Gaëlle Dupont, Eric Nunès e David Revault D'allonnes
Foi como “ex-colega” que o presidente da França, François Hollande, se dirigiu, na terça-feira (20), aos milhares de prefeitos e presidentes de agrupamentos de comunas reunidos em seu 95º Congresso, em Porte de Versailles, Paris. Tanto que os inúmeros sinais dados por Hollande, que já foi prefeito da cidade de Tulle, e sobretudo sua vontade de conciliação sobre a delicada questão do “casamento para todos”, agora correm o risco de lhe tirar o apoio dos partidários mais ferrenhos dessa reforma.
Questionado logo de início sobre o projeto de lei por Jacques Pélissard, presidente da Associação dos Prefeitos da França (AMF, sigla em francês), que transmitia as “preocupações” dos prefeitos, Hollande lembrou que estes “terão, se a lei for aprovada, de aplicá-la” e que “a lei se aplica para todos respeitando a liberdade de escolha”. Uma declaração ambígua, que o presidente completou explicando que “as possibilidades de delegações [de um prefeito a seus adjuntos] existem e podem ser ampliadas”, sem dar mais detalhes.
É uma saída oferecida aos prefeitos mais reticentes. O governo francês se orgulha de seu “pragmatismo”: “O presidente quis afirmar que essa importante reforma seria feita de maneira muito clara, em todo o território, mas a ideia é não ser hipócrita”, explica um conselheiro. “Hoje, quando um prefeito não quer realizar um casamento, ele não o faz e delega a alguém. Portanto, está sendo considerado um princípio de realidade psicológica e política”.
Como era de se esperar, esse pragmatismo irritou os pró-casamento gay, que até hoje já achavam os representantes da maioria extremamente temerosos quanto ao tema. No Twitter, estes se enfureceram contra Hollande, falando em “covardia”, “tapa na cara”, e até em “rendição”. “Não entendo como seria possível justificar que uma lei não seja aplicada da mesma maneira em todo o território da República”, disse Nicolas Gougain, porta-voz da interassociação de lésbicas, gays, bi e transexuais (Inter-LGBT). Para a Federação LGBT, “François Hollande fala em uma pretensa liberdade de escolha ampliada para ceder aos opositores”.
Questionado logo de início sobre o projeto de lei por Jacques Pélissard, presidente da Associação dos Prefeitos da França (AMF, sigla em francês), que transmitia as “preocupações” dos prefeitos, Hollande lembrou que estes “terão, se a lei for aprovada, de aplicá-la” e que “a lei se aplica para todos respeitando a liberdade de escolha”. Uma declaração ambígua, que o presidente completou explicando que “as possibilidades de delegações [de um prefeito a seus adjuntos] existem e podem ser ampliadas”, sem dar mais detalhes.
É uma saída oferecida aos prefeitos mais reticentes. O governo francês se orgulha de seu “pragmatismo”: “O presidente quis afirmar que essa importante reforma seria feita de maneira muito clara, em todo o território, mas a ideia é não ser hipócrita”, explica um conselheiro. “Hoje, quando um prefeito não quer realizar um casamento, ele não o faz e delega a alguém. Portanto, está sendo considerado um princípio de realidade psicológica e política”.
Como era de se esperar, esse pragmatismo irritou os pró-casamento gay, que até hoje já achavam os representantes da maioria extremamente temerosos quanto ao tema. No Twitter, estes se enfureceram contra Hollande, falando em “covardia”, “tapa na cara”, e até em “rendição”. “Não entendo como seria possível justificar que uma lei não seja aplicada da mesma maneira em todo o território da República”, disse Nicolas Gougain, porta-voz da interassociação de lésbicas, gays, bi e transexuais (Inter-LGBT). Para a Federação LGBT, “François Hollande fala em uma pretensa liberdade de escolha ampliada para ceder aos opositores”.
- Etienne Laurent/Epa/Efe
Fora isso, a afirmação de Hollande despertou algumas reações negativas dentro do próprio Partido Socialista, reunido na manhã de quarta-feira (21) em âmbito nacional. Sobretudo a do deputado de Paris, Jean-Christophe Cambadélis.
E assim o presidente se declarou disposto a adiar a reforma do calendário escolar. Ele também prometeu atacar um problema recorrente: as cerca de 400 mil normas às quais estão sujeitas as autoridades regionais e que corroem suas finanças, uma vez que o relatório de 2011 da comissão consultiva de avaliação das normas estabelece em 728 milhões de euros a conta, para as autoridades regionais, dos 287 textos regulamentares examinados. “É preciso atuar no fluxo e no estoque de normas”, disse o presidente, sob aplausos.
Por fim, Hollande concordou com a criação da agência de financiamento das autoridades regionais, uma antiga reivindicação da AMF.
Tradutor: Lana Lim
“Mensagem de confiança”
No Palácio do Eliseu (sede do governo francês), garante-se que a afirmação do presidente “não tem a ver com a manifestação deste fim de semana”, quando 100 mil pessoas protestaram contra o casamento gay nas ruas: um sucesso, ainda que os opositores praticamente só tenham reunido movimentos próximos dos meios católicos. “O que está em jogo não são alguns conservadores de direita ou católicos de estrita obediência, mas sim fazer com que alguns prefeitos tentados a recusar entendam que estamos determinados a aplicar a lei”, explica um conselheiro, para quem Hollande primeiramente teria passado aos prefeitos “uma mensagem de confiança”.E assim o presidente se declarou disposto a adiar a reforma do calendário escolar. Ele também prometeu atacar um problema recorrente: as cerca de 400 mil normas às quais estão sujeitas as autoridades regionais e que corroem suas finanças, uma vez que o relatório de 2011 da comissão consultiva de avaliação das normas estabelece em 728 milhões de euros a conta, para as autoridades regionais, dos 287 textos regulamentares examinados. “É preciso atuar no fluxo e no estoque de normas”, disse o presidente, sob aplausos.
Por fim, Hollande concordou com a criação da agência de financiamento das autoridades regionais, uma antiga reivindicação da AMF.
Tradutor: Lana Lim