segunda-feira, 4 de março de 2013

Cristovam Buarque:

folha de são paulo

A miséria da superação


Tendências / DebatesA presidenta Dilma Rousseff anunciou que, nos últimos anos, cerca de 22 milhões de brasileiros superaram a miséria. Os números podem estar certos, mas o conceito de superação está errado. Superar é saltar, uma conotação muito diferente do que suspender provisoriamente uma condição.
A realidade é que 22 milhões de brasileiros passaram a receber, a partir de 2011, o valor de R$ 70 mensais por transferência de renda. Essas transferências representam um raro gesto de generosidade da parcela rica para os pobres do Brasil.
É certo que essa generosidade já estava presente no gesto do governo do presidente Emílio Garrastazu Médici, no regime militar, com a criação da Previdência Social Rural/Prorural, em 1971. Podemos citar também a criação da Bolsa-Escola no Distrito Federal e em Campinas, em 1995. A ampliação deste programa, em 2001, pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, para 4 milhões de famílias beneficiadas, só fez crescer a generosidade.
Mas foi o presidente Lula quem deu o salto para 12 milhões de famílias, ao colocar o programa como centro de sua política social, reunindo no Bolsa Família todos os programas de assistência social do governo federal. A presidenta Dilma não apenas ampliou o número de beneficiados, como complementou a rede de proteção social com os programas Brasil sem Miséria (2011) e Brasil Carinhoso (2012).
Graças a isso, o número de famílias em condições de penúria extrema, de desnutrição crônica, diminuiu substancialmente nos últimos 20 anos.
Primeiro, cabe observar que os 22 milhões de brasileiros que são apresentados como tendo superado a miséria recebem R$ 70 por mês. Isso equivale a R$ 2,34 por dia para uma família de cinco pessoas ou 1,4 pão por dia para cada um dos membros. Não são mais os retirantes que a fome expulsava de suas terras por comida, mas ainda não é possível afirmar que saíram da miséria.
Veridiana Scarpelli/Folhapress
Bastaria uma inflação de 8% ao ano para que, em quatro anos, os atuais R$ 70, sem reajuste, passassem a valer R$ 51,45, o que não compraria nem mesmo um pão por dia para cada membro da família.
Segundo, é grave a ilusão de que a miséria pode ser superada sem se assegurar a estrutura que permita o salto sem volta. Mesmo com a renda do Bolsa Família, os beneficiados permanecerão na mesma situação social. Continuarão sendo cidadãos sem educação, sem esgoto, sem água potável e sem condições de empregabilidade. Isso não é superação.
Terceiro, apesar de mitigar o sofrimento, o programa Bolsa Família não abre a porta de saída da extrema pobreza, não abole a miséria nem provoca um salto social sem retrocesso. Embora o governo não informe, há grande possibilidade de que alguns dos atuais pais beneficiados pelo Bolsa Família tenham sido crianças de famílias com a bolsa.
Cria-se um círculo que nega totalmente o conceito de superação aplicado aos resultados obtidos. Prova disso é que o governo comemora o aumento do número dos que recebem o Bolsa Família. Não comemora, no entanto, a redução do número dos que necessitam da transferência de renda do governo para compensar o que a estrutura social e econômica não faz para superar a miséria de forma sustentável, com mudanças estruturais e escola de qualidade para todas as crianças.
Ao dizer que houve superação da miséria, a presidenta corrompe o dicionário. Cria a ilusão que pode acomodar o espírito de solidariedade transformadora de que o país precisa. Todos sonham com a superação da miséria, não com o conceito de superação empobrecido.
CRISTOVAM BUARQUE, 69, professor da Universidade de Brasília (UnB), é senador da República pelo PDT-DF
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Charge - Angeli

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Quadrinhos

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CHICLETE COM BANANA      ANGELI
ANGELI
PIRATAS DO TIETÊ      LAERTE
LAERTE
DAIQUIRI      CACO GALHARDO
CACO GALHARDO
NÍQUEL NÁUSEA      FERNANDO GONSALES
FERNANDO GONSALES
MUNDO MONSTRO      ADÃO ITURRUSGARAI
ADÃO ITURRUSGARAI
BIFALAND, A CIDADE MALDITA      ALLAN SIEBER
ALLAN SIEBER
MALVADOS      ANDRE DAHMER
ANDRE DAHMER
GARFIELD      JIM DAVIS
JIM DAVIS

Julio&Gina - Caco Galhardo

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Veja dicas para não estourar seu plano 3G

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DE SÃO PAULOPara não estourar seu plano de dados do smartphone ou do tablet, evite, no 3G, ver vídeos e ouvir músicas em serviços on-line, como o YouTube e o Rdio, e use redes wi-fi sempre que possível.
Adotar um navegador de web econômico, como o Opera Mini, também ajuda.
Disponível para Android (bit.ly/opmiand) e iOS (bit.ly/opmiios), o browser gratuito conta com uma tecnologia de compressão que, segundo a empresa, pode reduzir o gasto com dados em até 90%.
O Android, a partir da versão 4.0, permite monitorar os dados consumidos por cada aplicativo instalado. Quando o limite do seu pacote de dados (500 Mbytes, por exemplo) é atingido, a ferramenta desativa a conexão 3G até o fim do ciclo mensal.
Para acessar o recurso, vá a Configurações e selecione Utilização de dados.
Uma solução ainda mais completa é o Onavo Count, disponível para Android (onavo.com/apps/android) e iOS (onavo.com/apps/iphone_count).
Como o Android dá permissões mais amplas aos aplicativos de terceiros do que o iOS, a versão para o sistema do Google é mais completa: além de monitorar a quantidade de dados usados por cada aplicativo diária, semanal e mensalmente, mostra alertas depois que um app é instalado, informando se ele é "fominha" demais ou não.
É possível ainda, no Onavo para Android, restringir ao wi-fi aplicativos que consomem muitos dados.
Outras opções para Android são o 3G Watchdog (bit.ly/3gwatchand) e o My Data Manager (bit.ly/mydataand).

    Quem? Eu, tu, eles
    O consumo de dados móveis de celulares e tablets hoje já equivale a 12 vezes o que a internet "convencional" toda tinha no ano 2000
    ROBERTO DIASENVIADO ESPECIAL A BARCELONA
    No final deste ano, a quantidade de aparelhos capazes de transmitir dados pela rede de celular vai superar o número de pessoas no planeta.
    A projeção é ainda mais assustadora para daqui a quatro anos, quando as máquinas conectadas devem somar 10 bilhões -para uma população prevista de 7,6 bilhões.
    As contas, feitas pela Cisco, consideram não apenas a expansão dos celulares -um mercado hoje com 3,2 bilhões de assinantes, incluídos aí os que têm plano de dados.
    Entra no bolo também um grupo "mudo", mas muito ativo: as máquinas conectadas a outras máquinas (como carros e aparelhos médicos).
    Não é só isso, porém, que apavora as operadoras, responsáveis por conectar tudo.
    Reunidas na semana passada em Barcelona, no Mobile World Congress, a maior feira anual do setor, elas apontaram seguidamente que a expansão dos chips de celular vem acompanhada de uma revolução nos aparelhos e nos hábitos das pessoas.
    "3G [banda larga móvel] e smartphones mudaram a indústria", diz o presidente da AT&T, Randall Stephenson.
    Os novos modelos fazem explodir o tráfego na rede. Um usuário do iPhone 5, lançado em 2012, consome em média quatro vezes a quantidade de dados utilizada por quem tem um iPhone 3G, de 2008, aponta a Arieso, outra empresa que analisa o setor.
    Esse impulso não vem só das telas mais convidativas às fotos, das câmeras que produzem vídeos imediatamente publicáveis no YouTube ou dos teclados mais funcionais.
    A parte "invisível" dos celulares também eleva o consumo de dados móveis, que hoje equivale a 12 vezes o tráfego que a internet "convencional" tinha em 2000.
    Mais e mais os sistemas se valem da computação em "nuvem" para funcionar, o que obriga a um vaivém de informações nas redes.
    Já os programas e aplicativos têm ficado mais famintos. A Alcatel-Lucent calcula que só o redesenho do site móvel do Facebook elevou de 5% para 10% o tráfego nas redes.
    E o problema é global. Na China, a troca de dados móveis aumentou 187% no ano passado. "Essa alta não é sustentável", afirma Xi Guohua, presidente da China Mobile, a maior operadora do mundo em assinantes (700 milhões).
    O esforço para dar conta de tanta demanda é gigante até para um setor de números superlativos como o da telefonia, com faturamento anual na casa de US$ 1 trilhão -quase o PIB da Coreia do Sul.
    O investimento não é só em mais torres, mas em torres menores e mais eficientes, que transmitam dados com a tecnologia 4G (que começa a ser implantada aqui), e em maior oferta de wi-fi.
    Isso ajuda a entender por que as teles reclamam tanto, e o tempo todo, quando o assunto é expansão da rede. Querem não só menos regulações -e impostos- dos governos, mas tentam também empurrar parte da conta para quem incentiva os consumidores a usar mais dados.
    Nesse grupo "vilão" estão, por exemplo, Viber, WhatsApp e Skype, as empresas OTT (over-the-top, que utilizam a estrutura das operadoras para oferecer seus serviços).
    Além de pressionar o consumo de dados, tais aplicativos concorrem diretamente com coisas antes só oferecidas pelas teles, como mensagens e chamadas de voz.
    Por outro lado, é graças a esses serviços que a receita das operadoras de celular com dados caminha para ultrapassar a obtida hoje com a função original dos telefones: transmitir voz. A inversão, preveem as teles, deve acontecer em 2018.

    Uso de dados em smartphone quase dobra
    De 2011 para 2012, média de consumo mensal de cada telefone inteligente passou de 189 Mbytes para 342 Mbytes
    Em 2017, cada aparelho gerará 2,7 Gbytes de tráfego por mês, oito vezes a média de 2012, prevê estudo da Cisco
    MARINA LANGCOLABORAÇÃO PARA A FOLHARAFAEL CAPANEMADE SÃO PAULODe 2011 para 2012, a quantidade de dados consumidos por cada smartphone praticamente dobrou -a média global passou de 189 Mbytes por mês para 342 Mbytes por mês, um aumento de 81%.
    As informações são do estudo Visual Networking Index, da Cisco, que também registrou um aumento de 70% no tráfego global de dados móveis no mesmo período -de 520 petabytes por mês para 885 petabytes mensais.
    Um petabyte equivale a mil terabytes, ou 250 mil DVDs.
    No Brasil, o crescimento foi ligeiramente menor do que a média global -de 11,8 petabytes, em 2011, para 19,8 petabytes, em 2012, um aumento de cerca de 68%.
    Segundo o instituto Nielsen, 36% dos celulares no país são smartphones.
    O estudo da Cisco prevê ainda que, em 2017, cada smartphone gerará 2,7 Gbytes de tráfego por mês, cerca de oito vezes a média de 2012.
    HABITAT MÓVEL
    O universo dos dados faz parte da rotina do publicitário Rodrigo Terra, 41. Não apenas Instagram, Facebook e Twitter para ver se apareceu alguma foto bacana aqui, novidades de amigos acolá, notícias corriqueiras do dia a dia -e-mails, aplicativos para buscar táxi, GPS e WhatsApp já se incorporaram à rotina pessoal e profissional.
    "Uso dados o dia inteiro porque tenho plano ilimitado", explica. "Pago R$ 29 por uso irrestrito de internet para pessoa física, mesmo. Troquei de operadora [por causa de problemas no tráfego de voz], mas a conta aumentou uns R$ 300 e voltei a usar o plano anterior", relata ele.
    São 2 Gbytes consumidos por mês, distribuídos em doses cavalares e diárias de conexão. Uma porção disso, por exemplo, vai para administrar o conteúdo que seu filho acessa no computador por meio de um app de segurança voltado para a família.
    "Programo remotamente assuntos e sites que ele pode pesquisar pelo smartphone. Também transfiro muitos arquivos para clientes. Costumo receber e aprovar muita coisa pelo celular", diz.
    Mesmo sendo um "heavy user" (aquele tipo de usuário contumaz), ele limita essa característica. "Eu me policio muito. O mundo está exagerando um pouco nessa coisa de depender de celular. Costumo desligá-lo, leio um livro com meus filhos. A sociedade está começando a se preocupar", reflete.
    A relação intensa com dados também é natural para Mirian Bottan, 26, repórter do programa "A Liga" (Band). "É bizarro, mas ele é quase uma continuação da minha mão. [O celular] está ao alcance dela o tempo todo. O movimento de destravar o telefone é tão automático que às vezes destravo e travo em seguida, é involuntário", brinca ela, cujo consumo fica em torno de 2 Gbytes por mês.
    Além de usar apps de redes sociais "a cada cinco minutos", Mirian diz usar serviços de mensagens on-line e fazer buscas "quase o tempo todo", quando surgem dúvidas numa conversa, por exemplo.

      Anvisa propõe novas regras para fitoterápicos

      folha de são paulo

      JOHANNA NUBLAT
      DE BRASÍLIA

      Tanchagem, chapéu-de-couro, laranja-amarga, erva-de-bugre, macela, chambá.
      Muito usadas pelos avós, essas e outras substâncias, transformadas em medicamentos fitoterápicos, devem ganhar novas regras de comercialização para ter mais espaço nas prateleiras.
      A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) discute nesta semana a flexibilização da regra em vigor e ainda a criação de uma nova categoria de medicamentos: a do "produto tradicional fitoterápico".
      Em seguida, o assunto ainda precisará passar por consulta pública.

      Com funções de expectorante, anti-inflamatório, diurético e tantas outras, os fitoterápicos têm princípios ativos derivados exclusivamente de plantas medicinais.
      Editoria de Arte/Folhapress
      Nos medicamentos "comuns", em geral pode haver também componentes sintéticos e biológicos.
      Nos últimos anos, houve queda no número de fabricantes dessas substâncias --de 119 em 2008 para 78 em 2011-- e no total de produtos no mercado --de 512 em 2008 para 384 três anos depois.
      A diminuição vem acontecendo porque muitos dos medicamentos conseguiram seus registros em uma época em que não eram necessários estudos de comprovação.
      Quando esses registros expiram, os fabricantes acabam não conseguindo renová-los, e o remédio sai do mercado.
      Foi o caso da funchicórea, remédio usado para cólicas em bebês há 72 anos, cujo registro foi cancelado pela Anvisa em 2012.
      Hoje, muitos fitoterápicos tradicionais, como o baseado na erva-de-bugre, entram na classe dos medicamentos.
      Isso significa que essas drogas só têm sua comercialização autorizada após a apresentação de estudos clínicos e de dados científicos que comprovem a sua eficácia e segurança.
      FLEXIBILIZAÇÃO
      A ideia da Anvisa é flexibilizar essa cobrança e liberar produtos que comprovem a segurança pelo uso tradicional registrado em artigos e livros --desde que os fabricantes cumpram as regras de higiene atualmente exigidas.
      Seguindo regras adotadas por outros países, como a Alemanha, a medida deve ter mais impacto em produtos para sintomas de baixa gravidade, como cólicas e prisão de ventre.
      "Já existia a abertura para reconhecer a tradicionalidade do uso, mas era insuficiente para garantir que os produtos ficassem no mercado. A área técnica exigia estudos que muitas vezes não estão disponíveis, e o registro ou sua renovação era negado", explica Dirceu Barbano, diretor-presidente da Anvisa.
      Barbano afirma que há consenso entre os diretores da Anvisa sobre a necessidade de aproveitar mais o conhecimento tradicional.
      "Vivemos num país com biodiversidade e tradicionalidade grandes que acabam sem reconhecimento."
      Apesar da queda nos registros, o setor vê aquecimento no mercado nos últimos anos no país, chegando a valores próximos de U$ 550 milhões em 2010.
      As regras para registro e as exigências de produção para a nova categoria ainda não foram definidas. Já existe, porém, uma lista de substâncias preparada pela Anvisa que servirá de referência o "formulário de Fitoterápicos, Farmacopeia Brasileira".
      A proposta é que substâncias que estão na lista não precisem comprovar a existência do uso tradicional.
      E as que estão fora dela --caso dos componentes da funchicórea, hoje vetada-- tenham que fazer a comprovação para serem liberadas.
      MIGRAÇÃO
      A atual regulamentação do setor é diferente da de países europeus e fez com que muitas empresas fechassem ou migrassem para o ramo de cosméticos, argumenta Henrique Tada, diretor-técnico-executivo da Alanac (Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais).
      "No Rio Grande do Sul, que tinha um polo grande de fitoterápicos, 80% das empresas fecharam pelo grau dessa regulamentação".
      Já Raymundo Paraná, hepatologista e professor da Universidade Federal da Bahia, faz críticas à redução de exigências sobre os medicamentos fitoterápicos.
      Segundo ele, independentemente de serem mais "naturais" do que os medicamentos tradicionais, os remédios derivados de plantas medicinais podem ser tóxicos e causar danos ao fígado, assim como qualquer droga comum.
      Por isso, precisariam de uma regulamentação tão rígida quanto.
      "Toda e qualquer medicação, não importa se é fitoterápico ou contra sintomas, tem que ter comprovação científica em estudos avançados. Sem isso, não podemos assegurar a eficiência e, sobretudo, a segurança."

      Uso tradicional tem peso no registro de fitoterápicos na Europa

      DE SÃO PAULO

      A atual regra para o registro de medicamentos fitoterápicos na União Europeia, em vigor desde 2011, reconhece o uso tradicional como base para a permissão da comercialização desse tipo de droga.

      Segundo a norma, o fitoterápico tradicional deve ter ao menos 30 anos de uso recomendado contra um sintoma específico e estar à venda no bloco europeu há 15 anos.
      Para obter o registro, o fabricante precisa comprovar a eficácia e a segurança do medicamento, mas não são exigidos testes clínicos iguais aos realizados por laboratórios que buscam o registro de um novo medicamento sintético.
      Bem recebida pelos fabricantes ocidentais, a norma não agradou aos adeptos dos medicamentos tradicionais asiáticos, que, no caso europeu, também são cobertos pela legislação de fitoterápicos.
      No Brasil só é considerado fitoterápico o remédio que é derivado de droga vegetal, como extrato, óleo e cera.
      Segundo artigo publicado na "Nature" à época da entrada em vigor da legislação europeia, como remédios asiáticos usam muitos princípios ativos em um preparado só, sua inclusão na regulamentação ficou mais difícil do que para os ocidentais.
      Já nos EUA, parte dos fitoterápicos está no grupo dos suplementos alimentares e não precisa de registro prévio na FDA (agência reguladora de medicamentos) para entrar no mercado. É o caso de preparados vendidos com alegações simples, como suprir a falta de algum nutriente do corpo.
      Mesmo assim, a vigilância sanitária americana supervisiona as alegações dos fabricantes para assegurar que não são abusivas e também acompanha relatos de efeito colaterais.
      Se o fitoterápico for vendido para tratar ou curar algum sintoma ou doença, precisa ser registrado como remédio, apresentando testes clínicos como uma droga comum, mas adaptados às características dos fitoterápicos.

      Crianças viram cientistas por um dia em exposição no Catavento

      folha de são paulo

      DE SÃO PAULO

      Depois de passar pelos Estados Unidos e por países da Ásia e da América Latina, a exposição "Science + You" chega ao Brasil, no espaço Catavento.
      Crianças a partir de três anos podem aprender, por meio de brincadeiras, como é o trabalho de um cientista e a importância da profissão para a saúde das pessoas.
      A exposição é interativa: no laboratório adaptado, o público coloca a mão na massa e vira cientista por um dia.
      São várias "estações de trabalho" no espaço --luz azul (simulação da maneira correta de higienizar as mãos e os pés antes de entrar no laboratório); manipulação segura (como manipular os objetos); anticorpos (mostra como os anticorpos agem no organismo); dentre outras atrações.
      "Science + You" estreia no dia 8 de março e fica em cartaz até o dia 14 de abril.
      Divulgação
      Crianças na exposição "Science + You" nos Estados Unidos
      Crianças na exposição "Science + You" nos Estados Unidos
      ANOTE NA AGENDA
      EXPOSIÇÃO SCIENCE + YOU
      Quem: crianças a partir de 3 anos
      Quando: de 8/3 a 14/4 (terça a domingo, das 9h às 17h)
      Onde: espaço Catavento Cultural e Educacional (Palácio das Indústrias s/n; Parque Dom Pedro II; Brás; tel. 0/xx/11/3315-0051
      Quanto: R$ 6,00 (inteira)

      Biólogo escreve sobre a morte na natureza [Bernd Heinrich] -

      folha de são paulo

      CLAUDIA DREIFUS
      DO "NEW YORK TIMES"

      The New York TimesBernd Heinrich passa boa parte do ano na cabana que construiu numa floresta isolada do Estado do Maine. Não há luz elétrica nem água encanada por lá -apenas uma árvore que cresce dentro da cabana.
      Professor emérito de biologia na Universidade de Vermont, Heinrich, 72, vê a floresta como um laboratório onde pode estudar as transformações da natureza. Ao longo dos anos, ele traduziu suas observações em 17 livros sobre a natureza e o mundo animal, incluindo livros sobre abelhas, besouros coprófagos e gansos. Hoje, ele estuda como os animais morrem.
      Seu livro "Life Everlasting: The Animal Way of Death" [A vida eterna: a morte à maneira animal] foi publicado no ano passado pela Houghton Mifflin Harcourt.
      *
      NYT - O que o levou a escrever sobre a morte entre os animais?
      BERND HEINRICH - Comecei a pensar sobre o assunto quando Bill, um ex-aluno meu, me escreveu dizendo que estava com uma doença terminal, pedindo para ser "sepultado" a céu aberto em minha propriedade no Maine. Ele queria deixar seu corpo para os corvos.
      Sua carta me levou a refletir sobre como os detritívoros purificam o mundo, de tal modo que haja espaço para novas vidas. Eu já tinha estudado os corvos e os besouros coprófagos, detritívoros que são atores-chave no processo de reciclagem natural. Posso ter sentido alguma afinidade com eles porque nós -meus pais, minha irmã e eu- fomos detritívoros no passado.
      Detritívoros?
      Sim. No final da Segunda Guerra Mundial, na Alemanha, para escapar do avanço do Exército Vermelho, minha família foi viver na floresta. Nós nos alimentávamos de detritos. Prendíamos camundongos em armadilhas. Lembro de um dia ter encontrado um javali morto, que minha irmã e eu comemos.
      Mas, voltando a Bill: pensei se a ideia dele seria viável. Comecei a fazer pequenos experimentos. Expus ao ar livre animais atropelados em estradas e fiquei observando quem os procurava e como os agentes funerários da natureza decompunham as carcaças.
      Você achou difícil trabalhar com animais mortos?
      Uma carcaça é um cenário muito ativo. O destaque não é a morte, mas a vida. A carcaça fornece uma quantidade enorme de alimento para animais recicladores. Assim, você vê competição e vários tipos de comportamentos animais interessantes.
      Muitas espécies de detritívoros estão ameaçadas de extinção. Por quê?
      No caso de alguns dos detritívoros -os condores ou os abutres-, pois nós acabamos com sua base alimentar, devido à caça. Além disso, usamos veneno para matar animais como camundongos e ratos. Então as corujas e os falcões consomem esses roedores e morrem. No caso dos abutres, alguns dos medicamentos dados ao gado são tóxicos para eles. Os abutres comem gado morto, seu alimento tradicional, e então morrem. O ecossistema é muito complexo, e não sabemos o que vai acontecer se esses animais desaparecerem.
      Os humanos e seus restos mortais fazem parte desse ecossistema?
      Sim, mas a morte humana está sendo distanciada da natureza. Injetamos substâncias químicas poluentes em nossos mortos, que colocamos em caixas herméticas e "plantamos" em terrenos que poderiam ser usados para a agricultura. Pensamos que dessa maneira estamos negando a morte.
      O que foi feito de Bill?
      Ele ainda está vivo. Por sorte, aquele "sepultamento" ao ar livre ainda não foi necessário.

      Ciclistas apoiam a democracia? - RENATO JANINE RIBEIRO

      Valor Econômico - 04/03/2013

      A prefeitura crê na cidadania dos cidadãos?

      Deve soar estranho sugerir que as ciclofaixas que já somam dezenas de quilômetros para o lazer paulistano indiquem o fracasso de nossa democracia. E é claro que acho ótimo apostar na atividade física, largar o carro e ocupar o asfalto com outra coisa que não motores. Mas há um aspecto delas que nunca vi ser discutido, e me incomoda. Por isso nesta coluna, que trata de política, debato hoje o déficit democrático que as ciclofaixas apontam.

      O problema é simples: elas foram instituídas há mais de três anos pela Prefeitura de São Paulo, já somam 150 km de extensão - mas ainda temos, a cada esquina, um monitor com bandeirinha, avisando aos ciclistas que não passem no sinal proibido. Ora, se precisamos de pessoas para deter os ciclistas no vermelho, é porque se supõe que os usuários não interiorizaram o cumprimento das leis do trânsito e o respeito ao outro. Supõe-se que, se não houver centenas de monitores, um por quarteirão, ciclistas serão mortos - ou, o que parece mais provável, dado que as bandeirinhas estão lá para deter as bicicletas e não os automóveis, que ciclistas atropelarão pedestres ou baterão em carros. A prefeitura é sábia em não correr o risco de uma morte ou mais a cada domingo. Mas me assusta a suposição de que, sem uma presença maciça de fiscais, teríamos acidentes, talvez numerosos. Os ciclistas de domingo são, ao que parece, pessoas de poder aquisitivo e talvez formação escolar maior que a média da população. No entanto, o que a prefeitura diz, pelos seus atos ainda que não em palavras, é: eles não respeitarão as leis de trânsito se não os tutelarmos. Porque é isso o que está em questão: são tratados como crianças, incapazes que seriam de respeitar a legislação ou mesmo a moral, que manda esperar quando é a vez do outro - carro ou pedestre - passar.

      Sigo aqui um princípio que vem de muitos filósofos e deságua em Freud: avaliemos as pessoas pelo que fazem e não pelo que dizem. Certamente as ciclofaixas - as quais não estou atacando, repito - têm um aspecto "cidadão". Mas o fato é que, mantendo a chupeta quando a criança pode ser desmamada, conservando a terceira rodinha na bicicleta quando o jovem já pedala direito, brecando manualmente os ciclistas a cada esquina, protege-se, tutela-se quem não deveria mais precisar disso.


      Dou um exemplo do próprio trânsito. Coloquemos numa rua um sinal de contramão: o motorista pode infringir a lei, mas, se ele for educado, ao ver o aviso, respeitará não só a norma legal mas também as pessoas que transitam pela rua, com tranquilidade, justamente porque elas acreditam que seu direito (à mão única, por exemplo) será respeitado. Ou posso bloquear, fisicamente, o acesso a essa rua. Nesse caso, o motorista não tem escolha. Ele é forçado a respeitar a mão. Fica mais seguro para todos. Mas o motorista é, assim, infantilizado. Estamos dizendo, quando não apenas proibimos uma rota mas a bloqueamos com cimento, que não confiamos em sua liberdade, em sua escolha, em seu caráter ético. Por isso, o mais "adulto", o mais democrático (dado que a democracia consiste em tratar as pessoas como adultas e não como crianças), é sinalizar a via em vez de bloqueá-la.

      Não é por acaso que em vários países desenvolvidos o respeito à lei de trânsito é tão maior do que entre nós.

      E é esse o problema que as ciclofaixas parecem revelar. Elas, aliás, entram aqui como indicador de um mal-estar bem maior que elas: a dificuldade de nossa sociedade para cumprir a lei, em especial aquela que resume toda a ética: respeite o outro. É até comum, no trânsito, se reclamar quando a prefeitura multa; diz-se então que ela deveria "orientar", isto é, tutelar, proteger, mostrar ao infrator que ele está infringindo a lei, mas sem puni-lo. Isso, como se cada motorista não tivesse passado por uma prova de conhecimento da legislação de trânsito - como se não soubesse que respeitar o pedestre e os veículos é básico, se quisermos um mínimo de cidadania na circulação de pessoas pelo espaço público.

      Por que me deter nesta questão que pode parecer pequena? É porque o debate político, no país, é uma troca de acusações entre os dois partidos que têm disputado a Presidência, cada um dizendo que o outro falta com obrigações básicas republicanas (isso os tucanos dizem do PT, chamando-o de corrupto) ou democráticas (isso os petistas dizem do PSDB, que defenderia os interesses dos mais ricos e não os do povo). Pois bem, e se houver um problema sério, não só na forma como nossos representantes eleitos atuam, mas no modo como nós, cidadãos, eleitores e aqui ciclistas, agimos? Se nos colocamos na posição de quem é apenas protegido, de quem não se responsabiliza pelas suas ações, se acreditamos que precisamos usar dinheiro público para dispensar adultos de sua responsabilidade de parar - espontaneamente - a bicicleta no cruzamento, então somos, nós também, responsáveis pelo déficit democrático do país. Na verdade, é assim: na democracia, os defeitos geralmente têm alguma base nos próprios cidadãos, que são quem elege os Poderes.

      Duas conclusões. Uma de curto prazo: tirar os monitores que "orientam" os ciclistas seria perigoso, porque eles expressam um problema real, o de cidadãos que não veem a cidadania como dever e, por isso, precisam ser tutelados. Acidentes ocorreriam; não vale a pena. Outra conclusão, esta de longo prazo: isso tem de mudar. Mas mudar na causa, o comportamento das pessoas, e não no paliativo, que são os monitores. Porque, no fundo, não há democracia sem uma sociabilidade democrática, e é esta que, penso eu, está falha entre nós.

      Marcos Augusto Gonçalves

      folha de são paulo

      Bienal ambiciosa
      O curador Guilherme Wisnik quer conectar pontos de SP numa espécie de festival para discutir as cidades
      Depois de ter passado um longo período à sombra, a arquitetura brasileira voltou a florescer nos últimos anos à luz das mudanças socioeconômicas e dos grandes eventos programados para 2014 e 2016, que atraem atenções e capitais, em especial para o Rio de Janeiro.
      A inauguração, na sexta passada, do MAR (Museu de Arte do Rio), desenhado pelo escritório Bernardes + Jacobsen, é mais um sinal desse ressurgimento, que também se estende a projetos mais amplos, de reforma urbana, como a recuperação da área portuária carioca.
      Reside justamente nessa conexão da arquitetura com o urbanismo e com a vida das cidades o interesse do arquiteto Guilherme Wisnik, curador da 10ª Bienal de Arquitetura.
      A mostra, ambiciosa, vai interligar diversos pontos de São Paulo nos meses de outubro e novembro. "Vai ser uma Bienal voltada para a cidade e realizada em rede, em lugares onde as pessoas poderão chegar de metrô", diz Wisnik.
      Será também uma maneira de aproximar a discussão sobre mobilidade urbana -um entre os diversos temas da Bienal- da experiência prática com o transporte público. O título da mostra resume bem o espírito da coisa: "Cidades: modos de fazer, modos de usar".
      Desta vez, o coração da Bienal será o Centro Cultural São Paulo, na Vergueiro, que passa por reformas depois de 30 anos de sua inauguração. Pela primeira vez, todo o CCSP será ocupado por um único evento.
      Os outros pontos de referência são o Masp, o Museu da Casa Brasileira e o Centro Universitário Maria Antonia. Também haverá atividades no Auditório Ibirapuera e em pavilhões temporários montados em espaços públicos, além das Fábricas de Cultura, dos CEUs, do Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, do parque D. Pedro 2º e de instalações no Metrô.
      Essa escolha de curadoria implica também um novo formato de gestão -em vez de o Instituto de Arquitetos do Brasil assumir a realização de uma mostra no pavilhão do Ibirapuera, são costuradas parcerias com instituições que já possuem suas equipes e instalações.
      "A ideia é discutir e tomar a cidade, adotando um modelo mais parecido com o de um festival. As bienais costumam ser endógenas, mais voltadas para arquitetos. Gostaria que essa edição atraísse mais atenção e repercutisse em vários públicos", explica o curador.
      À ampliação territorial deverá corresponder uma expansão temática. A Bienal, por exemplo, vai ter mostras de filmes e a participação de artistas contemporâneos -Nuno Ramos e Héctor Zamora já foram convidados para realizar intervenções.
      O conteúdo principal será a exposição e discussão de projetos, não só relativos à construção física, mas também às maneiras de apropriação e redefinição do uso do espaço urbano. Entre os destaques, o High Line, de Nova York, e as ideias arquitetônicas e de convívio social que serviram para reduzir a violência em Medellín, na Colômbia. No primeiro caso, diz Wisnik, "é claro que a discussão vai nos levar ao Minhocão"; o segundo levanta o tema "da segurança como direito à cidade".
      Para o curador, a Bienal será uma boa oportunidade para se discutir "a retomada da inteligência arquitetônica e urbanística" no contexto contemporâneo de transformação das cidades. Para os interessados em apresentar projetos, em breve será feita uma chamada aberta para inscrições, tanto na área de arquitetura e urbanismo quanto na de artes.

        Rubens Ricupero

        folha de são paulo

        Signo de contradição
        Ao revelar sua fragilidade, Bento 16 alcançou mais corações que no uso dos meios do poder de papa
        Se vivemos em tempos sem fé e se a Igreja Católica é irrelevante e fala sozinha, segundo se apregoa, como explicar a fixação de manchetes de jornais e TV na renúncia de um papa octogenário?
        Em razão do ineditismo do gesto, da sensação criada por escândalos romanos, até se compreenderia o impacto do choque inicial.
        Mas, dia após dia, semanas a fio, o fascínio da história convida a buscar outros motivos.
        Um deles seria a carência de uma figura paterna, sobretudo em época pobre de grandes homens, quando os líderes são, por toda a parte, mornos e insossos. Mesmo desse ponto de vista, Bento 16 se enquadra de modo diferente.
        Ele não é, como o antecessor, um grande papa político, cujo papel enérgico teria sido decisivo na queda do comunismo.
        Tampouco tem aquele ar bonacheirão de avô bem humorado e contador de histórias de João 23.
        Seu jeito é mais do mestre escolar de sorriso tímido. Todo seu pontificado não foi mais que uma lição repetida com infinita paciência.
        Nisso me lembra Julius Nyerere, o fundador da Tanzânia, que conheci bem em Genebra. Um dos raros heróis da independência africana capaz de criar um país que superou os ódios tribais, Nyerere só aceitava um título -o de Mwalimu, o singelo professor que tinha sido e jamais cessou de ser.
        Nyerere ensinou que não é o exercício absoluto do poder que constrói, mas sim o exemplo da abnegação, a capacidade de se impor limites, de deixar o poder quando o julgavam insubstituível.
        Da mesma forma que seu vizinho Mandela, soube sair no momento em que todos queriam que ficasse.
        Não foram os grandes líderes da guerra e da paz -Churchill, Roosevelt ou de Gaulle- os gigantes morais que dominaram o século.
        O ensinamento do perdão e da reconciliação de Mandela e a pregação da não violência até o sacrifício da própria vida por Gandhi ou Martin Luther King se mostraram muito mais fecundos e duráveis que os efeitos do poder.
        Ninguém exerceu o poder de modo mais brutal e absoluto que Stálin, do qual nada ficou a não ser a maldição dos descendentes de suas incontáveis vítimas. O próprio ditador confessou, num instante de melancolia, que, no final, quem ganhava sempre era a morte.
        Ao confessar que em horas difíceis "o Senhor parecia dormir", ao revelar sua fragilidade, Bento 16 fez mais pela nova evangelização, alcançou mais corações que no uso dos meios do poder centralizado de pontífice.
        Abrir mão da "glória de mandar", da vã cobiça "dessa vaidade a quem chamamos fama", faz parte do processo pelo qual o grão de trigo tem de morrer para poder dar fruto.
        Sinal de contradição, Jesus legou à igreja a herança de continuar a ser a força dos fracos, a grandeza dos pequenos e humildes.
        Ao encarnar de novo o signo de contradição, Bento 16 nos dá esperança de que tinha razão François Mauriac ao dizer pouco antes de morrer: "Às vezes penso que somos os últimos cristãos, mas depois me pergunto -será que somos os últimos cristãos ou seremos os primeiros?"

          Holocausto foi muito pior, dizem especialistas

          folha de são paulo

          ESTADOS UNIDOS
          Holocausto foi muito pior, dizem especialistas
          DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS - A dimensão do Holocausto é ainda mais chocante do que se esperava. Especialistas chegaram à conclusão ao estudar, durante 13 anos, documentas que relatam as atrocidades promovidas pelo regime de Adolf Hitler durante a Segunda Guerra.
          As investigações de documentos do Museu do Holocausto, nos Estados Unidos, revelam que existiram cerca de 42.500 guetos judaicos e campos de concentração nazistas na Europa, e não 7.000 como os especialistas previam quando iniciaram os trabalhos.

          Painel - Vera Magalhães

          folha de são paulo

          Cada um na sua
          Após um início cordial, a relação entre Geraldo Alckmin e Fernando Haddad vive uma crise. O tucano reagiu a medidas do petista que extrapolam, a seu ver, atribuições do município. O estopim foi o prefeito anunciar que deslocaria policiais que atuam na operação delegada para rondas noturnas. Para o governador, ações de segurança são responsabilidade do Estado. "Embora o discurso seja de parceria republicana, a sensação é de que 2014 já começou.", resume um alckmista.
          Lista Alckmin já havia se queixado em três casos, todos referentes a promessas de campanha do PT: a ideia de estadualizar a inspeção veicular, o anúncio de que a prefeitura construiria estação de metrô no Jardim Ângela e a discussão do bilhete único mensal à revelia do governo.
          Como assim? Haddadistas se dizem surpresos com a reação do tucano e garantem que a mudança na ação policial foi tratada diretamente com o comandante da PM, Benedito Meira. "Tudo foi feito com a participação e a anuência do comando do policiamento", diz um secretário.
          Mão dupla Enquanto isso, o prefeito pediu audiência com Alckmin para tratar de dois temas: Copa do Mundo e Fórmula 1. O governador topou, mas quer colocar em pauta a ajuda da prefeitura para o programa de internação compulsória de dependentes de crack na capital.
          Boletim médico Dilma Rousseff tem recebido informações diárias sobre a saúde de Hugo Chávez. As últimas apontam um quadro estável, mas sem perspectiva de que ele possa prestar em breve o juramento oficial como presidente eleito da Venezuela.
          Eu sozinho Zeca Dirceu (PT-PR) provocou a ira de parlamentares do partido ao organizar périplo com 250 prefeitos por ministérios petistas, de hoje a quarta-feira, em busca de recursos para seus redutos. O filho do ex-ministro José Dirceu levará a comitiva às pastas da Saúde, Comunicações e Educação.
          Coincidência Depois de receber o engajado Cid Gomes (CE) na semana passada, hoje Dilma passará o dia anunciando obras e recursos do governo federal ao lado de outro governador do PSB: Ricardo Coutinho, da Paraíba.
          Titãs Petistas torcem para que prospere a parceria entre Eduardo Campos e Duda Mendonça para produção do programa de TV do PSB: "Melhor. Eduardo tira a máscara e vai para a chuva. E o João Santana ganha um incentivo a mais para a campanha", diz um membro do governo.
          Prato... A reação negativa de ala do PMDB ao discurso de Dilma na convenção da sigla, atribuída pelo Planalto aos irmãos baianos Geddel e Lúcio Vieira Lima, pode turbinar a reforma na estrutura da Caixa Econômica Federal.
          ... frio O governo já havia decidido fatiar a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa, pilotada por Geddel, para criar a de Micro e Pequenas Empresas. Agora, a perda de poder pode ser maior.
          Pedigree Para evitar que a presidente incentive "barrigas de aluguel" na cota do partido na Esplanada, como o empresário Josué Gomes da Silva, o PMDB aprovou moção para que cargos públicos só sejam ocupados por filiados há mais de 180 dias.
          Segundo... Depois da gestão da Petrobras no governo do PT, o próximo ponto que Aécio Neves (PSDB) vai atacar é o comércio exterior.
          ... round Dirá que, sob os governos petistas, o Brasil viu seu peso no comércio global cair e, por questões ideológicas, deixou de selar acordos com blocos econômicos. "Estamos sumindo do mapa", afirma o mineiro.
          TIROTEIO
          Estou curioso para saber o que está por trás dessa intrigalhada. Eventuais divergências internas nada têm a ver com a presidente.
          DE GEDDEL VIEIRA LIMA (BA), vice-presidente da Caixa Econômica Federal, negando ter criticado o discurso de Dilma Rousseff na convenção do partido.
          CONTRAPONTO
          A alma do negócio
          Lula falava a dirigentes da CUT, na quarta-feira passada, em São Paulo, sobre a necessidade de manter canais permanentes de interlocução com o Planalto.
          O ex-presidente olhou então para o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e disse:
          -Temos lá o Gilberto, que é uma simpatia.
          Antes que algum sindicalista interviesse, completou, para gargalhada geral:
          -O problema é que ele é como o Miro Teixeira, que foi meu ministro das Comunicações: 100% de simpatia, mas 0% de atendimento de demandas...