Paraty
Como explicar o hino tocado e cantado nos
leilões de gado? Que patriotismo existe em ajuntar pessoas para vender e
comprar vacas, touros, cavalos?
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 01/08/2014
Amanhã, 2 de
agosto, é dia de compromisso na Flip, a 12ª Festa Literária
Internacional de Paraty: às 10h, na mesa 11, você pode encontrar Charles
Ferguson trocando ideias com Glenn Greenwald. Antes das nove da matina,
Marcia e Moacir Japiassu devem pegar a estrada (RJ-165) que liga o
Engenho Maravalha, em Cunha, SP, à cidade de Paraty, RJ. Diz o Google
que a viagem demora 46 minutos e as pirambeiras descortinadas pelos
aventureiros rivalizam com as daquela estrada boliviana.
Charles
Ferguson, cientista político e matemático, publica livros desde 1990 e
ficou célebre como documentarista cinematográfico. Glenn Greenwald,
também norte-americano, jornalista, escritor e advogado
constitucionalista, casado com o brasileiro David Miranda, ficou célebre
pela divulgação, através do jornal britânico The Guardian, dos
documentos desviados pelo traidor Edward Snowden, provando que o
principal objetivo do presidente Barak H. Obama sempre foi espionar a
presidente Dilma V. Rousseff em suas conversas com o ministro Guido
Mantega para tentar copiar o planejamento que fará do Brasil, dentro de
cinco anos, potência econômica muito maior do que a soma da China com os
Estados Unidos.
O Google tem 24 milhões de entradas para David
Miranda, que não é o esposo do jornalista norte-americano: é o pastor
David Martins Miranda, nascido em 1936, proprietário da Igreja
Pentecostal Deus é Amor, que tem uma porção de templos na Grande BH. Em
2011, David Miranda, o pastor, tinha 17.584 templos espalhados por aí;
em fevereiro de 2014, David Miranda, o esposo de Glenn Greenwald, ficou
preso no aeroporto de Londres durante nove horas.
Hinário
“Brasil-América,
lar de amor e de luz, seus jovens para a glória conduz!” começava o
hino do Instituto Educacional Brasil-América, onde fiz admissão, ginásio
e científico depois de ter sido expulso de um colégio de padres. No
ginásio, tive professora de canto orfeônico, disciplina que não vejo
listada nos currículos atuais. Aulas chatíssimas em que a professora nos
ensinava uma porção de hinos, decorávamos, cantávamos e a ensinança
nunca mais teria serventia.
Colégio particular modesto, o
Brasil-América teve excelentes professores, muitos deles judeus que
escaparam do nazismo. Lembrei-me daqueles idos no hinário (coleção de
hinos) que nos foi servido pela Copa das Copas, providência esquisita
que transforma um jogo de futebol numa guerra entre nações, com uma
porção de traidores que se recusam a cantar os hinos das seleções que
defendem. Ou, então, choram abraçados, enquanto os assistentes cantam o
hino a capela, que tenho visto com o sinal de crase. Realmente, o filé à
Oswaldo Aranha tem crase, e o doutor Oswaldo era hétero conhecido, o
sinal se explica: filé à (moda) Oswaldo Aranha. Persistindo a dúvida, é
melhor recorrer à expressão italiana a capella, música vocal sem
acompanhamento instrumental.
Seria mais simples e menos feroz
tocar o hino da Fifa, dona do espetáculo que dizem ser o maior do mundo
esportivo. O fenômeno Fifa, a força da Fifa, a ladroeira internacional
da Fifa merecem hino caprichado, que não jogue uma nação contra a outra
quando os times só jogam futebol.
Cantar ou não cantar pode ser
questão de foro íntimo. Respeitado e afamanado jornalista mineiro sempre
se recusou a cantar o Hino Nacional brasileiro, como também não se
levanta durante a cantoria. Tem carradas de razão. Como explicar o hino
tocado e cantado nos leilões de gado? Que patriotismo existe em ajuntar
pessoas para vender e comprar vacas, touros, cavalos?
O mundo é uma bola
1º
de agosto: faltam 152 dias para acabar o ano e 7 dias para o
aniversário de um philosopho amigo nosso. Em 1291, a Suíça declara sua
independência da Aliança Eterna, formando uma confederação composta
pelos cantões de Uri, Schwyz e Unterwalden. Como estou sem internet, que
tem falhado à beça, não tenho condições de pesquisar a Aliança Eterna,
assunto que felizmente não interessa a mim nem ao leitor de
Tiro&Queda.
Em 1714, Jorge I sobe ao trono da Grã-Bretanha. O
substantivo trono com a conotação de assento elevado destinado à
realeza é divertido, quando me lembro das observações de um pintor
trabalhando em nossa fazendinha fluminense: “Arrasta o trono. Cuidado
para não manchar o trono. Me ajuda levantar o trono”. O trono a que se
referia o pintor era imensa poltrona de jacarandá, obviamente estofada,
em que o philosopho passava os dias sentado, fumando charutos, enquanto
observava os obreiros trabalhando pelo Brasil.
Em 1808, começa a
intervenção britânica na Guerra Peninsular com o desembarque do duque de
Wellington em Portugal. Em 1834, abolição da escravatura no Império
Britânico. Em 1907, na Ilha de Brownsea, Inglaterra, organizado por
Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, tem início aquele que seria o
primeiro acampamento escoteiro da história.
Em 1914, a Alemanha
declara guerra à Rússia. Pelos 100 anos da Primeira Grande Guerra
mundial temos tido nas tevês diversos estudiosos explicando as causas e
as concausas do conflito. Resumindo, todos acham que em matéria de
principalmente não resta a menor dúvida, muito antes pelo contrário,
aliás. Hoje é o Dia Nacional do Selo e o Dia do Poeta Cordelista.
Estudei no Brasil América de 1947 a 1952, depois a família foi pra Niterói!Cantei muito esse hino!
ResponderExcluirAntônio R. Panicali - Campinas -SP
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