sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Abismo fiscal: símbolo do declínio? - Moisés Naím


folha de são paulo
Incapacidade dos EUA em lidar com crise fiscal é uma fraqueza, mas não uma prova de declínio irreversível
O debate sobre uma possível catástrofe fiscal, que pode estar iminente nos Estados Unidos, torna fácil presumir que o país está em declínio. A incapacidade da superpotência para lidar de maneira rápida e efetiva com a crise fiscal claramente representa uma fraqueza.
Mas usar esse problema como prova final de que os EUA estão em declínio irreversível é um erro.
Na realidade, eles continuam fortes e -o que importa ainda mais- continuam mais fortes do que todos os seus rivais. A economia americana continua a ser a mais rica e a mais produtiva entre as grandes economias mundiais. É três vezes maior que a da China, por exemplo.
Os EUA continuam a ser um dos dez países mais competitivos do mundo, um dos cinco melhores lugares para fazer negócios e um dos destinos mais atrativos para o capital dos investidores internacionais.
De todas as economias avançadas que passaram pelo "crash" de 2008, a americana teve a mais rápida recuperação. E o país está passando por um boom no setor de energia...
Novas tecnologias ampliarão a produção de petróleo e gás natural e reduzirão a dependência do país com relação à energia importada.
Entre 2010 e 2015, as importações de energia cairão de 49% para 36% do consumo interno total, e os EUA se tornarão exportadores de gás natural. Em 2017, o país será o maior produtor mundial de petróleo, superando Arábia Saudita e Rússia.
O Citigroup calcula que, nos próximos sete anos, o boom americano do petróleo e gás natural possa criar entre 2,7 milhões e 3,6 milhões de empregos novos, elevando o PIB real em 2% a 3% e reduzindo o deficit em conta corrente em 60%.
E há também o efeito iPad: a inovação. Embora os EUA respondam por apenas 5% da população mundial, originam 28% das patentes concedidas no mundo e abrigam 40% das universidades de pesquisa mais conceituadas do planeta.
A despeito dos problemas do regime de imigração, os EUA seguem sendo o destino preferencial dos profissionais mais capacitados do mundo.
Por fim, a população americana é mais jovem, tem mais crianças e está crescendo mais rápido, via imigração, do que a dos demais países avançados e da China.
Nos próximos 20 anos, a força de trabalho do país deve crescer em 17%, enquanto a das demais economias avançadas crescerá 1%. Na China, a população em idade de trabalho deve cair pouco mais de 1%.
Isso é uma vantagem, porque expande as dimensões do mercado interno americano e implica que existam mais trabalhadores para sustentar as crianças e os idosos.
Nas próximas décadas, os mercados emergentes devem crescer duas a três vezes mais rápido que os dos países avançados e responder por mais de metade da classe média mundial, adicionando mais de 1 bilhão de potenciais compradores para os produtos dos EUA.
Os Estados Unidos precisam superar diversos obstáculos antes que possam explorar ao máximo o seu potencial. Mas nenhum outro país ocupa posição melhor para se beneficiar das mudanças econômicas, demográficas e sociais que estão dando forma nova ao planeta.

    Maioria dos novos médicos é inapta, mas poderá atuar

    folha de são paulo
    Exame reprova 54% dos futuros médicos de SP
    Obrigatória pela 1ª vez, prova do Cremesp avaliou alunos que se formam neste ano
    Em saúde mental e pediatria, média de acerto não atingiu 56%; para o conselho, índice é 'muito preocupante'
    JAIRO MARQUESDE SÃO PAULOMais da metade dos quase 2.500 estudantes de medicina que se formam neste ano no Estado de São Paulo não possui condições mínimas para atender a população.
    A avaliação é do conselho paulista de médicos, que reprovou 54,5% dos alunos no exame da entidade deste ano, o primeiro obrigatório para tirar o registro profissional.
    Não ser aprovado no exame não é impeditivo para o exercício da profissão.
    A prova teve a maior participação desde 2005, quando passou a ser aplicada. Em 2011, quando não era obrigatória, 418 alunos a fizeram.
    O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) considera reprovado quem acerta menos de 60% da prova, de 120 questões. "Esses profissionais terão grandes problemas ao atender a população", afirma Renato Azevedo Júnior, presidente do Cremesp.
    Apesar da ameaça de boicote por recém-formados, apenas 119 provas foram desconsideradas no resultado final porque estão sob análise. Dessas, 86 foram classificadas como protesto, pois nelas foi marcada somente a alternativa "B" das questões.
    Não haverá a divulgação de ranking de universidades com os melhores resultados, mas as instituições e o Ministério da Educação vão ter acesso aos resultados.
    As notas individuais também não serão de acesso público -só quem fez o exame vai conhecer sua nota.
    As restrições à divulgação dos resultados, segundo o conselho, fazem parte do acordo com as 28 instituições de ensino paulistas. Para o Cremesp, não cabe a ele avaliar faculdades, mas contribuir para a formação dos alunos.
    Egressos de escolas públicas tiveram acertos superiores aos de escolas privadas. Apesar de não divulgar o percentual, o conselho informou que a maioria dos aprovados é de sete escolas públicas.
    Marina Helena Teixeira, 24, formou-se agora pela Faculdade de Medicina de Itajubá (MG) e fez a prova do Cremesp, pois pretende tirar o seu registro em São Paulo.
    "Serve para saber se você está preparado para fazer prova e não para dizer se fez um bom curso. As questões eram sobre detalhes. É mais para quem fez cursinho para residência, mais 'decoreba'."
    Em cinco das nove áreas, como saúde mental e pediatria, a média de acertos ficou abaixo de 56%, o que foi considerado "muito preocupante".
    O Cremesp atribui parte da qualidade ruim dos estudantes ao grande número de escolas de medicina e defende uma lei que controle a abertura de mais instituições.

      OPINIÃO PROVA DO CREMESP
      O que surpreende é a omissão do poder público sobre o tema
      O que intriga é não haver mobilização do governo para melhorar esse cenário
      CLÁUDIA COLLUCCIDE SÃO PAULO
      Há algo de muito errado em um país quando mais da metade dos alunos que estão concluindo o curso de medicina, no Estado mais rico e populoso da nação, não tem domínio de áreas básicas para exercer a profissão.
      Não que os resultados divulgados ontem pelo Cremesp sejam surpreendentes. Desde que a prova foi criada, há sete anos, os índices de reprovação estiveram entre 32% (2005) e 61% (2008).
      Agora, porém, o impacto é maior porque todos os formandos foram avaliados.
      Ainda que se pesem as críticas em relação à metodologia do exame, intriga o fato de não haver nenhuma mobilização dos ministérios da Saúde e da Educação para melhorar esse cenário.
      Aferir a competência técnica dos futuros médicos antes de soltá-los no mercado deveria ser uma questão de Estado, de interesse público.
      Isso se torna evidente quando os resultados do "provão" revelam que as áreas de maior reprovação são as de saúde mental (41% de acertos) e pública (46%).
      Em um país em que 90% da população é usuária de alguma forma do SUS, o Estado deveria tomar para si a responsabilidade de um modelo de avaliação que conferisse a qualificação ao médico antes que ele chegasse ao mercado, a exemplo do que fazem os EUA e o Canadá.
      A Inglaterra deu um passo além. Neste mês, o governo britânico instituiu um sistema que obrigará todos os médicos já formados a passarem por avaliações periódicas.
      Os testes serão feitos por entidades médicas, mas tudo supervisionado pelo Ministério da Saúde britânico.
      Os médicos terão de comprovar (por meio de cursos, por exemplo) que estão aptos para continuar na profissão. A palavra do paciente também contará pontos.
      Levando em conta que o SUS foi inspirado no modelo britânico, é uma boa hora para o governo brasileiro aprender algumas lições de como oferecer uma saúde de melhor qualidade à população.

      A FAVOR
      Resultado nos deixa temerosos, afirma professor
      DE SÃO PAULOCoordenador do exame do Cremesp, o médico Bráulio Luna Filho, que também é professor na Unifesp, defende a prova e diz que o resultado retrata a qualidade do profissional que vai para o mercado de trabalho, principalmente para a periferia.
      -
      Folha - Pode-se dizer que o resultado foi muito ruim?
      Bráulio Luna Filho - Sim. Uma prova de avaliação ao final do curso de medicina no Canadá, nos EUA, tem, em média, 95% de aprovação. Imaginei que nosso resultado seria de 70% e foi de 44,5%. Isso nos deixa temerosos sobre o exercício profissional futuro desses colegas.
      Como o cidadão pode se defender de um médico mal qualificado?
      Infelizmente, a população não tem como saber se o indivíduo foi bem treinado. O problema é maior nas camadas mais pobres, porque o médico recém-formado vai atender nas unidades mais periféricas.
      O boicote dos alunos não foi legítimo?
      O conselho se ressente quando alunos formados em universidades de ponta, principalmente, protestam. O cidadão teve o ensino pago pelo contribuinte, teve boas condições de aprendizado e ainda é contra uma avaliação?

        CONTRA
        Prova deveria ser teórica e prática, diz formando
        DE SÃO PAULOJosué Augusto do Amaral Rocha, da Unicamp, um dos líderes do movimento que defendia o boicote à prova do Cremesp, diz que a avaliação deveria ser teórica e prática.
        -
        Folha - O resultado ruim é reflexo da prova ou do ensino de medicina?
        Josué Augusto do Amaral Rocha - Quando se fala da prova, é preciso falar da qualidade dela. Para ser adequada, não poderia ser só teórica. Tinha de ter uma parte prática. É preciso fazer uma avaliação global dos estudantes, ao longo de todos os anos do curso e não apenas no final. A avaliação precisa envolver a infraestrutura da escola, o corpo docente e o aprendizado do estudante. Prova de múltipla escolha, como faz o Cremesp, qualquer cursinho ajuda a passar.
        A adesão ao boicote não ficou abaixo do esperado?
        O movimento lançou a discussão sobre o ensino médico no Brasil.
        Quem mais aderiu não vem de boas escolas e tem mais chances de emprego?
        Isso mostra a mobilização das escolas públicas. Vou trabalhar na periferia de Campinas. O movimento é para discutir a qualidade de saúde pública e nosso interesse é total na população.

          Quadrinhos


          Folha de são Paulo 
          CHICLETE COM BANANA      ANGELI

          ANGELI
          PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE

          LAERTE
          DAIQUIRI      CACO GALHARDO

          CACO GALHARDO
          NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES

          FERNANDO GONSALES
          MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI

          ADÃO ITURRUSGARAI
          BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER

          ALLAN SIEBER
          MALVADOS      ANDRÉ DAHMER

          ANDRÉ DAHMER
          GARFIELD      JIM DAVID

          JIM DAVID

          HORA DO CAFÉ      VELATI

          VELATI

          'Não sou maluco', diz Daniel Day-Lewis sobre métodos


          Famoso por imersões nos personagens, ator vive agora Abraham Lincoln
          Dono de dois Oscar e favorito para mais um, britânico encarnou o presidente americano até fora das filmagens
          Divulgação
          Daniel Day-Lewis como o presidente Abraham Lincoln
          Daniel Day-Lewis como o presidente Abraham Lincoln
          folha de são pauloRODRIGO SALEMENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
          "Oi, meu nome é Daniel." A apresentação não é carregada de ironia. Daniel Day-Lewis se apresenta realmente como um ser humano normal e sorridente, apesar de a imprensa britânica adorar passar um verniz de loucura em seu filho pródigo.
          Daniel pode ser uma fachada para o homem que quebrou as costelas ao se recusar a sair do personagem paralítico de "Meu Pé Esquerdo" (1989) ou o que morava em uma tenda no meio do deserto durante as filmagens de "Sangue Negro" (2007) -ele venceu o Oscar pelos dois filmes.
          Para viver o presidente Abraham Lincoln (1809-1865) no período da aprovação da lei de abolição da escravatura no drama "Lincoln", de Steven Spielberg, que estreia em janeiro, Lewis manteve seu método de imersão completa.
          Despediu-se do roteirista Tony Kushner, que adaptou parte da obra "Team of Rivals: The Political Genius of Abraham Lincoln", de Doris Kearns Goodwin, um dia antes de começar a rodar, pois só queria contato com Spielberg.
          "A experiência de viver um líder do mundo livre já é solitária, imagine essa pessoa no meio da Guerra Civil", diz Day-Lewis à Folha, poucas horas antes de ser escolhido melhor ator pela Associação de Críticos de Nova York.
          "A solidão foi algo que Steven me permitiu, mas foi paradoxal porque minha cumplicidade com ele era absoluta."
          Nas filmagens, o ator mais premiado de sua geração não saía do personagem, falando com o sotaque que retirou de suas pesquisas e até escrevendo e assinando como o presidente, morto em 1865.
          "Preciso criar uma ilusão para mim na esperança de criar para o espectador. Sei que a voz que encontrei para Lincoln levantou interesse, mas ela é um reflexo profundo de cada personagem que faço. Se tenho sorte, os sons acham o caminho para mim."
          "Para minha sorte, não há gravações de Lincoln, então ninguém pode afirmar, categoricamente, que não estou soando como ele. O que fiz foi ouvir gravações de pessoas que viveram nos mesmos condados que ele."
          CONSTRUÇÃO
          Essa construção começou um ano antes de Spielberg gritar "ação" no set de filmagens. O cineasta e Kushner foram até Wicklow Mountains, na Irlanda, onde o ator mora em um sítio com a mulher, Rebecca, e os filhos de 10 e 14 anos.
          A dupla queria convencer o ator de que ele seria capaz de viver um político quase beatificado nos Estados Unidos.
          "Quem não gostaria de ser mudado pela experiência de viver Abraham Lincoln?"
          No primeiro dia no set, o ator apareceu de barba e bem mais magro, mas não gosta do assunto. "As performances são medidas pelo peso ultimamente. Ganhar ou perder peso não tem a mínima importância desde que [Robert] DeNiro fez 'Touro Indomável'. Faz parte do trabalho."
          A razão de evitar o assunto é a perseguição dos tabloides ingleses, que transformam os métodos de atuação de Daniel Day-Lewis em excentricidades. Em "Lincoln", o fato de assinar mensagens com as iniciais do presidente virou notícia na Inglaterra.
          "Eu não sou maluco", exclama o ator. "Mas é verdade que gasto boa parte da minha energia bloqueando a minha visão periférica para me conectar ao mundo que criei."
          O astro admite que as extravagâncias eram maiores quando os filhos eram pequenos e "não entendiam o que o pai fazia". "Agora é um jogo, mas sei que há limites."
          Tanto sabe que é o primeiro a tirar um sarro da própria imagem. Assim que chegou às filmagens, notou que o motorista designado para levá-lo estava nervoso com as regras impostas por seus chefes -possivelmente temendo irritar Lincoln/Day-Lewis.
          "Eu falei: 'Quero que você fale para seus chefes que eu estou exigindo ser levado de charrete para as filmagens. E que você precisa de uma licença especial para isso", brinca Day-Lewis, gargalhando com a lembrança.
          A imersão valeu a pena. O inglês corre como favorito ao Oscar. Mas, nem por isso, muda seu modo de trabalhar. Não tem projeto para os próximos anos e Day-Lewis deve reaparecer só em 2015.
          "É meu ritmo. Se eu notar que preciso sustentar minha família, dou um jeito", afirma. "Talvez fosse trabalhar como operário e continuaria fazendo meus filmes a cada três anos. Do contrário, perderia o entusiasmo."

          Ministério da Justiça exige recall de xampus da Avon


          Parte de lote da linha Avon Care Hidratante está contaminada com bactéria, diz governo
          folha DE SÃO PAULOAlegando riscos à saúde e à segurança do público, a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça) determinou que a Avon fizesse um recall de mais de 500 xampus da linha Avon Care Hidratante em embalagens de um litro.
          As unidades começaram a ser recolhidas no sábado. Em nota, a Senacon diz que "os produtos agravam qualquer eventual quadro infeccioso de consumidores com sistema imunológico debilitado".
          A Avon, em comunicado, afirmou que o recall atinge 558 unidades do lote LP 3182, contaminadas pela bactéria Pseudomonas aeruginosa, que causa forte inflamação.
          O consumidor que adquiriu o produto tem o respaldo do Código de Defesa do Consumidor e deve exigir sua troca imediata, sem cobrança de qualquer valor pelo serviço.
          Segundo a Senacon, caso haja alguma dificuldade no procedimento de devolução e troca, é recomendado que o consumidor procure um órgão de proteção, como o Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor).
          Para mais informações, o consumidor pode acionar a empresa através do telefone  0800-708-28-66 ou acessar o site do Ministério da Justiça (portal.mj.gov.br).

            Choro de diplomata cala cúpula do clima


            Negociador das Filipinas pediu urgência após um tufão que matou 500 em seu país
            Ted Aljibe/France Presse
            Lenlen Medrino, sobrevivente de enchentes causadas por tufão nas Filipinas, é amparada ao cruzar rio em New Bataan
            Lenlen Medrino, sobrevivente de enchentes causadas por tufão nas Filipinas, é amparada ao cruzar rio em New Bataan
            Folha de São Paulo
            GIULIANA MIRANDAENVIADA ESPECIAL A DOHA
            Com a voz embargada, os olhos cheios de lágrimas e um discurso sem os eufemismos comuns nas negociações diplomáticas, o chefe da delegação das Filipinas deixou ontem a cúpula mundial do clima em silêncio.
            "Por favor, chega de desculpas e atrasos. Abram os olhos para a dura realidade que nós enfrentamos. Se não for agora, quando será?", apelou Naderev "Yeb" Saño na última plenária de discussões sobre a extensão do Protocolo de Kyoto na COP-18, em Doha, no Qatar.
            A atitude do até então discreto diplomata filipino gerou, além de lágrimas pelos corredores, muitas palmas por onde ele passou. Mas é difícil dizer se a bronca de Saño, cujo país acaba de ser atingido por um grande tufão que deixou mais de 500 mortos e centenas de desabrigados, será suficiente para promover alguma mudança de rumo na conferência.
            Faltando 24 horas para o encerramento do encontro, os pontos mais polêmicos da discussão foram, como de costume, empurrados para o último dia de negociação.
            A questão do financiamento tem travado a agenda. Todos parecem concordar que o aquecimento global é uma questão urgente e perigosa, mas poucos são os países dispostos a pagar a conta.
            As nações em desenvolvimento, especialmente países africanos e as nações-ilhas, endureceram o discurso por mais verbas.
            Na cúpula de 2009, na Dinamarca, ficou estabelecido que os países desenvolvidas doariam, em um chamado fundo rápido, US$ 30 bilhões até 2012. Mais US$ 100 bilhões seriam liberados por ano a partir de 2020.
            Na ocasião, não foi feito um plano detalhado de como seria essa transferência. As nações em desenvolvimento pressionam por um documento que detalhe um financiamento progressivo.
            Esses países estão pedindo US$ 60 bilhões escalonados até 2015 para combater e mitigar as consequências das mudanças climáticas. Até agora, as verbas anunciadas mal chegam a US$ 10 bilhões.
            "Os valores não refletem a urgência do combate ao aquecimento global", resumiu o embaixador brasileiro André Corrêa do Lago.
            O negociador-chefe do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo Machado, passou quase todo o dia em discussões ministeriais para acertar a extensão do Protocolo de Kyoto, considerado o principal objetivo da conferência.
            Decisões sobre o período de vigência e o grau de comprometimento dos países também foram empurrados para o último dia.
            "Ao andar pelos corredores deste evento, não parece que o aquecimento global é uma realidade que está afetando a vida de milhões de pessoas em todo o mundo", disse Wael Hmaidan, da CAN (Climate Action Network).

            PAULO SANT’ANA - Meus ícones

            Zero Hora - 07/12/2012

            O idealizador do fumódromo do prédio aqui da RBS deve ter sido o Albert Speer, o arquiteto de Hitler.

            A temperatura ambiente do fumódromo é de 60°C. Se se colocar um frango cru ali dentro do fumódromo, em 20 minutos ele estará assado.

            Eu compreendo o ódio que se devota atualmente aos fumantes, mas é demais obrigar-nos a frigir dentro de uma sala durante o consumo de um cigarro, não havendo a mínima chance de estabelecimento de qualquer diálogo em tais senegalescas condições.

            Há uma câmera dirigida para a porta do fumódromo, onde está escrita uma imperial observação: “Conserve a porta fechada”.

            Se a porta permanecer fechada, torram todos os fumantes lá dentro.

            Quem foi o arquiteto, quem é o engenheiro, quem é responsável pela barbárie?

            Estou reclamando porque deram meu nome ao fumódromo. Sinto-me representante dos grelhados.

            Quando quero ler sobre alacridades frívolas, leio o Fabrício Carpinejar. Quando quero ler sobre a privacidade dos faraós, leio David Coimbra.

            Quando quero ler sobre a severidade dos governantes antigos, tipo Borges de Medeiros e Flores da Cunha, leio J. A. Pinheiro Machado.

            Quando quero ler qualquer ataque às esquerdas, leio Percival Puggina. E, se quero ler prescrições éticas à imprensa, dou de olhos no que escreve o excelente Marcos Rolim.

            Se quero ler sobre dosimetria das penas, prefiro o Cláudio Brito. E, se quero me deliciar com a análise das idiossincrasias dos detentores do poder, leio Paulo Brossard.

            Se quero saber como andam as coisas na política estadual e municipal, recorro a Rosane de Oliveira, não me esquecendo nunca do Nílson Souza, da Bela Hammes, do Kadão Chaves, do Flávio Tavares e do Roger Lerina.

            Esse é o caleidoscópio semanal em que mergulho no meu jornal, além, é claro, das lúcidas intervenções do Moisés Mendes e do Luiz Antônio Araujo, sempre nos atraindo para aspectos inéditos do cotidiano.

            Não deixo de parar por minutos para ler as notas atraentes do nosso Tulio Milman.

            No esporte, vou de Diogo Olivier, Zini Pires e Ruy Carlos Ostermann. Sendo assim, é grande o meu espectro jornalístico. Leio todos com sofreguidão e análise crítica, crendo que eles também me leem, não são bruxos para escapar.

            O Verissimo e o Wianey, nos últimos dias, me deixaram na mão, recolheram-se a hospitais, onde eu deveria estar e teimo em resistir aos veementes chamados nosocomiais.

            Não sei se os leitores estão notando, a minha represália continua em curso: como ninguém me cita, cito todos.

            O jornal é uma cachaça e as colunas são pontos de atrativo. Eu, por exemplo, antes de ser colunista, era grande leitor de colunas. Ainda jovem me apaixonei pelos colunistas Nélson Rodrigues e Stanislaw Ponte Preta, parece-me que da Última Hora.

            Eu era operário, mas não sei de onde eu conseguia tirar dinheiro para comprar todos os dias a minha Última Hora na banca de revistas da Praça da Alfândega. Era um dever socioíntimo que eu tinha.

            Recém deixado de ser menino, filava de meus parentes a revista O Cruzeiro, na qual lia avidamente o texto mais brilhante que já conheci em toda a minha vida: David Nasser.

            Eram duas páginas que erigiam ou derrubavam um governo.

            Antes, pois, de ser jornalista, fui insistente leitor e antes de ser radialista eu era frequentador de programas de auditório, como o célebre Rádio Sequência de todos os meios-dias, na Rádio Farroupilha da Rua Siqueira Campos.

            Eu até acho estranho que me tenha tornado produtor, porque na verdade eu sou intrinsecamente um grande consumidor de imprensa.

            DAVID COIMBRA - Formam-se opiniões

            Zero Hora - 07/12/2012

            Outro dia um sujeito me perguntou:

            – Que tal isso de ser formador de opinião?

            Fiquei pensando. Formador de opinião. Uma função, um cargo. Poderia abrir uma empresa para essa atividade específica. Algo moderno, com nome em inglês: Formed Opinion S.A. Ou: Cia da Opinião. “Formam-se opiniões”, diria o meu anúncio. “Você está sem assunto? Não sabe o que pensar sobre economia, política, futebol? Nós temos uma opinião pronta para você.

            Por um preço módico, você levará para casa uma opinião ponderada ou polêmica, engraçada ou dura, a opinião que mais combine com você, junto com toda a argumentação para defendê-la. Procure-nos! E faça sucesso social”.

            Claro que poucos procurariam a empresa para adquirir opiniões sobre futebol. Todo mundo acha que entende de futebol. Mesmo assim, para os que quisessem ter opiniões exclusivas, nossos especialistas forneceriam algumas sobre novos jogadores africanos que estão atuando na Europa. Qualquer um que fale de novos jogadores africanos que estão atuando na Europa parece entender muito.

            Na economia é mais fácil formar uma opinião. A economia passa a impressão de ser uma ciência, de que tudo nessa área é técnico, matemático, resultado de estudos profundos e inacessíveis. Nós, da Formed Opinion, sabemos que não. Sabemos que, ao contrário, tudo é vago em economia, tudo é especulação e que tudo muda, às vezes inesperadamente.

            Sabemos mais: sabemos que Lulu Santos estava certo: a vida vem em ondas, como o mar. Assim, as crises se sucedem. Está tudo bem com uma economia? Não por muito tempo. Logo sobrevirá uma crise que a abalará. Portanto, em economia você deve fazer alertas: diga que o país está bem, mas que é preciso ter cuidado, que não se pode gastar tanto, que a bolha vai furar. Funciona.

            Agora, complicado mesmo é a política. Claro, você sempre pode resmungar que todos os políticos são corruptos. Ninguém vai reclamar dessa opinião, embora nós, da Formed Opinion, saibamos que não é verdade, que os políticos são corruptos na medida da corrupção da sociedade. O problema, na política, são certos personagens. Lula, por exemplo. Lula é um carismático e, como todo carismático, ou é amado ou odiado. Quer dizer: não é possível tecer considerações racionais acerca de Lula.

            Ou ele é todo ruim ou todo bom. Só que nós, no recôndito do relacionamento com nossos clientes, podemos dizer a verdade: que Lula tem predicados e defeitos, como qualquer um, e que seu governo os teve ambos, predicados e defeitos. Mas nosso conselho é que você não opine diretamente sobre Lula. Apenas faça observações espirituosas em cima da opinião de alguém. Como fazer observações espirituosas? Desculpe, vamos ter que refazer o orçamento. Ter opinião é fácil, fazer observação espirituosa custa muito mais.

            A psicose da internet - Paloma Oliveto‏

            Psiquiatra israelense descreve casos de três mulheres que passaram a desenvolver alucinações relacionadas a conversas que mantinham via chats e redes sociais. Para médico, comunicação on-line favoreceu o surgimento de um novo tipo de distúrbio mental 

            Paloma Oliveto
            Estado de Minas: 07/12/2012 

            Aos 45 anos, F.* entrou em desespero quando começou a receber mensagens cifradas. O problema se agravou a partir do momento em que foi ameaçada por pessoas que a espionavam e a perseguiam dia e noite. “Elas pareciam conhecer detalhes da minha vida que eu nunca havia revelado a ninguém”, relatou. Então, ela procurou ajuda especializada. Não em uma delegacia de polícia, mas na ala psiquiátrica de um hospital. Sem histórico de distúrbios mentais, perto de chegar à meia-idade, a mulher acabou diagnosticada com crise psicótica aguda. O que teria desencadeado o episódio seriam horas intermináveis no Facebook.

            A dependência em internet já é um assunto bem discutido por psicólogos e psiquiatras, que consideram o vício semelhante ao de jogar ou beber. Agora, artigo publicado na revista Israel Journal of Psychiatry and Related Sciences sugere que a rede mundial favoreceu o surgimento de um tipo específico de distúrbio mental, a psicose de internet. O psiquiatra israelense Uri Nitzan encontrou três casos de mulheres previamente saudáveis que tiveram surtos psicóticos depois de começar a frequentar as redes sociais e salas de chat. Ele defende que pessoas sem muita intimidade com computadores e emocionalmente frágeis – F., por exemplo, cuidava de um idoso que morreu dois meses antes do surto – ficam mais suscetíveis a confundir realidade e ambiente virtual, a ponto de desenvolver o grave distúrbio.

            “No nosso artigo, descrevemos apenas três casos. É claro que precisamos de estudos mais aprofundados, que incluam um número maior de pacientes. Contudo, delírios desencadeados pela internet já foram bem explorados pela literatura médica”, observa Nitzan. “Além disso, os sintomas apresentados pelas três pacientes encaixam-se perfeitamente no diagnóstico da psicose. Todas elas passavam por momentos difíceis em sua vida, tendo uma característica em comum: estavam tentando se reerguer com o auxílio da comunicação mediada pelo computador (CMC).” Esse termo refere-se a qualquer tipo de relação interpessoal exercida por meio de máquinas conectadas remotamente. Redes sociais, chats e serviços de mensagem instantânea são as mais populares.

            O delírio não é uma condição exclusiva dos transtornos psicóticos. O uso de remédios e drogas, além de tumores no cérebro, também podem desencadeá-los. Nos casos descritos por Nitzan, porém, as pacientes não tinham contato com narcóticos nem tinham lesões cerebrais. O psiquiatra também não acredita que os surtos sofridos pelas três possam ser dissociados do uso da internet, daí a defesa de que esse tipo de psicose mereceria uma classificação à parte no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, na sigla em inglês), um guia organizado pela Associação Psiquiátrica Americana e usado por profissisonais de todo o mundo, inclusive do Brasil.

            Mensagens cifradas “Nos três casos, elas afirmaram que os episódios psicóticos estavam intimamente relacionados com a internet. Os surtos giravam em torno de mensagens trocadas em sites, de pessoas que elas só conheceram no ambiente virtual e de supostos avisos cifrados que chegavam pelo computador”, diz Nitzan. O psiquiatra conta que tentou encaixar os casos nos transtornos de personalidade borderline, no transtorno delusional erotomaníaco – quando a pessoa acredita, erroneamente, que outra está apaixonada por ela –, na esquizofrenia e no transtorno esquizoafetivo, caracterizado por períodos de depressão e mania. 

            “Porém, nenhum deles se ajustava. Baseado em nossas experiências profissionais e em consultas que fizemos com outros colegas, nossa impressão é de que a CMC é capaz de gerar um espectro amplo de fenômenos psicopatológicos, que vão de leves experiências dissociativas a um episódio verdadeiramente psicótico”, diz.

            Na ausência de uma classificação oficial para a psicose de internet, as três mulheres cujos relatos são descritos no artigo receberam diagnósticos diferentes dos hospitais psiquiátricos. Enquanto o caso de F. foi considerado um episódio psicótico leve, o de M., de 30 anos, foi classificado como esquizofrenia. A única experiência prévia da mulher com distúrbios mentais havia sido 10 anos antes, quando, pressionada pelos exames da universidade, passou a sofrer de ansiedade e teve de tomar um antidepressivo, além de fazer psicoterapia.

            Na época em que entrou para o Facebook, M., que também não tinha muita intimidade com a internet e era totalmente leiga em redes sociais, estava separada do marido. Ela adicionou o perfil de um homem casado, que morava no exterior e não a conhecia. Esse usuário, com quem M. passou a trocar mensagens, tinha o hábito de postar videoclipes, e foi aí que os surtos começaram. “Gradualmente, ela começou a atribuir importância às cores, às palavras e às músicas dos clipes, convencida de que mensagens íntimas estavam escondidas por trás dessas ‘pistas’, imaginando que todas eram destinadas a ela”, conta Nitzan.

            “Mergulhei em uma relação, comecei a fantasiar sobre o homem e a criar esperanças. Cheguei a um ponto em que minha correspondência com ele ocupava a maior parte do dia”, confessou a mulher. Ela respondia às mensagens achando que eram privadas, mas, como era ignorante em tecnologia, descobriu que qualquer pessoa poderia lê-las. M. começou a desconfiar de que a mulher ou os conhecidos do “namorado virtual” é que mandavam as mensagens, com alguma intenção maléfica. Ela procurava recados dele no rádio, na televisão, em anúncios publicitários e acreditou estar sendo perseguida.

            Indícios fortes No caso de R., de 30, as alucinações chegavam a ser físicas. A mulher passou a frequentar redes sociais depois que foi demitida. Queria buscar emprego e novos contatos, mas o que encontrou foi um desconhecido, por quem acreditou estar apaixonada. “A um certo ponto, quando interagia pela internet com o homem, ela sentiu as mãos dele tocando suas costas e sua barriga. Essa alucinação ocorreu diversas vezes, acompanhada de muita ansiedade. Quando foi atendida (no hospital psiquiátrico), não conseguia explicar a impossibilidade de aquilo ocorrer. Seu diagnóstico final foi breve episódio psicótico”, recorda Nitzan.

            O psiquiatra Tom Heston, da Universidade de St. Louis, concorda que é preciso considerar a psicose de internet como um distúrbio único, para facilitar o diagnóstico e o tratamento dos pacientes. “A comunicação mediada pelo computador passou por um crescimento explosivo nas últimas duas décadas. Esse meio relativamente novo de interação com os outros tem o efeito único de eliminar dicas sociais que normalmente conseguimos captar quando estamos falando com uma pessoa diretamente. Isso pode criar mal-entendidos, erros de julgamento e, em casos extremos, o desenvolvimento de problemas mentais, como psicose”, diz. 

            “Embora ainda não tenha sido definida suficientemente bem para ser incluída no DSM, há indícios fortes para considerá-la um novo tipo de transtorno”, defende o médico. A psicose é uma condição mental severa e se for possível preveni-la, então isso precisa ser feito. No caso da psicose de internet, ela parece facilitada por comunicações em chats, redes sociais, e-mails etc.. Portanto, é possível prevenir alguns indivíduos mais suscetíveis por meio de educação, explicando a eles as limitações das relações interpessoais on-line”, acredita.

            Para o pesquisador Peter W. Halligan, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Cardiff, as alucinações associadas ao uso da internet precisam ser levadas em conta na avaliação psiquiátrica para uma indicação correta de tratamento. “A terapia cogntiva, por exemplo, pode ser extremamente útil para essas pessoas”, afirma. Em 2005, ele publicou artigo na revista Psycopathology no qual também descrevia episódios psicóticos desencadeados por sites. Em um deles, um homem achou ter descoberto uma rede terrorista e começou a imaginar que seu telefone estava sendo grampeado pelas autoridades, que também teriam instalado câmeras escondidas em sua casa. Assim como no estudo israelense, a falta de intimidade com a tecnologia foi considerada um fator de risco. “Essa é uma linha de pesquisa que merece atenção. Novos estudos poderão colaborar para constatar se, de fato, a psicopatia de internet deve ser considerada um fenômeno diferente dos que já conhecemos”, diz Halligan. 



            * Os nomes das pacientes não 
            foram divulgados pelo psiquiatra

            CIÊNCIA » O rosto engana - Paloma Oliveto‏

            O que revela mais sobre o sentimento de uma pessoa: a expressão facial ou os movimentos do corpo? Se você pensou na primeira opção, errou. É o que aponta estudo publicado na Science 

            Paloma Oliveto
            Estado de Minas: 07/12/2012 

            Distinguir emoções como dor, alegria, prazer ou sofrimento parece óbvio. Basta olhar o rosto de uma pessoa para saber se ela acaba de ganhar na loteria ou recebeu, há segundos, uma notícia trágica. Decifrar os sentimentos alheios em momentos extremos, porém, não é tão simples assim. De acordo com pesquisa publicada na revista Science, é o corpo, e não a face, que entrega o verdadeiro estado de espírito de um indivíduo. 

            Estudioso da linguagem não verbal e autor de diversos artigos científicos, o neuropsicólogo Hillel Aviezer, da Universidade de Princeton, explica que saber identificar as emoções por meio de expressões corporais e faciais ajuda a conduzir as interações entre as pessoas. “Se você percebe que alguém está sofrendo, pode ir até lá e oferecer ajuda. Ou se o indivíduo parece contente, talvez seja um convite para se aproximar. Por outro lado, a forma como uma pessoa se comporta pode ser um alerta para que você saia de perto o mais rápido possível”, diz.

            Aviezer afirma que essa é uma área de estudo muito complexa, mas que tem sido explorada de forma simplista. “Grande parte das pesquisas ainda parte do princípio de que o foco das emoções está na face. Isso simplesmente não condiz com a realidade”, defende. Fotos de atletas, principalmente tenistas, têm sido usadas pela equipe do neuropsicólogo em diversos experimentos científicos para provar que é fácil se enganar quando a única referência é o rosto. Retiradas do contexto, expressões de vitória, derrota, alegria e tristeza, por exemplo, podem ser bastante parecidas. “Veja apenas o rosto de uma pessoa que acabou de ganhar na loteria e de um pai que soube há poucos segundos que seu filho morreu atropelado. Você não vai saber quem está comemorando e quem está em luto”, garante.

            O cientista diz que ainda não se sabe ao certo por que emoções negativas e positivas podem desencadear expressões faciais tão parecidas. “Alguns estudos mostram que, no cérebro, os mesmos sistemas de neurotransmissores modulam a dor e o prazer. Exames de ressonância magnética também indicam que tanto sensações positivas quanto negativas ativam as mesmas regiões cerebrais (ínsula, núcleo estriado, córtex orbitofrontal, núcleo acumbens e amígdala)”, conta. Como o restante do corpo é mais diverso que apenas o rosto, as posições de braços, pernas e tronco indicam com mais precisão o sentimento do indivíduo. O punho erguido, por exemplo, é um claro sinal de vitória. Um jogador dificilmente lamentaria a perda de um ponto esticando o braço para cima com as mãos fechadas.

            No estudo, Aviezer conduziu três testes diferentes, todos eles baseados em fotografias de pessoas que passavam por picos de emoção – na saída de um velório, durante a implantação de um piercing ou no auge de uma gargalhada, por exemplo. Os participantes tinham de relacionar as imagens a sensações positivas ou negativas. Quando a única foto disponível era a do rosto, a maioria teve dificuldade para identificar a verdadeira expressão da pessoa retratada. Já quando os voluntários viam apenas o corpo ou o conjunto, quase todos acertaram.

            Antes de executar as tarefas, contudo, 80% dos participantes disseram que prefeririam analisar uma fotografia apenas da face em vez de uma mostrando o corpo. É o que Aviezer chama de fenômeno da ilusão facial: acreditar que uma expressão positiva ou negativa é identificada somente no rosto, em detrimento de qualquer outro elemento que possa ajudar no diagnóstico, como o posicionamento dos braços e a inclinação do tronco. “No geral, as pessoas acham que o rosto diz tudo, é aquela história de ‘olhar no olho’ quando se quer saber se alguém está dizendo a verdade. A linguagem corporal, contudo, é muito mais rica do que isso.”

            Abordagem holística

            Professor de psicologia da Universidade de Nova York, Yaacov Trope afirma que, assim como ocorre no senso comum, o meio acadêmico elegeu a face para representar as emoções humanas. “Historicamente, os estudos de percepção social têm se concentrado no reconhecimento das expressões faciais, como se houvesse dois sistemas diferentes, um para o rosto e outro para o corpo. Acredito, contudo, na abordagem holística, segundo a qual as informações sobre o estado emocional são o resultado da interpretação do todo”, diz. Trope, que não participou da pesquisa publicada na Science, já fez experimentos semelhantes em associação com a Universidade de Princeton e chegou aos mesmos resultados. De acordo com ele, ao se fixar unicamente na expressão facial, corre-se o risco de subestimar o contexto social.


            Um dos pioneiros dos estudos de identificação de emoções por meio do conjunto rosto/corpo, o pesquisador Jan Ver den Stock, da Faculdade de Ciências Sociais e Comportamentais da Universidade de Tilburg, na Holanda, acredita que é preciso investir mais em estudos semelhantes ao de Hillel Aviezer. “Considerando o valor emocional das expressões corporais, é, de certa forma, surpreendente que seu estudo esteja muito atrás das pesquisas que se concentram apenas nas expressões faciais. A análise holística fornece informações sobre o estado emocional do indivíduo e também sinaliza suas intenções. Por exemplo, a expressão corporal de medo pode indicar que a pessoa está ameaçada e, ao mesmo tempo, como ela pretende lidar com isso: fugir, enfrentar ou ficar paralisada”, afirma.

            TV PAGA

            Estado de Minas:07/12/2012

            Na balada

            Estreia hoje, às 22h, no Telecine Premium, o filme Paraísos artificiais, de Marcos Prado. A trama: Érika é uma jovem DJ que vai para um festival de música eletrônica com sua amiga Lara. Lá, elas conhecem Nando, com quem vivem experiências marcantes em uma noite repleta de álcool e drogas. Anos depois, Érika e Nando se reencontram e revivem diversos sentimentos do passado. O trio central é formado por Nathalia Dill, Luca Bianchi e Lívia De Bueno.

            Ação, drama e humor 
            no pacotão de cinema


            Tem mais cinema. No TCM, o festival James Bond continua hoje com 007 contra o homem da pistola de ouro (22h) e 007 – O espião que me amava (0h25). Na concorrida faixa das 22h, são mais 10 opções: O caçador, na Cultura; Beautiful people, no Futura; Coração de tinta, na TNT; Amor a distância, na HBO; Sangue e honra, na HBO2; Colheita maldita, no Telecine Cult; Machete, no Max Prime; A múmia: Tumba do Imperador Dragão, no Megapix; Imortal, no Space.; e O vizinho, no FX. Outras atrações, todas às 21h: Muito bem acompanhada, no Boomerang; Uma canção de amor para Bobby Long, no Sony; e Nem tudo é o que parece, no AXN. E mais: Sem vestígios, às 20h, no A&E; O retorno da múmia, às 23h, no Universal; e Amanhecer de um sonho, à meia-noite, no Eurochannel.

            Boomerang presenteia 
            os fãs do One Direction


            A programação musical também está variada. Para a garotada, a dica é o quinteto One Direction, em A year in ther making, às 15h, no Boomerang. No Canal Brasil, às 20h45, o programa O som do vinil analisa o disco O som quente é o das Neves , que Wilson das Neves gravou em 1976. 

            Amigos se reencontram 
            antes do fim do mundo


            O jornalista Amaury Jr. retribui a gentileza de Fernanda Young, que lhe concedeu uma entrevista outro dia, e agora vai ao programa dela, o Confissões do apocalipse, hoje, às 20h30, no canal GNT. Na sequência, às 21h, em Viva voz, Sarah Oliveira entrevista a atriz Camila Pitanga.

            Tem gente que já está
            pronta para o apocalipse


            Por falar em apocalipse, o NatGeo estreia hoje, às 22h30, a segunda temporada de Preparados para o fim. A cada edição, duas pessoas ou famílias com personalidades extremas mostram seus incríveis planos para sobreviver ao fim do mundo tal como o conhecemos. 

            O surfista quer mesmo é 
            que tudo acabe em onda


            O canal Off exibe hoje, às 22h, o documentário The pursuit, que reúne depoimentos de grandes nomes do surfe mundial. Entre uma onda e outra, feras como Kelly Sater, Brett Simpson, Jordy Smith, Ricky Basnett, Pat Gudauskas e Dusty Payne revelam suas ambições e estilos de vida.