ENTREVISTA »
Cara a cara com o senhor Facebook
Fundador da maior rede social do mundo
gastou 56 minutos para responder a 17 perguntas de usuários, quando deu
orientações de como agir em um meio corporativo tão disputado
Marcelo Bechler
De Barcelona (Espanha)
Estado de Minas: 05/03/2015De Barcelona (Espanha)
Criador do Facebook, Mark Zuckerberg falou no Mobile World Congress (MWC)%u20192015 sobre a evolução galopante da popular rede mundial |
Depois de uma apresentação tímida onde falou sobre seu projeto internet.org na segunda-feira, o criador do Facebook, Mark Zuckerberg, participou de seu segundo evento no Mobile World Congress’2015 (Congresso Mundial de Aparelhos Móveis) em Barcelona, na Espanha. Diferentemente do primeiro dia, quando gerou filas de duas horas e lotou o auditório principal da feira, o segundo evento foi feito quase exclusivamente para ser assistido on-line. Mark realizou seu tradicional “Questions & Answers”, onde responde a perguntas de funcionários e usuários do Facebook, direto da capital da Catalunha. Normalmente, as perguntas e respostas são realizadas diretamente da sede da companhia, na Califórnia. Apenas estiveram presentes in loco aqueles que foram selecionados pelo próprio Facebook depois de fazer um pequeno cadastro, mas o evento foi transmitido ao vivo pela rede social.
O fundador da maior rede social do mundo respondeu a 17 perguntas feitas pela plateia ou enviadas por usuários no Facebook. No total, falou por 56 minutos, muito mais participativo do que a apresentação de segunda-feira na MWC quando foi muito mais espectador nos 45 minutos de debate. Um jovem de 30 anos, que aos 19 revolucionou as interações sociais on-line e que passou a ser visto como um autêntico guru dos tempos modernos.
As pessoas queriam saber de Zuckerberg suas impressões sobre como agir no meio corporativo, quais os próximos passos das inovações tecnológicas e como os jovens podem mudar o mundo. Esperavam que, a qualquer momento, Mark tivesse de novo uma inspirada ideia que poderia novamente transformar o cenário. Não foi o caso. O senhor Facebook desta vez não mudou o mundo, mas com simpatia não fugiu das perguntas mais difíceis, mas sim alguns questionamentos que não facilitaram as respostas.
No momento mais à vontade, Zuckerberg falou sobre a evolução de sua rede social. “Quando lançamos o Facebook, as coisas eram bem diferentes, as interações e experiências eram trocadas praticamente a partir de textos. Isso se manteve até cinco anos atrás quando os celulares mais modernos começaram a mudar a relação das pessoas com o Facebook. Hoje é muito mais fácil postar uma foto, e é o que mais ocorre no momento. Em mais cinco anos, acredito que teremos mais vídeos e até realidade virtual no Facebbok.” Na mesma linha, disse que não pensa em criar uma plataforma ou mudar de área e começar a produzir smartphones ou outros gadgets. “Meu trabalho é tentar criar a melhor comunicação possível entre as pessoas. O Facebook não está pronto, ele sempre mudou e vai continuar mudando. Minha intenção é seguir melhorando, porque ainda há muito o que fazer.”
CONSELHO Visto como um exemplo para todos que querem empreender, Mark foi questionado por um garoto de 15 anos, homônimo, sobre que conselho daria para os jovens tentarem mudar o mundo. “Pode parecer um clichê, mas o mais importante é acreditar no que você faz. Eu acreditei e tive sucesso. Há uma coisa que as pessoas não prestam tanta atenção: cada uma é única e tem uma perspectiva diferente do mundo. Quando criei o Facebook, aos 19 anos, eu fazia parte de uma geração que cresceu desde sempre com a internet e isso me fazia ver as coisas de modo diferente. Hoje, já temos uma geração que cresce com internet móvel em smartphones e tablets. E essa geração, que é a sua, terá uma perspectiva diferente da minha e também muito o que criar.”
Por mais que fizesse um discurso inspirador, Zuckerberg também precisou responder a perguntas delicadas e se viu de saia-justa. Uma prestadora de serviços para o Facebook disse que sua empresa vai fechar as portas, demitindo 160 funcionários, e pediu ajuda a Mark. Ele teve que pedir desculpas. “Infelizmente, a vida de quem dirige empresas é assim. Nós queremos fazer o melhor sempre. Quanto mais contratamos é porque melhor estamos. Essas notícias são tristes, mas é preciso tomar decisões difíceis algumas vezes”, lamentou.
Uma ferramenta democrática
Um visitante testa o Serviço de In-Vehicle da Fujitsu na Mobile World Congress (MWC), na capital da Catalunha |
Mantendo o sorriso e tentando ser simpático com todos, o empresário ainda precisou passar por dois momentos desagradáveis. O primeiro foi pela falta de conexão Wi-fi no auditório – uma grande ironia durante um evento sobre conectividade. Zuckerberg disse que também não sabia e que, se fosse o responsável pelo prédio, isso não aconteceria. Já no final, uma fã lhe pediu uma foto e, na frente de todos, Mark negou: “Desculpe-me, eu sei que é triste, mas se eu tiro uma foto com você, outros vão pedir e, até que eu atenda todo mundo, vou perder o meu voo”. E ainda tentou consolar a admiradora: “O vídeo do evento estará disponível na internet e você pode guardar esse momento que estou falando com você”.
O Facebook é democrático e permite quase todo tipo de postagem por mais polêmica que podem gerar e o fundador da rede social também falou sobre isso. “Nós temos uma equipe grande e cada vez maior para avaliar postagens ofensivas que contenham conteúdo de violência, terrorismo ou preconceito. Contamos com os próprios usuários para denunciar, mas algumas vezes o conteúdo não entra nesses itens. Por mais que alguém tenha um gosto questionável e poste algo que não é verdade, é também sua forma de se expressar”, disse. Zuckerberg ainda lembrou sobre a evolução do Facebook para que seja possível evitar essas situações. “É possível bloquear pessoas e informações que queremos ver ou compartilhar. Queremos que as pessoas se comuniquem bem e elas podem escolher como fazer isso”, salientou.
A participação de Mark Zuckerberg em Barcelona aconteceu pelo segundo ano seguido. Ele próprio disse que deve voltar no ano que vem. O norte-americano ainda brincou sobre o motivo que o faz voltar sempre à Espanha: “Além do Congresso, tem o presunto. Eu também venho pelo presunto”.
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