terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Mais secas e temporais numa Europa mais quente‏

Mais secas e temporais numa Europa mais quente Estudo feito por 27 centros de pesquisa ao longo de três anos indica que o Velho Continente sofrerá fenômenos climáticos extremos, podendo registrar elevação na temperatura


Estado de Minas : 03/12/2013


Tempestade em outubro afetou o Nordeste da Europa, deixando 300 mil casas sem energia e suspendendo sistema ferroviário e aéreo. Em Londres, vendaval com chuvas derrubou diversas árvores (DANIEL SORABJI/AFP %u2013 28/10/13  )
Tempestade em outubro afetou o Nordeste da Europa, deixando 300 mil casas sem energia e suspendendo sistema ferroviário e aéreo. Em Londres, vendaval com chuvas derrubou diversas árvores

Paris – A Europa provavelmente será um lugar muito mais quente no final deste século, castigada por tempestades frequentes que atingirão todo o continente, que sofrerá também ondas de calor e secas no Sul, alertou um novo estudo publicado ontem. O Velho Continente pode registrar uma elevação média da temperatura de 1 a 5 graus em 2100, destacaram os autores do trabalho em um comunicado anunciando os resultados de uma análise climática feita ao longo de três anos por 27 instituições de pesquisa. “Vemos que a Europa aquece a um ritmo mais acelerado do que a média global”, declarou à agência France-Presse o climatologista Robert Vautard, do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) francês, ao comentar as descobertas.

Segundo ele, em meados do século a temperatura será de 1 a 3 graus mais elevadas durante o verão no Sul da Europa e de 1 a 4 graus Celsius mais elevada durante o inverno no Norte do continente. Esses níveis são maiores do que a média de temperatura global projetada com base em cálculos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que a situam entre 0,5 oC e 2 oC no mesmo período.

Essas descobertas – um conjunto de simulações baseado em diferentes cenários de aquecimento global – foram publicadas em dois periódicos científicos e divulgadas ontem como uma ferramenta gratuita para desenvolvedores de políticas públicas ambientais. Elas foram disponibilizadas pelo grupo Experimentos Regionais em Pequena Escala Coordenados (Cordex, na sigla em inglês).

Uma descoberta-chave, disse Vautard, foi a probabilidade de chuvas mais intensas em toda a Europa, “o que significa dizer temporais mais frequentes”. “Outra forte conclusão é um aumento projetado das ondas de calor na Europa, nas regiões Sul e central, com secas mais frequentes”, afirmou. Vautard disse ainda que as simulações do Cordex permitiriam planejar a resposta ao impacto climático em uma escala muito localizada, com um espaçamento entre os pontos do mapa de cerca de 12 quilômetros, em comparação com o espaçamento de 100 quilômetros a 200 quilômetros, mais comumente usado em projeções climáticas como essa.

Pequeno barco ancorado no meio do Lago Gruyere, na Suíça: região foi afetada por extrema seca (FABRICE COFFRINI/AFP %u2013 20/4/11  )
Pequeno barco ancorado no meio do Lago Gruyere, na Suíça: região foi afetada por extrema seca

Os países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) estão negociando um novo acordo para tentar limitar a elevação da temperatura média global a 2 oC com base em níveis pré-industriais, uma meta que muitos cientistas afirmam estar fora de alcance. Os cientistas afirmam que a humanidade precisa reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa derivadas da combustão de combustíveis fósseis para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas: mais tempestades severas, secas e uma elevação do nível do mar capaz de provocar grandes inundações.

CHUVAS INTENSAS EM CUBA 

Um total de 135 desmoronamentos foi registrado em Havana neste fim de semana, como consequência das chuvas persistentes que castigaram o Oeste de Cuba durante três dias. “Até o momento, ocorreram 135 desmoronamentos, dos quais 117 parciais e 18 totais”, disse Juan Montalvo, vice-presidente do Conselho de Administração (governo) de Havana, ao jornal Trabajadores. O saldo foi de dois mortos e mais de 1,5 mil pessoas desalojadas. Chuvas associadas à quarta frente fria da temporada, que se manteve estática no Oeste da ilha, provocaram sérias inundações em ruas e avenidas da cidade da noite de quinta-feira até domingo.

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