sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 03/01/2014 0



 (Sony Pictures/Divulgação )

AÇÃO EM DOBRO
Esta sexta tem sessão duplex “Músculos e máquinas” no FX. A partir das 20h, em True lies (1994), Arnold Schwarzenegger interpreta um agente de governo, especialista em combate ao terrorismo. Casado há 15 anos, ele faz sua mulher (Jamie Lee Curtis) acreditar que apenas vende material de informática. A esposa, por sua vez, considera a própria vida insossa e, coincidentemente, envolve-se com um pretenso espião (Bill Paxton). Na sequência, será exibido Exterminador do futuro 3: A rebelião das máquinas (2003 – foto). Passaram-se 10 anos desde que John Conner salvou a Terra do dia do julgamento final. Agora vivendo vigiado, ele não pode usar nada que Skynet possa rastrear. A boa notícia é que o antigo inimigo de Connor, o Exterminador, está de volta para ajudar o agora adulto Connor, conforme prometido.



FAST-FOODS QUE MUDARAM O MUNDO
O programa 101 Fast-foods que mudaram o mundo, atração do History, às 16h45, traça histórico dos diferentes tipos de comida rápida que ganharam as grandes e pequenas cidades de todo o planeta, numa época em que tempo é dinheiro e o os minutos dedicados a uma boa refeição são cada vez mais escassos. Além das inevitáveis batatinhas fritas e do hambúrguer nosso de cada dia, o documentário vai das cavernas à era espacial e analisa como, ao longo do tempo, o homem precisou adaptar a comida ao seu estilo de vida.

FAMÍLIA FRANCESA DISPUTA PODER EM O CLÃ LANZAC
O TV Monde exibe hoje, às 21h30, a segunda parte da minissérie francesa O clã Lanzac (Le clan des Lanzac), sobre a guerra de sucessão no seio da família Lanzac, ricos industriais de Bordeaux, envolta em intrigas e segredos de família. A disputa entre François, filho caçula de Elisabeth, e Laurence Verneuil, que detém o usufruto da parte de Julien, exacerba-se. Ambos tentam tirar Elisabeth do poder, mas ela é apoiada por sua irmã, com quem partilha um segredo de família que pode virar a mesa. A direção é de Josée Dayan. Com Fanny Ardant (Elisabeth), Muriel Robin (Anne Lanzac), Claire Nebout (Laurence Verneuil), Jérôme Kircher (François Lanzac), Christophe Thompson (Nicolas Lanzac), François Civil (Julien), Assaad Bouab (Brahim Hassani), Serge Hazanavicius (Fabrice Moulin), Florence Darel (Angélique Lanzac), Irène Jacob (Valérie Lanzac).

PERSONAGEM DE SEAN PENN ESTÁ ENTRE HONRA E DEVER
Hoje, no Sessão Viva, às 20h30 será exibido o filme Um tiro de misericórdia. Com direção de Phil Joanou, o filme de 1990 tem Sean Penn como protagonista. Ele é Terry Noonan, um homem que retorna ao seu bairro natal, em Nova York, depois de ficar longe durante 10 anos. Reencontra-se com seu melhor amigo, Jackie (Gary Oldman), que está trabalhando para a máfia irlandesa comandada pelo irmão, Frankie (Ed Harris). Terry também se envolve com a irmã dos dois, Kathleen (Robin Wright), antiga paixão da adolescência. Em pouco tempo, ele fica dividido entre a honra e o seu dever. Horário alternativo: domingo, à 0h30.

DICAS SOBRE ALIMENTOS ORGÂNICOS E NUTRIENTES
Para quem curte cuidados com a saúde, o Dr. Oz, hoje, às 18h, no Fox Life, apresenta o episódio “Alimentos Orgânicos – Comprar ou não comprar”. Dr. Oz e um grupo de especialistas debatem sobre os avanços da modificação genética dos alimentos e as dúvidas geradas. Alimentos orgânicos: quando comprar e quando evitar. Também em pauta, complicações na circulação: três sintomas que nunca se deve ignorar. Segredos de beleza esquecidos. Déficit de nutrientes.


CARAS & BOCAS » Boas-novas em 2014
Interino

No apagar das luzes de 2013, os bastidores do SBT ficaram agitados. Depois de longa novela e fofocas de bastidores, Danili Gentili celebra o alto salário (ele não diz quanto) do novo contrato com a emissora de Silvio Santos, além de participação nas ações de merchandising de seu programa. Gentili leva boa parte da equipe do Agora é tarde: a banda Ultraje a Rigor, Marcelo Mansfield, Léo Lins e Murilo Couto – todos em fim de contrato com a Band. Ainda sem confirmação oficial, o novo contratado do SBT é Otávio Mesquita. Ele teria até cancelado viagem de fim de ano para cuidar de tudo. Ex-Band como Danilo, Otávio deve comandar programa nas madrugadas do canal, depois do Jornal do SBT. Há quem diga que será nova versão do Fantasia. Ainda sem anúncio oficial mas com tudo acertado, Gugu Liberato volta ao SBT em março. De férias para descansar e estudar, ele teria deixado a Record por causa da baixa audiência e do faturamento de sua atração dominical. No SBT, ele não deve ocupar seu antigo posto no Domingo legal, hoje comandado por Celso Portiolli. Pode ser que ele fique com as noites de sábado como nos anos 1990, quando fez sucesso com o Sabadão sertanejo.


CAMILlA CAMARGO SERÁ DOMADORA DE CAVALOS
Camilla Camargo está prestes a estrear como atriz da Globo. Depois de fazer vários musicais no teatro e uma breve participação na novela Revelação, do SBT/Alterosa, em 2008, a filha do sertanejo Zezé Di Camargo terá papel fixo na nova novela das nove. Ela entra na segunda fase de Em família, escrita por Manoel Carlos. No folhetim, a jovem interpretará Ana, uma domadora de cavalos.

DU MOSCOVIS ESTRELA SÉRIE DO CANAL GNT
Longe da TV desde Cheias de charme, novela das sete da Globo de 2012, na qual interpretou Lia, Juliana Martins envelhecerá quase 30 anos para entrar na série Assunto de família, no GNT. É que a atriz interpretará a mãe de Eduardo Moscovis, o protagonista da trama. Ele se chamará Pedro e será um juiz da vara de família que, além de julgar, acaba investigando os casos por conta própria. Bem-sucedido na profissão, Pedro não tem a mesma estabilidade na vida pessoal: separado, ele tem duas filhas e não consegue se acertar com nenhuma mulher. Com direção de Sérgio Rezende e produção da Morena Filmes, de Mariza Leão, Assuntos de família terá 13 episódios e a estreia está prevista para este ano.

TATÁ: CONTRATO DE TRÊS ANOS COM A GLOBO E TRÊS FILMES
Considerada um dos novos trunfos da Globo, a atriz e humorista Tatá Werneck, que se tornou famosa como a Valdirene de Amor à vida, tem vida longa na emissora carioca. Recentemente, a ex-MTV assinou contrato para trabalhar por três anos no canal. Mas não é só na telinha que o público poderá conferir seu talento. A humorista diz que vai plantar4 este ano para colher em 2015. Vai rodar três filmes que só estreiam no ano que vem.


UNIVERSO GAY
A primeira temporada da série Looking já tem data de estreia. Nos Estados Unidos, os primeiros oito episódios produzidos serão lançados no dia 19 pela HBO. Assim como Queer as folk (2000-2005), a série abordará o universo gay. Desta vez, o ponto de partida é a relação entre três amigos (interpretados pelos atores Jonathan Groff, Frankie J. Alvarez e Murray Bartlett) que querem se divertir e aproveitar o que San Francisco (Califórnia) tem de melhor a oferecer para a nova geração de homens gays. O seriado é criação de Michael Lannan. Russell Tovey e Scott Bakula participam como convidados especiais.


VIVA
Para a minissérie o Tempo e o vento, estreia da Globo de anteontem, que funcionou melhor na televisão do que no cinema. Cleo Pires se destacou.


VAIA
Pena ter sido tão curto o Arquivo N, da Globo News, sobre a vida de Clara Nunes. Ela merecia especial de pelo menos uma hora.

LITERATURA » Elas têm a força‏ - Carlos Herculano Lopes

LITERATURA » Elas têm a força 


Escritoras preparam novos projetos, confiantes no aumento do interesse dos brasileiros por literatura. Lya Luft, Mary del Priore e Márcia Tiburi anunciam lançamentos para este ano
Carlos Herculano Lopes

Estado de Minas: 03/01/2014


 Se o ano passado foi bom para as mulheres que se dedicam à literatura no Brasil, 2014 promete boas surpresas. Novos projetos não faltam a escritoras consagradas como Lya Luft, Mary Del Priore, Márcia Tiburi e Ana Paula Maia. Que o diga Del Priore, às voltas com um novo tema – o sobrenatural – depois de lançar mais de 20 livros de história, entre eles Condessa de Barral – a paixão do imperador, O príncipe maldito e o best-seller Histórias íntimas.

 “Minha paixão é escrever. Estou sempre envolvida com pesquisas que me levam a novos personagens e a buscar narrativas que tragam informação e prazer para o leitor. Desse ponto de vista, meu próximo livro, que está bastante adiantado, será o melhor que puder fazer, ainda mais com esse fascinante tema”, conta ela.

 Coisas “do outro mundo” à parte,  Mary Del Priore diz que o público brasileiro tem se interessado mais por história, principalmente depois de a mídia dar visibilidade para publicações nessa área. Mas ainda falta multiplicar leitores, acredita a professora, que deu aulas na Universidade de São Paulo (USP) e na PUC Rio. Isso só será possível quando o ensino da matéria for menos afeito a enfoques ideológicos, priorizando a paixão e a curiosidade do leitor. Para isso, adverte Mary, é necessário mudar mentalidades.

“Nosso patrimônio histórico não tem verbas para sua salvaguarda; as comunidades não veem seu passado material ou imaterial como prioridade; nas escolas, faltam políticas de educação patrimonial que consolidem um modelo de cidadania cultural. O terceiro setor, que vem se batendo pelo cuidado aos bens culturais, é ignorado pelas autoridades e pela própria sociedade”, afirma Mary.

MEDIOCRIDADE Dizendo-se bastante pessimista em relação ao novo ano, “pois, no Brasil, estamos passando por uma fase de mediocridade generalizada”, Lya Luft prepara o lançamento de O tempo é um rio que corre (Record), previsto para março. “Trata-se de um pequeno ensaio sobre o mistério do tempo que passa. Acho que as pessoas vão se divertir com a sua leitura”, acredita a gaúcha, autora do best-seller Perdas & ganhos.

De acordo com Lya, livros de ficção mais densos têm enfrentado dificuldades no Brasil. As pessoas, constata a escritora, querem leitura mais leve e divertida, sem maiores compromissos. “Não é culpa delas, mas do clima de futilidade geral que tem imperado por aí”, resume.

Gaúcha como Lya Luft e radicada em São Paulo, a romancista e filósofa Márcia Tiburi já está escrevendo novo livro, mas evita detalhá-lo para não atrapalhar seu processo criativo. “Será um tipo muito específico de obra de arte”, adianta. Para ela, a literatura brasileira experimentou bom momento no ano passado, apesar dos problemas econômicos, políticos e culturais enfrentados pelo país. “Estou otimista, espero que 2014 seja melhor em todos os sentidos, inclusive o literário”, diz.

A romancista carioca Ana Paula Maia, autora do celebrado De gados e homens, constata que o público leitor – principalmente feminino – aumentou bastante. “Elas são mais exigentes. Percebo um crescimento do número de mulheres interessadas nos meus livros, o que é uma grata surpresa, pois não são voltados para elas. Espero que 2014 também seja bom para a literatura”, conclui.


TRÊS PERGUNTAS PARA...
. Josélia Aguiar
. Crítica literária e jornalista


O ano que passou foi bom para as escritoras brasileiras?

Não só 2013. Nos últimos anos, temos assistido à estreia ou ao lançamento de livros significativos de autoras de todas as idades, tanto na prosa quanto na poesia. Não só para as mulheres as coisas parecem melhores: a literatura brasileira contemporânea passa por uma revalorização, ao menos em relação ao interesse da imprensa, o que deixa editoras e curadorias mais receptivas a autores nacionais. Como no passado tínhamos menos mulheres na ativa, a impressão pode ser de que as coisas têm sido mais interessantes particularmente para elas. Numericamente, creio que a quantidade de homens na cena literária ainda é maior.

Que livros lançados em 2013 por escritoras você destacaria?

Vou destacar livros de ficção, em ordem alfabética: Hanói, de Adriana Lisboa; As miniaturas, de Andréa Del Fuego; Esquilos de Pavlov, de Laura Erber; e Opisanie Swiata, de Veronica Stigger.

Quais são os seus projetos literários para 2014?

Além de continuar escrevendo sobre literatura, já que sou especializada na área, estou concluindo uma biografia de Jorge Amado para o selo Três Estrelas.

Carioca universal [Ivan Lins] - Eduardo Tristão Girão

Carioca universal
 
Ivan Lins surpreende em disco gravado com o grupo InventaRio. Clássicos de seu repertório e parcerias com Chico Buarque ganham nova sonoridade, além de versões em italiano e inglês


Eduardo Tristão Girão
Estado de Minas: 03/01/2014


Ivan Lins (C) e InventaRio imprimiram novos conceitos a canções conhecidas do compositor brasileiro (Angelo Trani/divulgação)
Ivan Lins (C) e InventaRio imprimiram novos conceitos a canções conhecidas do compositor brasileiro

Carioca com carreira consolidada no exterior, o pianista e compositor Ivan Lins testa novamente a popularidade de sua obra, desta vez com o disco que registra seu encontro com músicos do grupo italiano InventaRio. Lançado na Itália pelo selo Blue Note, o trabalho chega ao mercado nacional pela Biscoito Fino, trazendo faixas em português, inglês, italiano (a maioria) e no dialeto napolitano.

“Como gosto de colocar meu trabalho à disposição de conceitos novos e diferentes, quando recebi o convite para esse projeto, aceitei na hora. Os músicos são excelentes, inquietos como eu. Nós nos encontramos na Itália e concebemos juntos a sonoridade e a performance, mas deixando prevalecer a criatividade deles, muito interessante. Foi uma bela oportunidade de ter a minha música soando de uma forma nova, inclusive para mim”, conta Lins.

As gravações ocorreram no Rio de Janeiro e na Itália entre outubro de 2011 e janeiro de 2012. A produção ficou a cargo da banda formada pelo carioca Dadi (voz e violão) e os italianos Ferruccio Spinetti (baixo), Francesco Petreni (bateria e percussão) e Giovanni Ceccarelli (teclado). Colaborou com o projeto o radialista italiano Max de Tomassi, amigo de Lins, conhecedor de música brasileira e um dos incentivadores da tradução das canções para o italiano.

“Todos são excelentes músicos, além de admiradores do meu trabalho. Gravar com essa turma foi fácil e surpreendente. Percebi logo que eles são muito criativos, o que trouxe nova sonoridade para as canções”, elogia Ivan Lins. O cantor e compositor destaca também os convidados especiais do disco: Chico Buarque, Vinicius Cantuária, Vanessa da Mata, Maria Gadú e os instrumentistas italianos do Gnu Quartet.

AGENDA Habituado a circular pela Europa e pelos Estados Unidos, Ivan Lins comenta que sua agenda, nos últimos dois anos, tem priorizado shows no Brasil. “Isso se deve, sobretudo, à crise na Europa, mas a tendência é o panorama melhorar. A música brasileira de qualidade, seja de qual artista for, é muito apreciada em todo o mundo. A minha não é exceção, o aval do Quincy Jones deu um plus ao alcance dela lá fora”, conclui.


SAIBA MAIS

O “afilhado” de Quincy


Ivan Lins é um dos compositores brasileiros mais gravados por estrelas do jazz. Tudo começou na década de 1980, quando Quincy Jones descobriu o autor de Madalena. Inicialmente, as melodias originais e harmonias sofisticadas do carioca seduziram o guitarrista George Benson. Logo depois, começaram a pipocar releituras feitas por Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald, Sting, The Manhattan Transfer e Chaka Khan. A lista já ultrapassa duas mil gravações. No belíssimo disco The heart speaks (1996), Terence Blanchard relê 13 temas de Ivan. Destacam-se também encontros do brasileiro com os cubanos Chucho Valdez e o grupo Irakere, sem falar de incontáveis duetos, entre eles os bem-sucedidos encontros com Jane Monheit e Michael Bublé.

Bola bem dividida

Kiko Ferreira

Aberto com inédita Imprevedibile, parceria de Ivan Lins com Max de Tomassi, que traduz bem a ponte entre sonoridades brasileiras e italianas, o disco InventaRio encontra Ivan Lins tem como detaques as parcerias do dono da bola com Chico Buarque.

Primeiro Renata Maria: vertida para o italiano como Stella d’a mia, traz a voz delicada de Maria Pia de Vito. Sou eu, que Ivan e Chico fizeram para o pagodeiro Diogo Nogueira, ganhou a versão Com me – a dupla de autores se sai bem em italiano.

Tem mais: a surrada Madalena ganha sobrevida em versão instrumental, com destaque para o flugelhorn de Fabrizio Bosso. Há também novos sabores os clássicos Começar de novo, Lembra de mim, Camaleão e Guarde nos olhos interpretados por Vanessa da Mata, Chiara Civello, Maria Gadú e Bungaro.

Ivan Lins está na fila do patrocínio. Procura parceiros para viabilizar sua turnê com o grupo InventaRio. Que venham o show, o DVD, o blue ray, o especial de TV. Sucesso internacional na certa.

Carlos Herculano Lopes-Um homem feliz‏

Um homem feliz 
 
"Pouco mais de um ano depois da minha vinda para a capital, a alegria das alegrias: a Seleção Brasileira foi tricampeã" 
 
Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 03/01/2014


Quando cheguei a Belo Horizonte, no fim de dezembro de 1968, portanto, há 45 anos, depois da viagem de caminhão que durou três dias e meio para vencer cerca de 380 quilômetros, chovia tanto que o Vale do Rio Doce, de onde vim, parecia que ia desaparecer, como ocorre agora.

A primeira coisa que me impressionou na capital, se bem me lembro (morava com os tios Neusa Beirão e Joaquim Aguiar, no Bairro da Serra, mas descia a pé para o Colégio Arnaldo), foram as enormes correntes que, no início da tarde, eram instaladas na Avenida Afonso Pena, da esquina com a Rua Aimorés até a Avenida Bernardo Monteiro, impedindo o trânsito. Um dia, sem conseguir conter a curiosidade, perguntei à tia Neusa o porquê daquilo. E ela me respondeu: “Ali é o Dops, onde ficam os presos políticos”.

Por aqueles tempos, o prefeito de BH se chamava Luiz de Souza Lima, e também me lembro de que algum tempo depois, pois os jornais e a televisão não falavam de outra coisa, mataram sua filha, Jô. O governador de Minas era Israel Pinheiro da Silva, que, como meu pai havia me contado, foi o engenheiro chefe da construção de Brasília. Sua mulher, dona Coraci, faleceu recentemente, já centenária. Durante o seu mandato – também nunca me saiu da memória –, ocorreu a tragédia do desabamento do Parque de Exposições da Gameleira, matando dezenas de operários.

Pouco mais de um ano depois da minha vinda para a capital, a alegria das alegrias: a Seleção Brasileira comandada por Zagalo foi tricampeã no México. O jogo final, contra a Itália, nós vencemos por 4 a 1. Alguns dias depois, na companhia de colegas do Arnaldo, fui à Avenida Afonso Pena receber os jogadores mineiros, que desfilaram em um caminhão do Corpo de Bombeiros. Entre eles estavam Tostão, Dario e Piazza, craques que nos anos seguintes teria o privilégio de conhecer.

Naquele dia em que o Brasil ganhou o tri, para melhorar ainda mais as coisas, o general Emílio Garrastazu Médici, presidente da República, decretou que os ônibus deveriam circular de graça. Fizemos a maior farra, andando de um lado para outro com as roletas liberadas. Poucos meses depois, na minha inocente adolescência, ajudei a recepcionar este homem, também na Afonso Pena, balançando bandeirinhas do Brasil enquanto papel picado caía dos prédios e bandas militares executavam hinos patrióticos.

Nos idos de 1968, quando tantas coisas aconteciam no mundo e cheguei a Belo Horizonte, de onde nunca mais saí, acabei me apaixonando por uma menina chamada Lílian, que estudava no Colégio Sacré-Coeur de Marie, também na Serra, colega da minha prima Maria Helena. Dona de imensos olhos verdes, dos quais não posso me esquecer, ela se mudou pouco depois com a família para Alagoas, para onde o pai, que era do Exército, havia sido transferido.

Jamais poderia imaginar que, tanto tempo depois de chegar a esta cidade que considero minha, iria poder, guardadas as devidas proporções (e por isso agradeço a Deus), me considerar um homem feliz, que hoje tem a alegria de desejar a todos os amigos e leitores um ótimo 2014. 

Eduardo Almeida Reis‏ - Televisão

Eduardo Almeida Reis - Televisão
Estado de Minas: 03/01/2014


Marcel Proust, muito citado nos últimos tempos, disse que “um homem de grande talento prestará menos atenção à tolice alheia do que um tolo”. Na falta de grande talento, gosto muito de prestar atenção à tolice alheia, daí este suelto que vai encantar o leitor de Tiro&Queda.
Pago por uma tevê a cabo que é uma porcaria e me dá uma infinidade de canais religiosos, uma porção de canais de televendas, uma quantidade inimaginável de manhãs sertanejas. Um dos raros canais que assisto me chama de “assinante”, além de viver pedindo “fale com a GloboNews”. Por isso, aproveito a ensancha para constatar que o programa GloboNews em Pauta está piorando a olhos vistos. Seria mudança na produção?

A ideia é boa, mas o programa lá vai afundando. Primeiro, porque deu para incluir profissional que destoa do resto da equipe. Depois, porque as conselheiras de finanças, ótimas jornalistas, se perdem e tomam nosso tempo respondendo às consultas de dois ou três assinantes sobre assuntos que só interessam aos dois ou três.
O jornalista Jorge Pontual, brilhante profissional, precisa de um consultor fashion. É inadmissível que um jornalista de televisão se vista com um terno preto, camisa preta e gravata negra. Que é aquilo? Nem o presidente da AIPD, a Associação Internacional de Papa-Defuntos, teria coragem de vestir-se daquele jeito. E o negócio vai por aí para tristeza dos que gostávamos da ideia do programa.
Já que o assunto é televisão, informo ao caro leitor que aquele comercial imbecilérrimo, de 15 segundos, do desodorante Dove Men Care – em que um consumidor de desodorantes de outras marcas vê seu braço cair logo depois de esguichar o produto em seu sovaco, enquanto uma voz avisa “Desodorantes comuns podem causar danos nada agradáveis...”, foi parar no Ministério Público e na comissão de ética do Conar. Custa a crer que uma agência de imensa multinacional possa produzir comercial tão idiota. Comentei-o com a jovem e bela senhora que fica diante da tevê em minha companhia. Agora, sou informado de que o MP e o Conar estão tomando providências diante das muitas reclamações. Uma senhora queixou-se do comercial abusivo, agressivo, desnecessário e constrangedor para deficientes que o assistem, citando uma parenta que chora, sofre e esconde o rosto quando o anúncio passa na TV.

Alto nível
No delicioso livro As vacas Leiteiras, os portugueses Mário e Fernando Vieira de Sá, pai e filho, agrônomo o primeiro, veterinário o segundo, dizem que “dado o alto grau de baixo nível do nosso povo, cujo índice mais verídico é o analfabetismo, somos francos em considerar a utilidade muito relativa do presente trabalho. Não há portanto meio-termo: ou se encara o analfabeto e a esse não se lhe pode escrever, ou se encara a massa de doutores e para esses o livro é demasiado elementar”.

Felizmente vivemos num país em que é grande a massa de doutores, como os deputados federais Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Sebastião Bala Rocha (Solidariedade-AP), formados em medicina. Bala Rocha, como senador pelo Amapá, foi o tal que fez discurso de meia hora na tribuna do Senado falando mal de mim. No ano de 2004 apareceu na tevê algemado pela Polícia Federal por furto como secretário de Saúde do seu estado. Claro que não foi para a cadeia e se elegeu deputado federal.

Discutindo no plenário da Câmara, quando Bala Rocha acusou o colega de baixar o nível do debate, Chinaglia respondeu: “Só tenho a dizer uma coisa a Vossa Excelência: graças à minha formação, nunca fui algemado na minha vida”. Bala Rocha respondeu: “Eu fui injustiçado, seu p..., seu fDP..., eu fui injustiçado”. E continuou: “Os políticos do PT é que estão sendo algemados e presos na Papuda”.
Os poucos deputados presentes se meteram entre os dois para evitar que trocassem bofetões, enquanto o presidente desligava os microfones. Gente finíssima.

 Preconceituosos
Em rigor, o adjetivo preconceituoso pode ser contra ou a favor, porque significa parcial, não isento, e parcial significa “que toma partido a favor ou contra uma pessoa, uma facção, sem que importe a justiça ou a verdade”. Aí é que está: a favor ou contra.

Só o preconceito, o parcial
a favor do safismo explica a presença no rádio, na tevê e num grande jornal paulista de uma senhora que não abre a boca que não seja para dizer asneiras. Nada tenho contra a sua sexualidade, mas as suas opiniões, sobre todos os assuntos, só têm cabimento numa lata de lixo.
 O mundo é uma bola
3 de janeiro de 1496: Leonardo da Vinci testa a máquina voadora que construiu e não avoou. Em 1521, Martinho Lutero é excomungado pelo papa Leão X. Em 1534, o parlamento inglês nomeia o rei Henrique VIII chefe da Igreja Anglicana. Em 1558, Mem de Sá toma posse do cargo de governador-geral do estado do Brasil. Em 1889, início da “crise de loucura” que acomete Nietzsche até morrer em 1900. Que se pode esperar de um filólogo, filósofo, crítico cultural, poeta e compositor?

 Ruminanças

“Há milhões de imbecis pelo mundo, os outros é que são uma minoria ridícula” (Nelson Rodrigues, 1912-1980).

Estudos sobre o cérebro não conseguem esclarecer a complexidade da mente

Os limites da neurociência 
 
Apesar de serem muito importantes para a melhor compreensão de doenças, os estudos sobre o funcionamento cerebral não são capazes de esclarecer toda a complexidade da mente, da consciência e do comportamento humano 

Paloma Oliveto
Estado de Minas: 03/01/2014



Brasília – Do amor à preferência musical, da crença em Deus às escolhas políticas, do porquê alguém gostar mais de verde que de amarelo – o cérebro explica. Para tudo existe resposta neurológica: a paixão por gadgets, a obsessão por dietas, a vontade incontrolável de atacar uma barra de chocolate e até a habilidade de Bruce Lee de executar seu famoso soco de uma polegada. Nem os sete pecados capitais escaparam, sendo apoderados por pesquisadores que encontraram na ativação da região X ou Y a origem de ira, gula, avareza, luxúria, inveja, preguiça e vaidade.

Em plena era da neurociência, contudo, nem todos os especialistas concordam que o órgão mais misterioso do corpo é 100% responsável pelo comportamento. Para esses cientistas, creditar a reações químicas cerebrais todo tipo de crença e conduta é uma visão materialista e reducionista, adotada por quem não quer admitir que, na verdade, muito pouco se sabe sobre a mente e a consciência humanas, entidades que não podem ser vistas nem medidas.

Até a década de 1990, questões como espiritualidade, paixão e personalidade eram estudadas principalmente à luz de filosofia, religião e psicologia. Mas, então, começou a se popularizar uma máquina “leitora de mentes”, o escâner de ressonância magnética, idealizado pelo armênio Raymond Vahan Damadian em 1969. O exame revolucionou a medicina diagnóstica. Sem emitir radiação, ele é capaz de mostrar o interior do corpo em detalhes que, até aquela época, jamais haviam sido visualizados em uma pessoa viva. Dessa forma, a ressonância revela problemas diversos: de tumores a tendinites.

No campo da neuropsiquiatria e da neuropsicologia, o equipamento também se mostrou valioso, pois ele exibe, em uma tela, as mudanças fisiológicas ocorridas no cérebro, relacionadas a processos mentais. Há 20 anos, foi publicado o resultado do primeiro estudo científico que utilizou a ressonância para vasculhar a mente. O exame consegue, por exemplo, indicar que regiões do órgão se ativam no momento em que um indivíduo com anorexia visualiza a imagem de um sanduíche. Ou como o órgão se comporta quando uma pessoa apaixonada escuta a voz do amado.

Relações “Aplicada à investigação básica das funções cognitivas, essa técnica permite adentrar-se na relação entre o cérebro e a conduta, possibilitando explorar desde a percepção sensorial até os processos mentais mais complexos, tais como a resolução de problemas matemáticos ou os juízos morais”, explicam os neurocientistas Jorge L. Armony, David Trejo-Martínez e Dailett Hernández em um artigo publicado na revista Neuropsicologia Latinoamericana. “Também possibilita fazer distinções de funcionalidades entre regiões cerebrais específicas (…) e explorar diferenças entre populações clínicas, com a finalidade de identificar o correlato neural de um transtorno neurológico ou psiquiátrico”, escrevem.

A ressonância tem ajudado, por exemplo, a compreender o que se passa no cérebro de um psicopata. Esse transtorno antissocial desafia os estudiosos dos distúrbios da mente, que não conseguem encontrar explicações para o fato de algumas pessoas serem completamente indiferentes à dor e ao sofrimento de outros seres vivos. Na tentativa de se encontrar bases fisiológicas para essa condição marcada pela falta de empatia, muitos cérebros de criminosos já foram escaneados, com resultados bastante sugestivos.

Há cerca de três meses, um artigo publicado na revista especializada Frontiers in Human Neuroscience mostrou que, ao imaginar outras pessoas sofrendo fisicamente, o cérebro de 121 psicopatas detidos em prisões americanas não exibiu atividade em regiões previamente relacionadas à empatia para a dor, como a ínsula anterior, o córtex cingulado médio anterior e a amígdala direita. Mais do que isso, áreas cerebrais envolvidas na sensação de prazer, como o estriato ventral, se ativaram diante de imagens como o dedo de uma pessoa sendo esmagado pela porta.

Da mesma forma, outros estudos demonstraram um comportamento cerebral diferente em indivíduos que sofrem de diversos distúrbios mentais, como transtorno compulsivo-obsessivo (TOC) e depressão. “Isso é ótimo, mas explica muito pouco sobre essas condições”, opina Martha Farah, neurocientista cognitiva da Universidade da Pensilvânia, que pesquisa as implicações sociais do diagnóstico neurológico. “Nas duas últimas décadas, muitos pesquisadores têm usado a ressonância para tentar responder a diversas questões sobre mente e cérebro, mas muitos de nós não estamos convencidos da utilidade desse método. A abordagem, embora de apelo sedutor, trouxe poucos avanços para nosso conhecimento a respeito dos processos cognitivos”, acredita.

Abusos Sem se desfazer da importância da neuroimagem, a psiquiatra e escritora americana Sally Satel fez uma coletânea de estudos que abusam da ressonância para explicar o comportamento humano e critica a ideia de que tudo no cotidiano seja necessariamente relacionado a ativações de regiões cerebrais. Coautora do livro Brainwashed: The seductive appeal of mindless neuroscience (Lavagem cerebral: o apelo sedutor da neurociência insensata, em tradução livre), ela argumenta que os exageros de uma posição que chama de “neurocêntrica” podem mais atrapalhar que ajudar. “Essa visão da mente tem o potencial de minar nossas ideias mais arraigadas sobre indivualidade, livre arbítrio e responsabilidade pessoal, nos colocando sob o risco de cometer erros graves, seja nos tribunais, nas salas de interrogatório ou nas clínicas de tratamento de dependência química”, defende.

Caçadora de pesquisas populares em sites de ciência, Satel pergunta quantas vezes não se veem notícias com uma tendência sensacionalista, acompanhadas de títulos como “Seu cérebro quando você está apaixonado”, “Seu cérebro quando você tem fome”, “Seu cérebro quando você ouve música”, “Seu cérebro quando você medita”, como se os pontinhos luminosos exibidos pela ressonância fossem um retrato fiel da mente, capazes de descortinar os mais profundos mistérios humanos. Uma dessas pesquisas – que não à toa recebeu o título “Esse é seu cérebro na política”, no jornal The New York Times –, mostrou, em 2007, o cérebro de eleitores quando expostos a imagens de 20 pessoas, incluindo políticos como Hillary Clinton e Rudy Giuliani, apontados, naquele ano, como fortes candidatos às eleições de 2008 nos EUA.

Com base nas imagens de ressonância obtidas depois de uma hora de medição da atividade cerebral dos participantes do estudo, os autores da pesquisa prediziam as chances de cada candidato. “Barack Obama e John McCain têm trabalho a fazer”, afirmaram. “As imagens geradas quando os participantes viram o primeiro conjuntos de fotos e vídeos do sr. McCain e do sr. Obama indicaram uma notável falta de qualquer reação de poder, positiva ou negativa”, continuaram. No fim, foram justamente os dois que se enfrentaram no pleito – nem é preciso dizer que o candidato que não fez acender nenhuma “luzinha” no cérebro dos voluntários elegeu-se duas vezes para o mais importante cargo do mundo.

Causa ou consequência O psiquiatra brasileiro Alexander Moreira-Almeida, neurocientista e diretor do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), explica que, no cérebro, o que a ressonância magnética funcional faz é mostrar, de forma indireta, as áreas que receberam maior fluxo sanguíneo em determinado momento. O problema, para ele, é que as pessoas acabam confundindo os correlatos neurais.

“Se uma pesquisa mostra que, durante a prática meditativa, ativa-se certa região do cérebro, alguns podem dizer: ‘Está vendo? O efeito da meditação pode ser explicado… assim”, exemplifica. “De modo geral, os autores procuram alterações no cérebro relacionadas ao comportamento, mas não olham o inverso”, defende o psiquiatra. Moreira-Almeida cita estudos recentes sobre a anorexia que tentam explicar o distúrbio como consequência de alterações conectivas em redes de neurônios. Contudo, ele lembra que a supressão radical na ingestão de alimentos desencadeia desnutrição crônica, um problema que, por sua vez, afeta o cérebro, atrofiando certas áreas. Em vez de causa, essas alterações apareceriam em função do problema.

Nos anos 1990, imagens funcionais indicaram que o transtorno obsessivo-compulsivo também mudava a configuração do cérebro. Mas, no mesmo estudo, os pesquisadores constataram que, depois de um tempo se tratando, tanto os pacientes que tomaram remédio quanto aqueles que só fizeram terapia comportamental sofreram novas modificações cerebrais – o órgão voltou a se comportar como o de pessoas saudáveis. “Da mesma forma que o cérebro altera a mente, a mente altera o cérebro”, define Moreira-Almeida. 

Laparoscopia avança no Brasil e traz benefícios ao paciente - René Berindoague

Cirurgias mais seguras 

Laparoscopia avança no Brasil e traz benefícios ao paciente 
 
René Berindoague
Mestre e doutor em cirurgia geral, especializado em aparelho digestivo e diretor técnico do Instituto Mineiro de Obesidade e Cirurgia


Estado de Minas: 03/01/2014


A realização da primeira colecistectomia por laparoscopia (retirada da vesícula biliar) pelo francês Phillipe Mouret, em 1987, foi o início da revolução das cirurgias minimamente invasivas no mundo. No Brasil, essa operação foi realizada no início da década de 1990, com registro de três grandes centros em São Paulo, Goiânia e Belo Horizonte. Trata-se do principal avanço da área cirúrgica nas últimas décadas, responsável por reinventar a forma de encarar as doenças.

No geral, a vídeocirurgia difere da cirurgia convencional, sobretudo, pela não realização de um corte de grande extensão, e pelo uso de uma microcâmera. É possível ver e operar dentro do corpo humano, através de pequenos orifícios de 3 mm a 10 mm, por onde entra a microcâmara e os instrumentos, manuseados pelo cirurgião. Todo o processo operatório é gravado, sendo possível até que o paciente leve uma cópia do procedimento em DVD para casa. As imagens da câmera são ampliadas em uma tela de computador, orientando o médico na realização do procedimento.

Os órgãos doentes, estruturas musculares, vasos sanguíneos e nervos são vistos, mais claramente, em imagem ampliada, sem a interferência dos fluídos sanguíneos, comum na cirurgia normal. Como resultado, as manobras delicadas e complexas podem ser realizadas com maior segurança. As estruturas musculares, vasos sanguíneos e nervos são preservados. A tecnologia evoluiu nesses 25 anos, permitindo o uso da técnica em praticamente todas as áreas cirúrgicas. Hoje, quase todas as operações no aparelho digestivo são realizadas por vídeo laparoscopia: obesidade (redução do estômago), cirurgia do intestino, baço, apêndice, hérnia do hiato, esôfago e etc. As cirurgias ortopédicas, coluna, joelho, articulações em geral, coração e cirurgias na cabeça, como a de aneurisma cerebral, também contam com a ajuda dessa tecnologia. Há forte presença da laparoscopia na ginecologia, especialmente por ter sido a pioneira no país. Os cistos de ovário, dilatação das trompas, torção de ovário, gravidez tubária, investigação de infertilidade, realização de laqueaduras, tratamento de endometriose, de miomas e retirada do útero podem ser realizadas com segurança por laparoscopia.

A maior parte dos benefícios ocorre devido à menor agressão e menor trauma ao manusear os órgãos e tecidos. A vídeolaparoscopia pode ser executada em menor tempo que uma cirurgia convencional, reduzindo em três vezes o período necessário de internação. Além disso, garante melhor cicatrização, pouca incidência de dor e uma eficiente recuperação pós-operatória. O uso de afastadores de tecidos e músculos na cirurgia convencional ou aberta causa dores durante dias ao paciente. Na cirurgia convencional de coração, seria necessário cerrar o osso torácico. A redução da taxa de infecção ocorre devido à menor exposição dos órgãos e tecidos aos microrganismos presentes no meio ambiente. Por fim, com a microcâmera, usada também para o diagnóstico, é possível avaliar o problema, detalhadamente, sem a abertura do tecido.

Apesar dos incontestáveis avanços e benefícios, o uso dessa tecnologia ainda não está completamente difundido no sistema público de saúde. Os custos da tecnologia e dos materiais inviabilizam essa possibilidade, mesmo o custo total, incluindo o pós-operatório, sendo menor. Contudo, não restam dúvidas de se tratar do futuro da cirurgia. Depois da invenção dos antibióticos, a vídeo laparascopia muda padrões e processos nessa área, melhorando a qualidade da saúde e a longevidade.

Promessas para o novo ano - Mário Quirino

Promessas para o novo ano
 
Mário Quirino
Diretor do Instituto Você e especialista em Programação Neurolinguística (PNL)

Estado de Minas: 03/01/2014


O fim de ano passou e já inauguramos o ano novo com muitas expectativas para 2014. Tradicionalmente, as pessoas fazem promessas de réveillon, com metas e objetivos a cumprir na virada do ano. O comprometimento vai desde emagrecer alguns quilinhos a economizar para comprar a casa própria ou o carro. Independentemente da proposta, é essencial não deixar que a promessa fique apenas no calor da emoção do ano-novo. Fazer um planejamento, até mesmo em uma folha de papel, é importante para não deixar os objetivos traçados somente na memória.

O fim de ano é um período mais tranquilo para algumas pessoas, tornando propício repensar atos e atitudes dos meses passados, ter pensamentos otimistas em relação ao futuro e criar novas resoluções para o ano seguinte. Uma das explicações para isso é a necessidade do ser humano de viver em ciclos e marcos que estabeleçam uma sensação de começo e fim. Por isso, virou tradição ambicionar objetivos para o ano novo. Entretanto, também se tornou comum a não continuidade dos planos. Talvez, a correria do cotidiano dificulte a reflexão sobre os atos e, até mesmo, sobre a carreira profissional. Uma das principais causas desse declínio e desânimo está na falta de planejamento.

A primeira etapa para não deixar de lado as promessas é fazer o projeto por escrito. Objetivos que ficam apenas na memória costumam não funcionar e serem esquecidos. É preciso programar, planejar, reprogramar e não esquecer que, para alcançar as mudanças pretendidas, o começo tem que ser pequeno. Reflita sobre as metas e como alcançá-las. Quem pretende economizar dinheiro, por exemplo, deve saber quanto ganha e quanto gasta. Dessa forma, é possível saber com o que está desperdiçando e como pode economizar. Aquelas pessoas que querem mudar de emprego, devem, antes de tudo, ter clareza sobre o que esperam dessa mudança e analisar se a insatisfação é com a empresa ou com a carreira. Pequenas medidas acabam gerando grandes transformações.

O ideal é definir onde se está e aonde se quer chegar, e criar um eixo para que a mente possa registrar e produzir os resultados. É importante fazer um balanço sobre como foi o ano e avaliar se os objetivos foram alcançados. Muitas vezes, a impressão será que estamos deixando a vida nos levar, paralisados e acomodados com o que está acontecendo. As limitações da mente, em diversos casos, nos impedem de seguir em frente e são prejudiciais para o desenvolvimento pessoal e profissional.

É saudável fazer promessas de réveillon, pois mostra que a preocupação é sempre evoluir e aperfeiçoar as habilidades, os objetivos e os pensamentos. Contudo, mais benéfico ainda é cumprir tudo o que foi proposto. A disciplina e força de vontade são combustíveis para conquistar e alcançar as metas. O objetivo principal é ter um “plano de voo”. Se você não tem destino para seguir, ainda há tempo. Planeje e lute pelo tempo. Faça uso de suas forças e concentre-se nas metas. Isso é um investimento e, o melhor, em você mesmo.

CONGRESSO » Tome que o vexame é seu‏

CONGRESSO » Tome que o vexame é seu Parlamentares admitem que a produção em 2013 foi marcada por passagens constrangedoras, como a manutenção do mandato de Donadon, mas ninguém assume a culpa dos fiascos do ano 
 
Adriana Caitano e Amanda Almeida
Estado de Minas: 03/01/2014


Brasília – “Ih! Em 2014 não dá mais tempo de melhorar a imagem do Congresso. É hora de eleição!”, sentencia o líder da minoria na Câmara dos Deputados, Nilson Leitão (PSDB-MT), ao ser questionado sobre como corrigir os erros de 2013 nos próximos 12 meses. No balanço do ano que passou, parlamentares admitiram ao Estado de Minas: vexames marcaram os 365 dias do Legislativo federal. Entretanto, nenhum deputado ou senador assumiu a responsabilidade pelos fiascos, transferindo a culpa para fatores externos. O jogo de empurra é o mesmo que marcou a gestão do PMDB à frente do Parlamento.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), assumiram os respectivos cargos em fevereiro do ano passado, depois de uma disputa pelo comando das duas Casas manchada por denúncias e protestos contra eles. Com a missão de resgatar a imagem do Legislativo perante a população, eles investiram no discurso de defesa da transparência, do corte de gastos públicos e do combate à corrupção. No decorrer do ano, porém, estiveram à frente de situações constrangedoras para o Congresso. A principal delas – consenso entre os entrevistados pela reportagem – foi a manutenção do mandato do deputado Natan Donadon (sem partido-RO).

Menos de dois meses depois dos protestos que invadiram as ruas do país em junho, os parlamentares decidiram, em votação secreta, livrar Donadon da cassação no fim de agosto, mesmo após ele ter sido preso por formação de quadrilha e peculato. Acusado de ter errado ao colocar a votação em plenário em vez de declarar automaticamente cassado o mandato do deputado, Henrique Alves correu para tentar corrigir o problema e disse que o parlamentar teria de se licenciar por não ter condições de comparecer ao Congresso.

Para o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), a culpa não pode ser atribuída apenas ao presidente da Casa. “Não se pode transferir para ele uma decisão do plenário. Cabia a ele apenas abrir a sessão para decidir o caso. A manutenção do mandato foi responsabilidade da maioria, que decidiu por isso”, avalia. Depois do episódio, o Congresso voltou a discutir o fim do voto aberto, debate arrastado por anos nas duas Casas. O jogo de empurra entre Senado e Câmara, que tinham propostas sobre o tema e enrolavam para levá-las à votação, terminou com o fim do sigilo pela metade.

O Senado teve a chance de acabar com o voto secreto em todas as circunstâncias, mas preferiu aprovar apenas para casos de cassação de mandato e vetos presidenciais. Ficou de fora um item importante e que diz respeito diretamente a Renan: a eleição da Mesa Diretora. “O voto deveria ser aberto em todas as ocasiões. O ano do Congresso passou com nota média, mas raspando para não ser pior. Faltou a reforma política avançar nas agendas”, diz o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

A reforma política foi defendida pela presidente Dilma Rousseff como resposta aos apelos das manifestações de junho. O PT ensaiou uma pressão no Congresso, alguns partidos aproveitaram as circunstâncias como discurso da moralidade, mas o tema, mais uma vez, ficou no papel. Sem conseguir consenso nem sequer discutir o assunto, os parlamentares aprovaram apenas uma minirreforma eleitoral, com itens apelidados como “perfumaria”, como a limitação das despesas com alimentação e combustível nas campanhas.

Promessas vazias Outras promessas feitas à população que ocupou as ruas ficaram no caminho, apesar de Renan e Henrique Alves terem elaborado uma agenda positiva como reação aos protestos. Um dos primeiros temas aprovados foi a transformação da corrupção em crime hediondo, o que endureceu a pena para quem cometesse desvios. Os parlamentares usaram as redes sociais para festejar a aprovação e dizer que ajudaram na proposta. Só que, sem combinar as agendas, cada Casa votou um texto sobre o assunto e nenhum dos dois teve a tramitação finalizada.

O senador José Agripino Maia (DEM-RN) diz que a avaliação da produtividade e da conduta do Congresso como um todo é uma injustiça. “Não se pode nivelar parlamentares. Muitos foram na regência da boa produção, outros não. Lamentavelmente, os meios de comunicação assimilam informação negativa. Isso pega em todos. Eu me recuso a ser incluído entre os lambaios. Alguns exemplos de resistência foram dados. Processo democrático é isso. É erro cometido, correção feita.”