quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Bobinha - Eduardo Almeida Reis




Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 09/10/2014



A bonita Valérie Trierweiler, 49 anos, jornalista do Paris Match, é pouco inteligente. Nascida Valérie Massonneau, casou-se com Denis Trierweiler, teve três filhos, divorciou-se e passou a namorar François Hollande, que se elegeu presidente da França. Em maio de 2012, quando François assumiu a Presidência, Valérie foi declarada “primeira-dama da França” por sua união de fato com o presidente. Aí, descobriu que ele tinha outra, tentou o suicídio, passou uma semana internada e vem de publicar um livro. Fosse inteligente, em vez do suicídio tomaria um avião para recomeçar a vida em Juiz de Fora, MG.

Primeiras-damas inteligentes não escrevem livros. Dona Rosane Brandão Malta, alagoana como Graciliano Ramos e José Lins do Rego, até hoje tem mantido em silêncio sua gloriosa passagem por Brasília, antes preferindo discutir sua pensão de ex-mulher amantíssima, considerando que ninguém pode mesmo viver com 44 mil reais por mês. Dona Marisa Letícia, em cujo passaporte corre o sangue generoso de Dante Alighieri e Gabriele d’Annunzio, poderia escrever dez livros sobre sua temporada brasiliense, que seriam detestados por seu marido e senhor, pernambucano analfabeto mesmo com os seus 27 doutorados honoris causa.

Escrito em computador não conectado à internet para evitar bisbilhotices dos serviços secretos franceses, o livro de Valérie, Merci pour ce moment (Obrigada por esse momento), foi impresso numa gráfica alemã e tem sido um sucesso de vendas. Contudo, optando pela vida em Minas, Valérie Massonneau Trierweiler pouparia o planeta das notícias da roupa suja do Eliseu e teria o precedente de Danielle Émilienne Isabelle Gouze (1924-2011), que não saía de Belo Horizonte e Itabirito depois que ficou viúva do 21º presidente da República Francesa, François Maurice Adrien Marie Mitterrand (1916-1996).

A exemplo de François Hollande, François Mitterrand tinha uma namorada, mãe de sua filha: mãe e filha compareceram ao sepultamento de Mitterrand, onde estava a primeira-dama Danielle. Itabirito, di-lo a Wikipédia, em tupi significa “pedra que risca vermelho”. Recentemente foi publicado em França um livro sobre primeiras-damas afirmando que Danielle era mais vermelha que François Mitterrand. A viúva Mitterrand fazia o maior sucesso nas altas rodas belo-horizontinas. Não sei que tivesse namorado. Se soubesse, não contaria o nome do mineiro, porque sou muito discreto.

Demográficas
O município mineiro de Serra da Saudade, com seus 822 habitantes, é o menos povoado deste país grande e bobo. Lá estive há 40 anos levado por um amigo, que prestava assistência técnica a diversos cafeicultores. Não tive tempo de conversar com os serranos residentes no Centro da pequena cidade, mas aposto que se odeiam porque se conhecem. O mesmo deve acontecer em Borá, SP, com seus 835 boraenses.

Numa cidade de 822 pessoas, é impossível que não se conheçam de vista. Considerando que ocupam um mesmo território, deve acontecer com eles um fenômeno que se vê nos condomínios verticais ou horizontais: o ódio condominial. Ainda que eventualmente cada condômino seja boa pessoa, nas relações condominiais todos se odeiam, reclamam dos barulhos, consideram estupro a invasão de uma vaga de garagem e ofensa pessoal se um vizinho prende por 15 segundos a porta do elevador.

Antropólogos, sociólogos, psicólogos e outros profissionais tentam explicar o fenômeno inexplicável e universal. Foram muito ouvidos naquele episódio de racismo futebolístico em que uma gaúcha de 23 anos chamou de macaco o senhor Mário Lúcio Duarte Costa, goalkeeper do Santos conhecido como Aranha.

Entre os entrevistados pelas televisões, tivemos uma senhora da comissão de igualdade racial da OAB. Como é possível que a OAB, supostamente composta de advogados alfabetizados, fale em igualdade racial, quando até o gato lá de casa sabe que raça não existe? Como igualar algo inexistente? Entre humanos, existem cores de peles. Raça é invenção das associações de criadores de cabras, de vacas, de cavalos, de cachorros, que estabelecem padrões para os animais que exploram.

O mundo é uma bola
9 de outubro de 1000: Leif Ericson desembarca na Vinlândia (Grande Ilha Canadense), transformando-se no primeiro europeu conhecido a pôr os pés no Canadá. Seu pai, Erik, o Vermelho, desembarcou na Groenlândia em 982. Em 1238, Jaime I, rei de Aragão, conquista Valência e funda o Reino de Valência. Em 1446, o alfabeto hangul é criado na Coreia.

Creio desnecessário dizer que nunca ouvi falar desse alfabeto, mas fui a luta e descobri que hangul ou hangeul, em romanização recente, é o nome que se dá ao alfabeto silábico utilizado na escrita da língua coreana. Cada bloco silábico de hangul consiste de no mínimo duas e no máximo cinco entre 24 letras (jamo), das quais 14 são consoantes e 10 são vogais. A escrita hangul foi introduzida em 1446 pelo rei Sehong, o Grande, o quarto rei da dinastia Choson, para substituir os ideogramas chineses usados até então na Coreia.

Em 1831, criação do Corpo de Municipais Permanentes, atual Polícia Militar do Rio de Janeiro, odiada pela bandidagem e por boa parte da imprensa. Em 2006, o Google compra o YouTube por US$ 1,65 bilhão. Hoje é o Dia do Atletismo e do Analista de Suporte, que me lembram o suporte atlético, “cuja função é manter as bolas acomodadas, não balançando para lá e para cá” (Yahoo! respostas).

Ruminanças
“Sobrevivente de um período de oito anos movido a cachaça e Romanée-Conti, com intervalo trágico de quatro anos com os piores índices de crescimento desde Floriano Peixoto, o país escapou de quatro anos de água morna” (R. Manso Neto).

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