Vínculos afetivos gratificantes podem preservar a boa condição física e emocional das pessoas e vice-versa
Pesquisas recentes concluíram que a falta
de vínculos afetivos de boa qualidade
compromete a saúde de homens e mulheres,
na mesma medida em que o tabagismo.
O contrário também se verifica: vínculos afetivos
gratificantes podem preservar a boa condição
física e emocional das pessoas.
Para os homens, a união estável faz bem, pois
prolonga a vida deles e a sensação de conforto.
Em contrapartida, com as mulheres não ocorre
o mesmo. Melhor que o vínculo conjugal são as
amizades e a prática regular de exercícios físicos.
Também já foi demonstrado que homens e
mulheres se vinculam com amigos de forma
peculiar, ou seja, enquanto para elas o apoio
mútuo as ajuda a enfrentar situações difíceis do
cotidiano, para eles isso não se observa.
Elas compartilham sentimentos, o que libera
na circulação sanguínea o neurotransmissor serotonina,
provocando tranquilidade e evitando
depressão. Eles, por seu turno, não costumam e
não se sentem confortáveis em falar uns com os
outros a respeito de seus sentimentos. Evitam
que os assuntos descambem para a intimidade.
Mas, quando se trata de vida sexual, as pesquisas
apontam que, sendo prazerosa, ela tem a capacidade
de estimular tanto o cérebro masculino
como o feminino, considerado na atualidade como
o mais importante dos órgãos sexuais.
Sabe-se, e não é de hoje, que o estresse e a depressão
deterioram as células cerebrais. A boa nova é
que o sexo as preserva e até favorece o desenvolvimento
neuronal, diminuindo os níveis de ansiedade.
A ocitocina (substância associada à lactação e ao
vínculo afetivo entre mãe e filho e entre as pessoas
em geral), ao ser liberada na circulação, favorece o
crescimento neuronal e protege o hipocampo contra
o estresse. O hipocampo é a área do cérebro que
responde pela memorização e pelo aprendizado.
A atividade sexual, quando exercida de forma regular,
acelera a neurogênese no hipocampo de ratos.
Portanto, o sexo ajuda a capacidade cognitiva
desses animais. O mesmo pode ocorrer com os humanos.
Para melhor ilustrar essa situação, vale lembrar
que pesquisadores europeus, há pouco mais de
cinco anos, já haviam comparado três grupos de
pessoas em diferentes situações afetivas: os recémapaixonados,
os parceiros de longa data e os sem
parceiros. Entre os apaixonados recentes foram
encontrados os níveis sanguíneos mais elevados
do fator de crescimento neuronal, uma substância
que modula as emoções, a ansiedade e as mudanças
de comportamento, tendo papel na manutenção
de neurônios no sistema nervoso.
Alguns anos depois, americanos estudaram as
áreas cerebrais mais ativadas em casais que continuavam
apaixonados e com vida sexual ativa,
mesmo após duas décadas de relacionamento.
Ressonâncias magnéticas funcionais (exame que
mostra o fluxo sanguíneo no cérebro, detectando
as áreas em atividade) foram realizadas enquanto
esses casais eram convidados a contemplar a projeção
de fotos de amigos recentes ou antigos e dos
respectivos parceiros(as) sexuais.
Diante da imagem do(a) parceiro(a), o exame
mostrou a maior ativação das células do cérebro. As
áreas onde é grande a concentração de dopamina
(neurotransmissor associado à recompensa e à motivação)
foram as mais estimuladas em recém-apaixonados.
Naqueles com relacionamentos longos foi
evidenciada maior ativação também em áreas relacionadas
ao vínculo maternal e à afinidade.
Conhecer estes resultados completa a conhecida
noção de que não há sexo sem boa saúde. Sabe-
se agora que essa é uma via de mão dupla:
também não há saúde sem sexo.