quinta-feira, 24 de julho de 2014

Futuros engenheiros

Falta sintonia entre a formação acadêmica dos nossos profissionais de engenharia e as necessidades específicas das empresas


Olavo Machado
Presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Sistema Fiemg)
Estado de Minas: 24/07/2014



O acirramento da concorrência entre empresas de todo o mundo, consequência da globalização da economia, tornou obrigatória a preocupação com a inovação e o desenvolvimento tecnológico – são fatores reconhecidos como decisivos na conquista de mercados, sobretudo nestes tempos de grave crise mundial. Foi esse cenário que motivou a Fiemg a criar o Programa Futuros Engenheiros – Capacitando Universitários para a Indústria. Nossa convicção, fundamentada na experiência de países vitoriosos em sua economia e em sua indústria, é a de que a engenharia é crucial para sustentar um processo consistente de inovação e desenvolvimento de tecnologia.

Inspirou-nos, igualmente, a realidade do ensino de engenharia no Brasil, que nos deixa em extrema desvantagem em relação a inúmeros países com os quais disputamos mercados nos quatro cantos do mundo. Estatísticas oficiais mostram que, hoje, para cada 50 graduandos, o Brasil forma apenas um engenheiro. A Coreia do Sul forma quatro vezes mais. Em números absolutos, enquanto o Brasil passa a contar com apenas 32 mil novos engenheiros anualmente, a Coreia do Sul forma mais do que o dobro (80 mil), a Rússia forma mais do que o triplo (100 mil), a Índia forma quase oito vezes mais (250 mil) e a China forma 400 mil – ou seja, 12 vezes mais.

A distância que nos separa desses países é quilométrica e aumenta a cada ano: de acordo com estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil precisa formar pelo menos 60 mil engenheiros a cada ano, o dobro, portanto, da capacidade de nossas universidades. Além de tudo isso, convivemos com outro desafio – a falta de sintonia entre a formação acadêmica dos nossos engenheiros e as necessidades específicas das empresas.

O Programa Futuros Engenheiros – Capacitando Universitários para a Indústria foi idealizado, portanto, para cumprir dois objetivos fundamentais: em primeiro lugar, chamar a atenção para o crescente déficit de profissionais e, via de consequência, alertar para a necessidade de ampliação das vagas em nossas escolas de engenharia. O segundo objetivo, igualmente relevante, é o de oferecer aos estudantes de engenharia a oportunidade de ampliar os seus conhecimentos técnicos e práticos, preparando-os para atuar na indústria.

O programa também tem como foco fazer com que os estudantes entendam melhor a prática do dia a dia da profissão que escolheram, de forma a incentivá-los a progredir na engenharia, reduzindo a evasão de profissionais para outras áreas de conhecimento. Na verdade, a criação do Programa Futuros Engenheiros foi uma resposta da Fiemg às demandas das empresas por estudantes de engenharia e recém-formados com maiores conhecimentos práticos e comportamento organizacional para atuar e contribuir para o desenvolvimento da indústria mineira. A ideia é propiciar ao graduando mais contato com sua profissão e, às empresas, a possibilidade de contar com profissionais mais completos e cientes das reais necessidades da indústria.

Com esses objetivos, o programa é operacionalizado pelo Sistema Federação das Indústrias de Minas Gerais, com a participação das entidades que o integram: a gestão é feita pelo Instituto EuvaldoLodi (IEL), com a participação do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em cujas unidades os estudantes de engenharia participam de cursos de aperfeiçoamento.

Nossa expectativa é a de fazer do Programa Futuros Engenheiros um instrumento eficaz de sensibilização dos estudantes recém-formados para a importância da engenharia na indústria – e, também, que forneça aos estudantes conhecimentos para a prática cotidiana do setor industrial. Nossa crença é a de que os engenheiros são personagens decisivos no processo de transformação do conhecimento em inovação e tecnologia. São, igualmente, profissionais imprescindíveis na implementação dessas inovações nos sistemas produtivos.

Essas são premissas que nos animam a seguir adiante com o Programa Futuros Engenheiros, que acaba de formar a sua primeira turma e já é reconhecido pela Confederação Nacional da Indústria como modelo a ser replicado em todos os estados brasileiros como instrumento de ampliação da competitividade da indústria nacional.

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