir ao ar apenas durante dez minutos em dia de jogo.

VAIA

Geração Brasil (Globo) continua a saga da novela “monotonia”. São raríssimos os momentos que realmente empolgam e convidam o telespectador ao capítulo seguinte.


Caras & Bocas
Simone Castro - simone.castro@uai.com.br

Tudo por dinheiro
 (Paulo Belote/TV Globo)

No episódio de terça-feira de Tapas & beijos, na Globo, as amigas Fátima e Sueli (Fernanda Torres e Andréa Beltrão, foto) estarão às voltas com problemas de dinheiro. Cada uma ao seu estilo. Fátima não pensa duas vezes antes de fazer um investimento em equipamentos tecnológicos e sua última aquisição é uma esteira que promete uma solução mirabolante para queimar calorias. Quem não gosta de tanta compra é Armane (Vladimir Brichta), preocupado com bugigangas que vão se acumulando na sala de estar do casal, ao mesmo tempo em que pesam nas contas da namorada. Ele prevê um prejuízo a caminho. Com o saldo negativo, Fátima pede dinheiro emprestado a Mão Santa (Marcelo Flores, em participação especial), um colega pouco confiável de Tijolo (Orã Figueiredo). E não é que o malandro será capaz de amarrar Armane em um poste até receber a dívida da vendedora? Já Sueli será envolvida numa trama de mentira desenvolvida há anos por PC (Daniel Boaventura), a fim de arrancar dinheiro da tia Cidinha (Camila Amado, também em participação especial). Ela enche o sobrinho de mimos exagerados e olha que ele a engana desde a faculdade, quando o dentista inventou que estava se formando em medicina. Agora ele inventou que Sueli é uma colega de profissão e, numa visita da tia a Copacabana, a vendedora tem que manter o disfarce para garantir os presentes.

VIAÇÃO CIPÓ DESTACA HOJE
OS ENCANTOS DE ARACAJU


Aracaju, capital de Sergipe, é o roteiro da Viação Cipó hoje, às 10h, na Alterosa. No menor estado da federação, o telespectador confere as grandes maravilhas naturais deste cantinho do Nordeste. Praias do Sul,
o caminho para Mangue Seco, o Rio Piauí, a Ilha da Sogra, entre outros atrativos.

CLÁUDIA RAIA SERÁ VIDENTE
CHARLATÃ EM NOVA NOVELA


Alto astral, trama que vai substituir Geração Brasil (Globo), contará com Cláudia Raia no elenco. Ela será Samantha, uma vidente charlatã. A fim de compor a personagem, Cláudia, que está longe das novelas desde que interpretou a vilã Lívia Marini em Salve Jorge (Globo), renovou o corte das madeixas e pintou os fios
de louro. Alto astral é de Daniel Ortiz, colaborador de Sílvio de Abreu no remake de Guerra dos sexos.

SÉRIE ANIMAL NEM ESTREOU
E JÁ GARANTIU SEQUÊNCIAS


Com estreia marcada para 6 de agosto, no GNT (TV paga), a série Animal, estrelada por Edson Celulari e Cristiana Oliveira, já garantiu outras duas temporadas. De acordo com o planejado, a atração ganhará 16 episódios em 2015. As gravações da nova leva, porém, só terão início depois que Celulari tiver encerrado sua participação na novela Alto astral, que deverá ocorrer no começo do ano que vem.

LORETO VOLTARÁ À TV COMO
OFICIAL DAS FORÇAS ARMADAS


Depois do Candinho em Flor do Caribe e do seriado Segunda dama (Globo), José Loreto se prepara para voltar à telinha. Ele será Pedro, um oficial das Forças Armadas apaixonado por Sandra (Ísis Valverde) em Boogie oogie, trama que vai substituir Meu pedacinho de chão a partir de 4 de agosto.

VELHOS EPISÓDIOS DE SESSÃO
DE TERAPIA JÁ ESTÃO NA WEB


A terceira temporada de Sessão de terapia (GNT) estreia em 4 de agosto, no GNT. Mas até lá os fãs da ótima série poderão rever os episódios antigos. O canal disponibilizou todas as histórias no GNT Play.Para assisti-los visite o site globosatplay.globo.com/gnt.

EMPRESÁRIA REVELA COMO
ADMINISTRA SEUS NEGÓCIOS

 (Carol Soares/SBT)

Presidente do conselho de administração de uma rede de lojas que leva o seu nome, Luiza Helena Trajano é a entrevistada de Marília Gabriela (foto) no De frente com Gabi deste domingo, à meia-noite, no SBT/Alterosa. 


Ela fala sobre o início de sua carreira, como consegue administrar seus negócios e também sobre sua família, sua vida pessoal e suas opiniões com relação à política. “Não sou presidente, não sou proprietária. O que eu mais sou é vendedora. Aos 12 anos, já era vendedora”, afirma. A empresária relembra: “Minha tia se chama Luiza também. Ela foi vendedora por muitos anos em uma loja grande na cidade de Franca, interior de São Paulo, e 58 anos atrás ela lançou um concurso na rádio para o público escolher o nome da loja”. E assim foi. Segundo Luiza, “na minha família, vender não era empurrar coisas para as pessoas, era realizar sonhos.” Ela comenta, ainda, que “não abro mão dos meus princípios, nem que eu tenha que perder dinheiro.” Sobre política, decreta: “Nada vai mudar se não mudarmos o regime político”. E revela: “Comprei as lojas do Baú, mas não a marca, porque o Sílvio (Santos) não vende.”

EM DIA COM A PSICANÁLISE » Saldo positivo‏

EM DIA COM A PSICANÁLISE » Saldo positivo 
 
Regina Teixeira da Costa
Estado de Minas: 20/07/2014




Depois de tudo encerrado, estamos contabilizando o saldo. Elaborar e concluir é o que nos resta a fazer. É sempre assim quando, depois de alimentar expectativas e investimentos vem um fracasso. E, pelo investimento emocional depositado na Copa do Mundo, nada mais justo do que aproveitar o saldo e positivá-lo de alguma forma. Nem que seja para aprender a lidar com a frustração.

Assistimos às crianças nos comerciais de TV envolvidas com o torneio desde o início, pedindo ao time a vitória. A propaganda rodou até o último dia. Depois da derrota, saiu do ar, claro, dando lugar a crianças desconsoladas, chorando compulsivamente diante dos pais igualmente atônitos.

Naquela hora, nada era mais importante. Um momento dramático, quase trágico e traumático por causa da importância dada ao futebol. É uma paixão nacional, como se diz sempre, mas é preciso rever por outra perspectiva, recolocar as coisas no lugar e repensar que valores queremos para nossos ainda pequenos futuros homens e mulheres.

Recebi manifestações a respeito do assunto. Numa delas, a fonoaudióloga Rafaela Teixeira Maia e a terapeuta ocupacional Larissa Alves Godinho, que trabalham com crianças, comentam o assunto. Diziam que na atualidade criam-se filhos para serem felizes e não para vencer na vida. Não para lidar com adversidades, e isso faz delas pessoas frágeis.

Larissa se lembra de quando o Brasil perdeu para a França, na final da Copa de 1998, tinha uns 9 anos... Ficou triste, foi quando ocorreu a convulsão do Ronaldo, mas ninguém precisou conversar nem explicar nada sobre como lidar com isso, nem pra nenhum dos colegas na época. Elas disseram que essa geração atual não consegue lidar sozinha nem com uma derrota do Brasil (por mais vergonhosa que seja).

Além disso, os pais devem ensinar o que é importante para a vida, e não valorizar tanto um prazer imediato, fugaz, que se torna uma tormenta desnecessária. É um bom momento para ensinar e aprender.

Já dizia Freud que mimar demais as crianças torna-as pessoas fracas e incapazes de lidar com problemas no futuro. Continuarão desejando a mesma proteção e o mesmo quantum de amor, o que nem sempre será possível.

O g1 publicou matéria sobre pais que protegem demais os filhos das decepções, deixando, por exemplo, que eles sempre vençam nas brincadeiras para não sofrer, ou evitando que resolvam sozinhos um dever de casa, um conflito com amigos ou uma dificuldade na escola. Assim, correm o risco de criá-los numa redoma. Poderão tornar-se adultos centrados em si mesmos, frustrando-se sempre que não se faz a sua vontade.

Ao contrário, é preciso encarar a derrota desde cedo; se houver boa orientação da família, pode ser estimulada a vontade de se superar. É aconselhado aos pais conversar com a criança mudando o foco, mostrando que um jogo não é tudo, e que existem situações bem mais importantes e difíceis no mundo  que também causam sofrimento e que podemos ajudar a melhorar.

Bem, esses são bons conselhos para os pais e servem não apenas em situações como a atual derrota do Brasil na Copa, mas diante de qualquer revés que surja no caminho, porque precisamos aprender e ensinar que no caminho sempre há uma pedra. E sempre haverá. Cabe a cada um saber lidar com as que encontrar. Podemos desviar, pular, empurrar ou trombar, sentar e chorar. O que o seu filho vai ser quando crescer?

Língua afiada - Morrissey chega ao seu 10º álbum solo

Língua afiada 
 
Morrissey chega ao seu 10º álbum solo, World peace is none of your business, cheio de provocações, a começar pelo título. No disco, o rock ganha outros ecos com direito a flamenco e até música clássica 
 
Mariana Peixoto
Estado de Minas: 20/07/2014


Morrissey, músico  (Túlio Santos/EM/D.A Press  )
Morrissey, músico

A paz mundial não é da sua conta. Só mesmo Morrissey para destilar tal ironia já no título. Disponível nos formatos digital e físico, World peace is none of your business, 10º álbum solo de Steven Patrick Morrissey – e o primeiro em cinco anos desde Years of refusal – é um dos trabalhos mais interessantes que você ouvirá neste ano. Com trajetória recente cheia de altos e baixos – aí incluídos problemas de saúde que fazem com que suas turnês sejam cada vez mais erráticas –, o velho Moz, do alto de seus 55 anos, continua mostrando que ainda tem muito a dizer. Mesmo que não se concorde com tudo o que ele diz.
O novo álbum chega na esteira de sua ruidosa autobiografia, com a promessa de ser lançada este ano no Brasil (leia box). Produzido e gravado na França por Joe Chiccarelli (vencedor de três Grammys por trabalhos com Café Tacvba, White Stripes e The Raconteurs), o disco foi antecipado por clipes de algumas faixas como Istanbul e Earth is the loneliest place. A demora em lançar um trabalho inédito é compensada pela variedade de canções. World peace..., por sinal, tem diferentes formatos: o álbum oficial conta com 12 canções; há uma versão de luxo com seis faixas-bônus.

O rock, a quem seu nome sempre estará ligado graças aos Smiths, ganha aqui outros ecos. Tem guitarra flamenca (Earth is the loneliest planet e The bullfighter dies) como também música clássica (Oboe concerto). Um dos últimos grandes letristas do rock, Morrissey destila no novo álbum suas próprias idiossincrasias. Para uma maioria que se formou por meio dos versos irônicos, amorosos, dolorosos e por vezes também contraditórios tanto dentro quanto fora dos Smiths, World peace... é um prato cheio, pois abrange todo o universo de Morrissey: política, vegetarianismo e sexualidade.

A canção-título, que remonta aos Smiths, dispara: "Each time you vote, you support the process/ Brazil, Bahrain, Egypt, Ukraine/ So many people in pain" (“Cada vez que você vota, você apoia o processo/ Brasil/ Barein/ Egito/ Ucrânia/ Tanta gente em agonia"), acompanhada por belo solo de guitarra. Na sequência, Neal Cassady drops dead relata a reação do poeta beat Allen Ginsberg ao tomar conhecimento da morte de seu antigo companheiro. Aqui a guitarra vai ganhando camadas distintas no decorrer da canção, até cair num solo quase choroso.

Morrissey canta a morte de um toureiro, defendendo a vitória do touro (The bullfighter dies) e, dizendo-se cansado de homens e mulheres, já que nunca matou ou comeu um animal, coloca-se acima deles: “I’m not a man/ I'm something much bigger and better than/ A man”. Trocando em miúdos: é algo maior e melhor do que um homem. Este é Morrissey. Melhor ou pior, não dá para ser indiferente a ele. Ainda bem.

Saiba mais

Na primeira pessoa

Lançada em outubro de 2013 na Inglaterra, a autobiografia de Morrissey, antes mesmo de vir a público, levantou polêmicas. Foi publicada pela Penguin Classics, editora reconhecida por editar clássicos. No livro de 450 páginas ele descreve a infância dolorosa em Manchester e suas brigas com a gravadora Rough Trade. Também fala de rancores do passado, como com o baterista Mike Joyce, a quem dedica 50 páginas. Dá mais espaço para a vida pessoal do que ao processo criativo. “Não sou mais infeliz do que qualquer outra pessoa”, afirma. No Brasil, a autobiografia será lançada pela Globo Livros. Mas não há data confirmada.

Hormônio masculino em equilíbrio‏

Hormônio masculino em equilíbrio 

 
Falta de libido, sono irregular, perda de massa muscular e disfunção erétil. Tudo isso pode ser causado pela baixa de testosterona nos homens, mas a reposição deve ser feita de forma cuidadosa e com acompanhamento médico 


Celina Aquino
Estado de Minas: 20/07/2014




A reposição de testosterona é a solução para muitos problemas. Desde que seja usada adequadamente. Homens que buscam os medicamentos sem orientação médica para melhorar a libido ou aumentar a massa muscular, ou mesmo aqueles diagnosticados com baixa produção do hormônio que seguem o tratamento sem o devido cuidado, estão sujeitos a sofrer graves consequências. O excesso de testosterona pode interferir na fertilidade masculina, às vezes de maneira irreversível.

A queda da produção de testosterona faz parte do processo de envelhecimento. É normal que o nível do hormônio caia anualmente 1% a partir dos 40 anos. “O homem nos procura reclamando de falta de libido e dificuldade de ereção, mas se a queda estiver dentro do previsto, não adianta receitar hormônio porque não haverá melhora sexual”, destaca o diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) e professor de Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Alexandre Hohl. Diabetes, pressão alta e obesidade podem influenciar o apetite sexual, assim como problemas de relacionamento.

Para indicar a reposição de testosterona, deve-se chegar ao diagnóstico de hipogonadismo (baixa produção do hormônio), considerando o resultado dos exames laboratoriais e as queixas do paciente. Há relatos mais raros de homens que, além da queda de libido e disfunção erétil, sofrem com desânimo, cansaço excessivo, piora do sono, perda de massa muscular e de pelos corpóreos, problemas de memória, alteração de humor, fragilidade óssea que pode levar à osteoporose e depósito de gordura no abdômen. “Em pacientes com mais de 40 anos, temos que excluir problemas de próstata antes de começar a reposição hormonal, porque o tratamento acelera a evolução de doenças malignas ou benignas”, alerta.

Os homens saudáveis, principalmente os que ainda planejam ter filhos, devem evitar a ingestão indevida de testosterona. “Quando você ingere o hormônio sem necessidade, bloqueia a hipófise, glândula essencial para a produção de espermatozoides. Nos casos em que se usa por muito tempo, a infertilidade pode não ser reversível”, comenta o diretor da Sbem. Hohl adianta, inclusive, que a testosterona vem sendo estudada como anticoncepcional masculino.

INFERTILIDADE O especialista em reprodução humana assistida Paulo Gallo, diretor do Centro de Fertilidade da Rede D’Or Vida, revela que são comuns os casos de pacientes que chegam ao consultório com a produção de espermatozoides zerada devido ao uso inadequado da reposição de testosterona. A infertilidade é constatada por meio do espermograma, exame de avaliação do sêmen, colhido por meio de masturbação, que analisa número, mobilidade e morfologia das células reprodutoras masculinas. “O medicamento melhora o desejo sexual e dá mais disposição, mas os altos níveis de testosterona inibem os hormônios da hipófise que estimulam a produção de espermatozoides. O comprometimento pode ser tão intenso a ponto de chegar à azoospermia, ausência total de espermatozoides”, relata.

Só este ano, Gallo atendeu dois pacientes que se descobriram totalmente estéreis ao tentar uma gravidez. Geralmente, a infertilidade é revertida com a suspensão do medicamento. Mas nem sempre é possível descartar a reposição, pois há casos em que jovens precisam ser tratados com medicamentos à base de testosterona, em geral quando os testículos ou a hipófise não trabalham adequadamente. Os portadores da síndrome de Klinefelter, por exemplo, normalmente são estéreis porque não produzem espermatozoides. O chefe do Departamento de Reprodução Humana da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e andrologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Reginaldo Martello, acrescenta: “O vírus da caxumba pode atacar os testículos de maneira agressiva, levando a um hipogonadismo grave. Pacientes que perderam os testículos também precisam fazer a reposição hormonal, na maioria das vezes pelo resto da vida”.

Martello informa que, quando o homem está com a intenção de ter filhos, a alternativa é indicar tratamentos que não interfiram na produção de espermatozoides. Utiliza-se, por exemplo, uma substância administrada em comprimido ou injeção que estimula a hipófise e os testículos a produzirem, simultaneamente, espermatozoide e testosterona. “É o mesmo medicamento indutor de ovulação na mulher. Ele estimula de maneira indireta o aumento da testosterona endógena, sem prejudicar a produção de espermatozoides, mas nem sempre é eficaz”, esclarece o médico da SBU.

Também existe a possibilidade de suspender o tratamento com testosterona para reverter o quadro de infertilidade. “O processo de reversão demora. É preciso suspender o uso do medicamento de seis meses a um ano para obter uma resposta, pois cada ciclo de espermatogênese dura aproximadamente três meses”, explica o andrologista. Nos casos em que a baixa produção de células reprodutoras masculinas persiste, Martello sugere técnicas de reprodução assistida como inseminação artificial e fertilização in vitro.

A REPOSIÇÃO
Existem três tipos de tratamento no Brasil. O mais antigo são as injeções aplicadas mensalmente, que repõem o hormônio, mas não de maneira fisiológica. Isso porque a testosterona aumenta muito rapidamente, acima do normal, e também abaixa em pouco tempo, levando desconforto ao paciente. Apesar de ser mais cara, a aplicação trimestral resolve o problema do efeito “enche e esvazia”, pois as taxas do hormônio se mantêm estáveis por três meses. Mais recentemente, chegou ao Brasil um gel que deve ser aplicado todos os dias nas axilas. É considerado o método mais próximo do processo natural.

POR DENTRO DA TESTOSTERONA
 A testosterona é um hormônio sexual masculino, produzido em grande quantidade no homem e em pequena quantidade na mulher.

 Dentro da barriga da mãe, enquanto o bebê se forma, o hormônio garante a diferenciação do sexo, estimulando a formação do aparelho reprodutor masculino.

Glândula do tamanho de uma ervilha que fica na base do cérebro, a hipófise produz hormônios que estimulam os testículos a começar a produzir testosterona e espermatozoides.

Na adolescência, a testosterona é responsável pelo crescimento do pênis, ganho de pelo no corpo e aumento da massa muscular.

 A testosterona também está relacionada
ao desejo sexual masculino e tem papel
fundamental na manutenção da ereção
do homem.
 
Com o passar dos anos, a produção de testosterona diminui. O quadro é chamado de declínio androgênico do envelhecimento masculino (DAEM). 

Eduardo Almeida Reis-Nova ciência‏

De vez em quando aparecem jacarés em lagos improváveis. Parece que a Pampulha tem um. Muitos anos atrás, surgiram diversos jacarés num laguinho do Ibirapuera, em São Paulo


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 20/07/2014





Antropologia, sociologia e outras ciências do homem, da organização e do funcionamento das sociedades humanas – das leis fundamentais que regem as relações sociais – têm agora o suporte da entrevistologia, que tudo explica e justifica. Através da entrevistologia, é facílimo entender o sucesso de José Renan, José Ribamar, Fernando Affonso, Luiz Inácio, Dilma Vana e quase cinco mil prefeitos, não sei quantos deputados estaduais, muitos milhares de vereadores, centenas de deputados federais, dezenas de senadores e a mais gente difícil de engolir.

Através da entrevistologia, na poltrona diante do televisor, o leitor ouve o que pensam da vida os brasileiros e as brasileiras no entorno do Itaquerão, também chamado Arena Corinthians, num dia de treino da Seleção. Ouve o que pensam os entrevistados nas ruas de Belo Horizonte, Cuiabá, Rio e Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, fundada dia 25 de dezembro de 1599, área 170,3 km2, 803.739 habitantes em 2010.

Sinto funda saudade do tempo em que, residindo na capital de todos os mineiros, tive em domicílio, através da tevê a cabo, um canal japonês. Canais chineses, russos e sérvios também são ótimos, porque nos permitem acompanhar as entrevistas naqueles idiomas sem entender absolutamente nada. Só assim é possível acreditar no futuro da espécie humana.

Acabo de descobrir que na República da Sérvia, aliás, Republika Srbija, fala-se o dialeto servo-croata, língua eslava do grupo meridional, idioma materno dos sérvios e croatas e o mais falado na antiga Iugoslávia (na variante sérvia), que tem dois grandes dialetos: o sérvio, língua oficial da Sérvia escrita com alfabeto cirílico, e o croata, língua oficial da Croácia escrita com alfabeto latino.

Esquisitices

Pequeno jacaré aparecido num lago da Quinta da Boa Vista, no Rio, foi batizado com um nome ridículo e transferido para lagoa maior e mais apropriada para aligatorídeos, na Barra da Tijuca, recusando os alimentos que tem recebido porque só gosta de tilápias. Pois é: de vez em quando aparecem jacarés em lagos improváveis. Parece que a Pampulha tem um. Muitos anos atrás, surgiram diversos jacarés num laguinho do Ibirapuera, em São Paulo, para espanto da mídia e dos biólogos, não para mim, que soube como tudo aconteceu.

Répteis crocodilianos da família dos aligatorídeos não voam. Portanto, se aparecem em lagos improváveis é sinal de que foram levados por bípedes que se intitulam sapiens. Os jacarés de bom tamanho aparecidos num lago do Parque Ibirapuera saíram do Pantanal do MS, filhotes, na mala de um rapazola muito rico residente em São Paulo, SP.

Hoje descrito como senhor sereno e bom de papo, o rapazola pintava o sete. Engolia peixinhos vivos com algumas gotas de limão, mastigava giletes, passava os dias inteiros, nas férias pantaneiras, com água pela cintura fazendo experiências biológicas. Depois de uma semana, seus pés tamanho 40 só calçavam 45. Emprestei-lhe um par de botas.

Na volta para a mansão de seus pais em Sampa, o paulistano levou 28 filhotes de jacarés. Muitos sobreviveram num laguinho do jardim. Quando ameaçaram ficar maiores do que o laguinho, foram soltos à noite no Ibirapuera.

Prestigiar

Só um idiota completo, e o mundo está cheio deles, pode dizer que compareceu a uma noite de autógrafos para prestigiar o evento, ou que foi a um casamento prestigiar os noivos. O beócio não faz por mal, mas por ignorância. Não tem a mínima noção de que o verbo prestigiar significa conferir prestígio a algo ou alguém, como significa valorizar, com a idiotice de sua presença, alguém ao algum evento.

Não há dia em que não se ouça ou veja um(a) imbecil dizendo que lá está para prestigiar alguém ou alguma coisa. Seria muito mais lógico e inteligente dizer: “Estou aqui para cumprimentar o autor”, “para felicitar os noivos”, “para participar do evento”.

O mundo é uma bola

20 de julho de 514: eleição do papa Hormisdas, nome esquisitíssimo, que pontificou até agosto de 523. É considerado santo (dia 6 de agosto), sinal de que há um santo Hormisdas. Morreu com 48 anos e foi sucedido por João I. Em 1304, com a tomada do Castelo de Stirling, o rei Eduardo I, da Inglaterra, conquista a última fortaleza rebelde da Guerra da Independência da Escócia. Todo Eduardo é um perigo quando ouve falar de uísques escoceses em castelos, bares ou supermercados.
Em 1810, a Colômbia proclama sua independência da Espanha. Em 1871, a Colúmbia, então território britânico, adere à confederação do Canadá. Em 1897, sessão inaugural da Academia Brasileira de Letras. Em 1917, sérvios, croatas e eslovenos se juntam em um só reino, o da Iugoslávia, que duraria até a década de 90. O período monárquico durou de 1918 a 1941.
Em 1934, Getúlio Vargas, que já governava desde 1930, toma posse na Presidência da República. Hoje é o Dia do Frentista.

Ruminanças

“O que não está bem escrito não deveria ter sido escrito. Tudo o que é escrito merece ser bem escrito. O que é mal escrito não merece leitura” (Abgar Renault, 1901-1995).

EDUCAÇÃO » Uma torre de babel pela paz‏

EDUCAÇÃO » Uma torre de babel pela paz Estudantes de 15 a 18 anos podem se inscrever para curso pré-universitário das 14 unidades dos Colégios do Mundo Unido, que oferecem bolsas sem necessidade de fluência em inglês 

 
Junia Oliveira
Estado de Minas: 20/07/2014


Estudantes fazem trabalho voluntário num centro de reciclagem no UWC Costa Rica como parte do currículo (Arquivo pessoal)

Estudantes fazem trabalho voluntário num centro de reciclagem no UWC Costa Rica como parte do currículo

O câmpus mais parece uma torre de babel, mas, ao contrário do cenário bíblico, nessa moderna aldeia global, todos se entendem. Nos colégios UWC (United World Colleges), ou Colégios do Mundo Unido, estudantes e professores de mais de 100 nacionalidades e etnias convivem com a intenção de promover a paz e a compreensão dos povos por meio da educação. São 14 unidades espalhadas pela América, África, Ásia e Europa, que oferecem bolsas de estudo para o 2º e o 3º anos do ensino médio. Entrar nessa sala de aula está ao alcance de qualquer interessado, por meio do processo seletivo que está aberto até 15 de agosto.

Os colégios, fundações que se mantêm por meio de filantropia, estão localizados na Alemanha, Armênia, Bósnia-Herzegovina, Cingapura, Canadá, Costa Rica, Estados Unidos, Holanda, Hong Kong, Itália, Índia, Noruega, País de Gales e Suazilândia. O curso é oferecido em dois anos, com nível pré-universitário, baseado no bacharelado internacional, um diploma reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) e por universidades do mundo todo. Os alunos aprendem sobre assuntos de interesse mundial, serviços comunitários, sociais, relacionados ao meio ambiente, saúde, como trabalhos com pessoas portadoras de deficiência física e mental e crianças de rua. São colégios internos, mas com a devida liberdade de sair para passear, com seus sistemas e regras.

A bolsa pode ser parcial ou integral e varia de acordo com a situação socioeconômica do candidato. A cada ano, o comitê central do UWC, localizado em Londres (Inglaterra), define quantas nacionalidades haverá em cada câmpus. O Brasil tem garantido vagas nos últimos anos – entre seis a 10. O estudante André Bicalho Ceccotti, de 18 anos, de Belo Horizonte, se formou em maio na unidade da Costa Rica, na América Central, e, agora, carimbou o diploma para uma universidade na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, onde começará o curso de economia e filosofia, mês que vem.

Os candidatos fazem uma prova com conteúdo do 1º ano, atualidades e redação. No fim de 2011, quando encarou o processo seletivo, André concorreu com 300 estudantes, que foram reduzidos a 50 na etapa da entrevista em BH. A terceira fase foi uma dinâmica de grupo de dois dias num sítio em São Paulo. Nove foram selecionados e, só no fim, o adolescente soube que iria para a Costa Rica.

O estudante diz que não trocaria a experiência por nada. No colégio, havia 164 alunos distribuídos em sete residências estudantis femininas e masculinas. “No meu primeiro ano, eu dividia o quarto com um norte-americano e um palestino, que se tornaram melhores amigos. Se dentro de um quarto isso funciona, por que não poderia ser da mesma forma lá fora?”, questiona. A diferença de hábitos e costumes é outro desafio. O mesmo palestino, que é muçulmano, rezava cinco vezes por dia, sendo uma delas de madrugada. Para não atrapalhar os colegas, que também tinham o direito de dormir, fazer as preces em tom mais baixo e num canto do cômodo foi o acordo para ninguém ficar prejudicado. Um garoto da Malásia, para quem era normal compartilhar tudo, teve que aprender que a toalha do colega suíço era só dele.

E num lugar onde o mundo inteiro se reúne, o inglês foi o idioma oficial. Mas o domínio de uma língua estrangeira não é pré-requisito para se inscrever no processo seletivo. “Se fosse assim, só alunos de classe média e ricos poderiam entrar, e não é o que ocorre. Como você tem que se comunicar, aprende rápido. Havia uma menina do Rio de Janeiro que não falava nem inglês nem espanhol e saiu fluente nos dois.” Chamou a atenção também a quantidade de estudantes vindos de escolas públicas – a maioria, segundo André. 




"Meu futuro é quem der mais, não necessariamente dinheiro, mas oportunidade. Se for no Brasil, volto. Mas se for na Austrália, na Índia ou no Japão, estou indo também" - André Bicalho Ceccotti, estudante

A experiência internacional fez o garoto criar asas: “Meu futuro é quem der mais, não necessariamente dinheiro, mas oportunidade. Se for no Brasil, volto. Mas se for na Austrália, na Índia ou no Japão, estou indo também. Realmente, você se torna um cidadão do mundo”.

SERVIÇO
Quem pode participar: brasileiros ou residentes permanentes no Brasil, entre 15 e 18 anos completados até 31 de agosto de 2015, que estejam cursando o 1º ou 2º ano do ensino médio. Candidatos do processo seletivo do ano passado que não chegaram à etapa do convívio poderão se inscrever novamente
Quando: até 15 de agosto
Valor: R$ 90
Não é necessário o conhecimento
prévio de inglês
Informações: www.uwc.org.br

Número de planos de saúde individuais está cada vez menor

Plano individual some da praça Convênios com reajuste regulado pela ANS representam menos de 20% do total, perdendo espaço para os coletivos, que custam inicialmente menos, mas não têm correção limitada

Bábara Nascimento
Estado de Minas: 20/07/2014


Custo alto para acesso a atendimento vai parar na Justiça (Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 3/7/14    )
Custo alto para acesso a atendimento vai parar na Justiça




Brasília – Com reajustes controlados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a quantidade de planos de saúde individuais disponíveis no mercado tem diminuído a cada ano. Eles são, hoje, menos de 20% do total de convênios. A ANS e as entidades representantes das operadoras, no entanto, garantem que ainda há muitas opções no mercado, e que quem procurar um modelo individual de saúde privada vai encontrar. O Estado de Minas foi atrás de várias empresas que fazem a intermediação da venda de planos e percebeu que, no momento da aquisição, não é dada muita escolha ao consumidor. Na maior parte das vezes, os vendedores direcionam a compra para os convênios coletivos e, questionados, chegam a afirmar que não existem mais planos individuais à venda no país.

Depois de alguma insistência, eles cedem e apresentam o outro modelo, mas sempre com argumentos contrários à aquisição. “Não compensa, é muito mais caro”, afirmou uma vendedora. De fato, os preços fixados pelas operadoras desanimam qualquer um. Em um orçamento para uma pessoa com 50 anos, por exemplo, o plano individual mais simples custaria R$ 1.664 mensais. Em outra empresa, o custo seria de R$ 1,5 mil. Os preços do plano coletivo, em diferentes operadoras, variam entre R$ 406, para o modelo regional, e R$ 560 o nacional, para a mesma idade do usuário, e considerando-se o plano mais simples, incluindo apenas o direito à enfermaria.

Para usuários com idade até 18 anos, o preço no convênio individual pode chegar a R$ 400, segundo os consultores de vendas das operadoras. Na faixa etária de 30 anos, o valor mensal sobe a R$ 675. Nas opções de planos coletivos pesquisadas o custo para menores de 18 anos é inferior a R$ 200 e fica em torno de R$ 280 para adultos. “O plano individual é tão mais caro que, mesmo com os reajustes maiores do coletivo ele não chega a esse preço”, argumentou outro vendedor.

A coordenadora institucional da associação de consumidores Proteste, Maria Inês Dolcci, discorda e alerta para as irregularidades desse tipo de venda. “O coletivo pode ser atrativo em um primeiro momento, mas os reajustes posteriores são extremamente elevados. Há anos estamos percebendo que as operados ou pararam de vender os individuais ou desestimulam a aquisição deles”, explica.

Sem barganha A ANS regula o reajuste apenas dos planos individuais, utilizando a média das correções aplicadas pelos coletivos. O aumento neste ano foi de 9,65%. A justificativa da agência reguladora para não estipular o reajuste máximo dos convênios coletivos é de que, como esses possuem carteiras com muitos beneficiários, têm poder de barganha para negociar preços justos.

Na prática, não é bem o que ocorre e vários dos casos vão parar na Justiça. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), entre esses casos judicializados, a média de reajuste é de 80%. De acordo com a ANS, existem dois tipos de planos coletivos: os empresariais, que prestam assistência à saúde dos funcionários da empresa contratante graças ao vínculo empregatício, e os coletivos por adesão, contratados por pessoas jurídicas como conselhos e sindicatos.

Os smartphones e a liberdade‏

Os smartphones e a liberdade
Aristides José Vieira Carvalho
Estado de Minas: 20/07/2014

Os smartphones trouxeram vários benefícios ao nosso dia a dia: podemos nos comunicar com pessoas que estão em locais próximos ou distantes, encaminhar e agilizar atividades pessoais e profissionais, atualizar dados e informações a partir de sites, WhatsApp, redes sociais e e-mails recebidos.

O fascínio pelos smartphones, em seus modelos cada vez mais atraentes, é uma ocorrência mundial. Certamente, o aumento da procura por esses aparelhos tem a ver com a tecnologia e/ou com o consumismo. É difícil dizer o que mais se sobressai. O fato é que, se por um lado os avanços tecnológicos e o mercado facilitaram e democratizaram o acesso à comunicação e à informação, por outro lado trouxeram um desafio enorme à sociedade em relação à convivência saudável com esses aparelhos.

Quero acreditar que chegaremos a um equilíbrio em relação à utilização dos smartphones. Preocupam-me os riscos que oferecem ao impor um ritmo novo ao nosso viver, comprometendo as relações interpessoais e deixando-nos dependentes da sua utilização. No que diz respeito à saúde, há pesquisas sugerindo a diminuição do rendimento escolar entre universitários; há relatos de especialistas sobre as alterações visuais entre usuários, quadros de ansiedade e tendinites desencadeados pelo uso excessivo. Os adolescentes são, provavelmente, os mais prejudicados. Com suas “redes de amizades”, não conseguem desgrudar do visor porque aguardam mensagens e mantêm conversas intermináveis.

Para os pais, fica o desafio – heroico nessa sociedade consumista e imediatista – de colocar limite em uma “turma” que, de forma compulsiva, se envereda por caminhos algumas vezes perigosos. Esse limite é fundamental para que cresçam com liberdade e possam conduzir suas vidas sem se sentirem escravizados por esses aparelhos.

Faz algum tempo comprei um smartphone. Ele tem me ajudado muito. Mas deixei claro o seguinte: ele me serve para que eu possa interagir com as pessoas. Esse é o acordo. Confesso que, com frequência, tenho que me disciplinar para que ele não dê o tom e me deixe à mercê das suas demandas.

Pensando na liberdade em fazer as escolhas e em saborear a vida é que coloco a questão da utilização da tecnologia sem ser usado e dominado por ela. O escritor e filósofo Fernando Savater diz que “somos livres para responder dessa ou daquela maneira ao que nos acontece”. Seguindo essa perspectiva, avalio o uso dos smartphones. Eles estão aí. Como vamos viver em liberdade e responder à utilização de seus recursos, que a cada dia se ampliam?

A ansiedade desenfreada em ler as mensagens sem poder esperar um minuto sequer e a compulsão em olhar a tela para acessar os recados, as novidades, mesmo quando se está dirigindo; a falta de cuidado ao não prestar atenção ao outro, ao trabalho, ao lazer porque as mensagens estão chegando e é preciso (imperativo!) respondê-las e/ou acompanhá-la são atitudes que nada têm de saudável.

Colocar os smartphones a nosso serviço me parece ser um dos grandes desafios atuais. Precisamos construir estratégias para conduzir nossas vidas em liberdade, o que significa sabedoria e serenidade para lidar com os aparelhos sem nos deixarmos escravizar por eles, por mais atraentes e fascinantes que sejam.