quarta-feira, 9 de julho de 2014

TeVê

tv paga
Estado de Minas: 09/07/2014


 (Terrence Jennings/Picturegroup)


Em alto e bom som

Muita música na programação de hoje. No canal Arte 1, as atrações são os documentários A alma roqueira de Noel, em que o titã Paulo Miklos faz uma homenagem ao centenário de Noel Rosa, às 20h30; e Gainsbourg – O homem que amava as mulheres, de Joann Sfar, sobre o cantor e ator francês Serge Gainsbourg, às 22h. Também às 22h, no SescTV, tem show dos rappers norte-americanos Iasiin “Mos Def” Bey e Talib Kweli (foto). Outro destaque é o especial de Os Simpsons no mundo do rock, com sete episódios com a participação das bandas Blink 182, Metallica, White Strippes, U2 e Ramones e dos cantores Elvis Costello, Mick Jagger, Lenny Kravitz, Tom Petty, Keith Richards e Brian Setzer, às 22h30, na Fox.

Hoje vai ter festança
na casa de Tom Hanks

No pacote de filmes, um dos destaques é a homenagem do Telecine Touch a Tom Hanks, que hoje completa 58 anos, com a exibição de Prenda-me se for capaz, às 17h; e Forrest Gump – O contador de histórias, às 19h30. Na faixa das 22h, o assinante tem oito opções: Desconhecido, no Space; A sogra, na HBO 2; É o fim, na HBO; Amostras grátis, na HBO HD; Cinco anos de noivado, no Telecine Touch; Truque de mestre, no Telecine Pipoca; Febre do rato, no Telecine Cult; e Encontrando Forrester, no TCM. Outras atrações da programação: O despertar de uma paixão, às 19h40, no MGM; Vanilla Sky, às 19h55, no Megapix; O ilusionista, às 21h, no Cinemax; Viagem do medo, às 22h30, no FX; e Filha do mal, às 22h35, no Universal Channel.

Boas histórias podem
vir em forma de curta

O canal Curta! emenda esta noite três curtas-metragens, a partir das 20h: Morte, dirigido por José Roberto Torero, com Paulo José e Laura Cardoso; Ribeirinhos do asfalto, de Jorane Castro, com Dira Paes; e A revolta dos carnudos, de Eliana Fonseca, com Edson Celulari e Gerson de Abreu. Às 22h44, a emissora exibe Ensaio de cinema, de Allan Ribeiro. E às 23h, vai ao ar a primeira parte do documentário Do Terceiro Reich a Hollywood, de Karen Thomas, que lembra a migração de cineastas judeus que fugiram da Alemanha rumo aos Estados Unidos.

Canal Sony reprisa a
série (Des)Encontros

O canal Sony reprisa a partir de hoje a série (Des)Encontros, que narra histórias de amor, aventuras e desventuras de quem procura a alma gêmea, contando no elenco com Juliana Schalch, Thaís Pacholek, Paulinho Vilhena e Thaila Ayala. A produção será exibida às quartas-feiras, às 23h, e aos sábados, às 21h30. Já o canal Off encerra hoje, às 22h30, a temporada da série Diário das ilhas, que reúne grandes nomes do surfe, como Cesarano, Ricardinho dos Santos, Derek, Yan Daberkow, Junior Faria e Lucas Silveira.

NatGeo lista grandes
obras da engenharia

Por fim tem o NatGeo, com uma seleção de documentários e episódios de algumas de suas séries mais populares, reunidos no especial Grandes obras construídas pela engenharia. A partir das 20h45, o canal apresenta “A ferrovia mais alta do mundo”, “Gigantes da engenharia – Arranha-céu Burj Dibai”, “Estação Central de Berlim”, “O maior edifício ecossustentável do mundo” e “Golden Gate”.

CARAS E BOCAS » Além do limite



Helena (Júlia Lemmertz) discute e atira em ex-amor do passado (João Miguel Júnior/Globo )
Helena (Júlia Lemmertz) discute e atira em ex-amor do passado

Na trama de Em família (Globo), depois de mais uma cena de ciúmes, Laerte (Gabriel Braga Nunes) perde a cabeça, tira Luiza (Bruna Marquezine) de uma aula de fotografia no galpão e a humilha diante de outros alunos. Motivo: um deles elogia a beleza da garota. “Está aqui para se exibir? Ganhar elogios? E quem é o folgado aí?”, esbraveja Laerte, que pega a noiva pelo braço e a arrasta para fora da sala. Arrasada, Luiza se desvencilha dele, pega o carro e sai em direção
à casa dos pais. Em seu veículo,

o flautista a segue em disparada. Pelo telefone, eles continuam a discussão. Helena é avisada sobre
o que está ocorrendo, chega em casa antes e conta a Virgílio (Humberto Martins) que a filha está em perigo. Neste momento, Luiza chega assustada e aos gritos. Laerte força a entrada no apartamento. Helena o expulsa, mas ele se recusa a sair. Até que ela abre uma gaveta e tira uma arma. Laerte desafia a ex-noiva a atirar. Virgílio e Luiza pedem que ela não faça isso. Mas Helena atira.


TELEJORNAL CONFERE
O CLIMA APÓS O JOGO

Confira tudo o que rolou em Belo Horizonte antes e depois do jogão entre Brasil e Alemanha, ontem, no Mineirão, nas reportagens do Jornal da Alterosa – 1ª edição desta quarta-feira.

FIGURANTES QUEREM
PARTICIPAR DE SÉRIE

Game of thrones é sensação total. E tem uma fila enorme de figurantes que querem participar da série. Uma produtora da Espanha, onde ocorre parte da gravação, recebeu mais de 10 mil inscrições em 24 horas. Os testes serão realizados em setembro. A quinta temporada da série, que estreia no ano que vem, terá a província de Sevilha como locação para o reino de Dorne, terra da família Martell.

ELIANA VAI GRAVAR
PROGRAMA NOS EUA

Depois de Dubai, o próximo destino de Eliana será os Estados Unidos. A apresentadora tem viagem marcada para Orlando e Miami em agosto, para gravar reportagens para seu programa, que vai ao ar aos domingos, no SBT/Alterosa. Outro destino deve ser Israel, mas a data ainda não foi marcada.


PRECONCEITO RACIAL

O Na moral (Globo) desta quinta-feira vai falar sobre racismo. Entre os convidados estarão Taís Araújo (foto), Zezé Motta e Thiaguinho. De acordo com o site do programa de Pedro Bial, os convidados contam que a educação e a autoestima incentivada pela família lhes tiraram do limbo do preconceito racial. No cerne do debate estão cotas raciais e a participação de atores negros em novelas e comerciais. Taís Araújo, que foi a primeira protagonista negra em uma telenovela, Xica da Silva, hoje casada com o ator Lázaro Ramos, com quem tem o filho Vicente, acredita que sua geração sofreu menos que a de Zezé Motta, que interpretou a mesma personagem no filme de Cacá Diegues. Ela afirma: “E assim como eu, meu filho vai sofrer menos, mas ainda assim vai passar por muitas dificuldades, porque o problema no Brasil é cultural. Está enraizado. Vida de nego é difícil mesmo, mas é só bater a bola que a gente devolve”.


VIVA

As chamadas das novas produções O rebu, Império e Boogie oogie (Globo): criativas.


VAIA

Festival de erros no último programa do SuperStar (Globo). Apresentadores
sem sintonia. 

Caprichos didáticos - Kiko Ferreira

Caprichos didáticos 
 
Um dos maiores nomes da música instrumental no Brasil, especialista em chorinho, Hamilton de Holanda dá aula na internet e lança álbum com 24 temas para bandolim 
 
Kiko Ferreira
Estado de Minas: 09/07/2014

Hamilton de Holanda teve o cuidado de se cercar de um grupo de músicos do primeiro time (Felipe Diniz/Divulgação)
Hamilton de Holanda teve o cuidado de se cercar de um grupo de músicos do primeiro time


É comum o argumento de que muitos alunos não respeitam mais professores nem conseguem acompanhar as aulas porque o ritmo, o desenho e dinâmica das aulas não são interessantes. Quem quiser estudar o bandolim de 10 cordas, criação do músico e compositor Hamilton de Holanda, tem no projeto Caprichos e no álbum homônimo dois instrumentos que fogem da suposta chatice das aulas expositivas e formam uma proposta sedutora que fornece ferramentas tanto para aprendizagem e exercício de instrumentistas como para fruição de quem só procura uma boa música para ouvir e se inspirar.
A ideia, contemplada com o Prêmio Funarte de Música Brasileira, começou quando Hamilton começou a solfejar livremente, num exercício sem maiores pretensões. Gostou do resultado, ligou o celular e gravou a primeira das “historinhas de melodias”. E assim foi por alguns dias, até que viu que elas começaram a formar um conjunto. Como mestre Paganini, autor dos famosos caprichos para violino que são paradigma e desafio para instrumentistas do mundo todo, o brasiliense nascido no Rio de Janeiro chegou a seus 24 caprichos.

Eles estão gravados com som de alta definição e se encontram divididos igualmente nos dois CDs do álbum e disponíveis no site hamiltondeholanda.com/ caprichos, com direito a comentários e textos esclarecedores sobre cada tema e partituras, que podem ser baixadas nos formatos .pdf ou XML, que permitem ao estudioso criar seu próprio arranjo ou adaptar a composição para outro instrumento. O músico convoca ainda o internauta a comentar, modificar ou simplesmente criar novas melodias e enviar de volta pelo próprio site.

Com oito caprichos para bandolim solo e 16 compostos para dividir com outros instrumentos, o projeto sintetiza os 15 anos dedicados à composição e a técnica desenvolvida para o instrumento. Antes de comentar alguns dos caprichos, vale ressaltar que os músicos que acompanham Hamilton são de primeiríssima linha: André Mehmari (piano), André Vasconcellos (baixo), Bebê Kramer (acordeom), Gabriel Grossi (harmônica), Guto Wirtti (baixo), Rafael dos Anjos (violão), Rogério Caetano (7 cordas) e Thiago da Serrinha (percussão). Os temas, tão claramente didáticos, e demonstram a habilidade do executante em traduzir lembranças, ambientes, paisagens, influências, gêneros e até traduções livres dos estilos de outros mestres e gurus.

Se alguns caprichosos soam mais próximos do que ele chama de “poesia de notas musicais”, como os caprichos Da Lua, Do Sol e Do retirante, outros sugerem geografias sonoras (De Espanha, Do Oriente, Venezuelano), loas a grandes autores (Do Luperce, De Pixinguinha, Bachiano, De Donga, De Raphael e Do Carmo) e outros apenas saborosos exercícios de livre composição (Da hora, De chocolate) ou reverência a ritmos e estilos musicais (De choro, De valsa). Um trabalho que sobrevive bem como um conjunto de boas composições ou como peças didáticas instigantes e inspiradoras para estudiosos do bandolim e da música brasileira.

Eduardo Almeida Reis-Melhores‏

Melhores
 
Charutos, sabonetes, xampus, lençóis, toalhas: sempre que possível, prefiro os melhores. Até nas cervejas me arrisco de vez em quando


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas : 09/07/2014






Por falta de meios, que nunca foi crime, jamais tive o melhor automóvel, a melhor casa, o melhor vinho, sempre muito caros, mas gosto dos melhores produtos ao alcance da minha bolsa. Por exemplo: aquele treco que a gente pendura da torneira do chuveiro ou do registro do banheiro, treco niquelado para botar os xampus e os sabonetes, pendurar a escova, essas coisas que usamos nos banhos. É niquelado? Deve ser. Gosto do melhor à venda no mercado e só posso comprar pessoalmente. Pedindo à operadora de forno e fogão, já sei que vai comprar o baratinho. Não dura um mês, período em que fico chateado no boxe vendo aquela josta enferrujar. O “melhor” também enferruja, mas leva tempo.

Charutos, sabonetes, xampus, lençóis, toalhas: sempre que possível, prefiro os melhores. Até nas cervejas me arrisco de vez em quando: uma ou duas ampolas da Deus ou da Duvel para dar sabor à vida.

Televisão

Na tevê a cabo há canais interessantíssimos, um deles da NatGeo. Divulga besteiras divertidas, como aquele grupo de malucos que viaja pelos Estados Unidos comprando armas para revender em leilões. Avaliadores barbados, imensamente gordos, em roupas esquisitas e metidos a engraçados, sabem tudo sobre armas. Se antigo, um par de pistolas de duelo vale no leilão US$ 7 mil. Machado viking com 900 anos também vale uma fortuna.

Programas “técnicos” exibem coisas ótimas. Um deles, sobre visão e ilusões de ótica, me deixou de queixo caído. Fui procurar no Google o nome do inventor de uma “cadeira” que, na dependência da perspectiva, deixa baixinho um sujeito de 1,98m, mas o buscador tem 225 mil entradas para “ilusão de ótica perspectiva cadeira de”.

Já o canal Esporte Interativo, da Top Sports Ventures S/A, prefere locutores e comentaristas de futebol adeptos de imundícies e obscenidades. Se a geradora dá um close no treinador da seleção da Alemanha os engraçadinhos começam a recomendar que o senhor Joachim Löw não tire meleca do nariz e falam de farofa de meleca. Mais adiante, comentando uma falta, dizem que o jogador tirou o seu da reta e se perdem nas divagações sobre fiofós. Às quatro da tarde, transmitindo ao vivo e em cores o amistoso da Alemanha contra Camarões, partida vista por crianças, jovens e adultos sérios. Não dá para acreditar.

Números

Maio foi o mês mais violento do ano de 2014 no Iraque: morreram 900 pessoas. Multiplicando por 12 meses teremos 10.800 mortes neste ano e o Iraque, sabe o leitor, anda em guerras internas e externas há muitos anos. Vivem no Iraque cerca de 32 milhões de pessoas, a sexta parte da população brasileira.

Neste suelto assustador, 10.800 mortes representam o mês mais violento multiplicado por 12, cálculo exagerado. Seria mais honesto prever 9 mil mortes no Iraque no ano de 2014. Dizem os pesquisadores que o Brasil teve, ano passado, 56 mil homicídios. Dividindo por seis, consideradas nossa população e a do Iraque, encontramos 9.333 mortes, donde se conclui que a violência por aqui é praticamente igual à daquele país.

No dia em que escrevo anoto frase admirável do ministro da Justiça, o professor José Eduardo Cardozo, sobre a Copa: “Todos os policiais e as policiais femininas”. Se todos os policiais não incluem as policiais femininas concluo, com a admirável lucidez que me caracteriza: já não se fazem Eduardos como antigamente.

Um deles, de sobrenome Snowden, traiu seu país. Outro, o barrigudo e cabeludo Eduardo Tadeu Pinto Martins, que se diz publicitário, matou o zelador do prédio paulistano em que morava, botou o corpo na mala do carro, levou-o para sua casa na Praia Grande, a 100 quilômetros do prédio, e foi preso em flagrante quando assava pedaços do zelador numa churrasqueira à vista dos que transitavam pela calçada.

O mundo é uma bola

9 de julho de 1540: dissolução do casamento de Henrique VIII e Ana de Cleves, celebrado no dia 6 de janeiro. Nascida em Düsseldorf, Ana era filha de João III, duque de Cleves, líder de um dos estados germânicos pioneiros no Movimento Protestante, o que o tornava aliado potencial para Henrique VIII, chefe da recém-criada Igreja Anglicana. Thomas Cromwell, chanceler do reino, defendia a união de Ana com o rei.

Hans Holbein, o Jovem, foi contratado para pintar um retrato de Ana, quadro que animou Henrique VIII. Quando Ana chegou à Inglaterra o rei ficou desolado: o talento de Holbein apagou do rosto da noiva todas as marcas da varíola. Apesar dos buracos, Henrique se casou com ela no dia 6 de janeiro, quando já trazia d’olho Catarina Howard, de 15 aninhos, uma das aias de Ana. Começou a transar com a menina sem consumar o casamento com a filha do duque de Cleves.

Anulado o casamento, o rei se casou com Catarina, mas recompensou Ana com o usufruto do Castelo de Hever, generosa pensão e os títulos de princesa da Inglaterra e Irmã do Rei. Ela morreu em agosto de 1557 e está enterrada na Abadia de Westminster. Hoje é o Dia do Protético.

Ruminanças

 “Na inauguração da inacabada Transcarioca, o Custo Brasil incluiu uma búlgara de primeira geração tocando pandeiro” (R. Manso Neto).

Exposição na Inglaterra mostra novas formas de produzir fotografias

Registros revolucionários
 
Máquinas são capazes de gerar imagens de objetos atrás de uma parede ou criar formas de três dimensões usando apenas um pixel


Roberta Machado
Estado de Minas: 09/07/2014


Brasília – O importante não é a quantidade, sim a qualidade – ao menos no que diz respeito a câmeras. Os mais avançados projetos de fotografia trocam os imensos grupos de megapixels por conjuntos de sensores mais modestos, mas de precisão impressionante. As máquinas divulgadas recentemente em uma exposição científica da Royal Society, na Inglaterra, são capazes até mesmo de registrar objetos que estão fora do campo de visão graças a sistemas 10 vezes mais sensíveis que o olho humano e 1 bilhão de vezes mais rápidos que um piscar de olhos. Outro projeto, também apresentado no evento realizado na semana passada, usa um só pixel para clicar objetos em três dimensões e em espectros invisíveis para equipamentos comuns.

Os pesquisadores da Glasgow University desenvolveram um tipo especial de sensor ultrarrápido, com velocidade suficiente para flagrar a luz enquanto ela ainda viaja pelo ar. Os detectores da câmera, que tem apenas 1.024 pixels, são feitos para registrar um único fóton de luz por vez. “Eles são de uma tecnologia chamada fotodiodos de fóton único, baseados no efeito avalanche”, destaca Jonathan Leach, pesquisador da Universidade Heriot-Watt e autor da pesquisa. Cada um desses pixels pode ser ativado a uma velocidade de 15 bilhões de frames por segundo, enquanto a velocidade de uma câmera de vídeo normal é de apenas 24 cenas no mesmo período.

O novo equipamento é tão rápido que filma na velocidade da luz, usando uma série de imagens cuidadosamente cronometradas para recriar a passagem dos fótons pelo espaço. O sistema funciona em conjunto com um laser: conforme o raio é emitido, os sensores da máquina são acionados. Os fótons, que se espalham naturalmente pelo ar, são invisíveis para o olho humano, mas suficientes para que a câmera registre cada um em pixels individuais.

Como o sistema tem registro do momento exato em que a luz foi emitida, ele consegue calcular o tempo que ela levou para refletir no ar e voltar ao aparelho. Isso permite ao dispositivo calcular onde aquele ponto de luz esteve e faça a reconstrução da cena. Esta é a primeira vez que um efeito como esse é registrado sem o uso de um meio especial de dispersão da luz (como água, por exemplo) para medir o sinal da fonte luminosa.

Além do alcance A dinâmica é testada e visualizada com um simples feixe de laser refletido, mas tem potencial em situações mais práticas. O dispositivo, explicam seus criadores, pode capturar imagens que estão além do campo de visão, como objetos escondidos atrás de uma parede ou dentro de um prédio. “O tempo que a luz leva para chegar à câmera diz onde está o objeto. E a forma ou o padrão da luz dispersada pode dizer como ele é. Cada objeto tem uma forma única de luz dispersa”, esclarece Leach.

A exposição da Royal Society foi a primeira ocasião em que a câmera superveloz foi usada fora do ambiente laboratorial. No futuro, ela deve estar pronta para diversas aplicações, como missões de resgate, monitoramento de reações químicas ou diferentes aplicações médicas. Um exemplo é o exame de endoscopia, que se tornaria mais simples com uma câmera capaz de registrar aspectos ocultos na velocidade da luz.

A outra câmera demonstrada na exibição também usa uma técnica de reconstrução de imagens para criar um aparelho simples e de capacidade impressionante. A máquina ilumina o alvo com uma série de padrões variados de luzes por alguns segundos e, depois, combina as fotos registradas por um único pixel para criar uma fotografia. Conforme as imagens são registradas, o quebra-cabeça é formado de maneira quase sobrenatural, em um processo conhecido como ghost imaging (imagem fantasma, em inglês).

O trabalho já havia sido descrito no ano passado em um artigo na revista Science, no qual os pesquisadores explicavam como utilizam a técnica para produzir imagens tridimensionais de maneira rápida e relativamente barata. Na exposição inglesa, o grupo mostrou o quanto o projeto evoluiu desde então. “Não projetamos mais padrões de luz na cena para medir a luz refletida. Em vez disso, usamos a luz ambiente no cômodo ou de fora, que está iluminando a cena, e simplesmente medimos alguns padrões da imagem”, ressalta Matthew Edgar, da Universidade de Glasgow, no Reino Unido.

O dispositivo também ganhou projetores de luz 20 vezes mais rápidos, que permitem registrar um vídeo em tempo real, e foi aprimorado para produzir imagens em cores. “Estamos usando (o aparelho) para detectar diferentes cores de luz, em particular as do ‘infravermelho de ondas curtas’, que câmeras normais não podem ver e são captadas por tecnologias muito caras”, revela Edgar. O aparelho já é capaz de registrar imagens coloridas e em infravermelho simultaneamente e tem mais usos em potencial que uma câmera comum, apesar da simplicidade do projeto.

segredo está nos sensores Segundo os cientistas, a técnica pode ser usada para fotografar pessoas em três dimensões. O segredo está no uso de sensores em diferentes posições, que registram diferentes imagens e depois as combinam em um único objeto. Nessa dinâmica, é o sensor que determina o sombreamento da figura, e não a fonte de luz que incide sobre o objeto. O papel da fotografia é invertido, e o sensor faz o papel de fonte de luz, enquanto o projetor se comporta como a lente da câmera.

A pesquisa da câmera de pixel único tem se destacado como a primeira que pode não somente se igualar, mas superar equipamentos comuns usando a técnica da imagem fantasma, um campo de estudos que é alvo de experimentos há mais de 20 anos – até pouco tempo atrás, o princípio de fotografia invertido ficava limitado a experimentos de laboratório. De acordo com seus criadores, a invenção teria um grande uso na criação de aparelhos de visão noturna, na detecção de gases aparentemente incolores e na localização de tumores.

Regras brasileiras para a internet Warley Mól

Estado de Minas: 09/07/2014


O Marco Civil da Internet, sancionado recentemente pela presidente Dilma Rousseff, vinha sendo discutido na Câmara Federal desde 2011. A aprovação dessa lei se tornou urgente, principalmente depois das denúncias de espionagem da agência de inteligência dos Estados Unidos no ano passado. Mas, ao final desse longo processo, o item sobre armazenamento de dados no Brasil, que tinha o objetivo de coibir atos de espionagem, não foi aprovado pelo Senado. Na prática, essa lei não acarretará grandes mudanças na forma como usuários comuns lidam com a internet, porém, apresenta mais obrigações e limitações para os responsáveis pela transmissão, comutação ou roteamento dos dados que trafegam na internet e pela disponibilização de aplicações na rede.

De acordo com a nova lei, o usuário passa a ter inteira responsabilidade por quaisquer ônus causados com relação às suas atividades e publicações realizadas na internet. As empresas que oferecem conteúdos e aplicações na internet serão responsabilizadas por publicações realizadas por terceiros apenas quando não for respeitada alguma ordem judicial requisitando a sua exclusão.

Sendo assim, a cautela no armazenamento e divulgação de fotos, vídeos ou outros arquivos de conteúdo confidencial deve continuar a pautar as atividades dos usuários. Uma vez divulgado um conteúdo indevido, mesmo que sobrevenha ordem judicial determinando a indisponibilidade dele logo depois, pode ser muito tarde para impedir sua perpetuação na mídia. Alguns minutos “no ar” são suficientes para milhares de acessos e downloads.

A única exceção à regra diz respeito a casos de imagens, vídeos ou outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter privado, que deverão ser tirados do ar mediante simples notificação do participante, ou de seu representante legal.

Para os provedores de acesso, conteúdo e aplicações de internet, foram designadas algumas responsabilidades a serem cumpridas, tais como o dever de manter os registros de conexão de usuários à internet sob sigilo pelo prazo de um ano; a obrigação de manter os registros de acesso a aplicações de internet, sob sigilo, em ambiente controlado e de segurança, pelo prazo de seis meses; e o dever de neutralidade da rede, que pode ser resumido em poucas palavras como a impossibilidade de o provedor beneficiar esse ou aquele website parceiro, conferindo-lhe uma maior velocidade de acesso em virtude, por exemplo, de interesses econômicos.

Outra responsabilidade que os provedores devem assumir é a privacidade com relação aos conteúdos das mensagens postadas, enviadas ou recebidas pelos usuários e com relação à navegação desses usuários nos seus websites. A utilização da análise dos conteúdos de mensagens e da navegação dos usuários não poderá ser realizada sem autorização prévia, o que diminui a eficácia das campanhas direcionadas de marketing.

As obrigações e limitações criadas pelo Marco Civil da Internet do Brasil são muito relevantes para nosso cenário atual. Já era necessário dar o pontapé inicial para a regulamentação da utilização dessa grandiosa rede de computadores em nosso país. Ela ajuda a mostrar aos usuários o rumo para melhor usufruir dos benefícios da internet e para saber o que cobrar dos seus provedores de serviços. Os provedores, por sua vez, passam a perceber que os dados dos usuários não podem ser usados da forma como lhes convier, sem nenhuma regra. A evolução dessa regulamentação precisa ser contínua, democrática e sem censura, sempre assegurando a liberdade de expressão, comunicação, manifestação do pensamento e a proteção da privacidade do cidadão de bem.

CRôNICA » Em Copa não! Carlos Herculano Lopes‏

CRôNICA » Em Copa não!
Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 09/07/2014


Perplexidade e tristeza com vexame da Seleção nos bares do Hipercentro (cristina horta/em/d.a press)
Perplexidade e tristeza com vexame da Seleção nos bares do Hipercentro

Quarenta e quatro anos depois de assistir à final da Copa de 1970 – Brasil contra Itália, vencemos por 4 a 1, jogo que já virou lenda) –, em frente à escadaria da Igreja São José, onde a prefeitura instalou uma televisão em preto e branco, volto novamente ao Centro de Belo Horizonte em dia de Mundial. Dessa vez, vou aos bares da Avenida Amazonas, no quarteirão entre as ruas da Bahia e Espírito Santo. Nas TVs coloridas e telões, jogam Brasil e Alemanha.

O país mudou muito. Não somos 90 milhões, mas 200 milhões de habitantes. Não vivemos mais nos anos de chumbo da ditadura militar, mas em plena democracia. Nem somos mais tão pobres, pois a situação melhorou muito. Basta andar por aí e observar. Nem sou aquele adolescente cheio de espinhas e sonhos, mas um homem de cabelos brancos, chamado de senhor por muitos.

Só uma coisa, podem acreditar, continua a mesma: a paixão do nosso povo pelo futebol. Perplexo e sem querer acreditar, vi a Seleção Brasileira ser vergonhosamente derrotada pela Alemanha por 7 a 1. Testemunhei – como prova de civilidade e de que nosso povo amadureceu – dezenas de pessoas se levantarem, muitas com lágrimas no rosto, para aplaudir os alemães.

Quarenta e quatro anos depois, junto àquela gente anônima, assistindo ao jogo de que jamais iremos nos esquecer – as derrotas costumam pesar mais do que as vitórias –, voltei a ser, pelo menos por alguns momentos, o adolescente que teve o privilégio de ver a Seleção Canarinho massacrar os italianos, como agora ocorreu conosco. Caímos sem nenhuma glória frente aos alemães.

Também torci e roí as unhas, fiquei tenso, despistei lágrimas que insistiram em cair, consolei e fui consolado por estranhos. Uma adolescente vestida de verde-amarelo, ao ver minha desolação, estendeu-me a mão, sorriu timidamente e disse: “Em Copa não, veio. Em Copa isso jamais pode acontecer”. Depois, atendendo ao chamado de uma mulher, que talvez fosse sua mãe, ela se despediu. As duas desceram a avenida e foram embora. Afinal de contas, a vida precisa continuar. 

CRÔNICA » Ladrões de bola - Arnaldo Viana‏

CRÔNICA » Ladrões de bola
Fica triste não, galera! Torça pela Alemanha. É ela que joga o legítimo futebol brasileiro

Arnaldo Viana
Estado de Minas: 09/07/2014


 (Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
 O papai e a menininha aí do lado, desolados, nem desconfiavam de que estão nos furtando. Há muito os europeus estão levando nossos jogadores. Os melhores. Devagarinho, sugam deles o futebol. O futebol herdado dos craques dos anos 1950, 1960, 1970, aquele que está abaixo de pai e filha, nos pés de Müller. E quando devolvem algum, ele vem murcho como uma laranja chupada. A torcida brasileira sofreu no Mineirão sem desconfiar que os europeus sabem virar a bola de um lado a outro do campo. Que sabem fazer tabelinha, do tipo Pelé-Coutinho (deveria ter sido patenteada), dar passe de trivela e até esnobam nos lançamentos de 40 metros. E o toque de bola dos europeus? Está aprimoradíssimo. Entendem agora por que pagam 10, 20, 30 milhões de euros por um mínimo de talento que brota neste país? Levam, espremem e devolvem a mamucha. Esse é o motivo pelo qual 99% dos jogadores brasileiros repatriados não jogam mais nem um terço do que jogavam antes de atravessar o Atlântico. Nem é preciso citar exemplos. “Mas a maioria dos convocados ainda joga lá”, afirma o distraído. Jogam e já estão sugadinhos da Silva. Só o Neymar ainda conserva alguma seiva, porque saiu há pouco tempo. É isso. Estão furtando nossa capacidade de jogar bola. “Que bola?”, pergunta o lateral Marcelo. “Aquela que os alemães estão jogando”, responde o Fred. E é um furto confessado. Lembram-se da frase do Josep Guardiola, quando ele dirigia o Barcelona? “Estamos jogando como o Brasil jogava nos anos 1970.” E onde está o Pep Guardiola agora? No Bayern de Munique, inocente!

E os europeus estão se revezando no uso do nosso futebol. Em 2010, foi a Espanha. E o praticou com sabedoria para dobrar a Holanda. Este ano, emprestaram-no à Alemanha. E ela vem exibi-lo exatamente contra nós, numa falta de respeito sem tamanho. Tabelinhas, finalizações precisas, passada de bola para ninguém botar defeito. “Tabelinha, passe correto, finalização precisa, o que é isso”, pergunta Felipão. “É aquilo que os alemães estão fazendo lá no campo”, responde Thiago Silva, encolhidinho no banco de reservas. Os argentinos ficam aí nas esquinas, com essa cantoria boba de “Maradona es mejor que Pelé”. Eles que se cuidem. Quando os europeus se cansarem da nosso estilo vão cair em cima deles. E com essa gringaiada na cidade é bom as vovós e as comadres em geral esconderem bem as receitas de pão de queijo. Eles gostaram tanto que podem sugar a fórmula. É sabido que é impossível copiar o pão de queijo mineiro. Mas é bom evitar. Um genérico pode dar muito trabalho.

Bom, tá certo. Furtaram nosso jeito de jogar e vem aqui nos humilhar. Mas, não houve a menor resistência. A Alemanha simplesmente desfilou, como se estivesse passeando na Pampulha. É aí que entra o Felipão. Ele esta no rádio com uma autoimitação: “Os convocados são Neymar, Fred, Bernard, Jô e o colchão xis-xis”. O repórter pergunta: “Por que o colchão xix-xis Felipão?”. O técnico responde: “Para que os jogadores durmam bem e entrem em campo descansados”. Pois então. Ou o dito  colchão é muito bom e os 23 da galera canarinho de tão relaxados continuam dormindo até quando entram em campo, ou é danado de ruim para deixá-los sonolentos e incapazes de correr atrás da bola. “Que bola?”, perguntam em coro 21 dos 23 da galera canarinho (noves fora o Neymar, que estava em casa doente, e o Marcelo, que já perguntou isso lá atrás). “É esta redondinha que estamos jogando”, respondem em coro os alemães Thomas Müller, Klose, Özil, Schuerrle, Khedira, Schweinsteiger, Hummels…