sexta-feira, 15 de agosto de 2014

TeVê

TV PAGA » Nova série no Max

Estado de Minas: 15/08/2014


 (HBO/Divulgação)


Estreia hoje, às 21h, no canal Max, a série The Knick (abreviatura de The Knickerbocker Hospital). Dirigida por Steven Soderbergh, a produção conta a história de enfermeiros e cirurgiões de um hospital de Nova York, nos anos 1900, que vão além dos limites da medicina em uma época com alto índice de mortalidade e sem antibióticos. Clive Owen (foto) está à frente do elenco.

Telecine Premium exibe suspense de Ridley Scott

Outra estreia de hoje é do suspense O conselheiro do crime, de Ridley Scott, com Cameron Diaz, Penélope Cruz e Michael Fassbender, às 22h, no Telecine Premium. Na Cultura, também às 22h, será exibido o drama Há tanto tempo que te amo, de Philippe Claudel, com Kristin Scott Thomas. No Megapix, o destaque é a saga dos vampiros adolescentes, com a exibição em sequência de Crepúsculo (15h30), Lua nova (17h50), Eclipse (20h15) e Amanhecer – Parte 1 (22h35). Na faixa das 22h, o assinante tem mais cinco opções: Nove crônicas para um coração aos berros, no Canal Brasil; O homem com punhos de ferro, no Telecine Action; Terapia de risco, na HBO 2; Django livre, no Max Prime; e Morto ao chegar, no TCM. Outras atrações da programação: O plano perfeito, às 19h50, no Space, e Zumbilândia, às 22h30, na TNT.

Canal History vai fazer  uma viagem no tempo

O History estreia hoje, às 20h, Panamá – O país que uniu o mundo. A série mostra os desafios, infortúnios e vitórias das pessoas que, bem intencionadas ou não, realizaram uma das obras de engenharia mais impressionantes de todos os tempos: o Canal do Panamá. A passagem tem 77,1 quilômetros de extensão e liga os oceanos Pacífico e Atlântico. Construído a partir de 1880, ele só foi inaugurado em 1913.

Muitos nazistas vieram se esconder na América

No canal Bio, o destaque de hoje é o especial Conspiração nazi, que explica como líderes nazistas se infiltraram em diferentes setores da sociedade latino-americana. Após a 2ª Guerra Mundial, e depois que centenas de líderes alemães fugiram para o continente americano, sempre se falou sobre a presença do nazismo na América Latina. Mas o plano que o Terceiro Reich tinha era de se infiltrar no continente muito antes do começo da guerra. Confira às 22h.

Curta! mostra estreia de  Calcanhotto no cinema

Dirigido por Allan Ribeiro, o curta-metragem Com vista para o céu marcou a estreia de Adriana Calcanhotto no cinema, fazendo uma reflexão sobre o cotidiano de duas pessoas em uma grande metrópole. O filme vai ao ar às 21h15, no canal Curta!, que exibe a seguir, às 21h30, o documentário No caminho da Expedição Langsdorff, reconstituindo a missão exploratória da região central do Brasil até a Amazônia, realizada em 1825. E às 23h30 é a vez de Amyr Klink – Mar sem fim, de Breno Silveira.



Golpe da barriga



Maria Ísis, personagem de Marina Ruy Barbosa, vai inventar que está grávida do amante   (Globo/Divulgação-8/7/13)
Maria Ísis, personagem de Marina Ruy Barbosa, vai inventar que está grávida do amante


A ruivinha “sweet child” do Comendador (Alexandre Nero), Maria Ísis (Marina Ruy Barbosa), vai contar uma mentira daquelas para o amado. Com medo de perdê-lo depois que a família do milionário entra em campo e aparece para tirar a paz dos pombinhos, a garota não pensa duas vezes e inventa que está grávida. Quando ele aparece no apartamento que mantém como ninho de amor, a jovem manda logo: “Estou esperando um filho seu”. José Alfredo se assusta e pergunta se ela tem certeza. Maria Ísis, temendo uma reação para lá de negativa, logo faz o jeitinho meigo. “Está desconfiando de mim? Se isso for verdade, dou meu jeito. Estou vendo nos seus olhos que não quer um filho meu. Está achando que posso ter engravidado de propósito. O famoso golpe da barriga... Mas fica tranquilo, isso não vai acontecer, eu dou meu jeito.” No entanto, o Comendador a tranquiliza. “Eu nunca vou abandonar minha ‘sweet child’. Adoro tudo que vem de você”, diz. Ele acrescenta que a história deles é uma coisa que quer que dure para sempre. Ela resmunga que não é verdade. José Alfredo se declara: “Acredita em mim, meu amor. Eu amo você. Mais do que tudo. E vou deixar de ser tão egoísta e vou começar a pensar no seu futuro, em te deixar mais segura. Independente dessa história de gravidez. Mas você precisa saber se isso é mesmo verdade, tem que fazer o teste, ir ao médico.” A garota fica aflita, pois percebe que pode ser pega numa tremenda mentira. Em tempo: o filho mais novo do Comendador, João Lucas (Daniel Rocha), ficará encantado por Maria Ísis e se interessará pela ninfeta, mesmo sabendo que é a amante de seu pai.

CONFIRA O QUE VEM POR AÍ
NA RODADA DO BRASILEIRÃO

O Alterosa esporte desta sexta-feira traz cobertura completa sobre a rodada do Campeonato Brasileiro, séries A e B, no fim de semana. Acompanhe com a apresentação de Leopoldo Siqueira e os comentários da bancada democrática.

CHEF FELIPE RAMEH ESTARÁ
EM ATRAÇÃO DO MAIS VOCÊ

O chef mineiro Felipe Rameh vai participar do quadro “Super chef celebridades”, do programa Mais você (Globo), nesta sexta-feira. Felipe dará um workshop especial para os candidatos Roberta Rodrigues, Thaíssa Carvalho, Paula Barbosa, Fábio Lago, Rodrigo Andrade, Thiago Mendonça e André Marques. Em sua aula, o chef adianta que passará algumas mensagens importantes para os aspirantes. “A comida tem que ser divertida e compartida; ingredientes considerados simplórios e corriqueiros podem ser transformar em verdadeiras maravilhas se bem trabalhados e, um prato naturalmente simples pode se tornar extremamente sofisticado de acordo com o olhar. Se eles aprenderem essas ‘lições’, se sairão bem no desafio”, adianta o professor.

NOVO QUADRO OFERECE
NORTE SOBRE PROFISSÕES

“Qual vai ser?” é o nome do quadro que estreia neste sábado no programa Como será? (Globo), que vai ao ar a partir de 6h. Toda semana, um estudante prestes a escolher sua carreira poderá experimentar três profissões: a de seus sonhos, a que seus pais gostariam que ele seguisse e a indicada por uma orientadora profissional. Na primeira edição, Vítor, de 16 anos, vai conhecer na prática três ofícios bem diferentes: engenharia civil, desenho industrial e pilotagem de aviões.


UM MEIO SORRISO

Em seu novo filme, Otto, o ator e diretor mineiro Ernane Alves viverá o palhaço Meio Sorriso (foto). Na trama, o garçom, Otto, interpretado por Ernane, é aspirante a poeta e também ganha a vida como palhaço, se apresentando nas ruas e praças da capital mineira. Às voltas com relacionamentos descompromissados, o rapaz se vê envolvido com a estudante de moda Samanta (Kícila Sá), com quem mantém uma relação movida a sexo, e Paula (Isabela Paes), uma jovem grávida, cujo namorado morreu recentemente. Dividido entre o desejo e o amor, Otto tenta trazer graça e sentido à sua rotina monótona entre o bar, onde trabalha, e seu apartamento no centro da cidade. Com referências do Neorrealismo italiano e Nouvelle Vague francesa, Ernane Alves busca em seus atores e em todo o universo fílmico de Otto um tom realista. O longa-metragem, que ainda não tem data de estreia, conta com as participações especiais de Eduardo Moreira (Grupo Galpão) e Rodrigo Robleño (ex-Cirque du Soleil).

VIVA

Paulo Vilhena é um ator que amadureceu e vem construindo, finalmente, uma carreira com bons papéis e desempenho à altura. Foi assim na série A teia e o mesmo se vê, agora, como o esquizofrênico Salvador, presidiário em Império.

VAIA

Globo derrapa feio ao não priorizar cobertura sobre a morte de Eduardo Campos, mantendo novelas no ar, no horário da tarde de anteontem, quando o telespectador esperava notícias do fato que chocou o país. Outros canais fizeram o que devia. 

Baile de cores

Novo disco da cantora Mônica Salmaso resgata antigas parcerias de Paulo César Pinheiro com Guinga. Poesia, melodia e harmonia sofisticadas revelam o que a MPB tem de melhor


Ana Clara Brant
Estado de Minas: 15/08/2014



Mônica Salmaso lança Corpo de baile, cujo repertório reúne algumas canções guardadas por 40 anos (Dani Gurgel/divulgação)
Mônica Salmaso lança Corpo de baile, cujo repertório reúne algumas canções guardadas por 40 anos

É impossível ficar indiferente à bela voz de Mônica Salmaso, seja num bate-papo descontraído por telefone ou, principalmente, no disco que ela acaba de lançar, Corpo de baile (Biscoito Fino). Com 14 preciosidades, fruto da parceria de Guinga com Paulo César Pinheiro, o CD começou a ser gestado há uma década. “Sabia que essas composições existiam, mas estavam guardadas. Ouvi a maioria delas naquela época e, ao longo do tempo, foram surgindo outras. Não estava pronta para encará-las há 10 anos, mas hoje sim. É como se estivesse me preparando esses anos todos para gravar esse repertório, mesmo sem saber disso. Foi um desafio”, afirma a cantora.

Boa parte das faixas é inédita, inclusive a que dá nome ao CD. Algumas surgiram há 40 anos. Outras são desconhecidas do grande público. A única exceção é Bolero de Satã, que Elis Regina gravou no disco Essa mulher. “Corpo de baile é um nome bem brasileiro, resume muito essa coisa de Brasil que o trabalho tem”, salienta.

Um dos destaques do novo trabalho é a gama variada de colaboradores. Mônica convidou nomes de peso para assinar os arranjos: Dori Caymmi, Tiago Costa, Nailor Proveta, Luca Raele, Nelson Ayres, Paulo Aragão e o marido, Teco Cardoso, responsável pela produção e pela direção musical.

Cor “As canções têm densidade musical, poética, melódica e harmônica. Achei que precisava colorir o repertório, esse baile de cores, com diferentes arranjadores para que uma faixa não pesasse sobre a outra. Discutimos minuciosamente cada música. Foi um trabalho a várias mãos, com muita antecedência, como se eles vestissem um arranjo em mim”, explica.

Satisfeita com as críticas elogiosas a Corpo de baile, a cantora está feliz com o que ouviu de Guinga e Paulo César Pinheiro. Mônica conta que os dois se emocionaram com o CD. “Esse projeto foi feito com o maior dos caprichos, com muito amor pela música. A força que esse disco tem, ainda mais com canções guardadas há 40 anos, é para emocionar mesmo”, destaca.

MPB pobre Em recente entrevista, Mônica Salmaso provocou alvoroço ao afirmar que a MPB “está pobre e nivelada por baixo”. Caetano Veloso chegou a declarar: “Entendo Mônica, uma cantora tão dotada e dedicada. Mas não tendo a pensar assim. De Guinga a Ivete Sangalo, de Valesca Popozuda a Thiago Amud, há todo um leque de possibilidades. Sou tropicalista. Se se nivela ‘por baixo’, tenho culpa no cartório. Ainda estou celebrando os fenômenos da axé music (meu favorito), da invasão do litoral pelo sertanejo e do baile funk, que em geral são vistos como meios de nivelar por baixo. Mas não posso viver sem Mônica.”

Para a cantora, a diferença de posições é normal. “Cada um tem o seu ponto de vista. Foi legal Caetano reconhecer o meu lado e eu entendo o lado dele. Adorei o final, quando ele diz que não pode viver sem mim”, comenta ela, rindo. “Obrigada, Caetano”, enfatiza.

Mônica Salmaso, que não frequenta as redes sociais, recebeu muitos comentários a apoiando e a criticando. A cantora diz que muita gente não compreendeu suas declarações. “Não generalizei. Desde o começo, minha carreira foi independente da grande indústria fonográfica. Nunca tive música em trilha de novela, por exemplo. Quando me referi à pobreza da MPB, falei da pobreza da produção musical em larga escala, que não valoriza o que a música tem de melhor. Tem um monte de coisas bonitas e legais, gente que está começando. Mas, infelizmente, muitos não compreenderam o que eu disse”, conclui.

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Corpo de baile foi capaz de “juntar” dois compositores que não se falam há mais de 20 anos. No livro A letra brasileira de Paulo César Pinheiro – Uma jornada musical!, a pesquisadora Conceição Campos explica a ruptura. Em 1991, em entrevista ao jornalista João Máximo, Guinga disse: “Cometi um erro ao acreditar que, sendo parceiro de um letrista consagrado, tudo aconteceria naturalmente. Mas não. Paulinho tinha a carreira dele e custei a perceber que precisava ter a minha própria. Ele era um parceiro com outra cabeça. Por exemplo, achava minhas músicas difíceis, herméticas, nada populares. Não acreditava nelas. É mais ou menos como ficar 21 anos num emprego e o patrão não te dar o mínimo valor. Um dia, você muda de emprego e novo patrão te acha o maior”.Chateado com essas declarações, Pinheiro considerou encerradas a amizade e a parceria. Entretanto, apesar de ex-amigos, um elogia o trabalho musical do outro. E ambos ficaram satisfeitos com o disco de Mônica Salmaso.

 Clássico instantâneo - Kiko Ferreira

 (Biscoito Fino/divulgação)

Quando Mônica Salmaso cita Zizi Possi e Nana Caymmi como referências, facilita o trabalho do ouvinte e dos resenhistas. Como Zizi, ela dialoga com os músicos, aprende com eles, participa do arranjo com um tipo de intimidade que antes era atribuído apenas a Alaíde Costa. Talvez, Rosa Passos. Por outro lado, quem identifica seu grave sem pressa, sua atitude quase solene na lida com melodias, harmonias e letras, pode se lembrar do clima do dueto de Nana Caymmi e Milton Nascimento em Sentinela – ao mesmo tempo sólido e místico, emocionado e etéreo, sangue e alma. Vísceras líricas expostas com elegância e densidade.

Não é difícil classificar seu 10º disco, Corpo de baile, como o melhor da carreira. Aqui o excepcional corpo de arranjadores, formado por Dori Caymmi, Nailor Proveta, Luca Raele, Nelson Ayres, Teco Cardoso (também produtor), Tiago Costa e Paulo Aragão, estrutura o instrumental para aproveitar o potencial e a maturidade da cantora. Os músicos seguem partituras e intenções com habilidade e paixão necessárias. Como elemento principal, a voz de Mônica alia técnica e disponibilidade para defender notas e palavras como fossem suas filhas prediletas e inseparáveis.

O repertório é, antes de tudo, revelador. São 14 canções compostas pela dupla Guinga e Paulo César Pinheiro entre as décadas de 1970 e 1980. O jovem Guinga, então na casa dos 20 anos, dividido entre a odontologia e a música, já revelava a veia atemporal que a maioria conhece a partir de seu disco de estreia, Simples e absurdo (1991), e da frutífera parceria com Aldir Blanc. Com exceção do clássico Bolero de Satã, que Elis Regina gravou no disco Essa mulher, em célebre dueto com Cauby Peixoto, o restante é conhecido de shows ou gravações pouco divulgadas. Cinco canções são inéditas – resultado do garimpo feito nas gavetas de antigos cassetes na casa de Pinheiro. Obras de quase juventude, mas com sustância de quem tem maior vivência.

Dono de um estilo clássico, que fez parte da crítica compará-lo a Tom Jobim e Sérgio Mendes e dizer que ele seria uma mistura de Cole Porter e Villa-Lobos, Guinga está bem representado nesta seleção com valsas (Nonsense, Corpo de baile), marcha (Rancho das sete cores), fado (Navegante), modinha (Sedutora), choro- canção (Fim dos tempos) e toada (Curimã).

Já as letras de Paulo César Pinheiro, um dos maiores da história recente da MPB, soam épicas e fazem justiça à sua experiência e habilidade técnica. Destaque para Fim dos tempos (“nossos rastros/ largam lastros/ soltam todos”), Bolero de Satã (“você me deixou como o fim da manhã”) e Nonsense (“acorda/ e no torpor se lança/ e no ar/ quer ver seu corpo/ que morre/ voar”). Pena que a dupla esteja separada.

O disco conta com participações preciosas, como o Quinteto Sujeito a Guincho, de clarinetas, e o acordeom de Toninho Ferragutti. Traz ainda Marlui Miranda, com longa tradição de música ligada aos índios. Ela participa da faixa Curimã contando uma história de pescaria dos suruís gapgires e aparece em foto com cabelo curto, à la Romeu, que contrasta com sua tradicional imagem de longa cabeleira.

CORPO DE BAILE
De Mônica Salmaso
Biscoito Fino
Preço sugerido: R$ 31,90

Uns caras legais

Uns caras legais
Paralamas do Sucesso completa 30 anos de carreira e lança CD e DVD gravados ao vivo. Álbum traz hits da carreira da banda carioca, com citações de Led Zeppelin e do Police

Mariana Peixoto
Estado de Minas: 15/08/2014


João Barone, Bi Ribeiro e Herbert Vianna mantêm a mesma formação da banda desde a estreia com Cinema mudo (Maurício Valladares/Divulgação)
João Barone, Bi Ribeiro e Herbert Vianna mantêm a mesma formação da banda desde a estreia com Cinema mudo

Dá para fazer diferente sendo o mesmo? Por certo que sim, como comprovam, mais uma vez, Herbert Vianna, João Barone e Bi Ribeiro. Os Paralamas do Sucesso – 30 anos, CD e DVD que registram a turnê comemorativa que a banda vem fazendo desde 2013, traz extenso material de toda a trajetória do grupo. Não há nada inédito, muitas das canções foram gravadas anteriormente em outros projetos ao vivo. Mesmo assim, há vigor na interpretação, o que por si só justifica o projeto.

São 28 canções no DVD, 10 a menos no CD. O show foi gravado em outubro de 2013, no Citibank Hall, no Rio. Ao contrário de outros projetos ao vivo dos Paralamas, este vem marcar o fim da turnê. “Tem gente que lança um DVD ao vivo no início, mas preferimos o contrário, até porque não vamos passar o resto da vida celebrando os 30 anos. Como o show está funcionando muito bem, vamos esticar um pouco mais a corda. A ideia é mantê-lo com um show-padrão dos Paralamas, sem o carimbo dos 30 anos. O Paul McCartney não faz isso com a turnê Out there?”, comenta Barone.

Ainda que a trajetória dos Paralamas tenha começado bem na virada da década de 1970 com a de 1980, a banda considera 1983 o ano-marco, por causa do lançamento do álbum de estreia, Cinema mudo. “Muita gente confunde, achando que é O passo do Lui (1984). Aproveitamos esse show então para voltar a tocar músicas que não tocávamos há muito, como Patrulha noturna e a própria Cinema mudo”, continua Barone.

Como todas as fases dos Paralamas estão registradas, há uma linha evolutiva que vai contando essa história. Um imenso telão no fundo do palco traz imagens da banda em edição rápida, acompanhada por uma jam instrumental (o chamado Vulcão dub), que serve como cartão de apresentações do show. Cada nova canção vem acompanhada com sua própria coleção de imagens.

“A montagem do repertório ocorreu de maneira muito harmônica. A ideia era experimentar sequências de músicas (que têm relação entre si). Os reggaes de um lado, rocks mais pesados do outro. Ao longo da turnê fizemos sutis mudanças no repertório, alguns arranjos diferentes. Tentamos fugir de qualquer coisa mais monótona”, acrescenta o baterista.

Entre sucessos como Quase um segundo, Meu erro, Lanterna dos afogados, Ela disse adeus, A novidade, Melô do marinheiro, Uma brasileira, entre várias outras, há algumas firulas. Uma citação de Whole lotta love, do Led Zeppelin, antecede a execução da roqueira O calibre; Vital e sua moto é emendada por Don’t stop so close to me e Every breath you take, do Police, uma das referências primeiras dos Paralamas. “A gravação foi feita da maneira mais fiel possível. Teve um ou outro erro, mas isso faz parte do realismo. Quando você erra, você geralmente se lembra do show. Fazer uma coisa impecável pode acabar ficando pasteurizada.”

Manter uma banda por três décadas e com a mesma formação não é para qualquer um. Há algum tempo os Paralamas se dão ao luxo de escolher bem os shows que vão fazer. De acordo com Barone, o número de apresentações mensais não passa de meia dúzia. “Se dependesse do Herbert, a gente faria um show por dia. Mas sabemos que uma das razões da longevidade da banda é controlar os shows. Temos que ser coerentes para não haver um desgaste maior que o necessário.” Entre os últimos shows desta turnê, a banda já está de olho no futuro. Os encontros entre os três Paralamas para trabalhar novas canções estão ocorrendo desde o início do ano. Quando houver uma boa coleção de músicas, gravam um novo álbum. Sem pressa, como manda a cartilha “paralâmica”.


 (Multishow/Reprodução)

TRABALHOS AO VIVO



. D (1987)
Quarto álbum da banda, foi gravado durante show da banda no Festival de Jazz em Montreux, na Suíça.


. Vamo batê lata (1995)
Álbum duplo, foi um sucesso de público – até então, o maior da banda – após o fracasso comercial do trabalho do ano anterior, Severino. Tinha quatro inéditas, incluindo Uma brasileira.


. Acústico (1999)
Gravado no Parque Lage, Rio, diferenciou-se dos projetos congêneres da época por trazer um repertório que enfatizava os lados B.


. Uns dias (2004)
Também duplo, o álbum reúne sucessos da banda, trouxe também uma série de convidados, como Edgard Scandurra, Dado Villa-Lobos, Roberto Frejat, Djavan, Nando Reis e Paulo Miklos.


. Ao vivo hoje (2006)
Registro da turnê do álbum lançado no ano anterior. Diferentemente dos trabalhos anteriores, esta gravação ao vivo ocorreu em estúdio, sem plateia.

. Rock in Rio 1985 (2007)
Trabalho que recupera a performance da banda em início de carreira, na primeira edição do Rock in Rio.

. Paralamas e Titãs juntos e ao vivo (2008)
Para marcar os 25 anos de carreira de cada uma das banda, foi realizada uma turnê conjunta. O registro foi feito na Marina da Glória, no Rio.

. Multishow ao vivo Brasil afora (2011)
Mais um registro da turnê de um álbum autoral (Brasil afora, de 2009, o mais recente trabalho de estúdio do grupo), o show conta com a participação de Zé Ramalho e Pitty.

Carlos Herculano Lopes - Música e cia.‏

Música e cia.

Carlos Herculano Lopes
carloslopes.mg@diariosassociados.com.br
Estado de Minas: 15/08/2014




Enquanto a tarde corria, temperatura amena, das mais agradáveis em Belo Horizonte, o homem aproveitava também, num daqueles raros dias de folga, para ouvir música. De todas as artes, embora pelas manhas do destino tenha se voltado para a literatura, é a que mais gosta. Saber tocar sanfona ou violão foi um dos sonhos acalentados na infância, infelizmente não realizado. Naquela época, ainda vivendo em sua terra, ouvir Afonso Abdala, da vizinha Rio Vermelho, e Dimar Silveira arrasarem numa oito baixos, ou Athayde Gomes e Miguel, no “velho pinho”, era o que havia de melhor.

Mas os tempos passaram e, morando em Belo Horizonte, aonde chegou adolescente, o tom era dado por Milton Nascimento e Fernando Brant. Escutar Travessia, uma das mais belas canções da MPB, era como receber um empurrão para seguir adiante quando as coisas não iam bem. Uma vez, tomando cerveja no Cozinha de Minas, em uma mesa onde Fernando estava, teve a oportunidade de contar-lhe essa história.

“Já não sofro, hoje faço, com meu braço o meu viver.” Não pode haver coisa mais bonita. Mercedes Sosa, “La Negra”; Athaualpa Yupanqui, autor de Los hermanos; a chilena Violeta Parra, com aquela vozinha miúda, mas que se agigantava quando cantava Gracias a la vida; o Grupo Taracón, que se apresentava nos DCEs das universidades ou em casas de shows alternativas também faziam nossas cabeças. Suas canções eram hinos rebeldes embalando aqueles devaneios de jovens que sonhavam mudar o mundo.

Uma vez, quando começou a trabalhar no Estado de Minas, teve a oportunidade de participar de entrevista com Mercedes Sosa, no La Taberna, dirigida por Fátima e Carlos Carretero. Foi glória maior. Como também foi – e já contou essa história aqui – levar Luiz Gonzaga ao Mercado Central. Ali, o Rei do Baião, com bastante dificuldade para enxergar, conversou com as pessoas, deu autógrafos, comprou queijo, farinha de mandioca e goiabada. Comerciante nenhum cobrou um tostão do mestre.

Enquanto a tarde corria, naquele sábado de vento ameno, que soprava sobre BH, o homem, não sem uma ponta de nostalgia, da qual às vezes não dá para escapar, lembrava-se de tudo isso. Mas também, após ouvir alguns CDs dos “velhos tempos”, voltou-se para os dias de hoje e, bem ansioso, porque tinha comprado o disco numa loja do Centro, começou a escutar Monica Salmaso, que ainda não conhecia.

“Você está perdendo”, havia dito um colega de trabalho. E o amigo tinha razão. Corpo de baile, o mais novo disco da cantora paulista, é um primor. As 14 que ela interpreta são de autoria de dois gigantes: Paulo César Pinheiro e Guinga. Navegante e Porto de Araújo foram eleitas por ele as mais bonitas. Assim como estão ótimos os arranjos, que de longe são o grande diferencial da MPB.

Mas não ficou só nisso. Naquele fim de tarde, que logo seria noite, mais música o esperava. Depois de tomar banho e fazer um lanche, o homem seguiu para o Teatro Bradesco, onde ocorria o projeto Viva os mestres, idealizado por Carminha Guerra, que há anos batalha pela cultura em Minas.

Assistiu, para coroar a noite, a um concerto sobre a obra de Strauss, com palestra de abertura feita por Guilherme Nascimento. Svetlana Tovstukha no violoncelo; Luiz Gustavo Carvalho ao piano; Baptiste Rodrigues no violino; Eliseu Barros na viola; e a soprano Eliane Coelho, todos arrasaram. Não precisava melhor.

Consumo excessivo de sódio mata 1,6 milhão de pessoas em todo o mundo

O problema é mais grave nos países em desenvolvimento, segundo um levantamento feito na Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard


Roberta Machado
Estado de Minas: 14/08/2014



De acordo com o relatório, cada pessoa consome, em média, 3,95g de sódio todos os dias (Raimundo Sampaio/CB/D.A Press)
De acordo com o relatório, cada pessoa consome, em média, 3,95g de sódio todos os dias


Mais de 1,6 milhão de pessoas morrem todos os anos em decorrência de problemas cardiovasculares causados pelo consumo excessivo de sódio. A informação é resultado de um levantamento feito na Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, que analisou dados de saúde de 187 países. De acordo com o relatório, cada pessoa consome, em média, 3,95g de sódio todos os dias. A porção é quase o dobro do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2g diários. No Brasil, esse índice é de 3,2g. O problema atinge com mais gravidade os países em desenvolvimento e a parcela pobre da população, que concentra quatro entre cada cinco vítimas de problemas cardiovasculares provocados pela substância.

Para calcular o efeito do sódio sobre a saúde global, os pesquisadores compararam informações de mais de 200 estudos sobre consumo com dados de causas de morte registradas entre 1980 e 2010 no mundo de acordo com idade, etnia e gênero. O levantamento mostrou que a cada 10 mortes associadas a causas cardiovasculares, uma ocorreu devido ao exagero de sal na alimentação.



Somente em 2010, estima-se que a ingestão exagerada provocou 687 mil óbitos por doenças coronárias, 685 mil devido a derrames e 276 mil por outros tipos de problemas cardiovasculares. O levantamento mostra que os homens representam 61,9% das fatalidades e que 40,4% das vítimas tinham menos de 70 anos. Os números podem, no entanto, ser ainda maiores. “Focamos a mortalidade cardiovascular, mas o sódio na dieta também é associado a doenças cardiovasculares não fatais, a doenças renais e ao câncer gástrico, o segundo maior em fatalidades no mundo”, ressalta o estudo publicado na revista The New England Journal of Medicine.

Maus hábitos Mais de 99% da população mundial exagera no sal, de acordo com o trabalho. Os níveis variam de 2,18g diários de sódio, registrados na África Subsaariana, a 5,51g, na Ásia Central. Dos 187 países estudados, 119 excedem o limite sugerido pela OMS em mais de 1g por dia. O estudo também encontra evidências de que o consumo mais moderado ajuda a combater a hipertensão. As populações com pressão mais baixa são aquelas em que o consumo diário fica entre 614mg e 2.391mg de sal.

Se todas as nações igualassem o consumo de sódio com a média mundial, os pesquisadores calculam que mais de meio milhão de mortes seriam evitadas todos os anos. “Nós vivemos banhados em sal”, lamenta Claudio Kater, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). “O sal é eliminado pelo rim. Mas, com a idade e com a própria hipertensão que o excesso provoca no organismo, o rim começa a perder a sua função, e acaba retendo mais sal. E isso causa um círculo vicioso.”

O sódio é encontrado naturalmente em diversos tipos de alimentos, mas está presente, principalmente, em comidas industrializadas e processadas. De acordo com dados da OMS, uma porção de carne enlatada tem 20 vezes a quantidade de sal contida no alimento em estado natural. Grãos in natura têm 35 vezes menos sódio do que flocos produzidos a partir deles, e amendoins ganham 400 vezes mais sal quando tostados e conservados para consumo.

“Estamos comendo mais alimentos processados do que naturais ao longo do dia. Até o leite passa por um processamento, o que leva à adição de sódio”, alerta Virginia Nascimento, vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição (Asbran). Os efeitos nocivos também podem ser compensados com o consumo de potássio, elemento presente em leguminosas, frutas e vegetais, como feijão, ervilhas e bananas. No entanto, o valor nutricional dessas comidas só é completo quando elas são consumidas ainda frescas, sem sal ou molhos. “Tem quem não consiga comer uma salada sem sal, e daqui a pouco a salada vai ser uma vilã”, ressalta a especialista.


Consumo nacional No Brasil, o Ministério da Saúde anunciou na terça-feira uma redução de 1,2 mil toneladas de sódio em pães industrializados e macarrões instantâneos. A previsão é de que, até 2020, mais de 28 mil toneladas da substância estejam fora das prateleiras como resultado de quatro termos de compromisso firmados entre Ministério da Saúde e a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia). O limite estabelecido para massas instantâneas, já em 2012, foi de 1,9g a cada porção de 100g. Agora, em 2014, pães de forma devem ter até 522mg, e as bisnaguinhas, 430m, para a mesma quantidade.

Carlos Alberto Machado, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), acredita que os limites impostos à indústria alimentícia deveriam ser mais severos. “Esse acordo é pífio. Em vez de pactuar pela média dos produtos, ele pactua pelo teto”, critica o médico, que participou ativamente das negociações entre a Abia, o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Uma em cada 10 marcas de comidas industrializadas testadas pelo Idec não cumpriu as metas determinadas em 2011, e muitas continham mais sódio do que o informado na embalagem – a legislação sanitária permite uma variação de 20% com relação aos valores declarados.

 “Isso é muito sério. Não dá para apenas melhorar o rótulo, porque a população não tem hábito de lê-lo. Tinha de vir um alerta de que o alimento é rico em sal e que aumenta o risco de hipertensão e de doença cardiovascular”, defende Machado. Uma resolução publicada pela Anvisa em 2010 restringia a publicidade de alimentos com quantidades elevadas de açúcar, gordura e sódio, e determinava que esses produtos deveriam exibir um alerta aos consumidores sobre os riscos que representam para a saúde. De acordo com a norma, todo alimento que contivesse mais de 400mg de sódio a cada porção de 100g deveria ter o aviso em sua embalagem. A resolução, no entanto, foi contestada e derrubada na Justiça pela Abia.

Eduardo Almeida Reis - Ciência‏

E tem mais uma coisa: um copo de vinho tinto por dia reduz o risco de desenvolver demências, especialmente o mal de Alzheimer



Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 15/08/2014







Se o leitor seguir à risca todas as recomendações da ciência, mesmo publicadas em revistas da maior respeitabilidade como Science e Nature, vai ficar maluco em pouquíssimo tempo. Durante séculos circulou a notícia de que uma taça de vinho às refeições fazia bem à saúde. Meus avós maternos passaram dos 90 bebendo álcool às refeições. Pouco, mas bebiam. Na falta do vinho, um cálice de cachaça.

O netinho exagerou nas doses e só agora foi informado de que cinco taças de vinho para os homens, e quatro para as mulheres, fazem um mal danado: transferem as bactérias do sistema digestório para o sistema circulatório. Ótimas no sistema digestório, as tais bactérias bagunçam o sistema circulatório. É o que diz a ciência e não explica o que acontece com as bactérias dos cavalheiros que tomam duas ou três garrafas de vinho às refeições, como tomei durante décadas.

Temos agora uma tentativa da ciência para reabilitar o vinho: é ótimo para combater os piolhos, perdão, os percevejos. É sabido que os percevejos gostam do sangue humano, mas os pesquisadores da Universidade de Nebraska-Lincoln, nos EUA, descobriram que os insetos da ordem dos hemípteros não gostam do sangue dos cavalheiros e damas alcoolizados. Portanto, beber vinho nos livra das picadas irritantes.

Ainda na área dos benefícios vínicos, a Sociedade Química Americana descobriu que o resveratrol, um composto encontrado na bebida, melhora o equilíbrio e reduz deficiências motoras, desde que o vinho seja tomado com moderação. E tem mais uma coisa: um copo de vinho tinto por dia reduz o risco de desenvolver demências, especialmente o mal de Alzheimer, como descobriram os pesquisadores do Instituto Central de Saúde Mental de Mannheim, na Alemanha.

Para inteirar a lista dos benefícios, os espanhóis descobriram que os vinhos, bebidos sem exageros, são ótimos para combater as bactérias responsáveis pelas cáries dentárias.

Lenga-lenga

Com a honrosa exceção do autor destas bem traçadas, está para nascer o brasileiro que, encarregado de escrever texto diário, hebdomadário, quinzenal ou mensal, não se queixe do papel em branco, da falta de assunto e, agora, da falta de “desejo”. Ora, bolas: se o negócio é tão difícil, nada mais fácil do que mudar de profissão ou não aceitar a incumbência. Que tal um cineminha levando a pipoca de casa? É divertido e você não enche o saco de ninguém; só enche o saco de grãos de milho que se abrem em flocos brancos, ao calor do fogo.

Em russo e em alfabeto cirílico, criado no século 9 pelos missionários macedônios Constantino (são Cirilo) e Metódio, Tolstói teria escrito: “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”. Liev Nicolaevitch, conde de Tolstói, nasceu em Yasnaya Polyana, a 12 quilômetros de Tula e a 200 de Moscou. Era filho de Nicolas Ilyitch, conde de Tolstói, e de Maria Nicolaevna, princesa de Volkonsky.

O Google tem foto da belíssima Yasnaya Polyana, hoje transformada em museu, literalmente “Clareira limpa”, mansão em que nasceu o autor de Guerra e Paz. Melhor que isso: o milagroso buscador nos informa que no estado da Paraíba, que produziu o imenso jornalista Moacir Japiassu, a cidade de Pombal tem como prefeita a senhora Yasnaia Pollyana Werton Feitosa.

Só aí o escriba tem assunto para mil crônicas, por maior que seja a sua falta de “desejo”. Releva notar que Tolstói (1828-1910) nasceu a 12 quilômetros de Tula, aldeia que tem hoje, transcorridos quase 200 anos, cerca de 500 mil habitantes. Nascesse em Belo Horizonte, capital das Minas Gerais, neste ano de 2014, pintaria até os universos paralelos, tantas são as notícias belo-horizontinas que nos chegam todos os dias.

O mundo é uma bola

15 de agosto de 636: primeiro dia da Batalha de Jamuque entre o Império Bizantino e o Califado Rashidun, cujo resultado seria uma vitória retumbante e decisiva dos muçulmanos, e a perda definitiva da Síria pelos bizantinos. O pacientíssimo leitor desta coluna deve ter notado que a história é uma sucessão de batalhas, como se a espécie humana não tivesse outra preocupação além de exterminar os seus semelhantes. Com o advento das armas de fogo, dos mísseis, da informática, o morticínio modernizou-se e ainda agora, na mesma região, temos um facínora barbudo querendo fundar um califado com seu relógio de pulso de R$ 470, o dobro do preço do meu Festina, que funciona muito bem.

Em 718, fim do segundo cerco árabe de Constantinopla, que durou 13 meses, com a retirada do Califado Omíada. Em 778, Batalha de Roncesvales, em que Rolando é morto, coitado. Em 927, os sarracenos invadem e destroem Tarento, na Itália. Em 982, Otão II é derrotado pelos sarracenos na Batalha de Capo Colonna, na Calábria. Em 1018, Eustácio Dafnomeles, general bizantino, captura Ivatz da Bulgária e encerra a resistência búlgara contra a conquista bizantina da Bulgária pelo imperador Basílio II Bulgaróctone. Em 1040, o rei Duncan I é morto numa batalha por seu primo Macbeth, que lhe sucedeu como rei da Escócia. Meu espaço felizmente zé fini quando ainda havia batalhas a montões neste 15 de agosto. Hoje é feriado numa infinidade de cidades brasileiras.

Ruminanças

“O brasileiro é um feriado” (Nelson Rodrigues, 1912-1980).

Gestão de alto desempenho em saúde‏

Gestão de alto desempenho em saúde

Tânia Furtado
Coordenadora do MBA executivo em saúde da Faculdade IBS/FGV
Estado de Minas: 15/08/2014


É senso comum afirmar que os sistemas de saúde no Brasil apresentam desafios de grande porte. E não faltam juízes com teorias para diagnosticar a origem do problema. Poucos, no entanto, estão aptos a argumentar, em linha consistente, a realidade de que a gestão por qualidade na área de saúde abrange um conjunto de instrumentos, métodos e práticas em um modelo integrado. Esse sistema exige competências para garantir o cultivo de novas habilidades e melhores práticas de disseminação da dinâmica empresarial. Nos últimos anos, as organizações têm despertado mais atenção para aspectos e oportunidades econômicas resultantes de melhores processos na gestão do trabalho. O gasto anual do segmento de saúde corresponde a 10,2% do PIB brasileiro, portanto, é um gerador de desenvolvimento técnico e de empregos. Isso representa um desafio para diminuir o custo e aumentar a qualidade dos serviços, exigindo a contratação de profissionais capacitados e abrindo novas oportunidades de carreira.

Diariamente, os gestores de saúde enfrentam desafios que exigem respostas rápidas, garantam a sobrevivência das organizações e a satisfação das expectativas da sociedade. O setor demanda pesados investimentos em recursos humanos e tecnologia de ponta, que requer a destinação de investimentos elevados. É importante que o profissional dessa área tire o foco das questões puramente econômicas e administrativas e estabeleça um olhar mais atento às questões de ordem social, tecnológica, política e cultural, que também influenciam o ambiente organizacional.

A avaliação da qualidade dos serviços de saúde vem se intensificando e gerando questionamentos e transformações importantes nas organizações, basicamente por fatos relacionados aos seus custos e considerando a necessidade de definir parâmetros de qualificação do atendimento humanizado para a população brasileira. Não há mais como ignorar o confronto que existe entre os aspectos éticos, técnicos, econômicos e sociais da prestação de um serviço, no qual existe um conjunto formado pela união de tarefas de forma planejada para o alcance de metas estabelecidas.

Além desse conflito, a falta de mão de obra qualificada na área é uma realidade. Dados do IBGE de 2010 indicam que o número de matrículas em cursos de graduação e pós-graduação equivale a 2,6% da população, número muito baixo considerando o enorme potencial de crescimento do país. A troca de informações em sala de aula contribuiu para que se revelem novas oportunidades de trabalho e modelos diferenciados de gestão. A maioria dos alunos dos cursos de gestão em saúde ocupa posição de destaque, exerce papéis de liderança e assume responsabilidades, sabendo identificar a direção e o locus da decisão. 

O sentido da gestão por qualidade, portanto, é desenvolver competências interpessoais que facilitem o gerenciamento de pessoas e equipes de alto desempenho, e harmonizar o funcionamento dos diversos setores da organização, além de fortalecer as relações internas e externas. Outro aspecto importante é identificar oportunidades e calcular eventuais interferências e ameaças futuras à tomada de decisão institucional.

Considerando todas essas competências a serem desenvolvidas, observamos que isso só é possível com uma formação adequada, metodologia eficaz e que leve em consideração aspectos cognitivos e psicológicos. Não se trata, portanto, de problema a se resolver em debates mal fundamentados.

Benefícios do café gourmet‏

Benefícios do café gourmet
Qualidade é buscada desde a colheita e separação dos grãos
Rúbia Duarte
Barista e avaliadora de qualidade
(Q-grader)
Estado de Minas: 15/08/2014


O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo. A bebida, que tem um lugar especial na alimentação dos brasileiros, se destaca também em forma de café gourmet. De acordo com a Associação Brasileira de Indústria de Café (Abic), o consumo interno de café no Brasil é de aproximadamente 20 milhões de sacas. Entre elas, um milhão de sacas são de cafés gourmet. A ABIC revela ainda que a expectativa é de que nos próximos 10 anos o café gourmet represente de 10% a 12% da produção no país. O consumo moderado do café beneficia a saúde humana e contribui para prevenção de várias doenças. O café gourmet gera benefícios comprovados para a saúde e é considerado como planta funcional. Previne doenças como depressão,   Parkinson e Alzheimer, estimula o aprendizado e faz bem ao coração. Além de ser antioxidante, atua na prevenção do envelhecimento e ajuda na redução de peso. Todos esses benefícios são resultado da variedade de nutrientes encontrados no grão do café.  

Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, a cafeína não é o único nutriente encontrado no café. Nos grãos de café também estão presentes potássio, zinco, ferro, diversos outros minerais em pequenas quantidades, aminoácidos, proteínas, lipídeos, açúcares, polissacarídeos e um enorme número de polifenóis antioxidantes, que retardam o envelhecimento. Cada um desses nutrientes tem qualidades e benefícios que ajudam a prevenir as doenças citadas. Em quantidade dosada, a cafeína é estimulante e age diretamente contra a depressão, dando mais energia e vitalidade. A torrefação é um dos processos mais importantes na preparação do café, é onde se assegura o gosto, o cheiro e os benefícios para a saúde, garantindo uma maior quantidade de nutrientes no grão. O ponto de torra do café gourmet é de médio para claro, o que acarreta diminuição da quantidade de cafeína e conservação dos nutrientes. Já no café comum, o grão torra até ficar mais escuro, fazendo com que a quantidade de cafeína seja alta, e causando perda de grande parte desses nutrientes por se queimar muito. A primeira colheita deve ser seletiva para garantir a qualidade do café. Após essa etapa, separa-se o grão verde, preto e ardido, eliminando os ruins. Em todas as plantações existem esses grãos, porém, o importante é saber separar os bons e os que não são propícios para o preparo do café especial. Durante o processo, os grãos escolhidos seguem para uma mesa para serem avaliados e aprovados pelo degustador. Isso assegura a qualidade da bebida e garante os benefícios para a saúde.

O grão deve ser 100% arábica para ser considerado um café gourmet. Esse tipo é mais adocicado, leve, delicado e com sabor intenso. É importante que se tenha cuidado também na hora do preparo para garantir que os benefícios e as qualidades desse café cheguem à mesa. A temperatura da água deve estar no ponto ideal, não pode estar fervendo, caso contrário pode acabar queimando o café e estragando a bebida. O café gourmet é mais trabalhado e tem uma qualidade extremamente superior, garantindo uma bebida com múltiplos nutrientes para uma vida mais saudável.