Sentimos necessidade
exagerada de rótulos. De definir o que é velho e o que é novo. De
enquadrar o bom e o ruim. E, muitas vezes, na nossa sociedade ocidental,
velho é igual a ruim e novo a bom. O cinema não existe mais. O livro e o
jornal de papel acabaram. Telefone fixo já era. Pelo menos é isso que
se ouviu por aí, em uma busca frenética por matar o velho para vender o
novo.
Disseram que o DVD e os filmes pela internet iriam acabar com o cinema. Que livros digitais e sites de notícias iriam aposentar seus equivalentes impressos e que a telefonia celular acabaria com o telefone fixo. Mas todas essas tecnologias continuam entre nós. O cinema se reinventou. A telefonia fixa agregou serviços de internet e TV. Os livros e os jornais de papel continuam por aí. É certo que a tendência à diminuição de escala é evidente, mas essas tecnologias continuam tendo suas aplicações. De fato, chegará a hora em que elas não serão mais reconhecidas, tamanha a transformação que sofrerão, mas esse tipo de transição não costuma ocorrer de forma abrupta no tempo.
O ponto a ser questionado aqui é essa estranha necessidade de matar um conceito para criar outro, em vez de uma abordagem de transição e complementariedade, baseada em necessidades reais da sociedade, não em necessidades de geração de lucro na indústria.
Você se lembra do tocador de MP3, que, quando passou a tocar vídeos MP4, passou a se chamar MP4? Depois disso vieram MP5, MP6, MP 1 milhão, cujos nomes não fazem o menor sentido técnico, mas pelo fato de ser um número maior, sugerem a obsolescência do modelo anterior. Quantas daquelas oito funções que um MP11 teria a mais em relação ao MP3 de fato seriam utilizadas? Aliás, quais eram elas mesmo?
O ritmo de consumo que estamos estabelecendo está exaurindo nosso planeta. Pensemos em quanta matéria-prima é necessária para produzir tantos objetos sem utilidade. As quatro cabeças extras do videocassete, que nunca foram utilizadas. O fone de ouvido que veio com seu celular velho e que você só se lembrou dele no dia em que foi jogar a caixa fora. Quanto metal, quanta água e quanto petróleo não foram direto para o lixo?
A máxima de Lavoisier “na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma” é clara no sentido de que nada termina e nada começa. Mas isso não vende. Isso não induz as pessoas a jogar o velho fora e gastar dinheiro com um produto novo. E produtos de durabilidade prolongada não permitem novas vendas. Consumidores esclarecidos sobre o que estão comprando não despenderão dinheiro a mais por um recurso inútil ou pela substituição de algo que já lhes atende.
A contramão dessa conversa toda está na ruptura do paradigma da posse. Essa ruptura se dá por meio de duas palavras-chave: compartilhamento e serviços.
Ao substituir a posse pelo uso, os recursos podem ser compartilhados e, assim, utilizados de forma mais dinâmica. Uma bicicleta alugada atende muito mais pessoas com a mesma matéria prima do que se cada indivíduo optasse por comprar sua própria bicicleta. O mesmo princípio vale para a computação em nuvem (cloud computing), onde o uso de servidores compartilhados reduz a quantidade de servidores alocados dentro das empresas individualmente. Transporte coletivo eficiente é muito melhor do que um carro de 1,5 tonelada para transportar um único ser humano de 80 quilos.
Essa conversa poderia ir ainda mais longe se observássemos essa questão sob o viés antagônico do “ter” ou “ser”, onde o ter remete à posse de produtos e o “ser” remete ao usufruto de serviços. Mas, para não filosofar demais, fiquemos com um único ponto de reflexão: será que tudo que a indústria tenta nos convencer a jogar fora e comprar de novo realmente é necessário?. Nosso planeta (e o nosso bolso) certamente vão ficar felizes se começarmos a dizer mais vezes “não”.
Disseram que o DVD e os filmes pela internet iriam acabar com o cinema. Que livros digitais e sites de notícias iriam aposentar seus equivalentes impressos e que a telefonia celular acabaria com o telefone fixo. Mas todas essas tecnologias continuam entre nós. O cinema se reinventou. A telefonia fixa agregou serviços de internet e TV. Os livros e os jornais de papel continuam por aí. É certo que a tendência à diminuição de escala é evidente, mas essas tecnologias continuam tendo suas aplicações. De fato, chegará a hora em que elas não serão mais reconhecidas, tamanha a transformação que sofrerão, mas esse tipo de transição não costuma ocorrer de forma abrupta no tempo.
O ponto a ser questionado aqui é essa estranha necessidade de matar um conceito para criar outro, em vez de uma abordagem de transição e complementariedade, baseada em necessidades reais da sociedade, não em necessidades de geração de lucro na indústria.
Você se lembra do tocador de MP3, que, quando passou a tocar vídeos MP4, passou a se chamar MP4? Depois disso vieram MP5, MP6, MP 1 milhão, cujos nomes não fazem o menor sentido técnico, mas pelo fato de ser um número maior, sugerem a obsolescência do modelo anterior. Quantas daquelas oito funções que um MP11 teria a mais em relação ao MP3 de fato seriam utilizadas? Aliás, quais eram elas mesmo?
O ritmo de consumo que estamos estabelecendo está exaurindo nosso planeta. Pensemos em quanta matéria-prima é necessária para produzir tantos objetos sem utilidade. As quatro cabeças extras do videocassete, que nunca foram utilizadas. O fone de ouvido que veio com seu celular velho e que você só se lembrou dele no dia em que foi jogar a caixa fora. Quanto metal, quanta água e quanto petróleo não foram direto para o lixo?
A máxima de Lavoisier “na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma” é clara no sentido de que nada termina e nada começa. Mas isso não vende. Isso não induz as pessoas a jogar o velho fora e gastar dinheiro com um produto novo. E produtos de durabilidade prolongada não permitem novas vendas. Consumidores esclarecidos sobre o que estão comprando não despenderão dinheiro a mais por um recurso inútil ou pela substituição de algo que já lhes atende.
A contramão dessa conversa toda está na ruptura do paradigma da posse. Essa ruptura se dá por meio de duas palavras-chave: compartilhamento e serviços.
Ao substituir a posse pelo uso, os recursos podem ser compartilhados e, assim, utilizados de forma mais dinâmica. Uma bicicleta alugada atende muito mais pessoas com a mesma matéria prima do que se cada indivíduo optasse por comprar sua própria bicicleta. O mesmo princípio vale para a computação em nuvem (cloud computing), onde o uso de servidores compartilhados reduz a quantidade de servidores alocados dentro das empresas individualmente. Transporte coletivo eficiente é muito melhor do que um carro de 1,5 tonelada para transportar um único ser humano de 80 quilos.
Essa conversa poderia ir ainda mais longe se observássemos essa questão sob o viés antagônico do “ter” ou “ser”, onde o ter remete à posse de produtos e o “ser” remete ao usufruto de serviços. Mas, para não filosofar demais, fiquemos com um único ponto de reflexão: será que tudo que a indústria tenta nos convencer a jogar fora e comprar de novo realmente é necessário?. Nosso planeta (e o nosso bolso) certamente vão ficar felizes se começarmos a dizer mais vezes “não”.
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