sexta-feira, 19 de julho de 2013

Quadrinhos

folha de são paulo
CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LARTE
LARTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
PRETO NO BRANCO      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
GARFIELD      JIM DAVIS

Conheça as curiosas gírias que descrevem a 'propina' pelo mundo

folha de são paulo
DA BBC BRASIL

O que as expressões "um cafezinho", no Brasil, "feijão para as crianças", em Kinshasa (Congo), "uma taça de vinho", em Paris (França) e "pequenas carpas", em Praga (República Tcheca), têm em comum?
São frases que descrevem itens da culinária desses lugares e, ao mesmo tempo, são eufemismos locais para pedidos de propina.
As expressões verbais usadas em atos de suborno diferem de um país para o outro, mas existem algumas interessantes similaridades, como descrevem os autores de um projeto sobre linguagem informal, David Henig (Universidade de Kent) e Nicolette Makovicky (Universidade de Oxford).
Abaixo, uma lista criada por eles de termos usados em várias culturas:
1. Dinheiro para sopa (turco)
Se você é parado por um policial de trânsito no norte da África o oficial pode pedir que você lhe pague sua próxima xícara de "kahwe", ou café. No Quênia, um policial poderia pedir uma contribuição para o "chá dos mais velhos" (chai ya wazee, em suaíli). Mas na Turquia, o policial diria para você lhe dar "dinheiro para sopa", ou chorba parasi - sopa é tradicionalmente um prato consumido no país depois de uma noite de bebedeira.
2. Respeito (azeri - Azerbaidjão)
Mesmo ocorrendo em plena rua ou em um escritório fechado, o ato da corrupção é sempre visto como abuso de poder e privilégio. Mas eufemismos populares frequentemente negam esta realidade e apresentam a corrupção como um comportamento altruístico, como um "favor para amigos". No Azerbaidjão, a palavra mais comum utilizada para propina é "hurmat", uma palavra que pode ser interpretada como "respeito". Um oficial requerendo suborno, nesse caso, pediria a você para "fazê-lo um favor", ou hurmaniti ela.
3. O peixe começa a feder pela cabeça (turco)
A frase "um peixe começa a feder pela cabeça" (balik bashtan kokar) vem da Turquia, relembrando que pequenos subornos de rua são sempre igualados à corrupção envolvendo grandes instituições e organizações. Oficiais mexicanos procurando ganhar pequenos "lucros" ou "porcentagens" para arranjar acordos financeiros irão pedir por uma "mordida", enquanto que os colombianos diriam "serra" (serrucho), para descrever uma porcentagem do lucro de um contrato governamental para eles mesmos.
4. Gratidão (húngaro e mandarim)
O termo corrupção implica tanto uma atitude ilegal quanto imoral. Mas em algumas regiões, o que é tecnicamente ilegal, pode ser reconhecido, de fato, como uma atitude aceitável ou até mesmo moral. Na Hungria, médicos e enfermeiros podem esperar pela "gratidão" (haalapenz) de seus pacientes, que na prática é um envelope contendo dinheiro.
Na Polônia, pequenos presentes de agradecimento são dados a burocratas que ninguém sabe exatamente quem são. Estes são chamados de "conhecidos" (znayamoshch), que são capazes de "arranjar coisas" (zalatvich spravi) para você no futuro. Na China, agentes de saúde e oficiais de governo também esperam por um "pequeno símbolo de gratidão" (yidian xinyi) por seus serviços. Enquanto na Rússia, eles dizem que você não pode "colocar um 'obrigado' no bolso" - spasibo v karman ne polozhish.
5. Debaixo da mesa (inglês, francês, persa, sueco)
Frases populares usadas para falar sobre corrupção são sempre metafóricas. A bem conhecida expressão inglesa descrevendo dinheiro passado por "debaixo da mesa", por exemplo, existe em francês (dessous de table), em persa (zir-e mize) e sueco (pengar under bordet). Outras expressões enfatizam movimento. Em húngaro, "dinheiro oleoso" (kenepenz) é pago para oficiais para "engraxar as rodas da burocracia", enquanto os russos sabem que às vezes é necessário colocar algo "na palma da mão de um oficial" (polozhit na ladon ou dat na lapu) com o objetivo de facilitar as coisas.
6. Algo pequeno (suaíli)
Vários eufemismos para corrupção e suborno trabalham para distanciar a atenção dada à ação (corruptiva) o minimizar sua importância. A expressão em suaíli kitu kidogo (pequena coisa) é um bom exemplo disso. Na Costa do Marfim, os policiais costumavam pedir por um pourboire ("para uma bebida" em francês), comparando o tamanho da propina a uma pequena gorjeta. Uma expressão brasileira para suborno - "um cafezinho" - também representa o mesmo que gorjeta.
7. Dinheiro para o chá (afegão e persa)
A popularidade universal do café e do chá como metáforas para subornos aponta outros meios de utilização de eufemismos para tentar "apagar" a verdadeira natureza da transação corrupta. No Afeganistão e no Irã, a expressão para suborno é poul-e-chai, significando "dinheiro para o chá". Nos dois países, o hábito de beber chá é uma parte essencial da vida social. Pedir "dinheiro para o chá" sugere que a propina pode ser dividida com os outros. Algumas expressões, tais como "feijão para as crianças", dão um sentido de caridade, como se estivesse sendo requisitado dinheiro para os mais necessitados.
8. 'Pagamento por questões' (inglês)
Casos de corrupção em grande escala têm seu próprio vocabulário, geralmente criado pela mídia. Como por exemplo o escândalo batizado em 1994 pelos jornais britânicos de cash for questions ("pagamento por questões"), em que políticos britânicos teriam recebido propina do dono de uma conhecida loja de departamentos para lançar debates no Parlamento com perguntas específicas. Na Itália, um escândalo para favorecer determinadas empresas privadas em contratos com o governo também ganhou denominação na mídia de tangentopoli (cidade das propinas), que é a combinação da palavra "tangente", significando "propina", e "poli" (cidade).
9. Caixa da Nokia (húngaro)
Na Hungria, o termo "caixa da Nokia" se tornou um símbolo para corrupção em 2010, quando o chefe da companhia de transporte público da capital, Budapeste, Zsolt Balogh, foi flagrado passando dinheiro para Miklos Hagyo, braço-direito do prefeito da cidade, colocado em uma embalagem de papelão de um telefone celular da marca Nokia. Isso se tornou até mesmo uma espécie de unidade de medida na moeda local: uma "Nokia box" valendo 15 mil forints (US$ 65 mil ou pouco menos de R$ 150 mil), que foi o valor da propina.
10. Pequena carpa (tcheco)
Na República Tcheca, os termos "pequena carpa" (kaprzhici) ou "peixe" (ryby), foram utilizados como linguagem codificada para um escândalo envolvendo representantes do futebol tcheco. Nas conversas entre técnicos, árbitros e jogadores, uma "pequena carpa" valia mil korunas tchecas (US$ 50 ou R$ 114), o valor de um "peixe". O eufemismo "pequena carpa" se tornou sinônimo para corrupção no país.
*Todas as traduções deste artigo são aproximadas.

Pobre Eike! - Raquel Landim

folha de são paulo
O empresário Eike Batista veio a público hoje pela primeira vez se manifestar sobre a derrocada do seu império por meio de um artigo escrito para o jornal "Valor". Aconselhado por assessores de imprensa e marqueteiros, escolheu a forma mais fácil. Escreveu o que quis e evitou perguntas que o expusessem ao contraditório.
No artigo, Eike se coloca no lugar de vítima, da mesma maneira que todos aqueles que perderam dinheiro ao comprar suas ações ou investir em seus bônus. Ele não usa a palavra vítima, mas é o que dá entender ao afirmar que estava "extasiado com as informações que me chegavam". Chega a dar pena: pobre Eike!
Eike se coloca como vítima de "consultorias de renome", que estimaram as reservas de petróleo da OGX, de "auditorias de renome", que falharam em prever que havia algo de errado com suas empresas, e de "executivos de renome", que "reafirmavam dia após dia" os prognósticos otimistas para a companhia.
Ele sugere que o mercado não teve paciência em esperar os resultados da OGX e de suas demais empresas ao dizer que "se pudesse voltar no tempo não teria recorrido ao mercado de ações", mas "estruturado um private equity que permitisse criar do zero e desenvolver ao longo de pelo menos 10 anos cada companhia".
"O texto de Eike é uma tentativa patética de se vitimar e se eximir de responsabilidade pelo fracasso operacional de suas empresas e pela conduta inconsequente diante do mercado de capitais nos últimos anos", disse à coluna Ricardo Lacerda, sócio da BR Partners e um dos banqueiros mais experientes do mercado.
Eike levantou a espantosa quantia de US$ 26 bilhões em abertura de capital de empresas e venda de participações para sócios. Desde a estreia da OGX na bolsa, em 2008, o mercado esperou quatro anos para cobrar a fatura. E só começou a penalizar Eike no ano passado, quando a OGX não respondeu às expectativas de produção.
O mercado exagera na subida e na descida. Ajudou a inflar de forma irracional as empresas do grupo EBX lá atrás, e, provavelmente, está projetando para as companhias hoje um valor inferior ao que realmente valem. Mas o fato é que, sem o mercado de capitais, Eike não teria ido tão longe.
No artigo, Eike se esquece de seus deveres de administrador. Caberia a ele desconfiar das previsões otimistas e confrontar seus executivos o tempo todo para saber quais eram as chances reais daqueles prognósticos darem certo. Caberia a ele fazer o "papel de advogado do diabo", afinal os investidores confiaram nele para tirar aqueles sonhos do papel.
Mas, pelo contrário, os relatos de executivos que trabalharam com Eike é que ele não gostava de más notícias e desafiava aqueles que vinham com previsões pessimistas, chamando-os de "calças curtas". Segundo esses relatos, Eike já contava que o mercado iria dar um desconto para suas previsões, aceitando alguma frustração.
O empresário, no entanto, tem méritos. Efetivamente apostou em projetos que o Brasil precisa e tirou dinheiro do próprio bolso para colocar em suas empresas. No texto, ele afirma que "quem mais perdeu com a derrocada no valor da OGX foi um acionista: Eike Batista". É verdade. Ele também promete que "não deixará de pagar um único centavo de cada dívida que contraiu". Menos mal. Tomara que consiga.
p.s: Aos leitores que possam ter dúvida por causa da coincidência de sobrenomes. Não tenho nenhum parentesco com Rodolfo Landim, executivo que foi o braço direito de Eike e que teve uma disputa milionária na Justiça com o empresário
raquel landim
Raquel Landim é repórter especial da Folha e escreve para o site, às sextas-feiras, sobre economia, negócios e comércio exterior. Formou-se em Jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP) e tem mestrado em Jornalismo pela London School of Journalism e em Negociações Internacionais pelo convênio PUC/Unesp/Unicamp

Gigantes da internet pressionam Obama

folha de são paulo
Empresas enviam carta ao presidente americano pedindo autorização para divulgar detalhes sobre monitoramento
Google, Facebook e outras querem tornar público o escopo dos dados de usuários entregues ao governo
DA REUTERSGrandes companhias de internet e organizações sem fins lucrativos enviaram carta ontem para pressionar o governo Obama e o Congresso americano a revelar mais informações sobre as solicitações de dados de usuários realizadas sob o argumento da segurança nacional.
Apple, Google, Facebook, LinkedIn, Yahoo, Microsoft e Twitter, ao lado de organizações como Human Rights Watch e American Civil Liberties Union, pediram mais transparência quanto à coleta de dados no documento endereçado ao presidente Barack Obama, ao secretário de Justiça, Eric Holder, e a autoridades da inteligência nacional e congressistas.
A medida é uma tentativa das companhias de tecnologia de reafirmar sua independência depois de documentos vazados por Edward Snowden, antigo prestador de serviços da NSA (Agência de Segurança Nacional), terem sugerido que elas permitem acesso direto do governo aos seus computadores.
A natureza sigilosa da coleta de dados proíbe as empresas de tecnologia de revelar seu envolvimento, quanto mais o conteúdo dos pedidos --o que as deixou em posição incômoda, especialmente porque muitas já foram criticadas pelo uso comercial de dados de usuários.
Em junho, algumas dessas companhias, entre as quais Facebook e Apple, fecharam acordo com o governo para divulgar informações sobre o número de pedidos de vigilância recebidos. Mas ficaram limitadas a revelar apenas o total de solicitações de dados nos seis meses anteriores, sem explicitar a divisão entre aquelas relacionadas a crimes e a vigilância.
Na carta enviada ontem, as empresas pedem autorização para veicular regularmente estatísticas sobre o escopo dos dados de usuários solicitados, com o número de pessoas, contas e aparelhos afetados por essas solicitações.
"Essa informação sobre como e com que frequência o governo vem usando seus poderes legais é importante para o povo americano, que tem direito a um debate público informado sobre a adequação desses poderes e de seu uso pelas autoridades, bem como para os usuários internacionais de provedores de serviços sediados nos Estados Unidos, que estão preocupados com a privacidade e segurança de suas comunicações", diz o texto.
A carta também solicita ao Congresso que aprove legislação para que o governo federal publique relatórios de transparência e permita que as empresas revelem as solicitações de dados sobre usuários sem necessidade de autorização da Justiça.
Até a conclusão desta edição, a Casa Branca e o Departamento da Justiça não haviam comentado o assunto.

    Tv Paga


    Estado de Minas: 19/07/2013 



    Dose dupla
    Um episódio duplo vai marcar hoje a estreia da série A young doctor’s notebook, às 22h, na HBO. A produção é baseada no romance do russo Mikhail Bulgakov e narra o drama de um médico que relembra a vida e carreira enquanto cuidava dos habitantes de uma cidade que se esforçava para entrar na Era Moderna. Tendo que lidar não só com as superstições e falta de conhecimento dos pacientes, mas também com seus próprios conflitos internos, o médico revela as dúvidas que teve a respeito de sua competência, bem como o peso da responsabilidade de ser um profissional de medicina. O personagem é interpretado por Daniel Radcliffe na juventude e John Hamm na maturidade (foto).

    Muitas alternativas na programação de filmes
    Tobey Maguire, Natalie Portman e Jake Gyllenhaal lideram o elenco do drama Entre irmãos, dirigido por Jim Sheridan, em cartaz hoje, às 21h30, no canal Viva. Na Cultura, o filme Seguindo em frente será reprisado às 22h, agora em versão dublada. No Canal Brasil, também às 22h, a atração é a comédia Um assalto de fé. Já o Futura exibe, em Cine conhecimento, o clássico Morangos silvestres, de  Ingmar Bergman, igualmente às 22h. Na mesma faixa das 22h, o assinante tem mais oito opções: Separações, no Curta!; Os especialistas, no Telecine Action; Cowboys & aliens, no Telecine Premium; Capítulo 27 – O assassinato de John Lennon, no Telecine Touch; Simplesmente complicado, no Universal; Um homem de sorte, na HBO 2; Em busca da fé, no Max; e O melhor amigo da noiva, no Sony Spin. Outros destaques da programação: Em minha terra, às 21h, no AXN; A escolha de Sofia, às 21h30, no Arte 1; O fim da escuridão, às 22h30, no Megapix; e Amigas com dinheiro, às 22h30, no Comedy Central.

    Documentário recria assassinato de Vlado
    Em 25 de outubro de 1975, o jornalista Vladmir Herzog apresentou-se ao órgão de repressão que imperava no regime militar durante a ditadura brasileira, DOI-CODI. Na tarde daquele mesmo dia, Vlado foi dado como morto e, segundo fontes oficiais, teria cometido suicídio na prisão. Em outubro de 1978, a União foi responsabilizada pela morte do jornalista, após processo movido por sua família. O filme Vlado – 30 anos depois, que o canal Bio exibe hoje, às 18h30, reconstitui a história de Herzog, desde sua infância na Iugoslávia até os últimos momentos como diretor de jornalismo da TV Cultura, vítima da repressão militar.

    Dynamo faz show de mágica no Discovery
    O Discovery Channel esteia hoje, às 21h40, a série Dynamo: Mágica impossível. O primeiro episódio mostra o mágico inglês Dynamo, com um número especial de levitação. Além disso, o artista muda a marca do biquíni de uma garota em Miami Beach e faz uma mágica com a lenda do rock Ian Brown.

    O som do vinil fecha especial sobre Jobim

    A obra de Tom Jobim é tão vigorosa que só poderia ser analisada em dois programas da série O som do vinil, apresentada por Charles Gavin, às 21h30, no Canal Brasil. No caso, a trilogia formada pelos álbuns Wave, Tide e Stone flower, com destaque para a parceria do gênio da bossa nova com o astro norte-americano Frank Sinatra e entrevistas com Ruy Castro e Fred Coelho. Já à meia-noite, em O estranho mundo de Zé do Caixão, o convidado é o músico Renato Teixeira. 

    Aldeia contemporânea - Walter Sebastião

    Livro exibe o projeto inovador desenvolvido por Domingos Tótora no interior de Minas Gerais. Arte e ecodesign são a base da estética criada pelo mineiro, que dá novas dimensões ao papel 


    Walter Sebastião

    Estado de Minas: 19/07/2013 

    Domingos Tótora, um dos mais originais criadores mineiros, ganha livro. Ele tem 52 anos e mora em Maria da Fé, no Sul do estado, onde desenvolve peças ousadamente singulares como vasos, mobiliário e fruteiras. Sua matéria-prima é surpreendente: massa de papel semelhante ao papel machê, alterada para ganhar alta resistência. As criações lhe valeram prêmios importantes, como o conferido pelo Museu da Casa Brasileira/SP na categoria mobiliário. Em 2011, Tótora foi considerado um dos melhores profissionais do ano pelo conceituado Design Museum de Londres.

    Não se trata apenas de um esteta. O mineiro é também referência em ecodesign. “Domingos Tótora é um designer completo”, afirma a curadora e pesquisadora Adélia Borges, autora do prefácio do livro organizado por Maria Sonia Madureira de Pinho. A especialista ressalta que o artista inventou a matéria-prima com a qual trabalha, desenvolveu processos e métodos para usá-la e mantém produção que dialoga com a sustentabilidade. Atento especialmente à ressonância social de seu projeto, Tótora valoriza sua parceria com artesãs de Maria da Fé, o que deu origem a outras atividades na cidade. “É muito raro encontrar tudo isso num autor só. As peças dele tocam o coração e a alma. Estabelecem conexão além do uso puro e simples para permitir fruição estética, o que as posiciona no interstício entre o design e a arte”, observa a pesquisadora.

    A arte-educadora Maria Sonia Madureira de Pinho diz que seu livro é fruto do “olhar de admiração” sobre a obra de Tótora. “Cada peça é única e, ao mesmo tempo, reinterpretação do realizado, o que gera conjunto muito singular”, explica. A confecção dos objetos sintetiza o prazer de realização e a intensa relação com a natureza, além de “estudos e experimentações solitárias” para que o resultado fique de acordo com os ideais cultivados pelo autor.

    “Admiro a estética que não deixa escapar nada: a criteriosa sinuosidade, tonalidades, a preocupação para que o objeto tenha brilho próprio. Luz acesa, o que se vê é a peça ali, respirando sozinha”, afirma Maria Sonia, ressaltando o caráter de “design de autor” da obra de Tótora. Nesse sentido, o mineiro tem papel importante “ao configurar o exercício intelectual de pensar o que faz e estimular que outros executem trabalhos pensados, mergulhem em suas realizações, atentem ao design do princípio ao fim do produto”.

    Maria Sonia é autora dos quatro volumes da série Ambiente gastronômico no Vale do Jequitinhonha e coordenou projeto dedicado ao diálogo entre artesanato e design em Ouro Preto. “A riqueza de Minas Gerais é afirmar culturas locais. Você pode falar desse assunto nas comunidades mais simples que elas entendem. Um desafio é personalizar, dar nome e autoestima a pessoas dessas comunidades, onde a cultura é viva”, conclui.

    Solidez

    “A vida foi me levando naturalmente ao design”, conta Domingos Tótora, formado em artes plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. “Fazendo arte, percebi a beleza da matéria bruta, do peso e solidez das massas de papel fruto do descarte de papelão. Experimentando essa massa, aconteceu de perceber que poderia aumentar volumes e superfícies. Cheguei primeiro aos bancos de roça e, aos poucos, ao que faço hoje”, conta. O livro surge no momento de consolidação dessa proposta.

    “Acho bonitos os tons terrosos das fotos. Meu trabalho é assim: cor do chão. Nem é intencional. Vivo no meio do mato, na Serra da Mantiqueira, o que deve ter alguma influência no que faço”, suspeita Tótora. Ele não esconde encanto especial por poltronas, cadeiras e bancos produzidos recentemente. “Há uma linha dividindo design e arte, mas gosto de ver as duas coisas andando juntas. É emoção e funcionalidade, combinação perfeita”, garante.

    As novas peças traduzem momento de maturidade do artista, sintetizando saberes do design, da arte e do artesanato. Ele consegue expressar elementos de sua linguagem: formas orgânicas, a beleza das matérias e a liberdade de concepção e realização. Somados, esses aspectos materializam um projeto longamente cultivado, formado por esculturas para sentar e centros de mesas escultóricos.


    DOMINGOS TÓTORA
    . De Maria Sonia Madureira de Pinho
    . Editora Papel e Tinta, 200 páginas, R$ 100


    Três perguntas para...

    Domingos Tótora
    Designer e artista


    Como vê o design brasileiro?

    O maior mérito é não ter identidade única, é ser múltiplo, característica de um país continental. Em cada lugar tem uma coisa. O que aparece na peça é a região com sua particularidade e miscigenação étnica e cultural. Isso contribui para um design muito inovador. Não ter padrão estabelecido permite criar coisas muito novas, abre possibilidades. Você percebe que não há limites.

    Como você define seu trabalho?

    Como o contemporâneo que vem do interior de Minas. Agradam-me as formas sinuosas, arredondadas, ameboides. Sou muito impulsivo, gosto de pegar a matéria e ir moldando, não é sempre que faço desenhos da peça. Também não sou de ficar pensando muito. Sigo apenas o movimento sugerido pelo trabalho. Gosto do objeto que fala por si, que não precisa ser teorizado.

    Que conselho daria a jovens designers? Por que a opção por Maria da Fé?

    Não perder o foco. Neste mundo com tantas possibilidades, é fácil se perder, querer seguir todos os caminhos e acabar embolado. É preciso traçar metas e sujar o máximo da matéria ou da proposta com a qual você trabalha, pois é assim que a gente amadurece. Quanto a Maria da Fé, a cidade poderia ser referência em ecodesign, mas falta foco nessa direção. Gostaria que todo o município fosse tão bem cuidado e revitalizado quanto o Centro. Senão, fica apenas como um lugar só para turista ver.

    Eduardo Almeida Reis - Canoagem‏

    Depois de muito matutar, concluí que só o divórcio permite que se conheça o ex-cônjuge 


    Eduardo Almeida Reis

    Estado de Minas: 19/07/2013 

    Primeiro ouro do Brasil em mundiais, o baiano Isaquías Queiroz também subiu ao pódio na etapa da Polônia da Copa do Mundo. Nome admirável: Isaquías! Seria bíblico? Não tenho tempo de procurar fora do Google, que só tem 10 entradas, a maioria para “eis aqui”.

    O baiano é canoísta e nasceu em janeiro de 1994. Canoagem foi assunto do meu interesse quando morei no Pantanal do Mato Grosso. O leitor não pode imaginar o sacrifício de um jovem philosopho embarcado numa canoa para caçar onças. O embarque é mais fácil do que nas lanchas de Angra, que frequentei ano passado. Os canoeiros puxam a canoa para o terreno “seco”, entre aspas porque é úmido, os caçadores se assentam no fundo também úmido, pernas esticadas para a frente, os canoeiros empurram a embarcação de volta para a água e passam a movimentá-la com os seus varejões.

    Canoa estreita e instável, quatro ou cinco centímetros de borda de cada lado, máquina Rolleiflex, revólver 38 e fuzil militar protegidos da água: o dia inteiro com o rabo do caçador no fundo da canoa, compensando com movimentos de cintura o balouçar da embarcação cavada num tronco.

    Ao cabo de 10 horas de caçada, geralmente sem onças abatidas ou fotografadas, não dá para descrever a dor nas cadeiras dos praticantes da arte cinegética, discípulos de Santo Huberto. Dor que durava dias. Bem feito, para o sujeito deixar de caçar onças que não lhe fizeram mal de espécie alguma.

    Escavados em troncos maiores havia os batelões, que aceitavam motores de popa. Descendo o Rio Pequeri, à noite, o bugre cadiuéu Norberto deu uma trombada com a testa no focinho de um dourado, peixe teleósteo siluriforme, fluvial, da família dos pimelodídeos (Brachyplatystoma flavicans) de distribuição amazônica. Resultado: fraturou o frontal, osso que ocupa a parte superior dianteira do crânio e é suposto de ser dos mais fortes de nossa ossatura.

    Nurba, apelido do cadiuéu, tinha cicatriz na testa afundada. Muita gente achava que era mentira pantaneira, até que um engenheiro-aeronáutico americano, Mr. Fleet, que projetou o avião Convair, caçando por lá e informado da trombada, bem como da velocidade rio abaixo do batelão motorizado, pegou a régua de cálculo e confirmou que a queixada de um dourado de quatro ou cinco quilos quebraria, sim, um osso frontal. Pois muito bem: vosso philosopho, que nunca foi pescador, fisgou logo um dourado de 11 quilos. Procurando direito, acho que ainda tenho foto do finado teleósteo siluriforme só para chatear o jornalista Álvaro Fraga, pescador-em-chefe dos Diários Associados.


    Conhecer
    Você conhece alguém? Claro que conhece um monte de pessoas, mas pergunto: será que realmente conhece alguém? É questão que me intriga há muitos e muitos anos.

    O visual já é um problema. Ainda há pouco a tevê anunciava a opinião de um professor da FGV sobre o problema de manter as tarifas dos ônibus sem reajustes durante o próximo ano e meio. Assunto do meu interesse: não ando de ônibus, mas o Brasil anda. E a comadre que opera o fogão de cinco bocas, dia desses, chegou a sua casa às 11 da noite, mesmo deixando o emprego logo depois das três da tarde. O coletivo quebrou no caminho e não havia outro para resgatar os passageiros.

    Não reconheci o visual do professor da FVG: óculos, magro, cabelos brancos. Aí apareceu o nome dele na tela: foi meu colega de ginásio! Por isso, já não pode ser professor da FGV. Deve ter sido professor do próprio Getúlio Vargas, no curso primário de São Borja, RS. Mas o fulcro nesta nossa conversa não é a fisionomia e sim o conhecimento que se tem do caráter de uma pessoa. Depois de muito matutar, concluí que só o divórcio permite que se conheça o ex-cônjuge.

    Onde se lê divórcio, podemos ler união estável, que os casamentos à antiga são cada vez mais raros. O certo é que o par divide a casa, o leito, a mesa de refeições durante anos e só vai conhecer o parceiro ou a parceira depois da separação.


    O mundo é uma bola
    19 de julho de 711: forças muçulmanas comandadas por Tariq ibn Ziad derrotam os visigodos liderados pelo rei Rodrigo na Batalha de Guadalete, assumindo o controlo da Península Ibérica. Em Portugal, que ainda não existia, diz-se controlo, e o rei Rodrigo também atendia por Ruderic, Roderic, Roderik, Roderich ou Roderick, bem como por Ludhariq, era filho do rei Chindasvinto e da senhora Riccilo. Com ele terminou o Reino Visigótico de Toledo, onde se fazem ótimos instrumentos de corte.

    Em 1553, como vimos outro dia, Maria I assume o trono da Inglaterra depois de expulsar Jane Grey, que reinou por exatos nove dias. Em 1900, inauguração do metrô de Paris. Cento e treze anos depois, o projeto do metrô de Belo Horizonte vai de vento em popa. Hoje é o Dia do Futebol, da Caridade, da Junta Comercial e dos Povos Oprimidos.


    Ruminanças
    “Num país sério, aquela castanhola inventada por um gênio da imbecilidade para fazer barulho dos estádios das Copas daria cadeia para uma porção de gente conhecida” (R. Manso Neto).

    Carlos Herculano Lopes-Três por quatro‏


    Estado de Minas : 19/07/2013 


    Para renovar a carteira de identidade, que se encontrava aos frangalhos, o homem resolveu tirar uma nova foto, pois na do antigo documento, por razões óbvias, ele estava irreconhecível – ainda com os cabelos pretos, sem rugas e aquela cara de garoto, que há muito havia perdido. Ao comentar com sua mulher, ela disse: “Vá ao Foto Zatz. Quando criança, ia lá com meu pai. Eles são ótimos”.

    Sugestão acatada, pois, além de ter gostado da ideia, não é homem de contrariar a esposa, lá se foi ele para a velha loja da esquina de Rua Tamoios com Avenida Afonso Pena, onde, já não sabe há quantos anos, tirara alguns retratos, como se dizia. Para o ritual ficar completo, deu um pulo no Nice: pediu um café forte, ainda passado em coador de pano, e se encontrou com um velho conhecido, o Marco Antônio. Bateram papo, falaram da vida e ele seguiu, com as energias renovadas.

    “Para que você quer a foto?”, perguntou a atendente, moça de sorriso aberto, que parecia estar de bem com a vida. “Para a nova carteira de identidade. A minha está muito velha”, ele respondeu. Ao que ela emendou, como devia fazer dezenas de vezes ao dia: “Então, tem de ser três por quatro”. Preço combinado, encaminhou-o para o estúdio, onde um rapaz moreno, já a postos, esperava-o com a máquina num tripé, modelo antigo, que há tempos o homem não via. Depois de cumprimentá-lo, pediu, com a segurança de quem entende do ofício, que se sentasse ereto na cadeira, olhasse fixamente para a câmera, fechasse a boca. Daí a pouco, fez a primeira foto.

     Depois de examinar o negativo, do qual não gostou – “essa expressão tá séria demais, não precisa de tanto”–, aquele rapaz sugeriu outra tentativa, e a ela se seguiram mais algumas. Durante o intervalo, no qual engrenaram uma conversa, ele contou ao homem que tinha 31 anos, vários deles trabalhando como fotógrafo, profissão da qual gostava muito. “Só aqui no Zatz estou há um tempão”, disse, para emendar, com orgulho, que a casa fizera 78 anos e talvez fosse a mais antiga do ramo em Belo Horizonte. “É possível que sim; tinha também o Elias”, respondeu o homem, enquanto aguardava para ver se as novas tentativas tinham dado certo.

    Nos minutos seguintes, quando o moço, gentilmente, passou a lhe mostrar os três negativos selecionados, o homem perguntou, sem querer acreditar: “E essas rugas no meu pescoço, não tem jeito de tirá-las?”. “Ah, meu amigo, só se a gente der uns retoques, mas vai demorar muito e fica mais caro. Se você quiser, a gente faz”, respondeu. Conformado com a sorte, só restou a ele esperar os 15 minutos necessários para que as fotos fossem reveladas antes de ir ao Posto Uai, na Praça Sete, em busca da nova identidade. Mas essa é outra história, para a semana que vem. 

    Detroit pede concordata histórica nos EUA - Raul Juste Lores

    folha de são paulo

    Cidade-símbolo da indústria automotiva é o maior município americano a pedir proteção judicial por dívidas
    Objetivo é renegociar finanças; após décadas de decadência e abandono, débitos superam US$ 20 bi
    RAUL JUSTE LORESDE WASHINGTONCom dívidas superiores a US$ 20 bilhões, Detroit tornou-se ontem a maior cidade dos EUA a pedir concordata.
    A cidade, que já foi a quarta maior do país e berço da indústria automobilística, com 1,8 milhão de habitantes nos anos 1970, hoje tem 700 mil habitantes e está sob intervenção emergencial do governo do Estado de Michigan.
    Além da crise das montadoras, que encolheram ou mudaram suas linhas de montagem para países ou regiões com custos menores, a cidade sofreu uma reversão na arrecadação comum a grandes cidades americanas entre os anos 1950 e 1980.
    A população branca e rica migrou para subúrbios distantes, onde paga seus impostos. Em Detroit, ficou a população negra (80% do total), que paga menos impostos e usa mais serviços públicos.
    A estrutura pública está em colapso: 40% da iluminação pública está desligada, e as linhas telefônicas de emergência raramente funcionam. Metade dos parques está fechada desde 2008.
    A taxa de homicídios é a maior do país entre cidades acima de 200 mil habitantes, com 54,6 casos por 100 mil habitantes no ano passado (pouco menos que cidades brasileiras violentas, como Salvador ou Vitória). O número de assassinatos cresceu 10% em 2011 --ao contrário do resto do país, onde a taxa de homicídios recua.
    A cidade é quase um terço do que já foi em população, mas seu vasto território é o mesmo, com a mesma estrutura de transportes, saúde e educação inflando a dívida.
    Projetos de urbanistas nas últimas duas décadas tentaram adensar e "diminuir" a cidade na prática, criando hortas e granjas em terrenos abandonados e promovendo a mudança de moradores que ficaram em bairros vazios.
    RENEGOCIAÇÃO
    A concordata da cidade será acompanhada de perto por prefeituras, mercado de títulos e sindicatos de funcionários públicos em todo o país, pela raridade da situação.
    O caso mais célebre até agora era o de Orange County, na Califórnia, em 1994. Nova York e Cleveland, quase falidas nos anos 1970, evitaram a quebra com ajuda federal.
    O pedido de concordata permite mudanças e cortes no pagamento de funcionários públicos e aposentados, maior redução de serviços públicos e tenta convencer os credores para futuros empréstimos --o que seria um "recomeço" para a cidade.
    A decisão do interventor estadual Kevyn Orr de tentar renegociar com credores e cortar benefícios dos sindicatos, não vem sem a polêmica partidária americana.
    Detroit, há anos, é uma cidade administrada por democratas, que dão maior peso à estrutura e benefícios sociais.
    Já o governo estadual está nas mãos dos republicanos, que estariam agora enfraquecendo o polo oposicionista.
    Em concordatas municipais, a habilidade dos juízes de intervir na prefeitura é limitada --mais um ajuste das dívidas do que uma liquidação ou reorganização.

    RAIO-X DETROIT
    Fundação
    1701 (312 anos)
    Estado
    Michigan
    População
    cerca de 700 mil habitantes
    Região metropolitana
    em torno de 4 milhões de pessoas
    Vocação econômica
    Indústria automobilística
    Dívida estimada
    mais de US$ 20 bilhões
    Queda na arrecadação municipal desde 2000
    40%
      AGÊNCIA DE RISCO
      Perspectiva de nota dos EUA melhora
      A agência de classificação de risco Moody's melhorou ontem a perspectiva da nota de crédito "AAA" dos Estados Unidos de negativa para estável, ao afirmar que a economia norte-americana tem mostrado resiliência. Para a Moody's, o crescimento dos EUA, embora moderado, progride atualmente em ritmo mais rápido que outros países com "triplo A".

      Pais de jovem morto nos Estados Unidos questionam Justiça

      folha de são paulo
      CASO ZIMMERMAN
      DE NOVA YORK - Cinco dias após absolvição do vigia George Zimmerman, que matou o jovem negro Trayvon Martin no ano passado em um caso que reacendeu o debate sobre raça nos Estados Unidos, os pais da vítima falaram publicamente nas televisões locais.
      Sybrina Fulton e Tracy Martin disseram que seu filho era só um adolescente caminhando para casa.
      O vigia diz que atirou em legítima defesa, após ser atacado por Martin, que estava desarmado.
      O jovem cobria a cabeça com um capuz.
      "Como [os negros] vão voltar para casa sem que as pessoas interpretem que eles estão fazendo algo de errado?", disse a mãe.

      Painel - Vera Magalhães

      folha de são paulo
      Papagaio eleitoral
      O site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) registrava ontem que o ex-presidente Lula não pagou dentro do prazo uma multa de R$ 10 mil a que foi condenado por propaganda antecipada para Dilma Rousseff, em janeiro de 2010. O prazo de quitação expirou em 1º de julho. A ação é de autoria de PPS, DEM e PSDB. Lula havia recorrido ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas perdeu o recurso. Caso não quite a dívida, o ex-presidente pode responder a uma ação de execução fiscal.
      -
      Prova... A despeito da defesa pública de Guido Mantega feita ontem por Dilma, a disputa entre a Fazenda e a Casa Civil para definir se haverá corte adicional no Orçamento é considerada um teste para o ministro.
      ... de fogo Para auxiliares da presidente, até agora, Mantega estava sob ataque de empresários e bancos, mas Dilma tem sido firme em bancá-lo. Se ele perder a queda de braço sobre o superavit, será o primeiro sinal de que o aval não é irrestrito.
      Casa de boneca Parlamentares do PMDB se divertiam ontem enviando por SMS notícia sobre a queda de vendas da boneca Barbie. "Até a Barbie está ameaçada de cair?" Em tempo: Barbie é o apelido pelo qual os peemedebistas chamam a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil).
      Troca Jeanine Pires, a atual número dois do Ministério da Cultura, pediu para deixar o cargo por razões pessoais. Em seu lugar, Marta Suplicy nomeou o secretário de Relações Institucionais da pasta, Marcelo Pedroso.
      Livre... Eduardo Campos reforçou o discurso de descolamento do governo federal. Em reunião com a bancada do PSB, no Recife, o governador disse que só responde a duas instâncias: "Ao povo de Pernambuco e ao partido".
      ... pra voar Deputados e senadores entenderam que ele deixou claro que não cederá à pressão de Lula e Dilma.
      Recordar... Hoje defensor da flexibilização de regras de licitações em seu Estado, Geraldo Alckmin participou da reunião do conselho político do PSDB em junho de 2011 que atacou a criação do RDC (Regime Diferenciado de Contratação) pelo governo federal.
      ...é viver Uma carta do grupo, presidido por José Serra, dizia que a medida era um "atropelo". "Vêm aí superfaturamentos, atrasos e outros desperdícios de dinheiro público numa escala inusitada", afirmava o texto.
      Na mesa PPS e PMN reabriram negociação para criar o MD. Dirigentes dos partidos se reuniram na quarta-feira, aceitaram rediscutir a distribuição de cargos de comando da nova sigla e tentarão chegar a um consenso sobre a formalização da fusão.
      DDI A presidente do PMN, Telma Ribeiro, que está em Buenos Aires, conversou por telefone com a sobrinha, que participava da reunião.
      Juntos Após liminar de Joaquim Barbosa que suspendeu a criação de novos tribunais, a Associação dos Juízes Federais do Brasil pediu a Félix Fischer, presidente do STJ, que mantenha a análise de projeto que cria outros quatro tribunais.
      Tudo bem Alexandre Padilha (Saúde) diz que não houve mal-estar pelo fato de Aloizio Mercadante (Educação) usar dados de sua pasta em reunião do Conselhão. "Nós nos complementamos.''
      Visita à Folha Florisval Meinão, presidente da Associação Paulista de Medicina, e Renato Azevedo Jr., presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, visitaram ontem a Folha. Estavam com Chico Damaso, assessor de comunicação.
      com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
      -
      TIROTEIO
      "Depois de anos viajando em aviões do Eike e helicópteros do governo, é natural que Cabral não entenda as manifestações nas ruas."
      DO DEPUTADO RODRIGO MAIA (DEM-RJ), sobre declarações do governador Sérgio Cabral (PMDB), que responsabilizou opositores pelos protestos no Rio.
      -
      CONTRAPONTO
      Formação analógica
      Marina Silva participou ontem de um seminário que discutiu medidas de incentivo à inovação e ao desenvolvimento. Ao ouvir dos palestrantes elogios aos investimentos dos EUA nas áreas de pesquisa e tecnologia, a ex-ministra lembrou sua infância em seringais no Acre:
      --Lá não existia médico, delegado, juiz, escola nem hospital, mas aprendi muita coisa. Aquilo não era um Vale do Silício, era um vale do silêncio! -- brincou.
      Sob risos da plateia, Marina emendou:
      --A relação com o vizinho era a cada 30 dias, quando minha mãe se dispunha a andar uma hora e meia a pé.

        Governo admite não saber lidar com protestos no Rio

        folha de são paulo
        A quatro dias da chegada do papa Francisco, a cúpula da segurança do Rio reconheceu ontem não saber como atuar contra os grupos de manifestantes que vêm entrando em confronto com a polícia e, em alguns casos, promovendo depredações na zona sul da cidade.
        Na madrugada de ontem, um grupo que havia participado de ato em frente à casa do governador Sérgio Cabral, no Leblon, depredou ao menos 25 estabelecimentos comerciais no bairro e em Ipanema, saqueou uma loja de roupas masculinas, destruiu telefones públicos, placas de sinalização e fez barricadas pelas ruas do bairro incendiando pilhas de lixo.
        Nove pessoas foram presas em flagrante e autuadas por formação de quadrilha. Uma delas também foi acusada de porte de artefato explosivo.
        A escalada de violência nos protestos preocupa os encarregados de garantir a segurança do sumo pontífice durante sua visita, que começa na segunda-feira.
        Ricardo Moraes /Reuters
        Moradores do Leblon, no Rio, observam vidros estilhaçados em prédio comercial depredado por manifestantes na madrugada de quinta-feira
        Moradores do Leblon, no Rio, observam vidros estilhaçados em prédio comercial depredado por manifestantes na madrugada de quinta
        Apesar de os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Defesa, Celso Amorim, terem participado anteontem no Rio de reunião para tentar convencer representantes do Vaticano da necessidade de reforçar a segurança do papa, ontem o general José Abreu, representante das Forças Armadas na segurança do evento, disse que os protestos não exigiram reavaliação do esquema.
        Há ao menos seis manifestações marcadas na cidade no período de permanência do papa para a Jornada Mundial da Juventude. De acordo com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, a atuação nos protestos exigirá "tratamento diferenciado".
        Editoria de Arte/Folhapress
        Editoria de Arte/Folhapress
        "Não podemos ter um planejamento rígido, engessado, porque essas manifestações são flexíveis. Não há informações suficientes para fazer um planejamento como se tem em um evento formal", disse Beltrame.
        "Já estávamos trabalhando com a possibilidade de movimentos contestadores. Fomos surpreendidos pelos protestos durante a Copa das Confederações, mas manifestações intimidatórias e atos terroristas já estavam no nosso rol de preocupações", disse Abreu.
        Beltrame disse ainda que a polícia está "aprendendo" como atuar a cada manifestação. "A solução é intermediária. Estamos aprendendo nesse processo com coisas que não conhecemos: coquetéis molotov, pessoas mascaradas", disse o secretário.
        O protesto no Leblon gerou mal-estar entre o secretário e o comandante da PM, coronel Erir da Costa Filho.
        Desde a Copa das Confederações, período do início dos protestos, o oficial se queixa de falta de orientação de Beltrame para a ação da PM nas manifestações, segundo aFolha apurou.
        Auxiliares do secretário, por sua vez, veem "omissão" da Polícia Militar, com intenção de deixar o ônus da crise com Beltrame.
        DEMORA
        Às críticas de que a PM demorou para intervir e conter os manifestantes ontem, o comando da corporação disse que tentou evitar o uso de armas menos letais após acordo com a OAB do Rio e a Anistia Internacional.
        "Mas o que foi pactuado não deu certo", disse o comandante da PM.
        O chefe do Estado Maior da PM, Alberto Pinheiro Neto, afirmou que o "pacto" firmado entre o governo e as entidades era evitar usar o gás lacrimogêneo fora da área que se pretendia proteger --no caso, a rua do governador.
        "Isso [saques de ontem] provou que há necessidade de se efetivar uma dispersão das multidões fora de controle", disse Pinheiro Neto.
        As duas entidades negaram o pedido para que a PM não use gás lacrimogêneo. Afirmaram que pediram o fim do abuso no uso das armas menos letais. (ITALO NOGUEIRA e MARCO ANTÔNIO MARTINS)

        FRANCISCANAS
        Intensivão
        Prestes a fazer 16 discursos em português, o papa vem tendo aulas diárias da língua de Camões, sempre pela manhã. O desenvolvimento é considerado "excelente" por assessores. Francisco já havia feito imersão no idioma em 2007, quando, ainda cardeal, passou três semanas em Aparecida (SP). Ali, presidiu a comissão responsável pelo documento final da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, evento do qual Bento 16 participou.
        Rede dividida
        Na internet, a vinda do papa divide opiniões. Enquanto há grupos que criticam a ação da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea) de promover "desbatismos" no dia da chegada de Francisco ao país --que inclui o uso de secadores de cabelo para evaporar as águas do batismo'--, outros condenam os gastos públicos. "Acho ele [o papa] um pouco folgado pela mordomia dos gastos em cofres públicos", disse no Twitter Dodo Capaldi, 1.336 seguidores. Já Avelino de A. Bego, 439 seguidores, diz que, mesmo sendo ateu, acredita que a ação da Atea é "o tipo de coisa que não ajuda".