quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

TeVê

TV paga
Estado de Minas: 19/02/2014
 (Alexandre Ermel/Divulgação)


Lá em
Vila Isabel

Rafael Raposo e Camila Pitanga (foto) estrelam o filme Noel, o poeta da vila, que marcou a estreia de Ricardo Van Steen como diretor e conta a história do jovem Noel Rosa (1910–1937). Estudante de medicina, Noel gostava de improvisar canções para os amigos. Depois de aceitar o desafio do compositor Ismael Silva para criar um samba, Noel passou a se dedicar de vez à música e firmou-se como um dos maiores nomes do gênero. Confira às 21h30, no Arte 1. Em tempo: é hoje, às 22h, o show de Dom Salvador e grupo Abolição no SescTV.

Programação abre espaço
para o cinema brasileiro

É reprise, mas A marvada carne
é daqueles filmes que sempre merecem um segundo olhar, no caso às 21h, no canal Curta!. Às 21h45, a Warner exibe O homem do ano, com Murilo Benício. Na concorrida faixa das 22h, mais um bom filme nacional: Circular, no Canal Brasil. E ainda: Jovens adultos, no Telecine Touch; Homem faz o que homem pede, no Max HD; Efeito borboleta,
na MGM; Kill Bill Vol. 1, no Sony Spin; e A morte do demônio,
na HBO. Outros destaques da programação: O homem que fazia chover, às 19h30, no Telecine Cult; No limite da loucura, às 21h, no Comedy Central; Avatar, às 22h30, na Fox; O preço do amanhã, também às 22h30, no FX; e Minority Report – A nova lei, às 22h55, no
Universal Channel.

GloboNews homenageia
o ator Milton Gonçalves

O Arquivo N, que vai ao ar às 23h, na GloboNews, será todo dedicado à comemoração dos 80 anos do ator Milton Gonçalves, que é mineiro, nascido em Monte Santo de Minas. Só na Globo, Milton fez mais de 40 novelas, atuou em programas humorísticos e minisséries
e dirigiu sucessos como as primeiras versões de Irmãos Coragem (1970), A grande família (1972) e Escrava Isaura (1976). Foi o primeiro ator brasileiro indicado a um Prêmio Emmy, pelo personagem Pai José na versão de Sinhá Moça de 2006.
No cinema, sua filmografia oficial soma até agora 68 títulos.

Multishow vai transmitir
cerimônia do Brit Awards

O Multishow transmite hoje, a partir das 19h, o Brit Awards 2014, uma das premiações mais importantes da Inglaterra. Katy Perry, Arctic Monkeys, Bruno Mars, Pharrell Williams, Ellie Goulding, Bastille e Rudimental são algumas das atrações da
festa. A apresentadora Titi Muller faz a cobertura do tapete vermelho e entrevista os principais nomes da premiação.

Fox Life valoriza atrações
para o público feminino

Quarta de moda do canal Fox Life reúne algumas das principais atrações da emissora criadas especialmente para o público feminino. Começa com Ser mulher, às 22h15, dando dicas de figurino para a temporada primavera/verão, além de informações úteis sobre tratamento dos cabelos e da pele, com a dermatologista Bruna Venturin. Às 23h, The face –
A próxima top model promove mais uma eliminatória com as
10 candidatas desfilando com vestido de noiva na escadaria de um teatro de Nova York. E às 23h45 Fashion star propõe aos concorrentes o desafio de criar um visual para uma festa na piscina, férias tropicais ou  verão na cidade.

Amor veríssimo reserva
mais uma ótima história

No GNT, muitas reprises e três atrações realmente inéditas. Começa com Alta temporada, às 20h30, e emenda com Saia justa, às 21h30, dominado pelos homens: Eduardo Moscovis, Dan Stullbach, Xico Sá e Léo Jaime. Mas a maior surpresa tem sido a série Amor veríssimo, que vai ao ar às 22h30, hoje contando a história de um casal que se hospeda em uma pousada montada em um antigo mosteiro. Enquanto o marido Túlio (Pedro Monteiro), se distrai,  Luana (Fernanda Paes Leme), muito curiosa, decide desvendar os segredos do lugar com frei Antônio
(Paulo Tiefenthaler).

CARAS E BOCAS » Primeira noite




Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) estão cada vez mais próximas (João Cotta/TV Globo)
Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) estão cada vez mais próximas
[VIDEO1]


A dúvida de Clara (Giovanna Antonelli) é se Marina (Tainá Müller) está interessada nela ou se o jeito insinuante da fotógrafa faz parte do jeito dela. Ela procura Helena (Julia Lemmertz) para desabafar. A irmã mais velha faz a pergunta que não quer calar: com todas as suas investidas, Marina consegue mexer com Clara? E a dona de casa assume: “Mexe, mexe sim, não vou negar. Porque no fundo envaidece, bota a gente para cima, valoriza”. Na primeira oportunidade, Marina convida Clara para trabalhar com ela. Radiante, a mulher de Cadu (Reynaldo Gianecchini) aceita, para desgosto de Vanessa (Maria Eduarda Carvalho), que também gosta da chefe. Dias depois, Marina faz outro convite para Clara: um passeio em Angra dos Reis. Apenas as amigas seguem para a casa de praia da fotógrafa. Já no helicóptero, ela flerta com Clara: “Que sorte a minha. Te vi pela primeira vez e já no mesmo momento falei para mim mesma: é ela. Encontrei”, diz. Clara ri. “Como me encontrou?”, pergunta. Marina então olha nos olhos da amiga. “Porque sempre te procurei. Em todas as mulheres que eu conheci”, responde,
cada vez mais sedutora. Em Angra, as duas se divertem no mar e fazem um jantar regado a vinho. Elas acabam dormindo na cama da fotógrafa.


RACISMO EM DISCUSSÃO
NO PALAVRA CRUZADA

O caso Tinga e a posição do jogador brasileiro em relação ao racismo é tema do Palavra cruzada desta quarta-feira, às 22h, na Rede Minas. As agressões racistas sofridas pelo volante do Cruzeiro, durante a partida contra o Real Garcilaso, no Peru, repercutem em todo o mundo. Atletas de diversas equipes do futebol mundial condenaram o comportamento da torcida peruana. A Fifa quer uma punição exemplar e fala-se até na possibilidade de eliminação da equipe peruana da Copa Libertadores. Nas redes sociais, o assunto chegou ao topo de ranking de temas mais discutidos.
O Brasil inteiro parece ter #fechadocomoTinga. Mas será
essa a verdadeira realidade? Estamos mesmo fechados
contra o racismo?

OS SIMPSONS INSPIRAM
FORMA INÉDITA DE LEGO

Em comemoração ao 550º episódio de Os Simpsons, a família será transformada em lego, em episódio da 25ª temporada que vai ao ar, em 4 de maio, nos Estados Unidos e Reino Unido, segundo o jornal britânico The Guardian. Em Brick Like Me, Homer acorda e descobre que toda a cidade de Springfield foi transformada em blocos de montar. E ele tem a missão de tentar reverter a situação. Vale destacar que será lançada, em breve, a versão em lego da família, daí o episódio antecipado dos blocos de montar.

DOWNTON ABBEY GANHA
IMPORTANTES REFORÇOS

Downton Abbey, série exibida no canal GNT (TV paga), reforça o elenco na quinta temporada. São três novos atores: Richard E. Grant, Anna Chancellor e Rade Sherbedgia. O personagem de Grant é Simon Bricker, que é recebido pelos Granthams. Enquanto Chancellor será Lady Anstruther, Sherbedgia viverá uma russa refugiada. “Os personagens deles foram feitos para trazer ainda mais intrigas e animação ao show”, garante Gareth Neame, produtor executivo e diretor da Carnival Films, segundo o Hollywood Reporter. A quarta temporada tem estreia marcada no Brasil em 1º de abril. Já a quinta, no Reino Unido, é prevista para setembro. 


ESTRELAS DA MÍDIA

Ísis Valverde foi a celebridade mais comentada pela mídia em janeiro de 2014, segundo o ranking da PR Newswire, empresa líder em serviços de comunicação. A atriz foi capa de jornais e revistas que trouxeram reportagens sobre sua atuação na minissérie Amores roubados (Globo). O suposto envolvimento com o ator Cauã Reymond e o acidente de automóvel que sofreu no fim do mês passado também repercutiram na imprensa. Ísis falou sobre a carreira e vida pessoal, se dizendo satisfeita, à revista Caras. Mateus Solano, que bombou como o Félix da novela Amor à vida, conquistou o segundo lugar. O ator comemorou o sucesso do personagem na Contigo!: “Félix foi ficando cada vez mais caricato e teatral e convenceu as pessoas”, comentou. O terceiro lugar no ranking é de Dira Paes, que, segundo o jornal O Globo, é a musa do momento, e viveu a fogosa Celeste de Amores roubados, esbanjando sensualidade. Bruna Marquezine está no quarto lugar e ocupou páginas e páginas de revistas que falaram sobre sua trajetória profissional desde a estreia em novelas aos 6 anos. No quinto lugar, está Letícia Spiller, atualmente no ar em Joia rara (Globo), com destaque sobre sua carreira em jornais como Extra e Zero hora. 


VIVA

Cada vez mais louco, Manfred promete aumentar o terror dos que o cercam, nos próximos capítulos de Joia rara (Globo). Carmo Dalla Vecchia vive um momento e tanto na carreira. 

VAIA

Para o romance de adolescentes vivido por Heloísa (Flávia Alessandra) e Flávio (Guilherme Fontes), em Além do horizonte (Globo). Os personagens já passaram da fase
faz tempo.  

FERNANDO BRANT » Vamos chamar o lixeiro‏

FERNANDO BRANT » Vamos chamar o lixeiro

Estado de Minas: 19/02/2014


Quando a coisa aperta, dá vontade de ir para a Terra do Nunca com os netos. Fechar-me na sala e ouvir música que me leve ao mais profundo da emoção estética, que me embale para encarar, pois esquecer não dá, a barra pesada que nos envolve nesses momentos de violência, radicalismo e ausência de pensamento lúcido e lógico. Eu sou um homem comum e a maioria dos brasileiros também é. Queremos tranquilidade para levar a nossa vida em paz. Inventamos amigos, criamos família, trabalhamos, estudamos e não desejamos nada que não seja a serenidade para desfrutar de nossa humanidade. Não merecemos a insegurança que nos aflige a todo momento, em qualquer lugar em que estivermos.

A rua é nossa e não pode virar praça de guerra e morte. A rua é o espaço democrático do encontro. Extensão de nossa casa e essa tem de ser inviolável. Suas portas, é nosso direito, só se abrem para as pessoas de nosso afeto. Cada um de nós faz a sua parte para que o país ande e todos devem ser respeitados. A casa, a família e a rua são dos cidadãos e a contrapartida necessária nem sempre nos é dada. Saúde, educação, segurança e transporte são essenciais para uma vida digna.

Eu sei que não é só aqui, mas no Brasil a política está um lixo. Precisamos de ideias e ação, mas nossos representantes não estão à altura de nossos anseios, só pensam em manter poder e dinheiro. Dizem uns que têm uma ideologia que fará a todos iguais e felizes, mas a prática contraria todo esse discurso. Liberdade, fraternidade e democracia não os comovem. A máscara da preocupação social esconde o rosto de amantes de ditaduras. Outros não ocultam seus mesquinhos interesses patrimoniais, sua determinação em manter sua situação social, política e econômica.

E quando os dois tipos de políticos se juntam em aliança não há nada que os segure. O que fazer? Tocar um tango argentino ou visitar o Peter Pan? A voz dos brasileiros tem de se levantar, reivindicar, reclamar, procurar os corações semelhantes. Temos de nos indignar, acender a ira santa e pacífica que não mata por ser livre e democrática. Não queremos nenhuma revolução. Não é mais possível que a população não se sinta representada por nenhum poder e, quando a injustiça lhe cai na cabeça, desorientada, busque na raiva destrutiva o consolo para seu desconforto.

Qual foi a última vez em que você ouviu um discurso sensato sobre como resolver, de forma prática e eficaz, os reais problemas brasileiros? Ninguém se lembra, naturalmente. Só ideias lixo.

Na Copa, torcer pelo Brasil. Nas eleições de outubro, também. E vamos chamar o lixeiro.

Frei Betto - Utopia de Morus‏

Utopia de Morus

Frei Betto

Esatado de Minas: 19/02/2014


O poder, devido às premências do presente, faz com que se perca a visão de futuro. E o poderoso tende a perpetuar-se no cargo

 João Paulo II consagrou, em 2000, o inglês Thomas Morus (1478-1535) padroeiro dos políticos. Fez boa escolha, considerada a ambiguidade da maioria dos políticos. Canonizado em 1935 pelo papa Pio XI e pouco conhecido por sua suposta santidade, Morus é famoso por ser autor de um livro clássico, Utopia (1516), termo que cunhou a partir do grego utopos, que significa “lugar nenhum”.

Morus inspirou-se em Luciano, satírico grego do século 2, autor de História verdadeira, e em Erasmo, de quem era amigo, autor de Elogio da loucura (1511), que, em carta enviada a Morus, afirmou que “gracejos podem levar a algo mais sério”. É o que faz a boa literatura de nosso Veríssimo.

Em sua obra, Morus descreve a comunidade de uma ilha onde não havia dinheiro nem propriedade privada; admitiam-se adoradores do Sol e da Lua. “Todos eram livres para praticar a religião que bem entendessem, e tentar converter as outras pessoas para a sua própria fé, desde que o fizessem tranquila e educadamente, por meio de argumento racional.”

Tinha o autor por objetivo protestar contra as injustiças da Inglaterra de sua época: pobreza generalizada, criminalidade (e apelos à redução da maioridade penal…), pena de morte para quem furtava para matar a fome. “Vocês ingleses” – diz o narrador da Utopia –  “me fazem lembrar os professores incompetentes, que preferem reprovar os seus alunos que ensinar-lhes. Em vez de infligir essas punições horríveis, seria muito mais adequado proporcionar a todos algum meio de sobrevivência, de modo que ninguém se encontrasse sob a horripilante necessidade de se tornar, primeiramente, um ladrão, e depois um cadáver.”

Na ilha de Morus “todos recebem uma porção justa, de modo a não haver jamais pobres ou mendigos. Ninguém é proprietário de nada, mas todos são ricos – afinal, que riqueza maior pode haver que a alegria, a paz de espírito e estar livre da angústia?”

Dois fatores fizeram Morus renegar suas antigas ideias: a Reforma de Lutero e a sua nomeação a funcionário real, em 1518. Picado pela mosca azul, o poder lhe subiu à cabeça. Logo foi promovido a “conselheiro teológico” e, em 1529, nomeado lorde chanceler de Henrique VIII.

O que ele antes via como desejável, agora que chegara ao poder lhe parecia perigoso. Preferiu esquecer o que pregou e escreveu. Embora a comunidade da Utopia assemelhe-se ao comunismo, Morus, inimigo da Reforma, passou a atacar a vida comum dos anabatistas como terrível heresia, e tomou a defesa dos ricos proprietários de terras.

Lorde Morus proibiu mais de 100 livros, perseguiu quem não professava a fé católica, entre os quais o teólogo protestante William Tyndale, que traduziu a Bíblia para o inglês. Segundo seu biógrafo, John Guy, Morus aplicava severamente as leis que decretava: “Vendedores de livros eram multados e presos, e seus estoques de literatura herética queimados em praça pública”, e eles obrigados a desfilar em feiras livres, cavalgando de costas, para que o povo lhes atirasse frutas podres.

No epitáfio que cunhou para si mesmo, Morus afirmava orgulhoso ter sido um “perseguidor de ladrões, assassinos e hereges”. O último termo foi suprimido na reforma de seu túmulo, no século 19.

Em 1533, Henrique VIII separou-se de Catarina de Aragão, apaixonado que estava por Ana Bolena. Como Roma lhe negou a anulação do casamento, a fim de legalizar seu divórcio e sacramentar o novo matrimônio perante a Igreja, o rei transferiu para si a autoridade do papa e fundou a Igreja Anglicana. Por se recusar a aceitar Ana Bolena como rainha da Inglaterra e ficar do lado do papa Clemente VII, que excomungou Henrique VIII, Morus foi decapitado em 1535.

O poder é antiutópico ou distópico por natureza? Por que, hoje, tantos que outrora elevavam sua voz contra a exploração do capital e desfraldavam bandeiras progressistas, de leões bravios tornaram-se dóceis cordeiros do rebanho neoliberal?

Penso que o poder, devido às premências do presente, faz com que se perca a visão de futuro. E, como o poderoso tende a perpetuar-se no cargo (vide as velhas raposas da política brasileira), procura reduzir o processo histórico a seu momento pessoal. Julga-se início e fim, sem consciência de que não passa de mediador (meio) de um mandato popular.

Daí o risco de transformar-se numa figura ridícula, sem honra biográfica, mera caricatura de suas ambições desmedidas. Em sua pobre topia, não há mais lugar para a utopia.

Sucesso é com ele - Ana Clara Brant

Sucesso é com ele
 
Autor de mais de 2 mil canções, Michael Sullivan lança disco com seus maiores hits nas vozes de Ney Matogrosso, Sandy, Fernanda Takai, Gal Costa, Fagner e Roberta Sá


Ana Clara Brant
Estado de Minas: 19/02/2014



Compositor de Me dê motivo, sucesso de Tim Maia, Sullivan tem parcerias com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown (Leo Aversa/Divulgação  )
Compositor de Me dê motivo, sucesso de Tim Maia, Sullivan tem parcerias com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown


Ele nasceu Ivanilton de Souza Lima, mas acabou sendo “batizado” por uma lista telefônica de Nova York, com o nome de Michael Sullivan. O cantor e produtor, de 63 anos, que está completando quatro décadas de composição, está por trás de grandes sucessos e acaba de lançar o CD Mais forte que o tempo (Sony Music), com 17 faixas do seu repertório regravadas por vários artistas da MPB. “Minha primeira música foi My life e a gravadora sugeriu que eu mesmo cantasse. Só que meu nome não era muito artístico. E, como eu gostava muito de Michael Jackson, faltava um sobrenome. A gente dedilhou o catálogo e apareceu Sullivan”, explica.
Com cerca de 2 mil composições, sendo 1,4 mil gravadas e quase metade no topo das paradas, ele se tornou conhecido não só no Brasil. São dele hits como Whisky a go go, Joga fora, Me dê motivo, Talismã, Um sonho a dois e Abandonada. Canções, aliás que estão no disco e ganharam novas versões na voz de Ney Matogrosso, Sandy, Fernanda Takai, Gal Costa, Fagner, Adriana Calcanhotto e Roberta Sá. “Realmente não é tarefa fácil selecionar apenas 17 músicas num universo de mais de mil. Mas me preparei muito para este projeto e é uma resposta contemporânea à minha obra. O disco demarca novos caminhos e é uma homenagem aos meus 40 anos compondo. É um trabalho de muita emoção e felicidade”, celebra.

Apesar de estar registrado na Ordem dos Músicos como cantor – Michael chegou a ter uma carreira de intérprete e soltou a voz nas bandas The Fevers e Renato e seus Bluecaps –, foi na criação que ele se destacou. E compôs para os mais variados estilos e artistas. Do sertanejo ao pop, passando pela MPB, funk, forró, infantil e axé. E o que explica tamanha diversidade? “Não sou especialista. Sou um artista livre, plural. É a música que me usa e não o contrário. E não tenho preconceito nem conceito com relação a nenhum tipo de arte. É o tempo que vai dizer o que vai ficar ou não, por isso, o nome do disco é mais do que apropriado”, resume.

Mesmo dizendo que se tornou compositor e produtor por acaso, não há como negar que o ofício virou a sua marca registrada. Quando começou, muita gente estava criando em inglês. Tomou gosto pela coisa e no fim dos anos 1970 conheceu um parceiro bem frequente: Paulo Massadas. Uma dupla dinâmica de hits. Os dois bateram recorde, que foi parar no Guiness, como a dupla de compositores com maior número de discos nas paradas de sucessos no menor espaço de tempo. Depois de 15 anos juntos, decidiram dar um tempo. “Já faz uns 20 anos que estamos separados e não voltamos mais. O mercado mudou, se segmentou e dei uma atualizada nos meus parceiros, assim como um computador que atualiza o sistema. A gente tem que se modernizar”, justifica.

Bailão e crianças Michael Sullivan, que também toca violão, ensinado pelo grande amigo Tim Maia, assegura que está aberto a todo tipo de novidade e que não parou no tempo. Tem criado ao lado de nomes como Alice Caymmi, Zeca Baleiro, Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, entre outros. “Não tenho um universo particular. Sou o universo que explode e tem sempre que se renovar. Por isso ouço de tudo e sou receptivo a tudo e a todos”, filosofa o músico, que quer trazer a Belo Horizonte tanto a turnê de Mais forte que o tempo, como a do Bailão do Sullivan.

Outra faceta do artista, que teve muito êxito, foi sua incursão pelas trilhas infantis. Compôs aproximadamente 350 músicas para Xuxa (Lua de cristal, Brincar de índio, Parabéns da Xuxa, Arco-íris), Trem da Alegria (Uni-duni-tê, É de chocolate, He-Man), Angélica (Na hora de dormir, Fada bela, Ciúme, Cuida de mim), TV Colosso (Eu não largo o osso) e até Renato Aragão, com Amigos do peito, tema do Criança Esperança e da Unicef. “Essas músicas não foram encomendadas e foi tudo fruto da minha cabeça. Achei que na época as canções para crianças estavam meio bobas, infantiloides, e aí criamos algo para os pequenos, mas com arranjos de adulto. Eram peças bem trabalhadas e graças a Deus foram um sucesso danado. É ótimo ter todo esse reconhecimento”, conclui.

Eduardo Almeida Reis-O Dauphine e o trator‏

O Dauphine e o trator

O carro foi apelidado Leite Glória, baseado na publicidade do leite em pó instantâneo, cujo slogan era Desmancha sem bater


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 19/02/2014

Com o imbróglio do rebaixamento da Portuguesa para a Série B, não faltou gente maldosa que se lembrasse da construção do Estádio do Canindé em 1953, às margens do Rio Tietê, em São Paulo, propriedade da Associação Portuguesa de Desportos. As más línguas contam que, terminada a construção do Canindé, constataram o esquecimento de imenso trator que não tinha como sair do estádio.

Acompanhei caso parecido com um colega de trabalho, que morava num subúrbio do Rio e construiu pessoalmente, nos finais de semana, uma garagem para o seu Dauphine. Veículo horroroso, foi o primeiro automóvel de passeio da Willys-Overland do Brasil, que já fabricava o utilitário Rural Willys, outro pavor sob a forma de veículo automotor, e o Jeep Willys.

O Dauphine foi lançado com potência de 26,5cv e 845cc de cilindrada, suspensão Aerostable de bolsas de borracha cheias de ar, que endureciam de acordo com a carga do carrinho. Suspensão projetada para as estradas da Europa não aguentou nossas estradas. O carro foi apelidado Leite Glória, baseado na publicidade do leite em pó instantâneo, cujo slogan era “Desmancha sem bater”. Além disso, como o carro gostava de capotar, a suspensão foi transformada em Aerocapotable.

Funcionário concursado de banco oficial, o colega se divertia (e economizava...) como pedreiro amador. Embrulhou seu Dauphine em papel de jornal e construiu a garagem em torno do carro, mesmo dispondo de terreno grande. Terminada a obra, descobriu que não tinha como abrir a porta do carrinho da garagem, o que o obrigava a puxar o carro na munheca, quando saía para passear com a esposa e as crianças, empurrando mais tarde o Dauphine para guardar na garagem.

Era burríssimo. Sujeito burro não tem mulher, tem esposa. Ficou riquíssimo, milionário mesmo, com um consórcio que montou. Morreu há 30 anos. Como se vê, neste país grande e bobo uma anta pode enricar e a história do trator do Canindé deve ter sido verdade verdadeira.


Philosophares

Taptoe, em holandês, significa “fechar a torneira do barril de cerveja”, sinal da hora de fechar a taberna. Pelo meado do século 17 os ingleses importaram a palavra, que resultou no verbo to tattoo para o toque de corneta que acusava a hora de os militares voltarem para os quartéis, mas a palavra tattoo foi importada por eles da Polinésia no século 18 para os sinais, figuras e frases inseridos na pele. Houaiss diz que o verbo tatuar nos chegou do verbo inglês to tattoo, inserir pigmento sob a pele para obter marca ou figura indelével, derivado do mesmíssimo inglês tattoo, marca ou figura indelével feita na pele, do taitiano tatau “sinal”.

Continuo sem entender como pode uma pessoa deixar-se tatuar, mas não entendo muitas coisas, como os idiomas alemão, chinês e japonês. Há uma diferença entre as coisas que não entendo: não tenho horror aos alemães, chineses e japoneses, mas detesto tatuagens. Claro que ninguém vai deixar de recorrer às tatuagens só porque não entendo que as pessoas se “enfeitem”, mas me reservo o direito de continuar detestando os “enfeites”.

Numa rápida consulta às estantes que exornam o apê, encontro autores que concordam com o meu philosophar. Charles Letourneau (1831-1902) escreveu: “Os delinquentes têm vivo e precoce interesse pela tatuagem, que frequentemente se caracteriza pelo cinismo, até praticada sobre os órgãos sexuais”.

Cesare Lombroso (1835-1909) emendou: “Quem pode negar que a tatuagem, pela obscenidade dos desenhos, pela parte do corpo em que foi praticada, revela o crime de pederastia melhor do que todas as lesões anatômicas, como Lacassagne nos demonstra?”.

Politicamente incorreto, Lombroso achava que pederastia era crime. Letourneau ligava a delinquência ao interesse precoce pela tatuagem. Longe de mim tal exagero, mas me reservo o direito de continuar detestando tatuagens. E uma coisa é certa: se há tatuados que não delinquem, nos últimos 40 anos não tivemos um só delinquente que não fosse tatuado.


O mundo é uma bola
19 de fevereiro de 197: início da Batalha de Lugduno entre as forças do imperador romano Septímio Severo e do usurpador Clódio Albino. Você talvez tenha ouvido referência à Batalha de Lyon, porque Lugduno era Lyon na França. Com a vitória, Severo passou a ser o único imperador do Império Romano. Essa batalha foi considerada a maior, a mais renhida e sangrenta de todos os confrontos entre os romanos. Dião Cássio, o historiador, falou em 300 mil envolvidos, número contestado por outros estudiosos, porque representaria três quartos de todos os soldados do Império Romano em 197. É amplamente aceito que o número de soldados e pessoal de apoio tenha ultrapassado 100 mil, podendo se aproximar de 150 mil, gente pra dedéu naquele tempo.

Em Portugal, no dia 19 de fevereiro de 1766, começou a funcionar o Colégio dos Nobres criado por carta régia em março de 1761. Oficialmente Real Colégio dos Nobres, era reservado aos moços fidalgos portugueses entre os 7 e os 13 anos de idade e o seu corpo docente era constituído, em sua quase totalidade, por mestres estrangeiros. Extinto em 1837, em suas instalações funciona hoje a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Hoje é o Dia do Desportista.

EMPATIA ANIMAL » Elefantes se preocupam com os outros‏

EMPATIA ANIMAL » Elefantes se preocupam com os outros 

 
Estado de Minas: 19/02/2014


Uma tromba amiga é tudo o que um elefante quer no momento de aflição. Desafiando o que os cientistas sabiam, até agora, sobre empatia no mundo animal, esses enormes mamíferos também consolam os companheiros, com vocalizações e toques, um comportamento que se acreditava ser exclusivo do homem e de outros grandes primatas, além de cachorros.

“Durante séculos, as pessoas têm observado que os elefantes são extremamente inteligentes e empáticos, mas os cientistas precisavam testar isso ainda”, conta Joshua Plotink, biólogo conservacionista da Universidade de Emory que liderou o estudo à frente do Centro Nacional de Pesquisa Primata da instituição. “Esse estudo demostrou que elefantes ficam tristes quando veem outros sofrendo e se aproximam para acalmá-los e consolá-los, da mesma forma que humanos abraçam alguém que está chateado”, observa Frans de Wall, professor de psicologia e diretor do centro. “Com seus fortes laços sociais, não é surpreendente que os elefantes mostrem preocupação com os outros”, completa.

Plotnik já havia constatado anteriormente que os elefantes se reconhecem no espelho, um teste de autoconsciência no qual, até então, apenas golfinhos, gansos e alguns primatas haviam passado. Além disso, o pesquisador mostrou que os paquidermes cooperam uns com os outros para resolver problemas. “Os humanos são únicos em muitos sentidos, mas não em todos que havíamos imaginado”, lembra o biólogo.


Gentis A pesquisa foi feita com um grupo de 26 elefantes asiáticos que vivem em cativeiro em um santuário da Tailândia. Durante quase um ano, os cientistas observaram e gravaram os animais reagindo a situações de estresse, como a presença de um cachorro, de uma cobra ou de outro elefante “inimigo”. “Quando esse animal está chateado, ele abana as orelhas, o rabo fica ereto ou se enrola e muitos emitem um ruído de baixa frequência”, diz Plotink, explicando as características de um elefante estressado.

Nessas situações, os animais do grupo costumam se aproximar e fazer contato físico, tocando o outro com a tromba gentilmente na face ou na boca. “O gesto de botar a tromba na boca do outro é quase como um apertar de mãos ou um abraço. É uma posição muito vulnerável de se colocar, porque você pode ser mordido. Pode ser um sinal do tipo: ‘Eu estou aqui para ajudá-lo e não para feri-lo’”, conta o biólogo.

O elefante que vai consolar o amigo também mostra uma tendência de emitir sons particulares. “A vocalização que ouvi na maioria dos eventos estressantes era um som alto, de fundo. Eu nunca havia escutado essa vocalização quando os elefantes estavam sozinhos. Pode ser um sinal como: ‘Shhh, está tudo bem!’, o tipo de coisa que um humano fala, por exemplo, para acalmar um bebê”, diz Plotnik. O cientista lembra que descobertas como essas podem ajudar nos esforços de conservação da espécie. Elefantes estão sempre em risco devido à caça ilegal. “Eles são animais incrivelmente majestosos e há muito ainda para aprender sobre seu comportamento e inteligência. Temos de educar as pessoas sobre eles”, conclui. 

Estudo que descreveu maneira de produzir células-tronco é reavaliado

Novas células-tronco sob investigação 

 
Estudo que descreveu maneira revolucionária de produzir as estruturas é investigado pelo centro onde foi realizado, no Japão. Há dúvidas sobre eficácia da técnica e denúncia de manipulação de imagens 

Imagem mostra embrião de camundongo que teria se desenvolvido com a ajuda das novas células-tronco 
 (Haruko Obokata/Reuters)

Imagem mostra embrião de camundongo que teria se desenvolvido com a ajuda das novas células-tronco


Paloma Oliveto
Estado de Minas: 19/02/2014



Brasília – O ano começou com uma grande revelação para a medicina regenerativa: cientistas japoneses afirmaram, no mês passado, ter descoberto uma nova maneira de fabricar células-tronco pluripotentes, aquelas que se transformam em qualquer tipo de tecido do corpo. Sem necessidade de usar embriões nem de manipular geneticamente o núcleo, as batizadas células Stap poderiam, de acordo com os autores do estudo, ser geradas a partir de estruturas adultas expostas a uma substância de pH ácido. Agora, a Nature, mesma revista que publicou o artigo científico há duas semanas, anunciou, em seu site, que o resultado está sendo investigado pelo Centro Riken de Desenvolvimento Biológico, onde o trabalho foi desenvolvido.

Ontem, um porta-voz da instituição japonesa afirmou que o Riken, o maior centro de pesquisa do Japão, iniciou uma investigação a respeito dos dados divulgados e da metodologia aplicada pela equipe liderada pela bióloga Haruko Obokata.

O motivo da apuração teriam sido dúvidas levantadas por cientistas do próprio Riken e de outros polos de pesquisa, que estavam tentando, sem sucesso, replicar o resultado. Haruko não se manifestou publicamente. A bióloga não está sendo acusada de fraude, mas há dúvidas sobre a autenticidade de imagens do embrião no qual as Staps foram inseridas. Uma postagem anônima publicada no site PubPeer, um fórum de discussão de trabalhos científicos, acusou a equipe de Haruko Obakata de manipular e duplicar as fotos. Além disso, colegas da bióloga acreditam que o passo a passo da técnica contém erros ou omissões.


Boa recepção Em 29 de janeiro, a divulgação do artigo foi bem-recebida no meio científico. Células-tronco são a grande aposta da medicina regenerativa, com um potencial de tratamento de diversas doenças, como Parkinson e esclerose múltipla, além de representar uma esperança para quem necessita de transplante de órgão. Diferentemente das embrionárias, que suscitam muito debate ético e, na prática, facilitam o surgimento de tumores, as originadas de tecidos adultos podem ser obtidas da pele do próprio paciente. Com manipulação genética, células da epiderme voltam ao estágio indiferenciado. Ao serem tratadas com substâncias específicas, elas se transformam na base de fabricação de qualquer órgão: coração, rim, cérebro etc. As células pluripotentes induzidas foram descobertas em 2006 e, no ano passado, teve início o primeiro estudo com humanos que utilizam a técnica. Apesar de promissor, o procedimento é caro e complexo, pois exige mudanças no núcleo celular.

Os cientistas do Centro Riken afirmaram ter conseguido fazer a mesma coisa sem precisar mexer no material genético das células. Eles disseram que induziram o estágio embrionário manipulando apenas o meio de cultivo. O pH extremamente ácido, condição quase letal, foi combinado a um estado de baixa oxigenação. Sob o forte estresse ambiental, as células adultas retiradas da epiderme de ratos perderam a especialização. Esse fenômeno ocorre naturalmente em algumas plantas, o que inspirou os pesquisadores a desenvolver a técnica. Depois, os cientistas cultivaram as Stap em um líquido especial e elas começaram a se dividir. Quando implantadas em um embrião de roedor formado por apenas oito células, as estruturas se integraram e passaram a produzir os mais diversos órgãos, reportaram no artigo. As imagens desse embrião é que levantaram dúvidas: uma estaria invertida e outra estaria duplicada.

Ceticismo e cautela Logo que o artigo foi publicado, a maior parte dos cientistas que se manifestou ficou animada pela facilidade de obtenção de células embrionárias. O resultado do estudo foi comemorado mundo afora. Um dos poucos céticos a levantar voz contra o resultado foi Paul Knoepfler, diretor do Laboratório Knoepfler de Células-Tronco da Universidade da Califórnia. “Em todo o mundo, os cientistas estão tentando usar os métodos descritos no artigo nas últimas semanas. Lancei uma ferramenta para que esses pesquisadores relatem seus resultados. Tivemos nove relatos até agora e eles são muito negativos. A própria Nature fez sua própria pesquisa com 10 grandes laboratórios de células-tronco e nenhum conseguiu produzir as Staps”, afirma Knoepfler ao Estado de Minas. Sobre a duplicidade da imagem do embrião, ele diz que não está tão certo disso.

O comunicado do centro Riken afirmou que, apesar de os métodos estarem sendo analisados, o resultado do estudo é incontestável. Mas a matéria publicada no site da Nature mostrou que até um dos colaboradores do estudo, Teru Wakayama, que assina o artigo científico, teve dificuldades para replicar a experiência. Ao tentar criar as células em um laboratório independente, ele não teve sucesso. “Parece uma técnica fácil – apenas adicione ácido –, mas não é tão fácil assim”, relatou à revista.

Em entrevista à Nature, outros cientistas ponderaram que não se deve condenar a equipe de Haruko Obokata prematuramente. “Um experimento aparentemente fácil de ser feito em um laboratório experiente pode ser extremamente difícil de se replicar em outros”, disse Qi Zhou, especialista em clonagem do Instituto de Zoologia de Pequim. Jacob Hanna, biólogo de células-tronco do Instituto Weizmann de Rehovot, em Israel, lembrou que “temos de ser cautelosos e não perseguir novas descobertas”, embora admitindo ser cético em relação às Stap. Um porta-voz do grupo Nature informou que a editora está “atenta e investigando o problema”.

Repetição?

No artigo, há duas imagens de placenta. Uma foi formada a partir de células-tronco pluripotente induzida e outra com células Stap. A alegação é que a imagem é a mesma, tendo sido duplicada e manipulada.