folha de são paulo
RICARDO SENRA
DE SÃO PAULO
O brilho dos paetês e da purpurina vai dividir espaço com carecas reluzentes no maior evento LGBT do país. Um grupo de skinheads "da paz" pretende unir-se a punks e anarquistas no desfile oficial da Parada Gay, que acontece no próximo domingo (2), na Avenida Paulista.
A concentração do bloco Antifa, que reúne diferentes "tribos" contra o preconceito, acontece às 11h na esquina das avenidas Paulista e Brigadeiro Luís Antônio.
Parada Gay
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A meta do bloco é encerrar o desfile oficial. Para tanto, além das tradicionais botas militares, suspensórios e cabeças raspadas, o grupo promete levar um carrinho de supermercado com caixas de som entoando rock pesado.
"A diversidade também precisa aparecer na trilha sonora", explica um integrante.
No Facebook, o grupo reivindica a "criminalização de delitos motivados por intolerância homofóbica".
Para o ativista Bruno Maia, 31, conhecido como Todd Tomorrow, a oportunidade fortalece o diálogo entre os movimentos sociais. "A comunidade LGBT precisa saber que nem todo skinhead é homofóbico, racista e contra estrangeiros", afirma.
No ano passado, o bloco precisou enfrentar a polícia para participar da parada. "Eles queriam barrar o grupo. Só depois de muita conversa conseguiram entrar", diz Todd.
A principal vertente skinhead contra a homofobia chama-se SHARP (sigla em inglês para "skinheads contra o preconceito racial"). Com integrantes gays e bissexuais, os "sharps" pregam o retorno às origens da ideologia skinhead, criada na Jamaica, distante da conotação fascista incorporada na década de 1980.