segunda-feira, 6 de maio de 2013

Quadrinhos


CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE
LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
PRETO NO BRANCO      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRÉ DAHMER
ANDRÉ DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS
JIM DAVIS

HORA DO CAFÉ      LEDERLY
Lederly

Dilma em seu momento crítico - RENATO JANINE RIBEIRO

Valor Econômico - 06/05/2013

Gosto da diferença que Maquiavel faz, no "Príncipe", entre os governantes que atingem o poder por sua ação própria e aqueles que chegam lá graças a amigos ou aliados, "pelas armas alheias", diz ele. Esta distinção ajuda a entender a política brasileira do período democrático que começou em 1985 - e, em especial, a pensar o momento crítico pelo qual ora passa a presidente Dilma.

Podemos dividir nossos seis presidentes civis em três grupos. José Sarney e Itamar Franco assumiram a Presidência pelo acaso, pela "fortuna"; tinham sido indicados para a vice-presidência como uma espécie de aposentadoria, mas a morte de Tancredo Neves e o impeachment de Fernando Collor os projetaram para a chefia do Estado. Por outro lado, Collor e Lula alcançaram o poder por méritos próprios: foram os dois que mais se empenharam nessa direção. Collor parece ter realizado o alerta que Dom João VI, ao partir para Portugal, teria feito ao filho: "Pedro, toma esta coroa antes que algum aventureiro lance mão dela". Collor lançou mão, sim. Percebeu que faltavam nomes para enfrentar a esquerda, na primeira eleição da Nova República, e planejou com cuidado e presteza os passos que o levariam à vitória. Lula foi o contrário - uma longa travessia, geralmente do deserto, a certeza de que ele jamais seria eleito (dizia Delfim Neto: se lançarem um poste contra Lula, o poste ganha as eleições) e, finalmente, a moderação, as alianças e a vitória consolidada. Talvez esses trajetos opostos nos dois lutadores - Collor açodado, Lula demorado - expliquem também por que o primeiro não durou e o segundo, sim. Lula aprendeu; Collor, não. Foi presidente de uma única edição.

Finalmente, temos dois presidentes que devem sua ascensão às armas alheias mas que, diferentes de Sarney e Itamar, foram eleitos pelo povo - e, com isso, constituem uma situação intermediária. Não chegaram ao poder por mérito próprio mas, uma vez no Palácio, procuraram construí-lo. Falo de Fernando Henrique Cardoso, escolha imperial de Itamar, e de Dilma Rousseff, decisão unilateral de Lula. Sem o apoio do antecessor, nenhum deles venceria. Aliás, nem seriam candidatos. O PSDB dispunha de nomes mais cotados do que FHC, em 1984; o PT tinha, em 2006, vários cardeais à frente da ministra da Casa Civil.

Mas FHC tem - por enquanto - uma vantagem sobre Dilma. Ele soube transformar a fortuna, a sorte, em mérito. Não foi fácil. Lembro Maria da Conceição Tavares contestando um apoiador de FHC, antes da eleição: "Mas você acha que o Fernando vai enrolar o Antonio Carlos Magalhães?" Pois enrolou. Foi favorecido pelo fato de que estava quase ombro a ombro com os demais chefes tucanos. Uma vez eleito, nenhum era maior que ele, no partido. Mas de todo modo esse, que era apenas um entre vários líderes tucanos, se tornou o líder inconteste de sua ala política, ao longo de seus dois mandatos, e continua sendo o referencial maior do partido - simplesmente, porque, até hoje, nenhum tucano voou tão alto.

Contudo, essa conversão da sorte em mérito não aconteceu - ainda? - com Dilma. A referência maior do PT continua sendo Lula. Ele respeita a sucessora. Jamais avançou sobre suas prerrogativas. Contudo, a personalidade dela ainda precisa ser consolidada. O ano difícil que ela está vivendo dificulta ou atrasa essa tarefa.

Tanto Lula quanto Dilma foram aplaudidos pela oposição ao assumirem o governo. Lula se empenhou na reforma da Previdência, e o PSDB o apoiou nisso - mas com a finalidade de mostrar que Lula fazia a política tucana, que essa era a política certa, o que por sua vez criaria uma distância entre Lula e quem votou nele para romper com o tucanato. Dilma demitiu ministros suspeitos, e a oposição a saudou por isso - mas com a finalidade de criar uma cunha entre ela e Lula, entre ela e o PT, e de dizer que ela reconhecia, afinal, que seu partido era corrupto. Os dois "apoios" foram, assim, apenas táticos: pretendiam esvaziar os dois presidentes petistas. Foram dados por esperteza. Mas não tiveram nenhum efeito. Não ajudaram, nem prejudicaram.

O fato é que, de alguns meses para cá, a Presidência enfrenta uma crise. As medidas econômicas são criticadas. A baixa dos juros, certamente uma das iniciativas mais importantes na área, é frontalmente contestada. O alto peso das commodities em nossa pauta de exportações, a desindustrialização do país e o elevado número de manufaturados que hoje importamos preocupam. Três candidatos já se perfilam para desafiar a incumbente no ano que vem. Embora hoje ainda seja provável uma vitória de Dilma - no segundo turno - a situação pode mudar até o fim de 2014 e, pelo menos, demandará muita energia política.

Na verdade, o que está em jogo não é apenas o pleito do ano que vem. De pouco serviria à esquerda um segundo mandato de Dilma nos moldes do segundo de FHC, que não agregou quase nada ao que ele tinha realizado nos primeiros quatro anos de governo. Há tarefas cruciais pela frente. A questão é se a presidente será capaz de realizá-las. Ela não é uma comunicadora como Lula, mas sua tarefa já não depende de se comunicar bem e, sim, de organizar o poder. Talvez o mais difícil seja unir uma agenda política e social, que se escora na inclusão social, e uma econômica, que obedece a outra lógica. A primeira agenda é de esquerda. A segunda, sendo capitalista, tende à direita. Conciliar as duas, ou usar a economia como meio para atingir fins sociais e políticos, não é coisa fácil. Mas essa dificuldade não é só de Dilma. Quem quer que vença as eleições de 2014 terá esse mesmo problema pela frente.

Luli Radfahrer

folha de são paulo

Sonhar mais um sonho impossível
Serviços de crowdfunding e prêmios de incentivo estimulam o debate, inspirando novos inventores
Muito antes de a tecnologia de ponta ser o sonho de qualquer empreendedor-modelo-e-atriz, ela era coisa de militares. As fronteiras distantes pertenciam às coroas e aos governos capazes de bancar as gigantescas empreitadas de conquistá-las.
O resultado foi uma pasmaceira que, por preguiça, muitos chamam de capitalismo, comunismo ou qualquer definição reducionista usada por quem não se contentava com o estado das coisas mas tinha preguiça de mudá-las. Como só havia uma força capaz de promover a mudança, esta só acontecia com guerras, crises ou revoluções.
É nesse aspecto que os prêmios de estímulo são importantes. Criados por associações independentes, eles atribuem somas consideráveis em dinheiro a quem promove o progresso. Fama e dinheiro, afinal, apelam para os impulsos primitivos dos corações mais nobres.
Mais do que filantropia, esse tipo de prêmio é um investimento. Ao estimular a competição, ele agrega talentos em laboratórios de pesquisa cujo custo superaria em muitas vezes o valor premiado.
O conceito existe desde 1714, quando ingleses colocaram a ideia em prática para calcular a longitude. Em 1919, o empresário francês Raymond Orteig propôs US$ 25 mil para o primeiro voo sem escalas entre Nova York e Paris. O prêmio estimulou nove equipes a fazer em conjunto um investimento 16 vezes maior. O vencedor, Charles Lindbergh, mudou a história da aviação.
Ao contrário do Nobel e de outros Oscars da ciência, o incentivo não é posterior nem submetido a comitês ou a critérios subjetivos. O desafio é claro, e a conquista, palpável. Nos últimos anos, a facilidade de acesso à tecnologia e a crise mundial aumentaram a sua popularidade. O X Prize é o mais audacioso. Criado pelo empreendedor Peter Diamandis, ele oferece prêmios volumosos às equipes que construírem projetos dignos de ficção: foguetes pequenos, precisos e econômicos; formas eficientes de limpar o óleo no oceano; dispositivos portáteis de diagnóstico médico, entre outros.
O resultado é rápido: vencedora de um X Prize, a companhia aérea Virgin desenvolveu a primeira rota comercial que leva pessoas comuns à estratosfera, até então domínio de aviadores em ônibus espaciais. Depois de dois dias de treinamento e avaliação física, quatro passageiros e dois pilotos voarão a 30 mil pés de altura, chegando a uma velocidade quatro vezes superior à do som. Ainda nesta década.
Na mesma linha, o Google Lunar X Prize dará US$ 20 milhões à primeira equipe que colocar um robô na Lua capaz de andar mais de 500 metros e transmitir vídeo de alta definição a partir de lá.
A competição envolve equipes de países como Estados Unidos, Canadá, Itália, Holanda, Rússia, Índia, Romênia, Chile e Brasil.
Nossa equipe, a SpaceMETA, é liderada pelo genial Sérgio Cabral Cavalcanti, pesquisador da UFRJ e responsável por uma incubadora em Petrópolis. Entre outras ideias, ela pretende usar etanol como combustível do foguete.
Não se pode chegar ao futuro reclamando nas redes sociais. Serviços de crowdfunding e prêmios de incentivo estimulam o debate, inspirando novos inventores a romper a incabível prisão, voar num limite improvável e até, quem sabe, tocar o inacessível chão. É inspirador.

Tv Paga



Estado de Minas: 06/05/2013 


TV PAGA » Na estrada de kombão


O Canal Futura estreia hoje, às 20h, o reality show Os hermanos perdidos no Brasil, acompanhando três jovens, de três países da América Latina, que nunca haviam se visto antes, em uma viagem pelas estradas brasileiras durante um mês. E o detalhe: o publicitário uruguaio Tati, o músico argentino Nacho e o estudante paraguaio Beto viajam a bordo de uma Kombi 1972. Que aventura!

Reality show desafia 14
chefs da América Latina

Outra novidade de hoje na telinha é Cozinheiros no limite, reality show que desafia 14 jovens chefs da América Latina numa competição gastronômica de dar água na boca e um belo prêmio para o vencedor. Confira às 22h na Fox Life.

Maquiagem e efeitos
especiais na tela do Syfy


O canal Syfy também aposta em reality show, mas com a estreia da quarta temporada de Face off, com 12 profissionais de maquiagem e efeitos especiais. No primeiro episódio, o convidado é o ator John Rhys-Davies, conhecido por interpretar o anão Gimli da trilogia O senhor dos anéis.
No ar às 22h.

A popstar Cyndi Lauper
abre a porta de sua casa

E mais um reality, ufa! Desta vez no VH1, às 22h30. A curiosidade é que a cantora Cyndi Lauper  vai comandar o Fora do comum, em que a estrela da música pop e supermãe escancara sua vida incontrolavelmente caótica, frequentemente cômica e verdadeiramente multifacetada.

Mulheres também são
capazes de canalhices


Mudando finalmente de gênero, o canal GNT estreia, às 23h, a série de humor As canalhas, que se passa em um salão de beleza onde as clientes contam suas intimidades sem pudor. No primeiro episódio, o público conhece as canalhices de uma quarentona que seduz um colega de escola da filha adolescente.

Globo News abre Ano
da Alemanha no Brasil


Em homenagem ao ano da Alemanha no Brasil, que começa a ser comemorado oficialmente este mês, a Globo News prepara uma série de programas especiais sobre o tema. Os quatro primeiros vão ao ar a partir de hoje, em diversos horários, nas edições de Mundo S/A, Jornal das dez, Globo news especial e Almanaque.

Ação, drama e comédia
no pacotão de cinema


Por fim o pacote de filmes, com destaque para a estreia de Xingu, às 22h, no Telecine Premium – é aquele mesmo longa exibido pela Rede Globo como minissérie em sua programação de fim de ano, em dezembro. Na mesma faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: Atraídos pelo crime, na HBO HD; Viagem 2: a ilha misteriosa, na HBO 2; A fonte das mulheres, no Max; Quando você viu seu pai pela última vez?, no Sony Spin; Queime depois de ler, no Studio Universal; 88 minutos, na MGM; Jackass 3, no FX; e O jovem Frankenstein, no TCM. Outras atrações da programação: Semeando o ódio, às 20h30, no Telecine Cult; Bobby, às 21h, no Cinemax; Amor por acaso, às 22h30, no Megapix; e Loucos do Alabama, também às 22h30, no Comedy Central.

Como é bonito, Benito! - Ana Clara Brant‏

Aos 71 anos, cantor, pianista e compositor reclama do preconceito da própria classe com os ditos artistas populares e confessa que seu DNA cigano se manifestou desde menino 


Ana Clara Brant

Estado de Minas: 06/05/2013 



Não é qualquer pessoa que recebe uma homenagem de Luiz Gonzaga e ganha de presente uma música do Rei do Baião. “Nem com os Beatles isso ocorreu. Sou mais importante do que eles”, brinca o cantor, compositor e pianista Benito di Paula, de 71 anos. Em 1977, Gonzagão compôs a música Chapéu de couro e gratidão, em que entoava: “Como é bonito, Benito”. Aliás, este não é o nome de verdade do artista nascido em Nova Friburgo, Região Serrana do Rio, que foi batizado como Uday Velloso. De família cigana por parte de pai, ele conta que ninguém mais o chama assim há anos. “Se chamarem, nem atendo. É um nome indiano e diferente. Significa ‘chefe da tribo’”, revela.

O nome Benito foi sugerido por um português, proprietário de um hotel e de uma boate em sua cidade, que considerava Uday inapropriado e pouco sonoro para a televisão. “Fizeram uma enquete e ficou Benito. E, como era italiano, sugeri o di Paula. Virei Benito mesmo, não tem jeito”, recorda.

Há quatro décadas na estrada, o cantor considera que começou um pouco tarde e foi muito influenciado pelo pai, que, quando não estava trabalhando como ferroviário, gostava de se aventurar na música, seja tocando adordeom, violão de sete cordas ou cavaquinho. “Todo mundo lá em casa sempre gostou desse negócio de cantar e tocar. Tenho, inclusive, um irmão, o Ney, que se apresenta comigo. E meu filho, Rodrigo Velloso, está indo pelo mesmo caminho, lançou dois CDS. É algo que está no sangue”, acredita.

O DNA cigano se manifestou desde menino, pois, apesar de ter residência fixa em São Paulo há anos, ele gosta mesmo é de viajar. E não poderia ter escolhido outra profissão. “Cada dia estou num lugar diferente. Fiz um show outro dia em Recife para 80 mil pessoas, depois fui para o Ceará. Agora, vou para o interior paulista. Meu negócio é rodar mesmo”, afirma. E, embora não esteja sempre aparecendo na imprensa, especialmente na televisão, que ele considera ruim, diz não ligar para esse descaso da mídia. O cantor conta que chegou a ter um programa na TV, Benito di Paula e seus convidados – Brasil Som 75, na Tupi, mas não suportou. “Era muito jabá. Meu negócio é show, público, ginásio, é viajar. Fiquei muitos anos sem gravar e voltei a fazer trabalho ao vivo há três anos, porque meus filhos insistiram. Ninguém liga para a cultura neste país”, brada.

Legião de fãs

Com seu inseparável piano e sempre de terno, Benito di Paula também lamenta o preconceito que sofreu ao longo dos anos por alguns setores, apesar de assegurar que não liga e que isso nunca o atrapalhou a continuar o seu processo criativo. Faz questão de exaltar seu trabalho e diz que, se tem tanto tempo de carreira e uma legião de fãs, inclusive no exterior, é porque tem talento. “Ninguém pode discriminar ninguém. Mas tem uma canalhada que não está nem aí. E até alguns artistas são assim. Você já viu algum colega elogiar o outro? Estou sempre falando bem de Gonzagão, Tom Jobim, Chico Buarque. Faço questão mesmo. Tem uma turma aí que fala mal de mim, antes mesmo de me conhecer. Um bando de covardes. Isso é sacanagem”, desabafa. Ele defende que, assim como qualquer outro, é um artista popular e merece respeito e reconhecimento. “Se você analisar, todo artista que tem público é popular. Tem artista mais popular do que os Rolling Stones ou do que os Beatles? Não importa se é classe A, B ou Z, ou se é Chico Buarque, Noel Rosa ou Roberto Carlos. Ninguém é menos artista do que o outro só porque canta para a elite. Isso é uma grande bobagem”, destaca.

Benito – que nos anos 1970 chegou a disputar a liderança das vendas de disco com Roberto Carlos – é autor de sucessos como Mulher brasileira, Retalhos de cetim e Charlie Brown e foi classificado por muita gente como representante do samba joia (samba tradicional com piano e arranjos românticos e jazzísticos). Mas ele mesmo refuta esse rótulo e assegura que seu estilo é o latino-americano. “Meu negócio é cubano, chá-chá-chá, bolero. Tenho sim influência do samba de Ataulfo Alves, mas acho que fui muito associado a isso porque montei várias rodas de samba em São Paulo”, justifica.

O cantor e compositor, que é autodidata, afirma que tem muito orgulho de tudo o que construiu e ainda mais vindo de uma família humilde. Ele se sente realizado por saber que tanta gente importante, inclusive estrangeiros, como Stevie Wonder, Sarah Vaughan, Ravi Shankar e o seu ídolo, o pianista Oscar Peterson, o admira. “Graças a Deus, sou um homem que conhece bem a vida. Tenho gratidão enorme pelo meu público. Pessoas espalhadas pelo mundo. Mas isso é fruto de muita ralação, dedicação. Tem gente que não dá colher de chá para mim, mas continuo aí e vou continuar”, avisa.


Perfil

. Uday Velloso (Benito di Paula)


. Nascido em Nova Friburgo (RJ), em 28/11/41 


. Maiores sucessos: Mulher brasileira e Charlie Brown


. Estimativa de vendagem em 40 anos de carreira: 25 milhões


. Disco mais recente: Benito di Paula ao vivo (2009)

Cante com Benito di Paula

. Mulher brasileira

Agora chegou a vez, vou cantar
Mulher brasileira em primeiro lugar
Agora chegou a vez, vou cantar
Mulher brasileira em primeiro lugar

Norte a sul do meu Brasil
Caminha sambando quem não viu
Mulher de verdade, sim, senhor
Mulher brasileira é feita de amor


. Charlie Brown

Eh! Meu amigo Charlie
Eh! Meu amigo
Charlie Brown, Charlie Brown...

Se você quiser
Vou lhe mostrar
A nossa São Paulo
Terra da garoa
Se você quiser
Vou lhe mostrar
Bahia de Caetano
Nossa gente boa
Se você quiser
Vou lhe mostrar
A lebre mais bonita
Do Imperial
Se você quiser
Vou lhe mostrar
Meu Rio de Janeiro
E nosso carnaval
Charlie!

Se você quiser
Vou lhe mostrar
Vinicius de Moraes
E o som de Jorge Ben
Se você quiser
Vou lhe mostrar
Torcida do Flamengo
Coisa igual não tem
Se você quiser
Vou lhe mostrar
Luiz Gonzaga
Rei do meu baião
Se você quiser
Vou lhe mostrar
Brasil de ponta a ponta
Do meu coração
Oh Oh Charlie!

Eh! Meu amigo Charlie
Eh! Meu amigo
Charlie Brown, Charlie Brown...

Eduardo Almeida Reis- Internet‏


Eduardo Almeida Reis

eduardo.reis@uai.com.br


Estado de Minas: 06/05/2013 

Graças à internet, venho conhecendo o mundo como nunca imaginei, vejo fotos de lugares que os turistas nunca viram, fico sabendo de coisas interessantíssimas e de outras nem tanto. Consultando a Wikipédia, o leitor vai aprender que a internet é o maior conglomerado de redes de comunicações em escala mundial e tem milhões de dispositivos interligados pelo protocolo de comunicação TCP/IP, que permite o acesso a informações e todo tipo de transferência de dados. De acordo com a Internet World Stats, 1,96 bilhão de pessoas tinham acesso à rede em junho de 2010, 28,7% da população mundial.

E o negócio vai por aí, mas preciso falar das maldades via internet, nas quais o tiro pode sair pela culatra. Vejamos uma das últimas. O mundo odeia a chanceler Angela Dorothea Merkel, nascida em julho de 1954: portanto, faz sessentinha ano que vem.

É odiada porque dirige a maior economia da Europa em escassos 357 mil km2, com 82 milhões de habitantes, estradas, educação, saúde pública, indústrias, produtividade, eficiência de primeiro mundo. Só a cidade de Berlim recebe, por ano, quase tantos turistas quanto o Brasil inteiro. E o território alemão, diz aqui a calculadora chinesa, é 1/23 avos do brasileiro.

Pausa para explicar que avo, em nosso idioma desde 1519, é palavra que, justaposta ao denominador, maior que dez, de uma fração, associa o ordinal correspondente e indica a divisão em partes iguais da unidade (por exemplo: 1/12 um doze avos; 3/12 três doze avos). Quer dizer: nosso Houaiss complicou a explicação de avo. E o avô pede licença para voltar à maldade feita com Angela Dorothea, tiro que saiu pela culatra: publicaram foto sua com duas amigas, as três na faixa dos 20 aninhos, inteiramente nuas, passeando num descampado.

Foto p&b que deve ser da década de 70. Pelo visto, a moça da esquerda, risonha, cabelos parecidos com os do corte atual, peitinhos que enternecem ou enterneciam, genitália honestamente pilosa, é Angela Dorothea. Maldade que saiu pela culatra porque a trinca é da melhor supimpitude e cobiçada, cobiçadíssima por todos os homens sérios do planeta.

Em tempo: IDH da Bundesrepublik Deutschland em 2012: 0,920 (muito elevado), o 5º do planeta. PIB per capita: US$ 44.555, o 19º do planeta. E a chanceler, caro e preclaro leitor, tinha um corpinho que vou te contar.

Notas salariais

Não sendo pagos por mim ou com os impostos e taxas que recolho, pouco me interessam os salários alheios. Quero mais é que todo mundo ganhe muito bem, obrigado. O Estado de Minas, edição de 19 de março, deu-nos a relação dos maiores salários do esporte bretão conforme a revista France Football.

Surpreendeu-me a renda anual do craque Neymar, porque atua nos campos brasileiros. Informa a France Football que o jovem santista fatura 20 milhões de euros/ano, parte pelo clube, parte dos patrocinadores pessoais. Não discuto seu futebol, que dizem ser “único”, mas acho estranho que, atuando no Brasil, ganhe tanto, porque os nossos estádios vivem às moscas. Vejo na tevê partidas supostamente importantes, entre times conhecidos, com meia dúzia de pagantes nas arquibancadas. Tudo bem: os rendimentos anuais do Neymar não são da minha conta.

No plano internacional, David Beckham, do PSG, ex-atleta em atuação, lidera o ranking: 36 milhões de euros/ano. Logo em seguida vem Messi, conterrâneo do papa Francisco, faturando no Barça 35 milhões. E o negócio vai por aí até chegar ao Kaká, hoje impuro depois de romper com a bispa Sônia e o apóstolo Hernandes, dois craques no faturamento “em o nome do Senhor”. Kaká, do Real Madrid, estaria faturando 14,5 milhões de euros por ano, salário bem razoável pelo futebol que vem jogando.

Com o rompimento, a episcopisa Sônia perdeu mais que 1,4 milhão de euros por ano, com a seguinte agravante: dinheiro livre de impostos. A Constituição Cidadã garante.

O mundo é uma bola

6 de maio de 1543: Francisco Xavier chega a Goa para evangelizar, conforme lhe pediu João III, rei de Portugal. Co-fundador da Companhia de Jesus, Francisco de Jaso y Azpilicueta (1506-1552), foi canonizado como São Francisco Xavier, nome da cidade em que nasceu; João III (1502-1557), o Piedoso, o Pio, filho de dom Manuel I, o Venturoso, não teve piedade da rainha consorte, Catarina de Áustria, que lhe deu 10 filhos. Barbudo, João III reinou de 1521 até morrer. Tinha noções de matemática, astronomia, geografia e grego. Foi educado em latim e nos clássicos pelo bispo de Vizeu, o espanhol Diogo Ortiz de Villegas.

Manteve a equipe de governo de seu pai. Extremamente religioso, durante o seu reinado viu surgirem Sá de Miranda, João de Barros, Bernardim Ribeiro, Garcia de Rezende e ninguém menos que Luiz Vaz de Camões.

Em 1682, Luís XIV, da França, transfere a corte para Versalhes. Palácio muito bonito, mas não tinha banheiros. E o pessoal vivia, e os reis reinavam sem chuveiros elétricos e tronos de louça branca.

Hoje é o Dia da Coragem, do Matemático e do Cartógrafo.

Ruminanças
“Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado estão com os idiotas de ambos os sexos” (Nelson Rodrigues, 1912-1980).

Bagunça na praia - Marcos Augusto Gonçalves

folha de são paulo

Parque Villa-Lobos está melhor e bem cuidado, mas não separa ciclistas e pedestres, que é básico
"Que palhaçada essa caxirola, que aplique!" Ia pensando eu, na manhã de quarta-feira, Dia do Trabalho, sobre esse palpitante tema nacional, enquanto caminhava na direção do parque Villa-Lobos, zona oeste de São Paulo.
Creio já ter dito aqui que para mim, a verdadeira praia de paulista não é o shopping, e sim o parque. Ok, o shopping é a praia indoor. O parque é a praia ao ar livre.
São Paulo tem ganhado mais e melhores parques nos últimos anos. O Villa-Lobos é um deles. Aquela área inóspita, de vegetação rala, que mais afugentava do que convidava as pessoas, mudou bastante. Árvores cresceram, a grama ficou bacana e o lugar está bem cuidado.
Para melhorar o pedaço, a avenida Prof. Fonseca Rodrigues, continuação da Pedroso de Morais, que passa em frente ao parque, ganhou uma extensa faixa compartilhada para bike e pedestres no canteiro central. No feriado, além do mais, funcionava a ciclofaixa de lazer.
A avenida, com tanta gente esportiva andando e correndo para lá e para cá, me fez lembrar os calçadões da orla carioca. Obviamente sem aquele marzão e aquela natureza toda. Mas estava astral, céu azul, cheio de verde e figuras transadas circulando.
O parque Villa-Lobos é a minha praia em São Paulo. Moro perto, vou sempre. As tribos que ali frequentam, se dividem basicamente em gente que caminha ou corre, que patina ou usa skate, que faz piquenique ou leva criança para brincar, e que anda de bicicleta. A dificuldade nos dias mais frequentados está justamente em distribuir esses usos de maneira civilizada e pacífica.
O principal problema, por corriqueiro que pareça, é a separação básica entre ciclistas e pedestres. Em tese, seria simples resolver, mas no país da caxirola essas coisas acabam parecendo difíceis. Não gosto da ideia de microcosmos representativos do todo, tipo "o parque como metáfora do país". Mas um pouco, pelo menos, tem a ver.
No caso do Villa-Lobos temos o seguinte:
1 "" Uma regra ambivalente. O uso exclusivo da ciclovia por ciclistas só é obrigatório nos finais de semana e feriados. Portanto, tem dia que pode andar em qualquer pista e tem dia que não pode. Nas férias escolares, por exemplo, o parque atrai mais gente nos dias de semana ""e as bicicletas disputam espaço com os pedestres em todos os lugares.
2 "" Informação e sinalização precárias. Embora conte com uma programação visual tipo bonitinha, a informação sobre o uso da ciclovia é discreta, difícil de ver. E a pista não é bem demarcada.
3 "" Falhas de arquitetura nos acessos e nos traçados. Há diversas escadas pelas quais o público entra no parque através da ciclovia! E o traçado do circuito chega ao cúmulo de cruzar de ponta a ponta a principal área de acesso, a do portão principal. Confusão generalizada. Um detalhe: o estacionamento para ciclistas na área do bar fica na pista de pedestres.
4 ""Na tentativa de ordenar a bagunça, que poderia ser resolvida com medidas simples, todo um aparato de gambiarras e vigilantes é mobilizado no fim de semana. Não seria preciso nenhum gênio da arquitetura para redefinir os traçados com um mínimo de funcionalidade.
Por que, então, isso não é feito? Será um problema só do Villa-Lobos ou a dificuldade para resolver questões simples de maneira objetiva faz parte, em sentido mais amplo, de nossa grande praia nacional?

    Sono desregulado, mais enxaqueca-Vilhena Soares‏

    Proteína ligada à síndrome que leva as pessoas a dormirem em horários incomuns pode também ser a causadora de fortes dores de cabeça, diz estudo


    Vilhena Soares


    Estado de Minas: 06/05/2013 


     Uma noite maldormida pode ter ligação com dor de cabeça? Sim, aponta uma pesquisa realizada por cientistas de universidades americanas. Após um estudo feito com uma família que apresentava problemas de enxaqueca e distúrbios de sono, os pesquisadores conseguiram identificar uma mutação genética que seria uma das responsáveis pelas fortes dores. A descoberta pode ajudar a encontrar novos medicamentos que combatam esse mal, geralmente ligado a causas genéticas.

    O trabalho, publicado na revista Science Translational Medicine, teve início depois de queixas de uma família que não conseguia dar fim às constantes enxaquecas que a atingiam. “Ao analisar a história desses familiares, descobrimos que eles não só tinham enxaqueca, mas também a síndrome da fase do sono avançada. Todos os membros afetados adormeciam muito no início da noite e acordavam muito cedo pela manhã”, explica Andrew Charles, um dos autores do artigo e professor do Departamento de Neurologia da Universidade de Los Angeles. “Essa família passou por uma série de exames, tanto físicos como neurológicos. Constatamos uma mutação na substância caseína quinase 1 delta, uma importante proteína, responsável pelo controle do ciclo do sono”, conta Charles.

    Após essa descoberta, os pesquisadores desconfiaram de que a mutação poderia ser a responsável pelas dores de cabeça. A partir daí, outra família que se queixava dos mesmos problemas (distúrbios do sono e enxaquecas) passou pelos mesmos exames, e a presença da mutação na caseína quinase 1 delta foi novamente encontrada. Seria então essa falha a responsável pelas dores de cabeça? Para constatar a desconfiança os pesquisadores resolveram testar a substância em ratos.

    Teste animal Os cientistas injetaram a proteína encontrada nos pacientes em metade dos ratos de uma mesma ninhada. Depois, eles foram colocados em gaiolas, em círculos de claro-escuro que duravam 12 horas. Depois de alguns dias, os cientistas notaram que os animais com a mutação demonstraram as mesmas características de pessoas com dores de cabeça. “Notamos um aumento da sensibilidade aos estímulos sensoriais (tato e temperatura), semelhantes aos mostrados por pacientes com enxaqueca durante um ataque, e também um aumento da propensão para a depressão alastrante cortical – uma onda de atividade que se espalha pela superfície do cérebro, que seria a responsável pela enxaqueca”, explica Charles.

    Outra observação foi uma alteração na sinalização em células chamadas astrócitos cerebrais, as quais os autores acreditam ter relevância nas causas das dores de cabeça. “Apesar de não acreditar que os ratos realmente têm enxaqueca, os animais demonstraram traços conhecidos em humanos que têm esse problema, e podem ser usados como um modelo para estudar os mecanismos básicos da doença”, ressalta o pesquisador da Universidade de Los Angeles.

    A neurologista do Hospital Universitário da Universidade de Brasília (HUB) Renata Pachota, que não participou do estudo, explica por que a mutação da proteína caseína quinase 1 delta interfere no sono. “O principal papel do gene é produzir proteína. Quando você tem uma mutação, como a observada nesse estudo, ela produz de maneira errada. Toda proteína deve agir como chave e fechadura. Quando temos uma mutação, ela produz uma chave errada, que perde o valor. Nesse caso, essa mutação não produz o sono como deveria”, detalha a especialista.

    Ela ressalta que o experimento americano, apesar de ser interessante, deixa uma pergunta no ar. “Uma coisa que ainda precisa ser respondida é como a mutação da caseína quinase 1 delta age no organismo dessas pessoas em relação à dor de cabeça. Isso precisa ser mais estudado, para que possamos avançar nas descobertas da área e definir melhor as causas do desconforto”, avalia a neurologista.

    Tipo específico Segundo os autores do estudo, a mutação genética encontrada seria responsável por um tipo específico de enxaqueca, e não todas as variações desse tipo de dor. “Os genes foram clonados para um tipo específico de enxaqueca, a hemiplégica familiar, mas isso é completamente diferente da forma típica desse problema”, detalha Louis Ptacek, coautor do trabalho e professor do Departamento de Neurologia da Universidade de São Francisco.

    Essa forma de enxaqueca é rara, segundo explica a neurologista do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) Adriana Barros. “Esse é um subtipo que tem como característica uma fraqueza na metade do corpo”, diz. De acordo com a especialista, estudos sobre essas dores de cabeça costumam investigar causas genéticas do mal. “Na verdade, a enxaqueca tem a hereditariedade como fator importante, apesar de não ser a causa geral. Por isso, estudos nessa área têm o componente genético como um peso maior”, explica Barros.

    Uma das partes mais importantes da pesquisa, de acordo com os pesquisadores americanos, é mostrar que problemas do sono estão relacionados, de alguma forma, a essa variação de dor. “A enxaqueca tem um componente genético significativo, e é provável que existam muitos genes diferentes que podem contribuir para a ocorrência em diversas famílias. Nossos estudos mostram que alterações em vias de sinalização do cérebro que regulam o sono também podem predispor a enxaqueca”, complementa Andrew Charles.

    O grupo de cientistas acredita que, com essa descoberta, métodos mais eficientes para tratar a doença poderão surgir. “Uma melhor compreensão dos genes e vias moleculares envolvidos na enxaqueca pode nos levar a tratamentos específicos, individualizados”, acredita Charles. “Nossas pesquisas vão continuar e buscarão entender os caminhos do cérebro pelos quais a mutação caseína quinase 1 delta leva à enxaqueca”, completa. “É um primeiro passo para entender o que causa a enxaqueca. Sabemos muito pouco, e essa é apenas uma janela para tal entendimento. Queremos construir uma melhor compreensão, que seja capaz de gerar um melhor diagnóstico e tratamento, mesmo sabendo que essa busca vai levar tempo”, finaliza Ptacek.

    Fora de hora

    A síndrome da fase do sono avançada está relacionada ao relógio biológico. O distúrbio faz com que a pessoa atrase ou adiante o horário de início de sono. No avanço de fase, a pessoa tem sono muito cedo, mais que três horas antes que o horário socialmente convencional, e acorda de madrugada, após o número de horas de sono de que necessita. No atraso de fase ocorre o contrário. Não há alteração na qualidade nem na quantidade de sono, mas a pessoa pode ter dificuldade para se adequar ao horário das atividades diárias, como a escola e o trabalho.

    Incapacitantes


    As enxaquecas são dores de cabeça que começam, em geral, em apenas um lado, e costumam ser acompanhadas de outros sintomas, como náusea, vômito e visão distorcida. Chegam a incapacitar quem as sente, impedindo a pessoa de trabalhar ou até mesmo realizar atividades simples do cotidiano. Apesar das pesquisas médicas intensivas, não se sabe por que algumas pessoas estão sujeitas à enxaqueca nem o que as desencadeia.

    Efeito duplo


    Pesquisa analisa se proteína que altera os padrões do sono também pode provocar a enxaqueca

    O projeto começou quando um dos autores do estudo encontrou uma família que tinha problemas com enxaqueca. Ao analisar a história, ele descobriu que os pacientes também tinham a síndrome da fase do sono avançada. O cientista decidiu, então, analisar se os problemas tinham alguma ligação

    EXPERIMENTO 1
    1 - Os 14 integrantes da família foram submetidos a uma série de exames físicos e neurológicos e entrevistados sobre episódios de enxaqueca e de problemas relacionados ao sono

    2 - Por meio desses exames, os cientistas identificaram uma mutação na caseína quinase delta 1, uma proteína que controla o ciclo do sono. Com esse achado, eles partiram para a segunda parte do estudo: em ratos

    EXPERIMENTO 2


    >> Foram usados 14 ratos. Metade recebeu a aplicação de mutações da caseína quinase delta 1 semelhantes às encontradas na família com problemas de sono


    >> Os animais foram alojados em salas de temperatura controlada, sob um ciclo de claro-escuro de 12 horas


    >> Os pesquisadores descobriram que os ratos com as mutações da proteína apresentaram padrões de atividade cerebral semelhantes aos observados nos pacientes com enxaqueca, assim como sensibilidade à luz e ao ruído


    >> Em particular, os animais tiveram um aumento da propensão para a depressão alastrante cortical — uma onda de atividade que se espalha pela superfície do cérebro e que é apontada como causa da enxaqueca


    >> Foi notada alteração na sinalização das células astrócitos cerebrais. Os pesquisadores especulam que essas estruturas desempenhem um papel importante na causa da enxaqueca


    >> As cobaias receberam, então, um tratamento com medicamentos de combate à enxaqueca e apresentaram melhoras dos sintomas

    Decisões de ministro dão alento a réus do mensalão

    folha de são paulo

    Teori Zavascki defendeu no STJ teses adotadas pelos condenados no STF
    Recém-chegado ao Supremo, ministro é principal aposta dos advogados para tentar reverter condenações
    FLÁVIO FERREIRADE SÃO PAULOEm 2010, quando o ministro Teori Zavascki estava no Superior Tribunal de Justiça, uma intervenção sua ajudou a livrar do crime de formação de quadrilha um conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná acusado de participar de um esquema de corrupção.
    Em 2011, ao julgar uma autoridade que recebera dinheiro desviado de uma fundação ligada ao governo do Espírito Santo, o ministro livrou-a do crime de lavagem de dinheiro, por não encontrar provas de que ela tentara esconder a origem dos recursos.
    Agora, essas opiniões de Zavascki alimentam as esperanças dos principais réus do mensalão de que conseguirão reverter algumas das condenações impostas pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do ano passado.
    O STF deverá começar a analisar nos próximos dias os primeiros recursos apresentados pelos réus, e Zavascki poderá assumir papel decisivo nessa etapa do processo.
    Recém-chegado ao tribunal, onde tomou posse em novembro, o ministro é o único na atual composição do Supremo que não participou do julgamento do mensalão. Ele evita entrevistas e é considerado por muitos observadores do tribunal uma esfinge.
    Mas as manifestações de Zavascki nas raras oportunidades em que lidou antes com os mesmos crimes analisados no julgamento do mensalão sugerem que ele pensa parecido com os colegas que no ano passado votaram para absolver os réus.
    No caso de 2010, Zavascki alertou para o risco de "banalização" da figura penal da formação de quadrilha e disse que muitas vezes o mais apropriado seria enquadrar os réus como coautores de crimes, o que geralmente resulta em penas mais brandas.
    Zavascki foi didático nos debates. "O cometimento de crimes, ainda que por mais de três pessoas, não significa que tenha sido mediante formação de quadrilha", disse. "[O delito] supõe uma organização, uma reunião estável de caráter duradouro e permanente para cometer crimes."
    No julgamento do mensalão, o mesmo argumento foi usado por quatro ministros que votaram pela absolvição do ex-ministro José Dirceu e de outros oito réus acusados de formação de quadrilha.
    Eles foram vencidos pela maioria, e os réus foram condenados. Mas a decisão foi apertada, e por isso os condenados irão apresentar recursos que poderão levar a novo julgamento da questão.
    No caso julgado pelo STJ em 2010, Zavascki convenceu um de seus colegas a mudar de opinião --o ministro Luiz Fux, que tempos depois deixou o tribunal para assumir uma cadeira no STF e foi um dos mais duros com os réus do mensalão no ano passado.
    Para os advogados que atuam no processo, o caso de 2010 sugere que Zavascki será muito rigoroso na hora de avaliar as provas existentes no processo do mensalão e a natureza das relações entre os participantes do esquema.
    No caso de Dirceu, condenado a mais de 10 anos de prisão, a absolvição do crime de formação de quadrilha permitiria que escapasse do regime fechado e cumprisse a pena em regime semiaberto, em que poderia ser obrigado a apenas dormir na prisão.
    A opinião manifestada por Zavascki no STJ em 2011, sobre o crime de lavagem de dinheiro, foi citada no julgamento do mensalão pelo ministro Dias Toffoli, que usou a tese para absolver cinco acusados de praticar o crime.
    Naquela ocasião, Zavascki disse que uma pessoa só pode ser condenada por esse crime se ficar comprovada sua intenção de esconder a movimentação de recursos resultantes da prática de crimes.
    No caso do mensalão, quatro ministros votaram pela absolvição do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) e de outros dois réus que receberam dinheiro do esquema por achar que eles não sabiam da origem ilícita dos recursos nem tentaram ocultá-los.
    Essa questão voltará a ser examinada pelo Supremo se o tribunal aceitar os chamados embargos infringentes, recursos que os condenados ainda irão apresentar para tentar reabrir casos em que as decisões foram muito apertadas. Se João Paulo e os outros dois réus tiverem sucesso, suas penas poderão diminuir de forma significativa.

      Tecnologia inovadora para o óleo de candeia-Cristiana Andrade‏

      Equipe da Ufop é premiada por desenvolver forma inédita de beneficiar material extraído de planta, muito usado em perfumaria nas indústrias de cosméticos e farmacêuticas 


      Cristiana Andrade

      Estado de Minas: 06/05/2013 

      Alunos da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) foram os grandes vencedores do Idea to Product Latin America 2012 (I2P), competição de inovação e tecnologia entre estudantes latino-americanos, promovida no Brasil pelo Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas (FGVCenn). Os estudantes apresentaram uma tecnologia inovadora de beneficiamento do óleo de candeia, muito usado em indústrias farmacêuticas, cosméticas e de fragrâncias. A tecnologia é também ambientalmente favorável, pois todos os compostos usados no processo podem ser reciclados e reutilizados.

      Segundo a professora Patrícia Robles Dutenhefner, coordenadora do grupo de pesquisa alocado no Departamento de Química da Ufop, a tecnologia de beneficiamento do óleo de candeia tem o objetivo de obter os óxidos de bisabolol A e B em altos rendimentos. “Isso se dá por meio da modificação química do alfa-bisabolol, constituinte majoritário do óleo de candeia. Em geral, todos os derivados dos óleos essenciais têm ampla aplicação, como insumos de demanda da indústria química”, explica. O alfa-bisabolol tem propriedades antibacterianas e seus óxidos podem apresentar também potenciais propriedades organolépticas, aquelas que podemos perceber pelo cheiro, textura, sabor etc.
      A tecnologia está sendo desenvolvida há dois anos e é tema do curso de mestrado de um dos quatro alunos envolvidos no projeto, das áreas de engenharia de materiais, química e catálise. Os demais estudantes trabalham como colaboradores. O estudo é resultado da aplicação de uma experiência da equipe em conjunto com as iniciativas pessoais dos estudantes e derivado do apoio ao longo dos anos por parte de agências de fomento como Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesqusia do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

      O grupo, segundo Patrícia, foca várias linhas de pesquisa, com destaque para o desenvolvimento de materiais com propriedades especiais para serem usados como catalisadores. “Outra vertente de nossos estudos consiste na aplicação desses materiais em reações de interesse para a química fina. O grupo é diverso, com estudantes de graduação desenvolvendo seus projetos de iniciação científica e os estudantes de pós-graduação com suas dissertações de mestrado”, acrescenta.

      Para obter o óleo e dar início ao desenvolvimento da tecnologia de seu processamento, os estudantes usam madeira da candeia proveniente de manejo sustentável, que é colhida e colocada em pátios da universidade, em lotes identificados para facilitar o rastreamento de sua origem, atendendo a norma ISO-9002. “Depois, a madeira é transformada em pequenos cavacos. A extração do óleo ocorre pela aplicação de vapor d’água a pressão elevada em uma autoclave metálica. Nossa tecnologia é voltada para obtenção de derivados do alfa-bisabolol, os quais são insumos de grande interesse industrial. Dessa forma, há a possibilidade real de agregar valor ao óleo de candeia”, diz Patrícia.

      Os óxidos de bisabolol A e B estão presentes em alguns óleos essenciais, como no óleo de camomila, por exemplo. Porém, os rendimentos alcançados na extração dos óxidos de plantas como a camomila são baixíssimos, em torno de 0,5%. “Dessa forma, propomos um processo inovador de obtenção desses insumos por meio de uma rota sintética com elevados rendimentos”, explica Patrícia.

      As principais importâncias do óleo de candeia estão vinculadas às suas excelentes propriedades anti-inflamatória, antibacteriana, cicatrizante, calmante e desodorizante, além de o óleo não causar irritação e/ou sensibilização da pele, tornando-se assim um insumo de grande importância para a indústria. Por isso, esse material é usado em diversos produtos do nosso cotidiano, como xampu, loções pós-barba, creme para pele, protetor solar, batons, entre outros.

      Um dos incentivos ainda maiores para essa tecnologia desenvolvida em Ouro Preto é o fato de o setor da beleza apresentar números cada vez mais positivos: em 2011, ele movimentou aproximadamente R$ 30 bilhões, com um crescimento de 18,9% em relação ao ano anterior, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). A coordenadora do grupo de pesquisas diz que a técnica desenvolvida na Ufop pode ser usada por grandes indústrias cosméticas e farmacêuticas, mas, devido ao fato de a universidade ainda não ter uma unidade-piloto para a produção dos óxidos de bisabolol ainda não obtiveram uma prova de conceito junto à cadeia produtiva, pois a tecnologia ainda é incipiente.

      VISIBILIDADE Questionada sobre a importância do prêmio, Patrícia diz que desenvolver tecnologias nesse setor é desafiador, primeiramente pelo fato de o Brasil ser um grande produtor de diversos óleos essenciais, inclusive o de candeia, e não dispor de tecnologias eficientes para agregar valor a esses óleos. “Por isso, somos obrigados a exportá-los e importar seus derivados para abastecer a indústria nacional. Desta forma, o desenvolvimento de uma tecnologia de beneficiamento de óleo de candeia pode trazer benefícios ao Brasil, invertendo a balança comercial deste setor. Além disso, o mercado mundial de óleos essenciais e seus derivados constitui um dos ramos industriais mais promissores e aquecidos da economia moderna”, pontua. Além disso, Patrícia Robles não esconde o orgulho da premiação: “Todas as ações envolvendo o crescimento da visibilidade da Ufop em diversos setores do conhecimento com certeza são louváveis. A universidade tem diversos talentos que têm resultado no aumento dessa visibilidade.” A continuidade do projeto consiste na otimização da tecnologia.

      ÓLEO POTENTE

      O óleo de candeia é direcionado para produção do alfa-bisabolol, que por sua vez é empregado na formulação de fármacos e cosméticos por apresentar algumas propriedades biológicas como ação bactericida, fungicida, cicatrizante etc. Já os derivados do alfa-bisabolol têm propriedades superiores e potencializadas, além de apresentar aroma floral agradável. O óleo de candeia é largamente produzido no Brasil em virtude de grande ocorrência da árvore no país. “Já o cenário da produção do alfa-bisabolol e seus derivados é monopolista e dominado por países europeus e pelos Estados Unidos”, diz a professora da Ufop Patrícia Robles.


      A PREMIAÇÃO

      O Idea to Product Latin America contou com 39 inscritos em sua fase inicial, sendo que 15 equipes foram selecionadas para as três rodadas semifinais, no ano passado. Seis times disputaram a etapa final. Também estiveram representadas na competição as federais de Minas Gerais (UFMG), de Juiz de Fora (UFJF), de Pernambuco (UFPE), a Fundação Getulio Vargas (FGV), a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Universidade de Salvador (Unifacs), Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de Lavras (Ufla), além da Embrapa.

      Palavra de especialista

      Rene José Rodrigues Fernandes - diretor do I2P e gerente de projetos do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV


      Inovação e PIB

      “Ao longo dos últimos cinco anos, o I2P tem mostrado resultados de sucesso. A trajetória do grupo Febetech, da Universidade Federal de Ouro Preto, em 2012, e de outros concorrentes de anos anteriores, que já estão com suas tecnologias no mercado, nos fazem imaginar quantas soluções relevantes estão sendo desenvolvidas no Brasil. Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média de patentes em seus países-membros é de 60 em cada mil habitantes economicamente ativos. Por aqui, esse número é próximo de zero. Evidências empíricas mostram que há uma relação positiva no cruzamento entre a taxa de empreendedorismo e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos países. O programa Idea to Product vem, dessa forma, com o objetivo de criar uma comunicação permanente entre o universo das pesquisas e o mundo dos negócios.”