sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

TeVê

Estado de Minas: 07/02/2014 

Tv Paga 




 (Mapa Filmes/Divulgação)

Resgate histórico


Glauber Rocha tem mais um filme selecionado para a programação especial do canal Arte 1 com os clássicos do cinema nacional. A sessão começa às 21h50 com o curta Partido alto, de Leon Hirszman, com a participação de Paulinho da Viola, Candeia, Tantinho e Manacéa. Já às 22h20 é a vez do longa O leão de sete cabeças (foto), que Glauber rodou em Brazzaville, no Congo, em 1969, denunciando o colonialismo e o imperialismo na África. Outro destaque do pacote de filmes é o drama O casamento, de Marco Bellocchio, às 22h, na Cultura. No Telecine Premium, também às 22h, estreia Códigos de defesa, suspense com John Cusack e Malin Akerman.

Ação, drama e humor  no pacotão de cinema 

No Megapix, os três primeiros filmes da franquia Crepúsculo serão exibidos em sequência, a partir das 17h45. No Universal Channel, a opção foi o terror de Vozes do além (19h45), Atividade paranormal (21h30) e Horror em Amityville (23h05). No FX, a Sessão duplex foi montada com Busca explosiva (20h45) e Os reis da rua (22h30). Na faixa das 22h, o assinante tem mais seis opções: A alegria, no Canal Brasil; Battleship – A batalha dos mares, no Telecine Action; Quando um estranho chama, no Sony; Ultravioleta, no AXN; Django livre, na HBO 2; e Hotel Lux, no Max. Outras atrações da programação: Com quem me casei?, às 21h15, no Viva; Transformers 2: a vingança dos derrotados, às 22h30, na Fox; e O noivo da minha melhor amiga, também às 22h30, na HBO.

Programação musical  vai do rock ao samba


O festival Planeta Atlântida começa hoje em Xangri-Lá, no litoral Norte do Rio Grande do Sul, e o Multishow vai transmitir ao vivo, a partir das 19h, continuando amanhã, no mesmo horário. Na primeira noite vão se apresentar Donavon Frankenreiter, O Rappa, Ivete Sangalo, Jota Quest e Ne-Yo. No canal VH1, a série Moods rock, que vai ao ar às 18h, abre espaço para as novas tendências musicais e clipes de veteranos, como Kiss, Guns N’Roses, Queen, AC/DC, Paul McCartney, Foo Fighters e Imagine Dragons. Já o canal Viva dá início hoje ao seu “esquenta” para o carnaval no Viva o sucesso, às 21h15, com Arlindo Cruz num bate-papo animado.

Rio das Mortes foi palco da colonização de Minas


No segmento dos documentários, o canal Curta! exibe hoje, às 21h20, Confidências do Rio das Mortes, que fala da relação entre o homem e seu meio, o trabalho, o folclore e sua história. Ele retrata o que permanece no real e no imaginário das populações remanescentes das cidades, vilas, quilombos e aldeias da comarca do Rio das Mortes, antiga frente de colonização e exploração do ouro em Minas Gerais. Mais tarde, às 22h30, no NatGeo, estreia a série Sobreviventes, com dois episódios que relatam casos de vítimas que escaparam de ataques de animais e assaltantes, acidentes com carros e motos, quedas e desastres naturais.

Quem aí topa namorar uma garota demoníaca?


Depois de retomar a série Covert affairs, na quarta-feira, o AXN anuncia para hoje a estreia do suspense Lost girl, à meia-noite. Com boas doses de humor, a produção conta a história de Bo, uma jovem aparentemente normal que descobre ser um demônio. Após matar acidentalmente seu namorado ao sugar sua energia sexual, os pais adotivos de Bo contam sobre sua condição e ela deve então decidir em qual mundo viver: entre os humanos ou os seres iguais a ela.



CARAS & BOCAS » Atingido por uma espora
Simone Castro
Virgílio (Fernando Rodrigues), mesmo com o inseparável cão Federal, não escapará de fúria de
Virgílio (Fernando Rodrigues), mesmo com o inseparável cão Federal, não escapará de fúria de "amigo"


No capítulo de hoje de Em família (Globo), a tragédia anunciada envolvendo Laerte (Guilherme Leicam), Virgílio (Fernando Rodrigues) e Helena (Bruna Marquezine) se consumará. Com o casamento marcado com a moça, Laerte, em plena despedida de solteiro, dará vazão a toda a raiva que sente do então amigo Virgílio e, durante uma briga, o agredirá. Tudo começa durante a festa com garotas de programa, armada por Laerte, que trai Helena e Virgílio lhe passa uma lição de moral, mostrando desagrado com a atitude do rapaz. Enfurecido e bêbado, Laerte parte para a briga e atinge Virgílio no rosto com uma espora. Ao cair, o jovem bate a cabeça violentamente e fica imóvel. Desnorteado com o crime que cometeu, Laerte embrulha o “corpo” de Virgílio em um pano, arrasta-o pela mata, atravessa um rio e o abandona em uma vala. O fiel escudeiro de Virgílio, o cachorro Federal, encontra o dono e, com os latidos, um homem os encontra e socorre o rapaz, que será dado como desaparecido. Ao acordar, Virgílio contará à família o que aconteceu e sua mãe impedirá o casamento de Helena e Laerte, que será preso no altar da igreja. O pai de Helena, Ramiro (Oscar Magrini), sofrerá um enfarte e morrerá. Helena se mudará para o Rio de Janeiro. Numa passagem de tempo, Laerte sairá da prisão, reconhecerá o filho que teve com Shirley (Alice Wegmann) e partirá para o exterior. A terceira fase, estrelada por Júlia Lemmertz (Helena), Gabriel Braga Nunes (Laerte) e Humberto Martins (Virgílio) entrará no ar. Até então, não haverá explicação se Helena perdeu ou não a criança que esperava do noivo. Bruna Marquezine volta à cena como Maria Luísa, filha de Helena.

HBO DESMENTE CONVITE à ATRIZ MARIA CASADEVALL


Ao contrário do que andou sendo divulgado, a atriz Maria Casadevall, que viveu a insaciável Patrícia, em Amor à vida, não participará da série Boca do lixo, produção da HBO (TV paga). O canal emitiu um comunicado: “A HBO vem por meio desta nota esclarecer que, ao contrário das informações publicadas nos últimos dias, a atriz Maria Casadevall não está envolvida atualmente em nenhuma produção do canal. A HBO Latin America reafirma seu compromisso em valorizar novos e promissores talentos da região, mas, até o momento, não há vínculo com a atriz”. A série vai mostrar a década de 1970, com foco na pornochanchada e censura. A direção é de Cláudio Torres.

TRAMA POLICIAL AGORA ROLA EM NOVA ORLEANS

A série NCIS  tem novo spin-off. Trata-se de NCIS: New Orleans, que será estrelada pelo ator Scott Bakula, segundo o site TV Guide. Ele será o agente especial Pride. No elenco, ainda, Zoe McLellan, que viverá a agente especial Brody. Ela se mudou recentemente para Nova Orleans e busca um novo recomeço. NCIS: New Orleans tem estreia marcada para o final deste ano.

PRESA FOGE DE VILÃO E O DENUNCIA À POLÍCIA


Nos próximos capítulos de Joia rara (Globo), Sílvia (Nathalia Dill) vai recuperar a memória e descobrirá que foi Manfred (Carmo Dalla Vecchia) e não Franz (Bruno Gagliasso), como o vilão afirmava, quem tentou matá-la. Antes, Manfred, ao descobrir que ela está viva, a fará prisioneira na mansão Hauser e ainda a manipulará para que denuncie o ex-marido para a polícia. É na “prisão” que Sílvia se lembrará de tudo o que aconteceu. Com a ajuda de Viktor (Rafael Cardoso), ela conseguirá fugir e irá direto para a delegacia, onde revelará que Manfred é quem provocou seu acidente de carro. Franz será inocentado.

CARMINHA E COMPANHIA

Novos súditos se rendem à novela Avenida Brasil (Globo). Desta vez, são telespectadores da Colômbia e do México, países famosos por produzir novelas e exportá-las para o mundo, inclusive o Brasil, onde fazem sucesso no SBT/Alterosa. E por lá, a trama de João Emanuel Carneiro conquistou até o horário nobre! Desde janeiro, Carminha, a vilã vivida por Adriana Esteves, e companhia prendem a atenção do público da RCN da Colômbia. A estreia na TV Azteca é no dia 17 deste mês. Os franceses começarão a segui-la, pelo canal France Ô, a partir do dia 20. Mas, já é grande a expectativa do público pela trama que arrebatou o Brasil quando foi exibida em 2012. Atualmente, Avenida Brasil é exibida, entre outros países, na Argentina, pela Telefe; nos Estados Unidos, pela Telemundo, e no Uruguai, pela Teledoce. A novela já foi exibida, com grande sucesso, no Chile e em Portugal, e faz a festa dos argentinos desde 16 de dezembro. Por lá, Carminha já virou preferência nacional.

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Uma das grandes atrizes de sua geração, Alice Wegmann dá show como a invejosa Shirley de Em família. Era o esperado.

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Mas, a segunda fase da trama de Manoel Carlos, que apenas gira em torno do casal de primos e suas muitas brigas, já cansou. 

Carlos Herculano Lopes - Noite adentro‏

Noite adentro
Carlos Herculano Lopes


Estado de Minas: 07/02/2014




Há poucos dias, dois colegas de trabalho, até então estranhos um ao outro, que só se encontravam nos corredores da empresa, sem nunca ter trocado palavra, se pegaram conversando, como às vezes acontece em situações assim. Estavam de plantão, que só terminaria na manhã seguinte, se nada grave ocorresse, como esperavam. Dona de olhos negros, guardados por sobrancelhas rasgadas, aquela moça, que aqui vamos chamar de Débora, aos poucos, como ele, foi abrindo seu coração.

Todo ouvidos, aquele homem, muito mais velho do que ela – mesmo não sabendo quantos anos tinha Débora – a ouviu dizer, entre outras coisas, pois aquele papo se estendeu noite adentro, que vivia com a mãe, filha de italianos. “Ela e meu pai se separaram muito cedo, quando eu ainda era criança, e foi ela quem nos criou, a mim e ao meu irmão, que é um ano mais novo que eu. Naquele período, que foi muito difícil, a gente vivia numa cidade do interior, na Zona da Mata, onde nunca mais voltei”, disse.

Aquela moça, que parecia ser uma pessoa determinada, com certeza do que queria da vida, contou ainda, sem disfarçar o orgulho, da admiração que sentia pela mãe, apesar das desavenças. Das brigas que às vezes, por uma coisinha ou outra, aconteciam entre as duas. “Mas a compreendo, ela tinha menos de 30 anos quando o velho se foi e teve de se virar sozinha, fazer das tripas o coração para nos manter.”

Nos primeiros tempos, como aquele homem também ficou sabendo, a mãe da sua colega, que até a separação só ficava em casa, cuidando dos filhos, trabalhou como secretária de um advogado conhecido da família, e depois em uma concessionária. Mais tarde, como representante comercial e em algumas outras funções, até as coisas irem tomando pé, a vida aos poucos ir chegando nos eixos.

“No meu caso, também tive de ir à luta. Com 17 anos consegui o primeiro emprego numa loja de aparelhos eletrônicos, pois passei no vestibular e precisava pagar a faculdade, que era cara. E comecei a ajudar em casa, pois minha mãe não estava dando conta de bancar tudo sozinha”, Débora ainda contou.

Enquanto falava, o homem percebeu que os olhos daquela moça, que é muito bonita, às vezes ameaçavam ficar marejados. Então, ela fazia uma pausa. Olhava para o colega e começava a sorrir. Depois voltava-se para o computador ou dava alguns telefonemas, para ver se algo de importante estava acontecendo. E prosseguia: “Um dos meus objetivos, vou te contar, é conseguir dinheiro para dar entrada num apartamento, pois estou querendo morar sozinha, já está na hora”.

Noite adentro, como nada de relevante se passava a não ser as pequenas tragédias de rotina, com as quais todos estão acostumados, aquele homem, que estava ali dividindo plantão com a colega, para ele não mais uma estranha – como se a conhecesse desde sempre – a ouviu contar ainda, cheia de sonhos, da vontade de também poder fazer doutorado, trocar de carro, morar uns tempos nos Estados Unidos... Tudo isso enquanto a madrugada, sem que percebessem, começava a chegar.

Eduardo Almeida Reis - Idiotice midiática‏

Idiotice midiática

O mundo tem mudado tanto que acaba de inventar o mel de cobra peçonhenta

Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 07/02/2014

É todo santo dia na maioria dos jornais que leio e por meio da tevê: a polícia prende três sujeitos, que confessam um crime, e a imprensa informa que os três são “suspeitos”. Por quê? Só porque não têm sentença transitada em julgado? Besteira: aquele porteiro de BH teve sentença transitada em julgado e passou anos preso, sendo inocente, porque era “parecido” com o verdadeiro criminoso, o doutor Pedro Meyer Ferreira Guimarães, o Maníaco do Anchieta, estuprador confesso. Como sou teimoso, procuro o verbete “suspeito” no Houaiss: 1. que suscita inquietação ou cuidado (sintomas suspeitos); 2. de cuja existência, exatidão ou legitimidade não se tem certeza (documento suspeito); 3. que inspira desconfiança ou suspeitas (seu passado tornava-o um homem suspeito); 4. que se supõe ser falsificado ou ilegal; duvidoso (mercadoria de procedência suspeita). E ainda: 5. diz-se de ou indivíduo sobre quem recaem suspeitas de ser o autor, o culpado de algo (a polícia já tem alguns [indivíduos] suspeitos do roubo). Ora, em todos os casos a que me refiro ou os ladrões, assassinos, estupradores, pedófilos, latrocidas foram filmados cometendo os crimes ou são réus confessos. Portanto, não podem ser suspeitos. E a mídia continua insistindo nessa besteira. Como também noutra asneira, que vem sendo repetida por um jornalista televisivo.

Diz ele que “jornalista não pode deduzir”, como aprendeu na faculdade em que se formou. Não pode, como? Se o guindaste do Itaquerão cai em cima de um caminhão e o motorista, que estava na cabine, morre esmagado, é claro que o jornalista e a humanidade podem deduzir que o chofer foi morto pelo guindaste. Dedução que independe de perícia. As besteiras não param por aí. Sabe aquela revista francesa de celebridades, Closer, que publicou fotos do príncipe William passando protetor solar nas nádegas de sua linda mulher, a duquesa de Cambridge? Pois a revista publicou matéria sobre o romance que o presidente François Hollande estaria mantendo com uma atriz chamada Julie Gayet, com a chamada de capa: L’Amour secret du président. Foi o bastante para uma apresentadora de nossa tevê falar da suposta acusação da revista. Ora, suposto é o romance de François com Julie. A denúncia da revista foi mais que verdadeira, matéria de capa e sete páginas, com as fotos do presidente e da atriz, detalhes sobre o apê em que dormem juntos etc. Parece que não foram fotografados na cama; ainda assim, a matéria nada teve de suposta.


Gente fina
Apresentou-se à polícia do Rio de Janeiro um mineiro imbecil, acho que do Triângulo, que pichou as estátuas do Zózimo Barroso do Amaral e do Carlos Drummond de Andrade. Disse que é pichador profissional. Sua “assinatura” foi reconhecida por outros profissionais do ramo. Em seguida, a polícia identificou a namorada do artista, uma loura que não é loura, July B. Vasconcellos Reis, com cara de poucos amigos, apelidada Mel, procurada por homicídio, tentativa de homicídio e outros crimes. O mundo tem mudado tanto que acaba de inventar o mel de cobra peçonhenta. Independentemente das penas previstas pela legislação brasileira para os crimes de homicídio, tentativa etc., penso que as chibatadas em praça pública seriam utilíssimas para pichadores, desde que aplicadas com força e às centenas – digamos, 500 – sendo a família do pichador obrigada a pagar ao executor R$ 1 por chibatada, assim como as famílias chinesas pagam a munição gasta nos fuzilamentos. Dias antes, um idiota que faz comentários televisivos criticou o fato de um jornal, do grupo proprietário do canal de televisão, estampar foto de primeira página da estátua de Drummond pichada, quando, na mesma noite, um senhor de 81 anos, residente no terceiro pavimento de um prédio situado em uma favela, morrer de um tiro de bala perdida. Parece-me – e o leitor dirá se tenho razão – que não é “elegante” criticar o jornal do grupo em que o crítico azurra suas besteiras num canal de tevê. Sua censura foi de uma cretinice sem par, porque estátua pichada por imbecil, filmado no ato, é notícia, enquanto morte por bala perdida deixou de ser notícia de primeira página, tantos são os óbitos no Brasil inteiro, quase todos os dias. E a bala perdida não foi encontrada pelo idoso no Copacabana Palace, mas numa favela em que há tiroteios diários.


O mundo é uma bola
Em 1778, Voltaire é iniciado na Maçonaria. Teria sido uma das cerimônias mais brilhantes da história da maçonaria mundial. Pudera: era Voltaire. Agora, um tiquinho de cultura wikipédica: o nome maçonaria vem do francês maçonnerie, que significa construção, alvenaria, pedreira. Maçom vem do inglês mason e do francês maçon, isto é, “pedreiro”. Metz, em alemão, é “cortador de pedra”. Maçom é um aportuguesamento do francês e maçonaria significa, ainda segundo a Wikipédia, “associação de pedreiros”. Os Estados Unidos teriam 58% dos maçons, a Inglaterra 20% e o Brasil 2,7%. Parece que o planeta tem aproximadamente 6 milhões de maçons. Em 1857 Gustave Flaubert foi absolvido da acusação de ter escrito um livro imoral, Madame Bovary. Hoje é o Dia do Gráfico.


Ruminanças
“Viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta...” (Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o barão de Itararé, 1895-1971).

Apagão de ambições‏

Apagão de ambições 
 
Sobrecarga do sistema elétrico expõe carências ainda graves, apesar de o quadro já ter sido pior
Estado de Minas : 07/02/2014


Durante décadas, desde os anos 1950, a primeira grande virtude do Brasil apresentada por funcionários do governo de turno em reuniões com empresários estrangeiros era a ampla disponibilidade de energia barata – argumento valorizado depois dos dois choques de petróleo, entre 1973 e 1979. As grandes usinas hidrelétricas construídas e em construção, sobretudo no período autoritário, davam respaldo ao que se via como trunfo imbatível num mundo sedento de energia.
Sem usinas como Itaipu e Tucuruí (as grandes) ou Ilha Solteira e Paulo Afonso (médias), não teríamos um parque industrial ainda dos mais diversificados do mundo e o país não ocuparia a 8º posição no ranking global da manufatura em 2012. Energia é o insumo crítico do desenvolvimento. Quem não a tem correndo livre pelos cursos d’água, e isso continua a riqueza potencial no Brasil, ou brotando do solo (petróleo, carvão, gás), só com muita inteligência acumulada pôde desenvolver-se, como Japão, Alemanha e Coréia do Sul.
Hoje, com a palavra apagão outra vez nas manchetes e hidrelétricas caçadas por lobbies ambientais – como se termoelétricas que suprem a falta de energia queimando óleo combustível, carvão mineral e gás emitissem aromas silvestres –, o assunto voltou à ordem do dia.
Os críticos acusam o governo de imprevidente, que reage lembrando o racionamento no período FHC. E todos emudecerão tão logo cheguem as águas de março fechando verão. E, como de outras vezes, sem que ninguém que importe à discussão fale do essencial: a necessidade de energia farta e acessível para o desenvolvimento do país.
Não é o óleo do pré-sal, cujo destino é gerar as divisas de que a economia se ressente, sobretudo se voltar a crescer pouco mais. Nem as termoelétricas, caras e poluentes, são solução. Elas entraram na matriz energética como um estepe para momentos de pico de consumo, depois do racionamento de nove meses até março de 2002.
Aos poucos, o provisório se tornou permanente, e é o que dá para contar em momentos de falha técnica nos linhões de transmissão ou picos de consumo, causas prováveis do apagão desta semana. É certo que a construção de hidrelétricas foi retomada, mas em ritmo lento, criminalizada por ambientalistas, acossada pelo Ministério Publico Federal, e sem a coesão anterior de que o progresso depende delas.

Milhagem do BC e BNDES
Desde o ocaso dos “barrageiros”, o presidente do Banco Central se tornou o personagem mais habitual em encontros com investidores, o que diz muito sobre a essência de nosso desenvolvimento. Aprecia-se mais nestes eventos exposições sobre a política monetária e fiscal (ambas conectadas ao estoque de dívida, representativa de eventos e situações passadas), que cenários de oportunidades no Brasil.
Isso mudou um pouco com a retomada dos projetos de infraestrutura, na pegada do roteiro de obras do PAC, e vem ganhando tração com as concessões ao capital privado de estradas, aeroportos, ferrovias, portos, que estão andando, apesar do tempo perdido e da descrença dos críticos. A milhagem de voos internacionais do presidente do BNDES já se rivaliza, se é que não supera, com a do colega do BC.

É pouco o que se faz
Não fossem tais investimentos estruturantes, ninguém estaria dando ouvidos aos cenários, normalmente oficiais, em que o país desponta com condições competitivas em relação às economias emergentes de um modo geral (afora a China, já potência industrial e financeira).
Mas o investimento público é baixo, cerca de 2% do PIB, menos que a metade da média investida por outros emergentes e abaixo do que é preciso para a produção não estacionar em gargalos – como as filas de caminhão de 50 km ou mais levando a safra agrícola aos portos, navios parados por mais de uma semana esperando cais para atracar, aeroportos congestionados, insegurança energética. Cada um desses gargalos tem solução, várias estão em curso. Mas falta muito mais.

Plantar antes de comer
O empresário Pedro Passos, presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, sente falta de planejamento de longo prazo, um horizonte a orientar planos, projetos e investimentos. O governo fechado à discussão com o investidor de raiz, no sentido de que não visa o lucro rápido da arbitragem com juros e moedas, mas o resultado operacional, contribui para o sentimento de desalento.
Se o mercado pressiona por meta fiscal, o investidor em bens reais espera que o governo se posicione sobre os lobbies que emperram a geração de energia. Economistas sugerem moeda fraca, expediente que deprecia os salários. O investidor antenado fala de acesso a novas tecnologias. Uns tratam do prato para a boca. Outros do que plantar antes de comer. É um menu de opções. Falta escolher e levar à mesa.