sábado, 28 de setembro de 2013

Feira e devaneio - José Miguel Wisnik

O GLOBO - 28/09/2013

Espremido hoje entre várias atividades e
viagens em trânsito e por vir, não tenho outra
saída senão apresentar em estado de devaneio
um rascunho das ideias que tenho que
preparar para expor na Feira de Frankfurt.
Parece tortuosa a situação, e é. A feira do livro
alemã, que começa no dia 8 de outubro,
tematiza este ano o Brasil. A mesa proposta
pelos organizadores, da qual faço parte,
tratará da “Formação e crise do discurso da
nacionalidade”. Descontada a imponência do
título, além de todas as mediações que o
desenvolvimento do tema exigirá, ele vem ao
encontro de perguntas que me faço, e que
batem numa questão atual que vejo poucas
vezes tratada, e que desde algum tempo
espera a oportunidade de ser trazida aqui.
Como este espaço tem acolhido interrogações
e devaneios, vamos lá.

Uma das ideias-força na constituição dos discursos
da nacionalidade tem origem no romantismo
alemão, e diz que o espírito de
uma nação se encontra nas manifestações culturais
do seu povo. Nos países colonizados com base no
escravismo a aplicação dessa noção, ao longo do
século XIX, se mostra evidentemente problemática:
seria preciso ao mesmo tempo mostrar e esconder
que a nação, para se reconhecer no povo, teria que
se reconhecer nos escravos. Numa cultura formada,
no entanto, na base de deculturações e aculturações
complexas, em que os escravos afro-brasileiros
absorvem e revertem a seu modo a cultura do
colonizador, sem falarmos na misteriosa presençaausência
do indígena, instaura-se um sintomático
negaceio, por parte das elites, entre negar, rasurar,
reprimir, e ao mesmo tempo deixar-se atrair pelas
manifestações populares que emanam da população
escrava e mestiça, evitando sistematicamente
nomear o seu caráter escravo e mestiço, que permanece,
nesse sentido, na ordem do tabu.

O modernismo avança, em grande parte, para dentro
desse tabu, sondando as possibilidades de conciliação
da elite ilustrada com o povo enigmático que
resulta dos traumas e das singularidades da colonização
anômala. “Os sertões” já tinha acusado fragorosamente
o problema, como resultado grandioso, que
é, do fracasso da utilização das categorias científicas
do tempo na visão do povo que emerge da Guerra de
Canudos. “Macunaíma” e “Grande sertão: veredas”
podem ser entendidos como formulações poderosas
desse nó, movidas pelo desejo de superá-lo.

Mário de Andrade dedicou a vida ao projeto de
conciliar o intelectual letrado com o povo analfabeto
e artista, e de elevar o Brasil a uma espécie de estado
ideal de resolução dessa dicotomia, dessa distância
e desse abismo. “Macunaíma” é uma formulação
rapsódica e trágica dos impasses contidos na
aposta, cheia de esperança, inquietação e dúvida.
Guimarães Rosa desata o nó a seu modo, criando todo
um sistema de recados secretos entre o universo
do não letrado e o do hiperletrado que ele é. “O recado
do morro” é uma viagem narrativa em que uma
canção popular oral revela-se aos olhos da alta literatura
que a lê, e o “Grande sertão”, um imenso recado
em que o livro que lemos vem da fala de um semiletrado
do mundo iletrado do sertão passando
pelas lentes da escrita do hiperletrado que o escuta.

Do samba à bossa nova e à MPB, de Villa-Lobos
e os compositores nacionalistas a Tom Jobim, da
antropofagia à Tropicália, de Graciliano ao Cinema
Novo, com todas as diferenças implicadas, a
cultura brasileira dos anos 20 aos 60 do século XX
foi movida em grande parte pelo desejo de equacionar
a nação na perspectiva de uma original combinação
do erudito com o popular. Combinação
que resta, aliás, como seu traço diferencial inequívoco.
E Brasília, com todas as suas contradições, e
sua grandeza, é o próprio símbolo de um projeto
nacional guiado pela elite intelectual modernista.

A ditadura veio marcar o fim desse ciclo de grandes
obras totalizantes. Junto com ela, a televisão em
rede nacional, ocupando todos os espaços e movendo-
se pelo território nacional com uma facilidade
que Macunaíma só tinha com a licença poética e
imaginária do folclore. Vou isolar abruptamente
um dado dessa nova realidade: a publicidade bombardeando
todas as classes sociais pela televisão
aberta com as promessas miríficas das mercadorias
às quais os despossuídos só têm acesso imaginário.
Antonio Risério fala disso no seu livro sobre as cidades
brasileiras, sugerindo a conexão mais funda,
não entre filmes violentos e violência, como se costuma
fazer, mas entre publicidade e violência. A relação
compensatória e descompensada entre essas
duas é um índice gritante de um estágio onde não
vigora mais aquela promessa de conciliação que
mantinha o povo no seu lugar de povo.

Ela é também um tabu dos novos tempos. Como
tratá-la de maneira não conservadora? E que veículo
se disporia a colocá-la em cena? 

João Paulo - O colaborador e o explorado‏

João Paulo

Estado de Minas: 28/09/2013 



Os bancos estão parados, os trabalhadores ameaçados, mas os lucros continuam a tilintar nos cofres (Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Os bancos estão parados, os trabalhadores ameaçados, mas os lucros continuam a tilintar nos cofres

Tem muita gente parada. É só olhar em volta para ver os professores acampados na porta do Palácio das Mangabeiras reivindicando investimento devido à educação, melhores salários e condições de trabalho adequadas. Quem precisa pagar contas em bancos oficiais também tem encontrado portas fechadas, ao mesmo tempo que vem acompanhando publicidade dos ganhos das instituições financeiras públicas. Se procurar os correios, também vai ficar sem serviços. Se for à Assembleia Legislativa, vai se deparar com policiais civis em barracas de campanha. Até os jogadores de futebol estão se organizando para exigir condições mais humanas de trabalho. As greves em vários setores estão mostrando que a contradição entre capital e trabalho não deixou de existir com a destruição orquestrada pelo pensamento conservador da bússola ideológica que organizava o mundo em esquerda e direita. Só quem é de direita nega a existência da esquerda.

s greves não devem ser tratadas de forma única, já que há diferentes graus de motivação e de acúmulo de organização entre os trabalhadores. No caso da educação em Minas, por exemplo, ao acenar com o aumento de 5%, o governo sabe que é pouco, reconhece a defasagem salarial com outras categorias com o mesmo grau de formação, confessa se preocupar com o abandono da carreira por milhares de professores a cada mês (pode haver maior signo de derrota de civilização do que este?) e promete recomposição (o que é uma confissão da insuficiência da proposta) a longo prazo.

No entanto, na prática, essa fieira de confissões tem se mostrado cabotina. Em primeiro lugar, há um desvio semântico que, para driblar as exigências constitucionais, muda o nome de salário para subsídio, de modo a atender as exigências da lei e fraudar o professor em seus direitos de ter seu piso definido pelo vencimento básico. O Estado não paga o que deve e gasta em publicidade para dizer que paga mais do que pode. Além da dívida, que se acumula aos bilhões, há sempre o discurso de que o impacto nos gastos com aumentos salariais de professores retiraria do Estado a capacidade de pôr recursos em outros setores sociais, ficando a promessa para os futuros ganhos com o pré-sal ou demais graças da natureza, nunca da ação de homens sérios. Em outras palavras, os professores são responsabilizados pela incompetência do Estado em arrecadar com justiça, controlar gastos com diligência e distribuir renda de forma democrática em serviços de qualidade (educação entre eles).

Curiosamente, trata-se do mesmo governo que divulga sua trajetória em termos de crescimento de receita com cenário atrativo para o capital investidor externo, austeridade administrativa e corte de gastos com políticas modernas de gestão, e resultados qualitativos em sua política educacional (“campeão em matemática”, sabe-se lá o que isso significa na construção pedagógica de uma sociedade que precisa ser solidária, não competitiva desde a infância). Assim, a mobilização do setor educacional tem demonstrado a falência de um pacto entre trabalhadores e governo. O acampamento em frente ao palácio é mais que uma situação de fato: é uma metáfora dura do que significam os dois setores para a sociedade, que universos habitam, que espaço ocupam. O castelo e a choupana.

Essa separação entre patrões e empregados, que de resto não é nova, tem sido questionada e, para muitos, aponta para um cenário ultrapassado, devendo ser superada pela capacidade de integrar os interesses sociais de forma universal e unívoca. Nesse contexto, a saúde financeira do setor produtivo seria a garantia para todos, inclusive para os trabalhadores. Não é um acaso que estes deixem até mesmo de ser tratados como empregados para ganhar o uniforme compassivo de colaboradores. Há uma falsa identidade entre o que querem os trabalhadores e os patrões. A greve parece ser hoje o último reduto de verdade moral. 

Além da ideologia, que busca nivelar as diferenças a meros percalços, é preciso ficar atento à construção do imaginário da unidade de propósitos no campo do trabalho, sob o risco de ameaça grave aos resultados do patrimônio de luta do cidadão brasileiro. Não é um acaso que as greves sejam subnotificadas pela imprensa, nem mesmo que sejam quase sempre seguidas do eterno retorno do mesmo: o questionamento da necessidade dos direitos trabalhistas, que seriam superados por livre pactuação. A todo momento surgem propostas para desregulamentar o setor, retirar conquistas, impedir manifestações livres, estancar a ampliação de direitos – uma democracia só é saudável quando amplia os direitos, não apenas quando os mantém. Não é também acaso que essas medidas sejam qualificadas de “modernas”, mesmo quando, explicitamente, apontem para a redução de direitos. No terreno orwelliano da política e das relações de trabalho, a linguagem é sempre a primeira a sofrer baixas.


Superego A política ajuda a entender melhor o mundo social, mas não dá conta de tudo. Por vezes é preciso um pouco de arte e até de psicologia. No terreno da música, por exemplo, o que vimos no recente Rock in Rio foi uma regressão completa do potencial crítico da mais rebelde manifestação artística do século 20, o rock, a padrões de mercado e prazer individualista. A arte que ajudou a mudar o cenário político do mundo a partir da juventude se revelou um pastiche de si mesma, num parque de diversões temático com direito a “brinquedos” e falsos cenários criados para vender bugigangas. Que o melhor show tenha sido de um artista identificado com a classe trabalhadora, Bruce Springsteen, não é um sinal de falta de renovação, mas talvez de memória social latente. Está faltando rock no rock.

Esse sinal de alerta de descompasso com nosso próprio tempo talvez explique muita coisa. Parece que passamos de um estágio a outro do superego freudiano. Para o criador da psicanálise, em plena era da produção capitalista, o papel do superego era barrar o acesso ao prazer em nome de outros ideais de civilização. Hoje, na era do consumo, o superego parece um açoite em direção ao gozo. Nada de adiamento: a vida é agora, o prazer é sempre individual, o futuro é uma hipótese e o outro se configura como uma ferramenta ou um empecilho ao meu prazer instantâneo. E, é claro, frustração na mesma medida.

Para o filósofo esloveno Slavoj Zizek, o supereu pós-moderno não apenas ordena o gozo como receita que o prazer se dê naquilo que é mera obrigação, como o trabalho, por exemplo. Temos que gozar a todo momento, mesmo naquilo que carrega sua cota de sacrifício. Aceitar que se é usado como uma peça, para o sujeito contemporâneo, é uma confissão de fracasso psicológico: é melhor ser colaborador que explorado, ainda que a colaboração seja apenas mais uma arma eficiente de submissão social.

O homem pós-moderno, habitado por um superego que não cansa de instigar ao gozo, tem o dever de sentir prazer. Como o indivíduo é igualmente covarde para querer o que deseja, ele passa a amaciar seus riscos com prazeres vicários: café sem cafeína, cigarro sem nicotina, sexo sem sexo, política sem participação, sindicalismo de resultados. Os dois lados se dão as mãos: a vida orientada para o consumo se torna base para o esvaziamento do potencial social de rebeldia. Cada um que cuide de seu prazer e de sua vida.

A consequência desse pacto de retirada da vida social tem implicações, às quais, muitas vezes, deixamos de lado em nome de interesses pessoais ou mera compulsão ao prazer. Por isso os moradores de rua só afetam a sociedade quando ameaçam sua paz; o risco do desemprego é sempre um problema do outro (o que leva a posturas de desmobilização e covardia); a falta de médicos é uma questão burocrática de licenças e não a explicitação da falência de um modelo de atenção individualista, concentrador e intensivo em tecnologia; a contenção das manifestações públicas deve ser feita pelo modelo repressivo e criminalizador dos movimentos sociais; a depressão é sempre sinal de fracasso do corpo que pode ser corrigido com comprimidos.

As greves estão de volta para ensinar que, mesmo numa sociedade de redes que se desfazem como fumaça e se criam como metástases, as formas de solidariedade social precisam cumprir o duro e exigente caminho coletivo de pensar, formular e agir em conjunto. Num tempo em que até o superego obriga ao gozo individual e neurotizante (porque impossível), a grande revolução é a descoberta do outro, o encontro com “nossa turma”. Junto é sempre muito melhor.

Domitila, uma mulher forte - Ana Clara Brant‏

O arquiteto Paulo Rezzutti se apaixonou pela história da marquesa de Santos, descobriu 94 cartas trocadas entre Pedro I e a amante e está lançando biografia cheia de revelações amorosas e políticas


Ana Clara Brant

Estado de Minas: 28/09/2013 


Paulo Rezzutti pesquisou documentos históricos e mergulhou na representação da marquesa de Santos no imaginário do brasileiro de ontem e de hoje (Leandro Couri/EM/D.A Press)
Paulo Rezzutti pesquisou documentos históricos e mergulhou na representação da marquesa de Santos no imaginário do brasileiro de ontem e de hoje


Muito se conhece sobre a vida de Domitila de Castro Canto e Melo, a marquesa de Santos, durante os sete anos em que ela foi amante de dom Pedro I. Mas e como ela viveu nos 63 anos restantes, nos períodos antes e pós-relacionamento com o imperador? Foi isso que instigou o arquiteto e escritor Paulo Rezzutti a escrever Domitila – A verdadeira história da marquesa de Santos, lançado pela Geração Editorial. Rezzutti, que estreou na literatura em 2011 com Titília e Demonão: cartas inéditas de d. Pedro I à marquesa de Santos, quando descobriu 94 desses documentos, conta que mergulhou tão a fundo no universo dos “amantes de São Cristóvão”, como o casal ficou conhecido, que chegou até a sonhar com eles. O livro, que é fruto de quatro anos de pesquisa, traz outro lado da marquesa e mostra como sua imagem em São Paulo era completamente diferente da que tinha na corte (Rio de Janeiro). Domitila seria a marquesa dos Santos ou dos demônios? “Trótski fala na introdução de sua História da Revolução Russa que a moral ele deixa para os moralistas, ele quer saber é da história. Também não vou interpretar o que é amoral ou imoral. Cada um tire suas conclusões”, propõe Rezzutti.

Como começou seu interesse pela marquesa de Santos?

Sou arquiteto e estava fazendo um trabalho no solar da marquesa. Foi quando descobri que ela estava enterrada em São Paulo e fiquei me perguntando: “Todo mundo fala desse período de sete anos em que a Domitila foi amante do dom Pedro. Mas e o resto da vida dela? O que aconteceu?”. Não tem nada sobre isso. E claro que também não interessa, porque o que sempre importou foi apenas sua imagem como amante, para denegrir o sistema monarquista e a própria figura de Domitila.

Que momentos e aspectos da vida de Domitila são apresentados em seu livro?

O livro percorre a trajetória dela desde o nascimento, mas também depois de sua morte. O que aconteceu com os filhos, a briga durante 20 anos pela herança. E depois faço uma construção da memória dela na cultura brasileira. Como a imagem da Domitila aparece nos livros de história do Brasil, quando apareceram, sobre o que falam. Abordo também a imagem dela nos filmes e minisséries. Como a imagem dela é trabalhada ao longo dos anos até os dias de hoje. Mas o interessante é que a Domitila sempre passou essa impressão de uma mulher muito forte. Tem um caso curioso. Na ocasião do sesquicentenário da Independência, em 1972, a Estrela lançou três versões da boneca Susy: dom Pedro, Leopoldina e a Dama da Corte, que logo foi apelidada de marquesa de Santos. O dom Pedro e a marquesa esgotaram e a Leopoldina encalhou.

Você entrou em contato com os descendentes da marquesa?

Sim. Já estão na quinta geração, pelo que me parece. Consegui encontrar os descendentes do Tobias de Aguiar, o segundo marido. Do primeiro, o Felício Pinto Coelho de Mendonça, que inclusive é mineiro, nunca achei. A Domitila chegou a morar em Minas, em Vila Rica, logo depois de se casar, porque o Felício era de lá. Viveu três anos na cidade e teve três filhos com ele, sendo que dois são mineiros.

Mas nessa época ela já era amante do imperador?

Não. Quando ela conhece o dom Pedro já tinha até sido esfaqueada pelo Felício, porque estavam brigando feio para se separar. Ele fazia parte dos Dragões de Vila Rica e vai para São Paulo porque os dragões se aquartelam lá para poderem ir para o Sul, para a campanha da Cisplatina. O pai do Felício era dono de quase toda a Barão de Cocais (MG). A marquesa vem de uma família de militares, classe média, e acaba se casando muito bem.

E por que Domitila e o primeiro marido se desentendem?

A mulher paulista era muito diferente de boa parte das mulheres do Brasil. São Paulo era um lugar em que a mulher ficava e o homem partia, para a guerra, para as bandeiras. Então, ela tem que se virar sozinha e fica responsável por cuidar dos filhos, da casa. O homem está sempre ausente. Por causa disso, acaba sendo uma mulher extremamente forte. Tanto que, quando ocorre a Guerra dos Emboabas, são as mulheres que incitam os paulistas a brigarem por causa das minas. Tem até um ditado da época que diz: “Quem casa com paulista nunca mais levanta a crista”. E foi assim com a crista do Felício (risos). Aparentemente, Domitila não se deixava dominar pelo marido. Ele até tenta, mas não consegue. Ela dá um basta e os pais a chamam para voltar para São Paulo.
É o primeiro escândalo da vida da Domitila?

Sim. Imagine se separar naquela época. Tanto que, quando ela vira amante de dom Pedro, a moral dela já está em baixa (risos). Quando Domitila volta para São Paulo, o Felício vai atrás. A mãe dele morre e ele herda terras. Só que a marquesa quer vender e eles começam a brigar. O Felício chega a falsificar a assinatura dela, a esfaqueia e tenta matá-la. Mas ela se recupera. O Felício é preso e, para se defender, começa a inventar que a esposa era infiel, o que não era verdade. Ele não consegue provar nada e, como sua família era bem relacionada, conseguem libertá-lo e os dois acabam mesmo se separando.

E é nesse momento que surge dom Pedro I?

Mais ou menos por volta dessa época, agosto de 1822, dom Pedro está a caminho de São Paulo e quem o guia do Rio de Janeiro para lá é Francisco, irmão de Domitila, uma grande coincidência. E, provavelmente, ela conhece o imperador por intermédio desse irmão. O relacionamento começa em 29 de agosto deste mesmo ano.

E a marquesa era uma mulher bonita para os padrões da época?

Não sei. A questão da Domitila é que ela chamava a atenção porque era uma mulher forte. Assim como a Chica da Silva, ela era ótima parideira, teve 14 filhos, veio do povo, acaba se relacionando com alguém importante no poder. Só que com a Chica a coisa é mais local e no caso da Domitila é uma coisa nacional. O burburinho fica no país todo.

E como foi o relacionamento com o imperador?

Eles se conhecem em agosto de 1822 e, em 1823, Domitila já está na corte, no Rio. No começo, a coisa é velada. Eles começam a escancarar em 1824. E em 1826 é algo absurdo e ela vira primeira dama da imperatriz. A Leopoldina tem que aguentar a amante do marido na corte. Ela vira viscondessa de Santos e, posteriormente, marquesa de Santos, mas não tem nenhum vínculo com a cidade. Isso faz parte de uma briga de dom Pedro com o José Bonifácio de Andrada, que era de Santos. A família dele não suporta a Domitila e o imperador a nomeia de propósito. Tem uma carta do Bonifácio em que ele desabafa: “Você já imaginou uma michela (prostituta) como viscondessa da pátria dos Andradas?”.

E ela era fiel a ele?

Dom Pedro I era o cara mais poderoso do Brasil, então imagine se ela iria traí-lo. Ele teve casos com outras mulheres ao mesmo tempo em que estava com a Domitila, inclusive, com a irmã dela. Ele não tinha esse apelido de Demonão por acaso.

E por que ele decidiu romper com ela?

Eles ficaram juntos sete anos e quando a Leopoldina morre, em 1826, dom Pedro começa a procurar outra esposa. Aí ele toma consciência da bobagem que fez. Todo mundo tinha caso, mas a coisa não é tão explícita. O problema é que ele tem um caso escancarado para toda a sociedade. E isso acaba transformando a marquesa numa fonte de poder também. O Charles Stuart, embaixador britânico que veio negociar o Tratado de Paz entre Portugal e o Brasil, visita primeiro a marquesa de Santos e depois Leopoldina. Olha a força disso! Dom Pedro a tornou pública, então a Domitila ganhou poder. Por isso, quando ele começa a procurar uma nova esposa na Europa, ele já estava com o filme queimado, porque todo mundo sabia do caso. Dom Pedro chegou a ter sete negativas. Até que ele consegue Amélia, que era de uma nobreza um pouquinho inferior, não era de uma casa reinante.

Foi um rompimento tranquilo?

Muito pelo contrário. Tem cartas hilárias do Chalaça para o marquês de Barbacena, que foi o encarregado de trazer a nova consorte ao Brasil. O Chalaça está no Rio e escreve dizendo que vai tentar atrasar o navio que leva o tratado de casamento, para ver se nesse meio-tempo a marquesa deixa a corte. Porque ela não queria sair de lá de jeito nenhum. Ela era uma matuta paulista. São Paulo tinha 25 mil pessoas em toda a província, enquanto que o Rio já tinha iluminação, modistas franceses, perfumistas, as melhores bebidas, os melhores confeiteiros, teatro que recebia as companhias europeias. Coisas que não existiam em São Paulo. Por isso, seria um suplício voltar. E não era só ela. Tinha mãe, irmãos, toda a família dela estava desfrutando do bem-bom. Dom Pedro arrumou emprego para todo mundo. Aí, ela quer ficar no Rio de qualquer jeito, mas o imperador a proíbe. Ele chega, inclusive, a pensar em exilá-la na Europa. Então faz uma proposta milionária para Domitila e ela volta a contragosto.

E eles tiveram algum contato depois do término do relacionamento?

Não. Acabou completamente.


"Domitila era plural"



Paulo Rezzutti revela uma marquesa rica e poderosa, mas caridosa com os pobres (Leandro Couri/EM/D.A Press)

Paulo Rezzutti revela uma marquesa rica e poderosa, mas caridosa com os pobres
Dando continuidade à entrevista, o escritor Paulo Rezzutti analisa o papel político da marquesa de Santos e a forma como sua imagem variou, entre a crítica e repúdio da corte e a influência em São Paulo. O pesquisador fala de seu novo projeto: explorar o lado humano e familiar do inflamado e galanteador dom Pedro I.

Qual a importância política da marquesa?
Quando o imperador escancara o relacionamento, ela passa a ter uma importância. Porque tinha esta coisa: se com a oficial não resolve, vamos tentar com a outra. O caso do Charles Stuart é um desses exemplos. Ela interferiu em um ponto do tratado que ele trouxe, mas foi uma pequena modificação. E pedia nomeação, cargo. Mas ela tinha noção das coisas. Não pedia tudo. O imperador mesmo fala que ele faz até onde pode. Ele não vai colocar alguém da confiança da Domitila acima de quem ele quer nomear. Dom Pedro não era um pau-mandado.

E a importância dela para a nossa história?
É a questão do mito, assim como Chica da Silva. A partir do momento em que essa história se tornou pública, as pessoas contrárias a dom Pedro pegam o caso amoroso e fazem um auê em cima, para provar que ele era uma pessoa ruim, amoral, que não servia para governar. Quando ele abdica em 1831 e vai embora, saem várias publicações na imprensa tentando atingir e desmontar a imagem do imperador, utilizando o caso amoroso. Porque tinham medo que depois que dom Pedro resolvesse as questões na Europa, ele voltasse ao Brasil para tomar a coroa ou virasse regente do filho, Pedro II. Mas não há dúvidas de que Domitila foi, sim, uma mulher muito influente.

O seu livro mostra que a imagem dela no Rio era uma e em São Paulo outra. Por quê?
No Rio ela era atacada por causa desse relacionamento. A imprensa e os opositores do imperador conseguem explorar os sete anos de caso e acabam com ela. Mas em São Paulo, onde ela passou 63 anos de sua vida, é diferente. Ninguém conta no Rio que a Domitila foi a responsável pelo restauro da Igreja de São Cristóvão. Ninguém fala que ela doou dinheiro para a campanha da Cisplatina. Só falam que ela foi amante de dom Pedro. Em São Paulo, ela doa dinheiro para a construção da primeira sede da Santa Casa de Misericórdia; compra casa e a doa para servir como dispensário e enfermaria para pobres; doa dinheiro para a construção da capela do primeiro cemitério municipal da capital paulista, que é o da Consolação, e promove até a decoração interna do espaço.

E essa história de que ela virou santa?
A Domitila está enterrada no Cemitério da Consolação. Quando morre, deixa dinheiro para os pobres e começa a ganhar fama de santa, de generosa. Hoje, ela é tida como uma santa popular em São Paulo. As “marquesinhas” modernas vão muito lá (risos). Tem a lenda de que a mulher que roda o túmulo dela consegue se casar. O local tem vários papéis com graças alcançadas. Gente que arrumou emprego, marido. É bem engraçado ver que a amante de dom Pedro se tornou uma santa.

Mesmo tendo sido uma amante pública do imperador, ela conseguiu se casar novamente. Ela não ficou com o filme queimado?
O dinheiro apaga tudo. Domitila ficou muito bem financeiramente e, nessa época, o Felício, primeiro marido, morre e ela herda vários bens. Tanto que quando a própria marquesa morre – fiz um levantamento – sua fortuna equivaleria a algo em torno de R$ 120 milhões. Era a mulher mais rica de São Paulo quando voltou e uma das mais ricas do Brasil. Tinha terras, escravos, fazendas. Não foi difícil encontrar outro marido. O Tobias era mais velho, celibatário. Ninguém achava que ele ia se casar. Parece que ela jogou asa para cima dele. E também tem uma questão política. Domitila era muito bem relacionada em São Paulo, amiga de todos os políticos. Seu envolvimento com o Tobias é uma forma de sobrevivência também.

Você mudou a imagem que tinha dela?
Não. Pelo contrário. Eu me confundi mais ainda (risos). É tanta imagem que agora tenho dela, tanta coisa que descobri. Domitila é plural. Não é só porque ela foi amante de dom Pedro que só tenha aspectos negativos. Assim como qualquer pessoa, ela tem o lado positivo também.

Sua pesquisa sobre a Domitila pode render mais alguma coisa?

Não. Agora estou mais focado em dom Pedro. Nessa questão mais humana dele. Na sua relação com os filhos. Para a época, é muito curioso, porque você não tinha relacionamento com seu filho. Era babá e tutor que criavam. Era uma relação afastada. E com ele não. O imperador virava a noite na cama ao lado dos filhos doentes. As cartas que ele envia aos filhos que ficaram no Brasil, ainda crianças, inclusive dom Pedro II, têm até marcas de lágrimas. É este aspecto que quero explorar.


Domitila – A verdadeira história da marquesa de Santos

• De Paulo Pezzutti
• Geração Editora
• 352 páginas, R$ 39,90

ENTREVISTA/AMYR KLINK » Viver é a maior aventura

O mais conhecido navegador brasileiro fala dos desafios que tem enfrentado na terra e no mar


Carlos Herculano Lopes

Estado de Minas: 28/09/2013 


 (Canal Futura/Divulgação)

Filho de pai libanês e mãe sueca, nascido em São Paulo, formado em economia pela USP: um cidadão do mundo. Este é Amyr Klink, um homem de 58 anos que desde a adolescência, quando começou a ler as histórias de grandes navegadores, teve vontade de se lançar ao mar. Passou a velejar, construiu os primeiros barcos e perdeu a conta de quantas viagens marítimas realizou. Só para a Antártica já foi mais de 40 vezes, fora as voltas ao mundo, que estão documentadas em vários livros escritos por ele e que conquistaram milhares de leitores. Casado com a fotógrafa Marina Klink, com quem tem três filhas, Amyr Klink , entre os próximos projetos, quer criar uma escola voltada para ensinamentos marítimos, numa ilha que possui em Paraty, no estado do Rio de Janeiro. “Além de ser uma forma de preservar o meio ambiente, penso que pode ser um bom negócio. Sempre apostei que é possível ganhar dinheiro investindo em educação de qualidade”, disse. Em entrevista ao Pensar, Amyr Klink analisa ainda as questões urbanas no Brasil e critica as obras de Oscar Niemeyer, que ele considera mal-acabadas. Em meio à participação de evento literário em Araxá, o navegador se confessa cada vez mais ligado aos livros: “O ato de escrever é tão excitante como a vida em um barco”, garante.


Você disse que chegou ao mar por meio dos livros. Como foi isso?
Sou filho de imigrantes. Meu pai era libanês e minha mãe sueca. Eles sempre viajaram muito. Mas eu, na infância e adolescência, não tinha muita perspectiva de viajar, embora tivesse muita vontade. Talvez por isso tenha me encantado bem cedo pelo universo dos livros, que me levava para lugares distantes. No início lia muito Júlio Verne, mas depois comecei a me interessar por histórias verdadeiras, de homens que se lançaram ao mar, buscaram lugares desconhecidos. Mas ainda não sabia que também seria protagonista das mesmas aventuras.

Registrar as aventuras no papel ajuda a suportar a rotina das viagens? É uma forma de se manter bem psicologicamente?

Ao contrário de outros tipos de viagens, as marítimas obrigam você a fazer um diário, a registrar as coisas que estão acontecendo, como uma forma de ter controle sobre elas. Podem ser de razões meteorológicas, de navegação, de astronomia e outras. Muitas vezes, quando uma viagem termina, depois de muito tempo no mar, ao ler o que escrevi costumo me surpreender, a achar bacana ter documentado determinados fatos: os que deram certo e os que deram errado. É uma experiência e tanto. Fazer isso, quando se tem uma queda para a literatura, como é o meu caso, é um passo para mergulhar de vez no mundo das letras, como acabei fazendo.

E como é domar a cabeça na solidão do mar, para ficar bem consigo mesmo? É necessário ter muita disciplina?
O ritual de navegação, como gosto de fazer, exige uma disciplina rigorosa. Sempre gostei de navegar sozinho ou com tripulações pequenas. Temos direito a poucas horas de sono, com intervalos que não ultrapassam uma hora e nunca mais que cinco ou seis vezes ao dia. É um desgaste físico e mental muito grande. A sensação de risco é imensa, pois você sabe que, se não cumprir este ritual, você morre. A velhinha da foice sempre está por perto, como para lhe dizer que, se você bobear, ela pega você, leva você rapidinho para o outro lado. O que não deixa de ser um estímulo. Assim como a ameaça da morte, há o estresse, o sofrimento, o medo, os conflitos. Tudo isso acaba fazendo crescer muito no cotidiano de um barco e, para o escritor, acaba sendo uma experiência muito rica.

Em que a experiência de passar tantos dias no mar pode ser útil quando se volta para a terra? Como aproveitá-la no cotidiano?
Antes de cada viagem, a gente vive um processo de preparação muito grande. É exaustivo, é burocrático, não tem glamour nenhum. São as mesmas dificuldades de qualquer outra atividade. Por outro lado, as viagens marítimas também trazem muitas gratificações, principalmente depois de concluídas. É uma satisfação imensa quando tudo dá certo, quando as ideias e os sonhos que as antecedem acabam virando realidade. É como acontece na própria vida. Por outro lado, o medo, a sensação do risco e a insegurança também costumam servir de estímulo para nos levar adiante. E em um barco, sobretudo quando se está em alto-mar, a gente vive estes sentimentos diariamente, além de ter de enfrentar as imprevisibilidades da natureza. Mais interessante: quando acaba tudo e a gente volta em segurança para a terra, em vez de celebrar, o que dá é um vazio muito grande, a vontade de começar logo outra aventura.

Você conseguiu transmitir este gosto pela aventura para a sua família. Sua mulher e suas filhas às vezes acompanham você nas viagens e também já estão lançando livros, contanto suas histórias. Com a família a bordo a responsabilidade aumenta muito?
Já fiz mais de 40 viagens para a Antártica e fui comandante em mais de 30. Até o dia em que levei a minha família ainda não havia sentido na carne o peso desta responsabilidade. Nunca quis induzir ninguém da minha família a se tornar viajante ou escritor, nada disso. Mas o que acontece – e não tem como escapar disso – é que todas as nossas ações acabam influenciando quem está à nossa volta, e foi o que acabou acontecendo em relação à Marina e às meninas. Sempre me viram preparando viagens, escrevendo livros, corrigindo os textos, e também tomaram gosto.
 
Você disse que é muito rígido em relação ao que escreve. Como se dá esse processo?
Gosto muito de ver um texto bem escrito, por isso me esforço muito em relação aos meus livros. Incomoda-me profundamente ver escritores brasileiros famosos que escrevem mal, que usam mal a língua portuguesa. Ver grandes advogados que não sabem redigir bem uma petição. Ver jornalistas conhecidos que não sabem usar a palavra de maneira correta. Por isso me esforço em relação aos meus escritos e procuro dar o melhor de mim quando escrevo. Acho o ato de escrever tão excitante como a vida em um barco. Não é um mundo fácil, mas fico feliz que minha mulher e filhas também tenham entrado nele.

Você é muito ligado às questões ambientais e ecológicas. Como está vendo essa realidade hoje no Brasil?

Tudo passa pela educação, que aqui no Brasil, infelizmente, é muito falha, e pela inserção das pessoas nas atividades práticas. Não adianta você tentar falar sobre meio ambiente para quem não tem condições para entender seu significado básico. Vou dar um exemplo: minhas meninas, quando nos mudamos para uma casinha em Paraty, onde às vezes faltava água, que vinha na mangueira do alto de um morro, tiveram de ver o que é não ter água para tomar banho para sentir na pele o que é. Para dar valor.

Você disse que quando termina uma viagem vem o vazio. Quanto tempo você consegue ficar em terra, já está com alguma nova viagem em vista? Tem tempo de ler quando está no mar?
Vou dar um exemplo: para a primeira viagem que fiz à Antártica, que durou um ano, levei um montão de livros e não li nenhum. Os relatórios e o diário, além do próprio barco em si, tomaram todo o meu tempo. Quanto à sensação de vazio quando se termina uma viagem, ela é real. A vontade de começar outra vem logo em seguida. Não consigo ficar parado e como meus projetos são complicados – e às vezes levam anos para serem colocados em prática – sempre estou lidando com alguma coisa nova. Agora, por exemplo, estou muito envolvido com a questão do urbanismo, que, no caso do Brasil, está completamente equivocada.

Como assim?
Atualmente não temos um urbanista de peso, para quem me levantaria para apertar a mão. Adorei assistir a uma entrevista do Paulo Mendes da Rocha outro dia, acho que ele é um dos grandes, embora ache que ele precisa viajar um pouco mais. Tenho uma relação muito crítica, por exemplo, com Oscar Niemeyer. Não gosto de nada do que ele fez. As obras dele, a meu ver, são mal-acabadas, são ineficientes. No Brasil, nós endeusamos alguns ícones, como foi o caso de Niemeyer, e ao mesmo tempo inibimos duas ou três gerações de jovens arquitetos e urbanistas, que poderiam estar pensando em soluções mais eficientes para o país. Ainda não percebemos que as cidades nascem, crescem, amadurecem e chega um momento em que têm de parar, porque senão ficam insuportáveis de se viver. No Brasil ainda não percebemos isso. Basta ver o caos das nossas grandes cidades, como São Paulo, Rio, Salvador, Belo Horizonte.

E os novos projetos?
Tenho uma ilha em Paraty, onde pretendo desenvolver um projeto voltado para a educação. Muita gente está me sugerindo fazer loteamentos ou resorts, de retorno financeiro imediato. Mas estou resistindo. Creio que posso ganhar um bom dinheiro investindo na educação, como a marítima, fazendo escolas voltadas para este segmento. A educação, quando bem direcionada, pode ser ótimo negócio.

Tv Paga

Estado de Minas: 28/09/2013 



 (Mariana Vianna/Divulgação)

Comédia à brasileira


A noite desse sábado pertence a ngrid Guimarães (foto). Toda poderosa, ela estrela a comédia De pernas pro ar 2, que ainda tem no elenco Maria Paula, Bruno Garcia, Eriberto Leão e Tatá Werneck. Sempre obcecada com o trabalho, sua personagem, Alice, novamente coloca em risco o casamento, sofre um piripaque e vai parar em um spa, onde conhece umas figuras tão loucas quanto ela. O filme estreia no Telecine Premium às 22h. No mesmo horário, a HBO exibe o suspense O abrigo.

Indiana Jones cumpre hora extra no Megapix


Um dos mais populares heróis do cinema mundial, Indiana Jones cumpre sua saga hoje no Megapix, que emenda as aventuras Os caçadores da arca perdida (15h05), O templo da perdição (17h20), A última cruzada (19h35) e O reino da caveira de cristal (22h). O Telecine Cult promove uma sessão dupla do diretor Wes Anderson, com Os excêntricos Tenenbaums (22h) e A vida marinha com Steve Zissou (0h10).

Muitas alternativas na  programação de filmes


Na faixa das 22h, o assinante tem mais 10 opções: Die unsichtbare, no Max; Madrugada dos mortos, no Telecine Action; Meu nome é Taylor, Drillbit Taylor, no Telecine Fun; Sombras da noite, na HBO HD; Coração de tinta – O livro mágico, na Warner; Kick-Ass – Quebrando tudo, no Universal Channel; Revólver, no A&E; Hotel Ruanda, na MGM; Inocência, no Futura; e O auto da Compadecida, no Canal Brasil. Às 21h, outras quatro atrações de qualidade: Meu nome não é Johnny, no AXN; O efeito ilha, no Cine Brasil; Jackass – Cara-de-pau: o filme, no Comedy Central; e A morte pede carona, no Cinemax.

Documentários falam de crimes, nazistas e ETs


No segmento dos documentários, o canal Bio parte para investigações policiais, com os casos de uma jovem que mata mãe e irmão com a ajuda do noivo em Fúria assassina, às 21h; e uma mulher adúltera que acaba com uma amizade e provoca uma morte inesperada em Amigos que matam, às 22h. No Nat Geo, a partir das 19h, serão exibidos quatro episódios de Os segredos do Terceiro Reich (“O ouro nazista”, “A doença de Hitler”, “O enigmático Rudolf Hess” e “O fantasma do U-53”). No History, às 14h, vai ao ar episódio duplo de Contato extraterrestre.

Pacotão de música vai  do tango aos clássicos


Por fim, música. E não é pouca coisa, não. A começar pelo Arte 1, com o documentário Café dos maestros, às 22h, contando a história do tango argentino. Na sequência, o canal emenda os clássicos O lago dos cisnes (meia-noite) e a Sinfonia n°9 de Mahler (1h30). Na Cultura, o cantor Salgadinho abre os serviços em Manos e minas, às 17h, seguido da banda Isca de Polícia em Cultura livre (18h), um concerto da Filarmônica de Câmara Alemã de Bremen com as sinfonias 6 e 7 de Beethoven na série Clássicos (21h45) e o cantor e compositor Siba no Ensaio (23h15). No Multishow, Stevie Wonder, Alicia Keys, John Mayer e Kings of Leon tocam no Global Citizen Festival, em Nova York, com transmissão a partir das 17h, ficando para as 22h45 a apresentação de John Legend no ITunes Festival, em Londres. E no GNT, às 22h, será reprisado o documentário Fabricando Tom Zé.

Sopro criativo - Eduardo Tristão Girão

Carlos Malta prepara comemoração de 20 anos de seu Pife Muderno e lança disco gravado ao vivo na China. Músico planeja trabalhos com repertório de temas de Caymmi e Baden Powell


Eduardo Tristão Girão

Estado de Minas: 28/09/2013


Músico sem fronteiras estéticas, Carlos Malta já levou suas flautas para concertos de Hermeto Pascoal, rodas de choro e apresentações da Dave Matthews Band (Élcio Paraíso/Divulgação)
Músico sem fronteiras estéticas, Carlos Malta já levou suas flautas para concertos de Hermeto Pascoal, rodas de choro e apresentações da Dave Matthews Band


Carlos Malta está no auge. Dominando instrumentos de sopro como flauta, clarone, pífano, flautas indígenas e o dizi chinês, o artista carioca acumula experiências musicais tão diversas quanto uma década acompanhando Hermeto Pascoal e as inesperadas (e imprevisíveis) canjas nos shows da Dave Matthews Band. Prestes a lançar impressionante disco de seu projeto Pife Muderno (gravado ao vivo na China), ele está tirando do forno outro álbum, dedicado à obra de Dorival Caymmi, e promete gravar os afrossambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes. E ainda tem tempo para compor.

“Eram uns 1,2 mil chineses. A gente ouvia as palmas e elas cresciam à medida que o show ia se desenvolvendo. Os caras iam entendendo o que ocorria no palco e ficavam admirados. Terminamos o show no meio do público, no saguão do teatro. Foi lindo de ver. Fora que a flauta tem um significado muito grande para os chineses, incluindo pop stars deles que tocam dizi e que a gente não faz ideia. É um mundo paralelo, que não chega aqui por YouTube”, conta Malta. Com performances sempre incendiárias, o Pife Muderno, que tem dois discos de estúdio, precisava mesmo de um registro do tipo.

O grupo, formado por ele, Andrea Ernest Dias (ambos tocam pífanos e flautas), Marcos Suzano (pandeiro), Oscar Bolão (bateria), Bernardo Aguiar (pandeiro) e Durval Pereira (zabumba), aposta em leitura instrumental, contemporânea e vigorosa da sonoridade das bandas de pífano comuns no Nordeste. A apresentação em questão foi realizada em setembro de 2011 num teatro localizado na Cidade Proibida, em Pequim, à convite da embaixada brasileira. O repertório mescla músicas dos dois álbuns, sendo que a primeira teve execução prolongada, com nada menos que 15 minutos. O trabalho está sendo masterizado.

Malta, que está completando duas décadas de carreira, lembra que o Pife Muderno chegará à mesma marca ano que vem. “Foi numa tarde de 1994 que fizemos um dos nossos primeiros e únicos ensaios”, diverte-se. De lá para cá, artistas como Lenine, Nicolas Krassik, Bebê Kramer e Hamilton de Holanda já tocaram com o grupo. A ideia de criá-lo foi de Malta, motivado por um produtor cultural que estava à procura de novidades para tocar em um centro cultural então recém-inaugurado no Rio de Janeiro. Na mesma época, criou outro projeto, o Coreto Urbano, com o objetivo de repaginar a estética das bandas de metais – também com o auxílio da percussão.

Coltrane “Tenho muita música autoral pronta, que posso desenvolver para essas minhas várias vertentes. Coisa pronta para chegar, tocar, gravar e montar um novo show”, garante o músico. Algumas delas deverão estar no disco que terá como base os afrossambas de Baden e Vinicius e será gravado com André Siqueira (guitarra), Augusto Mattoso (baixo acústico) e Di Stéffano (bateria). O músico imagina que será algo parecido com o que fez no seu disco Pimenta, dedicado ao repertório de Elis Regina e totalmente instrumental.

“Transportei os solos do Baden e o canto do Vinicius de forma a sustentar uma leitura jazzística, abrir espaço para improvisação. As músicas têm esse caráter modal. Canto de Xangô, por exemplo, poderia ser do John Coltrane, eu não estranharia. Chego a crer que, de alguma maneira, os afrossambas têm a ver com a onda modal do jazz norte-americano da época. Li certa vez que o Coltrane ouvia musica folclórica sul-americana durante as gravações do disco A love supreme. Para nós, seria música andina, mas para os norte-americanos pode ser musica afrobrasileira”, observa. Selecionou, entre outras composições, Tristeza e solidão e Tempo de amor.

Essa variedade de formações ajuda a “oxigenar” o músico, deixando-o mais atento a novas possibilidades. Foi tocando com músicos do Clube do Choro de Brasília, por exemplo, que decidiu gravar outro disco, dedicado a obra do cantor e compositor baiano Dorival Caymmi. “O grupo tem baixo elétrico, bateria, violão de sete cordas e um cavaquinho que não é de fazer levada, mas contrapontístico. A gravação ficou um primor. Usei clarone e flauta baixo, que são instrumentos mais graves, por causa da voz do Caymmi”, conta ele. Batizado de Omaramor, o disco já foi mixado e será lançado depois do álbum do Pife Muderno.


Máquina de som

Malta se mantém ouvindo de tudo um pouco e confessa estar “totalmente viciado” nos discos do grupo  norte-americano Dave Matthews Band. Ele e o saxofonista da banda, Jeff Coffin, se conheceram em 2008, quando o segundo veio tocar em São Paulo com Béla Fleck. Ainda no mesmo ano, quando a DMB chegou ao Rio de Janeiro para um show, o carioca reencontrou Coffin: foram juntos para noitada musical no Bar Semente, estreitaram a amizade e, no dia seguinte, Malta recebeu convite para dar canja na apresentação deles. “Quebrei tudo com os caras e, para minha surpresa, esse show virou um disco duplo, Live in Rio”, diz

Em 2010, o grupo voltou a capital fluminense e Malta novamente foi convidado a subir ao palco. Detalhe: na véspera, os integrantes da DMB foram assistir ao seu show do disco Pimenta. A afinidade entre eles foi tão grande que, em julho deste ano, os estrangeiros resolveram levá-lo para três concertos nos Estados Unidos. “Não conhecia nada deles. Aquilo é uma máquina de som, tem uma pegada instrumental pesada. Tem solo meu que dura 20 minutos. É impressionante a quantidade de gente que vai ver os shows. Tenho gostado muito de ouvir o som deles”, finaliza.

Juiz manda liberar registros - Tiago de Holanda

A pedido da Advocacia-Geral da União, Justiça Federal em Minas determina que CRM conceda registros provisórios a profissionais estrangeiros que trabalharão no estado


Tiago de Holanda

Estado de Minas: 28/09/2013


Secretário Nacional de Atenção a Saúde, Helvécio Miranda Magalhães Júnior (D), visitou  Mário Campos, na Grande BH, onde recepcionou a médica cubana Lídia Rosa Podadera (de cabelos longos), designada para a cidade (Paulo Filgueiras/EM/D.A Press  )
Secretário Nacional de Atenção a Saúde, Helvécio Miranda Magalhães Júnior (D), visitou Mário Campos, na Grande BH, onde recepcionou a médica cubana Lídia Rosa Podadera (de cabelos longos), designada para a cidade


A Justiça Federal em Minas determinou ontem que o Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) conceda imediatamente os registros provisórios dos profissionais com diploma estrangeiro inscritos no Programa Mais Médicos, caso os pedidos tenham sido protocolados com a documentação correta e há mais de 15 dias, condições previstas na Medida Provisória (MP) 621/2013, que instituiu o programa. Se a entidade descumprir a decisão, poderá ter de pagar multa diária de R$ 10 mil. Dos 41 pedidos de registro protocolados no estado, 31 já deveriam ter sido emitidos.

O juiz João Batista Ribeiro, da 5ª Vara Cível, concedeu antecipação da tutela de ação ajuizada pela Advocacia-Geral da União (AGU). Segundo a AGU, o CRM-MG havia encaminhado à coordenação do programa dois ofícios em que afirmava que os registros provisórios só seriam emitidos após o governo informar os locais de trabalho dos intercambistas e os nomes de seus tutores e supervisores. A entidade também havia previsto, nos mesmos ofícios, que o prazo de 15 dias passaria a ser contado a partir da apresentação das informações solicitadas.

O magistrado considerou que as exigências do CRM-MG não têm respaldo legal, já que não são previstas na MP nem no Decreto 8.040, de julho passado, que estabelecem como “condição necessária e suficiente” para a expedição do registro provisório a declaração de que o profissional participa no Mais Médicos, acompanhada de documentos como a habilitação para exercício de medicina no exterior e o diploma emitido por instituição de ensino superior estrangeira. O magistrado considerou que as exigências da entidade mineira “contribuem para o aperfeiçoamento” do programa, e sim atrasar seu início.

O juiz, em sua decisão, ressalta que a postura do órgão “resvala na prática de improbidade administrativa”, já que ele estaria retardando ou deixando de praticar indevidamente ato de ofício. Além disso João Batista Ribeiro considera que, “em tese” o presidente do CRM, João Batista Gomes, pratica o crime de prevaricação, que, conforme o Código Penal, consiste em “retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, (...) para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”. A pena pode ser de detenção de três meses a um ano, além de multa

O CRM-MG informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda não foi comunicado oficialmente sobre a decisão e espera ser notificado para tomar as medidas cabíveis. A AGU afirma já ter conseguido em 16 estados e no Distrito Federal que a Justiça determine a concessão das habilitações que permitem aos intercambistas atuarem pelo programa por três anos.

PROVIDÊNCIAS O secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães, informou ontem que a AGU pediu ao Ministério Público Federal (MPF) providências contra os conselhos que se negam a emitir autorizações provisórias após receberem a documentação exigida pela MP. O secretário acredita que os presidentes das autarquias podem responder pelo crime de prevaricação. As entidades, segundo o secretário, podem também ter de ressarcir o governo federal pelo tempo que os intercambistas ficarem impedidos de trabalhar.

“O MPF vai analisar e tomar as medidas. Pode haver crime de prevaricação e a necessidade de ressarcimento dos dias que (o intercambista) está à disposição (do programa)”, afirmou Magalhães. Dos 41 pedidos formalizados no CRM-MG, 13 deveriam ter sido atendidos até o dia 20 de agosto e 18, até quinta-feira. Outros 10 podem ser analisados até sexta-feira. “Está claramente caracaterizado o descumprimento da lei, uma prevaricação”, apontou.

Mais de 1 mil profissionais devem ser mandados a Minas pelo programa até 2014, segundo Magalhães, apesar de apenas 114 terem sido designados para o estado na primeira etapa. As regiões prioritárias são a Grande BH e vales dos rios Mucuri, Jequitinhonha e Rio Doce e a Região Norte. “É aí que vamos pôr mais de 1 mil médicos”, prometeu na manhã de ontem em Mário Campos, na Região Metropolitana, onde participou de evento de recepção à médica cubana Lídia Rosa Podadera Valdes, que vai trabalhar na cidade.

Lidia está na lista de 400 profissionais da ilha caribenha contratados para a primeira fase do Mais Médicos pelo governo federal, em acordo firmado com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Ela disse ter encontrado boas condições de trabalho na cidade, onde chegou no dia 20. Misturando palavras em português e espanhol, afirmou não temer dificuldades para se comunicar com pacientes: “Eu não tenho medo. Tem pouco tempo que domino algo de português, mas nós, médicos, não precisamos dominar línguas estrangeioras. Muito importante fazer um bom exame físico para pessoas doentes”.

Andamento dos pedidos
O Ministério da Saúde informou ontem que 350 pedidos de registro provisório feitos aos conselhos regionais de Medicina (CRMs) deveriam ter sido atendidos até quinta-feira, segundo o prazo fixado na MP 621/2013, que instituiu o Programa Mais Médicos. Porém, mais da metade deles (185) não foi atendida. No total, foram protocolados 647 pedidos, dos quais 182 já foram cumpridos
por 11 conselhos.

EDUARDO ALMEIDA REIS - Morticínio‏

Estado de Minas: 28/09/2013 



No Egito, no Líbano, no Iraque, na Síria e no resto do mundo árabe, sunitas matam xiitas, que matam sunitas, que são mortos ou matam os seguidores de outras correntes muçulmanas, alawitas, ismailitas etc. Aí é que está: além do ódio que têm dos cristãos e dos judeus, os muçulmanos se odeiam e matam no maior entusiasmo. Novidade para mim e para o leitor é um vídeo que circula no YouTube, de 10 minutos, em que o pastor Silas Malafaia ataca os responsáveis por imensa rede brasileira de televisão, propriedade particular de famoso e próspero pastor concorrente dele, Malafaia. No vídeo, que assisti por acaso quando procurava um outro no pacote do YouTube, que me disseram ser muito divertido – Malafaia diz que a tal rede “comprada com o dinheiro da igreja”, afastou-se dos princípios divinos e aderiu a tudo que o neopentecostalismo condena. Acusou-a, também, de negar espaço a preços justos às diversas denominações evangélicas e de alugar horários em outras redes para prejudicar a concorrência pentecostal, tudo isso em dez minutos, dos quais só assisti a seis ou sete. Pelo visto, baixou na turma que se diz evangélica o espírito belicoso das muitas denominações muçulmanas. Por enquanto é guerra pela internet, mas logo, logo, teremos pancadaria combinada pelas redes sociais, talqualmente as batalhas das torcidas organizadas dos times de futebol. E a culpa, como sempre, será da imprensa e da polícia.

Ludâmbulos
Inventado para substituir o anglicismo tourist, o substantivo ludâmbulo, proposto pelo filólogo Antônio de Castro Lopes (1827–1901), não pegou como devera. Assim como ele, runimol para avalanche, pantalha para abajur, cinesíforo para chofer e muitos outros, o que não impede muita gente de viver às voltas com o ludambulismo, seja na condição de ludâmbulo amador, seja administrando ou trabalhando em agências e operadoras do ramo. A julgar pelo número espantoso de pessoas que adoram ludambular, o negócio deve ser muito divertido. Salvo nos casos raros de ludâmbulos abonados, que viajam para comer em certos restaurantes e assistir a determinadas peças de teatro, penso que o ludambular deveria ser original. Não há mérito em viajar para fazer compras em Nova York, função de comprista, não de ludâmbulo. Todo mundo conhece Nova York. Até o autor destas bem traçadas passou quatro dias por lá, com direito a patinar no gelo do Central Park, episódio dantesco ou kafkiano, que poderia ter consequências funestas e nada teve de original. Boa mesmo, em matéria de viagem, deve ser uma estada de 15 dias em Vanuatu. Ao voltar de viagem você passa a ser conhecido como “aquele que esteve em Vanuatu”. Quantas pessoas você conhece que já estiveram na Riplabik blong Vanuatu? Já pensou na honra de ser cônsul honorário de Vanuatu em Belo Horizonte? Carro com placa do corpo consular é o máximo. Você pode pegar um caco de cerâmica numa demolição mineira e dizer que data de 1,3 mil anos a.C. Todos vão babar para o tijolinho, quando souberem que Vanuatu deve ter sido habitada há 6 mil anos e o pessoal falava línguas antronésias, que foram substituídas pelo francês, inglês e bislamá ou bichlamar, língua de contato muito falada nas ilhas do Sudoeste do Pacífico, constituída de vocabulário inglês e gramática melanésia, e considerada importante forma de pidgin. Claro que você sabe o que é pidgin, que só aprendi agora e transcrevo para conhecimento de algum leitor não versado em sociolinguística: é língua compósita, nascida do contato entre falantes de inglês, francês, espanhol, português etc. com falantes dos idiomas da Índia, da África e das Américas, servindo apenas como segunda língua para fins limitados, especialmente comerciais.


O mundo é uma bola
28 de setembro de 1066: início da Conquista Normanda, quando Guilherme da Normandia desembarca na Inglaterra com 7 mil homens. Antes de conquistar a Inglaterra ele era conhecido como Guilherme, o Bastardo (Guillaume, le Bâtard) pela “ilegitimidade” do seu nascimento. Guilherme era rilho de Roberto I, duque da Normandia, com Herleva, que depois se casou com Herluino de Conteville e era filha de Fulberto de Falaise. Naquele tempo... já viu, né? Castelos imensos, corredores, alcovas, escuridão à noite, mesmo sem banho de Herleva, Roberto I crau! Guilherme nasceu em 1027 ou 1028, casou-se com Matilde de Flandres e teve nove filhos, entre os quais Guilherme II da Inglaterra e Henrique I da Inglaterra. Se você ficar, como fiquei, horrorizado com o nome da mãe do Bastardo, Herleva, saiba que também se grafava Arlete. Uma coisa e beijar o pescoço de uma Herleva; outra, muito diferente, é o pescocinho de Arlete de Falaise. Junto com os 7 mil homens do Bastardo desembarcaram alguns avós de um philosopho amigo nosso. Em 1106, notícia triste: Henrique I, de Inglaterra, filho do Bastardo, derrota Roberto II, duque da Normandia, na Batalha de Tinchebray, forçando-o a abdicar do seu ducado, que foi incorporado à coroa inglesa. Onde a tristeza? Henrique I era irmão de Roberto II. Em 1905, Albert Einstein publica no Annalen der Physik sua Teoria da relatividade.

Ruminanças
“A história, esse rico tesouro das desonras do homem” (Lacordaire, 1802–1861).

Dilma se diverte na web - Alessandra Mello

Estado de Minas: 28/09/2013 



Sem usar as redes sociais desde 13 dezembro de 2010, a presidente Dilma Rousseff retomou ontem sua conta no microblog Twitter e mandou um aviso: “Eu voltei, voltei para ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar”. Dilma anunciou ainda a abertura de uma página no Facebook e no Instagram (usada para postagem de fotos), fez propaganda do novo portal do governo federal, que, segundo ela, vai oferecer cerca de 600 serviços on-line. Também fez piada com seu recente passeio de moto e rebateu críticas à política econômica.

A presidente voltou ao mundo virtual em um bate-papo com o perfil Dilma Bolada, criado pelo blogueiro Jeferson Santos. Ele se encontrou com a presidente ontem à tarde, no Palácio do Planalto, para uma entrevista exclusiva, postada na conta da Bolada. O retorno de Dilma às redes sociais, faltando menos de um ano para o começo da campanha eleitoral, é uma jogada de marketing que, somente ontem, rendeu à presidente cerca de 10 mil seguidores em poucas horas.

A presidente aproveitou o espaço para responder à revista britânica The Economist, que, em sua última edição, atacou a política econômica brasileira, e defender a contratação de médicos estrangeiros para atuar em cidades onde faltam esses profissionais. Provocada por Dilma Bolada, a presidente disse que os editores da revista estão desinformados. “O dólar estabilizou, a inflação está sob controle e somos o único grande país com pleno emprego. (…) Quem aposta contra o Brasil sempre perde”, tuitou. Sobre os médicos estrangeiros, Dilma disse respeitar muitos os brasileiros, mas que a intenção é trazer médico de onde puder. “O importante é atender melhor a população. Isso é o Mais Médicos.”

A espionagem dos EUA a autoridades brasileiras foi assunto da conversa. “Países amigos não podem viver sob desconfiança”, disse Dilma. A presidente se despediu do Twitter dizendo ter se divertido para valer e brincou com seu perfil falso. “Será que você tem carteira para dirigir moto? Se tiver, da próxima vez, podemos atuar no 8º Velozes e Furiosas”.

Espionagem

O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, reuniu-se ontem com o secretário de Estado americano, John Kerry, em Nova York. O encontro foi solicitado pelos EUA, numa tentativa de aplacar a crise desencadeada após a revelação de que Agência de Segurança Nacional americana rastreou comunicações da presidente Dilma. A audiência, reservada,  durou cerca de 20 minutos. Na saída, os dois não deram declarações à imprensa. Fontes diplomáticas americanas confirmaram que eles trataram do escândalo da espionagem, entre outros assuntos.

Ruy Castro

Patrimônio fantasma
RIO DE JANEIRO - Pela coluna de Ancelmo Gois, no "Globo", ficamos sabendo que Zeca Pagodinho descobriu-se parente (primo distante, talvez, ou sobrinho-neto?) de um belo compositor brasileiro, hoje quase esquecido: Arlindo Marques Junior (1913-1968). E o quase vai por conta dos versos iniciais de um samba de Arlindo, "Abre a Janela", sucesso de Orlando Silva no Carnaval de 1938 --"Abre a janela, formosa mulher/ E vem dizer adeus a quem te adora..."--, que podem ter ficado na memória de alguns.
Ou pela malícia da marchinha "Nós, os Carecas", estouro do conjunto vocal Os Anjos do Inferno no Carnaval de 1942: "Nós.../ Nós, os carecas/ Com as mulheres somos maiorais/ Pois, na hora do aperto, é dos carecas que elas gostam mais...". Nestas e em muitas outras, o parceiro de Arlindo é o também ignorado Roberto Roberti. Eles formavam uma parceria ideal: ambos faziam música e letra.
Arlindo e Roberti foram os primeiros compositores que Carmen Miranda, com o Brasil a seus pés, escolheu para gravar quando trocou a Victor pela Odeon, em abril de 1935: a cativante marchinha junina "Foi Numa Noite Assim" e um samba-choro de respeito, "Queixas de Colombina". E foi neles também que Orlando Silva, em seu apogeu, apostou no Carnaval de 1939, ao gravar o sólido samba "O Homem Sem Mulher Não Vale Nada".
Arlindo (cujo centenário de nascimento passou em branco em agosto último), Roberti e tantos sambas e marchinhas daquele período integram o patrimônio musical brasileiro. Um patrimônio maravilhoso, mas fantasma, ectoplásmico, cada vez menos lembrado e discutido, embora --por ironia-- esteja fartamente disponível no YouTube. Há quantas décadas não se grava Arlindo Marques Junior?
Ele merecia ser relançado por um cantor sensível, de grande público e prestígio. Alguém como --hei, boa ideia!-- Zeca Pagodinho.

    Minha nova história - Fernando Fernandes - Jairo marques

    MINHA HISTÓRIA - FERNANDO FERNANDES, 32
    Minha nova história
    Três anos após acidente provocar reviravolta em sua vida, ex-BBB narra as novas conquistas no esporte, na TV e na criação de ONG
    RESUMO Os projetos e planos que o paradesportista Fernando Fernandes, 32, traçou há três anos, assim que se tornou cadeirante em um acidente de carro em que dirigia em alta velocidade, tornaram-se concretos e foram além. Ele deixou a fama de "bad boy" para se tornar "exemplo" para muitas pessoas e teve conquistas diversas tanto no esporte como na vida. Fernandes conta como sua mente se fortaleceu diante da nova realidade com deficiência, fala sobre medos, desafios e futuro.
    (...) Depoimento a
    JAIRO MARQUESDE SÃO PAULOJá me incomodou bastante o fato de alguns acharem que me transformei em outra pessoa após o acidente. Mas admito que houve um tempo em que não conseguia gerar algo bom, positivo para quem não estivesse perto de mim.
    Fazia várias coisas boas, mas só para os mais próximos. O assédio começou de forma muito repentina após o programa [2ª edição do "Big Brother Brasil"], que me deu um sucesso sem sentido, fútil.
    Naquele momento, só queriam saber o que o modelo bonitão estava fazendo nas baladas, quem estava namorando e eu, às vezes, era agressivo. Não sabia administrar.
    Após o acidente, consegui voltar para o meu mundo. Um mundo de felicidade, de esportes, de poder ensinar algo positivo para muitas pessoas.
    Deixei de ser modelo, porque não tinha mais o padrão imposto, e fui para a canoagem, em que tive o prazer de ser quatro vezes campeão mundial. No esporte, consegui mudar total a minha imagem e influenciar positivamente os outros.
    'FUI ALÉM'
    Para mim, um cadeirante era alguém frágil, depende. Quando me tornei um, aquilo não fazia mais sentido. Tocar uma cadeira de rodas é muito difícil e pessoas com deficiência enfrentam dores agudas e ainda têm de lidar com um mundo sem acessibilidade.
    Então, me tornei alguém muito mais forte do que antes, porque segui em frente mesmo com os problemas e vencendo as dores.
    A minha reinserção na sociedade tinha de ser vista com respeito para que eu pudesse somar na vida dos outros.
    Acho ótimo que me vejam com um exemplo do bem. Não estou me esforçando para isso. É natural e vou continuar fazendo e curtindo.
    Nesses três anos após a primeira entrevista que dei à Folha, tudo que planejei eu consegui alcançar e fui além.
    Sonhei ter um quadro na TV e consegui ["Desafio sem Limites", no "Esporte Espetacular", da Globo]; quis ser campeão mundial em algum esporte e fui; quis transmitir algo bom para as pessoas e está acontecendo com instituto.
    Refleti sobre isso quando tive um problema grave na pele, no final do ano passado, e fiquei dois meses sem poder me levantar da cama, de bruços, para que a ferida [úlcera de pressão] fechasse.
    Foi o pior momento da minha vida, pior do que o fato de ter ficado cadeirante porque fiquei totalmente longe de tudo o que amava fazer.
    MONSTRO X CRIANÇA
    O que me incomoda hoje por ter uma deficiência não é pensar que, talvez, jamais voltarei a andar. É o medo das consequências que a minha lesão medular pode gerar.
    Fiquei frágil, confuso e apavorado quando que estava de cama.
    O fato de do tronco para cima eu ser um mostro, forte, e do tronco para baixo ser uma criancinha que precisava passar Hipoglós [lesados medulares podem perder sensibilidade e precisam ter cuidados intensos com a área afetada] mexeu comigo.
    Acordava mal, ficava deprimido por 30 segundos e depois eu me rastejava até os aparelhos de musculação --porque eu não podia sentar-- para não ficar parado.
    Mas isso tudo me fez descobrir que ganhei um poder em minha mente muito grande com a pancada que levei da vida. Antes do acidente, eu era muito forte, mas acordava emburrado, não conseguia ter foco para uma carreira de atleta profissional.
    Quando o meu corpo fraquejava a mente não levava para a frente, hoje é o contrário. Quando meu corpo reclama, minha mente empurra.
    Hoje sou sereno e positivo e vou continuar tentando inspirar as pessoas, que me mandam várias mensagens de incentivo e dizem que tiveram a vida mudada porque foram influenciadas por mim.
    Em 2016, quero tentar o ouro na Paraolimpíada do Rio, que não será apenas para minha satisfação, mas que pode ter impacto no sucesso do instituto e pode motivar um monte de gente.
      Entrevista inspirou há 3 anos a seção 'Minha História'
      DE SÃO PAULOHá três anos, recém-saído de um processo de reabilitação de oito meses, o tetracampeão mundial de paracanoagem Fernando Fernandes concedeu sua primeira entrevista à Folha.
      O relato, sobre os desafios do ex-BBB e ex-modelo internacional diante de seu novo corpo de lesado medular após um acidente automobilístico, foi um dos que inspiraram a criação da seção "Minha História".
      À época, Fernandes falou sobre o desejo de fazer carreira esportiva, a expectativa de conseguir voltar a andar, a readaptação à vida cotidiana e também sobre sexo para uma pessoa com deficiência.
      Ele inaugurou na semana passada o Instituto Fernando Fernandes Life, um de seus sonhos. A ONG, na represa de Guarapiranga, em São Paulo, atenderá pessoas com deficiência carentes da zona sul. Canoagem e exercícios físicos serão o mote.

        Desigualdade e analfabetismo param de cair

        Pesquisa do IBGE revela que, após uma década, rendimento de ricos subiu em ritmo superior ao de pobres em 2012
        Taxa de analfabetos é mais alta entre idosos, mas teve redução entre jovens; crianças ficam mais tempo na escola
        DO RIODE SÃO PAULODE BRASÍLIAA pesquisa anual que investiga as características socioeconômicas dos brasileiros detectou que a queda do analfabetismo e a desigualdade, conquistas marcantes nas últimas duas décadas, foi interrompida em 2012.
        Segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), a melhora na distribuição de renda foi estancada porque a remuneração dos mais ricos cresceu num ritmo superior à dos mais pobres.
        Alguns analistas interpretaram o dado como um sinal de que as políticas de transferência de renda estejam próximas do esgotamento, tese refutada pelo governo.
        Também chamou a atenção a constatação de que a diferença entre os salários de homens e mulheres voltou a crescer no país.
        O levantamento, feito pelo IBGE, também mostrou que a taxa de analfabetismo parou de cair após 15 anos.
        Isso aconteceu principalmente entre os brasileiros com mais de 40 anos. O envelhecimento da população, segundo especialistas, deve tornar a redução dos analfabetos uma tarefa mais difícil.
        A boa notícia é que essa taxa é cada vez mais baixa entre jovens. Outros dado positivo foi aumento dos anos de estudo desse mesmo grupo.
        A Pnad também traz importantes revelações dos hábitos de consumo das famílias. A mais curiosa: já são maioria no país os domicílios que usam o celular como o único telefone de casa.
        Outro destaque foi o aumento das famílias que possuem carro, num momento em que pega fogo o debate sobre o transporte público.
          IBGE entrevistou 363 mil pessoas em todo o país
          DO RIO
          A Pnad é realizada no atual formato desde 1992 e investiga temas como educação, mercado de trabalho, migração, acesso a bens duráveis e serviços públicos, além de tecnologia da informação.
          É feita anualmente, exceto em ano em que há Censo --um por década.
          Em 2012, a pesquisa abrangeu 147 mil domicílios no país. Foram entrevistadas 363 mil pessoas.
          A Pnad é feita no fim de cada ano e divulgada após cerca de 12 meses. A margem de erro varia conforme o tamanho da amostra de cada dado pesquisado.
          Analfabetismo no país para de cair pela 1ª vez em 15 anos
          Entre idosos, a taxa dos que não sabem ler nem escrever chega a 24,4%; já entre os jovens ela se limita a 1,2%
          Melhoria perde ritmo porque analfabetos que restam são cada vez de mais difícil inclusão, afirma professora
          MARIANA SALLOWICZPEDRO SOARESDO RIODANIEL CARVALHODO RECIFEPela primeira vez em 15 anos, a taxa de analfabetismo parou de cair, interrompendo a tendência de queda contínua --mais acentuada desde o fim dos anos 90.
          O percentual de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever no país passou de 8,6% para 8,7% entre 2011 e 2012.
          Restavam 13,2 milhões de analfabetos no país, concentrados nas faixas etárias mais elevadas, segundo a Pnad.
          Maria Lúcia Viera, gerente do IBGE, diz que a variação representa estabilidade, dentro da margem de erro e que será preciso aguardar os dados do próximo ano para verificar a tendência.
          Para a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, há um componente demográfico que influencia a taxa de analfabetismo, "já que a população envelhece e os não alfabetizados se concentram em faixas etárias mais elevadas".
          Entre os brasileiros com 60 anos ou mais, o percentual chegou a 24,4%. Na outra ponta, a menor taxa foi entre jovens de 15 a 19 anos (1,2%).
          Na avaliação de Eliane Andrade, professora do departamento de educação da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e da UniRio, a redução da taxa pode perder ritmo, uma vez que os analfabetos que restam no país são cada vez de mais difícil inclusão. Ela citou idosos e moradores de áreas rurais.
          "A tendência é chegar em uma taxa em que é difícil conseguir grandes variações."
          Com a elevada taxa de escolarização, a redução do analfabetismo fica mais complicada, avalia Kaizô Beltrão, professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da FGV.
          "A eliminação do analfabetismo ocorre principalmente pela entrada na escola." Entre as crianças de 6 a 14 anos, 98,2% já estavam na escola no ano passado.
          Por região, a Nordeste concentrava mais da metade dos analfabetos de 15 anos ou mais. A taxa chega a 17,4%, ante os 4,4% do Sul.
          Houve melhora em outros índices de educação. A média de anos de estudo na população com dez anos ou mais subiu de 7,3 para 7,5. A presença de crianças de quatro ou cinco anos nas escolas foi de 77,4% para 78,2%.
          'SABIDO'
          No Recife, o comerciante Armando Marques, 43, que parou de estudar na segunda série para trabalhar, sabe ao menos escrever o nome de batismo. Diz que perdeu "muita oportunidade na vida".
          "Mas eu me informo. Assisto TV e minha esposa lê jornal para mim", afirma.
          Mesmo analfabeto, virou um microempreendedor. Entrega pizzas e acabou de comprar uma barraca de coco.
          "Nunca me passaram a perna porque sou sabido, sou inteligente", diz Marques, que garantiu estudo aos seus quatro filhos e afirma acreditar que agora é possível conciliar trabalho e escola.
          "Vou abrir outros horizontes. Não vou mais depender de ninguém para assinar um cheque, para ler para mim", disse o comerciante.
            ANÁLISE
            No Nordeste, alfabetização é comparável à taxa da Índia
            RÚSSIA E CHINA TÊM ÍNDICES MELHORES DO QUE O BRASIL
            SABINE RIGHETTIDE SÃO PAULOA taxa de população analfabeta com mais de 15 anos no Brasil (8,7%) é alta se comparada a países como EUA, Alemanha e Nova Zelândia, cujos índices giram em torno de 1% dos habitantes.
            Nesses países, ficam fora da escola comunidades pobres, isoladas e nativos. Ou seja: não saber ler é exceção.
            Rússia e China têm índices melhores do que o Brasil: em torno de 5% de analfabetismo segundo dados oficiais. Perdemos para a Índia: lá cerca de 25% da população acima de sete anos não sabe ler.
            A taxa indiana de analfabetismo é encontrada por aqui também. No Nordeste brasileiro, quase 25% da população economicamente ativa masculina não sabe ler.
            Trocando em miúdos, um em cada quatro homens com mais de 25 anos não escreve um bilhete, não pega ônibus sozinho e nem pode ler a receita de um medicamento.
            De quem foi alfabetizado, poucos ficam na sala de aula. O IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), divulgado em julho, mostrou que só metade da população adulta do país concluiu o ensino fundamental.
            Com essa trajetória, quem chega ao ensino superior em idade universitária (18 a 24 anos) é uma minoria: 14% da população. Em países ricos, a taxa gira em torno de 70%.
            Os números mostram que programas de inclusão social no Brasil têm conseguido manter crianças na escola (a taxa de analfabetismo de 10 a 14 anos é de 1,9%), mas não atraiu a população jovem e adulta de volta às aulas.
            Uma alternativa para melhorar esse quadro é incluir em programas como o Bolsa Família a exigência de que o chefe de família também esteja estudando. E, claro, ter boas escolas para a população jovem e adulta.