DE SÃO PAULOPara não estourar seu plano de dados do smartphone ou do tablet, evite, no 3G, ver vídeos e ouvir músicas em serviços on-line, como o YouTube e o Rdio, e use redes wi-fi sempre que possível.
Adotar um navegador de web econômico, como o Opera Mini, também ajuda.
Disponível para Android (
bit.ly/opmiand) e iOS (
bit.ly/opmiios), o browser gratuito conta com uma tecnologia de compressão que, segundo a empresa, pode reduzir o gasto com dados em até 90%.
O Android, a partir da versão 4.0, permite monitorar os dados consumidos por cada aplicativo instalado. Quando o limite do seu pacote de dados (500 Mbytes, por exemplo) é atingido, a ferramenta desativa a conexão 3G até o fim do ciclo mensal.
Para acessar o recurso, vá a Configurações e selecione Utilização de dados.
Uma solução ainda mais completa é o Onavo Count, disponível para Android (
onavo.com/apps/android) e iOS (
onavo.com/apps/iphone_count).
Como o Android dá permissões mais amplas aos aplicativos de terceiros do que o iOS, a versão para o sistema do Google é mais completa: além de monitorar a quantidade de dados usados por cada aplicativo diária, semanal e mensalmente, mostra alertas depois que um app é instalado, informando se ele é "fominha" demais ou não.
É possível ainda, no Onavo para Android, restringir ao wi-fi aplicativos que consomem muitos dados.
Outras opções para Android são o 3G Watchdog (
bit.ly/3gwatchand) e o My Data Manager (
bit.ly/mydataand).
Quem? Eu, tu, eles
O consumo de dados móveis de celulares e tablets hoje já equivale a 12 vezes o que a internet "convencional" toda tinha no ano 2000
ROBERTO DIASENVIADO ESPECIAL A BARCELONA
No final deste ano, a quantidade de aparelhos capazes de transmitir dados pela rede de celular vai superar o número de pessoas no planeta.
A projeção é ainda mais assustadora para daqui a quatro anos, quando as máquinas conectadas devem somar 10 bilhões -para uma população prevista de 7,6 bilhões.
As contas, feitas pela Cisco, consideram não apenas a expansão dos celulares -um mercado hoje com 3,2 bilhões de assinantes, incluídos aí os que têm plano de dados.
Entra no bolo também um grupo "mudo", mas muito ativo: as máquinas conectadas a outras máquinas (como carros e aparelhos médicos).
Não é só isso, porém, que apavora as operadoras, responsáveis por conectar tudo.
Reunidas na semana passada em Barcelona, no Mobile World Congress, a maior feira anual do setor, elas apontaram seguidamente que a expansão dos chips de celular vem acompanhada de uma revolução nos aparelhos e nos hábitos das pessoas.
"3G [banda larga móvel] e smartphones mudaram a indústria", diz o presidente da AT&T, Randall Stephenson.
Os novos modelos fazem explodir o tráfego na rede. Um usuário do iPhone 5, lançado em 2012, consome em média quatro vezes a quantidade de dados utilizada por quem tem um iPhone 3G, de 2008, aponta a Arieso, outra empresa que analisa o setor.
Esse impulso não vem só das telas mais convidativas às fotos, das câmeras que produzem vídeos imediatamente publicáveis no YouTube ou dos teclados mais funcionais.
A parte "invisível" dos celulares também eleva o consumo de dados móveis, que hoje equivale a 12 vezes o tráfego que a internet "convencional" tinha em 2000.
Mais e mais os sistemas se valem da computação em "nuvem" para funcionar, o que obriga a um vaivém de informações nas redes.
Já os programas e aplicativos têm ficado mais famintos. A Alcatel-Lucent calcula que só o redesenho do site móvel do Facebook elevou de 5% para 10% o tráfego nas redes.
E o problema é global. Na China, a troca de dados móveis aumentou 187% no ano passado. "Essa alta não é sustentável", afirma Xi Guohua, presidente da China Mobile, a maior operadora do mundo em assinantes (700 milhões).
O esforço para dar conta de tanta demanda é gigante até para um setor de números superlativos como o da telefonia, com faturamento anual na casa de US$ 1 trilhão -quase o PIB da Coreia do Sul.
O investimento não é só em mais torres, mas em torres menores e mais eficientes, que transmitam dados com a tecnologia 4G (que começa a ser implantada aqui), e em maior oferta de wi-fi.
Isso ajuda a entender por que as teles reclamam tanto, e o tempo todo, quando o assunto é expansão da rede. Querem não só menos regulações -e impostos- dos governos, mas tentam também empurrar parte da conta para quem incentiva os consumidores a usar mais dados.
Nesse grupo "vilão" estão, por exemplo, Viber, WhatsApp e Skype, as empresas OTT (over-the-top, que utilizam a estrutura das operadoras para oferecer seus serviços).
Além de pressionar o consumo de dados, tais aplicativos concorrem diretamente com coisas antes só oferecidas pelas teles, como mensagens e chamadas de voz.
Por outro lado, é graças a esses serviços que a receita das operadoras de celular com dados caminha para ultrapassar a obtida hoje com a função original dos telefones: transmitir voz. A inversão, preveem as teles, deve acontecer em 2018.
Uso de dados em smartphone quase dobra
De 2011 para 2012, média de consumo mensal de cada telefone inteligente passou de 189 Mbytes para 342 Mbytes
Em 2017, cada aparelho gerará 2,7 Gbytes de tráfego por mês, oito vezes a média de 2012, prevê estudo da Cisco
MARINA LANGCOLABORAÇÃO PARA A FOLHARAFAEL CAPANEMADE SÃO PAULODe 2011 para 2012, a quantidade de dados consumidos por cada smartphone praticamente dobrou -a média global passou de 189 Mbytes por mês para 342 Mbytes por mês, um aumento de 81%.
As informações são do estudo Visual Networking Index, da Cisco, que também registrou um aumento de 70% no tráfego global de dados móveis no mesmo período -de 520 petabytes por mês para 885 petabytes mensais.
Um petabyte equivale a mil terabytes, ou 250 mil DVDs.
No Brasil, o crescimento foi ligeiramente menor do que a média global -de 11,8 petabytes, em 2011, para 19,8 petabytes, em 2012, um aumento de cerca de 68%.
Segundo o instituto Nielsen, 36% dos celulares no país são smartphones.
O estudo da Cisco prevê ainda que, em 2017, cada smartphone gerará 2,7 Gbytes de tráfego por mês, cerca de oito vezes a média de 2012.
HABITAT MÓVEL
O universo dos dados faz parte da rotina do publicitário Rodrigo Terra, 41. Não apenas Instagram, Facebook e Twitter para ver se apareceu alguma foto bacana aqui, novidades de amigos acolá, notícias corriqueiras do dia a dia -e-mails, aplicativos para buscar táxi, GPS e WhatsApp já se incorporaram à rotina pessoal e profissional.
"Uso dados o dia inteiro porque tenho plano ilimitado", explica. "Pago R$ 29 por uso irrestrito de internet para pessoa física, mesmo. Troquei de operadora [por causa de problemas no tráfego de voz], mas a conta aumentou uns R$ 300 e voltei a usar o plano anterior", relata ele.
São 2 Gbytes consumidos por mês, distribuídos em doses cavalares e diárias de conexão. Uma porção disso, por exemplo, vai para administrar o conteúdo que seu filho acessa no computador por meio de um app de segurança voltado para a família.
"Programo remotamente assuntos e sites que ele pode pesquisar pelo smartphone. Também transfiro muitos arquivos para clientes. Costumo receber e aprovar muita coisa pelo celular", diz.
Mesmo sendo um "heavy user" (aquele tipo de usuário contumaz), ele limita essa característica. "Eu me policio muito. O mundo está exagerando um pouco nessa coisa de depender de celular. Costumo desligá-lo, leio um livro com meus filhos. A sociedade está começando a se preocupar", reflete.
A relação intensa com dados também é natural para Mirian Bottan, 26, repórter do programa "A Liga" (Band). "É bizarro, mas ele é quase uma continuação da minha mão. [O celular] está ao alcance dela o tempo todo. O movimento de destravar o telefone é tão automático que às vezes destravo e travo em seguida, é involuntário", brinca ela, cujo consumo fica em torno de 2 Gbytes por mês.
Além de usar apps de redes sociais "a cada cinco minutos", Mirian diz usar serviços de mensagens on-line e fazer buscas "quase o tempo todo", quando surgem dúvidas numa conversa, por exemplo.