terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Um útero é do tamanho de um punho, (Cosac Naify), de Angélica Freitas:
porque uma mulher boa
é uma mulher limpa
e se ela é uma mulher limpa
ela é uma mulher boa
há milhões, milhões de anos
pôs-se sobre duas patas
a mulher era braba e suja
braba e suja e ladrava
porque uma mulher braba
não é uma mulher boa
e uma mulher boa
é uma mulher limpa
há milhões, milhões de anos
pôs-se sobre duas patas
não ladra mais, é mansa
é mansa e boa e limpa
Leia mais sobre angelica de freitas aqui
Mera coincidência - Suzana Herculano-Houzel
folha de são paulo
Você pensa em uma pessoa que não vê há tempos e ela liga para você no mesmo dia ou semana; chega ao cinema e descobre que sua melhor amiga escolheu roupas quase idênticas às suas.
Você pensa quão triste ficaria se seu canarinho morresse e, horas depois, ele está morto, patinhas para cima. E você acha que foi culpa sua --o matou com seu pensamento, assim como "chamou mentalmente" a pessoa que não via há tempos e enviou sinais telepáticos para sua amiga.
Mas tudo não passa de mera coincidência. Essas associações aparentes são exemplos daquelas coincidências que, dado tempo e oportunidades suficientes, vão acontecer por uma simples questão de estatística.
Pense em todas as outras vezes em que você se lembrou de alguém, encontrou sua amiga ou contemplou a morte eventual de seu bichinho (ele vai morrer cedo ou tarde e provavelmente antes de você; e, quanto mais gostar dele, mais aventará a possibilidade da sua morte naquele dia) --e nada aconteceu. Foi só coincidência.
E, no entanto, não só registramos o fato como especial como ainda assumimos agência sobre ele, criando uma relação de causa e efeito: algo aconteceu porque você pensou ou fez alguma coisa em particular. Você, com suas ações ou pensamentos, foi o agente daquela coincidência.
Por que damos tanto valor ao que é apenas estatisticamente esperado que aconteça de vez em quando por pura... coincidência?
Justamente porque são eventos associáveis.
É assim que o aprendizado acontece: conforme o cérebro associa eventos, sejam eles dois fatos (Brasil, capital: Brasília) ou uma ação e um fato (tocar este botão acende a luz do teto; pensar assim faz meu dedo chegar à boca ou a sobrancelha esquerda levantar). Essas últimas associações são especialmente notáveis, pois são as que nos situam como agentes no mundo e, possivelmente, formam a base da autoconsciência.
Se seu corpo se move e seu cérebro encontra nele os mesmo sinais de preparação da ação associados, ele conclui que ele (você) foi o agente daquele movimento.
Da mesma forma, se algo acontece no seu corpo ou ao seu redor que pode ser associado temporalmente a um estado mental particular seu, você também foi o agente daquele movimento --é a conclusão automática à qual seu cérebro chega. Mesmo que tenha sido mera coincidência...
Você pensa em uma pessoa que não vê há tempos e ela liga para você no mesmo dia ou semana; chega ao cinema e descobre que sua melhor amiga escolheu roupas quase idênticas às suas.
Você pensa quão triste ficaria se seu canarinho morresse e, horas depois, ele está morto, patinhas para cima. E você acha que foi culpa sua --o matou com seu pensamento, assim como "chamou mentalmente" a pessoa que não via há tempos e enviou sinais telepáticos para sua amiga.
Mas tudo não passa de mera coincidência. Essas associações aparentes são exemplos daquelas coincidências que, dado tempo e oportunidades suficientes, vão acontecer por uma simples questão de estatística.
Pense em todas as outras vezes em que você se lembrou de alguém, encontrou sua amiga ou contemplou a morte eventual de seu bichinho (ele vai morrer cedo ou tarde e provavelmente antes de você; e, quanto mais gostar dele, mais aventará a possibilidade da sua morte naquele dia) --e nada aconteceu. Foi só coincidência.
E, no entanto, não só registramos o fato como especial como ainda assumimos agência sobre ele, criando uma relação de causa e efeito: algo aconteceu porque você pensou ou fez alguma coisa em particular. Você, com suas ações ou pensamentos, foi o agente daquela coincidência.
Por que damos tanto valor ao que é apenas estatisticamente esperado que aconteça de vez em quando por pura... coincidência?
Justamente porque são eventos associáveis.
É assim que o aprendizado acontece: conforme o cérebro associa eventos, sejam eles dois fatos (Brasil, capital: Brasília) ou uma ação e um fato (tocar este botão acende a luz do teto; pensar assim faz meu dedo chegar à boca ou a sobrancelha esquerda levantar). Essas últimas associações são especialmente notáveis, pois são as que nos situam como agentes no mundo e, possivelmente, formam a base da autoconsciência.
Se seu corpo se move e seu cérebro encontra nele os mesmo sinais de preparação da ação associados, ele conclui que ele (você) foi o agente daquele movimento.
Da mesma forma, se algo acontece no seu corpo ou ao seu redor que pode ser associado temporalmente a um estado mental particular seu, você também foi o agente daquele movimento --é a conclusão automática à qual seu cérebro chega. Mesmo que tenha sido mera coincidência...
Suzana Herculano-Houzel, carioca, é neurocientista treinada nos Estados Unidos, França e Alemanha, e professora da UFRJ. Escreve às terças, a cada duas semanas, na versão impressa de "Equilíbrio".
Amigas - Mirian Goldenberg
folha de são paulo
Uma das principais motivações para justificar a decisão de ter filhos é o desejo de receber cuidado, amor e companhia na velhice.
Muitos perguntam para as mulheres que optam por não ter filhos: "Mas como vocês irão enfrentar uma velhice solitária?".
No entanto, pesquisas revelam que a violência contra os velhos tem origem, em grande parte, dentro da própria família, em especial exercida por aqueles membros que deveriam proteger e cuidar deles.
Maus-tratos físicos e psicológicos, insultos, ameaças, espancamento, abandono, abusos financeiros, restrição da liberdade, negligência, recusa e omissão de cuidados por parte de filhos, de netos e de outros familiares são um quadro bem comum de violência contra os velhos.
Ao pesquisar mulheres de mais de 60 anos, percebi que a demanda por cuidado, carinho, respeito e escuta é satisfeita, basicamente, pelas amigas.
Uma professora de 66 anos disse: "Tenho três filhos, duas moças e um rapaz. Quando ligo para eles, só recebo patadas, estão sempre ocupados, trabalhando. Eles sempre me fazem sentir que estou incomodando, como se eu fosse um traste velho que só atrapalhasse a vida deles. Eles só ligam quando estão com algum problema. Em geral, quando precisam de dinheiro ou de uma 'avó-babá' para cuidar das crianças".
Essa entrevistada conta que quem cuida dela são quatro amigas da época da faculdade. "Falamos quase todos os dias, saímos, viajamos, vamos jantar. Quando fiz uma cirurgia, elas se revezaram para cuidar de mim. Estamos sempre ligadas na saúde de cada uma, nas dietas, nos problemas com os filhos. Se não fosse por elas, eu estaria completamente só."
Outras se consideram "sortudas", pois, apesar de terem velhas amigas, conquistaram novas amigas em uma idade mais avançada.
Uma jornalista de 62 anos contou: "Nos últimos dez anos, fiz três grandes amigas. Faço questão de convidá-las para jantar, de telefonar sempre, de me colocar disponível para o que precisarem. Descobri que a minha maior riqueza são minhas amigas, as novas e as velhas".
Minhas pesquisadas dizem que as amigas são a sua "verdadeira família": a "família escolhida", um compromisso afetivo construído cotidianamente, sem obrigações e sem cobranças.
Essas mulheres revelam que, especialmente na velhice, os laços de amizade podem ser muito mais verdadeiros e sólidos do que os laços de sangue.
Mirian Goldenberg é antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autora de "Coroas: corpo, envelhecimento, casamento e infidelidade" (Ed. Record). Escreve às terças, a cada quatro semanas, na versão impressa de "Equilíbrio".
Marcos Augusto Gonçalves
folha de são paulo
Esquerda de direita
Aproveito a abertura da bela exposição de Sérgio Sister, na Pinacoteca do Estado, para visitar também a mostra de Waltercio Caldas, que desde a década de 1970 se consagrou como um dos mais imaginosos e inquietantes artistas contemporâneos brasileiros. A inteligência e o rigor intelectual de Waltercio são famosos no meio da arte. Dizem até alguns, em tom de boutade, que quando ele fala as palavras já saem em itálico.
Vou caminhando absorto pelas salas, em meio à magnífica panorâmica do artista, quando, de repente, me deparo com o jornalista, crítico e ensaísta Rodrigo Naves.
Uma satisfação encontrá-lo ali. Por vários motivos, um deles porque o conheci juntamente com Waltercio Caldas, em animadas reuniões para o lançamento de um jornal alternativo, no final da década de 1970, que se chamava "Beijo".
Publicado pela editora Boca, funcionava em regime de autogestão. Era uma iniciativa do jornalista Julio Cesar Montenegro, figura brilhante e divertida, que na época havia deixado a editoria de Cultura do "Opinião".
Bem, o ponto é que havia ali uma inclinação a fugir do cardápio tradicional da imprensa alternativa, em especial na área de cultura, onde predominava uma visão nacional-populista. O "Beijo" estava disposto também a questionar mitos culturais e ideológicos progressistas e a levantar temas recalcados pelo debate de esquerda da época --como feminismo, homossexualidade, desejo e liberdade intelectual.
Natural que colegas de esquerda virassem o rosto para o jornal, que classificavam, não sem razão, de anarquista. Criticar a União Soviética, o maoismo ou o regime castrista seria um erro, pois se fazia o "jogo da direita". Ou seja, para a esquerda -com exceção de poucos, como os trotskistas da Libelu --o certo era silenciar sobre as perseguições a homossexuais, as internações "psiquiátricas" de dissidentes, os assassinatos políticos e os campos de concentração, um cortejo de horrores que assombrava o projeto socialista de uma sociedade igualitária, livre e justa. Tudo isso, claro, já dez anos depois do Maio de 68, da Primavera de Praga e do tropicalismo. Papo antigo.
Agora, mais de trinta anos depois da efêmera experiência do "Beijo", comento com Rodrigo Naves o showzinho fascista encenado por militantes do PC do B e do PT, que impediram a exibição de um filme e tentaram silenciar a blogueira Yoani Sánchez em sua visita ao Brasil. Ou seja, pegaram a cubana e aplicaram um controle social nela.
O tempo passou, o socialismo real desmoronou, o PT se tornou um partido quando muito social-democrata, aliado a setores da direita, e a nossa "burritzia" (termo cunhado, aliás, por Fernando Mesquita, num artigo para o "Beijo") continua aí, dura na queda.
Na mesma semana, durante a festa de 10 anos de "occupy Alvorada" promovida pelo PT, o mesmo espírito policialesco se manifestou. Militantes deram um pontapé numa jornalista da Folha e a chamaram de prostituta da imprensa. O uso do termo prostituta nesse contexto já diz bastante sobre a mentalidade da tropa.
No vaivém das exposições de sábado, ocorreu-me de visitar outro dissidente --Ai Weiwei, que mostra seus trabalhos no MIS. Como se sabe, é um artista chinês perseguido pelo governo (De esquerda? De direita?) de seu país. Não deu tempo. Fica para depois. Só espero que nossos inspetores ideológicos não resolvam interromper também a exposição de Weiwei.
marcos.augusto@grupofolha.com.br
Marcos Augusto Gonçalves, 55, é editorialista e repórter da Folha. Escreve o livro "1922 - A Semana Que Não Terminou" (Companhia das Letras).
Sentimento de fracasso - Rosely Sayão
folha de são paulo
Há algum tempo tenho percebido que diversas mães se declaram incompetentes diante de sua tarefa de educar os filhos. Há também as que se sentem fracassadas quando percebem que o que elas almejavam para os filhos não se concretizou.
Claro que há pais que se sentem da mesma maneira, mas minha experiência aponta um número maior de mulheres sofrendo com esses sentimentos.
Há uma tendência social de se avaliar a mulher pelo êxito do seu filho, isso desde a mais tenra idade.
O filho andou precocemente? Já escreve e identifica o próprio nome escrito em letras aos três anos? Desenha como um artista? É um dos primeiros alunos da classe? Tem destaque na escolinha de futebol? Entrou na faculdade considerada top?
Ah! Mães com filhos que realizam tais feitos costumam ser avaliadas como boas mães. Elas souberam o que fazer e como fazer para que os filhos atingissem tais feitos costumam considerar as pessoas com quem essas mães convivem.
Já se o filho não fala corretamente, faz birra em público, não gosta de estudar, dá trabalho para comer, repete o ano escolar e é desobediente, coitadas dessas mães! Não sabem como exercer bem o seu papel, pensam outras pessoas, sem disfarçar os olhares reprovadores. E, então, indicam profissionais para acompanhamento da criança, literatura especializada, revistas e programas de TV que certamente irão ajudar a pobre mãe. Até a escola costuma fazer orientações para pais.
Você deve ter percebido, caro leitor, que ser mãe ou pai na atualidade ganhou um caráter quase profissional.
Há uma infinidade de recursos disponíveis, hoje, para mulheres e homens que queiram realizar bem sua tarefa com os filhos. Não estranharei se, em breve, for criado um curso de pós-graduação lato sensu sobre educação de filhos.
Sim, porque até agora os cursos tratam de alunos, papel social muito diferente do de filhos, não é?
Dá, portanto, para começar a entender o sentimento dessas mães. Elas não se sentem especialistas em maternidade. E perseguem o tempo todo uma fórmula para dar conta do que acham que precisam dar conta.
O que elas esquecem nessa empreitada é que os filhos ficam diferentes a cada dia. E é justamente por isso que a maioria das atitudes que tomam com as crianças ou os adolescentes tem eficácia de curto tempo. E elas pensam que o que fizeram não deu certo. Deu, mas apenas por pouco tempo.
Se as mães e os pais escutarem atentamente os filhos e tiverem com eles um vínculo de proximidade, irão perceber a hora de mudar de estratégia. Eles, os filhos, dão os sinais.
Outra coisa que mães e pais precisam considerar é que as crianças do século 21 não seguem mais padrões de desenvolvimento. Cada um vive em um ambiente específico, tem um tipo de relação com os pais e, por isso, serão bem diferentes de seus pares de mesma idade. Comparar os filhos no mundo da diversidade não é, com certeza, uma boa escolha!
Mães e pais não devem se sentir fracassados ou incompetentes, pois os filhos precisam justamente do sentimento de potência que os adultos demonstram. Mães e pais não costumam fracassar: costumam errar. E não há nenhum problema em errar: os filhos superam nossos erros com mais facilidade do que nós.
E tem mais: não há certo ou errado quando o assunto é a educação dos filhos. Há princípios, há valores, há a moral familiar e social, há o bem conviver, o respeito e a dignidade. E há estratégias que funcionam por um tempo e estratégias que não funcionam, apenas isso.
Os sentimentos de fracasso e de incompetência podem inibir o exercício da maternidade e da paternidade.
Mais importantes que qualquer conhecimento específico são os afetos porque são eles que conduzem os pais.
Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia-a-dia dessa relação. Escreve às terças na versão impressa de "Equilíbrio".
Jairo Marques
folha de são paulo
Às vidas na UTI
As unidades de terapia intensiva não devem jamais ser vistas como a porta de entrada do além
É comum ouvir por aqui e por acolá: "Fulano está nas últimas. Foi parar até na UTI, coitado". É como se o destino de quem precisasse da unidade de emergência máxima de um hospital já estivesse selado e o calcanhar do cidadão já começasse a afundar na cova. Parar ali seria como se apresentar na antessala de são Pedro.
Essa aberrante história da médica do Paraná que, ao que tudo indica, dormia fora da casinha e adotava procedimentos heterodoxos na unidade que chefiava, pelo menos pode servir para chamar mais a atenção para aqueles que precisam, em algum momento, ficar em um local de tratamentos intensivos.
Como ex-hóspede de UTIs por três vezes (após serviços de funilaria na coluna e nas pernas tortas), penso que as unidades não devem jamais ser vistas como o pavilhão da morte, como a porta de entrada do além.
Os locais são, sim, as esferas máximas da ciência e da inteligência humana em prol da vida, em prol da recuperação da carcaça abatida, da mente desgastada, de ajuste após uma pane no sistema de controle de poder acordar e fazer tudo igual ou não.
É na unidade de terapia intensiva que os médicos mais profundamente agarrados aos valores humanos deveriam trabalhar. Para eles, fazer diferenciação no modo de tratar os que ali estão seria impensável, impraticável e impossível.
No sangue desses profissionais só correria garra de fazer mais, os batimentos cardíacos só gritariam "para a frente, para a frente" e suas pressões arteriais, equilibradíssimas, empurrariam para caminhos de esperança, de novas possibilidades.
Na UTI, só deveriam entrar aqueles capacitados para serem incansáveis em acreditar na recuperação dos outros, aqueles mais sensíveis para entender que, para cada um dos internos de sua unidade, há uma família aflita por esperança e por boas-novas.
Quando alguém entra em um serviço de tratamento intensivo, fica do lado de fora um caminhão de dúvidas: quantas vezes vão escovar seus dentes e cuidar dos cabelos? Quem fará os movimentos do seu corpo enquanto a mente estiver descansando? O clima lá dentro é de esperança ou é insosso?
Já ouvi relatos de barbaridades ditas por profissionais que atuam com pessoas que supostamente estavam "para lá de Bagdá", entubadas, aparelhadas, sedadas ao máximo, mas, em alguns casos, conscientes.
Mais uma vez, aqui, penso que essa área hospitalar teria de, permanentemente, relembrar entre a equipe suas funções, suas missões, suas obrigações médicas, morais e de humanidade.
Ir "parar na UTI" deveria ser entendido como o momento em que tudo será feito para que você tenha uma nova chance de seguir adiante. E quem é bem acolhido em uma situação dessas, quem resgata a existência após uma experiência dessas, tende a ser agraciado com pacotes imensos de esperança a ser distribuída.
Há vidas nas UTIs. Há pessoas agarradas à fé de que a evolução do homem é tão maravilhosa que é capaz de resgatar qualquer um de seu suposto ponto final. Xô aos incrédulos que querem abreviar o caminho de quem brecou em uma curva, mas que ainda tem muita estrada adiante!
Merecer a renúncia do papa - Candido Mendes
folha de são paulo
O que assistimos foi o impacto dessa verdadeira dessacralização do eclesial no inconsciente coletivo. A lucidez do homem passa a prevalecer sobre todo o providencialismo fatalizador a comandar a ação do papa. E, de logo, no futuro imediato, há que se reconhecer a superação da alternativa sucessória entre conservadores e progressistas.
A tarefa da igreja à frente não é a das suas posições sobre o casamento gay, a eutanásia ou o intervencionismo na questão das células-tronco. Onde chegaríamos, por aí, ao que espera o povo de Deus da mensagem no seio do seu tempo a que nos conclamou o Vaticano 2º? Chegaríamos à enorme lição do Concílio, que os pontificados subsequentes não responderam.
E é exatamente nesse cinquentenário do Vaticano 2º que urge essa presença, no seio da contemporaneidade, e a sua interferência no sentido da história. Há que se atentar à absoluta minoria cristã, dentro do peso asiático da população do novo milênio.
Deparamos a maciça concentração católica no mundo ocidental, onde o credo perde as maiorias em muitos países europeus, a partir da Holanda, da Bélgica e da França, "filha mais velha" da igreja.
Não adianta, por outro lado, procurar a mazela imediata, justificativa do gesto do papa, vinculada à totalidade da reflexão existencial, sustentada por um surpreendente reconhecimento da própria incapacidade. Estamos diante de um evento saído de toda a lógica das sequências e chegando, por um salto, ao verdadeiro acontecer.
Avulta hoje o entendimento da laicidade como o efetivo "sinais dos tempos" no caminho da modernidade e após o endurecimento de Pio 9º e Pio 10. Verificamos o desponte das "guerras de religiões" como afirmação das culturas desse começo de século, após se superar o entendimento do Ocidente como a única civilização.
A urgência da tomada de posição não aceitará um segundo e cansativo papado de transição. Um novo contraponto entre imanência e transcendência nos caminhos da fé já foi assinalado, na interrogação desses dias, nas dificuldades de uma atitude fundadora, buscada, por exemplo, pela Teologia da Libertação, como autêntico profetismo da igreja.
E é nesse registro que o choque da renúncia, como assumida por Bento 16, instaura uma problemática prévia ao dilema gasto entre mudança e status quo.
Os reclames da igreja no nosso tempo exigem resposta às lições dramáticas do terrorismo, à coexistência das diferenças, à humildade da conversão e à afirmação não-retórica do comunitarismo. A renúncia serve para superar as rotinas da continuidade da igreja-instituição e implementar uma nova face, de igreja-serviço, próxima aos fiéis.
TENDÊNCIAS/DEBATES
Merecer a renúncia do papa
A decisão de Bento 16 ajuda a igreja a superar as rotinas da continuidade e a implementar uma nova face, de serviço, próxima aos fiéis
A intensidade desses dias pós-renúncia do papa resulta do choque do gesto quase inédito de Bento 16, frente ao que o pontífice viu, de início, como a sua meticulosa desaparição na vida da igreja.O que assistimos foi o impacto dessa verdadeira dessacralização do eclesial no inconsciente coletivo. A lucidez do homem passa a prevalecer sobre todo o providencialismo fatalizador a comandar a ação do papa. E, de logo, no futuro imediato, há que se reconhecer a superação da alternativa sucessória entre conservadores e progressistas.
A tarefa da igreja à frente não é a das suas posições sobre o casamento gay, a eutanásia ou o intervencionismo na questão das células-tronco. Onde chegaríamos, por aí, ao que espera o povo de Deus da mensagem no seio do seu tempo a que nos conclamou o Vaticano 2º? Chegaríamos à enorme lição do Concílio, que os pontificados subsequentes não responderam.
E é exatamente nesse cinquentenário do Vaticano 2º que urge essa presença, no seio da contemporaneidade, e a sua interferência no sentido da história. Há que se atentar à absoluta minoria cristã, dentro do peso asiático da população do novo milênio.
Deparamos a maciça concentração católica no mundo ocidental, onde o credo perde as maiorias em muitos países europeus, a partir da Holanda, da Bélgica e da França, "filha mais velha" da igreja.
Não adianta, por outro lado, procurar a mazela imediata, justificativa do gesto do papa, vinculada à totalidade da reflexão existencial, sustentada por um surpreendente reconhecimento da própria incapacidade. Estamos diante de um evento saído de toda a lógica das sequências e chegando, por um salto, ao verdadeiro acontecer.
Avulta hoje o entendimento da laicidade como o efetivo "sinais dos tempos" no caminho da modernidade e após o endurecimento de Pio 9º e Pio 10. Verificamos o desponte das "guerras de religiões" como afirmação das culturas desse começo de século, após se superar o entendimento do Ocidente como a única civilização.
A urgência da tomada de posição não aceitará um segundo e cansativo papado de transição. Um novo contraponto entre imanência e transcendência nos caminhos da fé já foi assinalado, na interrogação desses dias, nas dificuldades de uma atitude fundadora, buscada, por exemplo, pela Teologia da Libertação, como autêntico profetismo da igreja.
E é nesse registro que o choque da renúncia, como assumida por Bento 16, instaura uma problemática prévia ao dilema gasto entre mudança e status quo.
Os reclames da igreja no nosso tempo exigem resposta às lições dramáticas do terrorismo, à coexistência das diferenças, à humildade da conversão e à afirmação não-retórica do comunitarismo. A renúncia serve para superar as rotinas da continuidade da igreja-instituição e implementar uma nova face, de igreja-serviço, próxima aos fiéis.
CANDIDO MENDES, 84, é membro do Conselho das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, membro da Academia Brasileira de Letras e da Comissão Brasileira de Justiça e Paz
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
Vladimir Safatle
folha de são paulo
Tal astúcia constrói o que poderíamos chamar de "paradoxos morais de laboratório". Trata-se de pequenos paradoxos do tipo "podemos torturar alguém cuja confissão nos permitirá desativar uma bomba que matará dezenas de inocentes?", com todas as suas variantes possíveis.
Do ponto de vista da filosofia moral, não há exercício mais pueril do que procurar responder a tais inventivas. Pois elas pressupõem condições de laboratório, como "sei que o sujeito torturado sabe algo sobre a bomba", "sei que não há hipótese alguma de ter pego a pessoa errada", "sei que ele falará antes de morrer", "sei que a razão de sua ação é injustificável". Como ninguém mora em um laboratório, mas depende, no mais das vezes, da sabedoria da polícia ou desta "inteligência militar" na qual Groucho Marx viu a expressão mais bem-acabada de uma contradição em termos, tais condições nunca são completamente asseguradas.
Mas paradoxos dessa natureza têm como verdadeira finalidade fracionar a ação a fim de retirá-la de todo contexto possível. Boa maneira de não começarmos por perguntar como chegamos a essa situação.
Longe de ser uma enunciação neutra, essa é uma enunciação profundamente interessada. Ninguém coloca uma questão dessas de maneira inocente, como ninguém pergunta inocentemente se negros são, realmente, tão inteligentes quanto brancos ou se o Holocausto, de fato, existiu na dimensão normalmente descrita. Perguntar as reais motivações do enunciador é uma boa maneira de começar a desmontar o paradoxo.
Pode ser, porém, que o enunciador queira apenas insistir que, em situações excepcionais, a tortura aparece como o último recurso dotado de certa eficácia. De fato, se tortura fosse eficaz, as favelas brasileiras seriam um paraíso da paz. Melhor lembrar que a única eficácia realmente comprovada da tortura é sua força de corroer completamente o que restou das bases normativas do Estado. Pois se usamos a tortura contra o inimigo n° 1 da democracia, por que não usá-la contra o n° 2, o n° 3... o n° 54.327?
Ninguém pratica a tortura sem se transformar no verdadeiro inimigo da democracia. Por isso, seria o caso de perguntar: "Um Estado que recorre sistematicamente à tortura merece ser salvo? No que ele se transformou? Ele merece ser justificado diante de situações que, muitas vezes, ele próprio ajudou a criar?".
Questão de método
A filosofia moral, vez por outra, se vê confrontada com problemas mal formulados que gostariam de se passar por paradoxos astutos. Desmontá-los seria apenas um peculiar passatempo acadêmico, se eles não aparecessem periodicamente como premissas de raciocínios tortuosos na grande imprensa.Tal astúcia constrói o que poderíamos chamar de "paradoxos morais de laboratório". Trata-se de pequenos paradoxos do tipo "podemos torturar alguém cuja confissão nos permitirá desativar uma bomba que matará dezenas de inocentes?", com todas as suas variantes possíveis.
Do ponto de vista da filosofia moral, não há exercício mais pueril do que procurar responder a tais inventivas. Pois elas pressupõem condições de laboratório, como "sei que o sujeito torturado sabe algo sobre a bomba", "sei que não há hipótese alguma de ter pego a pessoa errada", "sei que ele falará antes de morrer", "sei que a razão de sua ação é injustificável". Como ninguém mora em um laboratório, mas depende, no mais das vezes, da sabedoria da polícia ou desta "inteligência militar" na qual Groucho Marx viu a expressão mais bem-acabada de uma contradição em termos, tais condições nunca são completamente asseguradas.
Mas paradoxos dessa natureza têm como verdadeira finalidade fracionar a ação a fim de retirá-la de todo contexto possível. Boa maneira de não começarmos por perguntar como chegamos a essa situação.
Longe de ser uma enunciação neutra, essa é uma enunciação profundamente interessada. Ninguém coloca uma questão dessas de maneira inocente, como ninguém pergunta inocentemente se negros são, realmente, tão inteligentes quanto brancos ou se o Holocausto, de fato, existiu na dimensão normalmente descrita. Perguntar as reais motivações do enunciador é uma boa maneira de começar a desmontar o paradoxo.
Pode ser, porém, que o enunciador queira apenas insistir que, em situações excepcionais, a tortura aparece como o último recurso dotado de certa eficácia. De fato, se tortura fosse eficaz, as favelas brasileiras seriam um paraíso da paz. Melhor lembrar que a única eficácia realmente comprovada da tortura é sua força de corroer completamente o que restou das bases normativas do Estado. Pois se usamos a tortura contra o inimigo n° 1 da democracia, por que não usá-la contra o n° 2, o n° 3... o n° 54.327?
Ninguém pratica a tortura sem se transformar no verdadeiro inimigo da democracia. Por isso, seria o caso de perguntar: "Um Estado que recorre sistematicamente à tortura merece ser salvo? No que ele se transformou? Ele merece ser justificado diante de situações que, muitas vezes, ele próprio ajudou a criar?".
VLADIMIR SAFATLE escreve às terças-feiras nesta coluna.
Janio de Freitas
folha de são paulo
O Brasil é o atual recordista mundial de mortes por incidentes com torcedores. São 44 -23 delas com inquérito policial-, conforme citação em bom programa de Carlos Eduardo Eboli, na rádio CBN, com estudiosos da violência nos estádios. Ao menos uma das mortes, há alguns anos, decorrente também de um rojão (ou foguete), em Belém.
A segurança nos estádios é de responsabilidade dos governadores. Aos clubes, federações e confederações competem outros elementos da organização, como regulamentos e eventuais punições. Não faz sentido cobrar a essas entidades, como está ocorrendo em referência ao incidente na Bolívia e já ocorria aqui, o que é atribuído por lei à função das forças estaduais. Estas são as detentoras do poder de revistar, apreender objetos, excluir, reprimir e prender. De assegurar, portanto, a integridade, a tranquilidade e todos os demais direitos das pessoas não envolvidas em irregularidades ou ilegalidades.
Como orientação adicional para o respeito devido aos torcedores e suas famílias, foi criado o Estatuto do Torcedor. Mas boa parte dele não está sendo cumprida. Inclusive, ou sobretudo, quanto à segurança dos torcedores.
A vulgarização dos rojões para recepção à entrada dos times é um exemplo. Não é só uma manifestação bárbara, pela agressividade auditiva e respiratória. É, acima de tudo, um risco imenso para a integridade física de torcedores, com frequência atingidos pelos borrões de fogo. As clareiras que se abrem velozes nas torcidas dão testemunho do perigo produzido pelos rojões. Pois a essa ameaça boçal vieram somar-se os sinalizadores, cuja idêntica agressividade potencial dispensa palavras, nesta altura.
Os governos não se fazem presentes nos estádios na medida necessária ao cumprimento de sua responsabilidade. A começar da sua escassa capacidade numérica de reprimir a entrada de rojões, de sinalizadores e do que mais viole a segurança pública. Nem estão presentes em número bastante para introduzir-se nas torcidas e reprimir os baderneiros de sempre.
Mas por trás das transgressões ao Estatuto do Torcedor não está só a omissão dos governantes, igualmente comprometedora se total ou parcial. Muito do que torna a ida aos estádios um esporte de risco é patrocinado por clubes. As entradas e camisas que dão para as torcidas venderem e se financiarem, além de outras ajudas, não têm fiscalização alguma. Seja oficial ou dos doadores. Os clubes não sabem a quem estão mandando para os estádios, nem o que esses beneficiados levam e vão fazer em meio aos torcedores. Essa falta total de regras e de seriedade é o caminho para as conivências, à espera das responsabilizações penais.
Mas sabe por que isso tudo? Não é só porque as mal denominadas "torcidas organizadas" são úteis para a politicagem interna nos clubes. É que também a imposição de condutas civilizadas nos estádios, por parte dos governantes, exige mexer com grandes contingentes de torcedores. Quer dizer, eleitores.
PONTO
Aqui eu salto. Até o mês que vem.
Os campos minados
As forças estaduais são as detentoras do poder de revistar, apreender objetos, excluir, reprimir e prender
PARA OS governadores em geral, a morte do jovem boliviano, por obra de torcedores brasileiros, não lhes disse nada, ou nem existiu. O assunto, no entanto, tem relação direta com responsabilidades dos governadores, ou não cumpridas ou cumpridas insuficientemente.O Brasil é o atual recordista mundial de mortes por incidentes com torcedores. São 44 -23 delas com inquérito policial-, conforme citação em bom programa de Carlos Eduardo Eboli, na rádio CBN, com estudiosos da violência nos estádios. Ao menos uma das mortes, há alguns anos, decorrente também de um rojão (ou foguete), em Belém.
A segurança nos estádios é de responsabilidade dos governadores. Aos clubes, federações e confederações competem outros elementos da organização, como regulamentos e eventuais punições. Não faz sentido cobrar a essas entidades, como está ocorrendo em referência ao incidente na Bolívia e já ocorria aqui, o que é atribuído por lei à função das forças estaduais. Estas são as detentoras do poder de revistar, apreender objetos, excluir, reprimir e prender. De assegurar, portanto, a integridade, a tranquilidade e todos os demais direitos das pessoas não envolvidas em irregularidades ou ilegalidades.
Como orientação adicional para o respeito devido aos torcedores e suas famílias, foi criado o Estatuto do Torcedor. Mas boa parte dele não está sendo cumprida. Inclusive, ou sobretudo, quanto à segurança dos torcedores.
A vulgarização dos rojões para recepção à entrada dos times é um exemplo. Não é só uma manifestação bárbara, pela agressividade auditiva e respiratória. É, acima de tudo, um risco imenso para a integridade física de torcedores, com frequência atingidos pelos borrões de fogo. As clareiras que se abrem velozes nas torcidas dão testemunho do perigo produzido pelos rojões. Pois a essa ameaça boçal vieram somar-se os sinalizadores, cuja idêntica agressividade potencial dispensa palavras, nesta altura.
Os governos não se fazem presentes nos estádios na medida necessária ao cumprimento de sua responsabilidade. A começar da sua escassa capacidade numérica de reprimir a entrada de rojões, de sinalizadores e do que mais viole a segurança pública. Nem estão presentes em número bastante para introduzir-se nas torcidas e reprimir os baderneiros de sempre.
Mas por trás das transgressões ao Estatuto do Torcedor não está só a omissão dos governantes, igualmente comprometedora se total ou parcial. Muito do que torna a ida aos estádios um esporte de risco é patrocinado por clubes. As entradas e camisas que dão para as torcidas venderem e se financiarem, além de outras ajudas, não têm fiscalização alguma. Seja oficial ou dos doadores. Os clubes não sabem a quem estão mandando para os estádios, nem o que esses beneficiados levam e vão fazer em meio aos torcedores. Essa falta total de regras e de seriedade é o caminho para as conivências, à espera das responsabilizações penais.
Mas sabe por que isso tudo? Não é só porque as mal denominadas "torcidas organizadas" são úteis para a politicagem interna nos clubes. É que também a imposição de condutas civilizadas nos estádios, por parte dos governantes, exige mexer com grandes contingentes de torcedores. Quer dizer, eleitores.
PONTO
Aqui eu salto. Até o mês que vem.
FHC sobe o tom contra o PT e chama Dilma de 'ingrata'
folha de são paulo
DE BELO HORIZONTEDA ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTEO ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chamou ontem de "ingrata" a presidente petista Dilma Rousseff, disse que ela "cospe no prato que comeu" e acusou o PT de ter "usurpado" propostas tucanas após chegar ao poder em 2003.
As declarações foram feitas ao lado do senador Aécio Neves (MG), virtual candidato do PSDB à Presidência em 2014, durante seminário para discutir os rumos do partido, em Belo Horizonte.
O ataque de FHC sobe o tom das provocações que petistas e tucanos iniciaram na semana passada, quando Dilma foi lançada à reeleição pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na festa em que o PT comemorou os 10 anos de sua chegada ao poder.
Questionado sobre o discurso de Dilma no evento, em que a presidente afirmou não ter herdado "nada" da gestão tucana, Fernando Henrique afirmou: "O que é que a gente pode fazer quando a pessoa é ingrata? Nada. Cospe no prato que comeu. Meu Deus".
No início de seu governo, há dois anos, Dilma reconheceu avanços nos governos tucanos e fez demonstrações públicas de apreço pelo ex-presidente, que retribuiu fazendo elogios à sucessora.
A antecipação das discussões sobre a sucessão presidencial fez os dois adotarem tom diferente agora. Petistas e tucanos veem a polarização entre eles como uma arma eficaz para mobilizar as bases de seus partidos.
Aécio Neves ainda não assumiu publicamente sua intenção de se candidatar à Presidência, mas trabalha para assumir a presidência do PSDB em maio. Ontem, FHC disse que os dois irão percorrer o Brasil "rumo à vitória".
O ex-presidente acusou o PT de se apropriar de ideias tucanas após chegar ao poder. "Quem não tem projeto é quem está no governo, porque eles pegaram o nosso. O que aconteceu no Brasil foi uma usurpação de projeto."
"Eles tinham duas grandes metas, uma ligada ao socialismo e outra ligada à ética. De socialismo nunca mais ninguém falou. E de ética? Meu Deus, não sou eu quem vai falar a respeito do que está acontecendo", ironizou.
FHC disse que o PSDB deveria recorrer novamente ao discurso da ética para combater os petistas, uma estratégia adotada sem sucesso pelo partido em 2006, quando Lula se reelegeu.
"Vocês [petistas] que subiram falando tanto de ética, o que vocês fizeram com esse país?", disse, numa referência velada ao mensalão. "Já pedi ao presidente Lula que de público explicasse que não tem nada a ver com isso."
O ex-presidente finalizou as referências ao julgamento dizendo que o PT precisa ser cobrado pelo que fez. "Temos que ser duros nessa matéria. [...] Nós fizemos outras coisas. Nós não roubamos, não."
O deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) é reu no processo do chamado mensalão mineiro, acusado de participar de um esquema semelhante ao que levou à condenação de ex-dirigentes petistas no ano passado.
No final da reunião de ontem, FHC foi explícito ao falar da candidatura de Aécio. "Vamos percorrer o Brasil, senador. Vamos plantar a semente do PSDB, a semente da vitória. Nós vamos ganhar."
Questionado sobre as críticas do ex-deputado Ciro Gomes (PSB-CE) ao seu nome e aos de Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva, Aécio disse que gostaria de falar com Ciro: "Talvez ele se surpreenda com o conjunto de boas ideias que temos".
"O que é que a gente pode fazer quando a pessoa é ingrata? Nada. Cospe no prato que comeu. Meu Deus"
O senador, que tem sido econômico nas menções a uma possível candidatura à Presidência, deixou o auditório dizendo que vai apresentar "um projeto para os próximos 20 anos do Brasil".
"O PT optou por comemorar seus dez anos no governo olhando pelo retrovisor. Nós vamos apresentar um projeto para os próximos 20 anos do Brasil", declarou, cercado por militantes aos gritos de "Aécio presidente".
Na semana passada, ele criticou o que chamou de "antecipação da campanha" -no evento de comemoração dos 10 anos do PT no poder, Lula lançou Dilma à reeleição.
O mineiro disse ainda que seria portador de "novas ideias". Antes do início do evento, FHC havia reafirmado à imprensa sua predileção pela candidatura de Aécio. "Temos que sacudir o país. Acho que é o momento de uma renovação. Até mesmo do estilo de falar, do estilo de pessoa."
Questionado por um militante se haveria risco de Aécio perder a vaga na disputa, a exemplo do que houve em 2010, FHC usou uma metáfora. "No fim do tropicalismo, eles tinham apenas uma palavra de ordem. Eles diziam: 'vocês fracassaram, deixem o espaço para nós'. Quero que vocês digam outra coisa: digam 'chegou a nossa hora.'"
Ex-presidente acusa petistas de terem 'usurpado' projeto tucano no governo
Fernando Henrique diz que Dilma 'cospe no prato que comeu' ao rejeitar herança de administrações tucanas
As declarações foram feitas ao lado do senador Aécio Neves (MG), virtual candidato do PSDB à Presidência em 2014, durante seminário para discutir os rumos do partido, em Belo Horizonte.
O ataque de FHC sobe o tom das provocações que petistas e tucanos iniciaram na semana passada, quando Dilma foi lançada à reeleição pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na festa em que o PT comemorou os 10 anos de sua chegada ao poder.
Questionado sobre o discurso de Dilma no evento, em que a presidente afirmou não ter herdado "nada" da gestão tucana, Fernando Henrique afirmou: "O que é que a gente pode fazer quando a pessoa é ingrata? Nada. Cospe no prato que comeu. Meu Deus".
No início de seu governo, há dois anos, Dilma reconheceu avanços nos governos tucanos e fez demonstrações públicas de apreço pelo ex-presidente, que retribuiu fazendo elogios à sucessora.
A antecipação das discussões sobre a sucessão presidencial fez os dois adotarem tom diferente agora. Petistas e tucanos veem a polarização entre eles como uma arma eficaz para mobilizar as bases de seus partidos.
Aécio Neves ainda não assumiu publicamente sua intenção de se candidatar à Presidência, mas trabalha para assumir a presidência do PSDB em maio. Ontem, FHC disse que os dois irão percorrer o Brasil "rumo à vitória".
O ex-presidente acusou o PT de se apropriar de ideias tucanas após chegar ao poder. "Quem não tem projeto é quem está no governo, porque eles pegaram o nosso. O que aconteceu no Brasil foi uma usurpação de projeto."
"Eles tinham duas grandes metas, uma ligada ao socialismo e outra ligada à ética. De socialismo nunca mais ninguém falou. E de ética? Meu Deus, não sou eu quem vai falar a respeito do que está acontecendo", ironizou.
FHC disse que o PSDB deveria recorrer novamente ao discurso da ética para combater os petistas, uma estratégia adotada sem sucesso pelo partido em 2006, quando Lula se reelegeu.
"Vocês [petistas] que subiram falando tanto de ética, o que vocês fizeram com esse país?", disse, numa referência velada ao mensalão. "Já pedi ao presidente Lula que de público explicasse que não tem nada a ver com isso."
O ex-presidente finalizou as referências ao julgamento dizendo que o PT precisa ser cobrado pelo que fez. "Temos que ser duros nessa matéria. [...] Nós fizemos outras coisas. Nós não roubamos, não."
O deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) é reu no processo do chamado mensalão mineiro, acusado de participar de um esquema semelhante ao que levou à condenação de ex-dirigentes petistas no ano passado.
No final da reunião de ontem, FHC foi explícito ao falar da candidatura de Aécio. "Vamos percorrer o Brasil, senador. Vamos plantar a semente do PSDB, a semente da vitória. Nós vamos ganhar."
Questionado sobre as críticas do ex-deputado Ciro Gomes (PSB-CE) ao seu nome e aos de Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva, Aécio disse que gostaria de falar com Ciro: "Talvez ele se surpreenda com o conjunto de boas ideias que temos".
(PAULO PEIXOTO E DANIELA LIMA)
FRASES
FHC, ONTEM EM BH
"Nós não herdamos nada, presidente Lula. Nós construímos"
DISCURSO DE DILMA NA FESTA DO PT, NA SEMANA PASSADA
HÁ 2 ANOS
"O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto do plano de saída da hiperinflação"
DILMA ROUSSEFF EM MENSAGEM PELOS 80 ANOS DE FHC, EM JUN.11
"Eu tenho que dizer com franqueza: a Dilma tem me surpreendido. Ela foi generosa. Me parece que a Dilma é pessoa íntegra"
FHC EM ENTREVISTA NA MESMA ÉPOCA
'Vamos apresentar um projeto para 20 anos', diz Aécio
DE BELO HORIZONTEDA ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTETerminou em clima e com discurso de campanha o seminário que o PSDB promoveu ontem, em Belo Horizonte, com FHC e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).O senador, que tem sido econômico nas menções a uma possível candidatura à Presidência, deixou o auditório dizendo que vai apresentar "um projeto para os próximos 20 anos do Brasil".
"O PT optou por comemorar seus dez anos no governo olhando pelo retrovisor. Nós vamos apresentar um projeto para os próximos 20 anos do Brasil", declarou, cercado por militantes aos gritos de "Aécio presidente".
Na semana passada, ele criticou o que chamou de "antecipação da campanha" -no evento de comemoração dos 10 anos do PT no poder, Lula lançou Dilma à reeleição.
O mineiro disse ainda que seria portador de "novas ideias". Antes do início do evento, FHC havia reafirmado à imprensa sua predileção pela candidatura de Aécio. "Temos que sacudir o país. Acho que é o momento de uma renovação. Até mesmo do estilo de falar, do estilo de pessoa."
Questionado por um militante se haveria risco de Aécio perder a vaga na disputa, a exemplo do que houve em 2010, FHC usou uma metáfora. "No fim do tropicalismo, eles tinham apenas uma palavra de ordem. Eles diziam: 'vocês fracassaram, deixem o espaço para nós'. Quero que vocês digam outra coisa: digam 'chegou a nossa hora.'"
Mônica Bergamo
folha de são paulo
Justiça decide se derruba multa milionária por máfia do apito
BOLA NO CHÃO
O Tribunal de Justiça de SP decide hoje se derruba multa milionária que a CBF e a Federação Paulista de Futebol teriam que pagar por causa do escândalo da máfia do apito. As duas entidades foram condenadas em R$ 220 milhões por danos morais difusos. Em 2005, uma investigação revelou manipulação de resultados envolvendo árbitros dos jogos.
O Tribunal de Justiça de SP decide hoje se derruba multa milionária que a CBF e a Federação Paulista de Futebol teriam que pagar por causa do escândalo da máfia do apito. As duas entidades foram condenadas em R$ 220 milhões por danos morais difusos. Em 2005, uma investigação revelou manipulação de resultados envolvendo árbitros dos jogos.
CHÃO 2
Dois dos três desembargadores que analisam o caso decidiram anular as multas. O terceiro vota hoje. Se julgar contra as entidades e convencer ao menos um dos outros dois colegas a mudar de opinião, a condenação será mantida. Caso contrário, elas se livram do pagamento.
Dois dos três desembargadores que analisam o caso decidiram anular as multas. O terceiro vota hoje. Se julgar contra as entidades e convencer ao menos um dos outros dois colegas a mudar de opinião, a condenação será mantida. Caso contrário, elas se livram do pagamento.
CADA UM POR SI
Na defesa, a CBF e a federação alegam que tomaram todos os "cuidados" na escalação dos juízes. "Mas elas não podem responder pela pretensa desonestidade de alguns cidadãos", diz o advogado Carlos Miguel Aydar.
Na defesa, a CBF e a federação alegam que tomaram todos os "cuidados" na escalação dos juízes. "Mas elas não podem responder pela pretensa desonestidade de alguns cidadãos", diz o advogado Carlos Miguel Aydar.
TURMA DE LÁ
E novas demissões se somaram às 400 efetivadas na Prefeitura de SP por Fernando Haddad no Carnaval. No sábado foram oficializadas 27 exonerações do gabinete do prefeito e das secretarias da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Serviços, Educação e Habitação.
E novas demissões se somaram às 400 efetivadas na Prefeitura de SP por Fernando Haddad no Carnaval. No sábado foram oficializadas 27 exonerações do gabinete do prefeito e das secretarias da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Serviços, Educação e Habitação.
TURMA DE CÁ
Por outro lado, foram contratados 42 novos funcionários em pastas como Relações Internacionais e Federativas, Comunicação, Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Educação e Serviços.
Por outro lado, foram contratados 42 novos funcionários em pastas como Relações Internacionais e Federativas, Comunicação, Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Educação e Serviços.
BYE, BYE, BRASÍLIA
Sergio Mamberti decidiu pedir demissão do Ministério da Cultura, onde ficou por dez anos. Secretário de políticas culturais, o ator diz que precisa "retomar" a carreira. Ele já comunicou a decisão à ministra Marta Suplicy. "Ela compreendeu." Mamberti foi escalado para a nova novela das seis da TV Globo, "Flor do Caribe". E quer voltar ao teatro ainda neste ano.
Sergio Mamberti decidiu pedir demissão do Ministério da Cultura, onde ficou por dez anos. Secretário de políticas culturais, o ator diz que precisa "retomar" a carreira. Ele já comunicou a decisão à ministra Marta Suplicy. "Ela compreendeu." Mamberti foi escalado para a nova novela das seis da TV Globo, "Flor do Caribe". E quer voltar ao teatro ainda neste ano.
NOVATO
Moacyr Franco entrou para o elenco de "Aprendiz de Samurai", filme que começa a ser gravado em março e conta a história do judoca Max Trombini. Vai interpretar o avô do protagonista. É o segundo trabalho no cinema de Franco, que estreou em "O Palhaço" (2011).
Moacyr Franco entrou para o elenco de "Aprendiz de Samurai", filme que começa a ser gravado em março e conta a história do judoca Max Trombini. Vai interpretar o avô do protagonista. É o segundo trabalho no cinema de Franco, que estreou em "O Palhaço" (2011).
ESTATUETA
Vencedor do Oscar de documentário, "Searching for Sugar Man" será exibido em maio no 5º In-Edit Brasil, em SP. O festival recebe inscrições de produções nacionais até 18 de março.
Vencedor do Oscar de documentário, "Searching for Sugar Man" será exibido em maio no 5º In-Edit Brasil, em SP. O festival recebe inscrições de produções nacionais até 18 de março.
ESTICADINHA
O Museu Brasileiro da Escultura prorrogou a segunda Bienal Internacional Graffiti Fine Art até 21 de abril. Com trabalhos de artistas como Kongo e Speto, ela já foi vista por 36 mil pessoas.
O Museu Brasileiro da Escultura prorrogou a segunda Bienal Internacional Graffiti Fine Art até 21 de abril. Com trabalhos de artistas como Kongo e Speto, ela já foi vista por 36 mil pessoas.
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GLOBO ESTUDA QUEDA DE AUDIÊNCIA
O novo diretor-geral da Globo, Carlos Henrique Schroder, 54, conversou com a coluna na festa da novela das seis, "Flor do Caribe", em São Paulo (fotos ao lado). O executivo revelou que a emissora, depois de fechar 2012 com a pior audiência de todos os tempos, não tem meta para este ano.
O novo diretor-geral da Globo, Carlos Henrique Schroder, 54, conversou com a coluna na festa da novela das seis, "Flor do Caribe", em São Paulo (fotos ao lado). O executivo revelou que a emissora, depois de fechar 2012 com a pior audiência de todos os tempos, não tem meta para este ano.
A festa de lançamento da novela "Flor do Caribe"
Ver em tamanho maior »
Grazi Massafera é a protagonista da nova trama das seis da Globo
*
Qual é a meta do senhor na direção-geral da Globo?
Carlos Henrique Schroder - Fazer produtos com cada vez mais qualidade. Mais atraentes e que levem o telespectador a ficar na Globo.
Carlos Henrique Schroder - Fazer produtos com cada vez mais qualidade. Mais atraentes e que levem o telespectador a ficar na Globo.
A que o senhor atribui a queda de audiência da emissora, que fechou 2012 com a pior média de todos os tempos, 14,7 pontos na Grande São Paulo?
Estamos fazendo um longo estudo. Tem uma série de fatores extra-TV. Um dia de calor no Rio e em São Paulo hoje impacta a audiência. Um feriado, um dia de pagamento de salário... Isso tudo afeta o número de TVs ligadas. Não [atinge] só a Globo, mas a TV aberta como um todo.
Estamos fazendo um longo estudo. Tem uma série de fatores extra-TV. Um dia de calor no Rio e em São Paulo hoje impacta a audiência. Um feriado, um dia de pagamento de salário... Isso tudo afeta o número de TVs ligadas. Não [atinge] só a Globo, mas a TV aberta como um todo.
Há uma meta de audiência?
Não. Temos que tirar da frente a obrigação de entregar pontuação. Temos que entregar o produto. A audiência virá como consequência.
Não. Temos que tirar da frente a obrigação de entregar pontuação. Temos que entregar o produto. A audiência virá como consequência.
Após a contratação de Marcelo Adnet, novas atrações podem ser anunciadas?
Toda vez que o mercado oferecer talentos que interessarem à Globo, sim. Não há motivo para não buscar fora da Globo, seja no teatro, em emissoras concorrentes ou na TV fechada. O nosso olhar deve estar no Brasil inteiro, não só no eixo Rio-São Paulo.
Toda vez que o mercado oferecer talentos que interessarem à Globo, sim. Não há motivo para não buscar fora da Globo, seja no teatro, em emissoras concorrentes ou na TV fechada. O nosso olhar deve estar no Brasil inteiro, não só no eixo Rio-São Paulo.
O senhor é o primeiro diretor de jornalismo a assumir a direção-geral da Globo.
Eu já fazia parte do comitê artístico e já havia uma disputa de espaço para o jornalismo, que hoje ocupa um lugar razoável na programação. Ter mais ou menos espaço na grade vai depender do produto que temos a oferecer.
Eu já fazia parte do comitê artístico e já havia uma disputa de espaço para o jornalismo, que hoje ocupa um lugar razoável na programação. Ter mais ou menos espaço na grade vai depender do produto que temos a oferecer.
Outras diretorias da emissora vão mudar?
Não há previsão a curto prazo. Mudamos companheiros que já haviam pedido para sair, que tinham tempo de casa muito longo. Teremos Copa do Mundo, eleições, Copa das Confederações, Olimpíada. Ou mexia agora, ou só daqui a dois anos.
Não há previsão a curto prazo. Mudamos companheiros que já haviam pedido para sair, que tinham tempo de casa muito longo. Teremos Copa do Mundo, eleições, Copa das Confederações, Olimpíada. Ou mexia agora, ou só daqui a dois anos.
A Globo tem se aproximado dos evangélicos. Na próxima novela das nove, uma personagem vai encontrar a felicidade depois de se converter.
Eu não li a sinopse.
Eu não li a sinopse.
Mas o segmento evangélico interessa à Globo?
Como qualquer outro, evangélicos, católicos. Nós temos um cuidado com todos. É uma preocupação geral, não específica, como com as classes A, B, C, D e E.
Como qualquer outro, evangélicos, católicos. Nós temos um cuidado com todos. É uma preocupação geral, não específica, como com as classes A, B, C, D e E.
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CURTO-CIRCUITO
A Galeria Vermelho abre três exposições: de Carla Zaccagnini, de João Loureiro e de Kevin Mancera.
A University of Southern California inaugura escritório em São Paulo, o primeiro na América do Sul.
João Caldas, fotógrafo de artes cênicas, lança o livro "Teatros", no Espaço Cultural Porto Seguro, às 19h.
A Bo.Bô recebe a atriz Olivia Wilde para lançar a campanha de inverno 2013, na loja da Oscar Freire.
Isaurinha Garcia, que faria 90 anos nesta terça-feira (26), ganhará homenagens do governo do Estado neste ano, preparadas por Lulu Librandi.
A grife de moda praia Adriana Degreas inaugura loja, às 17h, nos Jardins.
Mônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.
Manifesto questiona conduta do cientista Miguel Nicolelis
folha de são paulo
COLABORAÇÃO PARA A FOLHAUm manifesto assinado por pesquisadores brasileiros no blog da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento questiona ações do neurocientista Miguel Nicolelis por um estudo publicado neste mês.
O trabalho demonstrava que roedores com um aparelho ligado ao cérebro poderiam "enxergar" luz invisível.
Segundo o manifesto, o pesquisador Márcio Flávio Dutra Moraes, da UFMG, apresentou, na presença de Nicolelis, em julho de 2010, um projeto semelhante em reunião do comitê gestor do INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia) "Interfaces Cérebro-Máquina".
O manifesto questiona por que Nicolelis teria mantido sigilo sobre seu estudo publicado agora, se já estivesse em andamento na Universidade Duke, onde foi realizado, e por que não foi proposta uma colaboração com Moraes.
Entre os sete signatários do documento está o cientista Sidarta Ribeiro, que trabalhou com Nicolelis até 2011, quando houve uma cisão de seu grupo de pesquisa em Natal.
O texto põe em dúvida a intenção do cientista de promover a pesquisa brasileira e diz que Nicolelis estaria usando a produção de instituição estrangeira para prestar contas de um financiamento nacional ao Instituto Internacional de Neurociências de Natal.
Isso porque Eric Thomson, um dos autores do estudo, assina como membro do instituto, mas não teria vínculo com a organização.
Romulo Fuentes, que trabalha com Nicolelis, respondeu no blog que a acusação é "irresponsável". A pesquisa, escreveu, começou em 2006, e Nicolelis não é obrigado a revelar trabalhos em andamento. Thomson seria colaborador do instituto de Natal desde 2011.
Manifesto questiona conduta do cientista Miguel Nicolelis
Grupo sugere que o pesquisador não estaria agindo em prol da ciência nacional
O trabalho demonstrava que roedores com um aparelho ligado ao cérebro poderiam "enxergar" luz invisível.
Segundo o manifesto, o pesquisador Márcio Flávio Dutra Moraes, da UFMG, apresentou, na presença de Nicolelis, em julho de 2010, um projeto semelhante em reunião do comitê gestor do INCT (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia) "Interfaces Cérebro-Máquina".
O manifesto questiona por que Nicolelis teria mantido sigilo sobre seu estudo publicado agora, se já estivesse em andamento na Universidade Duke, onde foi realizado, e por que não foi proposta uma colaboração com Moraes.
Entre os sete signatários do documento está o cientista Sidarta Ribeiro, que trabalhou com Nicolelis até 2011, quando houve uma cisão de seu grupo de pesquisa em Natal.
O texto põe em dúvida a intenção do cientista de promover a pesquisa brasileira e diz que Nicolelis estaria usando a produção de instituição estrangeira para prestar contas de um financiamento nacional ao Instituto Internacional de Neurociências de Natal.
Isso porque Eric Thomson, um dos autores do estudo, assina como membro do instituto, mas não teria vínculo com a organização.
Romulo Fuentes, que trabalha com Nicolelis, respondeu no blog que a acusação é "irresponsável". A pesquisa, escreveu, começou em 2006, e Nicolelis não é obrigado a revelar trabalhos em andamento. Thomson seria colaborador do instituto de Natal desde 2011.
São Paulo tem 29% dos médicos especialistas do país
folha de são paulo
Editoria de arte/Folhapress |
FLÁVIA FOREQUE
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
Um em três geriatras ou cirurgiões plásticos está em São Paulo. O Estado --que concentra 22% da população brasileira-- também abocanha quase metade dos cirurgiões do aparelho digestivo. São Paulo tem 28,6% dos especialistas registrados, índice semelhante à presença dos profissionais no país todo.
É o que mostra o estudo "Demografia Médica no Brasil 2", que detalha a distribuição de médicos especialistas --profissional que fez residência médica ou passou em prova de sua especialidade.
Apesar de ter o maior número absoluto desses profissionais (59,5 mil), São Paulo fica em quarto no ranking que considera o tamanho da população. Lideram a lista Distrito Federal, Rio e, em terceiro, o Rio Grande do Sul.
Maranhão, Pará e Amapá são os mais carentes de especialistas. O Amapá tem nove cardiologistas e só um médico intensivista registrados no levantamento do CFM (Conselho Federal de Medicina) e Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo).
"O que fixa o médico é ter renda, condições de trabalho e perspectiva de ascensão profissional", afirma Renato Azevedo Júnior, presidente do Cremesp.
A cidade precisa garantir a estrutura de atendimento, diz Desiré Callegari, 1º secretário do CFM. "Não vou colocar um geriatra no meio do nada sem condições de fazer exames."
O panorama também indica a fragilidade na formação de parte dos médicos.
Do total, 47% dos profissionais não têm formação de especialista. Se excluídos os mais velhos, que tinham menos oportunidade de cursar residência, e os mais novos, que ainda não concluíram essa etapa, há 88 mil médicos sem essa formação no país --35% da faixa 31 a 60 anos.
Isso não seria um problema se a graduação fosse de boa qualidade, segundo Mário Scheffer, coordenador do estudo. "Mas é um cenário caótico, com abertura de escolas privadas sem capacidade de formação. A residência e a especialidade acabam suprindo deficiências."
Os ministérios da Saúde e da Educação afirmam que há um esforço para abrir vagas de residência. Neste ano houve aumento de 129% nas vagas custeadas pelo Ministério da Saúde, chegando a 2.881.
José Simão
folha de são paulo
Oscar! O Lado Tombo da Vida!
Se, em 3032, os arqueólogos forem estudar as ruínas do red carpet, só vão encontrar prótese de silicone
BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E a predestinada do dia! Apareceu no "Jornal Nacional" a técnica do Inmetro responsável por testes com palitos de fósforos! Qual o nome dela? Roberta CHAMUSCA! Esse palito de fósforo não chamusca. E esse outro palito de fósforo? Chamusca!
E socuerro! Acabei de receber o informe de Imposto de Renda. Informo que não vou pagar nada! Nem me recuperei do Carnaval ainda. Declaração com ressaca de Carnaval.
Declaro dez lanças, cinco abadás e um mamãe, sacode! E o que mais eu declaro? Declaro que os Crocs da Dilma são cafonas! "O senhor tem algo a declarar?" "Tenho sim. Declaro que os Crocs da Dilma são cafonas." E pronto!
E o Oscar? E quem ganhou o Oscar de melhor pipoca? O Valdivia! Rarará! E, no teatro da premiação do Oscar, o bar do segundo andar fechou porque o banheiro inundou. Imagina na Copa! E "Os Miseráveis" somos nós depois de pagar as contas! Rarará!
E adorei mesmo foi o tombo da Jennifer Lawrence. "Jennifer Lawrence ganha Oscar de melhor atriz por 'O Lado Bom da Vida' e cai na escada." O Lado Tombo da Vida! Tropeçou no vestido! Só que o vestido era Dior. Esse é o Lado Bom da Vida: tropeçar num Dior! Tropeçar num Dior indo receber o Oscar!
Essa TOMBOU mesmo! Ou então esqueceu de tomar o Rivotril. Ela não se entupia de Rivotril no filme? E a Kristen Stewart apareceu de muletas. De tanto pular cerca! Durante as filmagens de "Crepúsculo", ops, Cornúsculo! E o brega carpet tava mais brega do que nunca! Festival de botox, silicone e pancake!
E as bocas do red carpet? Todas com boca de bico de tênis Conga. E haja silicone. Se, em 3032, os arqueólogos forem estudar as ruínas do red carpet, só vão encontrar prótese de silicone. Silicone não é biodegradável! E o chargista Lailson: "O Oscar de efeitos especiais vai para a equipe do presidente Chávez pela refilmagem de 'O Homem Invisível'!". Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! A propaganda é a alma do negócio; olha a placa na lagoa de Jacumã, em Natal: "Barraca Zé de Tota! Xuxa esteve aqui em março de 2008! Detonautas e Malhação esteve aqui! Temos ula-ula e galinha caipira!".
E olha esta ameaça de pixo num muro em São Paulo: "Se apagar, eu volto". Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Nem realismo nem fantasia dão conta dos vencidos - Idelber Avelar
folha de são paulo
Não se trata de discutir fidelidade a fatos nem de reiterar o direito do cinema à ficção, mas de observar a política que subjaz às escolhas estéticas feitas pelas obras.
Debater se "A Hora Mais Escura" denuncia ou sanciona a tortura já implica ignorar uma operação prévia: não é fatalidade, mas escolha política que o filme acople a captura de Bin Laden à prática da tortura pela CIA.
Ao narrar duas histórias como se fossem uma, ele torna a tortura palatável ao público dos EUA, independente do juízo que o espectador faça sobre ela. A ideologia do filme já está na montagem.
Em "Lincoln", um retrato hagiográfico mas humanizado do personagem, o efeito político depende da renúncia do abolicionista Thaddeus Stevens ao princípio da igualdade das raças, substituída pela igualdade ante a lei.
Apresenta-se esse recuo como garantia da vitória da emenda, distorção que fundamenta o elogio do filme à moderação e envia um recado político apaziguador ao presente.
O vencedor, "Argo", transforma um fracasso dos EUA em sucesso às custas de uma história canadense. O anúncio do prêmio, feito pela primeira-dama na Casa Branca, acrescenta um toque de ironia. O filme, afinal, apresenta a colaboração de Hollywood com a CIA de forma natural, imune a questionamento.
Em "A Hora Mais Escura", "Lincoln" e "Argo", o outro, iraniano, escravo ou islamista, não possui complexidade. O ponto de vista dos derrotados só aparece em "Django Livre". Mesmo em Tarantino, cuja referência é sempre o cinema e não a História, a revanche só acontece graças à tradicional fantasia do branco que resgata o negro.
Nem o realismo nem a fantasia hollywoodiana parecem dar conta dos vencidos.
IDELBER AVELAR é professor de literatura na Universidade Tulane (EUA) e autor de "Alegorias da Derrota" (Editora UFMG).
OPINIÃO
IDELBER AVELARESPECIAL PARA A FOLHAEste foi um Oscar que tematizou as relações entre cinema e política. "Lincoln", "Argo" e "A Hora Mais Escura" reconstroem, respectivamente, a aprovação da emenda que aboliu a escravidão, o resgate de reféns americanos no Irã e a captura de Bin Laden, enquanto "Django Livre" imagina uma fantasia a partir da escravidão nos EUA.Não se trata de discutir fidelidade a fatos nem de reiterar o direito do cinema à ficção, mas de observar a política que subjaz às escolhas estéticas feitas pelas obras.
Debater se "A Hora Mais Escura" denuncia ou sanciona a tortura já implica ignorar uma operação prévia: não é fatalidade, mas escolha política que o filme acople a captura de Bin Laden à prática da tortura pela CIA.
Ao narrar duas histórias como se fossem uma, ele torna a tortura palatável ao público dos EUA, independente do juízo que o espectador faça sobre ela. A ideologia do filme já está na montagem.
Em "Lincoln", um retrato hagiográfico mas humanizado do personagem, o efeito político depende da renúncia do abolicionista Thaddeus Stevens ao princípio da igualdade das raças, substituída pela igualdade ante a lei.
Apresenta-se esse recuo como garantia da vitória da emenda, distorção que fundamenta o elogio do filme à moderação e envia um recado político apaziguador ao presente.
O vencedor, "Argo", transforma um fracasso dos EUA em sucesso às custas de uma história canadense. O anúncio do prêmio, feito pela primeira-dama na Casa Branca, acrescenta um toque de ironia. O filme, afinal, apresenta a colaboração de Hollywood com a CIA de forma natural, imune a questionamento.
Em "A Hora Mais Escura", "Lincoln" e "Argo", o outro, iraniano, escravo ou islamista, não possui complexidade. O ponto de vista dos derrotados só aparece em "Django Livre". Mesmo em Tarantino, cuja referência é sempre o cinema e não a História, a revanche só acontece graças à tradicional fantasia do branco que resgata o negro.
Nem o realismo nem a fantasia hollywoodiana parecem dar conta dos vencidos.
IDELBER AVELAR é professor de literatura na Universidade Tulane (EUA) e autor de "Alegorias da Derrota" (Editora UFMG).
- http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/95660-nem-realismo-nem-fantasia-dao-conta-dos-vencidos.shtml
MARIA ESTHER MACIEL » Três minutos
Um trágico desfecho,
a longo prazo, do
assassinato de um inocente
Maria Esther Maciel
Estado de Minas: 26/02/2013
Maria Esther Maciel
Estado de Minas: 26/02/2013
1- Um minuto de
silêncio diante da triste história de Carlos Alexandre Azevedo. Ele se
suicidou no último dia 17, aos 39 anos, por não ter suportado o peso de
sua própria vida, marcada por um terrível trauma de infância. Explico
para quem não acompanhou o caso: em 1974, nos anos tenebrosos da
ditadura, Carlos Alexandre foi levado junto com a mãe para o Deops
paulista. Tinha apenas 1 ano e 8 meses. Seus pais, o cientista político
Dermi Azevedo e a pedagoga Darcy Andozia Azevedo, eram acusados de dar
guarida a integrantes da ala progressista da Igreja Católica. Na prisão,
a criança foi submetida a torturas atrozes, como choques elétricos e
espancamentos, chegando a ficar com o maxilar deslocado em decorrência
das agressões. Se, com a indenização recebida há poucos anos, ele
conseguiu reparar o dano físico no rosto, dos danos psicológicos jamais
se recuperou. Sua existência foi marcada por crises de depressão,
alucinações e fobia social. Não conseguiu se desvencilhar das sequelas
decorrentes de um dos atos mais cruéis da história da ditadura
brasileira: a tortura de um bebê. Sua morte foi o atestado radical dessa
crueldade. Um trágico desfecho, a longo prazo, do assassinato de um
inocente.
2 - Agora, um segundo minuto de silêncio diante das árvores doentes na Avenida Bernardo Monteiro, área hospitalar de Belo Horizonte. Cerca de 50 fícus centenários correm o risco de sumir da paisagem dessa avenida, à feição do que aconteceu 50 anos atrás com as árvores da então exuberante Avenida Afonso Pena, que infelizmente só conheci de fotografia. Quem estava acostumado com o verde consistente que dominava toda a extensão da Bernardo Monteiro e passa por lá hoje não acredita no cenário de mutilação que se instalou no lugar. Fala-se, inclusive, na extinção da Feira das Flores e da feira Tom Jobim, já tradicionais no Bairro Santa Efigênia. E muita gente teme pelo que poderá acontecer com as árvores daqui para frente. Para completar, não só os fícus dessa região estão ameaçados: os da Avenida Barbacena e os da praça da Igreja da Boa Viagem também foram infestados por uma praga e correm o mesmo risco. Sabemos que isso tem a ver com a falta de cuidados do poder público com o patrimônio ambiental, mas não é hora de apontar o dedo. É hora de tentar salvar o que pode ser salvo, sem que seja necessário fazer uso dos serrotes, das serras e tesouras.
3 - Por fim, um terceiro minuto de silêncio diante da situação deplorável do Rio São Francisco e seus afluentes. Como já mostrou a série de reportagens realizadas pelo Estado de Minas, o Velho Chico está morrendo aos poucos por causa da poluição e do desmatamento. Vítima do crescimento econômico desordenado, o rio sofre com o acúmulo de dejetos agropecuários, resíduos industriais e esgotos clandestinos lançados sobre suas águas. Não bastasse toda essa sujeira, a vegetação que protege suas margens tem sido removida, os peixes desaparecem a olhos vistos. O Velho Chico pede socorro. E com ele toda uma fauna, toda uma flora, todo um imaginário poético criado sob o seu influxo. Como já disse o estilista mineiro Ronaldo Fraga, que homenageou o rio numa coleção de roupas e numa exposição de arte, “o São Francisco é mais que um rio”. É um mundo.
2 - Agora, um segundo minuto de silêncio diante das árvores doentes na Avenida Bernardo Monteiro, área hospitalar de Belo Horizonte. Cerca de 50 fícus centenários correm o risco de sumir da paisagem dessa avenida, à feição do que aconteceu 50 anos atrás com as árvores da então exuberante Avenida Afonso Pena, que infelizmente só conheci de fotografia. Quem estava acostumado com o verde consistente que dominava toda a extensão da Bernardo Monteiro e passa por lá hoje não acredita no cenário de mutilação que se instalou no lugar. Fala-se, inclusive, na extinção da Feira das Flores e da feira Tom Jobim, já tradicionais no Bairro Santa Efigênia. E muita gente teme pelo que poderá acontecer com as árvores daqui para frente. Para completar, não só os fícus dessa região estão ameaçados: os da Avenida Barbacena e os da praça da Igreja da Boa Viagem também foram infestados por uma praga e correm o mesmo risco. Sabemos que isso tem a ver com a falta de cuidados do poder público com o patrimônio ambiental, mas não é hora de apontar o dedo. É hora de tentar salvar o que pode ser salvo, sem que seja necessário fazer uso dos serrotes, das serras e tesouras.
3 - Por fim, um terceiro minuto de silêncio diante da situação deplorável do Rio São Francisco e seus afluentes. Como já mostrou a série de reportagens realizadas pelo Estado de Minas, o Velho Chico está morrendo aos poucos por causa da poluição e do desmatamento. Vítima do crescimento econômico desordenado, o rio sofre com o acúmulo de dejetos agropecuários, resíduos industriais e esgotos clandestinos lançados sobre suas águas. Não bastasse toda essa sujeira, a vegetação que protege suas margens tem sido removida, os peixes desaparecem a olhos vistos. O Velho Chico pede socorro. E com ele toda uma fauna, toda uma flora, todo um imaginário poético criado sob o seu influxo. Como já disse o estilista mineiro Ronaldo Fraga, que homenageou o rio numa coleção de roupas e numa exposição de arte, “o São Francisco é mais que um rio”. É um mundo.
Tv Paga
Estado de Minas - 26/02/2013
Compra e venda
O canal History exibe hoje, às 23h, o episódio final da primeira temporada da série Caos, produção original do canal que mostrou a rotina do casal Tibira e Carrô (foto) em busca de tesouros urbanos em sua loja, na Rua Augusta, em São Paulo. China, um renomado restaurador de Vespas, finalmente bota as mãos na peça que faltava para dar um toque de classe na sua máquina. Depois vai ao encontro dos amigos na Scooteria Paulista, e as câmeras do programa vão junto. Enquanto isso, Carrô procura um presente bem especial para Tibira, que vai voltar de férias.
Maníaco da Cantareira é
tema de documentário
Ademir Oliveira Rosário estava internado em um hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, onde cumpria pena por homicídio e atentado violento ao pudor. Mas tinha permissão para sair nos fins de semana, e ele aproveitou essa liberdade para estuprar e matar dois garotos na Serra da Cantareira. Conhecido como o Maníaco da Cantareira, ele é o personagem do episódio de hoje de Investigação criminal, às 23h, no cana A&E.
Stevie Wonder dá o tom
em especial do canal BIO
Stevie Wonder está em O lado bom da vida, filme que conseguiu oito indicações ao Oscar. Ou melhor, sua música, Ma cherie amour, gravada em 1966, marca grande presença. Mais do que trilha sonora, a canção é quase um personagem coadjuvante do filme. A partir desse “gancho”, a produção do canal Bio vem divulgando o especial que vai ao ar hoje, às 20h, destacando outros sucessos do artista, como You are the sunshine of my life, Superstition e Overjoyed. Em tempo: O lado bom da vida teve oito indicações ao Oscar e deu o prêmio de melhor atriz a Jennifer Lawrence.
Tem filme estreando hoje
na telinha do Canal Brasil
O Canal Brasil promove hoje, às 22h,a estreia do filme Circular, projeto de cinco diretores de Curitiba – Adriano Esturilho, Aly Muritiba, Bruno de Oliveira, Diego Florentino e Fábio Allon – que elaboraram de forma colaborativa o argumento e desenvolveram separadamente os episódios. As narrativas giram em torno de relações familiares conflituosas e de sensações de incômodo diante do mundo. No elenco, o nome mais conhecido é o de Letícia Sabatella. Na mesma emissora, à 0h15, tem sequência a Mostra Zé do Caixão, com a exibição do longa Exorcismo negro (1974).
Ação, drama e humor na
programação de cinema
A faixa das 22h é a mais disputada pelos programadores da TV por assinatura. Para hoje, o assinante tem 10 boas opções, dos mais variados gêneros: Compramos um zoológico, no Telecine Premium; Reality da morte, no Telecine Pipoca; Conspiração, no AXN; Jogo de espiões, na MGM; Janela secreta, na HBO Plus; Se beber não case 2, na HBO2; A órfã, no Space; Simplesmente complicado, na TNT; À procura da felicidade, na Warner; e Flores de aço, no TCM. Outras atrações da programação: Eu, eu mesmo e Irene, às 20h05, no Megapix; Eleição, às 21h, no Comedy Central; e Dominação, também às 21h, no ID.
Compra e venda
O canal History exibe hoje, às 23h, o episódio final da primeira temporada da série Caos, produção original do canal que mostrou a rotina do casal Tibira e Carrô (foto) em busca de tesouros urbanos em sua loja, na Rua Augusta, em São Paulo. China, um renomado restaurador de Vespas, finalmente bota as mãos na peça que faltava para dar um toque de classe na sua máquina. Depois vai ao encontro dos amigos na Scooteria Paulista, e as câmeras do programa vão junto. Enquanto isso, Carrô procura um presente bem especial para Tibira, que vai voltar de férias.
Maníaco da Cantareira é
tema de documentário
Ademir Oliveira Rosário estava internado em um hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, onde cumpria pena por homicídio e atentado violento ao pudor. Mas tinha permissão para sair nos fins de semana, e ele aproveitou essa liberdade para estuprar e matar dois garotos na Serra da Cantareira. Conhecido como o Maníaco da Cantareira, ele é o personagem do episódio de hoje de Investigação criminal, às 23h, no cana A&E.
Stevie Wonder dá o tom
em especial do canal BIO
Stevie Wonder está em O lado bom da vida, filme que conseguiu oito indicações ao Oscar. Ou melhor, sua música, Ma cherie amour, gravada em 1966, marca grande presença. Mais do que trilha sonora, a canção é quase um personagem coadjuvante do filme. A partir desse “gancho”, a produção do canal Bio vem divulgando o especial que vai ao ar hoje, às 20h, destacando outros sucessos do artista, como You are the sunshine of my life, Superstition e Overjoyed. Em tempo: O lado bom da vida teve oito indicações ao Oscar e deu o prêmio de melhor atriz a Jennifer Lawrence.
Tem filme estreando hoje
na telinha do Canal Brasil
O Canal Brasil promove hoje, às 22h,a estreia do filme Circular, projeto de cinco diretores de Curitiba – Adriano Esturilho, Aly Muritiba, Bruno de Oliveira, Diego Florentino e Fábio Allon – que elaboraram de forma colaborativa o argumento e desenvolveram separadamente os episódios. As narrativas giram em torno de relações familiares conflituosas e de sensações de incômodo diante do mundo. No elenco, o nome mais conhecido é o de Letícia Sabatella. Na mesma emissora, à 0h15, tem sequência a Mostra Zé do Caixão, com a exibição do longa Exorcismo negro (1974).
Ação, drama e humor na
programação de cinema
A faixa das 22h é a mais disputada pelos programadores da TV por assinatura. Para hoje, o assinante tem 10 boas opções, dos mais variados gêneros: Compramos um zoológico, no Telecine Premium; Reality da morte, no Telecine Pipoca; Conspiração, no AXN; Jogo de espiões, na MGM; Janela secreta, na HBO Plus; Se beber não case 2, na HBO2; A órfã, no Space; Simplesmente complicado, na TNT; À procura da felicidade, na Warner; e Flores de aço, no TCM. Outras atrações da programação: Eu, eu mesmo e Irene, às 20h05, no Megapix; Eleição, às 21h, no Comedy Central; e Dominação, também às 21h, no ID.
Oscar nas redes - Carolina Braga
Se na TV a
festa não empolgou, na internet os espectadores animaram a entrega das
estatuetas com comentários divertidos sobre a noite de gala do cinema.
Carolina Braga
Estado de Minas: 26/02/2013
Glamour ainda é ponto forte da cerimônia de entrega do Oscar. O encantamento é que já não é mais o mesmo no show organizado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Nem a surpresa. E humor? Parece estar em falta lá pelas bandas de Hollywood. Mas isso na versão oficial da coisa. Na era em que cada fã de cinema – independentemente de onde esteja – veste a carapuça de comentarista, a cerimônia fica muito mais interessante no entorno virtual daquilo que se passa dentro do Teatro Dolby. Assistir ao Oscar só pela televisão está virando, ao que parece, coisa do passado.
A edição de número 85 não fugiu à regra da previsibilidade nos resultados. Argo, o suspense bem-humorado e politizado dirigido por Ben Affleck confirmou seu favoritismo ao receber o prêmio de melhor filme. A diferença em relação aos anos anteriores é que pela primeira vez na história a famosa frase “and the Oscar goes to...” foi pronunciada diretamente da Casa Branca pela primeira-dama Michelle Obama. Fora isso, tudo foi praticamente igual.
Correndo por fora da lista dos possíveis vencedores, As aventuras de Pi sagrou-se o grande campeão da noite. Foram quatro prêmios – efeitos visuais, fotografia, trilha sonora original e direção, para Ang Lee. Fora isso, as estatuetas foram pulverizadas. Lincoln, de Steven Spielberg, levou para casa só dois dos 12 prêmios aos quais estava indicado: direção de arte e ator, para Daniel Day-Lewis, disparado o mais espirituoso da noite. Ao receber a estatueta das mãos da sempre elegante Meryl Streep, o astro fez piada com a onipresença dela na cobiçada noite da Academia
Ainda que a torcida pela vitória de Emmanuelle Riva como melhor atriz fosse forte, deu Jennifer Lawrence, por O lado bom da vida. A jovem de 22 anos se esborrachou antes de subir a escada para receber o prêmio das mãos do francês Jean Dujardin. Nem isso descontraiu a festa. Até Quentin Tarantino foi comportado demais ao receber o Oscar de melhor roteiro original por Django Livre.
Se há um quesito que os americanos não deixam dúvidas sobre sua competência são números especiais. A homenagem aos musicais acertou com a lembrança de Chicago – com a maravilhosa Catherine Zeta-Jones – e o destaque para o concorrente Os miseráveis. Já a presença da agora magra Jennifer Hudson, de Dreamgirls, é que ficou meio forçada no bloco dedicado ao gênero. Por outro lado, a participação das veteranas Shirley Bassey, na retrospectiva 007, e Barbra Streisand, na homenagem ao compositor Marvin Hamlisch, ficou na medida.
Com a difícil tarefa de renovar a graça do show – que inclusive tem enfrentado sérios problemas de audiência nos últimos anos –, o estreante Seth MacFarlane bem que tentou descontrair o público. Mas tudo era esperado demais. Até as piadas de mau gosto que fazem parte de seu estilo. A brincadeira com as atrizes que mostraram os seios na telona, por exemplo, parece não ter colado. Bastou uma rápida percorrida da câmera pela plateia para flagar os semblantes de vergonha alheia.
Mídias sociais Mas, se pela televisão a cada instante renovava-se um saudosismo do que a festa do Oscar já foi, pela internet o cenário era bem diferente. “O Oscar nas redes sociais foi quase tão glamouroso quanto o evento em si. Certamente, mais divertido. Nos Estados Unidos, foram 8,9 milhões de tweets durante o evento”, comenta a professora de jornalismo e pesquisadora em transmídia Lorena Tárcia. No Brasil, #oscar2013 entrou rapidamente para o trend topic da rede social.
A originalidade ajudou a quebrar o tom disfarçadamente protocolar da cerimônia. A cada celebridade que subia ao palco, cada prêmio entregue, os comentários pipocavam na rede. E de todo tipo. Houve quem seguiu o tom protocolar e fez timidamente as apostas. As torcidas também eram fortes, quase organizadas. Mas a maioria soltou o verbo. Se suspiros ante cada galã em cena não foram poupados, que dirá das divagações sobre trajes espalhafatosos ou elegantes. Até mesmo o peso das estrelas entrou no repertório. Adele, por exemplo, foi alvo de palmas e vaias pelo tamanho plus size.
“Por um lado, foi muito bacana ficar por dentro dessa ala de tanto valor hollywoodiano. Saber também quem ainda faz tanto sucesso e quem é um desastre cômico (rsrs)!! Acompanhar o Oscar pela rede social foi beeeem mais emocionante do que pela TV. Dei muitas risadas, cada post melhor que o outro”, diz a geóloga Rafaela Martinelli.
Na avaliação de Lorena Tárcia, a participação cidadã em torno de um evento globalizado como o Oscar é a prova de que a chamada TV social alcança um momento ímpar no Brasil e no mundo. Cada vez mais as pessoas assistem ou acessam uma mídia, seja televisão, jornal ou rádio, também de olho no computador, no celular ou no tablet. “Uma das característica da TV social é o mix de opiniões, em que experts, mídia, artistas, público, gente com todo tipo de formação e idade compartilha o mesmo espaço em tempo real”, completa Lorena.
E há também as brincadeiras quase instantâneas. Vencedora do Oscar de atriz coadjuvante, Anne Hattaway não foi poupada. O traje discreto da moça virou chacota no tumblr Anne Palmitoway (http://annepalmito.tumblr.com/). A imagem da atriz aparece em várias montagens, inclusive como um palmito. O tombo de Jennifer Lawrence também virou gif animado. O que circula na rede é um remix quase instantâneo
Carolina Braga
Estado de Minas: 26/02/2013
Glamour ainda é ponto forte da cerimônia de entrega do Oscar. O encantamento é que já não é mais o mesmo no show organizado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Nem a surpresa. E humor? Parece estar em falta lá pelas bandas de Hollywood. Mas isso na versão oficial da coisa. Na era em que cada fã de cinema – independentemente de onde esteja – veste a carapuça de comentarista, a cerimônia fica muito mais interessante no entorno virtual daquilo que se passa dentro do Teatro Dolby. Assistir ao Oscar só pela televisão está virando, ao que parece, coisa do passado.
A edição de número 85 não fugiu à regra da previsibilidade nos resultados. Argo, o suspense bem-humorado e politizado dirigido por Ben Affleck confirmou seu favoritismo ao receber o prêmio de melhor filme. A diferença em relação aos anos anteriores é que pela primeira vez na história a famosa frase “and the Oscar goes to...” foi pronunciada diretamente da Casa Branca pela primeira-dama Michelle Obama. Fora isso, tudo foi praticamente igual.
Correndo por fora da lista dos possíveis vencedores, As aventuras de Pi sagrou-se o grande campeão da noite. Foram quatro prêmios – efeitos visuais, fotografia, trilha sonora original e direção, para Ang Lee. Fora isso, as estatuetas foram pulverizadas. Lincoln, de Steven Spielberg, levou para casa só dois dos 12 prêmios aos quais estava indicado: direção de arte e ator, para Daniel Day-Lewis, disparado o mais espirituoso da noite. Ao receber a estatueta das mãos da sempre elegante Meryl Streep, o astro fez piada com a onipresença dela na cobiçada noite da Academia
Ainda que a torcida pela vitória de Emmanuelle Riva como melhor atriz fosse forte, deu Jennifer Lawrence, por O lado bom da vida. A jovem de 22 anos se esborrachou antes de subir a escada para receber o prêmio das mãos do francês Jean Dujardin. Nem isso descontraiu a festa. Até Quentin Tarantino foi comportado demais ao receber o Oscar de melhor roteiro original por Django Livre.
Se há um quesito que os americanos não deixam dúvidas sobre sua competência são números especiais. A homenagem aos musicais acertou com a lembrança de Chicago – com a maravilhosa Catherine Zeta-Jones – e o destaque para o concorrente Os miseráveis. Já a presença da agora magra Jennifer Hudson, de Dreamgirls, é que ficou meio forçada no bloco dedicado ao gênero. Por outro lado, a participação das veteranas Shirley Bassey, na retrospectiva 007, e Barbra Streisand, na homenagem ao compositor Marvin Hamlisch, ficou na medida.
Com a difícil tarefa de renovar a graça do show – que inclusive tem enfrentado sérios problemas de audiência nos últimos anos –, o estreante Seth MacFarlane bem que tentou descontrair o público. Mas tudo era esperado demais. Até as piadas de mau gosto que fazem parte de seu estilo. A brincadeira com as atrizes que mostraram os seios na telona, por exemplo, parece não ter colado. Bastou uma rápida percorrida da câmera pela plateia para flagar os semblantes de vergonha alheia.
Mídias sociais Mas, se pela televisão a cada instante renovava-se um saudosismo do que a festa do Oscar já foi, pela internet o cenário era bem diferente. “O Oscar nas redes sociais foi quase tão glamouroso quanto o evento em si. Certamente, mais divertido. Nos Estados Unidos, foram 8,9 milhões de tweets durante o evento”, comenta a professora de jornalismo e pesquisadora em transmídia Lorena Tárcia. No Brasil, #oscar2013 entrou rapidamente para o trend topic da rede social.
A originalidade ajudou a quebrar o tom disfarçadamente protocolar da cerimônia. A cada celebridade que subia ao palco, cada prêmio entregue, os comentários pipocavam na rede. E de todo tipo. Houve quem seguiu o tom protocolar e fez timidamente as apostas. As torcidas também eram fortes, quase organizadas. Mas a maioria soltou o verbo. Se suspiros ante cada galã em cena não foram poupados, que dirá das divagações sobre trajes espalhafatosos ou elegantes. Até mesmo o peso das estrelas entrou no repertório. Adele, por exemplo, foi alvo de palmas e vaias pelo tamanho plus size.
“Por um lado, foi muito bacana ficar por dentro dessa ala de tanto valor hollywoodiano. Saber também quem ainda faz tanto sucesso e quem é um desastre cômico (rsrs)!! Acompanhar o Oscar pela rede social foi beeeem mais emocionante do que pela TV. Dei muitas risadas, cada post melhor que o outro”, diz a geóloga Rafaela Martinelli.
Na avaliação de Lorena Tárcia, a participação cidadã em torno de um evento globalizado como o Oscar é a prova de que a chamada TV social alcança um momento ímpar no Brasil e no mundo. Cada vez mais as pessoas assistem ou acessam uma mídia, seja televisão, jornal ou rádio, também de olho no computador, no celular ou no tablet. “Uma das característica da TV social é o mix de opiniões, em que experts, mídia, artistas, público, gente com todo tipo de formação e idade compartilha o mesmo espaço em tempo real”, completa Lorena.
E há também as brincadeiras quase instantâneas. Vencedora do Oscar de atriz coadjuvante, Anne Hattaway não foi poupada. O traje discreto da moça virou chacota no tumblr Anne Palmitoway (http://annepalmito.tumblr.com/). A imagem da atriz aparece em várias montagens, inclusive como um palmito. O tombo de Jennifer Lawrence também virou gif animado. O que circula na rede é um remix quase instantâneo
Justiça de BH autoriza casamento homossexual
Estado de Minas - 26/02/2013
Sandra Kiefer
Em 16 de abril, o cartório do 2º Subdistrito de Registro Civil fará mais um casamento em Belo Horizonte. Os noivos escolheram a data com cuidado, de forma a coincidir com o dia do início do namoro, quando os dois se conheceram, há sete anos. Como se trata de uma cerimônia apenas no civil, os familiares queriam oferecer um almoço, mas eles recusaram a gentileza. Fazem questão de brindar os amigos e a família com uma recepção. Esses seriam os proclamas de um casamento qualquer, mas se torna especial no momento em que se revela os nomes dos noivos em questão.
Com autorização da Justiça, publicada na última sexta-feira no Diário Oficial de Minas Gerais, o consultor de negócios Carlos Eduardo Chediack Guimãraes de Oliveira, 31 anos, e o analista de TI Jorge Chediack Miguel, 30, passam a ser o primeiro casal homoafetivo a se unir no civil em Belo Horizonte, exatamente como fazem os noivos heterossexuais. Eles vão adotar os sobrenomes um do outro (Chediack e Oliveira) e vão se casar no regime de comunhão total de bens. Como padrinhos e testemunhas, terão os amigos Erica Regina e Wagner Lopes, da parte de Eduardo, e do lado de Jorge, o irmão dele Guilherme Chediack e a amiga Natália Figueiredo. “É o natural da vida se conhecer, namorar, noivar e casar. Já temos planos para os próximos cinco anos, como conhecer o mundo e futuras aquisições de imóveis. Ainda não pensamos em adotar filhos”, relata Eduardo.
Eduardo e Jorge moram juntos desde 2005. Em 2010, passaram a viver uma união estável, legalizada por meio de escritura pública. Com base na decisão do juiz Valdir Ataíde Guimarães, da 11ª Vara de Família de Belo Horizonte, conseguiram converter a união estável em casamento. Segundo os termos da sentença, seus efeitos jurídicos e legais serão retroativos a 2005. “Cansaram de dar conselhos para a gente ir a Manhuaçu ou a cidades do Nordeste onde o casamento gay já é aceito, mas eu queria casar na minha cidade, por mais que ela tenha fama de conservadora”, afirma Eduardo.
É o primeiro caso de casamento civil homoafetivo na capital mineira a se tornar público desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou a união homossexual à heterossexual, em maio de 2011. A decisão do STF, de 2011, não é equivalente a uma lei sobre o assunto. O artigo 1.723 do Código Civil estabelece a união estável heterossexual como entidade familiar. O que o Supremo fez foi estender esse reconhecimento a casais homossexuais. “Eles comprovaram ter o verdadeiro intuito de formar uma família”, afirma a advogada Giulianna Sena, autora da ação.
Convivência No decorrer do processo, ajuizado em novembro passado, a advogada orientou os dois a demonstrar a convivência pública, duradoura e contínua. Para tanto, eles apresentaram fotos onde aparecem juntos em situações de família, com os próprios pais e com amigos em comum. O casal anexou ao processo declarações de amigos e colegas de trabalho, autenticadas em cartório, e até a declaração da proprietária do apartamento que eles alugavam, que testemunhou a favor das reais intenções dos noivos.
“Sei que a decisão vai provocar antipatia em muita gente, porque o preconceito ainda é grande”, avalia a advogada, que omitiu da própria família estar cuidando do caso. “Venho de uma família muito católica, vou à igreja, mas depois que passei a conviver com eles percebi que são bem posicionados socialmente e formam uma família de muito respeito”, diz Giullianna. “Eles são aceitos pelos pais do Jorge. Eduardo já não tem mais família, mas a mãe dele chegou a conhecer o Jorge. Também são muito queridos entre os amigos”, acrescenta a advogada, que considera a decisão da Justiça mineira um avanço. Em outras capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, autorizações semelhantes vêm sendo concedidas há um ano e meio.
Eduardo e Jorge: autorização para casamento foi publicada na sexta-feira no Diário Oficial de Minas Gerais |
Sandra Kiefer
Em 16 de abril, o cartório do 2º Subdistrito de Registro Civil fará mais um casamento em Belo Horizonte. Os noivos escolheram a data com cuidado, de forma a coincidir com o dia do início do namoro, quando os dois se conheceram, há sete anos. Como se trata de uma cerimônia apenas no civil, os familiares queriam oferecer um almoço, mas eles recusaram a gentileza. Fazem questão de brindar os amigos e a família com uma recepção. Esses seriam os proclamas de um casamento qualquer, mas se torna especial no momento em que se revela os nomes dos noivos em questão.
Com autorização da Justiça, publicada na última sexta-feira no Diário Oficial de Minas Gerais, o consultor de negócios Carlos Eduardo Chediack Guimãraes de Oliveira, 31 anos, e o analista de TI Jorge Chediack Miguel, 30, passam a ser o primeiro casal homoafetivo a se unir no civil em Belo Horizonte, exatamente como fazem os noivos heterossexuais. Eles vão adotar os sobrenomes um do outro (Chediack e Oliveira) e vão se casar no regime de comunhão total de bens. Como padrinhos e testemunhas, terão os amigos Erica Regina e Wagner Lopes, da parte de Eduardo, e do lado de Jorge, o irmão dele Guilherme Chediack e a amiga Natália Figueiredo. “É o natural da vida se conhecer, namorar, noivar e casar. Já temos planos para os próximos cinco anos, como conhecer o mundo e futuras aquisições de imóveis. Ainda não pensamos em adotar filhos”, relata Eduardo.
Eduardo e Jorge moram juntos desde 2005. Em 2010, passaram a viver uma união estável, legalizada por meio de escritura pública. Com base na decisão do juiz Valdir Ataíde Guimarães, da 11ª Vara de Família de Belo Horizonte, conseguiram converter a união estável em casamento. Segundo os termos da sentença, seus efeitos jurídicos e legais serão retroativos a 2005. “Cansaram de dar conselhos para a gente ir a Manhuaçu ou a cidades do Nordeste onde o casamento gay já é aceito, mas eu queria casar na minha cidade, por mais que ela tenha fama de conservadora”, afirma Eduardo.
É o primeiro caso de casamento civil homoafetivo na capital mineira a se tornar público desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou a união homossexual à heterossexual, em maio de 2011. A decisão do STF, de 2011, não é equivalente a uma lei sobre o assunto. O artigo 1.723 do Código Civil estabelece a união estável heterossexual como entidade familiar. O que o Supremo fez foi estender esse reconhecimento a casais homossexuais. “Eles comprovaram ter o verdadeiro intuito de formar uma família”, afirma a advogada Giulianna Sena, autora da ação.
Convivência No decorrer do processo, ajuizado em novembro passado, a advogada orientou os dois a demonstrar a convivência pública, duradoura e contínua. Para tanto, eles apresentaram fotos onde aparecem juntos em situações de família, com os próprios pais e com amigos em comum. O casal anexou ao processo declarações de amigos e colegas de trabalho, autenticadas em cartório, e até a declaração da proprietária do apartamento que eles alugavam, que testemunhou a favor das reais intenções dos noivos.
“Sei que a decisão vai provocar antipatia em muita gente, porque o preconceito ainda é grande”, avalia a advogada, que omitiu da própria família estar cuidando do caso. “Venho de uma família muito católica, vou à igreja, mas depois que passei a conviver com eles percebi que são bem posicionados socialmente e formam uma família de muito respeito”, diz Giullianna. “Eles são aceitos pelos pais do Jorge. Eduardo já não tem mais família, mas a mãe dele chegou a conhecer o Jorge. Também são muito queridos entre os amigos”, acrescenta a advogada, que considera a decisão da Justiça mineira um avanço. Em outras capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, autorizações semelhantes vêm sendo concedidas há um ano e meio.
Memória
Primeira permissão em Manhuaçu
O primeiro casamento homossexual com registro civil em Minas Gerais foi realizado em março do ano passado em Manhuaçu, na Zona da Mata. Wanderson Carlos de Moura, de 34 anos, e Rodrigo Diniz Rebonato, de 18, foram autorizados pela Justiça local a oficializar a união. O ato abriu caminho para que outros relacionamentos fossem formalizados no estado. Wanderson e Rodrigo entraram com uma ação na Justiça, com base na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. O juiz da comarca, Walteir José da Silva, acompanhou o posicionamento do STF, que considerou a união estável de pessoas do mesmo sexo como uma unidade familiar.
Primeira permissão em Manhuaçu
O primeiro casamento homossexual com registro civil em Minas Gerais foi realizado em março do ano passado em Manhuaçu, na Zona da Mata. Wanderson Carlos de Moura, de 34 anos, e Rodrigo Diniz Rebonato, de 18, foram autorizados pela Justiça local a oficializar a união. O ato abriu caminho para que outros relacionamentos fossem formalizados no estado. Wanderson e Rodrigo entraram com uma ação na Justiça, com base na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. O juiz da comarca, Walteir José da Silva, acompanhou o posicionamento do STF, que considerou a união estável de pessoas do mesmo sexo como uma unidade familiar.
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