sexta-feira, 1 de agosto de 2014

TeVê

TV paga

Estado de Minas: 01/08/2014



 (NatGeo/Divulgação)

Tudo em casa

O canal NatGeo estreia hoje, às 23h15, a série Grandes famílias (foto). A produção acompanha o cotidiano de Sue e Noel Radford e sua enorme prole. Eles formam a maior família do Reino Unido a viver sob um mesmo teto. A mãe está esperando pelo nascimento de seu 16º bebê, e sua filha mais velha, Sophie, que tem 18 anos, está seguindo seus passos – seu bebê vai nascer um mês antes. Haja prato na mesa com essa turma!

Discovery vai dar uma  aula de história dos EUA

Novidade também no Discovery Civilization, que estreia, às 21h, a série História americana: realidade ou mito. Dividida em oito episódios, dois apresentados em sequência a cada semana, a produção passa a limpo alguns dos capítulos mais emblemáticos dos Estados Unidos O programa é apresentado por Jamie Kaler, ex-oficial da Marinha e ator da série My boys, exibida pelo TBS entre 2006 e 2010. Na busca por preencher lacunas, Kaler examina o passado e revela fatos surpreendentes que colocam a história sob uma nova perspectiva.

Saiba até aonde vão os  tentáculos do nazismo


As ligações entre líderes nazistas e países da América Latina são exploradas no especial inédito Continente nazi, que vai ao ar hoje, às 22h, no canal History, dentro da programação que marca o centenário do início da 1ª Guerra Mundial. O canal Bio toma um ruma parecido com o especial de duas horas As doutrinas nazistas, às 20h, explorando a psique distorcida do estado comandado por Hitler, desde a ideia do comandante Heirich Himmler de ter a SS nazista como uma ordem de cavaleiros antigos até as crenças sexuais surpreendentes impostas pelo poder nazista.

Documentário lembra  a trajetória de Juscelino


No canal Curta!, outros dois documentários podem chamar a atenção do assinante por diferentes motivos. Às 20h, vai ao ar Sou feia, mas tô na moda, dirigido por Denise Garcia, que fala sobre o funk carioca, que está repleto de MCs e bondes formados por mulheres. Já às 21h30 é a vez de Os anos JK, de Silvio Tendler, que narra a trajetória do presidente Juscelino Kubitschek desde seu início na política, passando pela construção de Brasília e indo até a perda dos direitos políticos.

Uma só estreia, mas um  monte de boas reprises

No pacotão de filmes, um dos destaques é a estreia de R.I.P.D. – Agentes do além, com Mary-Louise Parker, Jeff Bridges e Ryan Reynolds, às 22h, no Telecine Premium. No Arte 1 tem a reprise de um clássico, E Deus criou a mulher, de Roger Vadim, com a diva Brigitte Bardot, às 21h30. Na Cultura, a atração da Mostra Internacional de Cinema é a produção alemã A onda, às 22h. Na mesma faixa das 22h, o assinante tem mais seis opções: Tubarão, no Telecine Cult; As palavras, no Telecine Touch; Dezesseis luas, na HBO 2; A primeira coisa linda, no Max; Anjos da noite – A rebelião, no AXN; e O amor não tira férias, no MGM. Outras atrações da programação: Querido John, às 22h30, no Megapix; e Padre, também às 22h30, no FX.


CARAS & BOCAS » Lá vai a noiva
Simone Castro



Gina (Paula Barbosa) e Ferdinando (Johnny Massaro) terão um final feliz em Meu pedacinho de chão (Renato Rocha Miranda/TV Globo-3/6/14)
Gina (Paula Barbosa) e Ferdinando (Johnny Massaro) terão um final feliz em Meu pedacinho de chão

Um casamento vai abalar a agitada vila de Meu pedacinho de chão (Globo) no último capítulo, que vai ao ar hoje. Anteontem, atores e atrizes da trama de Benedito Ruy Barbosa, com direção especialíssima de Luís Fernando Carvalho, estavam todos mais produzidos do que nunca em suas posições na cidade cenográfica para a gravação de um casamento. De acordo com o site oficial da novela, os figurinos de Juliana Paes (Catarina), Cíntia Dicker (Milita) e Letícia Almeida (Rosinha) para o grande evento se destacavam pelas cores vivas, rendas, babados... Um estilo glamouroso! Já o cenário para o dia D, como era de se esperar – e foi uma máxima da produção durante todo o tempo em que esteve no ar – encantava por cada detalhe. Quem será a noiva? Rosinha, que namora o italiano Giácomo (Antônio Fagundes)? Gina (Paula Barbosa), futura esposa de Ferdinando (Johnny Massaro)? Ou a professorinha Juliana (Bruna Linzmeyer), eleita de Zelão (Irandhir Santos)? Uma coisa é certa: todos viverão felizes para sempre. O último capítulo também vai mostrar o destino do pequeno Serelepe (Tomás Sampaio), o pequeno órfão cuja vida deverá ser passada a limpo. Quem ficará com aquela doçura?

FAMÍLIA DO MOTORISTA FALA SOBRE TRAGÉDIA

No Jornal da Alterosa – 1ª edição desta sexta-feira, reportagem mostra que prestes a completar um mês da tragédia com a queda de um viaduto em Belo Horizonte, a família do motorista morto, uma das vítimas do desabamento, quebra o silêncio e fala sobre o trauma. Charles estava em um carro que juntamente com o ônibus guiado por Hanna, a outra vítima, foi esmagado pela estrutura que caiu. Ele estava indo buscar a mulher no trabalho, perto do local do acidente. A primeira edição do Jornal da Alterosa vai ao ar logo depois do Alterosa esporte.

BEIJO GAY DE IMPÉRIO  CONTINUA NO ARMÁRIO

As especulações eram de que o primeiro beijo gay de Império (Globo), que será trocado por Cláudio e Leonardo, respectivamente, personagens de José Mayer e Klebber Toledo, sairia nas primeiras semanas de exibição da trama de Aguinaldo Silva. Mas, ao que parece, prevista para segunda-feira, a cena, que seria um selinho, nem sequer teria sido gravada. No entanto, fala-se em uma nova data: 12 de agosto. Os personagens seriam flagrados trocando um beijão em uma praça pública. O carinho, devidamente registrado pela câmera da repórter Érika (Letícia Birkheur), fará a festa do chefe, o blogueiro venenoso Téo (Paulo Betti), que cheio de más intenções comentará: “Isso é dinamite pura! Teve até beijo... E na boca! Aposto que foi de língua.”

PROGRAMA DO RATINHO HOMENAGEIA EMISSORA


Durante todas as quartas-feiras deste mês, o Programa do Ratinho vai homenagear os 33 anos do SBT. A data oficial do aniversário é 19 de agosto. Para marcar a trajetória da emissora de Sílvio Santos, as bailarinas da atração usarão um figurino diferente no quadro “Boteco do Ratinho”. Entre as lembranças, os modelitos destacarão nomes importantes do canal, como Hebe Camargo e Carlos Alberto de Nóbrega, além, claro, do próprio Sílvio Santos. O Programa do Ratinho vai ao ar às 22h, no SBT/Alterosa.

AGENTE SECRETO NÃO  É PÁREO PARA SÍLVIO

Jack Bauer não consegue frear Sílvio Santos. O seriado 24 horas – viva um novo dia, cujo agente secreto é interpretado por Kiefer Sutherland, tem derrapado na audiência. Exibido aos domingos, depois do Fantástico (Globo), o programa perde feio para o Programa Sílvio Santos. Com isso, não será de se estranhar se a emissora abreviar o tempo de duração da atração.

IMPASSE DOS SALÁRIOS

A oitava tempora da da série The big bang theory está emperrada. A produção da série, que começaria anteontem, foi adiada. De acordo com o site The Wrap, o motivo é a falta de acordo salarial dos principais atores da atração, Johnny Galecki, Jim Parsons e Kaley Cuoco, que interpretam Leonard, Sheldon e Penny, respectivamente. Os salários do trio podem chegar a US$ 1 milhão. Enquanto os novos contratos não forem assinados, a turma não entra no estúdio para gravar. A série foi renovada por mais três temporadas e terá um ponto final. No Brasil, é exibida no canal Warner (TV paga).

VIVA

Camila Morgado sem nenhum pudor encara a sensualidade de Maria Angélica, em  O rebu (Globo). A atriz vive um dos bons momentos da carreira com a personagem inconsequente da trama.

VAIA
Nenhuma atriz com o talento de Leandra Leal sai impune de um texto longo como o da despedida de sua personagem, Cristina,  à beira do caixão da mãe, em cena cansativa de Império (Globo).

Carlos Herculano Lopes - Novos companheiros de jornada‏

Novos companheiros de jornada
Carlos Herculano Lopes - carloslopes.mg@diariosassociados.com.br
Estado de Minas: 01/08/2014


Obra do israelense Etgar Keret lembra Kafka e Woody Allen (Wojtek Radwanski/AFP)
Obra do israelense Etgar Keret lembra Kafka e Woody Allen

A Festa Literária de Paraty, a Flip, que vai até domingo na charmosa cidade do litoral fluminense, é sempre motivo de atenção. Num tempo marcado por tantas celebridades instantâneas, é bom ver a literatura assumir posição de destaque. Para quem gosta de ler, o melhor da festa fica mesmo por conta da revelação de novos autores. A cada ano, ao lado das figuras de ponta, a Flip se encarrega de revelar autores estrangeiros que ampliam
nossas referências literárias.

Este ano, com curadoria de Paulo Werneck, jornalista jovem, mas experiente em assuntos literários, filho do escritor Humberto Werneck, a rapaziada da Flip promete muito desatino. Antecedendo a programação, as editoras se encarregaram de lançar alguns autores, despertando a curiosidade do leitor e o sentimento de encontrar companheiros de jornada. Ler histórias é uma forma de procurar novos amigos para aprender e trocar ideias.

Entre as mesas que serão realizadas em Paraty, uma chamou a minha atenção: “A verdadeira história do paraíso”, com os escritores Pablo Villoro e Etgar Keret. A ideia do organizador é muito boa: buscar em autores de outras culturas possíveis utopias para nosso mundo tão globalizado. É claro que há certa ironia nisso tudo. O que o mexicano Villoro e o israelense Keret têm a oferecer não é o melhor dos mundos, mas o mundo complexo e diverso que nos é dado viver. Fui atrás dos livros que eles lançam em Paraty e fiquei impressionado com o que li.

Juan Villoro é hoje o mais importante dos autores mexicanos. Seu romance Arrecife, que chega ao Brasil pela Companhia das Letras, é forte como uma dose de tequila. No México contemporâneo, ricos entediados de várias partes do mundo procuram um resort de luxo, situado na imaginária Kukulcán, para viver experiências radicais. Em vez de luxo, águas paradisíacas e mulheres lindas, os pós-turistas estão em busca de aventuras, que incluem sequestros, tráfico de drogas e outras violências – tudo, é claro, encenado por atores.

Qualquer semelhança com os turistas que sobem as favelas brasileiras não é mera coincidência. Nesse cenário, um crime de verdade altera o rumo das coisas e o livro se torna um thriller policial. Villoro, na aparente loucura de sua história movimentada, protagonizada por roqueiros decadentes, coloca em evidência a complexidade de seu país, com políticas de combate às drogas que matam na casa dos milhares e criam atmosfera de medo que hoje define a sociedade mexicana.

Colega de mesa do mexicano em Paraty, Etgar Keret vem sendo comparado a seu conterrâneo Amós Oz, o que, convenhamos, é uma honra. Mas o escritor merece mesmo a atenção, sobretudo num momento como o atual, em que seu país se encontra no coração dos debates mundiais sobre guerra e paz em razão dos conflitos com os palestinos. Keret nasceu em 1967 e tem obras traduzidas em 35 países. Por causa da Flip, a Rocco está lançando no Brasil o livro de contos De repente, uma batida na porta.

As histórias de Etgar Keret, para ficar no terreno das comparações, lembram Kafka, pela naturalidade com que tratam o absurdo, e Woody Allen, pelo humor que ri de si mesmo. O escritor lida bem com o nonsense e o fantástico, como é próprio da tradição judaica de contar histórias. Tem até um motorista que só dirige de olhos fechados, um mentiroso que leva chutes na canela a cada mentira e um menino que escolhe cuidadosamente o que levar nos bolsos. Há algo de trágico e um tanto de compaixão nas histórias de Keret.

 Os paraísos de Etgar Keret e de Pablo Villoro são mesmo muito particulares. Não sei se queria viver neles, mas a leitura de seus livros me deu novos companheiros de jornada. Se a Flip serve para isso, acho que sua principal tarefa já está cumprida. 

Eduardo Almeida Reis - Paraty‏

Paraty
 
Como explicar o hino tocado e cantado nos leilões de gado? Que patriotismo existe em ajuntar pessoas para vender e comprar vacas, touros, cavalos?



Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 01/08/2014


Amanhã, 2 de agosto, é dia de compromisso na Flip, a 12ª Festa Literária Internacional de Paraty: às 10h, na mesa 11, você pode encontrar Charles Ferguson trocando ideias com Glenn Greenwald. Antes das nove da matina, Marcia e Moacir Japiassu devem pegar a estrada (RJ-165) que liga o Engenho Maravalha, em Cunha, SP, à cidade de Paraty, RJ. Diz o Google que a viagem demora 46 minutos e as pirambeiras descortinadas pelos aventureiros rivalizam com as daquela estrada boliviana.

Charles Ferguson, cientista político e matemático, publica livros desde 1990 e ficou célebre como documentarista cinematográfico. Glenn Greenwald, também norte-americano, jornalista, escritor e advogado constitucionalista, casado com o brasileiro David Miranda, ficou célebre pela divulgação, através do jornal britânico The Guardian, dos documentos desviados pelo traidor Edward Snowden, provando que o principal objetivo do presidente Barak H. Obama sempre foi espionar a presidente Dilma V. Rousseff em suas conversas com o ministro Guido Mantega para tentar copiar o planejamento que fará do Brasil, dentro de cinco anos, potência econômica muito maior do que a soma da China com os Estados Unidos.

O Google tem 24 milhões de entradas para David Miranda, que não é o esposo do jornalista norte-americano: é o pastor David Martins Miranda, nascido em 1936, proprietário da Igreja Pentecostal Deus é Amor, que tem uma porção de templos na Grande BH. Em 2011, David Miranda, o pastor, tinha 17.584 templos espalhados por aí; em fevereiro de 2014, David Miranda, o esposo de Glenn Greenwald, ficou preso no aeroporto de Londres durante nove horas.


Hinário

“Brasil-América, lar de amor e de luz, seus jovens para a glória conduz!” começava o hino do Instituto Educacional Brasil-América, onde fiz admissão, ginásio e científico depois de ter sido expulso de um colégio de padres. No ginásio, tive professora de canto orfeônico, disciplina que não vejo listada nos currículos atuais. Aulas chatíssimas em que a professora nos ensinava uma porção de hinos, decorávamos, cantávamos e a ensinança nunca mais teria serventia.

Colégio particular modesto, o Brasil-América teve excelentes professores, muitos deles judeus que escaparam do nazismo. Lembrei-me daqueles idos no hinário (coleção de hinos) que nos foi servido pela Copa das Copas, providência esquisita que transforma um jogo de futebol numa guerra entre nações, com uma porção de traidores que se recusam a cantar os hinos das seleções que defendem. Ou, então, choram abraçados, enquanto os assistentes cantam o hino a capela, que tenho visto com o sinal de crase. Realmente, o filé à Oswaldo Aranha tem crase, e o doutor Oswaldo era hétero conhecido, o sinal se explica: filé à (moda) Oswaldo Aranha. Persistindo a dúvida, é melhor recorrer à expressão italiana a capella, música vocal sem acompanhamento instrumental.

Seria mais simples e menos feroz tocar o hino da Fifa, dona do espetáculo que dizem ser o maior do mundo esportivo. O fenômeno Fifa, a força da Fifa, a ladroeira internacional da Fifa merecem hino caprichado, que não jogue uma nação contra a outra quando os times só jogam futebol.

Cantar ou não cantar pode ser questão de foro íntimo. Respeitado e afamanado jornalista mineiro sempre se recusou a cantar o Hino Nacional brasileiro, como também não se levanta durante a cantoria. Tem carradas de razão. Como explicar o hino tocado e cantado nos leilões de gado? Que patriotismo existe em ajuntar pessoas para vender e comprar vacas, touros, cavalos?


O mundo é uma bola
 1º de agosto: faltam 152 dias para acabar o ano e 7 dias para o aniversário de um philosopho amigo nosso. Em 1291, a Suíça declara sua independência da Aliança Eterna, formando uma confederação composta pelos cantões de Uri, Schwyz e Unterwalden. Como estou sem internet, que tem falhado à beça, não tenho condições de pesquisar a Aliança Eterna, assunto que felizmente não interessa a mim nem ao leitor de Tiro&Queda.

Em 1714, Jorge I sobe ao trono da Grã-Bretanha. O substantivo trono com a conotação de assento elevado destinado à realeza é divertido, quando me lembro das observações de um pintor trabalhando em nossa fazendinha fluminense: “Arrasta o trono. Cuidado para não manchar o trono. Me ajuda levantar o trono”. O trono a que se referia o pintor era imensa poltrona de jacarandá, obviamente estofada, em que o philosopho passava os dias sentado, fumando charutos, enquanto observava os obreiros trabalhando pelo Brasil.

Em 1808, começa a intervenção britânica na Guerra Peninsular com o desembarque do duque de Wellington em Portugal. Em 1834, abolição da escravatura no Império Britânico. Em 1907, na Ilha de Brownsea, Inglaterra, organizado por Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, tem início aquele que seria o primeiro acampamento escoteiro da história.

Em 1914, a Alemanha declara guerra à Rússia. Pelos 100 anos da Primeira Grande Guerra mundial temos tido nas tevês diversos estudiosos explicando as causas e as concausas do conflito. Resumindo, todos acham que em matéria de principalmente não resta a menor dúvida, muito antes pelo contrário, aliás. Hoje é o Dia Nacional do Selo e o Dia do Poeta Cordelista.

CIÊNCIA » Rica descoberta

CIÊNCIA » Rica descoberta
Para especialistas, esqueletos encontrados em Matozinhos devem potencializar patrimônio arqueológico do estado


Gustavo Werneck
Estado de Minas: 01/08/2014


Esqueletos foram sepultados há 10,8 mil anos na Lapa do Santo (Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Esqueletos foram sepultados há 10,8 mil anos na Lapa do Santo

Minas reafirma a sua importância no cenário nacional de arqueologia e paleontologia e tem valorizado o potencial da região cárstica. Especialistas definem como “espetacular” a descoberta de dois esqueletos sepultados há 10,8 mil anos na Lapa do Santo, em Matozinhos, na Grande BH, como mostrou com exclusividade ontem o Estado de Minas. O professor de paleontologia da PUC Minas, Castor Cartelle, disse que vibrou ao ler a reportagem. “É um achado fantástico, que potencializa a riqueza do estado e se torna mais um elemento da Rota Lund”, afirmou Cartelle, se referindo ao projeto que liga o Museu de Ciências Naturais da universidade, no câmpus Coração Eucarístico, na Região Noroeste da capital, à Gruta do Maquiné e ao Museu Casa Guimarães Rosa, em Cordisburgo, na Região Central.

Para Rosângela Albano, diretora do Centro de Arqueologia Annette Laming Emperaire (Caale), vinculado à Prefeitura de Lagoa Santa e localizado no Centro da cidade, a descoberta vai motivar outras e revelar o vasto patrimônio de fósseis existentes na região cárstica. “Esses sepultamentos antigos vão levar a novos achados”, observou a diretora, lembrando que as pesquisas vêm desde os tempos do paleontólogo dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801-1880), que viveu na região por 45 anos e fez escavações em cavernas e grutas com resultados de relevância. As escavações demandam muito tempo e, segundo os especialistas, é um “trabalho de formiguinha”, o que significado demorado, com doses de paciência e delicadeza para não danificar os vestígios encontrados sob a terra (veja o passo a passo).

Desde 2011, um grupo de pesquisadores trabalha na Lapa do Santo, sob coordenação do antropólogo paulista André Strauss, do Instituto Max Planck, da Alemanha. Com o atual achado, já são 38 esqueletos em 13 anos de trabalho. Conforme foi revelado agora, os dois esqueletos eram de homem e mulher idosos, em torno de 50 e 60 anos, e apresentam desgastes dos dentes, presença de artrose nas articulações e crescimento ósseo nas vértebras lombares.

RIQUEZA Do sítio arqueológico Lapa do Santo, saiu o terceiro esqueleto mais antigo do Brasil e dos mais antigos da América, segundo Strauss. Perto dali, em Lagoa Santa, foi encontrado em 1975 o crânio da que seria a primeira mulher da América, Luzia, que é de 11,4 mil anos e que está exposto no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. “A atual descoberta mostra que não se trata de parte do ‘povo de Luzia’, mas de integrantes do Homem de Lagoa Santa, conforme os estudos de Lund”, explicou.

A gerente de Unidades de Conservação do Instituto Estadual de Florestas (IEF), vinculado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), considerou a descoberta dos fósseis “grande riqueza”, que se transforma em história e conhecimento, com repasse para os visitantes e interessados em conhecer a Rota das Grutas ou Rota Lund.


Passo a passo
Escavações podem demorar décadas e obedecem a um passo a passo permeado de muito trabalho, paciência e delicadeza. Conheça algumas etapas:
1) Inicialmente, é feita uma limpeza minuciosa da área e definição do local da escavação
2) O trabalho começa com raspagem lenta dos sedimentos. A ferramenta usada é colher de pedreiro
3) O terreno é todo esquadrinhado. À medida que vai descendo (na terra), o especialista vai fazendo a interpretação das camadas de sedimento. Nessa “leitura”, ele vai verificar a ocorrência de vestígios arqueológicos
4) Ao aparecer algum material, a exemplo de esqueleto, o profissional passa a trabalhar com pincéis e pinças, instrumentos bem leves, para não gerar impactos na área


MATERIAL VAI PARA A USP

“Como sempre acontece, o material escavado está indo para o laboratório do professor Walter Neves, na Universidade de São Paulo (USP), de quem já fui aluno”, disse ontem o antropólogo paulista André Strauss, do Instituto Max Planck, da Alemanha. Em 2011, Strauss assumiu a coordenação do projeto, que havia se iniciado 10 anos antes com a descoberta do sítio arqueológico Lapa do Santo, em Matozinhos, onde trabalham cerca de 40 pessoas de diversas áreas do conhecimento.