terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Mineirinho de ouro (Isaac Andrade) - Carolina Braga

Mineirinho de ouro 
 
Concurso promovido pelo programa Prelúdio projeta Isaac Andrade, que tem convites para estudar na Europa. Músico de Uberlândia quer ganhar o mundo
Carolina Braga

Estado de Minas: 31/12/2013


Isaac Andrade se dedica ao violoncelo há 13 anos (Jair Magri/Divulgação)
Isaac Andrade se dedica ao violoncelo há 13 anos
 Antes de pisar no palco da Sala São Paulo na final do Prelúdio, o programa de calouros comandado pelo maestro Júlio Medaglia e dedicado à música erudita, o violoncelista mineiro Isaac Andrade parecia não ter muita noção das transformações de sua vida a partir daquela experiência. Sentia, é fato, algo esquisito: um misto de medo e ansiedade. Mas também havia prazer. Pela segunda vez, ele tentava uma chance na competição organizada pela TV Cultura.

Para o cidadão de Uberlândia, só de estar ali, numa final, já era algo improvável. Imagine se sagrar campeão, como de fato ocorreu... Aluno há cinco anos do professor Kayami Satomi Farias, Isaac constrói com paciência a carreira que agora começa a dar frutos. A vitória no programa garantiu uma bolsa de estudos na Alemanha. “Também tenho convite para São Petersburgo, na Rússia. Vou analisar para ver o que é melhor”, assegura.

Aos 22 anos, Isaac é o único da família Andrade que conseguiu seguir a carreira artística. O pai trocou o trombone pelo comércio. A mãe abandonou o órgão para se tornar enfermeira. A irmã segue o mesmo caminho: o piano já está quase de lado, substituído pela carreira de advogada. A música entrou na vida de Isaac aos 9 anos.

O cronograma das gravações obrigou o mineiro a guardar segredo por quase um mês sobre o resultado da competição. A final só foi ao ar no dia 8. “Pouco antes de entrar no palco, fiz um trabalho de respiração muito grande. Comecei a tocar e a música fluiu”, lembra. A peça escolhida foi a Rapsódia húngara, de David Popper (1843-1913). À medida que a apresentação avançava, ficava nítido o quanto Isaac estava à vontade. Ele encarava a plateia com alegria. Mas ainda faltava o resultado.

A competição ficou empatada: dois votos para a cantora lírica Camila Titinger e dois para o mineiro. A decisão coube ao jornalista Irineu Franco Perpétuo, integrante do júri. “Meu coração disparou”, conta Isaac. A preparação para Prelúdio foi uma maratona. Ele chegou a ensaiar oito horas por dia. “Agora estou bastante tranquilo. Vou continuar meus planos de estudar fora e espero que o programa me traga convites para concertos e recitais. Quero que me chamem para tocar”, diz. Em Uberlândia, ele integra o Udi Cello Ensamble, octeto de violoncelos coordenado por Kayami Satomi.

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