Sara Lira
Estado de Minas: 09/10/2013
Seja nos pés ou nas mãos, as unhas passam quase que desapercebidas para muitos quando o assunto é saúde. Mas elas podem ser um reflexo de que algo não vai bem no organismo, bastando observar a textura, coloração e resistência delas. As unhas podem alertar sobre problemas externos como micoses ou fungos, passando por carências nutricionais e de vitaminas ou até mesmo refletir doenças sérias como as renais, do trato cardiorrespiratório e hormonais. "A análise das unhas pode fornecer dados sobre a saúde geral do paciente e até indicar episódios prévios de doenças", afirma o dermatologista e professor-adjunto de dermatologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Claudemir Aguilar.
Ele explica que unhas quebradiças, por exemplo, podem significar doenças sistêmicas como hipotireoidismo ou hipertireoidismo, carência de vitaminas, distúrbios circulatórios ou simplesmente uso excessivo de produtos químicos, como os de limpeza doméstica. As ondulações podem ser reflexo de doenças da matriz ungueal (onde a unha nasce), psoríase ou outros processos infecciosos. Quando elas apresentam coloração alterada, como metade da unha vermelha e a outra metade esbranquiçada, pode significar problemas renais. Unhas com manchas azuladas ou em tons de roxo podem expressar problemas pulmonares. Outras alterações na cor podem ser apenas traumas na matriz ou infecção por fungos. As unhas duras e grossas podem ser complicações causadas também por fungos, indicar distúrbios circulatórios ou simplesmente traumas como o uso em excesso de calçados fechados.
Por isso, notando qualquer alteração, é necessário fazer uma visita ao consultório médico. A dermatologista e secretária do Departamento de Unhas e Cabelos da Sociedade Brasileira de Dermatologia Tatiana Gabbi reforça a recomendação. "É difícil fazer um diagnóstico clínico apenas por meio da análise visual das unhas. É mais fácil o caminho inverso: descobrir a doença, por exemplo, para depois saber que a alteração das unhas tinha a ver com aquilo."
Para mulheres que gostam de fazer as unhas com uma profissional ou por conta própria, é preciso atenção ao usar o alicate. "Quando a manicure empurra a cutícula de maneira errada, utilizando com força a espátula, ela pode agredir a unha", exemplifica Tatiana. As cutículas representam uma barreira de proteção para unhas dos pés e das mãos. O ideal, segundo a dermatologista, seria não retirá-las, principalmente as dos pés. Se a pessoa faz questão, o recomendado é tirar apenas o excesso e, em seguida, hidratá-las. "Oriento os pacientes a tirar menos, apenas o excesso, e hidratar com cremes próprios, que podem ser encontrados em farmácias, ou hidratantes comuns. A hidratação da cutícula leva a um resultado estético semelhante à da remoção completa e é mais saudável para as unhas", afirma.
FUNGOS E ESMALTES A ausência das cutículas pode contribuir ainda para o surgimento de problemas mais chatos, uma vez que a unha fica desprotegida. "O trauma favorece a implantação dos fungos", acrescenta Claudemir Aguilar. Fungos e micoses que atingem frequentemente as unhas são mais difíceis de curar, uma vez que se desenvolvem sob a lâmina ungueal (abaixo da unha). "O fungo invade o leito ungueal (sob a lâmina ungueal) de três formas: agredindo a base da unha, ou a região subungueal distal e lateral, ou a superfície da unha. É difícil curar porque ele está afetando a região do leito, que está mais profunda na estrutura ungueal", explica Claudemir. Além disso, as unhas demoram para crescer e se renovarem totalmente, o que dificulta ainda mais a extinção daquela micose. No caso dos pés, elas demoram de nove a 18 meses para se renovarem e nas mãos, de três a seis meses.
Outro hábito comum a grande parte das mulheres é usar esmaltes frequentemente. E é preciso cautela, ao detectar sinais de problemas nas unhas. "O uso de esmaltes em excesso provoca ressecamento da lâmina, também porque os removedores usados agridem quimicamente a região", explica Claudemir. Tatiana Gabbi afirma que o ideal é que a unha fique livre de qualquer produto por um ou dois dias, antes de receber outro esmalte. "É importante a unha respirar. Se deixar o esmalte por muito tempo, ele tem a capacidade de digerir a queratina da unha e provocar manchinhas brancas", completa. Os tratamentos de problemas nas unhas podem ser feitos com medicamento oral ou local, pomadas e produtos antimicóticos (na forma de esmaltes). É importante que um médico avalie a saúde de suas unhas e indique o produto específico a ser usado.
MITOS E VERDADES
Esmalte escuro fortalece a unha?
Especialistas não falam sobre benefícios sobre tons de esmaltes. Mas sabe-se que o esmalte vermelho contém atividade fungicida, ou seja, alguns pigmentos vermelhos previnem que a unha seja acometida por fungos.
Usar sapatos abertos em vez dos fechados é importante para deixar as unhas dos pés respirarem?
Sim, e por dois motivos. O primeiro é que o suor em excesso propicia o desenvolvimento de fungos e micoses. O segundo é que o sapato fechado pode causar uma deformidade traumática das unhas, como a unha encravada.
Tirar a cutícula agride as unhas?
Sim. As cutículas protegem a unha contra traumas e fungos. Porém, caso a pessoa opte por eliminá-las, deve-se retirar apenas o excesso e mantê-las hidratadas.
O uso de esmaltes sempre faz mal?
Não. Apenas quando o uso é em excesso e não há um intervalo entre o uso de um e de outro. Havendo uma pausa de um a dois dias não há problema em usar esmaltes. Para remover é indicado usar um produto livre de acetona. Algumas pessoas, no entanto, podem desenvolver alergia a esmaltes ou produtos contidos neles. É preciso observar o comportamento da unha.
Por que as micoses são tão difíceis de serem tratadas?
Porque os fungos se desenvolvem abaixo da unha. Além disso, as unhas demoram de três a seis meses (mãos) e de nove a 18 meses (pés) para se regenerarem completamente.
O tamanhos das unhas pode influenciar na saúde delas?
Sim. Unhas curtas evitam descolamentos e encravamentos, além de serem mais saudáveis e higiênicas.
AO que se deve atentar NO uso de tesoura, alicate ou cortador, seja em salões de beleza, serviços de podólogos ou em casa?
Um dos riscos de usar equipamentos em salões e serviços especializados desconhecidos é de contrair doenças virais e até mesmo hepatites e HIV. Portanto, fique atento se o salão tem autoclave (onde o material é completamente esterilizado, a altas temperaturas). Ao usar os próprios instrumentos, em casa, por exemplo, a pessoa deve limpá-los com detergente neutro e água corrente e usar álcool em seguida.
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