Zero Hora - 25/05/2014
Aí está um livro: O Espírito da Prosa – Uma Autobiografia Literária, de
Cristóvão Tezza (Record, 2012). Li-o inteiro só agora, quase ao mesmo
tempo que a outro, seu parente, Meus desacontecimentos – A História da
Minha Vida com as Palavras, de Eliane Brum (Leya, 2014).
São dois escritores pensando, por escrito, em relatos de memórias,
sobre seu aprendizado da escrita – desculpada a repetição. São de duas
gerações diferentes: Tezza, curitibano nascido em Lages, SC, é de 1952, e
Eliane Brum nasceu em Ijuí, em 1966, vivendo há tempos em São Paulo.
Cristóvão Tezza é romancista, com carreira acadêmica em alto estilo, com doutorado sobre Mikhail Bakhtin, o que não é pouco.
Eliane Brum é jornalista de ofício e documentarista, tendo tido uma
trajetória especial como repórter, aqui na Zero Hora, depois na revista
Época e agora no portal do El País, mas recentemente apresentou ao mundo
um romance, Uma Duas.
Em geral tenho muito gosto por narrativas de memória, o que neste
caso se acrescentou do interesse pelos bastidores da criação literária,
ainda mais que se trata de dois escritores que aprecio muito. Tezza leio
e acompanho de perto, como um dos mais significativos autores de sua
geração. Recentemente, li seu novo romance O Professor, e mais uma vez
me encantei com seu domínio exemplar da narração, sempre a serviço de
histórias que me, nos dizem respeito, ao menos a nós sulinos, gente
urbana, gente fechada, que tem no trabalho e na família horizontes
obrigatórios de atenção, bastante diferentes do brasileiro solar
carioca, ou do brasileiro do sertão profundo ou da selva.
De Eliane Brum acompanho as reportagens, desde sempre, nos
periódicos, em histórias que já renderam livros excelentes, como A Vida
que Ninguém Vê e A Menina Quebrada, da Arquipélago.
Tezza conduz sua memória de modo analítico, e só aqui e ali deixa
correr os fatos. Quem comanda o espetáculo é uma questão forte, um
problema de alta relevância. Conhecedor de Bakhtin como poucos
brasileiros, Tezza remonta sua experiência desde a família convencional
de classe média até seu começo tardio de vida acadêmica, passando por um
período decisivo de vivência numa comunidade meio hippie, dedicada ao
teatro. O foco é sempre o mesmo: ele quer saber como aprendeu a escrever
os romances que veio a escrever. Quer entender.
E ilumina muito a cena, porque lida com o conceito que está no
título, o “espírito da prosa”, um certo jeito de ser do mundo e de estar
no mundo que necessita do diálogo, da possibilidade de enunciação de
várias vozes, para se fazer. Romance, ou prosa no sentido bakhtiniano,
precisa da diferença, aliás só existe na diferença – e a vida de Tezza,
como ele reflete, foi por muito tempo atravessada por outro espírito, o
da poesia, no sentido do mesmo pensador russo, isto é, um espírito que
quer dizer coisas sobre o mundo, que tem juízos sobre o mundo, que está
mais interessado nisso do que em entender e dar forma à infinita
conversa de que a prosa se faz.
Já o livro de Elaine Brum se entrega mais ao fascínio das histórias
que vai contando, em episódios sofridos e quase sempre transcendentais.
Também há falta de “espírito de prosa” em sua história pessoal, marcada
pela vida acanhada em cidade pequena, sob o jugo ditatorial, e
protagonizada por uma mulher que teve filha ainda na adolescência. Mas
aquela menina vai aprendendo a força que há na palavra, tanto a que vai
ser escrita quanto, antes ainda, naquela que a futura repórter e
escritora vai ouvir, quer ouvir, precisa conhecer para melhor dar a
conhecer.
Duas excelentes leituras, de temperamento diverso, mas convergentes
no ensinamento sábio (aquele que mais quer aprender do que doutrinar) da
lida com as palavras.
domingo, 25 de maio de 2014
Quanta felicidade eu aguento? - Martha Medeiros
Zero Hora 25/05/2014
“Te desejo toda a felicidade que puder aguentar”. Foi com essa frase que uma pessoa que gosta de mim encerrou seu e-mail, e fiquei petrificada diante do computador, um pouco pela explosão de gentileza de alguém que nem conheço, e outro tanto pela contundência que me fez pensar: quanta felicidade eu aguento?
Desde que lancei um livro com a palavra “feliz” no título (a coletânea de crônicas Feliz por Nada, de 2011) que respondo até hoje a uma infinidade de entrevistas com esse mote: o que é, afinal, ser feliz?
Bom, quando estou triste, estou feliz. Não sei se isso responde.
Felicidade não tem a ver com oba-oba, riso frouxo, vida ganha. Isso é alegria, que também é ótima, mas que não tem a profundidade de uma felicidade genuína que engloba não só a alegria como a tristeza também. Felicidade é ter consciência de que estar apto para o sentimento é um privilégio, e que quando estou melancólica, nostálgica, introvertida, decepcionada, isso também é uma conexão com o mundo, isso também traz evolução, aprendizado.
Feliz de quem cresce. Mesmo aos trancos.
Infelicidade, ao contrário, é inércia. A pessoa pode passar a vida inteira sem ter sofrido nada de relevante, nenhuma dor aguda, mas atravessa os dias sem entusiasmo, anestesiada pelo lugar comum, paralisada por seu próprio olhar crítico, que julga aos outros sem nenhuma condescendência. Para ela, todos são fracos, desajustados ou incompetentes, e não sobra afetividade nem para si mesma: se está sozinha ou acompanhada, tanto faz. Se lá fora o sol brilha ou se chove, tanto faz. Se há a expectativa de uma festa ou a iminência de uma indiada, tanto faz.
Essa indiferença em relação ao que os dias oferecem é uma morte que respira, mas ainda assim, uma morte.
Eu reajo, eu me movo, eu procuro, eu arrisco – essa perseguição a algo que nem sei se existe é a uma homenagem que presto à minha biografia. Nada me amortece, tudo me liga, tanto aquilo que dá certo como também o que dá errado. Felicidade é uma palavrinha enjoada, que remete só ao bom, mas dou a ela outro significado: é uma inclinação abrangente e corajosa para a vida, que nunca é só boa.
Já a infelicidade é uma blindagem contra o encantamento, é negar-se a extrair das miudezas o mesmo feitiço que as grandezas proporcionam.
Eu celebro o suco de laranja matinal, o telefonema de uma amiga, a saudade que eu sinto de algumas pessoas, o sol caindo no horizonte, a luz que entra pela janela do quarto ao amanhecer, a música que escuto solitária e que me remete a uma inocência que já tive – e pelo visto ainda tenho. Celebro o já vivido e o que está por vir, as risadas compartilhadas e o choro silencioso, e todas as perguntas que um dia talvez sejam respondidas.
Como esta: quanta felicidade eu aguento? Não sei. Que venha. Recusá-la é que não vou.
“Te desejo toda a felicidade que puder aguentar”. Foi com essa frase que uma pessoa que gosta de mim encerrou seu e-mail, e fiquei petrificada diante do computador, um pouco pela explosão de gentileza de alguém que nem conheço, e outro tanto pela contundência que me fez pensar: quanta felicidade eu aguento?
Desde que lancei um livro com a palavra “feliz” no título (a coletânea de crônicas Feliz por Nada, de 2011) que respondo até hoje a uma infinidade de entrevistas com esse mote: o que é, afinal, ser feliz?
Bom, quando estou triste, estou feliz. Não sei se isso responde.
Felicidade não tem a ver com oba-oba, riso frouxo, vida ganha. Isso é alegria, que também é ótima, mas que não tem a profundidade de uma felicidade genuína que engloba não só a alegria como a tristeza também. Felicidade é ter consciência de que estar apto para o sentimento é um privilégio, e que quando estou melancólica, nostálgica, introvertida, decepcionada, isso também é uma conexão com o mundo, isso também traz evolução, aprendizado.
Feliz de quem cresce. Mesmo aos trancos.
Infelicidade, ao contrário, é inércia. A pessoa pode passar a vida inteira sem ter sofrido nada de relevante, nenhuma dor aguda, mas atravessa os dias sem entusiasmo, anestesiada pelo lugar comum, paralisada por seu próprio olhar crítico, que julga aos outros sem nenhuma condescendência. Para ela, todos são fracos, desajustados ou incompetentes, e não sobra afetividade nem para si mesma: se está sozinha ou acompanhada, tanto faz. Se lá fora o sol brilha ou se chove, tanto faz. Se há a expectativa de uma festa ou a iminência de uma indiada, tanto faz.
Essa indiferença em relação ao que os dias oferecem é uma morte que respira, mas ainda assim, uma morte.
Eu reajo, eu me movo, eu procuro, eu arrisco – essa perseguição a algo que nem sei se existe é a uma homenagem que presto à minha biografia. Nada me amortece, tudo me liga, tanto aquilo que dá certo como também o que dá errado. Felicidade é uma palavrinha enjoada, que remete só ao bom, mas dou a ela outro significado: é uma inclinação abrangente e corajosa para a vida, que nunca é só boa.
Já a infelicidade é uma blindagem contra o encantamento, é negar-se a extrair das miudezas o mesmo feitiço que as grandezas proporcionam.
Eu celebro o suco de laranja matinal, o telefonema de uma amiga, a saudade que eu sinto de algumas pessoas, o sol caindo no horizonte, a luz que entra pela janela do quarto ao amanhecer, a música que escuto solitária e que me remete a uma inocência que já tive – e pelo visto ainda tenho. Celebro o já vivido e o que está por vir, as risadas compartilhadas e o choro silencioso, e todas as perguntas que um dia talvez sejam respondidas.
Como esta: quanta felicidade eu aguento? Não sei. Que venha. Recusá-la é que não vou.
TeVê
TV paga
Estado de Minas: 25/05/2014
Estado de Minas: 25/05/2014
Mais música
O Multishow vai transmitir hoje, ao vivo, a partir das 16h30, diretamente de São Paulo, o show de encerramento da turnê Nivea Viva o Samba, com Roberta Sá, Diogo Nogueira, Alcione e Martinho da Vila (foto). No SescTV, às 21h, o jovem violonista mineiro Lucas Telles, vencedor do 13º BDMG Instrumental, é o artista da vez na série Passagem de som/Instrumental Sesc Brasil. E no canal Arte 1, às 22h, vai ao ar o documentário Ray Charles America.
Plásticas
Por falar em Arte 1, estreia hoje, às 17h30, a série Um.artista, que reúne 13 artistas contemporâneos brasileiros e seus processos criativos. Com direção de Markus Avaloni, os primeiros episódios mostram os paulistanos André Komatsu e Carla Chaim.
Enlatados
Mariana Peixoto - mariana.peixoto@uai.com.br
O Multishow vai transmitir hoje, ao vivo, a partir das 16h30, diretamente de São Paulo, o show de encerramento da turnê Nivea Viva o Samba, com Roberta Sá, Diogo Nogueira, Alcione e Martinho da Vila (foto). No SescTV, às 21h, o jovem violonista mineiro Lucas Telles, vencedor do 13º BDMG Instrumental, é o artista da vez na série Passagem de som/Instrumental Sesc Brasil. E no canal Arte 1, às 22h, vai ao ar o documentário Ray Charles America.
Plásticas
Por falar em Arte 1, estreia hoje, às 17h30, a série Um.artista, que reúne 13 artistas contemporâneos brasileiros e seus processos criativos. Com direção de Markus Avaloni, os primeiros episódios mostram os paulistanos André Komatsu e Carla Chaim.
Enlatados
Mariana Peixoto - mariana.peixoto@uai.com.br
Boa de série,ruim de conta
Está virando regra na HBO: quando uma série está chegando ao ápice, a emissora anuncia uma alteração na programação. Depois do sétimo episódio de Game of thrones, exibido domingo passado – impecável, trouxe nova reviravolta, quando Daario se torna aliado de Tyrion –, o canal anunciou um adiamento. O oitavo capítulo, “The mountain and the viper”, só irá ao ar no próximo domingo – hoje será reprisado o sétimo. Não é difícil entender o motivo: o canal estreia em 22 de junho a sétima e última temporada de True blood, que entra no lugar de GoT. É só fazer as contas e ver que a saga épica termina, com a mudança na grade, justamente uma semana antes.
Para trás – Por falar em HBO, já na semana posterior ao retorno de True blood, a emissora lança a série The leftovers, dia 29. As chamadas já estão no ar. Adaptação do livro homônimo de Tom Perrotta, foi criada por ele em parceria com Damon Lindelof, um dos nomes à frente de Lost. Em 14 de outubro, centenas de pessoas desaparecem. Aqueles que ficaram tentam compreender o que aconteceu. Seriam eles almas abandonadasem uma espécie de purgatório?
Excluídos – O comediante britânico Ricky Gervais estrela Derek, cuja segunda temporada a Netflix lança na sexta-feira. A comédia dramática sobre um grupo de excluídos vai contar com seis novos episódios com meia hora de duração.
Dois em um – Quinta-feira, às 22h, o Universal Channel exibe episódio de Chicago fire que traz um crossover com sua série “irmã”, Chicago P.D., que estreou recentemente no canal.
Fim de papo – Hoje, às 20h, vai ao ar no Syfy o último episódio da quarta temporada de Haven, série sobre uma cidadezinha habitada por pessoas com poderes especiais que tentam levar uma vida comum, mas tudo muda com a chegada de uma agente do FBI. O quinto ano foi confirmado.
DE OLHO NA TELINHA » Coadjuvantes que brilham
Simone Castro
Nas novelas atualmente no ar de certa forma tudo está no lugar. Ou seja, os protagonistas têm desempenhado a função que lhes cabe, enquanto coadjuvantes ocupam a posição reservada a eles. Na trama de Em família (Globo), por exemplo, ainda que aparentemente o autor Manoel Carlos demonstre apostar suas fichas em Luiza, personagem de Bruna Marquezine, que ganhou maior destaque nos últimos capítulos, é em torno de Helena, vivida por Júlia Lemmertz, a atriz principal da novela, que gira a trama. Mas nada impede que coadjuvantes também brilhem.
É o caso de Marcello Melo Jr., o Jairo, um homem simples que caiu nas graças de uma mulher rica, mas infeliz, que só queria ter a chance de ser mãe e conseguiu ficar com a filha dele. Jairo é grosso, machista, violento quando perde as estribeiras, amante insaciável. O ator demonstra, com competência, todas as características do personagem. Há momentos em que simplesmente rouba a cena. A ressaltar ainda a parceria com a ótima Vanessa Gerbelli, a Juliana da história.
Com toda loucura e arrogância de Branca, é inegável que a personagem de Ângela Vieira também sacode a trama. A cena em que se recusa a assinar o divórcio, desacata a juíza, acaba presa e algemada foi nitroglicerina pura. A socialite é uma mulher sem noção, mas que dispara pérolas impagáveis. Outra que também é um deleite em cena é a atriz Ana Beatriz Nogueira. Sua mal-humorada Selma atira para todos os lados e é, sem dúvida, um grande exercício de interpretação.
Rosa (Tânia Toko), a auxiliar doméstica de Helena, aparece sempre que a família da leiloeira se reúne. Como é costume nas tramas de autor, empregada não se restringe à cozinha e área de serviço. Muito ao contrário, não só interagem com patrões e agregados como participam ativamente da rotina – e dos problemas – da casa, palpitando a bel prazer, consultadas ou não. Até na casa de Branca a auxiliar Zu (Gisele Alves), embora menos atuante que Rosa, também tem voz quando solicitada.
Em Meu pedacinho de chão (Globo) é gratificante constatar o amadurecimento de um ator como Johnny Massaro, que interpreta Ferdinando e tem cenas ótimas com Osmar Prado (Coronel Epa), Catarina (Juliana Paes) e Gina (Paula Barbosa). O mesmo brilho tem Irandhir Santos, o destemido Zelão. Pode ser que o telespectador não se recorde dele na minissérie Amores roubados (Globo), exibida em janeiro, em que viveu o estranho e violento João da Silva, braço direito de Jaime (Murilo Benício). Dois ótimos momentos do ator.
Ainda na trama de Benedito Ruy Barbosa, há outros coadjuvantes encantando a audiência. Anote aí: Dona Tereza (Inês Peixoto), Amância (Dani Ornellas), Mãe Benta (Teuda Bara) e Marimbondo (Fernando Sampaio), entre outros. Com direção competente de Luís Fernando Carvalho, eles provam que talento, às vezes, apenas precisa ser provocado. Os aplausos vêm no pacote.
PLATEIA
VIVA - Pé na cova (Globo) tem flashback e na ala jovem o destaque vai para Paula Frascaria, que vive Darlene. Perfeita na composição.
VAIA - Taís Araújo (Verônica) e Murilo Benício (Jonas Marra) ainda estão devendo no quesito química, em Geração Brasil (Globo).
Caras & Bocas Simone Castro - simone.castro@uai.com.br
Cangaceiro no cinema
O cantor Dudu Nobre revelou, em bate-papo com Marília Gabriela (foto), que vai participar de uma produção de cinema: “Vou fazer Volta Seca na trilogia que contará a vida de Lampião. Vou ser um cangaceiro”. Não é a primeira vez que o sambista flerta com a telona. Ele também participou do filme Tropa de elite 2. “Em Tropa de elite pude matar uma vontade que tinha de ser policial”, confessa. Na vida real, Dudu está envolvido numa polêmica depois de aparecer segurando um fuzil em uma foto, que ele disse ser antiga. O artista, porém, não comentou o assunto durante a participação no De frente com Gabi, que vai ao ar hoje, à meia-noite, no SBT/Alterosa. Sobre a música, Dudu Nobre relembrou: “Minha mãe me comprou um cavaquinho aos três anos”. O primeiro samba-enredo ele fez aos 10 anos, sobre a Turma da Mônica. Destacou também que com 19 anos começou a tocar com Zeca Pagodinho. O cantor, que teve uma separação conturbada de Adriana Bombom, com quem tem duas filhas, falou sobre o atual relacionamento com Priscila Grasso, mãe
de seu filho João Eduardo. “Meu casamento é maravilhoso. Se dependesse de mim, eu casaria todos os dias com a minha mulher.”
SERRA DA GANDARELA É PARADA DO VIAÇÃO CIPÓ
A beleza da Serra da Gandarela é atração do Viação Cipó deste domingo, às 9h, na Alterosa. O telespectador confere as belezas desse patrimônio, com suas cachoeiras, trilhas, sítios arqueológicos e suas águas claras.
MARCELO ROSENBAUM NA TEMPORADA DO DECORA
O badalado designer Marcelo Rosenbaum vai comandar a nova temporada do Decora, atração do GNT (TV paga). As gravações começam em junho, em São Paulo, e os interessados em redecorar um cômodo de
sua casa já podem enviar vídeos de inscrição ao site gnt.com.br/decora. A partir de algumas orientações e desejos dos moradores, Rosenbaum vai usar sua criatividade para transformar o ambiente.
CONFIRA O QUE VAI ROLAR NO EPISÓDIO DE AS CANALHAS
Amanhã, às 22h30, no GNT, no episódio da série As canalhas, mulher decide transformar a vida da rival num inferno. Eduardo (Gonçalo Diniz) e Ludmila (Fernanda Rodrigues) estão namorando há alguns meses. Samantha (Silvia Buarque), ex-mulher de Eduardo, é possessiva e ciumenta. Quando conhece Ludmila, Samantha resolve atormentar a rival, mas percebe que não será uma missão tão fácil assim.
MARÍLIA PÊRA RETORNARÁ EM BREVE AO PÉ NA COVA
Relembrada em todos os episódios de Pé na cova (Globo), a Darlene de Marília Pêra deve voltar à atração ainda nesta temporada. A atriz já se recuperou de uma cirurgia no quadril que a tirou das gravações da série de Miguel Falabella. O arranjo foi internar a alcoólatra Darlene em uma clínica de reabilitação, que mais parece um hospício, comandada pelo dr. Zoltan (Diogo Vilela). O retorno da personagem deverá ser emocionante.
ELENCO JÁ SE PREPARA PARA SÉRIE POLICIAL
Escrita por Glória Perez, Dupla identidade, série policial que será produzida pela Globo, confirma dois nomes no elenco: Marisa Orth e Marcelo Novaes, que vão se juntar a Luana Piovani e Bruno Gagliasso. A trama acompanha as investigações dos crimes de um serial killer. Já teve início, há alguns dias, a fase de leitura da produção.
GINA MOSTROU QUE PODE SER UMA LINDA MULHER
Em recente capítulo de Meu pedacinho de chão (Globo) foi ao ar uma das sequências mais bonitas da trama de Benedito Ruy Barbosa. A marrenta e desgrenhada Gina, vivida por Paula Barbosa, neta do autor, sofreu uma transformação que revelou toda a beleza da personagem (foto). Ao site oficial da novela, a atriz comparou a mudança da filha de Pedro Falcão (Rodrigo Lombardi) e Dona Tê (Inês Peixoto) a de uma lagarta. “A novela é poesia pura. Esse momento da Gina não poderia ser diferente: tem toda simbologia por trás, um mistério. É uma borboletinha saindo do casulo”, disse. Paula explicou o significado da marcante cena em que uma lua gigante aparece por trás da casa da família Falcão no momento da mudança. “Gina sai sob a luz da lua. É o feminino chamando para essa transformação. E ela aceita esse chamado, é como um ímã que puxa. E ela se entrega.” Gina, que é chamada de “mulher-homem” e usa um figurino masculino, experimentou a leveza de um belo vestido, acompanhado de uma capa poderosa. A atriz comentou a sensação de experimentar um estilo totalmente novo: “A começar pela postura que o vestido dá. A sensação visual é maravilhosa”.
Está virando regra na HBO: quando uma série está chegando ao ápice, a emissora anuncia uma alteração na programação. Depois do sétimo episódio de Game of thrones, exibido domingo passado – impecável, trouxe nova reviravolta, quando Daario se torna aliado de Tyrion –, o canal anunciou um adiamento. O oitavo capítulo, “The mountain and the viper”, só irá ao ar no próximo domingo – hoje será reprisado o sétimo. Não é difícil entender o motivo: o canal estreia em 22 de junho a sétima e última temporada de True blood, que entra no lugar de GoT. É só fazer as contas e ver que a saga épica termina, com a mudança na grade, justamente uma semana antes.
Para trás – Por falar em HBO, já na semana posterior ao retorno de True blood, a emissora lança a série The leftovers, dia 29. As chamadas já estão no ar. Adaptação do livro homônimo de Tom Perrotta, foi criada por ele em parceria com Damon Lindelof, um dos nomes à frente de Lost. Em 14 de outubro, centenas de pessoas desaparecem. Aqueles que ficaram tentam compreender o que aconteceu. Seriam eles almas abandonadasem uma espécie de purgatório?
Excluídos – O comediante britânico Ricky Gervais estrela Derek, cuja segunda temporada a Netflix lança na sexta-feira. A comédia dramática sobre um grupo de excluídos vai contar com seis novos episódios com meia hora de duração.
Dois em um – Quinta-feira, às 22h, o Universal Channel exibe episódio de Chicago fire que traz um crossover com sua série “irmã”, Chicago P.D., que estreou recentemente no canal.
Fim de papo – Hoje, às 20h, vai ao ar no Syfy o último episódio da quarta temporada de Haven, série sobre uma cidadezinha habitada por pessoas com poderes especiais que tentam levar uma vida comum, mas tudo muda com a chegada de uma agente do FBI. O quinto ano foi confirmado.
DE OLHO NA TELINHA » Coadjuvantes que brilham
Simone Castro
Marcello Melo Jr. (Jairo) e Vanessa Gerbelli (Juliana): par afinado |
Nas novelas atualmente no ar de certa forma tudo está no lugar. Ou seja, os protagonistas têm desempenhado a função que lhes cabe, enquanto coadjuvantes ocupam a posição reservada a eles. Na trama de Em família (Globo), por exemplo, ainda que aparentemente o autor Manoel Carlos demonstre apostar suas fichas em Luiza, personagem de Bruna Marquezine, que ganhou maior destaque nos últimos capítulos, é em torno de Helena, vivida por Júlia Lemmertz, a atriz principal da novela, que gira a trama. Mas nada impede que coadjuvantes também brilhem.
É o caso de Marcello Melo Jr., o Jairo, um homem simples que caiu nas graças de uma mulher rica, mas infeliz, que só queria ter a chance de ser mãe e conseguiu ficar com a filha dele. Jairo é grosso, machista, violento quando perde as estribeiras, amante insaciável. O ator demonstra, com competência, todas as características do personagem. Há momentos em que simplesmente rouba a cena. A ressaltar ainda a parceria com a ótima Vanessa Gerbelli, a Juliana da história.
Com toda loucura e arrogância de Branca, é inegável que a personagem de Ângela Vieira também sacode a trama. A cena em que se recusa a assinar o divórcio, desacata a juíza, acaba presa e algemada foi nitroglicerina pura. A socialite é uma mulher sem noção, mas que dispara pérolas impagáveis. Outra que também é um deleite em cena é a atriz Ana Beatriz Nogueira. Sua mal-humorada Selma atira para todos os lados e é, sem dúvida, um grande exercício de interpretação.
Rosa (Tânia Toko), a auxiliar doméstica de Helena, aparece sempre que a família da leiloeira se reúne. Como é costume nas tramas de autor, empregada não se restringe à cozinha e área de serviço. Muito ao contrário, não só interagem com patrões e agregados como participam ativamente da rotina – e dos problemas – da casa, palpitando a bel prazer, consultadas ou não. Até na casa de Branca a auxiliar Zu (Gisele Alves), embora menos atuante que Rosa, também tem voz quando solicitada.
Em Meu pedacinho de chão (Globo) é gratificante constatar o amadurecimento de um ator como Johnny Massaro, que interpreta Ferdinando e tem cenas ótimas com Osmar Prado (Coronel Epa), Catarina (Juliana Paes) e Gina (Paula Barbosa). O mesmo brilho tem Irandhir Santos, o destemido Zelão. Pode ser que o telespectador não se recorde dele na minissérie Amores roubados (Globo), exibida em janeiro, em que viveu o estranho e violento João da Silva, braço direito de Jaime (Murilo Benício). Dois ótimos momentos do ator.
Ainda na trama de Benedito Ruy Barbosa, há outros coadjuvantes encantando a audiência. Anote aí: Dona Tereza (Inês Peixoto), Amância (Dani Ornellas), Mãe Benta (Teuda Bara) e Marimbondo (Fernando Sampaio), entre outros. Com direção competente de Luís Fernando Carvalho, eles provam que talento, às vezes, apenas precisa ser provocado. Os aplausos vêm no pacote.
PLATEIA
VIVA - Pé na cova (Globo) tem flashback e na ala jovem o destaque vai para Paula Frascaria, que vive Darlene. Perfeita na composição.
VAIA - Taís Araújo (Verônica) e Murilo Benício (Jonas Marra) ainda estão devendo no quesito química, em Geração Brasil (Globo).
Caras & Bocas Simone Castro - simone.castro@uai.com.br
O cantor Dudu Nobre revelou, em bate-papo com Marília Gabriela (foto), que vai participar de uma produção de cinema: “Vou fazer Volta Seca na trilogia que contará a vida de Lampião. Vou ser um cangaceiro”. Não é a primeira vez que o sambista flerta com a telona. Ele também participou do filme Tropa de elite 2. “Em Tropa de elite pude matar uma vontade que tinha de ser policial”, confessa. Na vida real, Dudu está envolvido numa polêmica depois de aparecer segurando um fuzil em uma foto, que ele disse ser antiga. O artista, porém, não comentou o assunto durante a participação no De frente com Gabi, que vai ao ar hoje, à meia-noite, no SBT/Alterosa. Sobre a música, Dudu Nobre relembrou: “Minha mãe me comprou um cavaquinho aos três anos”. O primeiro samba-enredo ele fez aos 10 anos, sobre a Turma da Mônica. Destacou também que com 19 anos começou a tocar com Zeca Pagodinho. O cantor, que teve uma separação conturbada de Adriana Bombom, com quem tem duas filhas, falou sobre o atual relacionamento com Priscila Grasso, mãe
de seu filho João Eduardo. “Meu casamento é maravilhoso. Se dependesse de mim, eu casaria todos os dias com a minha mulher.”
SERRA DA GANDARELA É PARADA DO VIAÇÃO CIPÓ
A beleza da Serra da Gandarela é atração do Viação Cipó deste domingo, às 9h, na Alterosa. O telespectador confere as belezas desse patrimônio, com suas cachoeiras, trilhas, sítios arqueológicos e suas águas claras.
MARCELO ROSENBAUM NA TEMPORADA DO DECORA
O badalado designer Marcelo Rosenbaum vai comandar a nova temporada do Decora, atração do GNT (TV paga). As gravações começam em junho, em São Paulo, e os interessados em redecorar um cômodo de
sua casa já podem enviar vídeos de inscrição ao site gnt.com.br/decora. A partir de algumas orientações e desejos dos moradores, Rosenbaum vai usar sua criatividade para transformar o ambiente.
CONFIRA O QUE VAI ROLAR NO EPISÓDIO DE AS CANALHAS
Amanhã, às 22h30, no GNT, no episódio da série As canalhas, mulher decide transformar a vida da rival num inferno. Eduardo (Gonçalo Diniz) e Ludmila (Fernanda Rodrigues) estão namorando há alguns meses. Samantha (Silvia Buarque), ex-mulher de Eduardo, é possessiva e ciumenta. Quando conhece Ludmila, Samantha resolve atormentar a rival, mas percebe que não será uma missão tão fácil assim.
MARÍLIA PÊRA RETORNARÁ EM BREVE AO PÉ NA COVA
Relembrada em todos os episódios de Pé na cova (Globo), a Darlene de Marília Pêra deve voltar à atração ainda nesta temporada. A atriz já se recuperou de uma cirurgia no quadril que a tirou das gravações da série de Miguel Falabella. O arranjo foi internar a alcoólatra Darlene em uma clínica de reabilitação, que mais parece um hospício, comandada pelo dr. Zoltan (Diogo Vilela). O retorno da personagem deverá ser emocionante.
ELENCO JÁ SE PREPARA PARA SÉRIE POLICIAL
Escrita por Glória Perez, Dupla identidade, série policial que será produzida pela Globo, confirma dois nomes no elenco: Marisa Orth e Marcelo Novaes, que vão se juntar a Luana Piovani e Bruno Gagliasso. A trama acompanha as investigações dos crimes de um serial killer. Já teve início, há alguns dias, a fase de leitura da produção.
GINA MOSTROU QUE PODE SER UMA LINDA MULHER
Em recente capítulo de Meu pedacinho de chão (Globo) foi ao ar uma das sequências mais bonitas da trama de Benedito Ruy Barbosa. A marrenta e desgrenhada Gina, vivida por Paula Barbosa, neta do autor, sofreu uma transformação que revelou toda a beleza da personagem (foto). Ao site oficial da novela, a atriz comparou a mudança da filha de Pedro Falcão (Rodrigo Lombardi) e Dona Tê (Inês Peixoto) a de uma lagarta. “A novela é poesia pura. Esse momento da Gina não poderia ser diferente: tem toda simbologia por trás, um mistério. É uma borboletinha saindo do casulo”, disse. Paula explicou o significado da marcante cena em que uma lua gigante aparece por trás da casa da família Falcão no momento da mudança. “Gina sai sob a luz da lua. É o feminino chamando para essa transformação. E ela aceita esse chamado, é como um ímã que puxa. E ela se entrega.” Gina, que é chamada de “mulher-homem” e usa um figurino masculino, experimentou a leveza de um belo vestido, acompanhado de uma capa poderosa. A atriz comentou a sensação de experimentar um estilo totalmente novo: “A começar pela postura que o vestido dá. A sensação visual é maravilhosa”.
EM DIA COM A PSICANÁLISE » Educar é a questão
EM DIA COM A PSICANÁLISE »
Educar é a questão
Regina Teixeira da Costa
Estado de Minas: 25/05/2014
A violência nas noites de Belo Horizonte anda preocupando os pais e avós dos adolescentes, que aqui têm passe livre para sair madrugada afora e fazer o que bem entenderem. Questão presente de todos os pais é como educar e cuidar dos filhos para que estejam em segurança e sejam adultos produtivos e independentes. Não resta dúvida que todos desejam para seus filhos o melhor. Difícil é saber o que é este melhor.
Isto porque o bem para um pode não ser o bem para o outro, então, de cara, temos aí uma discordância. A verdade não é única, como nos tempos antigos, quando éramos forçados a crer em Deus ou seríamos queimados. Cada um tem a sua particular maneira de ver a vida, que está para além do universal. Mas a questão da segurança é universal. E a educação, embora deva ser para todos, guarda aspectos particulares em cada família. Há os mais e os menos liberais. E quando a adolescência dos filhos chega, para cada cabeça uma sentença.
Segundo Freud, em Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905), a sexualidade infantil é viva e atuante, sendo esquecida no final da infância e ressurgida depois de um período de latência, a partir das mudanças do corpo. Aqui começa o processo de adolescência, um reencontro com uma sexualidade infantil parcialmente esquecida e desautorizada, e a caminho do momento de assumir a vida sexual adulta, seja hétero ou homossexual, fazendo escolhas e tomando posições diante do outro e da vida.
Além disso, deverá separar-se dos pais e criar um círculo social fora da família. A separação dos pais é um dos processos mais sofridos da adolescência e é sentida por muitos como um ato de traição, porque será preciso discordar e desenvolver suas próprias opiniões e provar que as tem.
De todo modo, a presença dos pais é fundamental, e eles ainda não estão livres de suas tarefas de educadores: precisam concluir seu trabalho para que o adolescente conclua a separação e siga seu caminho e função sexual sadiamente. Então, é preciso garantir a presença para que eles sigam a vida conforme a necessidade. É preciso deixar os pais sem se sentir culpado ou acusado de ingratidão.
Em outras culturas, nos EUA, por exemplo, os adolescentes ainda são privados de grande parte das liberdades que vemos aqui no Brasil. Eles respeitam leis: pais e filhos. Menores não bebem, não saem pelas madrugadas para boates com documentos falsos, não podem voltar de táxi sozinhos e nem sequer de carona com pais de amigos. Dormir na casa dos outros, nem pensar. Isso porque abrem-se processos caso alguma coisa ocorra, como beber demais, se envolver em um acidente de carro etc. Então, a maioria dos pais não assume responsabilidade com filhos dos outros. Eles sabem da gravidade das situações que podem encontrar.
Aqui em Belo Horizonte, há um excesso que vem sendo denunciado frequentemente e é preocupação de pais e avós. São as brigas em portas de festas e boates. São grupos de um colégio se rivalizando com outros, que se juntam e se atacam pelas costas, derrubando e pisando no rosto dos jovens caídos, provocando severas sequelas. E o resultado? Nada.
Porque as famílias defendem os filhos com unhas e dentes, como se o errado sempre fosse o outro, e continuam permitindo aos pequenos vândalos sair para a “night”. Deveriam ficar contidos até aprenderem a se comportar como manda a boa educação. A função paterna parece fraca, hoje, não opera bem, deixando os pais com medo de enfrentar e frustrar os filhos adorados, idolatrados, salve, salve! Tornam-se as majestades do lar, que devem ser atendidas em todos os seus caprichos, porque assim foram acostumadas.
Se você deseja ter um filho que possa participar da comunidade em que vive, não o trate como um rei ou uma rainha, porque o que eles precisam mesmo é de saber o seu lugar (e não é no trono, a monarquia acabou!), como criança que obedece e não impõe sobre os pais seus imperativos caprichosos.
Regina Teixeira da Costa
Estado de Minas: 25/05/2014
A violência nas noites de Belo Horizonte anda preocupando os pais e avós dos adolescentes, que aqui têm passe livre para sair madrugada afora e fazer o que bem entenderem. Questão presente de todos os pais é como educar e cuidar dos filhos para que estejam em segurança e sejam adultos produtivos e independentes. Não resta dúvida que todos desejam para seus filhos o melhor. Difícil é saber o que é este melhor.
Isto porque o bem para um pode não ser o bem para o outro, então, de cara, temos aí uma discordância. A verdade não é única, como nos tempos antigos, quando éramos forçados a crer em Deus ou seríamos queimados. Cada um tem a sua particular maneira de ver a vida, que está para além do universal. Mas a questão da segurança é universal. E a educação, embora deva ser para todos, guarda aspectos particulares em cada família. Há os mais e os menos liberais. E quando a adolescência dos filhos chega, para cada cabeça uma sentença.
Segundo Freud, em Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905), a sexualidade infantil é viva e atuante, sendo esquecida no final da infância e ressurgida depois de um período de latência, a partir das mudanças do corpo. Aqui começa o processo de adolescência, um reencontro com uma sexualidade infantil parcialmente esquecida e desautorizada, e a caminho do momento de assumir a vida sexual adulta, seja hétero ou homossexual, fazendo escolhas e tomando posições diante do outro e da vida.
Além disso, deverá separar-se dos pais e criar um círculo social fora da família. A separação dos pais é um dos processos mais sofridos da adolescência e é sentida por muitos como um ato de traição, porque será preciso discordar e desenvolver suas próprias opiniões e provar que as tem.
De todo modo, a presença dos pais é fundamental, e eles ainda não estão livres de suas tarefas de educadores: precisam concluir seu trabalho para que o adolescente conclua a separação e siga seu caminho e função sexual sadiamente. Então, é preciso garantir a presença para que eles sigam a vida conforme a necessidade. É preciso deixar os pais sem se sentir culpado ou acusado de ingratidão.
Em outras culturas, nos EUA, por exemplo, os adolescentes ainda são privados de grande parte das liberdades que vemos aqui no Brasil. Eles respeitam leis: pais e filhos. Menores não bebem, não saem pelas madrugadas para boates com documentos falsos, não podem voltar de táxi sozinhos e nem sequer de carona com pais de amigos. Dormir na casa dos outros, nem pensar. Isso porque abrem-se processos caso alguma coisa ocorra, como beber demais, se envolver em um acidente de carro etc. Então, a maioria dos pais não assume responsabilidade com filhos dos outros. Eles sabem da gravidade das situações que podem encontrar.
Aqui em Belo Horizonte, há um excesso que vem sendo denunciado frequentemente e é preocupação de pais e avós. São as brigas em portas de festas e boates. São grupos de um colégio se rivalizando com outros, que se juntam e se atacam pelas costas, derrubando e pisando no rosto dos jovens caídos, provocando severas sequelas. E o resultado? Nada.
Porque as famílias defendem os filhos com unhas e dentes, como se o errado sempre fosse o outro, e continuam permitindo aos pequenos vândalos sair para a “night”. Deveriam ficar contidos até aprenderem a se comportar como manda a boa educação. A função paterna parece fraca, hoje, não opera bem, deixando os pais com medo de enfrentar e frustrar os filhos adorados, idolatrados, salve, salve! Tornam-se as majestades do lar, que devem ser atendidas em todos os seus caprichos, porque assim foram acostumadas.
Se você deseja ter um filho que possa participar da comunidade em que vive, não o trate como um rei ou uma rainha, porque o que eles precisam mesmo é de saber o seu lugar (e não é no trono, a monarquia acabou!), como criança que obedece e não impõe sobre os pais seus imperativos caprichosos.
Tornozeleiras - Eduardo Almeida Reis
Tornozeleiras
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 25/05/2014
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 25/05/2014
Pit Bull, codinome do
traficante de drogas Adauto do Nascimento Gonçalves, corresponsável
pela confusão ocorrida em abril na comunidade (sic) Pavão-Pavãozinho, em
Copacabana e Ipanema, bairros famosos do Rio, anda fugido desde julho
do ano passado, quando foi solto pela Justiça para uma visita ao lar. É
aquela conversa de regressão da pena, de reinserção social e o escambau,
defendida pelos idiotas que acreditam na ressocialização dos que nunca
foram socializados.
Eminentes juristas, ouvidos pelas redes de tevês, criticaram o fato de Pit Bull ter sido solto sem tornozeleira eletrônica, engenhoca que permite o monitoramento do tornozelado quando circula por aí. Curioso e chato, vou à Wikipédia para aprender que “o bracelete eletrônico de vigilância, ou tornozeleira eletrônica, é uma forma de pena de substituição à prisão ou para ser utilizado durante a fase de instrução do processo. O princípio consiste em agregar ao prisioneiro uma marca eletrônica inviolável. É uma prática do direito penal em diversos países, como a França e os Estados Unidos”.
Várias tecnologias podem ser utilizadas. A mais conhecida é a que originou o nome: um tipo de relógio de pulso (sic) preso ao tornozelo, com identificação eletrônica, que pode ser monitorado pelas autoridades policiais ou penitenciárias. Também pode ser um chip de identificação eletrônica sob a pele dos condenados, processo que suponho mais eficiente, considerando que a tornozeleira, que “não pode ser facilmente retirada ou desativada”, não deve ser irremovível. Presumo que existam meios de cortar e jogar fora o equipamento, ou deixá-lo com uma criança, hipótese em que as autoridades passam a monitorar a localização da criança e o bandido fica solto para assaltar e matar.
Esta conversa de ressocialização é muito bonita e muito romântica, sem que funcione. Quem foi que disse que cadeia brasileira ressocializa alguém? Vou mais longe: nos parlamentos nhambiquaras são raros, raríssimos, os políticos ressocializáveis. E as igrejas, e a comunicação social, e todas as profissões liberais: não existe parcela da população brasileira ou mundial livre de elementos irrecuperáveis. Mas a culpa, como sempre, é da polícia. Enquanto ao mais, primum vivere, deinde philosophari, falou?
Mundo g0y
Copiei a notícia do provedor Terra e colei aqui. Meu computador ficou tão assustado que usou a fonte open sans 4.5 praticamente ilegível. Fui ao Google e confirmei que a open sans, de 12 para cima, é fonte simpática. O texto, que assustou o Windows 7 Ultimate e o philosopho, começa: “Eles são homens, fazem sexo apenas com mulheres, não se identificam com os valores e comportamentos dos gays, mas se intitulam com uma palavra parecida: ‘g0y’. São heterossexuais, no entanto, liberais nas relações com outros homens. Entre os amigos g0ys, podem rolar beijos, amassos, sexo oral e carícias íntimas, mas ‘não há sexo (penetração anal). As relações g0ys são mais homoafetivas’, explicou um dos líderes do movimento g0y no Brasil, Master Fratman, que não revela seu nome. É uma amizade masculina sem preconceitos, de acordo com o g0y Joseph Campestri. Segundo ele, são homens que se permitem demonstrar carinho e sentimentos por outros, e estão fora das normas homossexuais e heterossexuais solidificadas na sociedade”.
Reproduzi o texto, que está longe de ser um primor de estilo e fidelidade, porque diz que o g0y (gê-zero-ipsilone) só faz sexo com mulheres e mais adiante dá a entender que oral não é sexo, só o anal. Ora, bolas, se estou lembrado, Masters & Johnson in O relacionamento amoroso escreveram que o sexo anal entre os gays norte-americanos é menos comum do que entre os casais de sexos diferentes.
No tempo de antigamente, esta conversa de g0y tinha outro nome: bissexualidade. Contudo, os tempos mudaram tanto que uma destas redes sociais, acho que o Facebook, listou outro dia cerca de 70 “opções”. Anos atrás, o psiquiatra brasileiro Pamplona da Costa escreveu o livro Os Onze Sexos, considerável progresso em relação à quantidade de “opções” conhecidas.
O movimento g0y surgiu nos Estados Unidos no início da década passada, principalmente nas fraternidades universitárias masculinas, entre skatistas e surfistas. No Brasil, a filosofia g0y (sic) é muito recente, mas vai de vento em popa ou de boca em boca, como queiram. O site heterog0y tem dois meses e mais de mil acessos diários. Brasília, Salvador e o Rio lideram o movimento. E o negócio vai por aí, mas estou gastando muita vela com mau defunto. Peço desculpas pelo assunto que me rendeu 376 palavras.
O mundo é uma bola
25 de maio de 1521: assinado na cidade de Worms o Edito de Worms condenando Martinho Lutero. Worms é conhecida por seu vinho Liebfraumilch, que não significa “leite da mulher amada”. Leite azedo, como fiquei sabendo por um amigo que o experimentou. Significa “Monge de Nossa Senhora”, como aprendi num dos livros do médico Sérgio de Paula Santos, que fez doutorado na Alemanha e era o único brasileiro autorizado a julgar vinhos naquele país.
Hoje é o Dia da Toalha, do Vizinho, do Sapateado, do Massagista, da Costureira, do Orgulho Nerd, da Indústria, da Adoção, do Trabalhador Rural e do Respeito ao Contribuinte.
Ruminanças
“Importante na Operação Lava-Jato era soltar o Paulo. Os outros que se danem” (R. Manso Neto).
Eminentes juristas, ouvidos pelas redes de tevês, criticaram o fato de Pit Bull ter sido solto sem tornozeleira eletrônica, engenhoca que permite o monitoramento do tornozelado quando circula por aí. Curioso e chato, vou à Wikipédia para aprender que “o bracelete eletrônico de vigilância, ou tornozeleira eletrônica, é uma forma de pena de substituição à prisão ou para ser utilizado durante a fase de instrução do processo. O princípio consiste em agregar ao prisioneiro uma marca eletrônica inviolável. É uma prática do direito penal em diversos países, como a França e os Estados Unidos”.
Várias tecnologias podem ser utilizadas. A mais conhecida é a que originou o nome: um tipo de relógio de pulso (sic) preso ao tornozelo, com identificação eletrônica, que pode ser monitorado pelas autoridades policiais ou penitenciárias. Também pode ser um chip de identificação eletrônica sob a pele dos condenados, processo que suponho mais eficiente, considerando que a tornozeleira, que “não pode ser facilmente retirada ou desativada”, não deve ser irremovível. Presumo que existam meios de cortar e jogar fora o equipamento, ou deixá-lo com uma criança, hipótese em que as autoridades passam a monitorar a localização da criança e o bandido fica solto para assaltar e matar.
Esta conversa de ressocialização é muito bonita e muito romântica, sem que funcione. Quem foi que disse que cadeia brasileira ressocializa alguém? Vou mais longe: nos parlamentos nhambiquaras são raros, raríssimos, os políticos ressocializáveis. E as igrejas, e a comunicação social, e todas as profissões liberais: não existe parcela da população brasileira ou mundial livre de elementos irrecuperáveis. Mas a culpa, como sempre, é da polícia. Enquanto ao mais, primum vivere, deinde philosophari, falou?
Mundo g0y
Copiei a notícia do provedor Terra e colei aqui. Meu computador ficou tão assustado que usou a fonte open sans 4.5 praticamente ilegível. Fui ao Google e confirmei que a open sans, de 12 para cima, é fonte simpática. O texto, que assustou o Windows 7 Ultimate e o philosopho, começa: “Eles são homens, fazem sexo apenas com mulheres, não se identificam com os valores e comportamentos dos gays, mas se intitulam com uma palavra parecida: ‘g0y’. São heterossexuais, no entanto, liberais nas relações com outros homens. Entre os amigos g0ys, podem rolar beijos, amassos, sexo oral e carícias íntimas, mas ‘não há sexo (penetração anal). As relações g0ys são mais homoafetivas’, explicou um dos líderes do movimento g0y no Brasil, Master Fratman, que não revela seu nome. É uma amizade masculina sem preconceitos, de acordo com o g0y Joseph Campestri. Segundo ele, são homens que se permitem demonstrar carinho e sentimentos por outros, e estão fora das normas homossexuais e heterossexuais solidificadas na sociedade”.
Reproduzi o texto, que está longe de ser um primor de estilo e fidelidade, porque diz que o g0y (gê-zero-ipsilone) só faz sexo com mulheres e mais adiante dá a entender que oral não é sexo, só o anal. Ora, bolas, se estou lembrado, Masters & Johnson in O relacionamento amoroso escreveram que o sexo anal entre os gays norte-americanos é menos comum do que entre os casais de sexos diferentes.
No tempo de antigamente, esta conversa de g0y tinha outro nome: bissexualidade. Contudo, os tempos mudaram tanto que uma destas redes sociais, acho que o Facebook, listou outro dia cerca de 70 “opções”. Anos atrás, o psiquiatra brasileiro Pamplona da Costa escreveu o livro Os Onze Sexos, considerável progresso em relação à quantidade de “opções” conhecidas.
O movimento g0y surgiu nos Estados Unidos no início da década passada, principalmente nas fraternidades universitárias masculinas, entre skatistas e surfistas. No Brasil, a filosofia g0y (sic) é muito recente, mas vai de vento em popa ou de boca em boca, como queiram. O site heterog0y tem dois meses e mais de mil acessos diários. Brasília, Salvador e o Rio lideram o movimento. E o negócio vai por aí, mas estou gastando muita vela com mau defunto. Peço desculpas pelo assunto que me rendeu 376 palavras.
O mundo é uma bola
25 de maio de 1521: assinado na cidade de Worms o Edito de Worms condenando Martinho Lutero. Worms é conhecida por seu vinho Liebfraumilch, que não significa “leite da mulher amada”. Leite azedo, como fiquei sabendo por um amigo que o experimentou. Significa “Monge de Nossa Senhora”, como aprendi num dos livros do médico Sérgio de Paula Santos, que fez doutorado na Alemanha e era o único brasileiro autorizado a julgar vinhos naquele país.
Hoje é o Dia da Toalha, do Vizinho, do Sapateado, do Massagista, da Costureira, do Orgulho Nerd, da Indústria, da Adoção, do Trabalhador Rural e do Respeito ao Contribuinte.
Ruminanças
“Importante na Operação Lava-Jato era soltar o Paulo. Os outros que se danem” (R. Manso Neto).
Tesouros do Caraça
Tesouros do Caraça
Santuário religioso, turístico e ambiental, na Região Central de Minas, comemora 240 anos de história e preserva patrimônio no complexo arquitetônico localizado entre montanhas e florestas
Gustavo Werneck
Estado de Minas: 25/05/2014
Formação rochosa que se assemelha a rosto e dá
nome ao santuário impressiona visitantes: no detalhe, o biólogo Gabriel
Tonelli em foto que turistas costumam fazer |
A diversidade permeia todos os espaços desse patrimônio incrustado no topo do maciço do Espinhaço, tendo a Serra do Caraça como sentinela, e localizado a 120 quilômetros de Belo Horizonte. No prédio, que foi seminário e colégio até 1968, está a pinacoteca, com quadros, relíquias e alfaias (paramentos) catalogados e guardados com máxima segurança, mas ainda de porta trancada. Segundo padre Lauro, há estudo para que as peças possam ser apreciadas por visitantes brasileiros e estrangeiros. Só em 2013 eles chegaram de 39 países, incluindo Cazaquistão, Malásia e África do Sul. No período da Copa do Mundo, o Caraça será ótimo destino para quem quiser mergulhar no íntimo das Gerais ou ficar bem longe dos gritos de gol.
Tombado desde 1955 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Caraça fabrica vinhos, tem biblioteca com 25 mil livros, entre eles o Incunábulo, de 1489, e outro com anotações feitas a bico de pena por dom Pedro II, conforme mostra a bibliotecária Vera Lúcia Garcia, mantém as velhas catacumbas e se orgulha da tradicional visita noturna ao adro do lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), sempre pronto para devorar pedaços de frango postos numa bandeja pelos padres vicentinos. A programação comemorativa do aniversário compreende lançamento do livro Serra do Caraça, de Christiano Ottoni , e uma revista, encontro promovido pela Associação dos Ex-alunos Lazaristas e Amigos do Caraça (Aealac), exposição fotográfica sobre a biodiversidade, já em cartaz na biblioteca, e outros eventos no segundo semestre.
OLHOS QUE ATRAEM Fundado em 1774 pelo português Carlos Mendonça Távora, chamado de Irmão Lourenço de Nossa Senhora, e hoje pertencente à Província Brasileira da Congregação da Missão, o santuário reserva surpresas e mistérios. Não é à toa que seu apelido é porta do céu. O importante é ter calma para desvendá-lo e sensibilidade para mantê-lo na memória. Na igreja, está a Santa Ceia, pintada por Manuel da Costa Ataíde (1762-1830), “amigo e testamenteiro do Irmão Lourenço”, explica padre Lauro. Para os curiosos, vale a pena, assim que começar a ver a tela, mirar o rosto de Judas e ver que os olhos dele vão acompanhá-lo até o fim do curto trajeto. É a técnica denominada “menina dos olhos”, que seduz à primeira vista e obriga a repetir a dose com bom humor.
Pelo corredor formado entre os bancos da igreja, caminha-se até o altar e se depara com a primeira relíquia de um santo que chegou ao Brasil, mais exatamente em 1797, depois de uma viagem de cinco anos. Deitado numa vitrine, está o corpo de São Pio Mártir, encontrado na catacumba de Santa Ciríaca, em Roma, com os ossos cobertos de cera. Num cálice, um pouco do sangue e areia do túmulo de um soldado romano cristão, morto ao confessar a fé. Como era costume na época em que o corpo foi encontrado, ele recebeu o nome do papa Pio VI (1717-1799), que então governava a Igreja.
Elevando-se um pouco os olhos, vê-se o vitral, tendo na base o desenho da coroa de dom Pedro II e a imagem portuguesa de Nossa Senhora Mãe dos Homens, que chegou em 1784. Sem dúvida, natureza e religiosidade comandam a vida no Caraça. Anualmente, em 7 de setembro, às 17h, a luz solar bate diretamente sobre o sacrário, conta padre Lauro. “A data é fruto do acaso”, diz. Também nos solstícios, época em que o Sol passa pela sua maior declinação boreal ou austral, há espetáculos de beleza: no inverno, a luz incide sobre a imagem de São Francisco, enquanto no verão sobre São Vicente, fundador da congregação dos lazaristas.
Na entrada ou na saída do templo neogótico, projetado pelo padre francês Jules Clavelin, e construído entre 1876 e 1883 em substituição à ermida primitiva, há dois altares barrocos originais. À direita, o dedicado a Nossa Senhora da Piedade, e, à esquerda, o do Sagrado Coração de Jesus, de autoria do entalhador e escultor português Francisco Vieira Servas (1720-1811), dono de um estilo próprio na construção dos retábulos. Na parte de baixo, está o espaço vazio, no qual ficava a relíquia de São Pio Mártir.
CAMÉLIAS BRANCAS Depois da igreja, é hora de conhecer a adega, descendo uma escadaria de pedra, contornando o relógio de sol e se encantando com as camélias brancas do jardim. À frente, segue o administrador do santuário, padre Luís Carlos do Vale. No subterrâneo, há tonéis de madeira com os vinhos de jabuticaba e uva e uma garrafa com a bebida, mas, nessa época, não existe fabricação. O passo seguinte será a catacumba, sob o claustro, pouco visitada mas caminho precioso para o visitante conhecer o Caraça por inteiro. Padres e diretores, muitos deles europeus, estão ali sepultados. Surpreende o piso, rocha pura. “Estamos exatamente sobre a montanha”, observa padre Lauro.
Sempre citado pelos vicentinos, o Servo de Deus dom Antônio Ferreira Viçoso (1781-1875), ex-bispo de Mariana e diretor do colégio de 1837 a 1842, está enterrado em Mariana, e não na cripta do Caraça. Mas muitas das relíquias de dom Viçoso se encontram na pinacoteca, que mantém o quadro do Irmão Lourenço pintado por Ataíde; óleo sobre tela retratando dom João VI; e Santo Antônio de Pádua, obra do alemão Jorge Grimm, que esteve no Caraça em 1885. É dele também o quadro com o santuário e as montanhas na parede do refeitório.
Riqueza natural
A exposição Caraça é nota 10, com 75 registros da biodiversidade da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), está em cartaz no prédio do museu e biblioteca do Santuário do Caraça, cujo reitor é o padre Wilson Belloni. A mostra reúne flagrantes da fauna e da flora clicados pelo padre Lauro Palú e encanta estudantes que visitam a instituição diariamente. Depois de ver a exposição, nada melhor do que sair a campo – sempre com um guia, se for para mais longe – a fim de conhecer o centro de visitantes, trilhas, cachoeiras, e demais belezas naturais desse patrimônio localizado numa área de transição entre mata atlântica e cerradoe distribuído pelos municípios de Catas Altas e Santa Bárbara – para maior exatidão, o complexo arquitetônico está nos limites de Catas Altas. Padre Lauro, que completa 50 anos sacerdócio em setembro e estudou no Caraça durante seis anos, conta que há 79 espécies de mamíferos, entre eles o lobo-guará, onças preta e parda e anta, 600 tipos de besouros, “200 deles encontrados aqui ou pela primeira vez aqui”, 386 aves, com destaque para o jacu e as águias chilena e cinzenta, 19 beija-flores e 25 falcões e gaviões.
A flora também prima pela exuberância: 210 espécies de orquídeas documentadas, 241 de samambaias e ainda plantas medicinais, com pesquisa feita por equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Sempre com dados superlativos, a reserva natural do Caraça tem os dois picos mais altos do Espinhaço, o Pico do Sol, com 2.072 metros e o Inficionado, com 2.068m; a segunda e terceira grutas de quatzolito mais profundas do país, a Centenário, com 484m e a Bocaina, com 404m e três grandes abismos, com 120m, 116m e 94m. Como Caraça significa “cara grande”, é recomendado conferir a formação rochosa que batiza o santuário e fica a 50 minutos de caminhada da igreja.
Lobo-guará
Café da manhã, almoço e jantar saborosos, servidos sobre o fogão a lenha, aumentam o charme do Caraça, que tem missas diariamente na igreja neogótica e chá com pipoca após a celebração. Mas um dos momentos mais esperados é a “hora do lobo”, no início da noite, quando o guará surge da escuridão para receber pedaços de frango e bananas oferecidos na bandeja pelos padres. “Ele vem há 32 anos e não tem falhado. Às vezes chega mais cedo, às 3h da madrugada…“, diz o padre Paulo Lauro.
PASSEIO PELA HISTÓRIA
Vitrais da igreja %u2013 A peça central foi presente do imperador dom Pedro II, durante visita em 1881 |
>> Vitrais da igreja – A peça central foi presente do imperador dom Pedro II, durante visita em 1881
Relíquia %u2013 No altar, fica o corpo de São Pio Mártir, achado na catacumba de Santa Ciríaca, em Roma |
>> Relíquia – No altar, fica o corpo de São Pio Mártir, achado na catacumba de Santa Ciríaca, em Roma
Pinacoteca %u2013 Em obras e fechada para visitação, reúne quadros, alfaias e relíquias de dom Viçoso |
>> Pinacoteca – Em obras e fechada para visitação, reúne quadros, alfaias e relíquias de dom Viçoso
>> Herança – São da antiga ermida, os altares de Nossa Senhora da Piedade e Sagrado Coração de Jesus
>> Aroma – Na adega do santuário, são fabricados vinhos de uva e jabuticaba
Santa Ceia %u2013 Tela pintada por Manuel da Costa Ataíde (1762- 1830). Está no lado esquerdo da igreja |
>> Santa Ceia – Tela pintada por Manuel da Costa Ataíde (1762-1830). Está no lado esquerdo da igrejaaR
>> Silêncio – Nas catacumbas sobre a rocha da montanha, estão sepultados padres do velho seminário
>> Raros – Na biblioteca, há raridades como um livro de 1489 e outro com anotações de dom Pedro II
Alerta para as 'doenças da Copa'
Alerta para as 'doenças da Copa'
Com a proximidade do Mundial de futebol, especialistas em saúde estão atentos ao sarampo, às influenzas e aos vírus do ebola e da poliomielite
Luciane Evans
Estado de Minas: 25/05/2014
Além do entusiasmo e das críticas severas, a Copa do Mundo no Brasil traz a reboque uma preocupação em tom de alerta na área da saúde. Com a vinda de cerca de 500 mil turistas estrangeiros para o país, doenças com pouca circulação em território nacional podem aparecer com mais intensidade, como é o caso do sarampo e de influenzas, principalmente, o H1N1, a conhecida gripe suína. Apesar do risco ser real, especialistas pedem cautela e dizem que não há motivo para pânico na população. Além desses males, enfermidades graves e inexistentes no Brasil, como o ebola, doença considerada perigosa e altamente contagiosa, estarão sob o olhar atento dos profissionais de saúde.
Serão 3,7 milhões de pessoas, entre turistas, brasileiros e estrangeiros, circulando pelas cidades-sede da Copa, no país, durante o Mundial. Última pesquisa da empresa espanhola Forward Data, junto com a Pires & Associados no Brasil, indica que, em relação ao mesmo período de 2013, durante os dias de realização do Mundial, o número de pessoas chegando do exterior ao país por via aérea será 4,5 vezes maior, sendo originários dos Estados Unidos, Alemanha e da Argentina. Belo Horizonte está em 7º lugar em número de visitantes, entre as 12 cidades-sede. Em primeiro está o Rio de Janeiro, seguido de São Paulo e Salvador.
A preocupação aumenta, porque segundo médicos, quanto maior a circulação, maior a possibilidade de vírus na bagagem. E todo cuidado é pouco. Um levantamento do Ambulatório do Viajante do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que 48% dos adultos viajantes atendidos na unidade em Belo Horizonte não têm situação vacinal regularizada, conforme comenta a coordenadora do ambulatório, Marise Fonseca.
Ela destaca que para aqueles que vão para as regiões Norte e Nordeste do país é bom estar atento à febre amarela, malária e leishmaniose. Para a primeira, há vacina. “Para as outras, é bom tomar cuidado com picadas de inseto. Nas proximidades da Floresta Amazônica, é recomendável proteger a pele, usar calçados próprios e roupas claras, já que as escuras atraem insetos”, diz. Marise afirma que quem contrair a malária, por exemplo, só vai sentir os sintomas em seu país de origem. “Por isso, se ao voltar de viagem, tiver febre, mesmo que seja depois de três meses, é bom estar atento e relatar ao médico a ida a lugares com potencial para a doença”, recomenda.
De acordo com o diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, qualquer evento com aumento na movimentação das pessoas merece cuidados. Nesta Copa, segundo ele, a preocupação é para algumas doenças que já são frequentes nessa época do ano, como as gripes, para quais já há uma preparação rotineira e conjunta dos municípios e estados, que é a campanha de vacinação. Ele destaca que os serviços de saúde e de vigilância em saúde estarão mais sensíveis para qualquer sinal de doenças inesperadas e diferentes das habituais, como o vírus do ebola e da poliomielite, para os quais os especialistas apontam risco muito baixo de aparecerem por aqui.
FANTASMA No entanto, o alerta cai sobre o sarampo, um fantasma que vem assombrando o Brasil. Apesar de o país já contar com a vacinação contra o vírus, a enfermidade existe em boa parte do mundo, incluindo países da Ásia, África e Europa. Porém, desde o registro de um caso de sarampo em março de 2013 em Pernambuco, foram mais de 300 ocorrências semelhantes confirmadas até o início deste ano. Há quase 15 anos o país não registrava a transmissão da doença infectocontagiosa dentro do território nacional – todos os episódios nesse período foram de contágio no exterior.
Segundo destaca Marise Fonseca, da UFMG, os últimos casos de sarampo no Brasil foram “importados” da França, Espanha, do Japão e da África do Sul. “Há adultos que não se vacinaram e não tiveram o mal, por isso, é interessante se vacinar”, recomenda. A preocupação de Carolina Lázari, infectologista do Fleury Medicina e Saúde, é que a pessoa contaminada com sarampo passa cinco dias sem manifestar o principal sintoma da doença, que são as manchas pelo corpo. “Sendo assim, é possível viajar sem saber que se está infectada”, comenta.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos 500 mil crianças morrem todos os anos no mundo por causa do sarampo e suas complicações. “Isso aumenta a nossa preocupação. Há localidades brasileiras onde a cobertura de vacinação é mais baixa do que a do resto do país”, comenta Claúdio Maierovitch, lembrando que, além disso, muitos pais, por motivos ideológicos, deixaram de vacinar seus filhos. “Tempos atrás houve um surto de sarampo em uma escola em São Paulo, onde muitos pais tinham essa filosofia”, critica ele, acrescentando que a recomendação é a vacinação até os 49 anos de idade. “Seria necessária a vacina para o brasileiro que vai sair daqui para um país onde o mal é endêmico. No caso da Copa, é bom que as crianças estejam protegidas”, ressalta Maierovitch.
AGLOMERAÇÕES NO INVERNO Carolina Lázari lembra ainda que o evento esportivo vai ocorrer durante a estação mais fria para o Brasil, quando as pessoas tendem a ficar ainda mais próximas. Por esse motivo, ela chama a atenção para as doenças respiratórias, como a gripe suína, que em 2009 matou mais de 2 mil brasileiros. “Houve a pandemia naquele ano e, no ano seguinte, houve a preocupação com a vacinação. Porém, com a diminuição de casos, as pessoas relaxaram e, no ano passado, a gripe voltou a fazer vítimas, como pode ocorrer este ano. Porém, a maioria das pessoas que virá do Hemisfério Norte está imunizada e o inverno delas já passou. O problema pode ser com os vizinhos da América Latina que não estão imunizados contra a gripe”, avisa.
As vacinas contra a influenza, devida a contínua mutação do vírus, tem prazo de validade menor que um ano. “Voltamos à recomendação de sempre: lavar as mãos, usar álcool em gel e, principalmente, evitar ambientes com muitas pessoas. Além disso, procurar se vacinar.” A orientação, segundo ela, para que as pessoas que vão trabalhar nos jogos e terão contato direto com estrangeiros, é de que se vacinem pelo menos 15 dias antes do primeiro evento.
PERIGOS QUE RONDAM O EVENTO
Com a circulação maior no número de pessoas no país, médicos aconselham atenção para algumas doenças. Veja quais são elas e como se proteger.
SARAMPO
É uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmissível e extremamente contagiosa, muito comum na infância. A viremia, causada pela infecção, provoca uma vasculite generalizada [vesículas], responsável pelo aparecimento das diversas manifestações clínicas.
Proteção: vacina é a única medida preventiva e a mais segura.A primeira dose deve ser aplicada aos 12 meses de vida, e o reforço entre quatro a seis anos. A vacina é aplicada até os 49 anos.
INFLUENZA
Também conhecida como gripe, é transmitida por meio do contato com secreções das vias respiratórias, eliminadas pela pessoa contaminada ao falar, tossir ou espirrar ou pelas mãos e objetos contaminados, em contato com mucosas (boca, olhos, nariz).
Proteção: Desde 22 de abril, a campanha nacional de vacinação contra a gripe está em vigor. Também disponível na rede privada.
POLIOMIELITE
É uma doença viral que pode afetar os nervos e levar à paralisia parcial ou total. É causada pela infecção pelo poliovírus. O vírus se espalha por contato direto pessoa a pessoa, por contato com muco, catarro ou fezes infectadas.
Proteção A doença existe em 10 países. E em três deles o risco de propagação é maior: Paquistão, Camarões e Síria. No Brasil, a pólio está eliminada desde 1994. Há mais de 40 anos, o Ministério da Saúde faz campanhas anuais de vacinação contra a doença.
EBOLA
O ebola é uma das doenças mais mortais que existem. O vírus pode ser contraído tanto de humanos como de animais. É transmitido por meio do contato com sangue, secreções ou outros fluídos corporais. Em algumas áreas da África, a infecção foi documentada por meio do contato com chimpanzés, gorilas, morcegos, macacos, antílopes selvagens e porcos-espinhos contaminados encontrados mortos ou doentes na floresta tropical.
Proteção: Ainda não há tratamento ou vacina contra o ebola.
O desmame da bolsa-empresário - Marcio Garcia
valor econômico
O desmame da bolsa-empresário
Márcio Garcia
Mais um empréstimo de R$ 30 bilhões a taxas subsidiadas (TJLP, 5%, ou menos) vai ser dado pelo Tesouro Nacional ao BNDES. As transferências do Tesouro a bancos públicos, iniciadas em 2008, montavam já a quase 10% do PIB, sendo R$ 414 bilhões para o BNDES. Tais recursos são reemprestados pelo BNDES a taxas também subsidiadas a empresas.
No entanto, a taxa de investimento agregado do país continua anêmica. O gráfico mostra que, apesar da hiperatividade do BNDES, não conseguimos aumentar a taxa de investimento, estacionada abaixo de 20%. Não é à toa que o crescimento médio do quadriênio 2011-2014 não deve ultrapassar raquíticos 2%.
Pode-se argumentar que o desempenho do investimento seria ainda pior se o BNDES não tivesse tomado esteroides. Mas não há evidencias de que esse seja o caso. Afinal, ao contrário de sua missão inicial, os desembolsos do BNDES vão, majoritariamente, para grandes empresas (67,9%, segundo o Relatório Anual de 2012, o último disponível no site do banco). Grandes empresas têm acesso aos mercados financeiro e de capitais, nacional e internacional. Só recorrem ao BNDES por causa do subsídio.
É preciso reduzir os desembolsos do BNDES e elevar gradualmente a TJLP em direção à Selic
Calcula-se que o custo da bolsa-empresário represente mais do que 0,6% do PIB, maior do que o da Bolsa Família (cerca de 0,5% do PIB). E o custo é crescente. Mesmo que estivesse dando certo, não haveria recursos para manter o crescimento dos desembolsos do BNDES por muito mais tempo.
A grande expansão do orçamento paralelo no BNDES vem sendo usada para mascarar a verdadeira situação da política fiscal. O Tesouro Nacional, com elevado custo de capital, empresta de forma subsidiada ao BNDES, que reempresta os recursos com uma pequena margem. Isso gera lucros para o BNDES, parte dos quais são repassados de volta ao Tesouro como dividendos. Ou seja, no cômputo geral da operação, o Tesouro incorre em elevado prejuízo, mas, na contabilidade pública, sua receita primária aumenta! Essa é a mágica contábil que, apesar de repetidas promessas, o governo se recusa a deixar de fazer.
Em 2015, seria ajuizado que o (a) próximo (a) presidente revertesse a tendência de expansão dos empréstimos subsidiados. Como o BNDES empresta em longo prazo, o melhor seria que tal mudança ocorresse lentamente, diminuindo os desembolsos e aumentando paulatinamente a TJLP em direção à Selic, para evitar que projetos de investimento em curso sejam prejudicados. Seria imprudente continuar aumentando os empréstimos até que uma crise fiscal venha a se abater. Mas o jogo não cooperativo da política pode acabar nos levando ao pior resultado.
Recentemente, líderes empresariais reagiram ferozmente a críticas aos subsídios do BNDES. Um executivo do setor automotivo, falando em off, declarou: "O Brasil tem grandes problemas de competitividade, gerados, inclusive, pelo custo de capital e pela falta de um mercado de capitais, forte e dinâmico.... Considero que sejam válidos os financiamentos apenas para investimentos produtivos concedidos a taxas incentivadas para dar maior competitividade às empresas enquanto as grandes reformas necessárias não são feitas no país, como a tributária e previdenciária" (Valor, 8/5/2014, página A6).
Ou seja, em vez de se bater pelas reformas que, de fato, poderiam ajudar a resolver o problema do elevado custo de capital e da falta de competitividade das empresas brasileiras, o líder empresarial entrevistado prefere a lógica do "farinha pouca, meu pirão primeiro". Primeiro, que sejam feitas as reformas. Só então, retirem meu subsídio!
Se parte da elite empresarial do país reage de forma tão não cooperativa a propostas de reformas, por que deveriam outros beneficiários de programas governamentais agir diferentemente? Definitivamente, não será fácil o trabalho do (a) próximo (a) presidente!
Márcio G. P. Garcia, Ph.D. por Stanford, é professor da Cátedra Vinci de Economia, PUC-Rio. Escreve mensalmente neste espaço.
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