Zero Hora 01/12/2013
Um dia me deu vontade de ter um futon, aquela almofada gigante que
parece um colchão, sabe? Pesquisei um pouco na internet para ver preços e
modelos e esqueci o assunto. Já faz mais de um ano. Só que, desde
então, cada vez que abro o meu e-mail ou olho para a barra lateral dos
anúncios do Facebook, lá está a foto de um futon a me encarar. O futon
que você quer em 3 vezes sem juros, Novas padronagens para o seu futon,
Encomende agora o seu futon. Não sei o que fazer para me livrar da
perseguição. Já está me lembrando o filme de terror A Geladeira
Diabólica, em que um refrigerador mastigava e engolia pessoas. E ainda
devia ser autolimpante, porque não ficava sangue na cozinha.
Se eu sumir, favor avisar a polícia sobre o envolvimento do futon.
Sou gremista, mas não quero morar perto da Arena. O difícil é
convencer as imobiliárias que vendem empreendimentos por lá. São muitos
os e-mails que chegam a cada dia com lançamentos imperdíveis para
começar uma nova vida no Humaitá. Até a bolha imobiliária é argumento
para empurrarem um imóvel que o pobre do consumidor não quer. Seja como
for, não bote o dedo no nariz e sorria. Você está sendo monitorado, e
não é de hoje.
Outros produtos oferecidos especialmente para o meu perfil, segundo
dizem os e-mails: creme antirrugas, armário para cozinha, celular, curso
de desinibição para falar em público e conquistar pessoas, um cruzeiro,
Réveillon em Camboriú, forninho do George Foreman e um pênis maior. Mas
claro que sempre tem uma margem de erro. Pelo menos é o que eu espero.
Sobre o tal do aplicativo Lulu, esse que permite que as mulheres
deem notas para os homens (ou que meninas deem notas para meninos, dada a
infantilidade da coisa). Aqui mesmo, em uma reportagem da Zero Hora,
uma usuária contumaz declarou que, se fosse criado um aplicativo para os
homens avaliarem as mulheres, ela “bloquearia, porque não gosto desse
tipo de exposição”. A discussão envolve tecnologia, mas o analógico
ditado pimenta nos olhos dos outros é refresco nunca teve tanta
atualidade.
Já um aplicativo que serve para muita coisa é o Follow the Art,
desenvolvido por duas gurias de Porto Alegre, a Samantha Carvalho e a
Juliana Luderitz. Basta baixar de graça na App Store e no Google Play
para conhecer as exposições em cartaz na cidade, com informações e
mapas.
No ano que vem o Follow the Art vai mostrar também o que acontece em
São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O bom da internet é isso:
para cada tranqueira como o Lulu, surgem muitas e muitas ideias
interessantes – o que inclui, claro, as boas bobagens. Trata-se só de
escolher.
domingo, 1 de dezembro de 2013
MARTHA MEDEIROS - De pés descalços
Zero Hora - 01/12/2013
Para quem vive em locais quentes e com praia, andar de pés descalços não é nenhuma novidade. Já para nós, gaúchos, que passamos a metade do ano usando botas e sapatos fechados, a chegada do verão resgata o prazer de receber diretamente do solo a energia vital que circula pelo corpo todo. Posso estar dando uma importância excessiva ao fato, mas é que andar de pés descalços me remete ao menino das selvas que habitou minhas fantasias da infância, o Mogli. Sapatinhos de cristal sempre me pareceram afetados e apertados demais.
Porém, só fui me dar conta disso, conscientemente, agora, depois de ter feito a viagem pela Tailândia e Camboja que já mencionei na coluna de quarta-feira passada. O que menos levei na bagagem foi algo para calçar. Apenas um chinelo para o dia, uma rasteirinha para a noite e um par de tênis para as aventuras mais radicais – inclusive os tênis ficaram por lá: não sobreviveram às emoções off road vividas de bicicleta em torno do templo de Angkor nesse finalzinho da estação das chuvas cambojanas.
Na Tailândia, o convite para deixar os calçados na porta, antes de entrar nos lugares, é frequente, e isso me fez ter contato direto com a madeira, com o mármore, com pedras rústicas e, principalmente, com a terra: visitando plantações de arroz, andando de barco por aldeias flutuantes, visitando templos e palácios, e mesmo em restaurantes, meus pés reaprenderam a sentir, e não falo de sentir vergonha, ainda que devesse, já que os meus são poucos inspiradores para fetiches. Falo em sentir um grau de pertencimento que o costume e o conforto geralmente impedem.
Se nas vilas e cidades tive o mundo aos meus pés, o que dizer das praias de Krabi, Koh Phi Phi e demais ilhas paradisíacas do sudeste asiático? Pisava na areia de dia e inclusive à noite, jantando a poucos passos do mar, monitorada pela lua. Nem mesmo pés-de-pato coloquei para mergulhar.
Está aí o verão, que nos Estados do norte e nordeste do Brasil não é uma temporada tão diferente do inverno. Nesses casos, os pés descalços já fazem parte da indumentária habitual. Mas para os que têm apenas esses próximos meses para descer do salto, é hora de conceder-se a delícia de sentir o calor e o frio que vem da base. Perceber o seco e o úmido, o macio e o árido, o liso e o áspero – que absorvamos todas as texturas, sem se importar que esse despojamento nos roube a classe e o charme: aliás, rouba nada, a meu ver. Se, em sentido figurado, somos obrigados a manter os pés no chão o ano inteiro, que o façamos agora também literalmente, pelo simples e relaxante exercício de uma liberdade que anda cada vez menos em uso.
Para quem vive em locais quentes e com praia, andar de pés descalços não é nenhuma novidade. Já para nós, gaúchos, que passamos a metade do ano usando botas e sapatos fechados, a chegada do verão resgata o prazer de receber diretamente do solo a energia vital que circula pelo corpo todo. Posso estar dando uma importância excessiva ao fato, mas é que andar de pés descalços me remete ao menino das selvas que habitou minhas fantasias da infância, o Mogli. Sapatinhos de cristal sempre me pareceram afetados e apertados demais.
Porém, só fui me dar conta disso, conscientemente, agora, depois de ter feito a viagem pela Tailândia e Camboja que já mencionei na coluna de quarta-feira passada. O que menos levei na bagagem foi algo para calçar. Apenas um chinelo para o dia, uma rasteirinha para a noite e um par de tênis para as aventuras mais radicais – inclusive os tênis ficaram por lá: não sobreviveram às emoções off road vividas de bicicleta em torno do templo de Angkor nesse finalzinho da estação das chuvas cambojanas.
Na Tailândia, o convite para deixar os calçados na porta, antes de entrar nos lugares, é frequente, e isso me fez ter contato direto com a madeira, com o mármore, com pedras rústicas e, principalmente, com a terra: visitando plantações de arroz, andando de barco por aldeias flutuantes, visitando templos e palácios, e mesmo em restaurantes, meus pés reaprenderam a sentir, e não falo de sentir vergonha, ainda que devesse, já que os meus são poucos inspiradores para fetiches. Falo em sentir um grau de pertencimento que o costume e o conforto geralmente impedem.
Se nas vilas e cidades tive o mundo aos meus pés, o que dizer das praias de Krabi, Koh Phi Phi e demais ilhas paradisíacas do sudeste asiático? Pisava na areia de dia e inclusive à noite, jantando a poucos passos do mar, monitorada pela lua. Nem mesmo pés-de-pato coloquei para mergulhar.
Está aí o verão, que nos Estados do norte e nordeste do Brasil não é uma temporada tão diferente do inverno. Nesses casos, os pés descalços já fazem parte da indumentária habitual. Mas para os que têm apenas esses próximos meses para descer do salto, é hora de conceder-se a delícia de sentir o calor e o frio que vem da base. Perceber o seco e o úmido, o macio e o árido, o liso e o áspero – que absorvamos todas as texturas, sem se importar que esse despojamento nos roube a classe e o charme: aliás, rouba nada, a meu ver. Se, em sentido figurado, somos obrigados a manter os pés no chão o ano inteiro, que o façamos agora também literalmente, pelo simples e relaxante exercício de uma liberdade que anda cada vez menos em uso.
Tv Paga
Estado de Minas: 01/12/2013
MÚSICA Mineiro de Uberlândia, o violoncelista Isaac Andrade (foto), de 22 anos, está na semifinal de hoje do programa Prelúdio, às 11h45, na Cultura. Outra atração musical de hoje é o especial Maria Gadú canta Cazuza, ao vivo, diretamente do Rio de Janeiro, a partir das 20h, no Multishow e no site www.multishow.com.br.
VIDA REAL Hoje é o Dia Mundial de Luta contra a Aids, e por isso o SescTV programou para hoje dois documentários sobre o tema: Aids 30 anos: as respostas das ONGs do mundo, às 19h; e Positivas, às 22h. Outro destaque no segmento é Em busca de pedras preciosas, que estreia às 17h15, no Nat Geo.
CINEMA Para quem está a fim de um bom filme, as melhores dicas são o curioso Cowboys & aliens, um faroeste sci-fi que vai ao ar às 22h, na Fox; o drama 4:44 – O fim do mundo, do polêmico Abel Ferrara, também às 22h, no Max; e Hora menos, dirigido pelo venezuelano Frank Spano, à 0h15, no Canal Brasil.
Enlatados
Mariana Peixoto - mariana.peixoto@uai.com.br
Publicação: 01/12/2013 04:00
MÚSICA Mineiro de Uberlândia, o violoncelista Isaac Andrade (foto), de 22 anos, está na semifinal de hoje do programa Prelúdio, às 11h45, na Cultura. Outra atração musical de hoje é o especial Maria Gadú canta Cazuza, ao vivo, diretamente do Rio de Janeiro, a partir das 20h, no Multishow e no site www.multishow.com.br.
VIDA REAL Hoje é o Dia Mundial de Luta contra a Aids, e por isso o SescTV programou para hoje dois documentários sobre o tema: Aids 30 anos: as respostas das ONGs do mundo, às 19h; e Positivas, às 22h. Outro destaque no segmento é Em busca de pedras preciosas, que estreia às 17h15, no Nat Geo.
CINEMA Para quem está a fim de um bom filme, as melhores dicas são o curioso Cowboys & aliens, um faroeste sci-fi que vai ao ar às 22h, na Fox; o drama 4:44 – O fim do mundo, do polêmico Abel Ferrara, também às 22h, no Max; e Hora menos, dirigido pelo venezuelano Frank Spano, à 0h15, no Canal Brasil.
Enlatados
Mariana Peixoto - mariana.peixoto@uai.com.br
Publicação: 01/12/2013 04:00
Doutor bate recordes
Os 50 anos de Dr. Who continuam dando o que falar. Transmitido simultaneamente na TV e nos cinemas (de 94 países) dia 23, “The day of the Doctor”, o especial da série da BBC, provou seu poder de fogo. No Brasil, ganha hoje mais uma sessão em 3D: em BH, será às 15h30, no Pátio Savassi. Nos Estados Unidos, o sucesso foi tanto que a exibição bateu até mesmo, em média por sala, o atual blockbuster de Hollywood, Jogos vorazes – Em chamas. Na Inglaterra, o episódio registrou média de 10,2 milhões de telespectadores.
Especial natalino – O último episódio de Dr. Who em 2013 será exibido no Natal. Em 25 de dezembro, a BBC vai apresentar “The time of the Doctor”, episódio que vai marcar a despedida do ator Matt Smith. No episódio, o Doutor tira Clara de um jantar em família para levá-la em uma viagem a um planeta onde diversas espécies perigosas se encontram. Em 2014, o personagem será interpretado por Peter Capaldi.
Processo – Quinta-feira, às 23h, o Universal Channel exibe o 11º episódio inédito da quarta temporada de The good wife. O capítulo vai contar com uma série de participações: T.R. Knight, de Grey’s anatomy; e Tamara Tunie, de Law & order: SVU, além de Michael J. Fox, que volta a interpretar o advogado Louis Canning, rival de Alicia Florrick (Julianna Margulies).
Volta para o futuro – Falando de Michael J. Fox, o ator vai voltar a se encontrar com Christopher Lloyd. A dupla Marty McFly e Doc Brown da trilogia De volta para o futuro vai se reunir na sitcom The Michael J. Fox show, exibida no Brasil pelo Comedy Central. A comédia acompanha a vida de Mike Burnaby (Michael J. Fox), ex-âncora de um telejornal nova-iorquino que volta a trabalhar depois de passar um tempo afastado por ter sido diagnosticado com Parkinson, mesma doença do ator. Lloyd vai interpretar o excêntrico diretor da escola em que trabalha Annie (Betsy Brandt), mulher de Mike. As gravações foram feitas semana passada.
Os 50 anos de Dr. Who continuam dando o que falar. Transmitido simultaneamente na TV e nos cinemas (de 94 países) dia 23, “The day of the Doctor”, o especial da série da BBC, provou seu poder de fogo. No Brasil, ganha hoje mais uma sessão em 3D: em BH, será às 15h30, no Pátio Savassi. Nos Estados Unidos, o sucesso foi tanto que a exibição bateu até mesmo, em média por sala, o atual blockbuster de Hollywood, Jogos vorazes – Em chamas. Na Inglaterra, o episódio registrou média de 10,2 milhões de telespectadores.
Especial natalino – O último episódio de Dr. Who em 2013 será exibido no Natal. Em 25 de dezembro, a BBC vai apresentar “The time of the Doctor”, episódio que vai marcar a despedida do ator Matt Smith. No episódio, o Doutor tira Clara de um jantar em família para levá-la em uma viagem a um planeta onde diversas espécies perigosas se encontram. Em 2014, o personagem será interpretado por Peter Capaldi.
Processo – Quinta-feira, às 23h, o Universal Channel exibe o 11º episódio inédito da quarta temporada de The good wife. O capítulo vai contar com uma série de participações: T.R. Knight, de Grey’s anatomy; e Tamara Tunie, de Law & order: SVU, além de Michael J. Fox, que volta a interpretar o advogado Louis Canning, rival de Alicia Florrick (Julianna Margulies).
Volta para o futuro – Falando de Michael J. Fox, o ator vai voltar a se encontrar com Christopher Lloyd. A dupla Marty McFly e Doc Brown da trilogia De volta para o futuro vai se reunir na sitcom The Michael J. Fox show, exibida no Brasil pelo Comedy Central. A comédia acompanha a vida de Mike Burnaby (Michael J. Fox), ex-âncora de um telejornal nova-iorquino que volta a trabalhar depois de passar um tempo afastado por ter sido diagnosticado com Parkinson, mesma doença do ator. Lloyd vai interpretar o excêntrico diretor da escola em que trabalha Annie (Betsy Brandt), mulher de Mike. As gravações foram feitas semana passada.
AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA » O medo de Vinicius
AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA »
O medo de Vinicius
Estado de Minas: 01/12/2013
Estou aqui em Bogotá por causa de Vinicius de Moraes e da poesia. A Margarita Duran, que dirige o Instituto Brasil Colômbia (Ibraco), achou por bem trazer para cá aquela caprichada exposição que Rose Falcão organizou em Lima (Peru), além do show em que Maria Creuza canta o poeta. Leio poemas na Casa de Poesia Silva, preservada em homenagem a Jose Asunción Silva, poeta colombiano.
O que é a vida! Jovem estudante em BH, escrevi trabalho sobre esse trágico poeta colombiano num curso de literatura hispano-americana da Maria José de Queirós. Lendo a biografia de Assunción, vi algo que me impressionou. Quando o poeta se matou, um jornal do seu país fez um curto necrológio dizendo: “Parece que fazia versos...”.
Devem ter se passado mais de 100 anos, o poeta viveu entre 1865 e 1896, e agora lá está aquela acolhedora casa com sua biblioteca, auditório e restaurante dirigida por Pedro Gomez. Onde andam tantos poetas que conheci ali? Parece que faziam versos...
As homenagens a Vinicius não param. O ano vai terminar e as pessoas continuam cantando suas músicas e dizendo poesias. E eu, que o conheci no longínquo 1962 lá no antigo prédio da UNE (Rio), outro dia me dei conta de que comecei a escrever o meu “quase diário” no dia da morte de Vinicius, em 1980. Registrava ali o que foi a comovida despedida do poeta, a cena no cemitério, muitas viúvas e amadas cantando as canções que fez vida afora, amor adentro.
Outro dia, por acaso, abri um dos livros dele e me deparei com algo precioso: um diálogo entre ele e Otto Lara. Ano de 1977. Foi registrado por Geneton Moraes Neto. Tem ali várias coisas importantes para entender esse orfeu tropical que cantava o amor com certa tristeza. É uma conversa aparentemente vadia, como vadios eram os cães que Vinicius e Antônio Maria seguiam de madrugada em Copacabana, depois que as boates fechavam.
Ele narra que os dois, vagabundando junto à praia, viram um bando de madrugadores fazendo ginástica na areia. “Serão dinamarqueses?” – perguntaram-se os dois notívagos. E ficaram indolentemente contemplando aquela cena desafiadora, até que do silêncio surgiu a frase de um deles: “Vamos fazer um juramento. Vamos nos prometer que nunca faremos um gesto inútil...”.
Juramento curioso para quem fazia aquilo que muitos julgam ser a mais inútil das coisas – a poesia.
Mas tem uma coisa nesse bate-papo de Vinicius e Otto que interessaria a uma leitura mais psicanalítica da poesia de Vinicius (como a entrevejo em O canibalismo amoroso): a presença de sua mãe, coisa que o Otto discretamente invocou; mas sobretudo uma pergunta insólita que o mineiro fez ao carioca. Já que Vinicius parecia tão corajoso, Otto lhe perguntou se ele tinha algum medo.
O poeta respondeu: “Tenho medo de mulher, talvez” . E riu.
Seria interessante confrontar essa declaração com muitos de seus poemas, sobretudo com “Ariana, a mulher”, “Poema para todas as mulheres” e “A volta da mulher morena”.
Como se sabe, Vinicius se casou oficialmente nove vezes, sem contar outros acidentes de percurso. Quando postei no Facebook essa declaração de que ele tinha medo de mulher (talvez), uma leitora ironicamente comentou: “Se tendo medo se meteu em tantas aventuras, imagine se não tivesse medo...”
COMPORTAMENTO » Cansei!
Pesquisa mostra que brasileiro está sem
disposição, o que prejudica o desempenho sexual, a produtividade e a
prática de atividades físicas
Carolina Cotta
Estado de Minas: 01/12/2013
Acordar. Preparar o café. Arrumar as crianças para a escola. Enfrentar o trânsito... e a pressão do chefe. O telefone toca uma, duas, três vezes. Chamadas. E-mails. Mensagens. Almoço corrido. Reunião. Prazos e mais prazos apertados. Contas para pagar. Compras para fazer. Mais trânsito. O dever de casa precisa ser acompanhado, precisa estar impecável. Ufa! Dá para cansar só de ler, e essa é a rotina da maioria dos brasileiros. Os mesmos que se autoavaliaram muito cansados, ou pelo menos um pouco, em pesquisa da Conectaí/Ibope Inteligência com 1.499 pessoas das principais capitais brasileiras .
Homens e mulheres de 18 a 64 anos, das classes A, B, C, D... Pouco importa o perfil, estão todos cansados. No levantamento promovido pelo Grupo Sanofi, 98% dos pesquisados revelaram algum nível de cansaço: 37% estão muito cansados, 24% bastante e 37% um pouco. Mulheres, jovens entre 20 e 29 anos, moradores das capitais da Região Sudeste e membros da classe C, estão ainda mais cansados, embora os índices variem pouco. A qualidade do sono, o desempenho sexual, a produtividade no trabalho e a disposição para a prática de atividade física são extremamente afetados.
Segundo o médico Alberto Ogata, presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), a sensação de cansaço passa pela percepção das pessoas, mas é preciso saber distinguir cansaço de fadiga. Esta última exige diagnóstico e acompanhamento médico, pois pode estar relacionada a problemas de saúde, como disfunções hormonais; questões psicológicas, mentais ou metabólicas; e mesmo alguma doença específica. “Pessoas com problemas pulmonares, depressão e problemas na tireoide tendem a ter maior sensação de cansaço. É preciso saber identificar se é um cansaço excessivo e procurar um médico”, diz.
Geralmente, fadigados têm dificuldade para exercer atividades do dia a dia, o que pode levar a erros, esquecimentos, irritabilidade, afetando a performance e os relacionamentos. “É um quadro que não pode ser simplesmente aceito. Se for um cansaço exagerado, ou se investiga ou se encontram maneiras de lidar com isso. Não dá simplesmente para esperar as férias, até porque o descanso delas dura pouco e as causas do cansaço persistem”, alerta o especialista, segundo o qual o primeiro passo é organizar a rotina para evitar a sobrecarga. Cuidar do sono, da alimentação e da atividade física também é essencial.
Mas, e quando já não dá para cortar nenhuma atividade? Nesse aspecto, as mulheres sofrem ainda mais. É o disseminado modelo em que ainda cabe a elas a maior parte dos cuidados com a casa e os filhos, adicionam tarefas para além dos compromissos profissionais. Isso, somado à rotina das grandes cidades, pode sugar as energias. A vida urbana, com sua oferta de programas e trânsito; a tecnologia, que leva as pessoas a estarem conectadas ao trabalho mesmo em casa; e a exigência de um mercado que quer pessoas cada vez mais capacitadas são alguns disseminadores do cansaço. E está difícil escapar deles.
A coordenadora de vendas Luciana Guimarães de Morais, de 42 anos, tem uma rotina e tanto. E não é diferente da maioria das mães que trabalham fora. O despertador toca às 5h40, só assim é possível enfrentar o trânsito e conseguir chegar ao trabalho às 7h30. O horário de almoço é corrido. Ela tem uma hora para se alimentar e resolver qualquer pendência. A jornada termina às 17h30, mas ela não gasta menos de 45 minutos para chegar em casa. São 12 horas fora de casa e ao chegar ela quer curtir a filha Manoela, de 6 anos. Mas ainda tem que ajudá-la com o dever de casa.
MARATONA Luciana mora com os pais, o que já facilita sua vida. Mas cabe a ela deixar tudo da filha preparado para o dia seguinte: uniforme da escola, do balé, material do inglês. Duas vezes por semana ela dedica parte da noite à prática de uma atividade física. Os fins de semana são totalmente dedicados à filha, que já na quinta-feira começa a cobrar a programação. A sorte de Luciana é seu relógio biológico acostumado com poucas horas de sono. “Consigo descansar quando durmo. Sou completamente diurna, então não preciso de muitas horas e não tenho dificuldade para levantar.”
Uma vez por mês, quando Manoela passa o fim de semana com o pai, Luciana tem a oportunidade de ficar literalmente de pernas para o ar. Mas como não se permite ficar sem fazer nada e detesta bagunça, encontra nem que seja uma gaveta para arrumar. “Eu me regenero fácil, mas estou cansada. Essa rotina, o trânsito, o calor, tudo tira nosso tempo e nossa paz. Às vezes, acho que a gente até se acostuma a viver assim, mas tem hora que respiro fundo e me sinto morta”, desabafa Luciana, que está há mais de um ano sem férias e contando as horas para os cinco dias livres que vai ter neste mês.
Fadiga vira círculo vicioso
Cansaço nada mais é do que falta de disposição para fazer alguma coisa. Pode ser físico ou mental, sendo esse último ainda mais complicado, pois contra o físico basta parar para se recompor. O cansaço mental exige outras estratégias, além de também levar ao cansaço físico. Fato é que a pessoa cansada tende a ficar cada vez mais sem disposição, entrando em um círculo vicioso. Quanto mais cansada uma pessoa está, menos disposição ela tem para fazer qualquer coisa, inclusive coisas que poderiam amenizar a sensação de cansaço. Assim, vão seguindo cansadas.
Segundo Gerseli Angeli, doutora em fisiologia do exercício pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o aumento da solicitação física ou mental não dá ao corpo, ou à mente, tempo de se recuperar.
“Sente-se o cansaço e não se recupera. No dia seguinte a pessoa também não rende e assim passa a render cada vez menos. O corpo percebe esse movimento e começa a se defender. A falta de disposição, também chamada astenia, nada mais é que uma defesa do corpo. Depois de uma atividade cansativa, o corpo cria uma memória da exigência acima do seu condicionamento, e vem a falta de disposição”, explica.
A ideia, então, é burlar essa falta de disposição. Mas o corpo do homem moderno está acostumado a ser pouco solicitado. Afinal, há um dispositivo tecnológico para facilitar qualquer coisa. “O homem foi trocando seu condicionamento pelo conforto, e quanto menor é o condicionamento, menor é o nível de solicitação física necessária para que a pessoa se sinta descansada. É por isso que as pessoas ativas se sentem menos cansadas e têm mais disposição. A vida ativa defende o corpo dos malefícios do sedentarismo”, alerta. Contra o cansaço, então, a receita é não ceder.
Carolina Cotta
Estado de Minas: 01/12/2013
Luciana Guimarães de Morais, coordenadora de vendas |
Acordar. Preparar o café. Arrumar as crianças para a escola. Enfrentar o trânsito... e a pressão do chefe. O telefone toca uma, duas, três vezes. Chamadas. E-mails. Mensagens. Almoço corrido. Reunião. Prazos e mais prazos apertados. Contas para pagar. Compras para fazer. Mais trânsito. O dever de casa precisa ser acompanhado, precisa estar impecável. Ufa! Dá para cansar só de ler, e essa é a rotina da maioria dos brasileiros. Os mesmos que se autoavaliaram muito cansados, ou pelo menos um pouco, em pesquisa da Conectaí/Ibope Inteligência com 1.499 pessoas das principais capitais brasileiras .
Homens e mulheres de 18 a 64 anos, das classes A, B, C, D... Pouco importa o perfil, estão todos cansados. No levantamento promovido pelo Grupo Sanofi, 98% dos pesquisados revelaram algum nível de cansaço: 37% estão muito cansados, 24% bastante e 37% um pouco. Mulheres, jovens entre 20 e 29 anos, moradores das capitais da Região Sudeste e membros da classe C, estão ainda mais cansados, embora os índices variem pouco. A qualidade do sono, o desempenho sexual, a produtividade no trabalho e a disposição para a prática de atividade física são extremamente afetados.
Segundo o médico Alberto Ogata, presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), a sensação de cansaço passa pela percepção das pessoas, mas é preciso saber distinguir cansaço de fadiga. Esta última exige diagnóstico e acompanhamento médico, pois pode estar relacionada a problemas de saúde, como disfunções hormonais; questões psicológicas, mentais ou metabólicas; e mesmo alguma doença específica. “Pessoas com problemas pulmonares, depressão e problemas na tireoide tendem a ter maior sensação de cansaço. É preciso saber identificar se é um cansaço excessivo e procurar um médico”, diz.
Geralmente, fadigados têm dificuldade para exercer atividades do dia a dia, o que pode levar a erros, esquecimentos, irritabilidade, afetando a performance e os relacionamentos. “É um quadro que não pode ser simplesmente aceito. Se for um cansaço exagerado, ou se investiga ou se encontram maneiras de lidar com isso. Não dá simplesmente para esperar as férias, até porque o descanso delas dura pouco e as causas do cansaço persistem”, alerta o especialista, segundo o qual o primeiro passo é organizar a rotina para evitar a sobrecarga. Cuidar do sono, da alimentação e da atividade física também é essencial.
Mas, e quando já não dá para cortar nenhuma atividade? Nesse aspecto, as mulheres sofrem ainda mais. É o disseminado modelo em que ainda cabe a elas a maior parte dos cuidados com a casa e os filhos, adicionam tarefas para além dos compromissos profissionais. Isso, somado à rotina das grandes cidades, pode sugar as energias. A vida urbana, com sua oferta de programas e trânsito; a tecnologia, que leva as pessoas a estarem conectadas ao trabalho mesmo em casa; e a exigência de um mercado que quer pessoas cada vez mais capacitadas são alguns disseminadores do cansaço. E está difícil escapar deles.
A coordenadora de vendas Luciana Guimarães de Morais, de 42 anos, tem uma rotina e tanto. E não é diferente da maioria das mães que trabalham fora. O despertador toca às 5h40, só assim é possível enfrentar o trânsito e conseguir chegar ao trabalho às 7h30. O horário de almoço é corrido. Ela tem uma hora para se alimentar e resolver qualquer pendência. A jornada termina às 17h30, mas ela não gasta menos de 45 minutos para chegar em casa. São 12 horas fora de casa e ao chegar ela quer curtir a filha Manoela, de 6 anos. Mas ainda tem que ajudá-la com o dever de casa.
MARATONA Luciana mora com os pais, o que já facilita sua vida. Mas cabe a ela deixar tudo da filha preparado para o dia seguinte: uniforme da escola, do balé, material do inglês. Duas vezes por semana ela dedica parte da noite à prática de uma atividade física. Os fins de semana são totalmente dedicados à filha, que já na quinta-feira começa a cobrar a programação. A sorte de Luciana é seu relógio biológico acostumado com poucas horas de sono. “Consigo descansar quando durmo. Sou completamente diurna, então não preciso de muitas horas e não tenho dificuldade para levantar.”
Uma vez por mês, quando Manoela passa o fim de semana com o pai, Luciana tem a oportunidade de ficar literalmente de pernas para o ar. Mas como não se permite ficar sem fazer nada e detesta bagunça, encontra nem que seja uma gaveta para arrumar. “Eu me regenero fácil, mas estou cansada. Essa rotina, o trânsito, o calor, tudo tira nosso tempo e nossa paz. Às vezes, acho que a gente até se acostuma a viver assim, mas tem hora que respiro fundo e me sinto morta”, desabafa Luciana, que está há mais de um ano sem férias e contando as horas para os cinco dias livres que vai ter neste mês.
Fadiga vira círculo vicioso
Cansaço nada mais é do que falta de disposição para fazer alguma coisa. Pode ser físico ou mental, sendo esse último ainda mais complicado, pois contra o físico basta parar para se recompor. O cansaço mental exige outras estratégias, além de também levar ao cansaço físico. Fato é que a pessoa cansada tende a ficar cada vez mais sem disposição, entrando em um círculo vicioso. Quanto mais cansada uma pessoa está, menos disposição ela tem para fazer qualquer coisa, inclusive coisas que poderiam amenizar a sensação de cansaço. Assim, vão seguindo cansadas.
Segundo Gerseli Angeli, doutora em fisiologia do exercício pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o aumento da solicitação física ou mental não dá ao corpo, ou à mente, tempo de se recuperar.
“Sente-se o cansaço e não se recupera. No dia seguinte a pessoa também não rende e assim passa a render cada vez menos. O corpo percebe esse movimento e começa a se defender. A falta de disposição, também chamada astenia, nada mais é que uma defesa do corpo. Depois de uma atividade cansativa, o corpo cria uma memória da exigência acima do seu condicionamento, e vem a falta de disposição”, explica.
A ideia, então, é burlar essa falta de disposição. Mas o corpo do homem moderno está acostumado a ser pouco solicitado. Afinal, há um dispositivo tecnológico para facilitar qualquer coisa. “O homem foi trocando seu condicionamento pelo conforto, e quanto menor é o condicionamento, menor é o nível de solicitação física necessária para que a pessoa se sinta descansada. É por isso que as pessoas ativas se sentem menos cansadas e têm mais disposição. A vida ativa defende o corpo dos malefícios do sedentarismo”, alerta. Contra o cansaço, então, a receita é não ceder.
EM DIA COM A PSICANÁLISE » O poder do remédio
EM DIA COM A PSICANÁLISE »
O poder do remédio
Regina Teixeira da Costa
Estado de Minas: 01/12/2013
Acredito que nem
todas as pessoas desejam curar-se. Falo da cura analítica. Ela é
diferente da cura médica, que detecta a doença por meio dos sintomas e a
confirma com exames sofisticados, que permitem precisão diagnóstica,
tratamento e solução do problema. É uma cura positiva e, felizmente,
existe para muitas doenças.
Tratamento médico é imprescindível. Sem ele e sem o poder dos modernos medicamentos, muitas doenças antes graves e fatais agora não seriam vencidas, nos devolvendo a saúde tão desejada. E também não teríamos aumentado a média de vida, hoje estendida a idades mais avançadas.
A média de vida subiu, as pessoas vivem mais e como tudo tem dois lados, as doenças senis aparecem e precisam de mais pesquisas e medicamentos para seus sintomas e sinais. Se a tentativa do homem é evitar a morte a todo custo, não é sem custo. Pagamos caro por isso, e questiono se em algum momento o melhor não seria deixar a vida se extinguir naturalmente, com menor insistência em mantê-la sem qualidade.
A vida é um bem precioso, o maior deles. Suportar a perda de entes queridos é muito doloroso e nos aferramos em prolongar a vida, para não sofrer por amor. E por isso sempre nos surpreendemos quando alguém deseja desistir da existência, sendo dever ético dos profissionais da saúde dissuadir ou proteger essa pessoa de si mesmo. Teria o sujeito o direito de desistir de sua vida? Polêmica discussão.
E isso não somente na hora da escolha entre vida e morte, mas em muitos outros momentos em que a interferência subjetiva extrapola o campo médico, um campo positivista, e se torna menos palpável. Não há exames para comprovar uma neurose, uma psicose ou mesmo a perversão. Nem para positivar uma depressão ou a angústia. As palavras nos permitem decidir o diagnóstico e a direção de cada tratamento, e alguns especialmente são bastante difíceis de decidir.
Embora a busca seja para encontrar um diagnóstico, tomar um remédio e se curar, muitas vezes não ocorre assim. Remediar nem sempre é a cura e nem todo sintoma somático refere-se a uma doença positiva. O inconsciente encontra modos singulares de se expressar por meio do corpo, e quando você não quer saber nada sobre o que o move e o que causa sofrimento, surgem sinais no corpo. Às vezes, uma angústia se aferra ao corpo de forma contundente.
E, de fato, é um trabalho árduo traduzir em palavras tais sinais. Dá para entender que o sujeito preferisse curar-se com uma pílula. Quando ele encontra um profissional que tem uma explicação, fica satisfeito e aliviado. O diagnóstico retira o sujeito da angustiante nuvem do não saber e o livra de trabalhar na busca da tradução em palavras que até ele mesmo desconhece em si mesmo. Isso não quer dizer que se cure.
É por isso que uma análise dá trabalho ao sujeito. Implica que ele se responsabilize pelo que se passa no corpo e trabalhe na busca da verdade sobre seu desejo, nem sempre muito óbvia ou em concordância com sua ideologia.
Isso tudo quando de fato se esgotam recursos como os exames e nenhuma melhora é alcançada com o uso de medicamentos, pois igualmente não se pode acreditar que tudo seja psicológico, sem fazer uma verificação. Se assim fosse, não haveria diagnósticos precoces tão importantes para a cura de certas doenças, como no caso do câncer, por exemplo.
Quando digo que nem todos querem se curar, aponto para ganhos secundários do adoecimento como, por exemplo, livrar o sujeito das responsabilidades da vida comum que talvez sejam difíceis para ele, poupando-o de encarar seus fracassos e limites. Outro ganho é fazê-lo centro de atenção e cuidados, que não teria quando saudável. Por exemplo, a TPM explica toda a irritabilidade da mulher e não requer explicações. Naqueles dias, ela pode “quase tudo.” Ela pode baseada no fato de que a TPM está para além de seu controle. São dias em que se está mais sensível e, por isso mesmo, ela precisará estar atenta, e especialmente cuidadosa.
Melhor mesmo é a saúde, seja psíquica, seja somática. Enfrentar a vida e as responsabilidades, e caso haja dificuldades, buscar logo a ajuda de bons profissionais.
Tratamento médico é imprescindível. Sem ele e sem o poder dos modernos medicamentos, muitas doenças antes graves e fatais agora não seriam vencidas, nos devolvendo a saúde tão desejada. E também não teríamos aumentado a média de vida, hoje estendida a idades mais avançadas.
A média de vida subiu, as pessoas vivem mais e como tudo tem dois lados, as doenças senis aparecem e precisam de mais pesquisas e medicamentos para seus sintomas e sinais. Se a tentativa do homem é evitar a morte a todo custo, não é sem custo. Pagamos caro por isso, e questiono se em algum momento o melhor não seria deixar a vida se extinguir naturalmente, com menor insistência em mantê-la sem qualidade.
A vida é um bem precioso, o maior deles. Suportar a perda de entes queridos é muito doloroso e nos aferramos em prolongar a vida, para não sofrer por amor. E por isso sempre nos surpreendemos quando alguém deseja desistir da existência, sendo dever ético dos profissionais da saúde dissuadir ou proteger essa pessoa de si mesmo. Teria o sujeito o direito de desistir de sua vida? Polêmica discussão.
E isso não somente na hora da escolha entre vida e morte, mas em muitos outros momentos em que a interferência subjetiva extrapola o campo médico, um campo positivista, e se torna menos palpável. Não há exames para comprovar uma neurose, uma psicose ou mesmo a perversão. Nem para positivar uma depressão ou a angústia. As palavras nos permitem decidir o diagnóstico e a direção de cada tratamento, e alguns especialmente são bastante difíceis de decidir.
Embora a busca seja para encontrar um diagnóstico, tomar um remédio e se curar, muitas vezes não ocorre assim. Remediar nem sempre é a cura e nem todo sintoma somático refere-se a uma doença positiva. O inconsciente encontra modos singulares de se expressar por meio do corpo, e quando você não quer saber nada sobre o que o move e o que causa sofrimento, surgem sinais no corpo. Às vezes, uma angústia se aferra ao corpo de forma contundente.
E, de fato, é um trabalho árduo traduzir em palavras tais sinais. Dá para entender que o sujeito preferisse curar-se com uma pílula. Quando ele encontra um profissional que tem uma explicação, fica satisfeito e aliviado. O diagnóstico retira o sujeito da angustiante nuvem do não saber e o livra de trabalhar na busca da tradução em palavras que até ele mesmo desconhece em si mesmo. Isso não quer dizer que se cure.
É por isso que uma análise dá trabalho ao sujeito. Implica que ele se responsabilize pelo que se passa no corpo e trabalhe na busca da verdade sobre seu desejo, nem sempre muito óbvia ou em concordância com sua ideologia.
Isso tudo quando de fato se esgotam recursos como os exames e nenhuma melhora é alcançada com o uso de medicamentos, pois igualmente não se pode acreditar que tudo seja psicológico, sem fazer uma verificação. Se assim fosse, não haveria diagnósticos precoces tão importantes para a cura de certas doenças, como no caso do câncer, por exemplo.
Quando digo que nem todos querem se curar, aponto para ganhos secundários do adoecimento como, por exemplo, livrar o sujeito das responsabilidades da vida comum que talvez sejam difíceis para ele, poupando-o de encarar seus fracassos e limites. Outro ganho é fazê-lo centro de atenção e cuidados, que não teria quando saudável. Por exemplo, a TPM explica toda a irritabilidade da mulher e não requer explicações. Naqueles dias, ela pode “quase tudo.” Ela pode baseada no fato de que a TPM está para além de seu controle. São dias em que se está mais sensível e, por isso mesmo, ela precisará estar atenta, e especialmente cuidadosa.
Melhor mesmo é a saúde, seja psíquica, seja somática. Enfrentar a vida e as responsabilidades, e caso haja dificuldades, buscar logo a ajuda de bons profissionais.
A diva master - Raquel Lima
A diva master
A romancista inglesa Jane Austen faz a cabeça das brasileiras, 196 anos depois de sua morte. Cultuada nas redes sociais, a autora de Orgulho e preconceito inspira livros e filme nacional
Raquel Lima
Estado de Minas: 01/12/2013
Jane Austen em retrato pintado pelo artista plástico inglês Ozias Humphrey (1742-1810) |
A
escritora britânica Jane Austen (1775-1817) escreveu muitas cartas.
Fala-se em mais de três mil, entre confidências, apêndices e comentários
sobre detalhes da vida na Inglaterra georgiana. Boa parte dessa
correspondência foi queimada por Cassandra, irmã da autora, mas 160
cartas resistiram. Em uma delas, a romancista comenta com a caçula e
confidente a venda de seu segundo livro, First impressions. Era novembro
de 1812 e os três volumes seriam publicados, meses depois, com o título
Pride and prejudice (Orgulho e preconceito), tornando-se um clássico.
De acordo com o editor de arte da BBC, Will Gompertz, cerca de 50 mil
cópias do livro são vendidas todos os anos só no Reino Unido.
Tradutor de quatro títulos de Jane Austen relançados pela L&PM no Brasil, Rodrigo Breunig acredita que a maneira singular da autora de observar a vida e o mundo é um dos aspectos que conferem longevidade à sua obra. Entretanto, os dois séculos do “filho predileto” da britânica, celebrados este ano, não são o único motivo de seu nome circular em posts ilustrados com corações e estrelas nas redes sociais.
Declarações de amor e depoimentos agradecidos se somam no perfil de Carina Rissi no Facebook. Essa paulista de Ariranha vem apresentando Jane Austen às brasileiras tanto no Face quanto no blog carinarissi.com. Depois de bancar a própria estreia literária, Carina republicou Perdida, em junho, pela Editora Verus/Record. O livro é tributo assumido à autora de Orgulho e preconceito. Procura-se um marido saiu há um ano, e outros três livros dela estão na fila de espera: Perdida 2, previsto para março, No mundo da Luna e Esperando você chegar.
Em 2015, Perdida será lançado no cinema, com direção de Luca Amberg. “Não sabia para que época levaria Sofia, a minha protagonista. Em homenagem a Jane Austen, acabei contando sua história no passado”, revela Carina. Mas não é tudo: o protagonista Ian age como um perfeito mister Darcy, personagem-chave de Orgulho e preconceito. A irmã dele se chama Elisabeth, nome da mocinha inventada por Jane.
Aliás, em Procura-se um marido, Carina chega a repetir as célebres palavras de Elizabeth para Darcy: “Você seria o último homem com o qual me casaria”.
Keira A versão cinematográfica de Perdida deve atrair quem não assistiu ao filme Orgulho e preconceito, dirigido por Joe Wright, que foi estrelado por Keira Knightley e lançado há oito anos. Adaptações para a tela sempre foram uma forma de rejuvenescer o público da autora inglesa.
“Em 1940, o estúdio MGM filmou Orgulho e preconceito, estrelado por Laurence Olivier e Greer Garson. No mesmo ano foi publicada a primeira tradução brasileira da obra – o filme, aliás, era mencionado na capa do livro. Esse pode ter sido o início da influência do cinema no mercado editorial”, ressalta Raquel Sallaberry Brião, pesquisadora da obra da autora inglesa. Há cinco anos ela mantém o blog Jane Austen em português (www.janeausten.com.br).
Está previsto para este mês o lançamento de Orgulho e preconceito e zumbis, com Lily Collins, sob direção de Burr Steers (de A morte e vida de Charlie). A Editora Rocco deve lançar, no início do ano que vem, Jane Austen roubou meu namorado, de Cora Harrison. Vida longa a Jane Austen!
Estrelas
Jane Austen (1775-1817) nasceu em Steventon, Hampshire, na Inglaterra. Seu primeiro livro publicado foi Razão e sensibilidade (1811). Ela é autora de Orgulho e preconceito (1813), Mansfield Park (1814) e Emma (1815). Depois de sua morte, aos 41 anos, foram lançados A abadia de Northanger e Persuasão. A obra da autora inglesa, que morreu solteira, atravessou séculos e faz sucesso no cinema. Em 2005, o filme Orgulho e preconceito (foto), dirigido por Joe Wright, projetou a inglesa Keira Knightley, rendendo-lhe a indicação ao Oscar de Melhor atriz.
Entrevista
Carina Rissi
escritora
Em que circunstâncias você conheceu a obra de Jane Austen?
Cursava o ensino médio e peguei Orgulho e preconceito emprestado na biblioteca da Gabriel Hernandes, escola pública em que eu estudava em Ariranha (SP). Tinha 16 anos e li o livro umas 50 vezes, sem parar. Aos 21, 22 anos comprei meu próprio exemplar, que tenho até hoje. E ele está num estado…
Em Perdida, você escreveu sobre a vida sem tecnologia. Já imaginou como seria escrever na época de Jane Austen?
Leio tudo o que consigo encontrar sobre Jane Austen. Há uma série da BBC que mostra a casa dela, o local onde escrevia: uma escrivaninha portátil, a pena. O papel era caríssimo, não se podia errar. Colava-se um pedacinho de papel com a correção. Muito difícil. Sem falar que ela era mulher num tempo em que nós, mulheres, não escrevíamos.
O que os textos de Austen, escritos há mais de 200 anos, ainda trazem de novo?
Os livros dela são atuais. Passaram-se 200 anos, mas muitas coisas não mudaram. A divisão silenciosa de classes, por exemplo. Ainda se apontam as meninas que namoram homens ricos como interesseiras. A delicadeza com que Jane trata o amor é a parte de que mais gosto. Prefiro acreditar que ainda existe essa delicadeza.
As menções que você fez a Jane Austen em seus livros foram premeditadas? Ou elas surgiram no ato de escrever?
Não sabia para que tempo levaria Sofia. Como gosto muito de Jane, acabei levando-a para um período parecido. Ian tem o sobrenome Clark – família que sempre aparece nos livros de Austen como coadjuvante. Gosto de pensar que eles são primos distantes. Batizei como Elisa a irmã do Ian em homenagem a Elisabeth Bennet. Na epígrafe de Procura-se..., falo de Jane, e a cena do café em que Alicia encontra Max tem muita influência de Austen. Alicia diz a ele: “Você é o último homem com quem me casaria”. No livro Mundo da Luna, que será lançado depois de Perdida 2, fiz homenagem a uma personagem de Emma, a Senhorita Bakes.
Como você se sente ao apresentar o universo de Austen a jovens leitoras?
Jane Austen é a diva master. Ela é “a” escritora – as outras estão abaixo dela. Costumo dizer que o chick lit sofre muito preconceito, mas insisto: a precursora desse gênero é Jane Austen. Suas obras conseguem ser sombrias, mas irônicas. E carregam um humor inteligente.
Seu primeiro livro vai virar filme. Você participará da elaboração do roteiro?
O cineasta Luca Amberg procurava uma comédia romântica nacional para rodar. Ele entrou numa livraria e comprou cinco livros brasileiros. Por sorte minha, o primeiro que ele leu foi Perdida e adorou a história, acho que por causa da Jane Austen. Depois disso, Luca deixou um recado no meu blog. Achei que era brincadeira, mas conversamos e a previsão de lançamento, se der tudo certo com a captação de recursos, é 2015. Sou corroteirista junto com o Amberg. É bem diferente de escrever um livro, mas estou adorando o desafio.
Enquanto isso...
...versão século 21
Atual dama do suspense, a britânica P.D. James lançou este ano o livro Morte em Perberley (editado no Brasil pela Companhia das Letras) – a “continuação” de Orgulho e preconceito. Os personagens Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy estão casados, têm dois filhos e vivem tranquilamente na propriedade rural de Pemberley. Tudo muda quando Lydia Bennet aparece por lá, durante um baile, gritando que o marido, George Wickerman, foi assassinado na floresta. O romance foi parar na TV britânica: a minissérie Death comes to Pemberley, com três episódios, deve ser exibida no ano que vem. Nos papéis principais estão Anna Maxwell Martin e Matthew Rhys (foto).
Três perguntas para...
Raquel Sallaberry Brião
pesquisadora
Considerando que os títulos de Jane Austen são de domínio público, ainda é importante lançar novas traduções de obras dela em papel?
Primeiramente, quero esclarecer: apenas os originais em inglês de Jane Austen estão no domínio público. Ainda não temos tradução brasileira no domínio público. Isso ocorre 70 anos depois do falecimento do tradutor, conforme a Lei 9.610. As novas traduções são sempre importantes e bem-vindas, pois, com o passar do tempo, as traduções envelhecem, diferentemente do original.
O anonimato “forçado” de Jane e as circunstâncias em que ela escrevia ajudaram ou atrapalharam?
O anonimato era comum para escritores na época de Jane Austen, principalmente para mulheres de condição social mais elevada, pois havia um certo pudor em relação a trabalhos remunerados. O que valia era a excelência da obra, não a publicidade em torno dela. Quanto às circunstâncias, creio que eram boas, pois Jane tinha família estável social e economicamente, além de muito solidária nos tempos mais difíceis. Ela sempre foi incentivada, desde jovem.
Como a família reagiu ao fato de Jane Austen ser escritora?
O reverendo Austen foi o primeiro a oferecer o trabalho da filha a uma editora (Orgulho e preconceito, ainda com o título First impressions) quando ela tinha apenas 22 anos. Mais tarde, seu irmão, Henry, encarregou-se de negociar os trabalhos.
Tradutor de quatro títulos de Jane Austen relançados pela L&PM no Brasil, Rodrigo Breunig acredita que a maneira singular da autora de observar a vida e o mundo é um dos aspectos que conferem longevidade à sua obra. Entretanto, os dois séculos do “filho predileto” da britânica, celebrados este ano, não são o único motivo de seu nome circular em posts ilustrados com corações e estrelas nas redes sociais.
Declarações de amor e depoimentos agradecidos se somam no perfil de Carina Rissi no Facebook. Essa paulista de Ariranha vem apresentando Jane Austen às brasileiras tanto no Face quanto no blog carinarissi.com. Depois de bancar a própria estreia literária, Carina republicou Perdida, em junho, pela Editora Verus/Record. O livro é tributo assumido à autora de Orgulho e preconceito. Procura-se um marido saiu há um ano, e outros três livros dela estão na fila de espera: Perdida 2, previsto para março, No mundo da Luna e Esperando você chegar.
Em 2015, Perdida será lançado no cinema, com direção de Luca Amberg. “Não sabia para que época levaria Sofia, a minha protagonista. Em homenagem a Jane Austen, acabei contando sua história no passado”, revela Carina. Mas não é tudo: o protagonista Ian age como um perfeito mister Darcy, personagem-chave de Orgulho e preconceito. A irmã dele se chama Elisabeth, nome da mocinha inventada por Jane.
Aliás, em Procura-se um marido, Carina chega a repetir as célebres palavras de Elizabeth para Darcy: “Você seria o último homem com o qual me casaria”.
Keira A versão cinematográfica de Perdida deve atrair quem não assistiu ao filme Orgulho e preconceito, dirigido por Joe Wright, que foi estrelado por Keira Knightley e lançado há oito anos. Adaptações para a tela sempre foram uma forma de rejuvenescer o público da autora inglesa.
“Em 1940, o estúdio MGM filmou Orgulho e preconceito, estrelado por Laurence Olivier e Greer Garson. No mesmo ano foi publicada a primeira tradução brasileira da obra – o filme, aliás, era mencionado na capa do livro. Esse pode ter sido o início da influência do cinema no mercado editorial”, ressalta Raquel Sallaberry Brião, pesquisadora da obra da autora inglesa. Há cinco anos ela mantém o blog Jane Austen em português (www.janeausten.com.br).
Está previsto para este mês o lançamento de Orgulho e preconceito e zumbis, com Lily Collins, sob direção de Burr Steers (de A morte e vida de Charlie). A Editora Rocco deve lançar, no início do ano que vem, Jane Austen roubou meu namorado, de Cora Harrison. Vida longa a Jane Austen!
Estrelas
Jane Austen (1775-1817) nasceu em Steventon, Hampshire, na Inglaterra. Seu primeiro livro publicado foi Razão e sensibilidade (1811). Ela é autora de Orgulho e preconceito (1813), Mansfield Park (1814) e Emma (1815). Depois de sua morte, aos 41 anos, foram lançados A abadia de Northanger e Persuasão. A obra da autora inglesa, que morreu solteira, atravessou séculos e faz sucesso no cinema. Em 2005, o filme Orgulho e preconceito (foto), dirigido por Joe Wright, projetou a inglesa Keira Knightley, rendendo-lhe a indicação ao Oscar de Melhor atriz.
Entrevista
Carina Rissi
escritora
Em que circunstâncias você conheceu a obra de Jane Austen?
Cursava o ensino médio e peguei Orgulho e preconceito emprestado na biblioteca da Gabriel Hernandes, escola pública em que eu estudava em Ariranha (SP). Tinha 16 anos e li o livro umas 50 vezes, sem parar. Aos 21, 22 anos comprei meu próprio exemplar, que tenho até hoje. E ele está num estado…
Em Perdida, você escreveu sobre a vida sem tecnologia. Já imaginou como seria escrever na época de Jane Austen?
Leio tudo o que consigo encontrar sobre Jane Austen. Há uma série da BBC que mostra a casa dela, o local onde escrevia: uma escrivaninha portátil, a pena. O papel era caríssimo, não se podia errar. Colava-se um pedacinho de papel com a correção. Muito difícil. Sem falar que ela era mulher num tempo em que nós, mulheres, não escrevíamos.
O que os textos de Austen, escritos há mais de 200 anos, ainda trazem de novo?
Os livros dela são atuais. Passaram-se 200 anos, mas muitas coisas não mudaram. A divisão silenciosa de classes, por exemplo. Ainda se apontam as meninas que namoram homens ricos como interesseiras. A delicadeza com que Jane trata o amor é a parte de que mais gosto. Prefiro acreditar que ainda existe essa delicadeza.
As menções que você fez a Jane Austen em seus livros foram premeditadas? Ou elas surgiram no ato de escrever?
Não sabia para que tempo levaria Sofia. Como gosto muito de Jane, acabei levando-a para um período parecido. Ian tem o sobrenome Clark – família que sempre aparece nos livros de Austen como coadjuvante. Gosto de pensar que eles são primos distantes. Batizei como Elisa a irmã do Ian em homenagem a Elisabeth Bennet. Na epígrafe de Procura-se..., falo de Jane, e a cena do café em que Alicia encontra Max tem muita influência de Austen. Alicia diz a ele: “Você é o último homem com quem me casaria”. No livro Mundo da Luna, que será lançado depois de Perdida 2, fiz homenagem a uma personagem de Emma, a Senhorita Bakes.
Como você se sente ao apresentar o universo de Austen a jovens leitoras?
Jane Austen é a diva master. Ela é “a” escritora – as outras estão abaixo dela. Costumo dizer que o chick lit sofre muito preconceito, mas insisto: a precursora desse gênero é Jane Austen. Suas obras conseguem ser sombrias, mas irônicas. E carregam um humor inteligente.
Seu primeiro livro vai virar filme. Você participará da elaboração do roteiro?
O cineasta Luca Amberg procurava uma comédia romântica nacional para rodar. Ele entrou numa livraria e comprou cinco livros brasileiros. Por sorte minha, o primeiro que ele leu foi Perdida e adorou a história, acho que por causa da Jane Austen. Depois disso, Luca deixou um recado no meu blog. Achei que era brincadeira, mas conversamos e a previsão de lançamento, se der tudo certo com a captação de recursos, é 2015. Sou corroteirista junto com o Amberg. É bem diferente de escrever um livro, mas estou adorando o desafio.
Enquanto isso...
...versão século 21
Atual dama do suspense, a britânica P.D. James lançou este ano o livro Morte em Perberley (editado no Brasil pela Companhia das Letras) – a “continuação” de Orgulho e preconceito. Os personagens Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy estão casados, têm dois filhos e vivem tranquilamente na propriedade rural de Pemberley. Tudo muda quando Lydia Bennet aparece por lá, durante um baile, gritando que o marido, George Wickerman, foi assassinado na floresta. O romance foi parar na TV britânica: a minissérie Death comes to Pemberley, com três episódios, deve ser exibida no ano que vem. Nos papéis principais estão Anna Maxwell Martin e Matthew Rhys (foto).
Três perguntas para...
Raquel Sallaberry Brião
pesquisadora
Considerando que os títulos de Jane Austen são de domínio público, ainda é importante lançar novas traduções de obras dela em papel?
Primeiramente, quero esclarecer: apenas os originais em inglês de Jane Austen estão no domínio público. Ainda não temos tradução brasileira no domínio público. Isso ocorre 70 anos depois do falecimento do tradutor, conforme a Lei 9.610. As novas traduções são sempre importantes e bem-vindas, pois, com o passar do tempo, as traduções envelhecem, diferentemente do original.
O anonimato “forçado” de Jane e as circunstâncias em que ela escrevia ajudaram ou atrapalharam?
O anonimato era comum para escritores na época de Jane Austen, principalmente para mulheres de condição social mais elevada, pois havia um certo pudor em relação a trabalhos remunerados. O que valia era a excelência da obra, não a publicidade em torno dela. Quanto às circunstâncias, creio que eram boas, pois Jane tinha família estável social e economicamente, além de muito solidária nos tempos mais difíceis. Ela sempre foi incentivada, desde jovem.
Como a família reagiu ao fato de Jane Austen ser escritora?
O reverendo Austen foi o primeiro a oferecer o trabalho da filha a uma editora (Orgulho e preconceito, ainda com o título First impressions) quando ela tinha apenas 22 anos. Mais tarde, seu irmão, Henry, encarregou-se de negociar os trabalhos.
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