Protestos populares
Eleição dirá se manifestações de junho tiveram só um lampejo da juventude
Jessé Saturnino
Paulo Diniz
Professores da Faculdade Pará de Minas
Estado de Minas: 17/01/2014
As eleições gerais de
2014 revelarão um dos segredos mais intrigantes do Brasil em sua
história democrática recente: o efeito das manifestações de junho
passado sobre a forma de votação do eleitor brasileiro. Considerando uma
perspectiva estrutural, será que algo mudou? Em qual medida foi
alterada a capacidade de julgamento e avaliação do eleitor, no que se
refere à escolha de seus representantes junto ao Estado? O fato
principal a ser considerado é o protagonismo da juventude brasileira
durante a mobilização popular de 2013: além de constituir, visivelmente,
o maior grupo que foi às ruas, os jovens forneceram a motivação e a
esperança para que brasileiros de outras idades também se manifestassem.
De volta à rotina, resta saber se os jovens brasileiros aprenderam
alguma lição sobre civismo e democracia, ou se apenas se entediaram e
abriram mão de suas reivindicações. Uma terceira hipótese, entretanto,
parece mais viável à luz dos tempos pós-modernos em que vivemos.
Alguns autores das ciências sociais afirmam que, em fins do século passado, uma nova configuração social começou a ser vislumbrada, marcada pela destruição da sociedade moderna com a qual todos estavam acostumados. Segundo o sociólogo Zygmunt Baumam, transformou-se o mundo “sólido” da modernidade em um mundo pós-moderno “líquido”. Nesse mundo líquido, as formas e configurações sociais são sempre efêmeras e passageiras; escapam constantemente dos limites tradicionais dos padrões de comportamento, mais estáveis e sólidos, do passado. A política e a participação não ficaram imunes à liquefação do mundo. A mobilização popular do inverno passado, no Brasil, pode negar ou corroborar essa teoria de um mundo líquido: os jovens e suas reivindicações, mostradas em alegres e irreverentes cartazes, mobilizados a partir das redes sociais, podem ter tido apenas um lampejo juvenil. Depois de consumir o produto “manifestação política”, os jovens teriam partido logo depois para consumir outras coisas, e assim terem algo novo para postar em seus perfis nas redes sociais. Ante à perspectiva de que as mobilizações populares de junho tenham sido apenas mais um produto de consumo da juventude brasileira, o que podemos então esperar das eleições do ano que vem? Um coeficiente de mudança ocorrerá, inegavelmente, se não pela ação do eleitor, com certeza pela reação dos vários políticos que buscam se antecipar àquilo que interpretam como sendo “a voz das ruas”.
Outro aspecto importante deriva do fato de que muitos jovens podem, sim, ter despertado para a política de maneira permanente, assim como ocorreu após os protestos de 1992 e as eleições de 1989.
Independentemente da profundidade e consistência desses efeitos, o que se espera é que a experiência de comunhão real, e não somente virtual, com outras centenas de milhares de pessoas, em torno do objetivo de melhorar a atuação do Poder Público no Brasil, seja por demais impactante para ser deixada de lado como o interesse por uma subcelebridade televisiva qualquer.
Alguns autores das ciências sociais afirmam que, em fins do século passado, uma nova configuração social começou a ser vislumbrada, marcada pela destruição da sociedade moderna com a qual todos estavam acostumados. Segundo o sociólogo Zygmunt Baumam, transformou-se o mundo “sólido” da modernidade em um mundo pós-moderno “líquido”. Nesse mundo líquido, as formas e configurações sociais são sempre efêmeras e passageiras; escapam constantemente dos limites tradicionais dos padrões de comportamento, mais estáveis e sólidos, do passado. A política e a participação não ficaram imunes à liquefação do mundo. A mobilização popular do inverno passado, no Brasil, pode negar ou corroborar essa teoria de um mundo líquido: os jovens e suas reivindicações, mostradas em alegres e irreverentes cartazes, mobilizados a partir das redes sociais, podem ter tido apenas um lampejo juvenil. Depois de consumir o produto “manifestação política”, os jovens teriam partido logo depois para consumir outras coisas, e assim terem algo novo para postar em seus perfis nas redes sociais. Ante à perspectiva de que as mobilizações populares de junho tenham sido apenas mais um produto de consumo da juventude brasileira, o que podemos então esperar das eleições do ano que vem? Um coeficiente de mudança ocorrerá, inegavelmente, se não pela ação do eleitor, com certeza pela reação dos vários políticos que buscam se antecipar àquilo que interpretam como sendo “a voz das ruas”.
Outro aspecto importante deriva do fato de que muitos jovens podem, sim, ter despertado para a política de maneira permanente, assim como ocorreu após os protestos de 1992 e as eleições de 1989.
Independentemente da profundidade e consistência desses efeitos, o que se espera é que a experiência de comunhão real, e não somente virtual, com outras centenas de milhares de pessoas, em torno do objetivo de melhorar a atuação do Poder Público no Brasil, seja por demais impactante para ser deixada de lado como o interesse por uma subcelebridade televisiva qualquer.
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