quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Como o computador há 30 anos, a impressora 3D pode ser o eletrodoméstico do futuro

folha de são paulo

STEVEN KURUTZ
DO "NEW YORK TIMES"

Em seu recente discurso sobre o Estado da União, o presidente Barack Obama mencionou uma tecnologia em ascensão. Ele disse: "Os trabalhadores estão dominando a técnica da impressão 3D, que tem o poder de revolucionar a forma pela qual produzimos quase tudo".
Quando Brook Drumm assistiu a trechos do discurso em sua casa, sentiu vontade de cumprimentar o presidente. Drumm projetou o Printrbot, um kit para impressora 3D. Como alguns outros modelos de impressoras 3D, o seu usa plástico aquecido --aplicado por uma pistola extrusora, camada após camada, sobre uma base aquecida-- a fim de transformar projetos realizados no computador em objetos reais.
Como disse Drumm na campanha que conduziu no site de crowdfunding Kickstarter para capitalizar seu projeto, obtendo mais de US$ 830 mil em 2011, a Printrbot é pequena o bastante para ser posicionada sobre um balcão de cozinha, ao lado da cafeteira elétrica. "O objetivo da companhia", afirmava Drumm em tom ambicioso, "é colocar uma de nossas impressoras em cada casa e em cada escola".

Impressão 3D

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Jim Wilson/The New York Times
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Brook Drumm com impressoras 3D que ele monta em sua casa, em Lincoln, na Califórnia Leia mais
A tecnologia para impressão 3D existe há anos, e o presidente Obama estava se referindo às suas aplicações industriais. Mas há uma crescente sensação de que as impressoras 3D podem ser o eletrodoméstico do futuro, da mesma forma que os computadores pessoais o eram 30 anos atrás.
Como os computadores, as impressoras 3D provaram seu valor inicialmente no setor empresarial, custavam uma fortuna, e no começo eram maiores que uma geladeira. Mas, nos últimos anos, modelos mais compactos começaram a emergir, e futuristas e pessoas que adotaram a impressão 3D como hobby agora concebem um mundo no qual alguém que tenha uma ideia de ferramenta para economizar trabalho --ou que perca o ponteiro das horas de seu relógio de cozinha ou a tampa do vidro de xampu-- poderá simplesmente imprimir sua invenção ou uma peça substituta.
Bre Pettis, executivo-chefe da MakerBot, companhia sediada em Brooklyn que lidera o avanço rumo a impressoras 3D voltadas ao consumidor, já viu a tecnologia em uso prático. "Já ouvimos histórias de pessoas que consertaram processadores de alimentos ou suas cafeteiras", ele diz.
Um arquivo de projetos compartilhados administrado pela MakerBot, chamado Thingiverse, no momento tem mais de 36 mil projetos disponíveis para download.
No final do ano passado, a MakerBot abriu o que pode ser a primeira loja dedicada a impressoras 3D, na parte sul de Manhattan. Na loja, modelos de demonstração da Replicator 2, uma máquina esbelta e com estrutura metálica, mais ou menos do tamanho de um micro-ondas e com preço de US$ 2.200, estão em operação constante, imprimindo arquivos criados no Trimble SketchUp ou em outros programas de CAD e produzindo coisas como maquetes ou estojos para smartphones.
Emmanuel Plat, diretor de parcerias comerciais na divisão de varejo do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), disse que, em sua experiência, assistir ao trabalho de uma impressora 3D pode causar um choque de futuro. "Quando as pessoas veem a máquina funcionar, ficam hipnotizadas", afirma.

POTENCIAL E REALIDADE

Mas, apesar de todo o entusiasmo quanto à impressão 3D, continua a existir uma lacuna considerável entre o potencial da tecnologia e sua realidade atual. As cerca de 15 mil pessoas que compraram uma impressora MakerBot são em geral profissionais de design ou pessoas da comunidade dos "makers", cujo hobby é a produção de objetos, e não consumidores comuns, que em muitos casos continuam a enfrentar dificuldades até para programar seus controles remotos.
Drumm adquiriu um kit dois anos atrás porque desejava que sua família fosse "a primeira do quarteirão a ter uma impressora 3D", disse. Depois de montar a máquina, uma tarefa complicada que exigia conhecimento de soldagem, ele e seu filho de seis anos de idade conseguiram imprimir um abridor de garrafa. "Demorou 45 minutos, e ele era bem ruim, mas me senti encorajado", conta Drumm. "Olha só o que conseguimos fazer sem sair da nossa mesa da cozinha!"
É um sentimento que Pettis espera que venha a ser compartilhado por outros pais. Ele aposta que eles comprarão impressoras 3D para os filhos da mesma forma que sua família comprou um computador pessoal Commodore 64, no começo dos anos 80. As máquinas representam o futuro, segundo ele, e, "pelo custo de um laptop", elas oferecem "uma educação para a indústria".
Ainda assim, ao preço de US$ 2.200, uma Replicator 2 custa mais caro que a maioria dos laptops, e na economia estagnada atual é de se imaginar que as famílias encontram usos mais essenciais para esse dinheiro.
Quando estava projetando a Printrbot, essa foi uma das coisas que Drumm tinha em mente. Ele queria que seu kit fosse fácil de montar e que não precisasse de soldagem, diz, mas acima de tudo queria que fosse barato. Decidiu adotar um preço de cerca de US$ 550.
Max Lobovsky, um dos criadores da Form 1, uma impressora de mesa 3D, disse que a impressora 3D caseira está em estágio de evolução semelhante ao dos protozoários. "As máquinas precisam ser mais fáceis de usar, ter maior capacidade e oferecer mais aplicativos para uso em casa. Creio que tudo isso ainda esteja faltando hoje."
Ele e seu sócio, Natan Linder, conceberam a Form 1, vendida por cerca de US$ 3.300, como uma impressora 3D para profissionais, mas com preço acessível. Em setembro, eles obtiveram mais de US$ 2,9 milhões no Kickstarter, o que prova o entusiasmo do mercado pela ideia.

HACKERSPACE

Pode ser só questão de tempo para que as impressoras 3D dividam espaço nas estantes caseiras com o laptop ou o televisor. Mas, no momento, elas são encontradas mais comumente em um hackerspace, tipo de clube onde entusiastas se reúnem para trocar informações e resolver os problemas de máquinas que costumam ser complicadas.
Considere quantos problemas causa uma impressora 2D, com seus bloqueios de alimentação de papel e avisos de tinta baixa. As versões 3D usam plástico quente, e você não pode recorrer ao pessoal da informática do escritório para consertá-las.
O Hack Manhattan conduz um evento semanal chamado 3-D Thursday. Certa noite do mês passado, David Reeves e Justin Levinson, dois sócios do clube, estavam sentados diante de uma impressora que Reeves montou usando projetos disponíveis gratuitamente on-line.
Em um circuito de realimentação perpétua digno de um filme de ficção científica, Reeves, um cientista experimental que gosta de construir engenhocas, estava usando sua impressora 3D para produzir peças para outra impressora 3D.
Levinson, editor da revista "Makeshift", cujo tema são invenções caseiras criativas, diz que consegue pensar em pelo menos um uso prático para uma impressora 3D: o forno da casa está com um queimador quebrado, e já não existem peças de reposição. "Objetos inteiros são inutilizados porque uma porcaria de uma peça plástica quebrou", ele diz. Se for possível imprimir um sobressalente, "o ciclo de vida dos objetos pode ser alongado".
Mas Levinson ainda não tem uma impressora 3D em casa, e talvez seja inteligente de sua parte não comprar uma delas por enquanto.
Outro dos associados do clube, Jim Galvin, programador de iluminação para produções de cinema e TV, diz ter gasto quase US$ 1.000 em uma Cupcake, um dos primeiros modelos de impressora 3D da MakerBot. Ela funcionou para imprimir um suporte de iPhone para uso em seu carro. Mas ele se queixa: "Tudo que imprimi, precisei imprimir pelo menos oito vezes até acertar". E a Cupcake enguiçava frequentemente. "Acabei virando mecânico de impressoras 3D, e não era isso que eu queria ser."
Fica claro que, a despeito dos desafios técnicos e dos custos, todos os presentes estavam tão entusiasmados com a nova tecnologia quanto Galvin. Ao longo da noite, eles conversaram sobre os diversos tipos de plástico, trocaram dicas sobre funcionamento e falaram sobre novos desdobramentos que viram ou sobre os quais ouviram e sobre como a impressão 3D vai gerar a revolução que Obama previu em seu discurso.
Se você fechasse os olhos, poderia quase se imaginar em uma sala do Vale do Silício nos anos 70, ouvindo as conversas dos pioneiros da programação de computadores que cantavam as virtudes dos computadores pessoais. E todos nós sabemos aonde isso nos levou.
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AS MÁQUINAS

Há dezenas de modelos de impressoras para que os compradores escolham, hoje em dia. Pedimos a David Reeves, do clube Hack Manhattan, que criou uma impressora 3D e experimentou diversos modelos, que dissesse o que pensa sobre algumas.
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REPLICATOR 2, DA MAKERBOT

CUSTO Cerca de US$ 2.000
O QUE VOCÊ PRECISA SABER A impressora ideal é a que pode imprimir rápido sem sacrificar a qualidade. A qualidade de impressão da Replicator 2, segundo Reeves, é melhor que a de qualquer outra máquina que ele tenha usado. Embora a publicidade afirme que ela pode ser usada como vem, na caixa, Reeves afirmou que a que ele experimentou precisou de ajustes de software. Além disso, o preço é meio salgado.
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PRUSA MENDEL

CUSTO Cerca de US$ 750
O QUE VOCÊ PRECISA SABER A Mendel surgiu do projeto RepRap, uma iniciativa de fonte aberta cujo objetivo era criar uma impressora 3D barata e capaz de se reproduzir. Reeves construiu sua Mendel com componentes comprados on-line e disse que ela vem se provando muito durável. Talvez o melhor sobre ela é que o design é atualizado frequentemente --os proprietários podem baixar os arquivos gratuitamente e imprimir peças novas.
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FORM 1

CUSTO Cerca de US$ 3.300
O QUE VOCÊ PRECISA SABER A Form 1 foi um projeto de imenso sucesso no Kickstarter e talvez seja a impressora 3D de aparência mais bacana do mercado. Usa tecnologia diferente das demais impressoras (chamada estereolitografia, para produzir impressões de maior resolução usando laser, segundo a companhia), e isso explica o preço alto. Reeves diz que não conhece a Form 1 o bastante para oferecer opinião, ainda que tenha dito que ela vem pronta para operar, e não em forma de kit. "São máquinas complexas, com hardware e software complexos", disse Reeves, acrescentando que montar uma impressora sem ajuda "pode ser frustrante até para quem está acostumado com isso".
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PRINTRBOT JR., DA PRINTRBOT

CUSTO Cerca de US$ 400
O QUE VOCÊ PRECISA SABER Um dos membros do Hack Manhattan tem uma Printrbot Jr., e Reeves se declara "realmente impressionado com a qualidade de impressão". O preço também é atraente para os iniciantes, assim como o tamanho compacto (ela é fácil de transportar). Um lado negativo para quem não está acostumado a lidar com esse tipo de máquina é que ela é vendida como kit; outro é que o tamanho do leito limita o tamanho dos objetos que se pode imprimir com a Printrbot Jr.
Tradução de PAULO MIGLIACCI

Wolverine e Hércules trocam beijo em nova HQ da Marvel

folha de são paulo



DE SÃO PAULO

A Marvel lançará uma edição alternativa com um beijo gay de Wolverine e Hércules. A informação foi publicada pelo site de notícias "Huffington Post" na última terça-feira (26).
Na HQ "X-Treme X-Men 10", os dois se per­dem em rea­li­da­des alter­na­ti­vas e terão con­tato com per­so­na­gens em diver­sas épocas e mundos. O beijo acon­tece na Grécia antiga.
A página divul­gada da HQ mos­tra o texto: "Nós fomos os mai­o­res heróis de nos­sos mun­dos. E no dia em que mata­mos o pior mons­tro que ame­a­çou o Domínio do Canadá Nós reve­la­mos nosso amor". A edi­ção chega às bancas em setembro.
A Marvel e a DC Comics têm mos­trado rela­ci­o­na­men­tos gays em seus gibis. A pri­meira retratou o casamento do mutante Estrela Polar na revista "Ashtonishing X-Men 51".
Já a DC, tem a "Batwoman", uma vigi­lante de Gotham City que assumidamente se relaciona com outras mulheres.
Reprodução
Reprodução da HQ alternativa "X-Treme X-Men 10", da Marvel, que mostra a cena de beijo entre Wolverine e Hércules
Reprodução da HQ alternativa "X-Treme X-Men 10", da Marvel, que mostra a cena de beijo entre os heróis Wolverine e Hércules

Nina Horta

folha de são paulo

As tarefas da fazenda
Odeio abobrinhas e tive que plantar um monte. Será que mrs. Neder não desconfiava que eu era um rato de livros?
Nos Estados Unidos, fiquei um certo tempo, não mais que uma semana, numa cidadezinha bem no meio do Meio-Oeste, visitando os "pais" de meus filhos, casa onde todos haviam passado um tempo. Nós recebêramos aqui os filhos deles, uma delas passou um ano do ginásio conosco. Lá, moravam numa fazendinha, a casa térrea fechada o tempo todo por causa do ar
refrigerado e um bendito e maravilhoso lago cheio de peixinhos que te beliscavam dentro da água. Céu azul, pequenas plantações de abobrinha, de tomate, de pepino. Muitos cavalos appaloosa, que eram o hobby do fazendeiro.
Galinhas e patos a serem alimentados todas as manhãs, leite a ser tirado. E as tarefas da fazenda, por menores que fossem, eram tarefas, e as crianças simplesmente odiavam ter que fazer aquilo.
Sonhavam com outra vida, com McDonald's e sorvetes e cinema e bailinhos e até estudos, mas sem a obrigação de plantar, plantar e depois colher e depois guardar tudo em vidros para o inverno pesando na cabeça.
Odeio abobrinhas e tive que plantar um monte, as costas doendo, ah. Será que mrs. Neder não desconfiava que eu era um rato de livros, achava lindo ler como plantar abobrinhas, mas o ato em si me deixava com a espinhela caída? Me sentia a perfeita cigarra enquanto a dona de casa era a formiga laboriosa. E um supermercado na frente, enorme, com todas as possibilidades...
Estávamos no auge dos tomates, na época, e até o marido, um dia, à mesa, pediu: "Será que não dá para comermos alguns frescos antes que vocês façam conserva de tudo?"
A ideia de lazer não era muito bem-vinda. Tinham que estar trabalhando o tempo todo. Adorei o processo de guardar tudo em vidros. Na verdade, depois que se pega o jeito, é muito fácil. Trouxe para o Brasil as tampas e tudo o mais, mas, com certeza, a novela me distraiu porque não me lembro de ter feito conserva de nada. E, além disso, nunca achei aqui aquela rosca da tampa do tamanho que eu precisava e me contentei em fazer picles.
Mas como eram práticos em outras coisas. À noite, os pratos eram de acrílico ou plástico mesmo, uma coisa bonita, não aqueles pratinhos de aniversário de criança. E ao acabar o jantar, ó felicidade, um belo saco de lixo, e a mesa se esvaziava sem pia cheia. E o que se faz de piquenique! Cheguei à conclusão de que piquenique nada mais é do que um jeito de se livrar da louça. Sanduíches, salsichas em churrasco, frutas e acabou-se a trabalheira.
No dia em que vim embora, foram me levar ao aeroporto sem café da manhã, coisa que me assustou, pois não existo antes do café. Pois não é que logo depois de termos saído, surpresa! Pararam o carro, toalha xadrez vermelha no capô e "doughnuts" de todos os tipos com uma garrafa térmica de café.
A vinda dos pais ao Brasil foi um fracasso. Primeiro, a falta de trabalho caseiro. O pai era tão grande
que tinha que dormir atravessado na cama. Não acharam graça dos cavalos do jóquei porque era jogo, contra a religião deles. Em Paraty, não é que chegaram na praia umas cinco meninas de topless? Que remédio, cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.

    Claudia Collucci - Casamento gay e o impacto na saúde

    folha de são paulo

    Casamento gay e o impacto na saúde


    Políticas favoráveis ou contrárias ao casamento gay podem ter impacto na saúde das minorias sexuais, revelam recentes estudos que avaliam as implicações de legislações no dia a dia das pessoas.
    Um exemplo foi o que aconteceu após as eleições de 2004 nos EUA. Catorze estados aprovaram emendas constitucionais para limitar a definição de casamento para a união entre um homem e uma mulher, o que significou, na prática, banir o casamento gay.
    Um estudo acompanhou a saúde mental de lésbicas, gays e bissexuais (LGB) que viviam nesses estados e descobriu que essas pessoas apresentam maiores taxas de transtornos psiquiátricos do que as pessoas LGB que vivem em estados sem tais alterações.
    Os pesquisadores também avaliaram uma amostra de indivíduos antes e após a mudança que vetou o casamento gay: os casos de transtornos de humor aumentaram 38%, os de transtornos por uso de álcool em 42% e os de transtornos de ansiedade generalizada deram um salto de 248%.
    Mas o inverso é verdadeiro? Uma legislação que permite o casamento gay pode ter um efeito protetor sobre a saúde mental de gays e lésbicas?
    Um outro estudo feito em Massachusetts, publicado no ano passado, tentou responder essa questão. O trabalho analisou 1.211 homens homossexuais e bissexuais durante os 12 meses antes e 12 meses após a votação de 2003 para legalizar o casamento gay.
    Os resultados mostraram que, nos 12 meses seguintes à mudança na lei do casamento, as visitas médicas por problemas físicos entre homens gays e bissexuais diminuíram 13%, e os custos em saúde apresentaram queda de 10% (em comparação aos 12 meses anteriores à mudança na lei).
    Visitas ao médico associadas a problemas de saúde mental entre os homens gays e bissexuais também caíram 13%, e os custos em saúde 14%.
    Estudos desse tipo têm limitações metodológicas, e os resultados não podem ser generalizados a todas as pessoas. Do ponto de vista individual, também há outros fatores que poderiam influenciar a saúde mental dos homossexuais e bissexuais.
    Mas, de qualquer forma, é importante esse conjunto de evidências que começa a se formar sobre o impacto de determinadas leis na saúde das pessoas.
    Avener Prado/Folhapress
    Cláudia Collucci é repórter especial da Folha, especializada na área da saúde. Mestre em história da ciência pela PUC-SP e pós graduanda em gestão de saúde pela FGV-SP, foi bolsista da University of Michigan (2010) e da Georgetown University (2011), onde pesquisou sobre conflitos de interesse e o impacto das novas tecnologias em saúde. É autora dos livros "Quero ser mãe" e "Por que a gravidez não vem?" e coautora de "Experimentos e Experimentações". Escreve às quartas, no site.

    Julia Sweig

    folha de são paulo

    A grande notícia de Cuba
    Sucessão em Havana agora tem um prazo, um nome e um rosto -ou rostos, para sermos mais precisos
    Não obstante a fixação da mídia brasileira por Yoani Sánchez, não é ela a grande notícia do momento vinda de Cuba. Não, a história real é que a sucessão em Havana agora tem um prazo, um nome e um rosto -ou rostos, para sermos precisos.
    "Não é um político de tubo de ensaio" é a frase empregada por um diplomata cubano na América Latina para descrever Miguel Díaz-Canel, eleito esta semana primeiro vice-presidente de Cuba e aparente sucessor de Raúl Castro.
    No domingo passado, a Assembleia Nacional Cubana ratificou o segundo e último mandato de cinco anos de Raúl Castro como presidente da República e presidente do Conselho de Estado. E elegeu ou (em alguns casos) reelegeu cinco vices.
    Há muita sobreposição entre o politburo do Partido Comunista e a liderança do Conselho de Estado, com seus 31 membros, que também é diferente do Conselho de Ministros. Por mais confusas que possam ser essas estruturas, o que Raúl Castro deixou cristalinamente claro em seu discurso inaugural de 35 minutos é que ele deixará a Presidência até no máximo fevereiro de 2018 (quando terá 86 anos).
    Ainda há três outros "históricos" no primeiro escalão em Cuba, mas hoje duas mulheres na casa dos 50 anos ocupam o cargo de vice-presidente, e um homem de 68 anos e descendente de africanos é o novo presidente da Assembleia Nacional.
    Como eu escrevi nesta coluna este mês, a diversidade de gênero, racial, geográfica e, sim, política -o setor privado agora ocupa um lugar à mesa, e a comunidade LGBT, também- nunca foi tão pronunciada entre os 602 membros da Assembleia Nacional.
    Dentro em breve uma nova lei vai instituir limites máximos de dois mandatos de cinco anos cada para as altas autoridades, o que significa que a era da estase e da liderança personalista em Cuba chegou ao fim.
    A era pós-Castro agora tem nome e rosto. Engenheiro formado, Díaz-Canel não lutou na Serra Maestra. E tampouco é um burocrata do partido que cresceu em algum prédio de escritórios de Havana.
    Ele é conhecido como fazedor, alguém que construiu sua reputação realizando coisas em campo. O secretário-geral do partido em cada província é um pouco como um governador. E, em Villa Clara e Holguin, as duas províncias de Cuba central e oriental onde Díaz-Canel ocupou esse cargo, ele ganhou fama de ser um líder das bases, alguém que põe a mão na massa.
    Oh, você pergunta -ele pode ter nascido após a revolução de 1959, mas, se tem a bênção dos Castro, até que ponto pode ser um agente de reformas? E, depois que Raúl deixar a Presidência, Díaz-Canel terá a boa fé política necessária para tecer um consenso a partir dos interesses políticos em muitos casos conflitantes que a abertura política vai produzir?
    Minhas respostas: 1) ele parece encarnar o espectro de continuidade-transformação que é condizente com a gestão de uma transformação estável, feita por Raúl; 2) apenas o tempo dirá.
    E Yoani? Como deixou clara sua semana no Brasil, a base política dela fica fora de Cuba.
    Tradução de CLARA ALLAIN

      Antonio Prata

      folha de são paulo

      O fim
      Enquanto chafurda a escova pelo interior da carcaça, pensa no aumento que não pediu, na demissão que não pedirá
      Você aperta bem no meio do tubo, e nada: eis o primeiro sinal do fim, mas quem atenta para os primeiros sinais? Além do que, a bisnaga está quase cheia, só ali pelo meio é que murchou: basta pressioná-la em cima, perto do bico, ou embaixo, próximo à base, e a pasta sairá, roliça e lustrosa, nas cerdas de sua escova. A ideia de passar numa farmácia pisca em seu córtex como um distante vaga-lume, para logo desaparecer no cipoal de neurônios.
      Cinco ou seis dias depois, contudo, você aperta o tubo na parte de cima, outrora bojuda, e nada acontece. Não é grave, um pequeno remanejamento dá conta do recado: com os polegares e indicadores, vai espremendo da base pro bico. A visão da bisnaga de peito estufado traz algum alívio no curto prazo, mas a informação "preciso comprar pasta de dente" agora está colada, como um Post-it, na tela de sua consciência.
      E daí? Há assuntos mais importantes, sempre há: a infiltração no teto do banheiro, o aumento que pretende pedir -a demissão, se tivesse coragem-, uma DR definitiva da qual foge como o diabo da cruz. É lá do fim dessa fila que acena, pequenina, a possível escassez dentifrícia.
      A Terra, porém, completa mais algumas voltas em torno de seu eixo: folhas caem das árvores, flores brotam nos jardins, pormenores atingem a maioridade -eis o que você percebe, diante do tubo vazio, hirto como uma fronha secando no varal.
      O problema não é mais "preciso comprar pasta" e sim "por que
      cazzo não comprei antes?!", mas a indagação traz outras questões de fundo que talvez seja melhor ignorar. Importante agora é escovar os dentes: você apoia o tubo na bancada do banheiro e, com a haste de um pente, o aplaina da base ao bico.
      Ao cuspir a espuma na pia, jura que de hoje não passa, mas a convicção se esvai na mesma velocidade que o sabor de hortelã: não há vaga em frente à farmácia, a lojinha do posto está fechada, depois já passam das dez, a reunião é às 11h, o torvelinho do cotidiano te suga e só te devolve ao incômodo na hora de ir para a cama.
      O pente é inútil: a bisnaga parece uma fronha passada a ferro. Um rolo compressor seria inútil: não há ranhura ou desvão que não tenha sido achatado. Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai até Maomé, você resmunga, então mete as cerdas no bico do tubo, meticulosamente. Elas não saem sequer melecadas, apenas opacas, como se tivessem sido mergulhadas no leite.
      Você dorme mal. Acorda desgostoso, antes do despertador. Sabe o que te espera. Não se orgulha do que está prestes a fazer, mas o fará, assim mesmo: abre a gaveta, pega a tesourinha de unha, respira fundo e corta o tubo, de cima abaixo. Enquanto chafurda a escova pelo interior da carcaça, pensa no aumento que não pediu, na demissão que não pedirá, no namoro que se esgarça diante de seus olhos; percebe como a infiltração no teto e a bisnaga estripada são metáforas chinfrins do estado das coisas. O que mais dói, contudo, é saber que ainda não chegou ao fundo do poço: adiante, te esperam a escovação sem pasta, reavivando os resíduos de espuma seca nas cerdas e, para coroar o desmantelo, a escovação com sabonete: aí sim, aí sim é o fim.

        Painel - Vera Magalhães

        folha de são paulo

        Pelo ar e pelo mar
        Pacote de intervenções do governo federal em obras e concessões de transportes coloca Geraldo Alckmin em choque com o Planalto. Recém-lançado por Dilma Rousseff, o programa de expansão de aeroportos contempla 19 terminais do Estado, muitos deles em conflito com PPPs previstas pelo tucano. Outro ponto que aflige o Bandeirantes é a medida provisória que delega à Antaq arrendamentos de áreas no porto de São Sebastião, onde Alckmin acaba de injetar R$ 165 milhões.
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        Quem ri... Em meio à pressão de Carlos Lupi para desalojá-lo do ministério, Brizola Neto (Trabalho) reage e diz que o PDT não é um "partido de aluguel'' que negocia apoio a Dilma em troca de cargos. "O partido não está em leilão nem à venda."
        ... por último? Lupi, que deixou a pasta sob acusações em 2011, negocia com PSB e PSDB. "Ele pode até querer ir, mas não leva o partido. Estaremos no palanque de Dilma em 2014", desafia o ministro.
        Sujou 1 A Rede, de Marina Silva, experimenta sua primeira cisão. Ala liderada por Alfredo Sirkis (PV-RJ) insiste em que o estatuto da legenda exija ficha limpa dos filiados. A regra havia sido retirada a pedido de militantes em direitos humanos.
        Sujou 2 "Ao colocar tanta ênfase na questão ética no seu discurso inicial e, ao mesmo tempo, não adotar a Ficha Limpa, a Rede se expõe a um desgaste político desnecessário, do qual é preciso sair rapidamente", diz Sirkis, em texto enviado aos sonháticos.
        Me liga Sem pedir para que Eduardo Campos desista de ser candidato a presidente, Jaques Wagner (PT-BA) se colocou "à disposição" do colega para conversar, durante jantar que varou a madrugada de ontem em Recife (PE).
        Cena Defensor do apoio a Dilma Rousseff em 2014, Cid Gomes (CE) disse ontem à presidente que não se impressione com gestos do PSB pró-Eduardo Campos no Congresso. Para ele, os líderes Beto Albuquerque (RS) e Rodrigo Rollemberg (DF) querem ver o "circo pegar fogo''.
        Mestre Lula pediu a Vagner Freitas que a CUT engrosse suas caravanas. O sindicalista participa da etapa inaugural amanhã, em Fortaleza.
        Abrigo 1 Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba (SP) e auxiliar de José Serra no Ministério da Saúde, assumirá a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação), braço operacional da Secretaria de Educação do Estado.
        Abrigo 2 João Paulo Papa (PMDB), que deixou a Prefeitura de Santos, será diretor de tecnologia da Sabesp. Miguel Haddad (PSDB), ex-prefeito de Jundiaí, deve virar coordenador estadual da Conferência das Cidades.
        Wally O PSDB-MG se esforçou para esconder Eduardo Azeredo, pivô do mensalão mineiro, durante ato de apoio a Aécio Neves protagonizado por FHC anteontem. Discretamente instalado na plateia, o ex-governador não foi citado pela organização.
        Resta um A CNB concedeu prazo de um mês para que o deputado Vicente Cândido e o ex-prefeito de Osasco Emídio de Souza cheguem a um acordo para candidatura única da corrente à direção do PT paulista. João Paulo Cunha é ativo cabo eleitoral de Cândido. José Dirceu tem manifestado apoio a Emídio.
        Visita à Folha Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e senadora pelo PSD de Tocantins, visitou ontem a Folha, onde foi recebida em almoço. Estava acompanhada de Getúlio Nunes, superintendente de Comunicação e Marketing da CNA, e Christiane Samarco, assessora de imprensa.
        com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
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        TIROTEIO
        "O conceito de juventude de Renan me parece equivocado. Bem que ele poderia rejuvenescer, pois toda a idade tem seu prazer e seu medo."
        DO SENADOR RANDOLFE RODRIGUES (PSOL-AP), sobre o presidente da Casa ter afirmado que participaria dos protestos contra ele "se fosse mais jovem".
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        CONTRAPONTO
        Vovô sabe tudo
        Durante debate do Congresso do PSDB-SP, sábado, Aloysio Nunes respondia a perguntas dos militantes tucanos, quando interrompeu sua fala para avisar que precisaria se ausentar, pois tinha compromisso agendado:
        -É uma reunião importantíssima com três pessoas, entre elas o Fernando.
        O vereador paulistano Floriano Pesaro interveio, imaginando se tratar do ex-presidente da República:
        -Mas o Fernando Henrique pode esperar!
        -Olha, é mais importante que ele. É o Fernando, meu neto -, justificou o líder tucano no Senado.

          Dilma não entende nova economia, afirma Marina

          folha de são paulo

          Novo partido tem gênero feminino, diz, e deve ser chamado de "a Rede"
          A legenda deve entrar na Justiça, caso o Congresso aprove uma lei dificultando seu acesso a tempo de TV
          FERNANDO RODRIGUESDE BRASÍLIADepois de os pré-candidatos a presidente pelo PT, PSDB e PSB se atacarem mutuamente nos últimos dias, ontem foi a vez de Marina Silva também fazer observações ácidas sobre sua principal adversária em 2014.
          Ao falar sobre a administração de Dilma Rousseff, a pré-candidata a presidente da República pelo novo partido Rede Sustentabilidade disse em entrevista à Folha e ao UOL que o Brasil teve um "crescimento pífio" nos últimos dois anos: "Um presidente da República não é para ser o gerente do país. O presidente da República é para ter visão estratégica".
          Para ela, "o desafio do Brasil é a mudança do modelo de desenvolvimento" e "a presidente Dilma não foi capaz de entender. Mas não só ela. O PT não foi capaz de entender. O PSDB não é capaz de entender essa nova agenda que se coloca para o mundo".
          Entre os possíveis adversários na corrida presidencial de 2014, só Eduardo Campos, do PSB, foi poupado por Marina Silva. Ela apenas diz considerar legítimo que o governador de Pernambuco dispute o Planalto.
          Ao criticar a gestão federal, Marina disse que a "apologia do gerente" foi feita em relação a Dilma Rousseff, e isso criou uma expectativa. "Talvez um erro de quem fez a sua campanha", afirmou.
          O estatuto e o programa partidário da Rede, como é chamado o partido em formação de Marina, serão registrados hoje, às 10h, no 1º Cartório de Registro de Pessoa Jurídica de Brasília.
          Indagada sobre o gênero da nova legenda -se seria "o partido Rede" ou "a Rede"-, Marina disse que o correto é usar a forma feminina. Portanto, "a Rede".
          E os filiados ao partido devem ser chamado de "redistas", assim como os do PT são petistas? Não, a designação correta, segundo Marina, é "os redes".
          A Rede já se prepara também para contra-atacar no caso de o Congresso aprovar uma lei impedindo a criação do partido nos mesmos moldes do PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab -que recebeu a adesão de deputados e assim aumentou sua presença no tempo de TV para fazer propaganda. Se a regra for mudada, os redes vão contestar na Justiça.
          A Rede fará restrição a doações de empresas ligadas a fabricantes de bebidas alcoólicas, armas, fumo e agrotóxicos. Mas permitirá a captação de dinheiro de empreiteiras ligadas à construção de usinas nucleares.
          Para Marina, não há problema nisso. A empresa ligada à energia nuclear ao doar para a Rede agiria com "desprendimento", sabendo que o partido é contra a fonte de energia.
          Refratária a se declarar candidata a presidente desde já, Marina também rejeita a hipótese de fracassar o registro da Rede a tempo de se habilitar para as eleições de 2014. De maneira cifrada, cita o PPS (antigo Partido Comunista) como uma legenda que se ofereceu para ajudar os redes -essa legenda pode ser seu destino no caso de a nova sigla não estar pronta para o ano que vem.
          Evangélica, Marina reafirma que a flexibilização da prática do aborto ou do consumo da maconha são temas para o país decidir em plebiscito. Ela é contra. Já sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo, nega ser a favor de também submeter esse tema a uma consulta popular.


          FRASES
          "Um presidente da República não é para ser o gerente do país. O presidente da República é para ter visão estratégica"
          "O desafio do Brasil é a mudança do modelo de desenvolvimento"
          MARINA SILVA

          Lula rebate FHC e diz que tucano deve 'ficar quieto'

          folha de são paulo

          Petista afirma que antecessor teria que ajudar Dilma a seguir 'governando bem'
          Declaração ocorre após FHC ter chamado presidente de 'ingrata', em disputa antecipada de PT e PSDB por 2014
          DE SÃO PAULODE BRASÍLIA
          O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, deveria "ficar quieto" e contribuir para a presidente Dilma Rousseff comandar o país.
          A declaração do petista foi feita um dia após FHC ter afirmado em Minas, em seminário ao lado do senador Aécio Neves, virtual candidato do PSDB à Presidência em 2014, que Dilma era "ingrata" por negar a herança dos governos do partido (1995-2002).
          A série de provocações entre petistas e tucanos -numa antecipação da disputa presidencial de 2014- começou na semana passada, quando Dilma foi lançada à reeleição por Lula na festa do PT para comemorar os 10 anos do partido no poder federal.
          No evento, Dilma afirmou não ter herdado "nada" da gestão tucana, classificada em cartilha petista como um "desastre" neoliberal. O tom da troca de farpas subiu anteontem, quando FHC declarou que a presidente "cospe no prato que comeu".
          "Eu acho que Fernando Henrique Cardoso deveria, no mínimo, ficar quieto. Acho que, neste país, cada um fala o que quiser e responde pelo que fala", disse Lula ontem à noite em São Paulo, ao chegar ao lançamento do livro "O Brasil", do jornalista Mino Carta, e ser questionado sobre as declarações do tucano.
          Lula afirmou que, em vez de criticar Dilma, FHC "deveria é contribuir" para a presidente "continuar a governar o país bem". E lançou mão do slogan "Deixa o homem trabalhar", de sua campanha à reeleição, em 2006.
          "Deixa ela trabalhar. Ela sabe o que faz. Deixa a mulher trabalhar. Porque não é todo dia que o país elege uma mulher presidente", completou o ex-presidente.
          SALVO-CONDUTO
          Mais cedo, o presidente do PT, Rui Falcão, também havia rebatido as declarações de FHC ao afirmar que o tucano está buscando "um salvo-conduto da história" ao cobrar gratidão de Dilma.
          "FHC quer salvo-conduto porque confundiu um gesto de elegância de Dilma, que o chamou para jantar e mandou carta de solidariedade no aniversário de 80 anos dele, como se isso fosse apagar o jeito que estava o Brasil em 2003 [ano da posse de Lula]," disse Rui Falcão.
          O dirigente completou em seguida: "Ele acha que ela esqueceu como o Lula encontrou o Brasil em 2003".
          No início de seu mandato, em 2011, Dilma enviou mensagem a FHC, quando o tucano completou 80 anos, chamando-o de "político habilidoso" e "ministro-arquiteto do plano de saída da hiperinflação" -deferência que foi mal recebida por petistas.
          FHC disse em seguida que a presidente "foi generosa" e parecia ser "pessoa íntegra".
          A troca de amabilidades deu lugar a uma disputa visando à eleição de 2014.
          Na quarta passada, para se contrapor à festa de dez anos de governo do PT, Aécio Neves fez discurso no Senado enumerando "13 fracassos" das gestões petistas.
          Como cabo eleitoral de Aécio, FHC foi a Minas participar de evento ao lado do senador tucano. Como "padrinho" de Dilma, Lula inicia nesta semana um roteiro de viagens para intensificar a articulação com a base aliada pelo palanque petista.

          MARTHA MEDEIROS - Infiltrações


          Zero Hora - 27/02/2013


          “Aqui tudo parece que é ainda construção, e já é ruína”.

          Conversava com um amigo sobre o vexame que foi a abertura daquele buraco no conduto Álvares Chaves na semana passada, durante um dos temporais mais enérgicos ocorridos em Porto Alegre, e nos veio à lembrança essa parte da letra da música Fora da Ordem, do Caetano Veloso.

          Não é o caso de tratar desse assunto isoladamente (por mais absurdo que seja o fato de um investimento tão alto numa obra de drenagem resistir apenas quatro anos), mas de analisarmos o contexto todo: vivemos num país maquiado, em que se as coisas “parecerem” benfeitas, já está ótimo.

          A Arena também serviria como exemplo de uma obra entregue às pressas para cumprir calendário, mesmo sem condições básicas de uso. Mas também não pode ser visto como um caso isolado. Há outras tantas em andamento, todas com prazo máximo de 15 meses para serem concluídas (até o início da Copa), e me pergunto: o corre-corre não comprometerá o bom acabamento de viadutos, pontes, prédios e estradas?

          Com a intenção de viabilizar orçamentos, não se estará sacrificando a qualidade do material empregado? Os funcionários em atividade estão bem preparados ou fazem um serviço matado, a toque de caixa? Dá pra confiar na espinha dorsal do Brasil?

          Há que se ter cuidado com infiltrações. De todos os tipos, aliás. Com a infiltração de inconsequentes em meio a uma torcida, capazes de disparar um artefato com poder destrutivo em direção a outras pessoas, sem levar em conta que o gesto poderá ferir gravemente alguém ou até mesmo matar – como matou o garoto boliviano de 14 anos.

          Com a infiltração de médicos e enfermeiros sem ética dentro de hospitais, que desligam aparelhos que mantêm vivos os pacientes, a fim de “desentulhar a UTI”. Com a infiltração de políticos desonestos nas entranhas do poder, que mesmo acusados por crimes diversos assumem cargos de presidência de instituições.

          Por fora, bela viola. O Brasil hoje é visto como um país moderno e estável. É uma aposta mundial considerada certeira, um candidato VIP a juntar-se às superpotências. Mas como andará o esqueleto desse país que se declara tão sólido? Na verdade, o Brasil é um jovem com osteoporose precoce, um país descalcificado, que fica em pé à custa de aparências, comprometido com sua imagem pública, mas que segue com uma infraestrutura em frangalhos.

          Aqui pouco se investe seriamente em educação, em treinamento de pessoal, em qualificação de mão de obra, em fiscalização, em responsabilidade social, tudo o que alicerça de fato uma nação. Nossa mentalidade “espertinha” faz com que não gastemos muito dinheiro com o que fica oculto, com o que não dá para exibir. O resultado? Por dentro, pão bolorento. 

          Alfredo Sirkis e Leão Serva no Tendências/Debates

          folha de são paulo

          ALFREDO SIRKIS
          Avesso do avesso
          É preciso "desfetichizar" os partidos. Vamos formar uma rede e agregar bons quadros dispersos. Ingenuidade? Não, se considerarmos a alternativa
          Paradoxo: no momento em que cogito seriamente encerrar, ao final deste mandato, a minha atuação parlamentar e eleitoral, envolvo-me de novo na fundação de um partido. Dessa vez, com Marina Silva.
          Há 27 anos, fundei o PV junto com Fernando Gabeira, Carlos Minc e Herbert Daniel. Redigi seu manifesto e programa. Presidi-o oito anos. Fui, quixotescamente, seu candidato presidencial em 1998.
          Não vou aqui tratar da crise do PV. Basta dizer que ele foi, como o PT, "fagocitado" pela cultura política brasileira, produzida por um sistema eleitoral hiperindividualizado. Nele, política é sinônimo de carreira profissional e cada político, uma instituição à qual são devidos "espaços": cargos na máquina pública, verbas e benesses variadas, quando não mensalões e outros que tais.
          Desconfio da capacidade saneadora dos repetidos escândalos na mídia. Lembram a dança das cadeiras. A música para e alguém fica sem lugar: é o Judas da vez e a dança continua.
          Fique claro que considero positiva e necessária a exposição e a condenação -até com suas eventuais injustiças e bodes expiatórios. Mas verifico que, por si só, não mudará a cultura política de um país cujos vilões -que amamos odiar- não caíram do céu. Foram eleitos. E, desculpem, quem votou neles, em geral, sabia quem estava elegendo...
          Apresentei na Comissão da Reforma Política uma detalhada proposta de voto distrital misto plurinominal (em grandes distritos) com financiamento público. Acredito que poderia melhorar alguma coisa reforçando programaticamente os partidos, valorizando lideranças com voto e limando o "baixo clero". Reduziria o custo hoje absurdo das campanhas eleitorais, a influência do poder econômico e o constrangimento dos honestos em correr atrás de doações de campanha, ainda que incondicionais.
          Dificilmente acontecerá. Os beneficiários do sistema atual, com seus "centros assistenciais" e compra de cabos eleitorais, resistem com total eficácia.
          Há um divórcio radical entre a opinião pública e a maioria hegemônica do Parlamento, quase imune a esses escândalos que pouco influenciam seus eleitores, direta ou indiretamente comprados.
          Nesse preciso momento, desolador, de uma democracia que avançou econômica e socialmente, mas que politica e institucionalmente segue subdesenvolvida, um punhado de "sonháticos" retoma um trabalho de Sísifo.
          Reunidos em torno de uma liderança que teve 19% dos votos, mas que não conseguiu plasmar isso na grande correlação de forças pós-eleitoral de 2010, nos empenhamos em mobilizar jovens e outras gentes ainda com esperança de mudar o Brasil na direção da sustentabilidade ambiental e ética.
          Pretenciosa e inútil ingenuidade? Não, se consideramos a alternativa: não fazer nada, deixar como está, evitar abrir esse canal de participação política novo para os que anseiam por algo diferente.
          É preciso, no entanto, "desfetichizar" esse instrumento, o partido, ainda que ele seja necessário para quem se propõe a intervir na política eleitoral-institucional da nossa imperfeita democracia.
          O instrumento mais estratégico será uma rede, criada paralelamente. Ela será capaz de promover e ajudar bons quadros dispersos numa pluralidade de partidos, em posições governamentais, na sociedade e nas empresas, que queiram trabalhar a favor de certos princípios éticos e programáticos.
          Partido: concentração. Rede: dispersão. Nossos instrumentos para virar pelo avesso o avesso que vivemos.


            LEÃO SERVA
            TENDÊNCIAS/DEBATES
            Cidade Limpa: de fios, minhocões e Maluf
            Só um prefeito biônico poderia submeter os cidadãos a tanto barulho e poluição, gerados por uma via monstruosa colada em suas janelas
            É incrível como a carnavalização faz pobres se vestirem de reis, ricos se andrajarem, homens livres se fantasiarem de presidiários e Paulo Maluf ressurgir na cena pública, no único país do mundo onde pode aparecer sem ser preso pela Interpol, para argumentar contra os fatos.
            Em artigo na Folha ("Vamos salvar o elevado", em 8/2), o ex-prefeito defendeu o Minhocão, paradigma de suas obras faraônicas, assim como a avenida Roberto Marinho, esta que alimentou saldos bancários no exterior, agora prestes a serem repatriados por decisão da Justiça (estrangeira).
            Não é o trânsito, estúpido! A verdade histórica comprova que, com Maluf, fazer a obra era o meio, enquanto as contas no exterior eram o fim. O Minhocão (anos 70) já congestionava dois anos após a inauguração; a Nova Faria Lima (anos 90), menos de dois meses depois. A Roberto Marinho idem. Se era para resolver o trânsito dos carros particulares, as obras de Maluf fracassaram. Se era para movimentar contas em Jersey, pelo menos uma delas foi bem-sucedida.
            O Minhocão recebeu o nome oficial de elevado Costa e Silva, dado para bajular um ditador militar. O povo logo constatou a futilidade da obra, ressaltando que a via ligava a praça Roosevelt, no centro, ao escritório da Eucatex, da família Maluf, na avenida Francisco Matarazzo.
            O monstrengo viário que o ex-prefeito defendeu na Folha, na véspera do Carnaval, foi a maior tragédia urbanística da cidade em muitas décadas. A começar pelo nome oficial, passando pela poluição (visual, auditiva e do ar), tudo enfiado pela goela dos moradores de uma área que era uma perfeita miniatura da pluralidade e da democracia social paulistana.
            Só uma ditadura podia impor um prefeito biônico a uma capital brava como São Paulo. Só um prefeito biônico poderia submeter dezenas de milhares de cidadãos a tanto barulho e a tanta poluição, gerados por uma via monstruosa a poucos metros de suas janelas.
            Embora a indignação popular tenha sido imediata, só em 1975, no início da "abertura lenta, segura e gradual", a TV Globo pôde veicular a novela "O Grito", de Jorge Andrade. Todo o país viu, então, as agruras dos moradores de um prédio submetido à construção do malfadado Minhocão à sua frente.
            Quando o prefeito Kassab criou o projeto Cidade Limpa, em 2006, dizia que a obra só estaria completa quando fossem enterrados os fios elétricos que poluem nosso visual. Depois, lançou um projeto, em tramitação no Legislativo, para criar uma avenida paralela ao Minhocão, sobre os trilhos da antiga Fepasa, que faça uma ligação mais longa e larga entre as zonas leste e oeste, permitindo a derrubada da herança malufiana. Assim o combate à poluição visual estaria completo.
            Deve ser porque não pode por os óculos fora do Brasil, para não ser preso, que Maluf ficou tão desatualizado. Ele diz que "há elevados em todas as grandes cidades do mundo e ninguém pensa em derrubá-los". Em verdade, estão caindo.
            Neste mesmo 2013, milhares de paulistanos podem visitar o Highline, de Nova York, via elevada transformada em jardim; ou conhecer o "Big Dig" de Boston, onde o minhocão foi "enterrado"; ou irão a Seul, que eliminou de uma só vez duas obras ao estilo malufista: derrubou um minhocão e descanalizou um rio urbano ao lado.
            Lendo a história recente da cidade e do noticiário político-policial, vê-se que São Paulo só será realmente uma cidade limpa quando se livrar dos fios e do Minhocão, mas também -por que não dizer?- de Paulo Maluf.

              Antonio Delfim Netto

              folha de são paulo

              Receita
              O problema da inflação no Brasil é, em parte, resultado do comportamento ex-travagante do próprio governo, que:
              1º) Por um lado, com a mão da política social, estimula aumentos importantes do salário mínimo acima da produtividade média do trabalho (usando o PIB total, e não o per capita somado à inflação passada) e outras formas de transferências à custa do investimento público. Isso diminui a eficiência da economia. Mas, ao mesmo tempo, contribui para a desejada e necessária inclusão social;
              2º) Por outro lado, com a mão da política econômica, tenta corrigir tais efeitos inflacionários com medidas monetárias, sem atacar com rigor problemas estruturais e institucionais como a indexação. Trata-se de um combate socialmente custoso e de resultado lento.
              A questão se complica quando se generaliza a crença de que os economistas possuem "receita" que torna fá-cil o seu controle. Basta aceitar, como alguns deles fazem pouco criticamente, que os agentes econômicos são oti-mizadores racionais e estender tal crença à macroeconomia, para construir um "modelo" (um mundo imaginado) no qual uma adequada combinação de políticas fiscal e monetária contracionista faz o seguinte:
              1º) A taxa de inflação convergir para qualquer "meta" na velocidade desejada;
              2º) Num prazo mais longo, a atividade econômica convergir para o "PIB potencial";
              3º) A taxa de desemprego convergir para o nível que mantém estável a meta estabelecida de inflação.
              Nada de complicação! Esqueçam os choques de oferta agrícolas, os aumentos de impostos, os movimentos da conjuntura mundial, o desequilíbrio estrutural do mercado de trabalho, o descompasso entre a política social e a econômica etc.
              Se a inflação está acima da meta, mesmo com um pífio crescimento, Selic nela! Já tende à esquizofrenia. Reze, acredite, sente e espere. Num prazo indeterminado, o resultado virá como sugerido acima.
              Não se está recomendando transigir com a inflação, mas apenas sugerindo que o seu controle não cabe somente à política monetária. Exige uma coordenação com a política fiscal e medidas estruturais adequadas.
              Já nos idos de 1948, na velha FEA-USP, o professor de teoria da moeda, Dorival Teixeira Vieira, insistia que "o processo inflacionário é semelhante ao creme dental: quando escapa do tubo, não é tarefa trivial recolocá-lo".
              A razão disso é a sua forma insidiosa. Ele depende não apenas das causas físicas visíveis, mas da insondável "expectativa" que os agentes formam sobre ela.

              Cristina Grillo

              folha de são paulo

              Desafio de verdade
              RIO DE JANEIRO - Mais do que Copa do Mundo ou Olimpíada, o verdadeiro desafio a ser enfrentado pelo Rio acontece daqui a cinco meses: a Jornada Mundial da Juventude.
              O encontro, organizado pela Igreja Católica, tem peculiaridades que o transformam em um teste para os mais experientes especialistas em logística de grandes eventos.
              Como fazer fluir pela cidade uma legião estimada inicialmente em 1 milhão de pessoas, contingente muito maior do que o previsto para os dois grandes eventos esportivos?
              E o número pode aumentar exponencialmente se confirmada a vinda do novo papa, no que poderá ser sua primeira participação em um grande evento internacional.
              Os principais encontros da jornada, uma vigília na noite de sábado e a missa papal no domingo, acontecerão em uma fazenda em Guaratiba, a cerca de 50 km do centro da cidade.
              Para chegarem lá, os fiéis terão que caminhar distâncias entre 6 km e 13 km, estima o arcebispo do Rio, d. Orani Tempesta.
              Caminhar em peregrinação é algo que faz parte do DNA de religiosos. Há os que percorrem o caminho de Santiago de Compostela, os que rumam para Meca pelo menos uma vez na vida, os que sobem trilhas no Nepal em busca da iluminação budista...
              Andar a pé, ao que parece, vai ser a parte mais fácil. A grande questão é como levar a multidão até os pontos de bloqueio que serão montados em trechos da Barra da Tijuca, do Recreio e de Santa Cruz.
              Metrô, não há. O sistema de ônibus é deficiente, mesmo com a inauguração dos corredores exclusivos.
              Eventos bem menores em comparação com a jornada, como o festival Rock in Rio, já dão um nó no trânsito da região e, consequentemente, em toda a cidade.
              Passar no teste da jornada será um grande passo rumo à Copa do Mundo e à Olimpíada.

                Fernando Rodrigues

                folha de são paulo

                O multipresidente
                BRASÍLIA - Houve um tempo em que o PMDB era um partido poderosíssimo. Nos anos 80, tinha um multipresidente. Ulysses Guimarães (1916-1992) chegou a acumular o cargo de presidente da legenda, presidente da Câmara e eventual presidente da República na ausência do então titular, José Sarney.
                A partir deste sábado, quando o PMDB faz sua convenção nacional, o partido se prepara para a volta à era do multipresidencialismo. O vice-presidente da República, Michel Temer, deve ser reeleito presidente nacional da sigla. Só que não pretende se licenciar do mandato, como faz agora. Acumulará as funções.
                Quando Dilma Rousseff viajar ao exterior, Michel Temer assumirá o Palácio do Planalto também na condição de presidente do PMDB -o estatuto da legenda será alterado para permitir essa nova realidade.
                A remodelagem peemedebista emite vários sinais. O primeiro deles é que o sempre comedido Michel Temer está cedendo às pressões internas de sua legenda. Ele foi compelido a aceitar sua nova condição de multipresidente.
                Muitos na direção do PMDB querem mais cargos no governo federal. "Nossos cinco ministérios não elegem nem vereador", diz um ministro filiado à legenda. A crença (errada) dos que praticam essa micropolítica peemedebista é que Michel Temer estará empoderado para arrancar cargos na reforma ministerial de março.
                Outro sinal sobre essa jogada é o final da relativa paz vivida pela legenda desde quando aderiu "con gusto" ao governo Lula. Deputados e senadores peemedebistas andam falando mal uns dos outros além dos padrões mínimos de civilidade.
                Como é o mais pragmático dos partidos, com argúcia incomum na arte da fisiologia, o PMDB ruma para apoiar a reeleição de Dilma Rousseff. Mas a imposição do multipresidente Michel Temer talvez possa mais atrapalhar do que ajudar.

                  TV PAGA


                  Estado de MInas - 27/02/2013

                  Ao vivo no Jockey Club

                  Elton John (foto) vai cantar no Mineirão só dia 9, mas ele já está no Brasil. O Multishow transmite esta noite o show que ele fará em São Paulo, no Jockey Club. A apresentação faz parte da turnê 40th anniversary of the Rocket Man e reúne os grandes sucessos da carreira do cantor, compositor e pianista britânico. Didi Wagner vai comandar a transmissão a partir das 20h30.


                  Marcelo Camelo testa sua
                  popularidade no Viva voz

                  A temporada de verão do Viva voz está mais musical que as anteriores. A produção vai às ruas saber quais músicas marcaram a vida das pessoas. Ao lado de Sarah Oliveira, os artistas que gravaram as canções citadas pelo público falam sobre as obras e observam o quanto influenciaram a história de pessoas anônimas. Marcelo Camelo, do grupo Los Hermanos, é o convidado de hoje, às 22h30, no canal GNT.

                  Tem gente clonando seus
                  bichinhos de estimação

                  Para algumas pessoas, seus animais de estimação são verdadeiros membros da família, o que é muito comum. Mas quantos seriam capazes de mandar cloná-lo para nunca perdê-lo? É o que vai mostrar a série Clones de estimação, que estreia às 22h, no Animal Planet. Algumas pessoas são tão apegadas aos bichos que fazem de tudo para tê-los de volta, nem que seja uma cópia de seu mais fiel companheiro, criada com a mais avançada ciência do DNA. O detalhe: cada clonagem pode custar até US$ 100 mil.

                  Descubra que raio afinal
                  é esse tal stand up paddle

                  O canal Off exibe hoje, às 23h, o documentário Battle of the paddle, que acompanha um dos maiores e mais prestigiados eventos de stand up paddle realizado pela quinta vez na Califórnia e que contou com a participação de quatro brasileiros: Bezinho Otero, Bob de Araujo, Karol Knopf e Vinicius Martins.

                  Hoje no Boomerang só
                  vai dar Pretty little liars

                  Novidade no Boomerang: estreia hoje, às 19h, a terceira temporada de Pretty little liars, com direito a uma maratona do segundo ano, a partir das 11h. Na nova fase, uma grande revelação vai mexer com todos. O que muita gente pergunta é se Alison está viva. A dúvida tira o sono das amigas Hanna, Aria, Spencer e Emily, que ainda terão que enfrentar outros desafios, especialmente aqueles ligados ao coração.

                  Cinema brasileiro ganha
                  destaque na programação

                  Num dia sem grandes estreias, a programação de filmes se limita a reprises, algumas delas oportunas. Como a de Quanto dura o amor?, de Roberto Moreira, com Sílvia Lourenço se destacando no elenco. O filme vai ao ar às 22h, no Canal Brasil. No mesmo horário, o assinante tem mais 10 opções: A invenção de Hugo Cabret, no Telecine Pipoca; Espelho, espelho meu, no Telecine Premium; E se o amor acontece…, no Telecine Touch; A casa dos sonhos, na HBO; O turista, na HBO2; Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, no FX; Conspiração, no AXN; Os condenados, no TNT; Submundo, no Space; e Tango & Cash – Os vingadores, no TCM. Outras atrações: Um tiro na noite, às 20h, no Telecine Cult; O homem bicentenário, às 21h, no Comedy Central; e Bastardos inglórios, às 21h10, no Universal. 

                  Helio Schwartsman

                  folha de são paulo

                  Em defesa do homossexualismo
                  SÃO PAULO - Alguns membros de comunidades homoafetivas e simpatizantes me recriminaram porque, no sábado passado, numa coluna em que critiquei as declarações do pastor Silas Malafaia sobre gays, eu utilizei o termo "homossexualismo", e não "homossexualidade", como teriam desejado.
                  Estou ciente dessa preferência, mas receio que ela não tenha o fundamento alegado. Ao contrário do que dizem alguns militantes, simplesmente não é verdade que "-ismo" seja um sufixo que denota patologia. Quem estudou um pouquinho de grego sabe que o elemento "-ismós" (que deu origem ao nosso "-ismo") pode ser usado para compor palavras abstratas de qualquer categoria: magnetismo, batismo, ciclismo, realismo, dadaísmo, otimismo, relativismo, galicismo, teísmo, cristianismo, anarquismo, aforismo e jornalismo. Pensando bem, esta última talvez encerre algo de mórbido, mas não recomendo que, para purificar a atividade, se adote "jornalidade".
                  De qualquer forma e por qualquer conta, as moléstias são uma minoria. Das 1.663 palavras terminadas em "-ismo" que meu Houaiss eletrônico relaciona, apenas 115 (um pouco menos que 7%) designam doenças ou estados patológicos. E olhem que fui liberal em meus critérios, contabilizando mais de uma dezena de termos que descrevem intoxicações exóticas, como abrinismo e zincalismo.
                  Compreendo que os gays procurem levantar bandeiras, inclusive linguísticas, para mobilizar as pessoas. Em nome da cortesia pública, eu me disporia a adotar a forma "homossexualidade", desde que ela fosse defendida como uma simples predileção. Mas, enquanto tentarem justificar essa opção com base em delírios etimológicos, sinto-me no dever de continuar usando a variante em "-ismo". Alguém, afinal, precisa zelar para que preconceitos não invadam e conspurquem o universo de sufixos, prefixos e infixos. A batalha pode ser inglória, mas a causa é justa.

                    Frei Betto - Rumo ao conclave‏

                    Começa amanhã o período de Sé vacante, em que os cardeais se reúnem diariamente para eleger o novo papa 


                    Frei Betto

                    Estado de Minas: 27/02/2013 

                    A partir de amanhã (28/2), inicia-se, com a renúncia de Bento XVI, o período de Sé vacante. Até a eleição do novo papa, o governo da Igreja Católica fica em mãos do Colégio de Cardeais. De fato, sob o comando de Tarcísio Bertone, o cardeal camerlengo (do latim medieval camarlingus, adido à câmara, que administra a Santa Sé).

                    Durante a Sé vacante, os cardeais se reúnem diariamente em congregação geral, da qual todos participam, inclusive os que, por idade (+ de 80 anos), perderam o direito de participar do conclave. Ali, as decisões mais importantes para o governo da Igreja são votadas por maioria simples. Prevalece, entretanto, o princípio tradicional que rege a Sé vacante – nihil innovetur (nada a inovar). Da Congregação Particular, à qual concernem assuntos de menor importância e a preparação do conclave, participam o camerlengo e mais três cardeais escolhidos por sorteio.

                    Para o Vaticano, o conclave não deve ser encarado como um colégio eleitoral, o que de fato é, mas um retiro espiritual no qual os cardeais invocam aquele que, na ótica da fé católica, é o único verdadeiro eleitor: o Espírito Santo.

                    A atual legislação da Igreja determina que o conclave se reúna dentro da Cidade do Vaticano. Mas já não será tão fechado ou “sob chaves” (daí conclave) quanto se exige, já que diariamente os cardeais eleitores se deslocarão em ônibus da Casa Santa Marta, a confortável hospedaria construída por ordem de João Paulo II, até a Capela Sistina. Se nenhum dos cardeais tomará em mãos o volante do veículo, supõe-se que ao menos terão contato com o motorista.

                    No século XIX, os conclaves ocorreram no Palácio do Quirinal, em Roma, hoje residência oficial do presidente da Itália. O último conclave fora de Roma foi em Veneza, em 1800, após a morte, na prisão, do papa Pio VI, encarcerado na França por Napoleão Bonaparte, cujas tropas ocuparam Roma. Do cárcere, Pio VI instruiu os cardeais a promoverem o conclave “em qualquer lugar de qualquer príncipe católico”. Na época, Veneza estava sob soberania da Áustria. Ali foi eleito Pio VII.

                    Na mesma tarde do primeiro dia do conclave se realiza um primeiro escrutínio. Trata-se de um gesto de boas-vindas, em que votos são dados para homenagear determinados cardeais, em geral mais velhos, sem chances de serem eleitos papa.

                    No conclave após a morte de João Paulo I, em 1978, um idoso cardeal norte-americano, que havia participado das eleições de João XXIII e Paulo VI, foi a cada um de seus colegas para pedir-lhes um voto de homenagem, pois aquela seria sua última oportunidade de eleger um papa, e seu nome nunca havia sido pronunciado na Capela Sistina, pois jamais recebera um único voto. Ao fim do primeiro escrutínio, por pouco não foi eleito.

                    A partir do segundo dia de conclave, duas votações acontecem, uma pela manhã e outra pela tarde. Após 21 escrutínios, ficam no páreo apenas os dois mais votados. Durante o conclave, os olhares do mundo permanecem fixos na chaminé da Capela Sistina. Se a fumaça é preta, sinal de que mais um escrutínio terminou e nenhum cardeal obteve dois terços dos votos. Se branca, há um novo papa.

                    Em outubro de 1978, em um dos oito escrutínios na eleição de João Paulo II, a fumaça saiu híbrida, com uma cor que dividiu a multidão atenta entre o preto e o branco. O porta-voz do Vaticano esclareceu, na sala de imprensa, que era preta. A gratidão dos jornalistas foi quebrada pela impertinência de um repórter dos EUA: “Se nem o senhor pode ter contato com os cardeais trancados na Capela Sistina, como afirma com certeza que a fumaça era preta?”