ZERO HORA - 18/12/2013
Na
lista de autores a quem sou fiel, encontra-se a norte-americana Lionel
Shriver, que se destacou no mundo literário com seu perturbador
Precisamos Falar sobre Kevin e desde então vem lançando livros que de
água com açúcar não têm nada: a mulher é craque em colocar o dedo nas
nossas feridas – e inclusive nas dela.
Desta vez, a escritora
inspirou-se num caso real. Em 2009, seu irmão faleceu por problemas
decorrentes da obesidade mórbida. E é sobre esse assunto que trata o
recém-lançado Grande Irmão, um convite a dar uma espiadinha num “Big
Brother” literal e incômodo: Shriver mostra como vive alguém que está
bem acima do peso ideal, e as implicações para os que estão ao seu
redor.
No livro, a personagem Pandora é uma empresária de Iowa,
casada e com dois enteados adolescentes, que um dia resolve hospedar seu
irmão Edison, que mora em Nova York e que ela não vê há quatro anos. Ao
buscá-lo no aeroporto, não o reconhece: ele, outrora um pianista de
jazz bem-sucedido e boa-pinta, hoje carrega 175 quilos de sedentarismo e
fracasso.
Em tempos politicamente corretos, ai de quem falar
dos gordos. Mas sendo um assunto de saúde pública, e com a obesidade
aumentando em níveis alarmantes não só nos Estados Unidos, mas em todos
os cantos do planeta, não dá mesmo para fingir que, dos problemas, esse é
o menor. Até porque nada é pequeno quando se trata de obesidade.
As
consequências de se estar muito fora de um padrão saudável são
conhecidas: dificuldade de realizar movimentos banais, preconceito,
riscos de desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes, sensação de
estar fora do mercado amoroso e até mesmo profissional. É tudo dissecado
no livro, mas a autora vai além e se dedica a duas outras questões.
Uma
delas é que engordar não está relacionado apenas a comida, e sim a
outras fomes não saciadas. É quando a autora revela as compensações que
algumas pessoas se concedem a fim de sublimar os outros alimentos que a
vida está lhes negando.
A outra questão diz respeito a todos
nós: se sabemos que alguém está fazendo mal a si próprio e não consegue
mudar seus hábitos, até que ponto os que estão de fora podem e devem se
intrometer? É possível socorrer alguém que está visivelmente doente e
que desistiu de se curar? Aliás, por onde começaria essa cura? Por
alguma dieta milagrosa? Ou por uma tomada de consciência mais profunda?
Certamente,
a cura não virá de uma convocação para participar do “Medida Certa”, do
Fantástico. Lionel Shriver, com esse livro, faz um acerto de contas com
o irmão que partiu, tentando dar outro final à sua história particular,
ainda que de forma fictícia. No fim das contas, todas as histórias
poderiam ser diferentes. Uma angústia que permeia toda a obra da autora,
e as nossas vidas também.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Fernando Brant-Território de brincar
Como suei, como joguei e marquei gols e fiz amigos por entre as
árvores daquela ladeira enorme
Fernando Brant
Estado de Minas: 18/12/2013
Fernando Brant
Estado de Minas: 18/12/2013
Desci do táxi para
cumprir uma tarefa bem mineira, comprar queijos. Fiz o que tinha de
fazer e saí para a rua, satisfeito. Aquele quarteirão de rua me conhece
bem e eu o conheço também. Fui parar ali com 9 anos e por três anos e
meio aquele foi meu lugar, minha primeira casa em Belo Horizonte.
Fui caminhando, guarda-chuva aberto para me proteger dos primeiros pingos de chuva no fim de tarde. Não pensava em nada especial, flanava, quando a chuva apertou e resolvi aguardar debaixo da marquise de um prédio quase pronto. Viro-me e reparo no número da edificação. 36, Rua Cláudio Manoel, 36. Assustei-me. Foi ali que começou minha vida na capital mineira, mineirinho vindo do interior, lá das Diamantinas. Era tímido, mas logo me enturmei. Fui o Dindilin, um dos reis das peladas daquela região. Memórias de bola, bonde e amigos. Já voltara por aquelas bandas, mas a tarde chuvosa me fez lembrar de muita coisa.
Resolvi andar mais um pouco e, na esquina, contemplei aquele quarteirão de avenida, hoje repleto de automóveis, que foi palco das memoráveis batalhas futebolísticas entre os times da Cláudio Manoel e da Contorno. Como suei, como joguei e marquei gols e fiz amigos por entre as árvores daquela ladeira enorme. Difícil, hoje, acreditar que meninos faziam suas peladas por ali.
O Zé Açougueiro, meu fã, me dava Guarapan quando eu vencia e ainda marcava. Do outro lado da avenida, onde existe agora um imenso complexo laboratorial e hospitalar, havia um hospital para pessoas com problemas mentais. Alguns internos, sentados num alto muro que dava para o campo-avenida, ficavam assistindo ao nosso subir e descer atrás de bola. Um desses nossos assistentes, fui saber mais tarde, era Heleno de Freitas.
Esse contato e lembranças de espaços de nossa infância não é saudosismo. Apenas valoriza um tempo que ontem nossos filhos ocuparam e, hoje, os netos. Não é volta ao passado. Essa, quando há, é divertida. Quando voltei, adulto, à casa dos meus avós, em Pitangui, me espantei com o tamanho diminuto do quintal.
Ali, ao longo de anos, me escondi e me perdi. Minha referência objetiva de gente grande não foi capaz de apagar os sentimentos que eu guardara e permaneciam em mim. Nesse sentido, foi gostoso ter passado um bom tempo de minha infância em terras diamantinas, subindo e descendo ladeira, brincando na enxurrada, estudando em grupos públicos, que, mesmo no fundo interior do país, eram muito bons. E como a cidade colonial preserva sua estrutura, suas ruas, suas casas e prédios, o adulto Fernando, quando a visita, não precisa executar nenhum arabesco mental para se sentir à vontade.
O lugarzinho é o mesmo. Mas o melhor é que o tipo de gente que lá vive conserva aquele jeito de ser que abraça, aquece e comove. É o que quero da cidade em que vivo. Crescer sem perder suas qualidades.
Fui caminhando, guarda-chuva aberto para me proteger dos primeiros pingos de chuva no fim de tarde. Não pensava em nada especial, flanava, quando a chuva apertou e resolvi aguardar debaixo da marquise de um prédio quase pronto. Viro-me e reparo no número da edificação. 36, Rua Cláudio Manoel, 36. Assustei-me. Foi ali que começou minha vida na capital mineira, mineirinho vindo do interior, lá das Diamantinas. Era tímido, mas logo me enturmei. Fui o Dindilin, um dos reis das peladas daquela região. Memórias de bola, bonde e amigos. Já voltara por aquelas bandas, mas a tarde chuvosa me fez lembrar de muita coisa.
Resolvi andar mais um pouco e, na esquina, contemplei aquele quarteirão de avenida, hoje repleto de automóveis, que foi palco das memoráveis batalhas futebolísticas entre os times da Cláudio Manoel e da Contorno. Como suei, como joguei e marquei gols e fiz amigos por entre as árvores daquela ladeira enorme. Difícil, hoje, acreditar que meninos faziam suas peladas por ali.
O Zé Açougueiro, meu fã, me dava Guarapan quando eu vencia e ainda marcava. Do outro lado da avenida, onde existe agora um imenso complexo laboratorial e hospitalar, havia um hospital para pessoas com problemas mentais. Alguns internos, sentados num alto muro que dava para o campo-avenida, ficavam assistindo ao nosso subir e descer atrás de bola. Um desses nossos assistentes, fui saber mais tarde, era Heleno de Freitas.
Esse contato e lembranças de espaços de nossa infância não é saudosismo. Apenas valoriza um tempo que ontem nossos filhos ocuparam e, hoje, os netos. Não é volta ao passado. Essa, quando há, é divertida. Quando voltei, adulto, à casa dos meus avós, em Pitangui, me espantei com o tamanho diminuto do quintal.
Ali, ao longo de anos, me escondi e me perdi. Minha referência objetiva de gente grande não foi capaz de apagar os sentimentos que eu guardara e permaneciam em mim. Nesse sentido, foi gostoso ter passado um bom tempo de minha infância em terras diamantinas, subindo e descendo ladeira, brincando na enxurrada, estudando em grupos públicos, que, mesmo no fundo interior do país, eram muito bons. E como a cidade colonial preserva sua estrutura, suas ruas, suas casas e prédios, o adulto Fernando, quando a visita, não precisa executar nenhum arabesco mental para se sentir à vontade.
O lugarzinho é o mesmo. Mas o melhor é que o tipo de gente que lá vive conserva aquele jeito de ser que abraça, aquece e comove. É o que quero da cidade em que vivo. Crescer sem perder suas qualidades.
Frei Betto-Peça no Natal educação
Peça no Natal educação
Como não há Papai Noel, resta-nos a ação cidadã para que a qualidade do ensino seja considerada prioridade nacional
Frei BettoEstado de Minas: 18/12/2013
Minha amiga Gilda Portugal Gouvêa diz que seu partido político se chama educação. Quem dera os partidos no poder não tratassem a educação com tanto descaso. Basta dizer que o Plano Nacional de Educação (PNE), encaminhado ao Congresso em 2010, dormita desde então nas gavetas do Legislativo.
Talvez convenha aos “300 picaretas” do Congresso que a nossa gente prossiga inculta. Caso contrário, eles não seriam eleitos, reeleitos, imortalizados na política brasileira, tratando-a como seu feudo.
O Pisa, que mede a qualidade da educação de alunos de 6 a 15 anos no mundo, acaba de divulgar seu relatório 2003-2012. Entre 65 nações, o Brasil ocupa o vergonhoso 58º lugar, embora tenha tido o maior avanço em matemática entre alunos de 15 anos. Porém, pioramos dois pontos em matéria de leitura (haja TV e internet!) e não avançamos nem um ponto em ciências.
Nosso governo investe pouco em educação. Pouco mais de 5% do PIB. O PNE propõe subir para 7%. O ideal seriam 10%, como fizeram os países da Ásia, que, hoje, ocupam os primeiros lugares em educação de qualidade. Não há árvore sólida sem raízes profundas. O Brasil jamais investiu e incentivou a educação infantil, de até 6 anos. Ela é a base para que as pessoas venham a ter melhor desempenho na escola e na atividade profissional.
Nosso país gasta o equivalente a US$ 26.765 (cerca de R$ 63 mil) por aluno entre 6 e 15 anos. Menos de 1/3 do que é mundialmente recomendado: US$ 83.382 (cerca de R$ 196 mil) por estudante ao longo de nove anos. Entre 49 países, ocupamos a 38ª posição em gastos com a educação. Nos países melhor avaliados, os recursos destinados à educação são mais equitativamente distribuídos entre escolas que atendem pobres e ricos.
Aqui não. O ensino público está sucateado, os professores ganham mal e não dispõem de tempo de pesquisas e aprimoramento, as instalações são precárias, e a falta de tempo integral dos alunos na escola nos impede de vir a ser uma nação culta, com profissionais altamente qualificados. Nem sequer dispomos de um plano de valorização do professor.
O Vietnã, por exemplo, gasta apenas US$ 6.969 (cerca de R$ 16,4 mil) por aluno entre 6 e 15 anos, mas o faz tão bem que ocupa o 15º lugar na avaliação do Pisa, 41 postos acima do Brasil. Aliás, o Vietnã venceu os EUA pela segunda vez: a primeira, ao derrotá-los na guerra (1965-1975) e, agora, superou-os nas avaliações de matemática e ciências.
Entre os estados do Brasil, o que recebeu melhor nota no Pisa 2012 foi o Espírito Santo. O Distrito Federal ficou em 2º lugar. Minas, em 6º, São Paulo em 7º. E Rio em 10º. Na rabeira figuram Maranhão e Alagoas, governados até hoje por oligarquias políticas. Entre 2003 e 2012, foram incluídos nas escolas 420 mil crianças e jovens. O governo federal se gaba disso. Mas, e a qualidade do ensino? Por que o Brasil se sai tão mal nas avaliações do item educação?
Pesquisa recente em 100 universidades dos países emergentes (Brasil, China, Rússia, Índia, África do Sul, Turquia, Polônia, Taiwan e Tailândia) apontou apenas quatro de nossas universidades no ranking: USP (11ª), Unicamp (24ª), UFRJ (60ª) e Unesp (87ª). A China aparece no topo, com 23 universidades entre as 100.
Dados do IBGE (Pnad 2012) divulgados na última semana de novembro revelam algo estarrecedor: 9,6 milhões de jovens brasileiros, entre 15 e 29 anos, não estudam nem trabalham. É a turma do “nem nem”. Isso equivale a uma em cada cinco pessoas da respectiva faixa etária. Mais do que a população de Pernambuco, que no Censo de 2010 somava 8,7 milhões de pessoas. Diante desse dado, não surpreende a força do narcotráfico e o alto número de jovens daquela faixa de idade que são assassinos ou assassinados. Como viver ou se ocupar sem estudar e/ou trabalhar?
Neste Natal, se ainda acreditasse em Papai Noel, eu pediria a ele o único presente capaz de salvar a nação brasileira: educação. Como a ilusão acabou, resta a mim e a todos a ação cidadã, para que educação seja considerada prioridade nacional. A começar pela aprovação do projeto do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que obriga todo político a matricular seus filhos em escolas públicas.
Tv Paga
Com estilo
Estado de Minas : 18/12/2013
Executiva de uma gravadora de Nova York, Lisa tem um estilo mais adequado a um vídeo de música do que à sua sala de reuniões. Ela se veste para atrair olhares – e consegue, mas pelos motivos errados. Lisa fica feliz ao usar regatas e jeans, roupas de personagens e o máximo de acessórios que consegue carregar. Por isso, suas amigas acham que ela precisa aprender a se vestir melhor. Os consultores Clinton Kelly e Stacy London (foto) vão ensinar Lisa a se vestir de uma maneira mais chique e menos chocante em “O garda-roupa”, episódio especial de Esquadrão da moda, que vai ao ar hoje, às 23h, no Discovery Channel.
Duas boas dicas para
hoje no Canal Brasil
Inédito também é o episódio
de hoje de Sangue latino, às 21h30, no Canal Brasil. Eric Nepomuceno se encontra com o escritor Sérgio Sant'Anna, que revela qual é a matéria-prima da arte e o sentido da vida, além de falar de suas inspirações – entre elas David Foster Wallace e Simone de Beauvoir. Na mesma emissora, à meia-noite, em Com frescura, Rogéria conversa com a atriz Ilva Niño, que fala de sua família de músicos e do início da carreira no teatro.
Viver com fé vai até
a cidade de Jerusalém
No GNT, Cissa Guimarães continua sua peregrinação pela Terra Santa em Viver com fé, às 22h30. O especial gravado em Israel chega hoje a Jerusalém, onde Cissa conhece a Midrasha Shaarei Bina, uma escola brasileira para meninas entre 16 e 26 anos que estudam o Judaísmo e se aprofundam na tradição religiosa e cultural. Cissa conversa com meninas cujas histórias de vida a levaram a buscar o judaísmo como inspiração para mudanças pessoais e para a construção de uma nova identidade.
Fox exibe o final da
série Se eu fosse você
Por falar em Brasil, a Fox exibe hoje, às 22h30, o último episódio da série Se eu fosse você, baseada no filme homônimo de grande sucesso no cinema. E o episódio especial terá uma hora de duração. Paloma Duarte e Heitor Martinez formam o casal protagonista que, num passe de mágica, acaba trocando de corpo um com o outro. Também participam da produção os atores Cecil Thiré, Rosane Gofman, Antonio Tabet e Julia Rabello.
Cinema brasileiro em
alta na programação
A comédia Muito gelo e dois dedos d’água, de Daniel Filho, com Mariana Ximenes, Paloma Duarte, Laura Cardoso, Ângelo Paes Leme e Thiago Lacerda, é o destaque de hoje do pacote de filmes, programado para as 21h30, no canal Viva. No Arte 1, às 21h50, a atração é Procurando Elly, do iraniano Asghar Farhadi. Na faixa das 22h, o assinante tem oito boas opções: Segurança nacional, no Canal Brasil; Apagar histórico, na HBO; Projeto X, no Max HD; Donnie Brasco, no ID; Diário de um jornalista bêbado, no Telecine Touch; Jack Reacher – O último tiro, no Telecine Pipoca; Erin Brockovich – Uma mulher de talento, no Sony Spin; e Beleza americana, na MGM. Outras atrações da programação: Olha quem está falando, às 21h, no Comedy Central; Negócio arriscado, às 22h05, no TCM; O procurado, às 22h20, no Megapix; e O pior trabalho do mundo, às 23h05, no Universal Channel..
Estado de Minas : 18/12/2013
Executiva de uma gravadora de Nova York, Lisa tem um estilo mais adequado a um vídeo de música do que à sua sala de reuniões. Ela se veste para atrair olhares – e consegue, mas pelos motivos errados. Lisa fica feliz ao usar regatas e jeans, roupas de personagens e o máximo de acessórios que consegue carregar. Por isso, suas amigas acham que ela precisa aprender a se vestir melhor. Os consultores Clinton Kelly e Stacy London (foto) vão ensinar Lisa a se vestir de uma maneira mais chique e menos chocante em “O garda-roupa”, episódio especial de Esquadrão da moda, que vai ao ar hoje, às 23h, no Discovery Channel.
Duas boas dicas para
hoje no Canal Brasil
Inédito também é o episódio
de hoje de Sangue latino, às 21h30, no Canal Brasil. Eric Nepomuceno se encontra com o escritor Sérgio Sant'Anna, que revela qual é a matéria-prima da arte e o sentido da vida, além de falar de suas inspirações – entre elas David Foster Wallace e Simone de Beauvoir. Na mesma emissora, à meia-noite, em Com frescura, Rogéria conversa com a atriz Ilva Niño, que fala de sua família de músicos e do início da carreira no teatro.
Viver com fé vai até
a cidade de Jerusalém
No GNT, Cissa Guimarães continua sua peregrinação pela Terra Santa em Viver com fé, às 22h30. O especial gravado em Israel chega hoje a Jerusalém, onde Cissa conhece a Midrasha Shaarei Bina, uma escola brasileira para meninas entre 16 e 26 anos que estudam o Judaísmo e se aprofundam na tradição religiosa e cultural. Cissa conversa com meninas cujas histórias de vida a levaram a buscar o judaísmo como inspiração para mudanças pessoais e para a construção de uma nova identidade.
Fox exibe o final da
série Se eu fosse você
Por falar em Brasil, a Fox exibe hoje, às 22h30, o último episódio da série Se eu fosse você, baseada no filme homônimo de grande sucesso no cinema. E o episódio especial terá uma hora de duração. Paloma Duarte e Heitor Martinez formam o casal protagonista que, num passe de mágica, acaba trocando de corpo um com o outro. Também participam da produção os atores Cecil Thiré, Rosane Gofman, Antonio Tabet e Julia Rabello.
Cinema brasileiro em
alta na programação
A comédia Muito gelo e dois dedos d’água, de Daniel Filho, com Mariana Ximenes, Paloma Duarte, Laura Cardoso, Ângelo Paes Leme e Thiago Lacerda, é o destaque de hoje do pacote de filmes, programado para as 21h30, no canal Viva. No Arte 1, às 21h50, a atração é Procurando Elly, do iraniano Asghar Farhadi. Na faixa das 22h, o assinante tem oito boas opções: Segurança nacional, no Canal Brasil; Apagar histórico, na HBO; Projeto X, no Max HD; Donnie Brasco, no ID; Diário de um jornalista bêbado, no Telecine Touch; Jack Reacher – O último tiro, no Telecine Pipoca; Erin Brockovich – Uma mulher de talento, no Sony Spin; e Beleza americana, na MGM. Outras atrações da programação: Olha quem está falando, às 21h, no Comedy Central; Negócio arriscado, às 22h05, no TCM; O procurado, às 22h20, no Megapix; e O pior trabalho do mundo, às 23h05, no Universal Channel..
Reedição da Coleção Fradim, com 32 revistas, resgata uma das mais importantes criações de Henfil.
A volta do Baixim
Reedição da Coleção Fradim, com 32 revistas, resgata uma das mais importantes criações de Henfil. Instituto dedicado à preservação da obra do artista reúne mais de 15 mil originais
Ailton Magioli
Estado de Minas: 18/12/2013
O lançamento da Coleção Fradim, pelo instituto e ONG batizados com o nome do artista, marca os 25 anos da morte de Henrique de Souza Filho, o Henfil (1944-1988), além de inaugurar as celebrações, em fevereiro, dos 70 anos do artista mineiro, cuja morte precoce, aos 43, ainda provoca revolta. Afinal, foi por causa do descaso do poder público que o então hemofílico Henfil se contaminou com o vírus HIV, depois de uma transfusão de sangue.
Filho único do chargista, Ivan Cosenza de Souza, de 44 anos, diz que mesmo sabendo de cor as histórias dos fradinhos Baixim e Cumprido, acabou relendo tudo para o relançamento dos personagens, publicados, inicialmente, na revista Alterosa, de Belo Horizonte, em 1964. A princípio, tratava-se de uma dupla de silenciosos desordeiros, desenhados em traço ainda amador.
Em 1971, já no Rio, Henfil lançaria a primeira revista do Fradim, na verdade, um “gibizão”, que reunia uma coletânea do que havia sido publicado pela revista mineira, além de nas páginas do jornal Pasquim. De 1971 a 1980, foram 31 edições nos formatos “tijolo em pé” e “tijolo deitado”, agora acrescidos da de nº zero, em que o filho do cartunista conta tudo sobre a nova coleção, que tem o exemplar vendido a R$ 15 cada.
“Apesar de se tratar de uma revista, a que estamos lançando agora não será vendida em banca, apenas via internet”, adverte o presidente do Instituto Henfil, cuja parceria com Mateus Prado, presidente de honra da ONG Henfil – Educação e Sustentabilidade, possibilitou a reedição do clássico dos quadrinhos brasileiros, que estão sendo vendidos no endereço virtual http://lojavirtual.institutohenfil.org.br/colecao-fradim.html.
Segundo o também cartunista Nilson, que foi amigo de Henfil, com quem morou, ao lado de Glauco, de 1979 a 1981, os fradinhos surgiram da inspiração do chargista ao conhecer os monges e irmãos Ratton, de Belo Horizonte, em um mosteiro dominicano do Bairro Serra, na região Centro-Sul. “Foi antes do golpe militar, quando havia uma igreja atuante, com a participação de pastorais e de grupos de jovens”, recorda Nilson, salientando o fato de os irmãos Souza – Betinho, Cândida e Zilá – terem se envolvido com o movimento na época.
“Mesmo antes de começar a desenhar, Henfil conviveu com os dominicanos, que acabaram inspirando-o a criar os personagens. Ele contou que um dia estava no mosteiro quando viu passar uma fila de frades. Além de um homem alto (Cumprido) havia um baixinho (Baixim), que, olhando para ele, deu uma risada, tirou metade de um pão debaixo do hábito e deu uma dentada”, recorda Nilson, salientando que, a princípio, a dupla criada pelo chargista tinha algo de Sancho Pança e Dom Quixote, personagens de Miguel de Cervantes.
Humor e molecagem dominam os tipos criados por Henfil, por meio dos quais contestava os padrões de comportamento vigentes. A dupla trouxe à tona, ainda, personagens como Zeferino, Bode Francisco , Orelana, Graúna, Turma da Caatinga, com os quais o chargista usava e abusava do politicamente incorreto para estampar sua crítica social. “É um processo psicológico e político. Cada um de nós tem os dois fradinhos dentro de si”, avalia Nilson, destacando a dialética dos personagens de Henfil.
Sem hipocrisia Depois de um pré-lançamento na Bienal do Rio, o lançamento da nova coleção do Fradim está agendado para 5 de fevereiro, no Museu da República, no Rio, quando Henfil completaria 70 anos. “Nada melhor para marcar a data do que o primeiro grande trabalho dele”, aposta o filho, destacando a hipocrisia, a autocensura e o preconceito do politicamente correto, tão bem criticados pelos dois fradinhos.
Temas como racismo, machismo e homossexualidade foram abordados pelo chargista, que, segundo Ivan, foi “limpando” o traço no decorrer da carreira, cujos primeiros desenhos eram mais detalhados. Para Nilson, Henfil teve a capacidade de calar muito gente com seu traço ao transformar a Graúna, por exemplo, em um ponto de exclamação, enquanto o corpo do Fradim às vezes limitava-se a uma única linha. “O objetivo do desenho dele era passar mensagem”, aposta o filho, lembrando que se Henfil parasse para elaborar o desenho, acabaria perdendo tempo e eficácia.
De acordo com Ivan, com a ditadura o pai teria aprendido a artimanha do que a censura liberava. “Só não podia haver críticas ao governo. Ao povo e ao movimento sindical podia. Então, ele falava mal no sentido de incitar as pessoas contra a ordem das coisas”, analisa Ivan.
Palavra de filho
“Cresci acompanhando os desenhos do meu pai e aprendi a ler com as revistas do Fradim. Cada revista que chegava, seja pelos correios ou entregue pessoalmente, era uma alegria para mim. Mas, é lógico, eu preferia quando ele trazia pessoalmente, porque aí a dedicatória era feita na hora, e eu adorava vê-lo desenhando, os personagens surgindo na minha frente, com uma mensagem para mim.
Mas o mais importante era a visita dele, poder matar as saudades. Meu pai sempre falava que os personagens dele eram meus irmãos, já que eu era filho único. Em uma dedicatória ele escreveu: ‘Pro meu filho mais bonito, os outros 37 são todos feios...’. E de todos esses ‘irmãos’, os que mais me acompanharam foram exatamente os fradinhos e a turma da Caatinga, que faziam parte das revistas do Fradim, que finalmente consigo relançar.”
n Ivan Cosenza de Souza, filho de Henfil.
Sonho da sede própria
A dificuldade em administrar o legado do pai, como pessoa física, levou Ivan Cosenza de Souza a criar o Instituto Henfil em 2009, cujo principal objetivo é catalogar a obra do pai, disponibilizando-a ao público. Com a proximidade do aniversário de 70 anos de Henfil, o filho alimenta a esperança de realizar o sonho da sede própria, para a catalogação e pesquisa dos cerca de 15 mil originais herdados de Henfil, além dos que lhe são oferecidos por terceiros, que ele ainda não pôde aceitar por ausência de espaço físico.
Além de uma quantidade maior de desenhos (tirinhas da Graúna e charges do Orelhão, que são políticas), Ivan também guarda uma quantidade grande das charges esportivas do pai, da época em que Henfil acabou responsável por criar os mascotes de times cariocas, popularizados apenas como Urubu (Flamengo), Bacalhau (Vasco da Gama) e Pó-de-arroz (Fluminense).
Ivan ressalta ainda a presença de uma série de histórias infantis que o pai criou especialmente para ele. “São 12 historinhas que transformei em livros. Não havia textos, que, no entanto, estavam em minha memória. Peguei os rascunhos, colori e botei os textos”, relata a respeito dos livros da coleção Sapo Ivan, que, depois do lançamento de 10 títulos, pela Nova Fronteira, ainda guarda dois inéditos. Henfil, que estreou carreira em Belo Horizonte, com passagens pelo Diário de Minas e Diário da Tarde, além da revista Alterosa, também publicaria em órgãos de imprensa do Rio (O Dia, Última Hora, Jornal do Brasil e O Globo) e São Paulo (Estado de S. Paulo).
Além disso, a trajetória vitoriosa do artista passou pelo Pasquim e Jornal dos Sports, ambos com sede no Rio. Para os que não se recordam, vale lembrar que o batismo de Henfil foi feito pelo escritor e ex-cronista do Estado de Minas Roberto Drummond (1933-2002 ), utilizando as letras iniciais do próprio nome do chargista: Hen(rique) Fil(ho).
Reedição da Coleção Fradim, com 32 revistas, resgata uma das mais importantes criações de Henfil. Instituto dedicado à preservação da obra do artista reúne mais de 15 mil originais
Ailton Magioli
Estado de Minas: 18/12/2013
Reedição da Coleção Fradim, com 32 revistas, resgata uma das mais importantes criações de Henfil |
O lançamento da Coleção Fradim, pelo instituto e ONG batizados com o nome do artista, marca os 25 anos da morte de Henrique de Souza Filho, o Henfil (1944-1988), além de inaugurar as celebrações, em fevereiro, dos 70 anos do artista mineiro, cuja morte precoce, aos 43, ainda provoca revolta. Afinal, foi por causa do descaso do poder público que o então hemofílico Henfil se contaminou com o vírus HIV, depois de uma transfusão de sangue.
Filho único do chargista, Ivan Cosenza de Souza, de 44 anos, diz que mesmo sabendo de cor as histórias dos fradinhos Baixim e Cumprido, acabou relendo tudo para o relançamento dos personagens, publicados, inicialmente, na revista Alterosa, de Belo Horizonte, em 1964. A princípio, tratava-se de uma dupla de silenciosos desordeiros, desenhados em traço ainda amador.
Em 1971, já no Rio, Henfil lançaria a primeira revista do Fradim, na verdade, um “gibizão”, que reunia uma coletânea do que havia sido publicado pela revista mineira, além de nas páginas do jornal Pasquim. De 1971 a 1980, foram 31 edições nos formatos “tijolo em pé” e “tijolo deitado”, agora acrescidos da de nº zero, em que o filho do cartunista conta tudo sobre a nova coleção, que tem o exemplar vendido a R$ 15 cada.
“Apesar de se tratar de uma revista, a que estamos lançando agora não será vendida em banca, apenas via internet”, adverte o presidente do Instituto Henfil, cuja parceria com Mateus Prado, presidente de honra da ONG Henfil – Educação e Sustentabilidade, possibilitou a reedição do clássico dos quadrinhos brasileiros, que estão sendo vendidos no endereço virtual http://lojavirtual.institutohenfil.org.br/colecao-fradim.html.
Segundo o também cartunista Nilson, que foi amigo de Henfil, com quem morou, ao lado de Glauco, de 1979 a 1981, os fradinhos surgiram da inspiração do chargista ao conhecer os monges e irmãos Ratton, de Belo Horizonte, em um mosteiro dominicano do Bairro Serra, na região Centro-Sul. “Foi antes do golpe militar, quando havia uma igreja atuante, com a participação de pastorais e de grupos de jovens”, recorda Nilson, salientando o fato de os irmãos Souza – Betinho, Cândida e Zilá – terem se envolvido com o movimento na época.
“Mesmo antes de começar a desenhar, Henfil conviveu com os dominicanos, que acabaram inspirando-o a criar os personagens. Ele contou que um dia estava no mosteiro quando viu passar uma fila de frades. Além de um homem alto (Cumprido) havia um baixinho (Baixim), que, olhando para ele, deu uma risada, tirou metade de um pão debaixo do hábito e deu uma dentada”, recorda Nilson, salientando que, a princípio, a dupla criada pelo chargista tinha algo de Sancho Pança e Dom Quixote, personagens de Miguel de Cervantes.
Humor e molecagem dominam os tipos criados por Henfil, por meio dos quais contestava os padrões de comportamento vigentes. A dupla trouxe à tona, ainda, personagens como Zeferino, Bode Francisco , Orelana, Graúna, Turma da Caatinga, com os quais o chargista usava e abusava do politicamente incorreto para estampar sua crítica social. “É um processo psicológico e político. Cada um de nós tem os dois fradinhos dentro de si”, avalia Nilson, destacando a dialética dos personagens de Henfil.
Sem hipocrisia Depois de um pré-lançamento na Bienal do Rio, o lançamento da nova coleção do Fradim está agendado para 5 de fevereiro, no Museu da República, no Rio, quando Henfil completaria 70 anos. “Nada melhor para marcar a data do que o primeiro grande trabalho dele”, aposta o filho, destacando a hipocrisia, a autocensura e o preconceito do politicamente correto, tão bem criticados pelos dois fradinhos.
Temas como racismo, machismo e homossexualidade foram abordados pelo chargista, que, segundo Ivan, foi “limpando” o traço no decorrer da carreira, cujos primeiros desenhos eram mais detalhados. Para Nilson, Henfil teve a capacidade de calar muito gente com seu traço ao transformar a Graúna, por exemplo, em um ponto de exclamação, enquanto o corpo do Fradim às vezes limitava-se a uma única linha. “O objetivo do desenho dele era passar mensagem”, aposta o filho, lembrando que se Henfil parasse para elaborar o desenho, acabaria perdendo tempo e eficácia.
De acordo com Ivan, com a ditadura o pai teria aprendido a artimanha do que a censura liberava. “Só não podia haver críticas ao governo. Ao povo e ao movimento sindical podia. Então, ele falava mal no sentido de incitar as pessoas contra a ordem das coisas”, analisa Ivan.
Palavra de filho
“Cresci acompanhando os desenhos do meu pai e aprendi a ler com as revistas do Fradim. Cada revista que chegava, seja pelos correios ou entregue pessoalmente, era uma alegria para mim. Mas, é lógico, eu preferia quando ele trazia pessoalmente, porque aí a dedicatória era feita na hora, e eu adorava vê-lo desenhando, os personagens surgindo na minha frente, com uma mensagem para mim.
Mas o mais importante era a visita dele, poder matar as saudades. Meu pai sempre falava que os personagens dele eram meus irmãos, já que eu era filho único. Em uma dedicatória ele escreveu: ‘Pro meu filho mais bonito, os outros 37 são todos feios...’. E de todos esses ‘irmãos’, os que mais me acompanharam foram exatamente os fradinhos e a turma da Caatinga, que faziam parte das revistas do Fradim, que finalmente consigo relançar.”
n Ivan Cosenza de Souza, filho de Henfil.
Sonho da sede própria
A dificuldade em administrar o legado do pai, como pessoa física, levou Ivan Cosenza de Souza a criar o Instituto Henfil em 2009, cujo principal objetivo é catalogar a obra do pai, disponibilizando-a ao público. Com a proximidade do aniversário de 70 anos de Henfil, o filho alimenta a esperança de realizar o sonho da sede própria, para a catalogação e pesquisa dos cerca de 15 mil originais herdados de Henfil, além dos que lhe são oferecidos por terceiros, que ele ainda não pôde aceitar por ausência de espaço físico.
Além de uma quantidade maior de desenhos (tirinhas da Graúna e charges do Orelhão, que são políticas), Ivan também guarda uma quantidade grande das charges esportivas do pai, da época em que Henfil acabou responsável por criar os mascotes de times cariocas, popularizados apenas como Urubu (Flamengo), Bacalhau (Vasco da Gama) e Pó-de-arroz (Fluminense).
Ivan ressalta ainda a presença de uma série de histórias infantis que o pai criou especialmente para ele. “São 12 historinhas que transformei em livros. Não havia textos, que, no entanto, estavam em minha memória. Peguei os rascunhos, colori e botei os textos”, relata a respeito dos livros da coleção Sapo Ivan, que, depois do lançamento de 10 títulos, pela Nova Fronteira, ainda guarda dois inéditos. Henfil, que estreou carreira em Belo Horizonte, com passagens pelo Diário de Minas e Diário da Tarde, além da revista Alterosa, também publicaria em órgãos de imprensa do Rio (O Dia, Última Hora, Jornal do Brasil e O Globo) e São Paulo (Estado de S. Paulo).
Além disso, a trajetória vitoriosa do artista passou pelo Pasquim e Jornal dos Sports, ambos com sede no Rio. Para os que não se recordam, vale lembrar que o batismo de Henfil foi feito pelo escritor e ex-cronista do Estado de Minas Roberto Drummond (1933-2002 ), utilizando as letras iniciais do próprio nome do chargista: Hen(rique) Fil(ho).
Eduardo Almeida Reis-Banhos
Banhos
A escritora britânica Sarah Bakewell deu-nos livro delicioso sobre o filósofo Michel Eyquem de Montaigne
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 18/12/2013
O assunto banho é recorrente nestas bem traçadas, o que se explica: é de importância fundamental, o que não impediu que cavalheiros ilustres fossem inimigos do limpamento diário ou, quando menos, semanal. Nolan Bushnell, testemunha ocular e olfativa, disse: “É a pura verdade o que se diz sobre sua excentricidade. Steve Jobs não gostava de tomar banho. Cheirava mal”. Auguste de Saint-Hilaire, nascido Augustin François César Prouvençal de Saint-Hilaire (1779–1853), passou anos de sobrecasaca e botas de montaria viajando pelo interior do Brasil, escreveu livros maravilhosos e não me lembro de ter lido uma só referência aos banhos que talvez tomasse. A escritora britânica Sarah Bakewell deu-nos livro delicioso sobre o filósofo Michel Eyquem de Montaigne, com perguntas instigantes como a da página 166: “Poderíamos concluir que Montaigne tivesse pênis pequeno?”. Napoleão Bonaparte formava no time dos maldotados, mas o nosso assunto é banho, motivo pelo qual informo que o imperador da França não gostava que a imperatriz Joséphine de Beauharnais se lavasse antes de ir ao leito. Essa do tamanho do pinto foi novidade, mas o livro de Sarah é tão extraordinário, a começar pela figura admirável do biografado, que justifica a indagação da biógrafa. As portas da torre do castelo da família, onde Montaigne trabalhava, tinham e têm 1,50m de altura. Já estavam lá quando o gênio herdou a propriedade de seu pai.
Montaigne, a exemplo de Gandhi e tantos outros biografados, também é suposto de ter tido ligação homoafetiva com Étienne de La Boétie, que morreu da peste provocada pelo Bacillus pestis, transmitido ao homem pela pulga do rato. Onde havia afinidade e mútua admiração intelectual, o pessoal viram orgulho gay, como diz o doutor honoris causa que vocês elegeram. Étienne era casado; Montaigne casou-se e teve sete filhas, das quais só uma sobreviveu. Dimensões penianas à parte, o livro de Sarah é fantástico e nos dá boa noção da França do século 16. Já existissem as armas atuais e não restaria um só francês, do tanto que se apunhalavam e se arcabuzavam católicos e protestantes, facções cristãs. E cortavam as gargantas e queimavam uns aos outros. Se o sujeito não morresse do Bacillus pestis, não escapava do punhal. O rei Henrique III foi apunhalado por um frade, que recebeu sentado numa privada. Diz a autora que era muito comum, naquele tempo, ser recebido por um rei assentado na privada. Henrique III tomava banhos e usava talheres à mesa. Henrique IV, que também morreria apunhalado (fora da privada), andava sujo “como homem” e cheirava a carne estragada. Amanhã tem mais.
Petismo
Referi-me a determinada filósofa petista como “aquele bagulho”, quando poderia ter dito que é um canhão, um breve contra a luxúria. Não citei o nome do bagulho supondo que existam duas ou três filósofas do PT, como aquela ilustre senhora do conselho relaxa de goza. Houve leitores que, para minha surpresa, se abespinharam com a referência. Nunca imaginei que, a esta altura do campeonato, o philosopho tivesse leitores petistas, mas, pelo visto, tinha e tem. Pior que isso: não acham que a imbecil seja um bagulho. Vejo nos jornais que, depois da prisão de alguns mensaleiros, parece ter aumentado o número de inscrições no PT. Fato perfeitamente explicável, pois em 1841 Charles Mackay, no livro Extraordinary popular delusions and madness of crowds, já dizia “da admiração popular pelos grandes ladrões”. Repito: em 1841.
A existência de petistas em dezembro de 2013 é justificada: “Uma das lições mais tristes da história é a seguinte: se formos enganados por muito tempo, a nossa tendência é rejeitar qualquer evidência do logro. Já não nos interessamos em descobrir a verdade. O engano nos aprisionou. É simplesmente doloroso demais admitir, mesmo para nós mesmos, que fomos enganados. Se deixamos que um charlatão tenha poder sobre nós, quase nunca conseguimos recuperar nossa independência. Por isso, os antigos logros tendem a persistir, enquanto surgem outros novos”. Vale notar que a referência ao livro de Mackay, na parte que diz da admiração popular pelos grandes ladrões, e a explicação sobre a tendência quase universal de rejeitar as evidências do logro, são de autoria de um dos maiores QIs jamais vistos, o de Carl Sagan, no livro O Mundo assombrado pelos demônios. Portanto, é perfeitamente explicável a corrida para inscrição no PT, mesmo considerando que os seus maiores ladrões ainda não entraram na lista dos presos. Quanto ao aprisionamento, por muito tempo, pelo charlatanismo do Cara, que faz o velho petista rejeitar a evidência do logro, também explica muita coisa. Em rigor, só não encontro explicação para a coluna Tiro e Queda contar com tantos leitores petistas.
O mundo é uma bola
18 de dezembro de 1906: Aquidauana, então no Mato Grosso, hoje no Mato Grosso do Sul, foi elevada a distrito. Morei lá perto (uma hora de voo em teco-teco) e atribuo àquela temporada o meu afastamento da cinefilia. Fartei-me de ir ao cinema aquidauanense quando só exibiam dois rolos de um filme de três. Em língua guaicuru Aquidauana significa “rio estreito”. Hoje é o Dia do Museólogo.
Ruminanças
“Hoje, se o gênio não se fingir de imbecil, não arranja emprego.” (Nelson Rodrigues, 1912–1980).
Elemento fundamental [Tratamento hiperbárico]
Elemento fundamental
Tratamento hiperbárico, que usa o oxigênio com pressão acima da ambiente, é eficiente para tratar lesões que não cicatrizam, como algumas que acometem diabéticos
Carolina Cotta
Estado de Minas: 18/12/2013
Sem oxigênio não há vida, e isso ninguém questiona. Mas o ar que respiramos também pode ser terapêutico. Está nas câmaras hiperbáricas – um equipamento totalmente fechado no qual é possível insuflar oxigênio puro e atingir uma pressão acima da pressão ambiente – a esperança de tratamento para uma série de doenças, entre elas o pé diabético. Estudos científicos já indicaram que até 85% das amputações no pé diabético foram precedidas por úlceras que poderiam ter sido tratadas com a oxigenoterapia hiperbárica, ainda não disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
O tratamento consiste na inalação de oxigênio a 100%, a uma pressão, no mínimo, duas vezes e meia maior que a atmosférica. Segundo a enfermeira Carla Teixeira Silva, mestre em ciências da enfermagem com ênfase em oxigenoterapia hiperbárica pela Universidade do Porto (Portugal), essas condições só podem ser atingidas dentro das câmaras, onde os pacientes realizam de 15 a 40 sessões, dependendo da gravidade do caso e da resposta. O paciente fica em repouso, respirando normalmente, enquanto oxigênio em grande quantidade vai se dissolvendo no sangue até chegar aos locais menos oxigenados.
Mariza D’Agostino Dias, médica intensivista e especializada em câmara hiperbárica, vivenciou os primeiros tratamentos do tipo no Brasil há cerca de 20 anos. Naquela época, já existiam algumas câmaras em São Paulo, mas nenhuma regra para sua utilização. A tecnologia nem sequer era algo novo, pois as câmaras surgiram nos anos 1940. Foi o uso acadêmico do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) que levou à regulamentação do tratamento. O Conselho Federal de Medicina passava a reconhecer o uso da câmara para algumas situações de infecção e inflamação.
Segundo Mariza, especialista no assunto e profissional do Hospital 9 de Julho, na capital paulista, o oxigênio tem que ser suprido continuamente, porque todos os mecanismos do corpo dependem dele em algum momento de sua função, e não há reservas no organismo. Se o oxigênio é insuficiente, o corpo não trabalha como deveria. É o caso de ferimentos que não cicatrizam. Quando há uma lesão, desencadeia-se uma reação que leva à cicatrização, recompondo o tecido. Mas para que essa programação se cumpra é necessário que o tecido disponha de oxigênio suficiente para o funcionamento das células.
Sem oxigênio, surgem as feridas de difícil cicatrização. Além de não fechar, elas acabam se infeccionando porque perdem as defesas contra as bactérias. “É por isso que o diabético tem dificuldade de cicatrização. A doença leva a uma falta de oxigenação crônica nos membros periféricos”, explica Mariza Dias.
Cerca de 60% dos pacientes que fazem oxigenoterapia hiperbárica são pessoas com pé diabético, quadro que pode levar a sérias complicações e até a amputação dos membros por causa da má vascularização, dano nos nervos da região acometida, perda de sensibilidade que aumenta o risco de traumas, ou infecções.
A oxigenoterapia hiperbárica não só trata as feridas, como também previne amputações, embora não exista indicação desse tipo de tratamento se não há lesões. “Se existe a ferida, o tratamento funciona como profilaxia de futuros problemas. Pessoas com pé diabético que não fazem a oxigenoterapia hiperbárica têm possibilidade de amputação de 33%, enquanto aqueles que fazem o tratamento têm o risco reduzido para 8%”, alerta Mariza Dias. Doenças crônicas como pé diabético e úlceras de varizes exigem 38 sessões. O tratamento de lesões agudas, queimaduras, traumatismos e abcessos é mais rápido.
MECANISMO DE AÇÃO Apenas 20% do ar que respiramos é oxigênio. Os outros 80% não são necessários para o funcionamento do corpo, sendo descartados. E esse oxigênio não é puro. Segundo o médico hiperbarista Roberto Carlos de Oliveira e Silva, do Centro Mineiro de Medicina Hiperbárica, o tratamento com oxigenoterapia hiperbárica tem como princípio a oferta de grande quantidade de oxigênio aos tecidos, já que os tecidos pobres em oxigênio (isquêmicos) são propensos a infecções e destruição tecidual (necrose).
Dentro da câmara hiperbárica com compressão, o oxigênio que penetra pelos pulmões por meio da respiração dilui-se no plasma e atinge tecidos com pouca irrigação e por consequência pobres em oxigênio.
“Com o auxílio desse oxigênio ofertado, as funções celulares e hormonais são reativadas, proporcionando um ambiente adequado para o combate a infecções e progressiva cicatrização das lesões. Mas a oxigenoterapia hiperbárica é um tratamento de associação, empregado juntamente com intervenções cirúrgicas, antibióticos, suporte nutricional e curativos”, destaca.
Oxigenoterapia hiperbárica
Publicação: 18/12/2013 04:00
É um método terapêutico no qual o paciente, no interior de uma câmara hiperbárica, é submetido a uma pressão duas ou até três vezes maior que a pressão atmosférica ao nível do mar, respirando oxigênio puro a 100%. O método provoca um aumento da quantidade de oxigênio transportada pelo sangue 20 vezes maior que o volume que circula em indivíduos respirando ao nível do mar.
Assim, o oxigênio produz
uma série de efeitos terapêuticos, como:
• combate infecções bacterianas e por fungos;
• compensa a deficiência de oxigênio decorrente de entupimentos de vasos sanguíneos ou sua destruição (em casos de esmagamentos e amputações de braços e pernas, normalizando a cicatrização de feridas crônicas e agudas);
• neutraliza substâncias tóxicas e toxinas;
• potencializa a ação de alguns antibióticos, tornando-os mais eficientes no combate às infecções;
• e ativa células relacionadas com a cicatrização de
feridas complexas.
A câmara
A câmara hiperbárica é um compartimento fechado, resistente à pressão, que pode ser pressurizado com ar comprimido ou oxigênio puro. Geralmente de formato cilíndrico, a câmara é construída de aço ou acrílico. Ela pode ser:
• Multipacientes
De grande porte, acomodam vários pacientes simultaneamente, que recebem o oxigênio por meio de máscaras e capacetes de plástico apropriados. Eles podem ficar sentados ou deitados. A pressão dentro da câmara aumenta com a utilização de ar. A sessão dura 120 minutos.
• Monopacientes
De tamanho menor, acomodam apenas um paciente, deitado, que respira o oxigênio diretamente da atmosfera da câmara, sem máscara. A pressão dentro da câmara aumenta utilizando-se oxigênio puro. A sessão dura 90 minutos.
Indicações
• Embolias gasosas;
• Doença descompressiva;
• Embolia traumática pelo ar;
• Envenenamento por monóxido de carbono ou inalação de fumaça;
• Envenenamento por cianeto ou derivados cianídricos;
• Gangrena gasosa;
• Síndrome de Fournier;
• Outras infecções necrosantes de tecidos moles: celulites, fasciites, e miosites;
• Isquemias agudas traumáticas: lesão por esmagamento, síndrome compartimental, reimplantação de extremidades amputadas;
• Vasculites agudas de etiologia alérgica, medicamentosa ou por toxinas biológicas (aracnídeos, ofídios
e insetos);
• Queimaduras térmicas
e elétricas;
• Lesões refratárias: úlceras de pele, pés diabéticos, escaras de decúbito; úlceras por vasculites autoimunes; deiscências de suturas;
• Lesões por radiação: radiodermite, osteorradionecrose e lesões actínicas de mucosas;
• Retalhos ou enxertos comprometidos ou de risco;
• Osteomielites;
• Anemia aguda, nos casos de impossibilidade de transfusão sanguínea.
Procedimento tem protocolo rigoroso
Publicação: 18/12/2013 04:00
Há um protocolo rígido para a realização da oxigenoterapia hiperbárica com segurança para os pacientes. Segundo Roberto Carlos de Oliveira e Silva, as roupas devem ser de algodão; é proibida a utilização de metais e equipamentos eletrônicos e não é permitido qualquer tipo de adereço ou acessórios. Também não se pode entrar com papéis dentro da câmara. Devem ser removidos todos os cremes, maquiagens, pomadas e soluções alcoólicas, iodadas e oleosas. Aparelhos ortopédicos metálicos devem ser cobertos por tecido de algodão e marca passo externo tem que ser retirado.
O paciente em tratamento deve se alimentar antes da sessão para evitar que ocorra queda dos níveis de glicose sanguínea durante as duas horas de permanência na câmara. Também deve urinar antes da sessão para evitar desconforto. Além disso, todas as feridas permanecem fechadas com seus respectivos curativos. “As feridas nunca ficam abertas. Não há necessidade da exposição da ferida ao oxigênio sob pressão. O tratamento é por via inalatória.” A oxigenoterapia hiperbárica é contraindicada em casos de perfuração do pulmão, gravidez e no caso do uso de algumas drogas para o tratamento de câncer.
PERSONAGEM DA NOTÍCIA » "Sou um recuperado"
NILTON SEBASTIÃO RIBAS - 48 ANOS, TOPÓGRAFO
Publicação: 18/12/2013 04:00
Ele veio de longe, de Belém do Pará. Assim que foi diagnosticado com um câncer de pele, em outubro, passou por dois procedimentos cirúrgicos para a remoção de algumas lesões. O primeiro, realizado em São Paulo, deu certo. O segundo, em Belém, trouxe uma série de complicações para o gaúcho, que mora no Pará por causa do emprego. “Foi uma tragédia. O médico fez um enxerto de pele na minha orelha, mas não pegou. Minha orelha, por dentro, ficou sem pele, em carne viva.” A lesão crônica precisava de um tratamento especializado e Nilton foi encaminhado para Belo Horizonte pelo plano de saúde da empresa. A cirurgiã plástica que assumiu o caso receitou: 40 sessões de oxigenoterapia hiperbárica. O topógrafo nunca tinha ouvido falar do método e ficou assustado com o primeiro contato com a câmara. “Fiquei preocupado com a pressão. Mas é como viajar em um avião pequeno ou mergulhar a 15 metros de profundidade. Começa com uma sensação de desconforto no ouvido, mas depois a gente se acostuma”, conta. Na metade do tratamento, uma das lesões de Nilton, na cabeça, já estava curada. As outras lesões estão em fase final de recuperação. “Fico duas horas por dia dentro da câmara, assentado. Temos dois intervalos de cinco minutos para beber água e ir ao banheiro. Mas hoje sou um recuperado. É um método excelente, pois resolveu meu problema. Não sinto nenhuma dor durante a sessão, só depois: sinto a sensação de a pele sendo puxada”, comemora.
Tratamento hiperbárico, que usa o oxigênio com pressão acima da ambiente, é eficiente para tratar lesões que não cicatrizam, como algumas que acometem diabéticos
Carolina Cotta
Estado de Minas: 18/12/2013
Câmara pode ser de dois modelos: um que acomoda vários pacientes (foto) e outro que recebe apenas um |
Sem oxigênio não há vida, e isso ninguém questiona. Mas o ar que respiramos também pode ser terapêutico. Está nas câmaras hiperbáricas – um equipamento totalmente fechado no qual é possível insuflar oxigênio puro e atingir uma pressão acima da pressão ambiente – a esperança de tratamento para uma série de doenças, entre elas o pé diabético. Estudos científicos já indicaram que até 85% das amputações no pé diabético foram precedidas por úlceras que poderiam ter sido tratadas com a oxigenoterapia hiperbárica, ainda não disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
O tratamento consiste na inalação de oxigênio a 100%, a uma pressão, no mínimo, duas vezes e meia maior que a atmosférica. Segundo a enfermeira Carla Teixeira Silva, mestre em ciências da enfermagem com ênfase em oxigenoterapia hiperbárica pela Universidade do Porto (Portugal), essas condições só podem ser atingidas dentro das câmaras, onde os pacientes realizam de 15 a 40 sessões, dependendo da gravidade do caso e da resposta. O paciente fica em repouso, respirando normalmente, enquanto oxigênio em grande quantidade vai se dissolvendo no sangue até chegar aos locais menos oxigenados.
Mariza D’Agostino Dias, médica intensivista e especializada em câmara hiperbárica, vivenciou os primeiros tratamentos do tipo no Brasil há cerca de 20 anos. Naquela época, já existiam algumas câmaras em São Paulo, mas nenhuma regra para sua utilização. A tecnologia nem sequer era algo novo, pois as câmaras surgiram nos anos 1940. Foi o uso acadêmico do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) que levou à regulamentação do tratamento. O Conselho Federal de Medicina passava a reconhecer o uso da câmara para algumas situações de infecção e inflamação.
Segundo Mariza, especialista no assunto e profissional do Hospital 9 de Julho, na capital paulista, o oxigênio tem que ser suprido continuamente, porque todos os mecanismos do corpo dependem dele em algum momento de sua função, e não há reservas no organismo. Se o oxigênio é insuficiente, o corpo não trabalha como deveria. É o caso de ferimentos que não cicatrizam. Quando há uma lesão, desencadeia-se uma reação que leva à cicatrização, recompondo o tecido. Mas para que essa programação se cumpra é necessário que o tecido disponha de oxigênio suficiente para o funcionamento das células.
Sem oxigênio, surgem as feridas de difícil cicatrização. Além de não fechar, elas acabam se infeccionando porque perdem as defesas contra as bactérias. “É por isso que o diabético tem dificuldade de cicatrização. A doença leva a uma falta de oxigenação crônica nos membros periféricos”, explica Mariza Dias.
Cerca de 60% dos pacientes que fazem oxigenoterapia hiperbárica são pessoas com pé diabético, quadro que pode levar a sérias complicações e até a amputação dos membros por causa da má vascularização, dano nos nervos da região acometida, perda de sensibilidade que aumenta o risco de traumas, ou infecções.
A oxigenoterapia hiperbárica não só trata as feridas, como também previne amputações, embora não exista indicação desse tipo de tratamento se não há lesões. “Se existe a ferida, o tratamento funciona como profilaxia de futuros problemas. Pessoas com pé diabético que não fazem a oxigenoterapia hiperbárica têm possibilidade de amputação de 33%, enquanto aqueles que fazem o tratamento têm o risco reduzido para 8%”, alerta Mariza Dias. Doenças crônicas como pé diabético e úlceras de varizes exigem 38 sessões. O tratamento de lesões agudas, queimaduras, traumatismos e abcessos é mais rápido.
MECANISMO DE AÇÃO Apenas 20% do ar que respiramos é oxigênio. Os outros 80% não são necessários para o funcionamento do corpo, sendo descartados. E esse oxigênio não é puro. Segundo o médico hiperbarista Roberto Carlos de Oliveira e Silva, do Centro Mineiro de Medicina Hiperbárica, o tratamento com oxigenoterapia hiperbárica tem como princípio a oferta de grande quantidade de oxigênio aos tecidos, já que os tecidos pobres em oxigênio (isquêmicos) são propensos a infecções e destruição tecidual (necrose).
Dentro da câmara hiperbárica com compressão, o oxigênio que penetra pelos pulmões por meio da respiração dilui-se no plasma e atinge tecidos com pouca irrigação e por consequência pobres em oxigênio.
“Com o auxílio desse oxigênio ofertado, as funções celulares e hormonais são reativadas, proporcionando um ambiente adequado para o combate a infecções e progressiva cicatrização das lesões. Mas a oxigenoterapia hiperbárica é um tratamento de associação, empregado juntamente com intervenções cirúrgicas, antibióticos, suporte nutricional e curativos”, destaca.
Oxigenoterapia hiperbárica
Publicação: 18/12/2013 04:00
É um método terapêutico no qual o paciente, no interior de uma câmara hiperbárica, é submetido a uma pressão duas ou até três vezes maior que a pressão atmosférica ao nível do mar, respirando oxigênio puro a 100%. O método provoca um aumento da quantidade de oxigênio transportada pelo sangue 20 vezes maior que o volume que circula em indivíduos respirando ao nível do mar.
Assim, o oxigênio produz
uma série de efeitos terapêuticos, como:
• combate infecções bacterianas e por fungos;
• compensa a deficiência de oxigênio decorrente de entupimentos de vasos sanguíneos ou sua destruição (em casos de esmagamentos e amputações de braços e pernas, normalizando a cicatrização de feridas crônicas e agudas);
• neutraliza substâncias tóxicas e toxinas;
• potencializa a ação de alguns antibióticos, tornando-os mais eficientes no combate às infecções;
• e ativa células relacionadas com a cicatrização de
feridas complexas.
A câmara
A câmara hiperbárica é um compartimento fechado, resistente à pressão, que pode ser pressurizado com ar comprimido ou oxigênio puro. Geralmente de formato cilíndrico, a câmara é construída de aço ou acrílico. Ela pode ser:
• Multipacientes
De grande porte, acomodam vários pacientes simultaneamente, que recebem o oxigênio por meio de máscaras e capacetes de plástico apropriados. Eles podem ficar sentados ou deitados. A pressão dentro da câmara aumenta com a utilização de ar. A sessão dura 120 minutos.
• Monopacientes
De tamanho menor, acomodam apenas um paciente, deitado, que respira o oxigênio diretamente da atmosfera da câmara, sem máscara. A pressão dentro da câmara aumenta utilizando-se oxigênio puro. A sessão dura 90 minutos.
Indicações
• Embolias gasosas;
• Doença descompressiva;
• Embolia traumática pelo ar;
• Envenenamento por monóxido de carbono ou inalação de fumaça;
• Envenenamento por cianeto ou derivados cianídricos;
• Gangrena gasosa;
• Síndrome de Fournier;
• Outras infecções necrosantes de tecidos moles: celulites, fasciites, e miosites;
• Isquemias agudas traumáticas: lesão por esmagamento, síndrome compartimental, reimplantação de extremidades amputadas;
• Vasculites agudas de etiologia alérgica, medicamentosa ou por toxinas biológicas (aracnídeos, ofídios
e insetos);
• Queimaduras térmicas
e elétricas;
• Lesões refratárias: úlceras de pele, pés diabéticos, escaras de decúbito; úlceras por vasculites autoimunes; deiscências de suturas;
• Lesões por radiação: radiodermite, osteorradionecrose e lesões actínicas de mucosas;
• Retalhos ou enxertos comprometidos ou de risco;
• Osteomielites;
• Anemia aguda, nos casos de impossibilidade de transfusão sanguínea.
Procedimento tem protocolo rigoroso
Publicação: 18/12/2013 04:00
Há um protocolo rígido para a realização da oxigenoterapia hiperbárica com segurança para os pacientes. Segundo Roberto Carlos de Oliveira e Silva, as roupas devem ser de algodão; é proibida a utilização de metais e equipamentos eletrônicos e não é permitido qualquer tipo de adereço ou acessórios. Também não se pode entrar com papéis dentro da câmara. Devem ser removidos todos os cremes, maquiagens, pomadas e soluções alcoólicas, iodadas e oleosas. Aparelhos ortopédicos metálicos devem ser cobertos por tecido de algodão e marca passo externo tem que ser retirado.
O paciente em tratamento deve se alimentar antes da sessão para evitar que ocorra queda dos níveis de glicose sanguínea durante as duas horas de permanência na câmara. Também deve urinar antes da sessão para evitar desconforto. Além disso, todas as feridas permanecem fechadas com seus respectivos curativos. “As feridas nunca ficam abertas. Não há necessidade da exposição da ferida ao oxigênio sob pressão. O tratamento é por via inalatória.” A oxigenoterapia hiperbárica é contraindicada em casos de perfuração do pulmão, gravidez e no caso do uso de algumas drogas para o tratamento de câncer.
PERSONAGEM DA NOTÍCIA » "Sou um recuperado"
NILTON SEBASTIÃO RIBAS - 48 ANOS, TOPÓGRAFO
Publicação: 18/12/2013 04:00
NILTON SEBASTIÃO RIBAS - 48 ANOS, TOPÓGRAFO |
Ele veio de longe, de Belém do Pará. Assim que foi diagnosticado com um câncer de pele, em outubro, passou por dois procedimentos cirúrgicos para a remoção de algumas lesões. O primeiro, realizado em São Paulo, deu certo. O segundo, em Belém, trouxe uma série de complicações para o gaúcho, que mora no Pará por causa do emprego. “Foi uma tragédia. O médico fez um enxerto de pele na minha orelha, mas não pegou. Minha orelha, por dentro, ficou sem pele, em carne viva.” A lesão crônica precisava de um tratamento especializado e Nilton foi encaminhado para Belo Horizonte pelo plano de saúde da empresa. A cirurgiã plástica que assumiu o caso receitou: 40 sessões de oxigenoterapia hiperbárica. O topógrafo nunca tinha ouvido falar do método e ficou assustado com o primeiro contato com a câmara. “Fiquei preocupado com a pressão. Mas é como viajar em um avião pequeno ou mergulhar a 15 metros de profundidade. Começa com uma sensação de desconforto no ouvido, mas depois a gente se acostuma”, conta. Na metade do tratamento, uma das lesões de Nilton, na cabeça, já estava curada. As outras lesões estão em fase final de recuperação. “Fico duas horas por dia dentro da câmara, assentado. Temos dois intervalos de cinco minutos para beber água e ir ao banheiro. Mas hoje sou um recuperado. É um método excelente, pois resolveu meu problema. Não sinto nenhuma dor durante a sessão, só depois: sinto a sensação de a pele sendo puxada”, comemora.
Café e leite em rotas opostas
Café e leite em rotas opostas
Enquanto os preços do grão despencaram 30,8% no ano, o valor pago aos pecuaristas registrou valorização de 28,45%
Paulo Henrique LobatoEstado de Minas: 18/12/2013
Dupla inseparável no
café da manhã de muitos mineiros, o café e o leite seguiram caminhos
diferentes em 2013. Enquanto os cafeicultores lamentaram o ano ruim, com
o preço médio da saca de 60 quilos despencando 30,8% em relação a 2012,
de R$ 428 para R$ 296, os produtores de leite comemoram os resultados
obtidos nesse exercício: o valor pago diretamente a eles subiu 28,45% de
janeiro a novembro no confronto com o mesmo período anterior. Os dados
fazem parte do balanço anual da Federação da Agricultura e Pecuária de
Minas Gerais (Faemg).
“(A situação atual dos cafeicultores) é algo bastante preocupante para nós, uma vez que o café é o principal produto do nosso agronegócio. Ele é cultivado em 607 dos 853 municípios do estado, sendo a principal atividade econômica em 340 deles”, disse Breno Mesquita, presidente da comissão de café tanto da Faemg quanto da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A expectativa é de que o preço continue baixo em 2014, uma vez que a commodity, marcada pela bianualidade, terá uma safra em alta.
Por outro lado, em razão da desmotivação dos fazendeiros com os preços, especialistas esperam uma retração no plantio. Já em relação ao leite, o analista de agronegócios da Faemg Wallisson Lara destaca que o alimento está valorizado tanto no mercado interno quanto no externo: “Esse quadro, somado ao consumo interno aquecido, contribuiu para a redução das importações e abre, inclusive, uma janela de oportunidade para que o produtor brasileiro invista em qualidade e produtividade. Isso poderá fazer com que o país saia da condição de importador e volte a ser um exportador de leite”.
Carnes e grãos Depois de amargarem em 2012 uma dramática redução no faturamento, em razão do alto preço das rações à base de milho e soja, o que levou muitos fazendeiros a abaterem as matrizes, os produtores de carne comemoraram as receitas apuradas em 2013. O Valor Bruto da Produção (VBP) do boi gordo, por exemplo, subiu 26,2%. Em toada praticamente igual, o faturamento bruto dos suínos decolou 25,6%. O das aves, 16,5%.
A trajetória de alta permanecerá em dezembro, devido às festas de fim de ano e ao pagamento do décimo terceiro salário. Para 2014, segundo previsão da Faemg, “a expectativa é de manutenção de um mercado interno bastante aquecido, impulsionado especialmente pelos eventos festivos e esportivos (Copa do Mundo) e por uma forte campanha de marketing para elevação do consumo. Também são esperados novos acordos internacionais”.
A colheita de milho chegou a 7,4 milhões de toneladas. O volume foi pouco menor do que o de 2012 (2,5%). Uma das justificativas é a seca que atingiu o Norte do estado este ano. Já a produção de soja saltou 9,8%, totalizando 3,4 milhões de toneladas. Como os preços da soja são mais atrativos e o Centro-Oeste do Brasil deve ter uma safra recorde de milho, o presidente da Comissão de Grãos da Faemg, Claudionor Nunes de Morais, acredita que cerca de 10% da área plantada de milho em 2013 deve receber sementes da soja em 2014. “De forma geral, esperamos outro ano igualmente bom, mas de muito mais estabilidade para a agricultura e a pecuária”, diz o presidente da Faemg, Roberto Simões, em relação às perspectivas para o ano que vem.
“(A situação atual dos cafeicultores) é algo bastante preocupante para nós, uma vez que o café é o principal produto do nosso agronegócio. Ele é cultivado em 607 dos 853 municípios do estado, sendo a principal atividade econômica em 340 deles”, disse Breno Mesquita, presidente da comissão de café tanto da Faemg quanto da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A expectativa é de que o preço continue baixo em 2014, uma vez que a commodity, marcada pela bianualidade, terá uma safra em alta.
Por outro lado, em razão da desmotivação dos fazendeiros com os preços, especialistas esperam uma retração no plantio. Já em relação ao leite, o analista de agronegócios da Faemg Wallisson Lara destaca que o alimento está valorizado tanto no mercado interno quanto no externo: “Esse quadro, somado ao consumo interno aquecido, contribuiu para a redução das importações e abre, inclusive, uma janela de oportunidade para que o produtor brasileiro invista em qualidade e produtividade. Isso poderá fazer com que o país saia da condição de importador e volte a ser um exportador de leite”.
Carnes e grãos Depois de amargarem em 2012 uma dramática redução no faturamento, em razão do alto preço das rações à base de milho e soja, o que levou muitos fazendeiros a abaterem as matrizes, os produtores de carne comemoraram as receitas apuradas em 2013. O Valor Bruto da Produção (VBP) do boi gordo, por exemplo, subiu 26,2%. Em toada praticamente igual, o faturamento bruto dos suínos decolou 25,6%. O das aves, 16,5%.
A trajetória de alta permanecerá em dezembro, devido às festas de fim de ano e ao pagamento do décimo terceiro salário. Para 2014, segundo previsão da Faemg, “a expectativa é de manutenção de um mercado interno bastante aquecido, impulsionado especialmente pelos eventos festivos e esportivos (Copa do Mundo) e por uma forte campanha de marketing para elevação do consumo. Também são esperados novos acordos internacionais”.
A colheita de milho chegou a 7,4 milhões de toneladas. O volume foi pouco menor do que o de 2012 (2,5%). Uma das justificativas é a seca que atingiu o Norte do estado este ano. Já a produção de soja saltou 9,8%, totalizando 3,4 milhões de toneladas. Como os preços da soja são mais atrativos e o Centro-Oeste do Brasil deve ter uma safra recorde de milho, o presidente da Comissão de Grãos da Faemg, Claudionor Nunes de Morais, acredita que cerca de 10% da área plantada de milho em 2013 deve receber sementes da soja em 2014. “De forma geral, esperamos outro ano igualmente bom, mas de muito mais estabilidade para a agricultura e a pecuária”, diz o presidente da Faemg, Roberto Simões, em relação às perspectivas para o ano que vem.
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