segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A reeleição, bens e males - Renato Janine Ribeiro

Valor Econômico - 04/08/2014

A reeleição permite a continuidade de um governo aprovado, mas dificulta o surgimento de novas lideranças



Duas grandes emendas constitucionais da década de 1990 mudaram nossa política: a coincidência da eleição do presidente com a do Congresso, e a reeleição para os cargos executivos. Falei da coincidência de mandatos na última coluna; hoje trato da reeleição que, por sinal, os candidatos de oposição querem abolir. Opus-me a ela quando foi proposta, em 1997. A primeira razão é que ela ia contra uma forte tradição latino-americana, que a proibia a fim de limitar o personalismo e o caudilhismo. A segunda era que uma mudança tão grande em nossa cultura política, a meu ver, deveria exigir que o povo fosse ouvido, por exemplo, em plebiscito. E em terceiro lugar, considerei incorreto beneficiar quem já estava no cargo de presidente ou governador. Mas hoje ela já foi testada em quatro eleições consecutivas e está indo para a quinta. Dá para discutir se é boa ou má.
Começo pelo que me parece ser seu principal defeito (adiante, direi de suas qualidades). Não, não é que quem está no poder o manipule para se perpetuar. Tivemos exemplos, em São Paulo-Estado, de Quércia fazendo de tudo para eleger como sucessor um desconhecido, e em São Paulo-Cidade, de Maluf fazendo o mesmo com outra pessoa que poucos sabiam quem era. Então, não me parece haver maiores diferenças entre usar a máquina para se reeleger - ou para eleger uma criatura desconhecida. O problema é usar a máquina, não é para quem ela é usada.

O maior defeito da reeleição é: ela cria um abismo dentro do partido. Quem se reelege deixa de ser um primeiro entre iguais. Torna-se um primeiro, muito acima dos outros. Imaginemos que a reeleição não tivesse sido aprovada, em 1997. No ano seguinte, o PSDB teria eleito o sucessor de Fernando Henrique Cardoso, o qual teria sido ou José Serra ou Tasso Jereissati. FHC seria hoje o primeiro dos presidentes tucanos, isto é, um entre dois, talvez três, não a figura mítica do único presidente que seu partido deu, até hoje, ao Brasil. E em 2006, na sucessão de Lula, o PT disporia de poucos candidatos, depois da razia do mensalão - mas digamos que Tarso Genro ou outro nome se elegesse. Em quatro anos, Lula não teria construído a mística em torno de si que o fez deixar o cargo não só como o presidente mais bem avaliado da história do Brasil democrático, mas como um líder insuperável, pelo menos no seu partido. Também no PT, a distância entre um líder e outro seria menor do que hoje é.

Reeleição atrasa surgimento de novos líderes

Nos Estados, a coisa varia. Em São Paulo, há anos que se alternam no governo Serra e Alckmin; mas é quase certo que, sem reeleição, o PSDB tivesse guindado mais um outro nome tucano ao Palácio dos Bandeirantes. Em Minas Gerais, Aécio Neves não teria cumprido dois mandatos sucessivos, nem Eduardo Campos em Pernambuco, nem Sergio Cabral no Rio. Em suma, teríamos maior diversidade de líderes. Ora, esses dirigentes políticos que se destacam muito acabam controlando a máquina partidária - nacional, estadual ou local - e dificultando mudanças de linha dentro do próprio partido; e além disso passam a ter um apelo popular bem maior que seus colegas. (Dos nomes mencionados, parece-me que FHC foi o único a não controlar a máquina partidária depois de deixar o cargo, talvez apenas por não o desejar).

Renova-se menos a liderança. Ocorre uma escassez de líderes. Isso é preocupante. Voltando a São Paulo, hoje é difícil imaginar quem sucederá a Alckmin, no Estado - falo de 2018, supondo sua reeleição este ano. Alguém precisaria crescer e se destacar, mas quem? Como? Terá que se tornar conhecido em dois ou três anos. A rigor, são muitas as opções, o que quer dizer: nenhuma até agora despontou. Talvez o futuro líder seja mais manufaturado do que resultado de méritos autênticos, de uma efetiva preferência das bases partidárias ou de uma mensagem que tenha para a sociedade. Da mesma forma, para 2018 - o ano que hoje me parece ser o da próxima eleição realmente importante para a Presidência - não se antevê nenhum nome além dos quatro hoje em cena (incluo Marina Silva, além de Dilma Rousseff, Aécio e Eduardo).

Mas a reeleição tem seus aspectos positivos. Antes de mais nada, tira-nos da hipocrisia que é acreditar que a máquina não esteja sendo usada quando se cria um candidato a partir do nada. Claro que é utilizada, sim. E a razão principal: a reeleição dá continuidade a uma ação de governo, se estiver sendo bem sucedida, mas a interrompe, se tiver perdido o apoio popular, que é o grande metro numa democracia. Num primeiro mandato se consome muito tempo acertando-se os ponteiros, preenchendo-se cargos, definindo-se políticas. Se o governante continua mais quatro anos, o segundo mandato é - ou deve ser - mais tranquilo. Em outras palavras, o segundo mandato pode até cansar todo mundo, governante eleito, cargos de confiança e povo, mas corre mais solto.
O segundo mandato também é hora de saber se a proposta se completou e/ou se esgotou, ou continua valendo. No Brasil, o segundo mandato de FHC foi mais turbulento e provavelmente menos bom do que o primeiro, enquanto com Lula foi o contrário. Certamente isso contribuiu para FHC não fazer seu sucessor, ao passo que Lula o fez. Mas isso não quer dizer que os últimos quatro anos do presidente tucano tenham sido maus. Significa provavelmente que ele completou o que tinha a fazer. Teria sido tão bom sem ele? Penso que não. Do ponto de vista do interessado - nós, o povo - ter dois presidentes sucessivos dessa qualidade foi um luxo. Sem a reeleição, esses 16 anos teriam sido menos bons.

O que, afinal de contas, vale mais, as vantagens ou os problemas da reeleição?

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. 
E-mail: rjanine@usp.br


Eduardo Almeida Reis - Deprê‏

Sebastião era rapaz desengonçado, problemático, parece que não se interessava por mulheres

Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 04/08/2014



Cá entre nós, que ninguém nos ouça: névoa é o tipo do negócio deprê. Em julho, manhã nevoada, mesmo sabendo que geralmente precede belo dia ensolarado, o sujeito fica triste até ligar o rádio e ouvir o noticiário sobre o município de Nova Lima.

Campos de Congonhas, Congonhas de Sabará, Villa de Nova Lima e, a partir de 1932, Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte, vem divertindo o planeta e dando emprego a uma porção de gente com os prefeitos que se revezam na administração municipal. Nova-limenses natos ou adotivos, de vários sexos e às voltas com a Justiça Eleitoral, têm proporcionado espetáculo divertidíssimo, que só faz confirmar a inviabilidade deste país grande e bobo.

Tão grande e tão bobo que o estado de São Paulo, o mais rico do Piscinão de Ramos, tem uma lista de candidatos de arromba, o que significa dizer “de espantar”, “assombrosa”. Ao Senado tem o Serra, o Suplicy e o Kassab, o primeiro é pouco simpático, o segundo, muito Suplicy e o terceiro, essencialmente Kassab.

Como candidato ao governo da “locomotiva da nação”, aparece o Pad da Operação Lava a Jato, que também se assina Padilha e é dos políticos mais originais jamais (ais-ais-ais) vistos em qualquer país. Esta choldra, que tem hino, bandeira e constituição, definitivamente não tem jeito. E o que não tem remédio remediado está, já diziam nossos avós.

Por falar neles, um dos meus trisavós, médico, tuberculoso, veio da Inglaterra para se tratar no clima nova-limense, onde trabalhou alguns anos, mudou-se para Diamantina e acabou passando dos 90. Perdeu a alta-rotatividade administrativa do município de 88 mil habitantes e belos condomínios em que residem mineiros ilustres.


Festas juninas

No boom bursátil de 70, isto é, relativo à bolsa de valores na década de 1970, jovens brasileiros enriquecidos no mercado de capitais desandaram a comprar fazendas. Achavam chique a condição de fazendeiro, embora fossem corretores de valores e adotassem, entre eles, o tratamento Malandro: “E aí, Malandro, tudo joia?”. Joia tinha acento no ói, suprimido pelo imbecilíssimo Acordo Ortográfico.

Malandros que tomavam atitudes originais, como comprar cinco automóveis Ford Galaxie iguais. Malandros mais enriquecidos compravam várias Mercedes. Em 20 anos, as fortunas do boom, quase todas, entraram pelo cano.

Contudo, um dos jovens afazendados naquela década era rico de nascença numa família complicada, divertidíssima, precursora de Dona Flor e seus dois Maridos, romance de Jorge Amado. O milionário carioca reformou a casa centenária, botou mordomo de libré, comprou bovinos, cavalos e contratou veterinário residente na cidade mais próxima.

Por mal dos pecados, pouco antes das festas juninas, quando o veterinário, na falta de salões para abrir, abriu o terreiro de sua modesta casa para festejar Santo Antônio, São Pedro e São João. Tive a fortuna de ser convidado e participei de festa inesquecível, noite fresca, convidados em pé sob a mangueira suburbana, gelo de barra, quebrado, no isopor em que o anfitrião transportava vacinas contra aftosa, brucelose e raiva dos herbívoros, uísque suspeito em copos de requeijão.

Copo de requeijão, em si, é um acontecimento. Naquelas circunstâncias, com o bilionário em pé, sob a mangueira, bebendo uísque com gelo tirado do isopor das vacinas, ouso afirmar que nunca vi cena mais divertida. Detesto festas juninas, mas aquela foi inolvidável, o que significa dizer impossível de ser esquecida.


O mundo é uma bola

4 de agosto de 1578: na Batalha de Alcácer-Quibir, o rei de Marrocos derrota o exército português e o rei dom Sebastião de Portugal desaparece. A coroa é herdada pelo seu tio-avô, o cardeal-rei dom Henrique, que morreria sem deixar descendência conhecida como bom cardeal, abrindo caminho a uma crise dinástica e ao domínio espanhol, que duraria até 1640.

Data daí o sebastianismo, crença mística, propagada em Portugal logo após o desaparecimento de dom Sebastião (1554-1578), segundo a qual este rei, como um novo messias, retornaria para levar o país a outros apogeus de glórias e conquistas.

Sebastião era rapaz desengonçado, problemático, parece que não se interessava por mulheres, e foi analisado pelo historiador português Oliveira Martins. No Portugal daqueles idos, não gostar de mulher era fenômeno estranho, tanto assim que os portugueses espalhados pelo mundo depois dos grandes descobrimentos se notabilizaram, entre outras virtudes, por gostar de saias e de tudo que nelas se encerra, pouco importando a cor da pele, muito antes pelo contrário, aliás.

Em 1693, 4 de agosto é a data tradicionalmente citada como aquela em que dom Pérignon inventou o champanhe. Dom Pérignon foi um monge beneditino (Sainte-Menehould, 1639 – Abadia de Saint-Pierre d’Hautvillers, 1715) que inventou o método para fabricação do champanhe denominado Champenoise, inspirado no Método Antigo de Limoux. Não era viticultor nem alquimisma. Descobriu o método de vinificação efervescente numa peregrinação à Abadia de Saint Hillaire. Voltando ao mosteiro de Hautvillers, perto de Épernay, importou o método limouxine e se transformou, na opinião do philosopho, em benfeitor da humanidade.

Em 2005, início da Wikimania, primeiro encontro internacional de wikipedistas em Frankfurt, Alemanha.


Ruminanças


“Quem não tem champanha não solta foguete” (Pedro Bloch, 1914-2004).

TEVÊ

TV paga

TeVê: 04/08/2014



 (Richard Foreman/SMPSP/TNT)

Ameaça global


Um vírus letal dizima boa parte da população mundial e a tripulação de um navio tem a missão de descobrir uma forma de sobrevivência. Assim começa a história de The last ship (foto), que estreia hoje, às 23h20, na TNT. Criada pelo diretor e produtor Michael Bay (Transformers e Armageddon), e estrelada por Eric Dane (Grey’s anatomy), a série é uma adaptação da obra de William Brinkley.

Discovery, Bio e History
também se movimentam


No Discovery, retorna para uma segunda temporada a serie Mistérios, produção americana, mas apresentada no Brasil pelo ator Milhem Cortaz, toda segunda-feira, às 20h40. No canal Bio, às 21h, estreia a série Segredos de estado, com episódio sobre a polêmica Cientologia, uma das religiões mais polêmicas dos Estados Unidos. E no History, às 22h, é a vez de Terra de ninguém, mostrando o cotidiano de homens que vivem isolados em regiões inóspitas e selvagens dos Estados Unidos.

Programação de música
tem pra tudo que é gosto


A segunda-feira vem se revelando ótimo dia para quem procura um bom musical. No canal Curta!, por exemplo, são três atrações muito interessantes: Música libre, às 20h, hoje destacando os ritmos de Trinindad & Tobago; o documentário Fuloresta do samba, de Marcelo Pinheiro, narrando a trajetória de Siba Veloso e dos tradicionais maracatus e cirandas da Zona da Mata pernambucana, às 22h30; e o episódio de estreia de Jazz icons, às 23h, sobre o genial Louis Armstrong. No Film&Arts, às 18h, será exibido um documentário sobre o renomado pianista chinês Lang Lang. No Arte 1, às 23h, tem recital de Nelson Freire em 2007 no Festival Verbier, na Suíça. No Bis, às 21h, Palco principal traz Robin Thicke no iTunes Festival. E invadindo a madrugada, à 0h15, no MGM, vai ao ar um concerto da banda americana de rock Styx, que fez muito sucesso na década de 1970.

Naomi Watts interpreta
Lady Di. Veja no Telecine


Por fim o cinema. A maior novidade é Diana, com Naomi Watts no papel de Lady Di, às 22h, no Telecine Premiunm. De resto, oportunas reprises. Uma curiosidade é a sessão dupla do Megapix, com os filmes Anaconda 3: offspring e Anacondas: trail of blood, a partir das 22h35. Na faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: Paixão proibida, no TCM; Truque de mestre, no Telecine Pipoca; Apenas Deus perdoa, na HBO; Superstar, no Max; O poder de alguns, no Max Prime; Eu queria ter a sua vida, no Studio Universal; O procurado, no MGM; e Cálculo mortal, no Glitz. Outras atrações da programação: Filha do mal, às 20h30, no Universal; Heleno, às 21h, no Cinemax; e Padre, às 21h50, no FX.


CARAS & BOCAS » Momentos mágicos
Simone Castro



Ariano Suassuna receberá homenagem em A grande família  (Blenda Souto Maior/DP/D.A Press )
Ariano Suassuna receberá homenagem em A grande família

Agostinho (Pedro Cardoso) vai encarnar João Grilo da obra de Ariano Suassuna. É que no episódio “O automóvel da Compadecida”, de A grande família (Globo), o escritor, falecido recentemente, será homenageado com uma versão do seriado para a sua obra O auto da Compadecida. Agostinho sofre grave acidente de carro e fica entre a vida e a morte. Como João Grilo, personagem de Ariano Suassuna, o malandro vai para um julgamento divino, no qual o destino de sua alma será decidido. E terá que enfrentar ninguém menos Lineu (Marco Nanini) como o Diabo, Nenê (Marieta Severo) como a Compadecida e Tuco (Lúcio Mauro Filho) como Jesus. Em 1999, tanto Guel Arraes, diretor de núcleo do seriado, como Adriana Falcão, autora do texto final, participaram da minicrossérie inspirada na obra do escritor paraibano exibida pela Globo. Matheus Nachtergaele, Selton Mello e Fernanda Montenegro estavam nos principais papéis ao lado de grande elenco. Coincidentemente, a equipe de A grande família já preparava um roteiro inspirado em O auto da Compadecida antes da morte do autor. Passar para a homenagem foi uma providência natural. O episódio vai ao ar dia 21.

ENTREVISTA EXCLUSIVA
NO JORNAL DA ALTEROSA


Acompanhe no Jornal da Alterosa – 1ª edição desta segunda-feira, entrevista exclusiva (e a primeira) de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que diz terem armado para incriminá-lo no caso Bruno e Elisa Samúdio. Dentro da Casa de Custódia da Polícia Civil, presídio especial onde cumpre pena de 22 anos e três meses pelo assassinato da ex-modelo, o homem condenado como executor do crime continua se dizendo inocente. A primeira edição do Jornal da Alterosa vai ao ar logo depois do Alterosa esporte.

NOMES CONFIRMADOS NO
SUPER CHEF COM FAMOSOS


O Mais você (Globo) vai estrear dia 11 a edição 2014 do quadro "Super chef celebridades" com os atores Jéssika Alves, Paula Barbosa, Roberta Rodrigues, Thaíssa Carvalho, Fábio Lago, Rodrigo Andrade, Thiago Mendonça e o apresentador André Marques. Os concorrentes vão testar seus dotes culinários e disputar um prêmio de R$ 50 mil. No ano passado, o vencedor foi o ator Sidney Sampaio.

SHOW DE COVERS AGITA
COM DISPUTA NA MÚSICA


Hoje, às 23h, no SBT/Alterosa, o Máquina da fama apresenta os shows dos covers de Wanderléa, Bruno Mars, Bonnie Tyler e Nara Leão, entre outros. O programa terá nove apresentações exclusivas, nas quais cada candidato cantará como uma estrela de verdade. No fim da noite, o melhor show recebe o prêmio de R$ 5 mil.

REALITY ROMÂNTICO JÁ
TEM SEU APRESENTADOR


A RedeTV! bateu o martelo e Fábio Arruda será o apresentador da versão brasileira do reality The Bachelor – Em busca do grande amor, em que um candidato, solteiro e cobiçado, tentará encontrar entre 25 mulheres a sua cara metade. A atração, sucesso em mais de 30 países, tem previsão de estreia para a segunda quinzena de setembro.

MUSICAL HORRIPILANTE

Em sua 10ª temporada, a série Supernatural terá um episódio musical, além de ser comemorativo do número 200 da atração. O produtor Jeremy Carver, em entrevista ao TV Line, disse que o episódio mostrará todos os personagens que passaram pelo programa. "Todos eles serão representados, seja os que vocês amaram ou odiaram. Eles estarão lá em espírito", avisa. Ele classifica o capítulo especial como "uma carta de amor aos nossos fãs, só que musicada". Carver adianta que haverá mistura de canções conhecidas com outras originais. No episódio, os irmãos Winchester, Sam (Jared Padalecki) e Dean (Jensen Ackles) "estarão em um local onde uma peça teatral é encenada baseada nos livros de Chuck Shurley (escritor fictício que publicou, na série, obras sobre os irmãos) e, claro, tem alguém assombrando o lugar", afirmou Jared ao Zap2It. A estreia nos Estados Unidos da 10ª temporada será em 7 de outubro. No Brasil, Supernatural é exibida no canal Warner (TV paga).

VIVA
Meu pedacinho de chão (Globo) pelo conjunto da obra: novela em que a magia deu o tom e já deixou saudades.

VAIA
O ritmo dinâmico e envolvente da primeira fase de Império (Globo) já foi para o espaço. A trama está lenta e sem graça. 

Quimioterapia e sobrevida - Celina Aquino

Estado de Minas: 04/08/2014 


Leandro Ranmos, organizador do Pós-Asco em Belo Horizonte, afirma que as mudanças  no tratamento devem aguardar a publicação de estudos (Cristina Horta/EM/D.A Press)
Leandro Ranmos, organizador do Pós-Asco em Belo Horizonte, afirma que as mudanças no tratamento devem aguardar a publicação de estudos

Oncologistas discutiram este fim de semana em Belo Horizonte mudanças no tratamento de câncer que podem aumentar a expectativa de vida dos pacientes. As descobertas se baseiam em estudos apresentados durante o principal encontro da área, o Congresso da Sociedade Norte-Americana de Oncologia Clínica (Asco, na silga em inglês), realizado anualmente nos Estados Unidos. “O objetivo não é apenas aumentar a sobrevida, mas melhorar a qualidade de vida. Assim, ganhamos tempo para esperar a chegada de drogas mais ativas”, destaca o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica – Regional Minas Gerais (SBOC-MG), Leandro Ramos, organizador do Pós-Asco 2014, promovido pela Oncomed BH.

Incluir a quimioterapia no tratamento de câncer de próstata de alto risco pode aumentar em 17 meses a sobrevida dos pacientes. O benefício de utilizar remédios é comprovado em casos metastáticos, ou seja, quando as células do tumor maligno acometem outros órgãos. O mais comum é que elas cheguem aos ossos. “Até então, utilizava-se apenas a hormonioterapia, química ou cirúrgica, que consiste em bloquear a produção dos hormônios masculinos, em especial a testosterona, que estimulam as células do tumor”, esclarece o oncologista Alexandre Fonseca de Castro. Para o estudo apresentado no Asco, que envolveu 790 pacientes, considerou-se a terapia hormonal química, ministrada por injeções a cada três meses.

Expectativa Outra pesquisa comprova os benefícios da quimioterapia para combater tumores cerebrais com alto risco de progressão. Segundo a oncologista Mirielle Nogueira Martins, os medicamentos otimizam o resultado do tratamento, que rotineiramente inclui cirurgia e radioterapia, técnicas com potencial de atingir áreas vitais do cérebro, causando sequelas ou até a morte. Os participantes do estudo que associaram radioterapia e quimioterapia ganharam cinco anos a mais de vida. “É animador melhorar a expectativa de vida do pacientes com tumor no sistema nervoso central, que em geral é mórbido e agressivo. Era uma área onde não se conseguia grandes avanços”, comenta a especialista.

Apesar de comemorar os avanços, o presidente da SBOC-MG informa que é preciso esperar a publicação dos estudos em revistas científicas para que as descobertas sejam validadas pela comunidade médica e beneficem os pacientes.

Vasectomia e o câncer

Vasectomia e o câncer
Pesquisa associa a cirurgia à doença na próstata

Charles Pádua
Oncologista e diretor do Cetus-hospital dia
Estado de Minas: 04/08/2014


A cada ano, cresce consideravelmente o número de homens que realizam a cirurgia de vasectomia. Somente no Sistema Único de Saúde (SUS), a quantidade de vasectomias passou de 7,7 mil, em 2001, para 34 mil, em 2012. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 30 milhões de casais recorrem à vasectomia por ano, valor que representa 8% de todos os métodos contraceptivos. Mas esse procedimento ainda é cercado de muitos tabus. Pesquisa recente, realizada pela Harvard School Public Health (HSPH) dos Estados Unidos e publicada pelo Journal of Clinical Oncology, aponta que a realização da vasectomia pode aumentar em até 10% o risco de câncer de próstata agressivo.

Do ponto de vista oncológico, o estudo nos traz uma informação a mais no que diz respeito à vigilância dirigida aos homens submetidos à vasectomia, ou seja, esses pacientes deverão ser acompanhados mais de perto por seus urologistas. A pesquisa analisou dados de 49.405 americanos, com idade entre 15 e 40 anos, que foram acompanhados por 24 anos, no período de 1986 a 2010. No total, 12.321 homens, ou seja, 25%, fizeram a vasectomia. Durante os estudos, foram diagnosticados 6.023 casos de câncer de próstata, sendo 811 letais. Os resultados mostram que a vasectomia foi associada a um aumento de 10% do risco de desenvolvimento da neoplasia. O estudo mostra que 16 a cada mil homens desenvolveram a doença agressiva. Embora o aumento do risco associado ao procedimento tenha sido significativo, esse acréscimo é relativamente pequeno, se comparado a outros fatores que influenciam os homens em geral. As análises apontam que a ocorrência da doença é mais frequente entre homens que fizeram a vasectomia ainda jovens. Mas o motivo exato de homens vasectomizados apresentarem maior chance de desenvolver o câncer de próstata letal ainda é desconhecido. Levanta-se a possibilidade de alterações biológicas associadas a mecanismos imunológicos, mudança na proliferação celular e desequilíbrio hormonal serem fatores estimulantes para a ocorrência do câncer nessa população. Algumas proteínas encontradas no sêmen são responsáveis pela regulação do processo de carcinogênese, ou seja, processo de formação de câncer que em geral se dá lentamente, e muitas dessas têm a sua expressão diminuída após a vasectomia. É importante ressaltar que a vasectomia é um dos tipos mais seguros e mais eficazes para o controle da natalidade. A vasectomia oferece uma grande segurança contraceptiva, com falha de apenas 0,1 a 0,15 por 100 homens ao ano.

Os dados da pesquisa não devem assombrar os homens, e sim ser encarados como mais um alerta. As visitas frequentes aos médicos e a prevenção devem ser grandes aliadas dos pacientes. O rastreamento do câncer deve ser feito por meio de avaliação anual a partir dos 45 anos de idade para homens com risco aumentado. Para os pacientes de maior risco, com histórico familiar da doença em parentes de primeiro grau, recomendamos antecipar o acompanhamento para a partir dos 40 anos. O diagnóstico precoce é sempre a melhor forma de prevenção.