sexta-feira, 8 de março de 2013

Entre o pum e o papa - Paulo Ghiraldelli Jr

folha de são paulo

PAULO GHIRALDELLI JR.
TENDÊNCIAS/DEBATES
Entre o pum e o papa
O papa, ao menos em tese, é a pessoa mais apta a controlar seus impulsos fisiológicos. No Brasil, parece que estamos a anos-luz dele
Há dois elementos centrais na educação ocidental: o pum e o papa.
Agostinho foi o pensador que lidou com o que o filósofo contemporâneo Peter Sloterdijk chamou de "a semântica do peido". Agostinho era encantado com as proezas de controle fisiológico. Sua interpretação do pecado original atravessa esse assunto.
Adão e Eva desobedeceram a Deus ao comerem do fruto da árvore do conhecimento. Como membros do paraíso, se tornaram independentes de Deus. A punição imediata foi que eles próprios, em seus paraísos pessoais -seus corpos- viram como é triste não possuir controle. Tornaram-se vítimas da ereção involuntária e outros descontroles corporais. O homem e a mulher sentem vergonha quando agem como um tipo de fantoche maluco.
A luta contra essa sina foi uma meta de Agostinho. Ele se fez herdeiro do "conhece-te a ti mesmo" e da busca do "governo de si" socráticos tanto quanto esse projeto esteve ligado aos estoicos, epicuristas e, por meio de Paulo, aos cristãos. Sua ideia básica: mais que um exército que possa peidar junto, temos de ter uma humanidade com autolimites claros.
O papa é o chefe da igreja e o representante da divindade na Terra, dizem os católicos. Sendo assim, é aquele que, ao menos em tese, seria o homem mais apto a controlar seu pum. Com efeito, dificilmente, os papas se desviam de uma vontade férrea e um autocontrole fenomenal. Bento 16 não fugiu à regra. Falou que renunciaria caso não pudesse seguir sua missão e levou a cabo seu dito.
Foi usando dessa força filosófica de seus membros que a igreja contribuiu -não sem dor e sangue- para o caminho civilizatório, especialmente percorrido pelo Ocidente. Em muitos lugares, nos tornamos de tal modo donos de nós mesmos que pudemos deixar nossas juventudes pichar nos muros "É proibido proibir". Por que ousamos fazer isso?
O sociólogo Norbert Elias explicou mais ou menos assim: chegamos a tal ponto de sofisticação no autocontrole que pudemos criar zonas temporais e espaciais de "relaxamento dos instintos". A praia é um lugar que mostra bem isso. Até o menos educado já não tem qualquer ereção no meio de outros humanos quase inteiramente nus.
Todavia, se Agostinho e Elias vissem o Brasil, diriam o seguinte: as coisas não estão completas. Muito do que já é dispensado no Primeiro Mundo, aqui ainda é necessário! Tanto isso é verdade que o Estado fez uma esdrúxula campanha nesse Carnaval: "urine no banheiro". Creio que gastamos mais levando o pipi das pessoas ao lugar certo do que dizendo que essa parte do corpo precisa ser protegida para não pegar o HIV.
Eis aí esse problema todo traduzido politicamente: queremos que todos sejam livres e responsáveis, de modo a termos uma sociedade liberal, com as regras coercitivas mais brandas possíveis, mas, ao mesmo tempo, não nos responsabilizamos pelos animais, não cuidamos do espaço público, não ensinamos a nossos filhos os chamados "bons hábitos" e não cedemos lugar para os mais velhos em ônibus.
E mais: bebemos e logo em seguida saímos de carro. Isso sem falar o quanto desejamos todos usar da "carteirada". No Brasil, parece que estamos a anos-luz do papa. Ainda não somos donos de nosso próprio pum.

Quadrinhos

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PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE
LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
PRETO NO BRANCO      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
PRETO NO BRANCO      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS
JIM DAVIS

Estrelas do cinema participam de projeto sobre educação de meninas

folha de são paulo

VANESSA THORPE
DO "OBSERVER"

Anne Hathaway, Cate Blanchett, Meryl Streep e Freida Pinto estão entre as mulheres mais observadas do mundo. Agora, elas se juntaram a algumas outras estrelas para contar as histórias de nove meninas desconhecidas que lutaram por algo que deveria ser um direito universal: educação.
Num projeto com lançamento programado para coincidir com o Dia Internacional da Mulher, as quatro atrizes tiveram a companhia de Selena Gomez, Priyanka Chopra, Chloë Moretz, Salma Hayek, Kerry Washington e Alicia Keys. Todas cederam seu tempo para a realização de "Girl Rising" ("garota em ascensão"), que estreia hoje em Nova York.
O filme, do documentarista Richard E. Robbins, surgiu como uma investigação sobre um fato amplamente reconhecido por profissionais assistenciais internacionais: que educar meninas em países em desenvolvimento é a forma mais rápida e duradoura para melhorar as condições não só para elas, mas para comunidades inteiras.
"É realmente bastante simples, mas isso não quer dizer que não seja fácil", disse Robbins, acrescentando que em seis anos de pesquisa sempre encontrou a mesma resposta em áreas tão diversas quanto saúde infantil, economia e conscientização sobre a Aids.
"As estrelas foram fantásticas", disse ele. "Nenhuma viu o negócio inteiro, porque só finalizamos na semana passada. Elas estão todas convidadas para a estreia, é claro, inclusive Liam Neeson, que também trabalhou no filme."
Jonathan Short/Associated Press
Anne Hathaway posa com o prêmio de atriz coadjuvante pelo papel em "Os Miseráveis" no Royal Opera House
Anne Hathaway posa com o prêmio de atriz coadjuvante pelo papel em "Os Miseráveis" no Royal Opera House
Uma das histórias é a de Sokha, órfã cambojana que deixa para trás uma vida em aterros sanitários para se tornar uma talentosa dançarina e estudante premiada. Outra é a de Suma, que compôs música para lidar com a servidão no Nepal, e que agora faz campanhas para libertar outras jovens. As outras meninas são da Índia, Egito, Peru, Haiti, Serra Leoa, Etiópia e Afeganistão, e cada história é contada por uma escritora renomada ligada a um desses países, como a romancista de ascendência leonesa Aminatta Forna, que vive na Grã-Bretanha, a haitiano-americana Edwidge Danticat e Sooni Taraporevala, que escreveu "Salaam Bombay" e "Mississippi Masala".
Robbins diz que a equipe de "Girl Rising" esteve três vezes em cada lugar. "Foi um luxo pesquisar um filme desse jeito. Primeiro íamos procurar as histórias corretas, mas também nos educar. Felizmente, não fizemos a seleção final das meninas, porque não sei como teríamos feito. Em vez disso, as escritoras de cada país tinham candidatas a escolher."
A campanha de ação social por trás do filme, a 10x10, visa a oferecer oportunidades educacionais igualitárias a meninas do mundo todo, e se uniu ao Gathr, um serviço de internet que permite que o público solicite a exibição de um filme num cinema dos seus arredores. "Já vendemos 30 mil ingressos para um filme do qual ninguém viu nem dois minutos ainda", disse Robbins. "Há muito apetite por histórias que lhe digam que você pode realmente fazer diferença."
Holly Gordon, diretora-executiva da 10x10, disse que a campanha permitiu, durante a divulgação do filme, que o grupo discutisse alguns dos maiores problemas econômicos e sociais do mundo. "Em 2009, vi essa incrível oportunidade de transmitir uma mensagem e construir um público", disse ela. A partir de uma página do Facebook, Gordon atraiu parcerias com ONGs e grandes corporações que partilhavam dos seus propósitos e que poderiam emprestar musculatura internacional de marketing ao filme.
No mês passado, a fábrica de chips Intel, sócia-fundadora em "Girl Rising", realizou uma exibição privada do filme e um debate sobre educação para meninas, com a Fundação Mulheres do Mundo e com Tina Brown, editora-chefe da "Newsweek" e do Daily Beast. "Quando você educa meninas, coisas boas acontecem", disse Brown. O filme também foi exibido no festival de Sundance, e 461 exibições foram solicitadas até agora nos EUA.
O Facebook também serviu para difundir as informações sobre educação para meninas reunidas durante a realização do filme. "Criamos nossa página em 2012, e agora temos mais de 250 mil amigos. Nossas três áreas mais populares são Egito, Índia e Paquistão", disse Gordon, que foi criada em uma família britânica no Quênia, como filha de um funcionário do Banco Mundial. Ela espera provar que histórias importantes podem ter ampla audiência, e que os sócios investidores não precisam ter controle editorial.
"O bem empresarial e o bem social podem andar de mãos dadas", disse Gordon. "Quando as pessoas virem o filme, espero que pensem que contamos a história do ponto de vista de cada menina, e pela lente de uma escritora que tenha crescido no país sobre o qual está escrevendo. Há pouquíssimo julgamento, e essas meninas não têm pena de si mesmas, mas elas crescem em um mundo que é limitador para elas."

Tendências/Debates

folha de são paulo

BAN KI-MOON
Traduzir a indignação em ação
A ONU julgará os crimes cometidos contra mulheres e nunca permitirá que elas sejam sujeitas a punições pelos abusos que sofreram
Ao comemorarmos o Dia Internacional da Mulher, devemos olhar para o último ano, no qual aconteceram crimes chocantes de violência contra mulheres e meninas, e nos perguntar como atingir um futuro melhor.
Uma jovem mulher foi estuprada por um grupo de homens até a morte. Outra se matou para evitar a vergonha que seus agressores deveriam ter sentido. Adolescentes foram baleadas à queima-roupa por se atreverem a buscar uma boa educação.
Essas atrocidades, que provocaram uma justa indignação mundial, são parte de um problema muito maior, que permeia praticamente todas as sociedades e todas as áreas da vida.
Olhe para as mulheres que o cercam. Pense naquelas queridas por sua família e sua comunidade. E entenda que há uma probabilidade estatística de que muitas delas tenham sofrido violência durante sua vida. Muitas mais confortaram uma irmã ou amiga, dividindo sua dor e raiva depois de uma agressão.
Neste ano, no Dia Internacional da Mulher, traduzimos a nossa indignação em ação. Declaramos que julgaremos os crimes cometidos contra mulheres e nunca permitiremos que elas sejam sujeitas a punições pelos abusos que sofreram.
Renovamos nosso compromisso de combater essa ameaça à saúde global, onde quer que se esconda -em lares e empresas, em zonas de guerra e em países vivendo em paz ou na mente das pessoas que permitem que a violência continue.
Fazemos também uma promessa especial para mulheres em situações de conflito. Nesses casos, a violência sexual, com frequência, torna-se um instrumento de guerra de humilhação do inimigo, ao destruir sua dignidade.
Para essas mulheres, dizemos: a Organização das Nações Unidas (ONU) está com vocês. Como secretário-geral, insisto que o bem-estar de todas as vítimas de violência sexual em conflito deve estar no topo de nossas atividades. E instruo meus conselheiros a fazer nossa resposta à violência sexual uma prioridade em todas as nossas atividades de construção, manutenção e consolidação da paz.
O sistema ONU está avançando na nossa campanha Unidos pelo Fim da Violência contra as Mulheres, que se baseia numa premissa simples, mas poderosa: todas as mulheres e meninas têm o direito humano fundamental de viver uma vida sem violência.
Nesta semana, em Nova York, na Comissão sobre a Condição da Mulher, o mundo está celebrando a maior assembleia da história da ONU para acabar com a violência contra a mulher. Aproveitaremos ao máximo essa reunião e continuaremos pressionando por avanços muito depois de sua conclusão.
Agradeço todos os governos, grupos e pessoas que contribuíram para essa campanha. Peço a todos que se unam ao nosso esforço. Seja doando dinheiro para uma causa ou emprestando sua voz para um protesto, você pode participar do nosso esforço global para pôr fim a essa injustiça e proporcionar a mulheres e meninas a segurança e liberdade que merecem.


REGINA MIKI
TENDÊNCIAS/DEBATES
Transparência e integração na segurança
Ao padronizar informações sobre segurança pública, o governo pretende melhorar o planejamento de ações e ampliar a transparência
O Brasil está prestes a dispor de um instrumento que vai garantir muito mais eficiência e rapidez nas ações de segurança pública e combate à violência. Com a aprovação, em 2012, da lei nº 12.681, proposta pelo governo federal, o país terá um Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas, o Sinesp.
O sistema integrará União, Estados e Distrito Federal e reunirá dados essenciais para um melhor planejamento e avaliação das políticas públicas desenvolvidas. Também possibilitará maior transparência pelo fácil acesso às informações via internet e, por consequência, proporcionar maior controle social.
Cada vez mais alinhado às exigências do Estado democrático de Direito, o enfoque da segurança pública tem sido direcionado à união das ações de repressão policial qualificada, com prevenção à criminalidade, implementada paralelamente a projetos voltados a educação, assistência social, esporte e lazer.
Além de demandar, das três esferas de governo, maior participação comunitária e capacitação dos profissionais que atuam na ponta, a gestão compartilhada da segurança pública exige diagnósticos confiáveis. É impossível gerir políticas públicas sem a consolidação de dados corretos sobre os problemas reais a serem enfrentados. Atualmente, cada unidade da Federação utiliza conceitos, critérios e metodologias diferentes para quantificar e analisar a criminalidade, o que impossibilita a consolidação de números nacionais com precisão.
Para garantir a alimentação de dados no Sinesp, a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) já começou a tomar medidas para modernizar a gestão das instituições de segurança pública dos Estados, com aquisição de sistema informatizado e customização de sistemas de registros de atendimentos, ocorrências e procedimentos policiais. Até o início de 2014, o Fundo Nacional de Segurança Pública vai garantir a compra de equipamentos e o desenvolvimento de sistemas de informação de Estados brasileiros que já mantêm atualizadas as suas estatísticas.
A expectativa é a de que possamos, por meio do Sinesp, criar uma rede nacional de sistemas integrados de informação.
Na região de fronteira, a Senasp investe na implantação de um sistema integrado e padronizado de radiocomunicação digital para ampliar a área de cobertura e o aumento do número de terminais.
Ações da Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras (Enafron) seguem no sentido de adquirir infraestrutura e equipamentos que permitam a troca de informações e ações integradas para prevenção, fiscalização e repressão de crimes transfronteiriços.
O sistema analógico usado atualmente pelos entes federados localizados nas divisas do país vai ser trocado por tecnologia digital criptografada. Evitará, assim, que ocorram escutas não autorizadas em operações policiais. O investimento ampliado por parte do governo federal na fronteira é principalmente uma resposta do Estado brasileiro à necessidade de redução do tráfico de drogas, investigação para prisão de traficantes e desarticulação de organizações criminosas.
Ciente de que a droga chega ao país principalmente pela faixa de fronteira e de que o tráfico de entorpecentes está dentre as principais causas de homicídios no país, a Senasp prioriza projetos que se relacionam. Garante a segurança na fronteira, promove ações de enfrentamento ao crack, com o programa Crack, É Possível Vencer, e executa o Brasil mais Seguro, programa de redução da criminalidade violenta por meio do fortalecimento das ações de policiamento ostensivo, investigação criminal, perícia forense e desarmamento.
Para o governo federal, a segurança pública é uma prioridade. Até agora já foram alcançados resultados relevantes e muitos outros se aproximam, a partir do amplo espectro de ações, todas tipicamente de Estado, que incidem sobre as atividades essenciais para a segurança pública.

    Marina Silva

    folha de são paulo

    Se nos deixam falar
    Dois dias em Santiago, no Chile, para debater possibilidades de avanço da democracia, e me deparo com memórias remotas e recentes de nossa sofrida América Latina. Talvez a experiência dos chilenos seja mais traumática, é difícil avaliar, mas, no vigor de sua juventude, vejo a mesma superação de velhos paradigmas que ocorrem em outros países.
    Essa é, afinal, a novidade que está sendo pouco considerada no debate político, atualizado pela morte de Hugo Chávez. Mais que vencer discussões, interessa solidarizar-se com o povo venezuelano na busca de novos caminhos.
    Hoje, ainda vigoram antigas polaridades e uma nomenclatura do século passado: populismo, neoliberalismo, estatização, privatização, caudilhismo... Esses termos expressam realidades e significados ainda presentes em nossos sistemas políticos, como feridas abertas ou cicatrizes recentes. Mas a superação das fragilidades de nossa democracia, sua inserção definitiva na cultura e sua universalização não acontecerão só com a derrota de um dos polos em disputa, a eleição de um novo líder ou a ascensão de um partido. Ela será, sobretudo, obra da sociedade, fruto cultivado de sua determinação.
    Conversei com líderes estudantis que agitaram o Chile e trouxeram à política latino-americana algum alento contra a estagnação. Também me reuni com um coletivo de jovens do Techo ("Um teto para meu país"), organização que tem incríveis resultados práticos na superação da miséria em vários países. Um grupo que desenvolve o mesmo projeto em São Paulo participou da reunião e me fez perguntas por vídeo. As fronteiras, definitivamente, não são mais as mesmas e esses jovens mostram que seus sonhos de democracia são bem maiores que as nossas urnas.
    As novas experiências políticas não são só virtuais, espalham-se no tecido social e geram mutações reais. Também não cabem num recorte setorial: são econômicas e culturais, sociais e políticas, ambientais e éticas. Os jovens do Techo começaram construindo casas e logo viram que era necessário trabalhar com educação, saúde, informática, tudo. Muitos projetos que vemos no Brasil começam com arte, esporte ou uma ação social e logo diversificam suas ações. Atuam tanto na comunidade quanto na esfera institucional, sempre dando visibilidade e fazendo contatos nas redes virtuais.
    É nessa nova superfície que se inscrevem os projetos identitários contemporâneos, a democracia emergente, em que a sustentabilidade política do futuro se assenta. Seu debate, amplo e profundo, supera os limites do modelo representativo atual para se dar em novos termos e novas linguagens, que só podem ser percebidos por uma escuta mais atenta. E o mais, quem viver, ouvirá.

      Ruy Castro

      folha de são paulo

      Inverno à distância
      RIO DE JANEIRO - Em setembro de 1965, Frank Sinatra lançou um LP intitulado "September of My Years". A canção-título, escrita para ele por Jimmy Van Heusen e Sammy Cahn, referia-se àquela quadra da vida em que, pelo visto, as pessoas começam a enxergar o fim do túnel. Ao gravá-la, Sinatra ainda estava a dois meses de completar 50 anos. Como só morreu em 1998, aos 82, conclui-se que se afobou -ainda teria grandes outubros e novembros para viver.
      Também em setembro, mas de 2012, em entrevista a Luciana Leiderfarb, do jornal português "Expresso", o escritor americano Paul Auster, 65 anos recém-feitos, declarou: "Agora sou um homem mais velho. Meus dias estão contados e não sei quantos me restam. Certamente menos do que aqueles que já vivi. Estou literalmente no inverno da minha vida. Se dividirmos a vida em quatro estações, cheguei à quarta estação".
      Bem, tendo também completado 65 há alguns dias, e pulado fogueiras brabas nos últimos anos, entendo o que Auster quis dizer. Mas não acho que me diga respeito, nem à gente bronzeada do hemisfério Sul. Nossa quarta estação do ano não é o inverno, mas o verão, quando os fluidos se assanham e querem sair por aí, misturando-se a fluidos outros. E, perdão, Frank, mas, para nós, setembro não anuncia folhas secas e caídas, e sim a explosão de cores e cheiros.
      O ator Marco Nanini, a apresentadora Marília Gabriela, a ministra do STF Rosa Weber, a dramaturga Gloria Perez, o designer Hans Donner e o treinador e linguista Joel Santana, todos terão 65 anos em 2013. Outros que há muito se despediram dos 65 e acabam de fazer ou farão 70 são Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Gilberto Gil, Nei Lopes, Dori Caymmi, Leny Andrade, Edu Lobo, Marcos Valle e Turibio Santos, para ficarmos só na música.
      Pergunte-lhes se estão no inverno de suas vidas.

      Terra se aproxima de maiores temperaturas em 11 mil anos


      SALVADOR NOGUEIRA
      COLABORAÇÃO PARA A FOLHA de São Paulo

      Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual do Oregon e da Universidade Harvard, ambas nos EUA, reconstruiu a temperatura média da Terra nos últimos 11,3 mil anos para compará-la aos níveis atuais.
      A boa notícia: a Terra hoje está mais fria do que já esteve em sua época mais quente desse período. A má: se os modelos dos climatologistas estiverem certos, atingiremos um novo recorde de calor até o final do século.
      O trabalho, publicado na revista "Science", reuniu dados de 73 localidades ao redor do mundo para estimar a temperatura global (e local) no período geológico conhecido como Holoceno, que começou ao final da última era do gelo, há 11 mil anos.
      Depois de consolidar todas as informações, em sua maioria provenientes de amostras de fósseis em sedimentos oceânicos, num único quadro --além de usar técnicas matemáticas para preencher os "buracos" encontrados nas diversas fontes usadas para estimar a temperatura no passado--, os cientistas puderam recriar uma "pequena história da variação climática da Terra".
      Diz-se pequena porque os resultados não permitem enxergar a variação ocorrida em uns poucos anos. É como se cada ponto nos dados representasse a temperatura em um período de 120 anos.
      Editoria de arte/Folhapress
      A HISTÓRIA
      Os dados confirmam uma velha desconfiança dos cientistas: a de que a Terra passou por um período de aquecimento que começou cerca de 11 mil anos atrás. Em 1,5 mil anos, o planeta esquentou cerca de 0,6ºC e assim se estabilizou, durante cerca de 5.000 anos.
      Então, 5,5 mil anos atrás, começou um novo processo de esfriamento --que terminou há 200 anos, com o que ficou conhecido como a "pequena era do gelo". O planeta ficou 0,7ºC mais frio.
      Entram em cena a industrialização acelerada e o século 20. O planeta volta a se esquentar. No momento, ele ainda não bateu o recorde de temperatura visto no início do Holoceno, mas já está mais quente que em 75% dos últimos 11 mil anos.
      Assim, o estudo confirma que a temperatura da Terra está subindo em tempos recentes e mostra que a subida é muito mais rápida do que se pensava.
      "Essa pesquisa mostra que já experimentamos quase a mesma faixa de mudança de temperatura desde o início da Revolução Industrial que foi vista nos 11 mil anos anteriores da história da Terra --mas essa mudança aconteceu muito mais depressa", comenta Candace Major, diretor da divisão de Ciências Oceanográficas da Fundação Nacional de Ciência dos EUA, que financiou o estudo.
      Por outro lado, a baixa resolução temporal do estudo (é impossível distinguir efeitos de poucos anos) dificulta a comparação com o atual fenômeno de aquecimento.
      Para a mudança climática atual se tornar relevante na escala de tempo analisada pelo modelo de reconstrução dos últimos 11 mil anos, ela precisa continuar no próximo século. Segundo os modelos do IPCC (Painel Intergovernamental para Mudança Climática), da ONU, é isso que vai acontecer.
      Contudo, ainda há incertezas sobre a magnitude do fenômeno. De toda forma, mesmo pelas estimativas mais otimistas, quando chegarmos a 2100, se nada for feito, provavelmente estaremos vivendo o período mais quente dos últimos 11 mil anos.

      Derretimento no Canadá pode ser irreversível
      DA REUTERS
      As geleiras canadenses, terceiro maior depósito de gelo depois da Antártida e da Groenlândia, podem estar sofrendo um derretimento sem volta que deve aumentar o nível do mar, afirmaram cientistas.
      Cerca de 20% das geleiras no norte do Canadá podem desaparecer até o fim do século 21, num derretimento que pode acrescentar 3,5 cm ao nível do mar.
      Segundo artigo na revista "Geophysical Research Letters", o derretimento de geleiras brancas exporia a tundra escura, que tende a absorver mais calor e acelerar o derretimento.
      A ONU estima um aumento do nível do mar entre 18 cm e 59 cm neste século ou mais se a cobertura de gelo da Antártida e da Groenlândia começar a derreter mais rápido.
      A projeção de perda de 20% do volume de gelo no Canadá se baseou em um cenário com aumento de temperatura médio de 3ºC neste século e de 8ºC no Ártico canadense, dentro das previsões da ONU.

      Barbara Gancia

      folha de são paulo

      Inflação nunca mais!
      Com a independência do Banco Central, conquista sagrada dos brasileiros, não se brinca
      O BEN Affleck certamente concordaria comigo: há "Argo" de errado em uma economia que cresce recessivos 1% ao ano e ostenta níveis de pleno emprego. Que empregos são esses? Penteador de macaco? Lambedor de sabão? É esse o prestador de serviço tapuia, o autônomo emergente que toda pesquisa de marketing define como "a nova classe C"?
      Vamos combinar que Dilma não está sendo admirada mundo afora como uma tremenda administradora. E eu não estou falando apenas da implicância da revista "The Economist". A má vontade da comunidade internacional parece vir dos cargos que ela ocupou em ambas as gestões anteriores do PT.
      Mais do que o malfadado negócio da plataforma de petróleo no Texas, "Argo" me diz que o sacrilégio cometido ao interferir na independência do Banco Central, uma conquista sagrada dos brasileiros que trazem viva na memória a lembrança do sacrifício que foi derrotar o inimigo da inflação, pode custar muito caro à presidente, não é mesmo, Ben Affleck?
      Foi a partir dessa bisbilhotice que se começou a questionar a atuação da presidente, a despeito de sua popularidade entre mineiros e goianos, gregos e troianos. O país mudou de cara com os programas sociais de Lula e Dilma. Mas a volta do fantasma da inflação começa a assustar os não beneficiados pelos programas sociais.
      O efeito psicológico não há de ser desprezado. E nem o quadro das esperanças prometidas há dez anos que ainda não decolaram, seja por inabilidade política (vide o mensalão), por falta de visão ou por dar preferência a um modelo industrial eleitoreiro e falido.
      Em vez do visionário PAC, nós continuamos a financiar carroças para que o mercado interno circule em uma inexistente malha viária com gasolina subsidiada. Nossa "oitava potência econômica" existe apenas no papel, fabricada por efeito contábil e sustentada por exportações de commodities para a China. Somos uma Venezuela gorducha que ainda não extraiu seu petróleo nem se deu conta de que irá precisar de tecnologia de fora para fazê-lo.
      Enquanto isso, nosso IDH continua raquítico. Produzir empregos não qualificados como manicures e produtores de mel e distribuir cisternas no Nordeste é tapar o sol com a peneira. É claro que o Bolsa Família alivia o desespero e é melhor tê-lo do que jogá-lo no incinerador. Mas o que realmente mudou o cenário, até Renato Paes de Barros, o economista gênio que implantou o Bolsa Família saberia reconhecer, foi o Plano Real.
      Antes dele, trabalhadores recebiam reajustes salariais abaixo da inflação, o que promovia achatamento dos salários, impossibilidade de que esses assalariados obtivessem acesso à educação e uma demanda maior por mão de obra qualificada, que era paga com salários maiores -o que promovia inclusive o aumento da desigualdade.
      Note que, nos últimos dez anos, ninguém estava nem aí que renda fosse um "indicador imperfeito" de bem-estar. Bastou Dilma começar a querer manipular os índices da economia -ao mesmo tempo em que deu para peitar bancos, construtoras e concessionárias do setor hidrelétrico para que começasse a chiadeira.
      Pelamor! Ou um ou outro! Tudo ao mesmo tempo não vai dar!
      Fora que foi um parto construir nossas instituições econômicas. Mas dá para perceber que há algo errado quando metade do país viaja para comprar enxoval, pasta de dente e toda aquela quinquilharia, né não?
      De positivo mesmo, só a mudança de meta estabelecida pela presidente, de 5% para 10% dos investimentos do PIB em educação até 2020, sendo que serão mais de R$ 3 bilhões só em alfabetização, em 2013/14.

      Gilberto Dimenstein

      folha de são paulo


      A universidade da maconha faz sucesso


      A confusão com que os americanos tratam as drogas pode ser vista numa escola que ensina como cultivar a maconha - e até ganhou ares universitários. Sucesso imediato
      Chama-se THC University - THC a principal substância psicoativa da cannabis. Logo ganhou um apelido menos científico: a Universidade da Maconha. Foi criada no Colorado ( mais detalhes aqui), onde a venda da maconha para recreação foi liberada.
      Para efeitos externos, os Estados Unidos são uma espécie de xerife mundial contra as drogas, numa política cuja eficácia é questionada.
      Mas, internamente, experiências como a Universidade da Maconha, no Colorado, ensinam, com direito a aulas presenciais e virtuais, como cultivar um pé de cannabis em casa para obter o melhor produto.
      Graças aos recursos digitais, as aulas que vêm dos Estados Unidos são disseminadas em escala mundial.
      O fato é que, goste-se ou não, essa pequena escola no Colorado indica que a liberação da maconha em todo o mundo é só uma questão de tempo.
      Quanto mais cedo se fizeram campanhas de saúde pública entre os adolescentes, melhor.
      Gilberto Dimenstein
      Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.

      Eliane Cantanhêde

      folha de são paulo

      Contra as raposas, uni-vos!


      BRASÍLIA - O Congresso ultrapassou todos os limites com a indicação e eleição do deputado federal e pastor Marco Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (atenção ao "minorias") da Câmara. A gente acha que já viu tudo, mas...
      Essa história tem um enredo. O PT controla tradicionalmente a comissão, até porque o tema tem muito a ver com a história do partido, mas optou dessa vez por três comissões mais retumbantes. Junto com o PMDB, jogou a de Direitos Humanos no colo de aliados. E justamente no do Partido Social Cristão (PSC).
      Boa coisa não ia dar, mas, como tudo que é ruim sempre pode piorar (diferentemente da máxima do também deputado Tiririca), a bancada do PSC indicou e a comissão elegeu o pastor Feliciano, que está no primeiro mandato, que se diz formado em teologia, com mestrado em teologia e doutorado em divindade, e que deixou um rastro racista e homofóbico nas redes sociais.
      Pelo Twitter, tascou que "africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé" e que "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime, à rejeição". Por mais que explique, não justifica.
      Pensar e acreditar em coisas assim já é um absurdo inacreditável, além de inaceitável, mas escrever e divulgar isso é um verdadeiro escândalo. Mais absurdo, mais inacreditável, mais inaceitável e mais escandaloso ainda é o sujeito pensar, escrever e acabar presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
      Câmara e Senado, aliás, estão virando um zoológico de raposas tomando conta de galinheiros. Processados têm assento nos Conselhos de Ética, produtores rurais presidem as Comissões de Meio Ambiente e condenados pelo Supremo integram as de Constituição e Justiça.
      Mas, enfim, depois que um senador renuncia à presidência do Senado, volta e é eleito novamente para o cargo, o que mais se poderia esperar?
      Eliane Cantanhêde
      Eliane Cantanhêde, jornalista, é colunista da Página 2 da versão impressa da Folha, onde escreve às terças, quintas, sextas e domingos. É também comentarista do telejornal "Globonews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia.

      Diversidade tem que ser inclusiva - Ângela Antonioli Pêgas

      Valor Econômico - 08/03/2013

      Ângela Antonioli Pêgas


      Mais mulheres passam a ocupar posições executivas e as empresas estão mais preparadas para ajustes que por isso sejam necessários



      A necessidade de se promover um ambiente corporativo ou, de uma forma geral, de trabalho, em que a diversidade está presente é amplamente defendida pelos líderes de negócios. A controvérsia em torno do tema não é mais o porquê da diversidade, mas como torná-la uma realidade com benefícios quantificáveis para as organizações e, individualmente, para as pessoas que delas fazem parte. O aspecto gênero também deixou de ser o maior desafio quando se fala em diversidade. A participação das mulheres em posições executivas tem aumentado gradativamente e as companhias estão mais preparadas para os ajustes que porventura decorram desse crescimento. Em contrapartida, outras dimensões de diversidade são igualmente importantes e de mais complexa implementação. O que fica extremamente claro é que diversidade de nada adianta se não houver inclusão.

      Em pesquisa realizada no ano passado pela Egon Zehnder, foram entrevistados 511 líderes de empresas de vários países e diferentes setores sobre como eles abordam diversidade e inclusão e se esses temas têm impacto positivo nas suas companhias e em suas vidas. Quase por unanimidade, 96% dos executivos ouvidos responderam que trabalhar em um ambiente com diversidade tem importância do ponto de vista pessoal. Acreditam que a diversidade amplia seus horizontes, fomenta discussões mais estimulantes e, finalmente, melhora a qualidade de suas decisões, gerando novas ideias e soluções.
      Um expressivo número, 80% desses executivos, reportou que os ambientes em que hoje operam promovem aspectos de diversidade. Um minoria acredita que a implementação da diversidade, embora de forma geral positiva, pode ocasionar alguns efeitos colaterais não desejáveis, como discriminação positiva, tomada de decisão mais lenta ou custos adicionais.

      Mas o que é inclusão? Inclusão no ambiente de trabalho significa integrar colegas com características diversas nos processos formais das organizações em que estão inseridos, mas igualmente nos processos informais e nas relações sociais oriundas daquele círculo. Significa aceitar as diferenças e tirar o melhor proveito delas. As diferenças, aqui, não são apenas os aspectos demográficos, mas qualquer elemento que o grupo não compartilhava anteriormente. A falta de inclusão pode afetar o ânimo da organização, levando a um maior "turnover" e mais baixa performance.

      Na pesquisa, fica claro que as organizações têm focado seus esforços de diversidade principalmente na inclusão de mulheres em seus quadros. Aproximadamente 53% dos executivos entrevistados dizem acreditar que houve bom progresso quanto à inclusão do sexo feminino. Porém, progressos bem mais tímidos são percebidos em relação à inclusão de outros ângulos de diversidade. Os aspectos mais desafiadores continuam sendo demográficos: menos de um terço dos entrevistados enxergam evolução consistente em diversidade étnica, de idade, orientação sexual ou de pessoas com deficiências. Entretanto, igualmente preocupante é a dificuldade de fomentar a inclusão da pluralidade de perspectivas e formas de pensar, de nacionalidades, de formação acadêmica, e de profissionais experimentados em um segmento de indústria distinto daquela contratante. A inclusão de uma forma diferente de pensar dentro do grupo é, sem sombra de dúvida, uma das armas mais poderosas para estimular inovação e impedir que as companhias permaneçam impotentes ante as novas demandas da sociedade. Um exemplo é a rápida transformação do mercado consumidor, com crescente exigência para atenção ao detalhe e possibilidade de customização mesmo em produtos massificados (áreas em que as mulheres navegam muito bem), além, obviamente, de uma importância cada vez maior dos países ditos emergentes, com uma onda gigante de novos consumidores, e do público feminino na decisão de compra. Esse cenário demanda que os executivos entendam em profundidade as circunstâncias locais e esses consumidores. Nada melhor para isso do que ter em seus quadros, em posições de liderança, representantes desses grupos, totalmente integrados e com poder de decisão.

      Em recente artigo publicado na revista "The Focus", Michel Deschapelles, Laurence Monnery, Edwin Smelt e Catherine Zhu chamam atenção para práticas efetivas para a inclusão. Primeiramente, é essencial o comprometimento total das principais lideranças da organização. Essas pessoas devem incorporar comportamentos que fomentem diversidade e devem se tornar verdadeiros modelos no ambiente de trabalho. Além disso, avaliações periódicas dos executivos devem considerar sua habilidade de aceitar o novo e o diferente. Essa competência é tão mensurável quanto orientação para resultado ou liderança de equipes. Executivos com avaliações insatisfatórias em inclusão aceitam outras culturas ou pontos de vista, mas não têm atitudes proativas em relação ao tema. Já executivos com essa competência bem desenvolvida entendem o poder da diversidade internamente e junto aos seus clientes. Também agem como facilitadores e educadores dentro da companhia, sendo capazes de minimizar conflitos e guiar as opiniões diferentes em torno de um objetivo comum. Também na definição de promoções as companhias devem considerar se o executivo em questão possui essa competência. Finalmente, é essencial que a companhia proporcione a todos os executivos, nos seus primeiros 90 dias na organização - período crítico de adaptação - uma integração bem planejada, apresentando um sólido mapeamento de sua cultura, introduzindo-o aos principais interlocutores e oferecendo um ambiente aberto a perguntas. Isso se torna ainda mais importante se essa pessoa tiver um perfil distinto do predominante naquele ambiente. A perda desse profissional pela falta de inclusão resulta não apenas em custos adicionais para a companhia, mas, eventualmente, também pode gerar uma reputação negativa.

      A diversidade deve ser abraçada em sua totalidade, muito além da questão do gênero. A diversidade feminina no ambiente de trabalho é só o primeiro passo num processo mais amplo de inclusão. Os frutos serão diretamente proporcionais às expectativas que tivermos em relação ao tema. Se, como resultado da diversidade, esperarmos somente responder às exigencias legais e de "compliance" no mundo corporativo, muito pequena será a evolução em termos de inclusão e, consequentemente, limitados serão os avanços para um melhor ambiente de trabalho que levam a alta performance.

      Ângela Antonioli Pêgas é sócia da Egon Zehnder, líder da prática de desenvolvimento de liderança

      Tv Paga

      Estado de Minas - 08/03/2013

      Poderosas e absolutas

      No Dia Internacional da Mulher nada mais correto que ressaltar o poder feminino. O canal Space faz a sua parte com a estreia de Continuum, série de ficção científica estrelada pela bela e talentosa Rachel Nichols (foto). Ela faz o papel de Kiera Cameron, policial com a missão de impedir que um grupo terrorista altere o futuro. Confira às 21h.

      Policial britânico não
      curte paraíso no Caribe


      Outra novidade de hoje é Death in paradise, às 22h, no BBC HD, narrando as aventuras de um típico inspetor de polícia da Inglaterra transferido para uma ilha do Caribe, onde se sente como um peixe fora d’água, pois odeia praia e a forma como a polícia local trabalha. Na Warner, às 22h45, estreia a oitava temporada de Supernatural, a série dos irmãos Winchester, caçadores de demônios, vampiros e afins.

      A mulherada vai encarar
      os desafios do canal Off


      O canal Off também faz sua homenagem às mulheres com cinco documentários em que elas são as protagonistas, praticando basejumping, stand up paddle, escalada e surfe. O especial será dividido em dois blocos, das 14h às 16h e das 22h à 1h. As atrações são The fanatic search 2 (14h), 20 seconds of joy (15h), Jessica Watson: true spirit (22h), Laos (23h40) e Women and the waves (0h10). Já o NatGeo emenda três episódios da série Obsessões a partir das 22h15: “Insetos”, “Mortes” e “Animais”.

      Um presente para os fãs
      de Leona Lewis e Britne
      y

      Outra mulher em evidência hoje é Leona Lewis, conhecida por sua participação na terceira temporada do programa The X factor. Além de ter faturado a competição, a cantora e compositora de pop e r&b ganhou muitos fãs mundo afora, e por isso ela mereceu um especial do canal Boomerang na série Boombox in concert, hoje, às 15h. No Cinemax, às 21h, vai ao ar o especial Britney Spears’ Femme fatale tour.

      Elas mandam muito bem
      como atrizes e diretoras


      Para marcar o Dia Internacional da Mulher, o Studio Universal vai exibir quatro filmes com personagens femininas em destaque: Mágica além das palavras (16h15), Vida e arte de Georgia O’Keeffe (18h), Nunca mais (19h45) e Elizabeth (22h). No Telecine Premium, às 22h, vai brilhar a estrela de Charlize Theron na comédia inédita Jovens adultos. Já o Telecine Cult abre espaço para quatro cineastas: Mia Hansen-Love (Adeus, primeiro amor, às 18h), Agnès Varda (As praias de Agnès, às 20h), Nadine Labaki (Caramelo, às 22h) e Claudia Llosa (A teta assustada, às 23h45).

      Programação de cinema
      tem para todos os gostos


      A Cultura reprisa hoje o filme Caos calmo, agora em versão dublada, às 22h. No mesmo horário, o assinante tem mais oito opções: Histórias cruzadas, no Telecine Pipoca; Uma patricinha de outro mundo, no Telecine Fun; Tudo pela fama, no Glitz; Lara Croft: Tomb raider – A origem da vida, no TCM; O turista, no Max Prime; Zona verde, na TNT; Alien vs. Predador, no FX; e Tron – O legado, no Disney XD. Outras atrações da programação: O casamento do meu melhor amigo, às 21h, no Comedy Central; A fantástica fábrica de chocolate, também às 21h, no Boomerang; Questão de vida, às 21h30, no Viva; e Vincere, às 23h50, no Max.